Prevenção das Lesões Musculares

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UNIDADE IV
UNIVERSIDADE CASTELO BRANCO
Graduação em Fisioterapia
Fisioterapia Desportiva - Prof. Odir de Souza Carmo
PRINCIPAIS LESÕES OCORRIDAS PELA PRÁTICA DESPORTIVA
Típicas:
 Contusões
 Lesões articulares
 Lesões musculares
Atípicas:
 Lesões Neurológicas
 Transtornos Cárdio-respiratórios
 Etc.
Tipos de Lesões:
Podem ser agudas ou crônicas.
 Mialgia
 Contusão
 Contratura
 Estiramento muscular
 Câimbra
 Tendinite
 Luxação
 Fratura de estresse
 Entorses
 Lesões meniscais
 Lesões ligamentares
LESÕES MUSCULARES
Prevenção das Lesões Musculares
As lesões musculares podem ser evitadas através de um bom condicionamento físico,
aeróbico, trabalhando a força muscular adequadamente e mantendo um bom alongamento da
musculatura esquelética.
Mecanismos de Lesão Muscular
As lesões musculares podem ocorrer por diversos mecanismos, seja por trauma direto,
laceração ou isquemia. Após a lesão, inicia-se a regeneração muscular, com uma reação
inflamatória, entre 6 e 24 horas após o trauma. O processo de cicatrização inicia-se cerca de
três dias após a lesão, com estabilização em duas semanas. A restauração completa pode
levar de 15 a 60 dias para se concretizar. As principais causas de lesão são: o treinamento
físico inadequado, a retração muscular acentuada, desidratação, nutrição inadequada e a
temperatura ambiente desfavorável. As lesões musculares podem ser classificadas em quatro
graus: grau 1 é uma lesão com ruptura de poucas fibras musculares, mantendo-se intacta a
fáscia muscular; grau 2 é uma lesão de um moderado número de fibras, também com a fáscia
muscular intacta; lesão grau 3 é a lesão de muitas fibras acompanhada de lesão parcial da
fáscia; grau 4 é a lesão completa do músculo e da fáscia (ou seja, ruptura da junção músculotendínea. O lesão muscular por estiramento pode ocorrer nas contrações concêntricas ou
excêntricas, sendo muito mais comum nesta última, com a falha freqüentemente ocorrendo na
junção miotendínea.
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O diagnóstico é realizado pelo exame clínico, em que se percebe a nítida impotência
funcional e pelos exames complementares que podem auxiliar também no tratamento e na
prevenção de novas lesões. Exames laboratoriais, como de Sódio, Potássio, Cálcio, Fosfato,
Magnésio, VHS, podem ser úteis em determinadas situações, a critério do médico. Na suspeita
de uma doença da tireóide, em que podem ocorrer lesões musculares de repetição, pode se
solicitar exames de marcadores desta glândula. Na suspeita de lesões ósseas, como avulsões,
os exames radiográficos podem ser úteis. A Ultrassonografia, a Tomografia e a Ressonância
Magnética também podem ser consideradas para auxiliar no diagnóstico e tratamento, tendo
em vista que a correta localização anatômica da lesão é fundamental para o tratamento e
previsão de retorno ao esporte.
Principais Lesões no Esporte
Este tipo de lesão pode afastar o atleta por um tempo significativo do esporte, podendo
causar uma incapacidade física grave.
As lesões musculares por trauma direto são mais comuns em esportes de contato ou em
quedas (algum tipo de impacto), como as contusões ou lacerações.
As lesões indiretas, como os estiramentos, ocorrem principalmente em esportes que
exigem grande potência muscular, como o ciclismo (e mountain bike) e a corrida.
O estiramento muscular ocorre quando o músculo é exigido além da força que suas
fibras podem gerar, geralmente em movimentos de desaceleração ou por traumas repetitivos
(stress). Existem grupos musculares mais propensos à lesão, como os músculos posteriores da
coxa, o gastrocnêmio (um dos músculos da panturrilha), os adutores do quadril (musculatura
interna da coxa) e o reto femural (uma das porções do quadríceps).
Após a lesão, inicia-se a regeneração muscular, com uma reação inflamatória, entre 6 e
24 horas após o trauma.
O processo de cicatrização inicia-se cerca de três dias após a lesão, com estabilização
em duas semanas.
A restauração completa pode levar de 15 a 60 dias para se concretizar.
As lesões podem ser classificadas do grau I ao IV, dependendo da gravidade da lesão.
No atleta, existe uma seqüência ótima de eventos que é influenciada por:
 Gravidade da lesão;
 Idade;
 Vascularização dos tecidos;
 Nutrição;
 Genética;
 Alterações hormonais;
 Nível de atividade.
Os sintomas do estiramento muscular são:
 Dor aguda (fisgada, fincada);
 Edema (inchaço);
 Hematoma (se a lesão for mais grave);
 Perda da função e defeito palpável (se for lesão completa).
 Os objetivos do tratamento fisioterapêutico são de controlar a inflamação, a
restauração da função normal da musculatura envolvida e a remoção de
aderências.
Contusão
É o resultado de um forte impacto na superfície do corpo. Pode causar uma lesão nos
tecidos moles de superfície, como os músculos e a fáscia. As cápsulas e os ligamentos
articulares também podem ser lesados.
Caracteriza-se pelo aparecimento imediato de um hematoma, mas principalmente pelo
aparecimento da dor na área de contato e que aumenta inicialmente quando estiver sob
pressão. No entanto, a extensão do sangramento é variável.
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Mialgia
Processo doloroso, a nível muscular de diferentes causas, sem gravidade preocupante.
Pode ser causada por estresse muscular direto, ou indireto. Muito comum após atividade física
exaustiva, ou quando ocorre a retomada ao treino visando ganho de condicionamento físico.
A mialgia pode ser:
 Direta - ocorre após contato físico, resultando em dor muscular, sem achado
clínico significante, como hematoma ou limitação funcional. Difere de episódio de
contusão pelo fato de não apresentar comprometimento de fibras e alteração
tônica.
 Indireta - ocorre após solicitação física intensa, podendo, ou não ser precedida
por episódio de câimbra durante a execução da atividade. Pode também aparecer
de 24 a 48 horas após realização de exercícios físicos, especialmente quando o
indivíduo visa recondicionar-se fisicamente.
OBS: Em ambos os casos o indivíduo pode, ou não, ser afastado do treinamento, ou das
competições. A maior probabilidade é de se manter na prática desportiva.
Ruptura Muscular
É uma lesão de qualquer massa muscular, como conseqüência, em geral, de falta de
sinergismo entre a atividade dos músculos agonistas e antagonistas, de uma contração
violenta do músculo sobrepondo-se à sua capacidade contráctil, ou, menos freqüente, devida a
uma contusão seguida de uma contração violenta de defesa. A ruptura pode ser mais ou
menos grave conforme a extensão de feixes afetados. Considera-se que os fatores a seguir
mencionados predispõem para este tipo de lesões: Biótipo do desportista (os brevilíneos
musculares e tônicos são os mais afetados). Inatividade prolongada. Execução de exercícios
intensos sem prévio e adequado aquecimento. Fadiga muscular.
Sinais: No momento em que se produz a ruptura, o lesionado sente uma dor intensa
que abranda com o repouso e volta a aparecer quando se contrai novamente o músculo
lesionado. Pouco tempo depois aparece um inchaço devido ao hematoma produzido,
acompanhado de derrame sanguíneo (equimose). Tudo isso acarreta uma impotência, em
maior ou menor grau, do músculo afetado.
Comportamento a seguir (Prevenção): Ter em atenção aos atletas com dores
musculares localizadas. Começar, sempre, qualquer sessão ou competição com um
aquecimento (geral e específico) adequado. Ter em atenção o aparecimento da fadiga
muscular (diminuir a intensidade ou terminar os exercícios).
Espasmo Muscular
O espasmo muscular é uma resposta motora involuntária que pode estimular os
receptores de dor constantemente e causar isquemia local; portanto, o espasmo tem sido
associado a uma possível causa da dor muscular tardia; contudo, Bobbert, Hollander e Huijing
(1986) não detectaram aumentos no sinal eletromiográfico (EMG) de repouso, apesar da dor
muscular localizada. A presença de alterações na atividade eletromiográfica em repouso
representaria a ocorrência de espasmos na musculatura que foi exercitada. Eles testaram 11
sujeitos, e horas após um protocolo de exercícios, envolvendo flexão plantar e flexão dorsal.
Os resultados indicaram que não houve dor muscular induzida por espasmos, uma vez que o
EMG não se alterou entre as condições de pré e pós-exercício.
Foi sugerido que a formação de edema, mais do que a ocorrência de espasmos, foi
responsável pelo aumento no volume da perna pós-exercício e na percepção de dor.
Conclusões similares foram obtidas por Friden, Sfakianos e Hargens (1986). Estes
investigadores observaram uma pressão elevada causada por acúmulo de fluído intramuscular,
o qual foi acompanhado por severa dor muscular após uma carga de exercícios excêntricos,
executados com os membros inferiores. O ESPASMO MUSCULAR nada mais é que a contração
exagerada e permanente de um músculo. O músculo contraído fica mais encurtado, mais
"TRAVADO".
Outras Lesões no Esporte
Contratura muscular, distensão muscular, câimbra: muitas vezes nos confundimos com
alguns termos utilizados no meio esportivo, relacionados a lesões. Vamos apresentar alguns
conceitos básicos e dicas para reconhecê-las e socorrer vítimas.
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 Câimbra - É uma contração muscular involuntária e dolorosa, que ocorre mais
freqüentemente nos membros. O ataque dura, em geral, alguns segundos e
desaparece subitamente. Observa-se o endurecimento no grupo muscular
afetado.
 Contratura muscular - uma dor localizada num músculo longo, sem sinais de
ruptura. Surge num músculo que não foi alongado antes do exercício ou por
esforço muito grande, mas não o suficiente para romper as fibras. Não impede
as atividades rotineiras, mas dificulta algumas atividades esportivas. Muitas
vezes, ao tocar a região, é possível identificar um certo endurecimento muscular
bem delimitado.
 Distensão muscular - É uma ruptura parcial do músculo. É caracterizada pelo
"sinal da pedrada" em grande esforço ou velocidade, o paciente tem a sensação
nítida de que recebeu uma pedrada. A dor e a incapacidade de usar o músculo
são imediatas. Pode haver sangramento (hematoma). Comum nos músculos da
batata da perna (gêmeos), da coxa (quadríceps, bíceps femural e adutores da
coxa), e do braço (bíceps e tríceps).
Tratamento Fisioterapêutico das Lesões Musculares
 Termoterapia
 Crioterapia – é o resfriamento local dos tecidos ou regiões com finalidades
terapêuticas. É também definida como terapia fria, que utiliza as formas: líquida,
sólida e gasosa, com o objetivo terapêutico de retirar calor do corpo. Os efeitos
terâpeuticos da crioterapia são a vasoconstricção e a analgesia.
 Compressa quente – É a transmissão de calor por condução direta, que se faz
através de toalhas e bolsas térmicas. Efeito terapêutico: vaso dilatação
periférica, sedante e relaxante.
 Eletroterapia
Microcorrentes – é um tipo de eletroestimulação que utiliza correntes com
parâmetros de intensidade na faixa dos microamperes e são de baixa
freqüência, podendo apresentar correntes contínuas ou alternadas. Efeitos
terapêuticos: analgesia, aceleração do processo de reparação tecidual,
antiinflamatório.
 Eletroestimulação transcutânea (TENS) – é uma neuroestimulação sensorial
superficial, que utiliza correntes de baixa freqüência. Efeitos terapêuticos:
controle da dor.
 Laser – amplificação da luz com emissão de luz estimulando a matéria viva,
através do fornecimento de energia nos átomos. Efeitos terapêuticos: estimula a
cicatrização tecidual de maneira acelerada, antiinflamatório, analgésico e
antiedematoso.
Ultra-som – São ondas sonoras (vibrações mecânicas com faixas terapêuticas que se
encontram de 1 a 3Mhz). É o tratamento médico mediante vibrações mecânicas com
uma freqüência superior a 20.000Hz. Efeitos terapêuticos: Antiinflamatório,
analgésico, regeneração tissular, relaxamento muscular, regeneração óssea.
Iontoforese – é o fenômeno físico que se caracteriza pela penetração de uma
substância terapêutica através da pele íntegra por intermédia da corrente galvânica.
É também conhecida como ionização, iontopenetração, dieletroforese. Efeitos
terapêuticos: afecções cutâneas superficiais e mialgia, cicatrização e etc.
Corrente Russa – é uma corrente alternada de média freqüência que pode ser
modulada por rajadas e é utilizada com fins excitomotores. Este tipo de corrente
permite aplicação de alta amperagem, em torno de 100mA. Efeitos terapêuticos:
fortalecimento muscular (pós-lesão ou pós-operatório), aumento da resistência
muscular, velocidade de contrações musculares.
Cinesioterapia – a terapia através dos exercícios isométricos, isotônicos e
isocinético.
Técnicas Proprioceptivas – Utilização de cama elástica, balancinho, giro-plano etc.
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LESÕES ARTICULARES
Entorses de tornozelo
Desvio do curso cinético natural da articulação tíbio-társica por sobrecarga súbita,
quando ultrapassa os limites articulares.
Pode ser causada por sobrecarga direta ou indireta, levando a comprometimento de
estruturas articulares em diferentes níveis.
Classificamos as entorses de tornozelo de acordo com uma escala numérica de três
graus:
 Primeiro Grau:
 Quadro álgico e edema localizados
 Manutenção da integridade articular
 Incapacidade funcional mínima
 Segundo Grau:
 Quadro álgico intenso, edema difuso e hematoma;
 Lesão ligamentar e incapacidade funcional moderada;
 Dificuldade de deambulação.
 Terceiro Grau:
 Quadro álgico intenso, edema difuso e hematoma;
 Lesão ligamentar, fratura;
 Incapacidade funcional;
 Incapacidade em sustentar o peso.
Entorses de Joelho
Descarga súbita ou excessiva de carga, alterando de forma lesiva a biomecânica
articular do joelho.
Pode ser causada por sobrecarga direta ou indireta, levando a diferentes níveis de lesão
e, podendo comprometer as mais diferentes estruturas.
Ao ocorrer a entorse de joelho, pode haver comprometimentos estruturais importantes.
Tudo vai depender da forma que ocorreu a lesão, de acordo com a cinética do trauma.
As estruturas mais freqüentemente lesionadas são os ligamentos cruzado anterior e
colateral medial, ambos os meniscos, com maior ocorrência sendo do medial, e a cartilagem
articular.
Luxação
Lesão traumática resultando em perda de contato anatômico entre as superfícies
articulares.
O estresse súbito de forma que a articulação não tenha capacidade de distribuir as
forças geradas sobre si é o principal fator causador das luxações.
Devemos também levar em consideração a hipótese do indivíduo desenvolver
constantemente, em menor escala, estresse em estruturas articulares moles, que se torna um
fator de facilitação importante para que ocorra a luxação.
Classificação:
 Sub-luxação - Perda parcial de contato entre as superfícies articulares.
 Luxação - Perda de contato total entre as superfícies articulares.
Fraturas
É um desarranjo na continuidade fisiológica do tecido ósseo por mecanismo traumático.
Pode ser causada por traumas incidiosos, diretos ou indiretos, que superem a
capacidade do osso em se deformar, facilitados por neoplasias, deficiência de massa óssea, e
desenvolvimento progressivo no traço da lesão.
Classificação:
 Conforme o local – Epifisária, metafisária e diafisária
 Conforme a extensão - Completa e incompleta
 Conforme a configuração - Transversal, oblíqua, espiralada e cominutiva
 Relação ambiental – Aberta e fechada
 Disposição dos fragmentos – Sem desvio e com desvio (angular, rotação,
separação superposição).
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Fraturas no esporte
Fratura de estresse
Fratura da base do 5° metatarso
Outras Lesões
 Osteíte púbica (pubialgia) – inflamação no púbis.
 Canelite - sobrecarga da tíbia
 Gonartrose - degeneração da cartilagem articular do joelho com atrito ósseo
 Coxartrose - degeneração da cartilagem articular do quadril com a cabeça do
fêmur, levando a um atrito ósseo
 Osgood-Schlatter (OS) - constitui uma doença osteo-muscular (e extraarticular), comum em adolescentes. Caracterizada por uma patologia
inflamatória que ocorre na cartilagem e no osso da tíbia, devido ao esforço
excessivo
sobre
o
tendão
patelar.
Tendo predomínio, no sexo masculino da faixa etária dos 10 aos 15 anos,
praticantes de esportes especialmente os que incluem: chutes, saltos e corridas.
 Síndrome de dor patelo-femural - ocorre dor, crepitação (ruído e sensação tátil
de roda denteada) durante atividades de flexão do joelho como subir escadas.
Ao exame a dor está presente ao pressionar a patela contra o fêmur na
mobilização.
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