MICROECONOMIA PARA GESTOR - EPPGG PROFESSOR: CÉSAR DE OLIVEIRA FRADE 1. Economia: Microeconomia x Macroeconomia A economia possui recursos escassos e a microeconomia estuda a melhor forma de aproveitar esses recursos que são colocados à disposição das pessoas. De uma forma simplificada, podemos dizer que enquanto a macroeconomia estuda os problemas existentes em um país, a microeconomia se preocupa com as decisões individuais das pessoas e empresas. Esse curso versará sobre as pessoas e empresas. Logo, para que você otimize o seu aprendizado, pense sempre nas suas decisões individuais para cada situação proposta no curso. Tentarei mostrar a vocês algumas situações inusitadas que ilustrariam bem cada momento. Acredito que a forma mais simples de aprendermos a microeconomia é pensando no nosso dia-a-dia, no cotidiano. Na verdade, acho que está na hora de passarmos para a matéria propriamente dita. Vamos lá? 2. Curva de Demanda A curva de demanda informa a quantidade a ser consumida de um produto a cada nível de preço. De uma forma geral, sabemos que quanto maior for o preço de um bem menos as pessoas querem adquirir daquele bem. Veja que estou falando de uma forma geral, mas é claro que existem exceções. Imagine que você adore feijão ou carne. Se o preço do quilo do feijão subir, a sua tendência não seria reduzir o consumo do bem? Pois bem, se todos pensassem e tomassem atitudes dessa forma, a demanda coletiva do bem feijão cairia com essa alta de preço. MICROECONOMIA PARA GESTOR - EPPGG PROFESSOR: CÉSAR DE OLIVEIRA FRADE Portanto, o normal na atitude das pessoas é reduzir o consumo quando há aumento no preço do bem e aumentar o consumo quando o preço do bem for reduzido. • Geralmente, um aumento no preço reduz a quantidade demandada e vice-versa. Suponhamos que o bem esteja com o preço P1, conforme mostrado no desenho acima. Com esse preço, os consumidores estariam demandando uma quantidade Q1 e, portanto, estariam sobre o ponto 1 da curva de demanda. Se por um motivo qualquer (por exemplo, grande produção agrícola daquele bem) o preço cair para P2, haverá um conseqüente aumento da quantidade demanda para Q2. Imagine que o preço da carne caia 50%. Você concorda que a sua demanda por carne será aumentada? Por exemplo, ela poderá passar de Q1 para Q2. MICROECONOMIA PARA GESTOR - EPPGG PROFESSOR: CÉSAR DE OLIVEIRA FRADE Esses bens que atendem à referida Lei da Demanda são chamados de Bens Comuns. Entendemos como bens comuns aqueles bens em que as pessoas reduzem o seu consumo quando ocorre um aumento no preço ou quando as pessoas aumentam o seu consumo quando os preços são reduzidos. O livro do Varian define o bem comum exatamente como expus acima. Matematicamente, podemos definir os bens comuns da seguinte forma: Já sei que alguns de vocês não compreenderam a equação acima. Eu explico, calma. Na verdade, essa equação está mostrando exatamente aquilo que foi dito anteriormente, ou seja, que a demanda e os preços se “movimentam” em direções opostas quando o bem for considerado comum. De forma simplificada, podemos dizer que o símbolo indica que estamos falando da variação, seria a diferença entre as quantidades inicial e final ou do preço inicial e final. Observe que a razão ( ) é negativa e isso indica que se a variação do preço for positiva (houver um aumento no preço), a variação da quantidade deverá ser negativa (haverá uma queda na quantidade demandada) e viceversa. Ocorrendo tais fatos, podemos garantir que a razão será sempre um número negativo, pois . A dúvida agora reside na igualdade, não é mesmo. Isso é mera definição. Se o preço de um bem mudar e você continuar consumindo exatamente a mesma quantidade, esse bem será classificado como bem comum. Portanto, quando a equação informa que , ela está dizendo que se o bem for comum, quando o preço cair a demanda irá subir ou ficar igual ou quando o preço subir a demanda deverá cair ou se manter constante. MICROECONOMIA PARA GESTOR - EPPGG PROFESSOR: CÉSAR DE OLIVEIRA FRADE Além disso, indica também que sempre que o preço e a demanda se comportarem dessa forma, devemos concluir que o bem é comum. Ela não diz nada a mais, absolutamente nada. Com isso, vemos que vocês podem ficar tranqüilos com relação às representações matemáticas, não é mesmo? Observe que a regra é a relação inversa entre preço e quantidade. Entretanto, existem algumas exceções. Imagine que uma farmácia esteja colocando o preço de um remédio na promoção. Será que pelo fato de o preço do remédio estar mais barato, você irá comprar e consumir mais daquele remédio? Se o preço do sal cair em 30%, isso fará com que você compre mais sal e coloque mais sal na comida? A resposta para essas duas perguntas é NÃO. As pessoas não irão alterar o consumo desses produtos porque houve variação em seus preços. Veja que esses dois casos também são exemplos de bens comuns. Você acha que uma pessoa poderá reduzir o consumo de um bem quando o preço desse bem for reduzido? Ou seja, será que a queda do preço de um produto pode induzir o consumidor a comprar menos daquele produto? É intrigante essa situação, mas a resposta é SIM. É possível que uma pessoa reduza o consumo de um bem pelo fato de o preço do produto ter caído. Fazendo isso, ela passaria a ter uma quantidade maior de recursos para adquirir outros bens. Acredito que a melhor forma de explicar tal evento é por meio de um exemplo. Veja o exemplo. Suponha que um consumidor esteja comendo batata no café da manhã, batata no almoço e batata no jantar. Ele repete esse cardápio há 30 dias. Será que se o preço da batata cair, o consumidor irá consumir mais batata? A resposta é não. Se o preço da batata cair, esse consumidor dará graças a Deus por isso, pois sobrarão mais recursos para a aquisição de outro bem e, assim, poderá reduzir a quantidade demandada de batata. Esses são os chamados BENS DE GIFFEN. Vamos a um exemplo. Imagine que você tenha uma verba mensal de R$ 600,00 para fazer os seus almoços de um mês e deverá dividi-la entre as duas possibilidades existentes, MICROECONOMIA PARA GESTOR - EPPGG PROFESSOR: CÉSAR DE OLIVEIRA FRADE quais sejam: sanduíche ou filé com fritas. De início, te digo que você preferiria sempre filé a sanduíche. Entretanto, o preço de uma refeição de filé custa, atualmente, R$ 30,00 enquanto que o sanduíche custa R$ 20,00. Assim sendo, se você tem esses preços e essa renda, a melhor forma que o indivíduo teria de conseguir almoçar seria comendo apenas sanduíche nos trinta dias. Dessa forma, estaria gastando a totalidade de sua verba mensal com sanduíche. Mas observe, essa pessoa prefere comer filé a sanduíche e não come filé todo dia senão os recursos acabariam em vinte dias e ela teria que ficar dez dias sem almoço. Suponha agora que o preço do sanduíche caia pela metade, ou seja, passe para R$ 10,00. A idéia inicial seria a de que se o preço do sanduíche caiu, o indivíduo deveria comer mais sanduíche, certo? Nesse caso, errado. Errado, porque a queda no preço do sanduíche fez com que sobrasse dinheiro e esse recurso poderia ser destinado a um bem que fizesse o consumidor mais feliz. Observe que se o consumidor continuar comprando apenas sanduíche, seu custo mensal de almoço passaria para R$300,00. Ele teria R$300,00 ainda para gastar. Sendo assim, qual seria a melhor escolha para o consumidor? É claro que a melhor escolha seria comer apenas filé, mas o consumidor continua sem ter recursos suficientes para isso. Assim, a melhor escolha seria comer quinze dias de filé e quinze dias de sanduíche. Dessa forma, estaria ) com o almoço de filé e R$ 150,00 ( ) gastando R$ 450,00( com o sanduíche. Observe que o sanduíche é um bem de Giffen, pois uma queda em seu preço provocou uma redução na quantidade demandada. Entretanto, tenho que ressaltar que o sanduíche é um bem de Giffen para essa pessoas e nessa circunstância narrada. No entanto, você deve guardar que um bem só pode ser classificado conforme sua situação, conforme o enredo da questão. Um bem de Giffen para uma determinada pessoa pode ser comum para outra. Quero dizer com isso que TODAS essas classificações são relativas. MICROECONOMIA PARA GESTOR - EPPGG PROFESSOR: CÉSAR DE OLIVEIRA FRADE Certa vez, dando uma aula, um aluno me perguntou: Professor, você não vai explicar o que é Bem de Veblen? Eu respondi: Bem de quem?? Ele falou: Bem de Veblen. Respondi: Nunca ouvi falar nisso. Onde você leu isso? Ele responde: um professor me indicou um livro que fala desse bem. Enfim, esse foi o papo que tive com o aluno. Chegando em casa peguei o Varian e ele não falava nada, Pindyck não tinha nada, Mas-Colell muito menos. No dia que tinha aula na UnB (estava fazendo meu Doutorado) perguntei à minha orientadora e ela me respondeu: Bem de quem?? Ela sugeriu que eu perguntasse ao professor de micro, doutor em uma TOP 5 americana. E lá fui eu. Professor, o que é Bem de Veblen? E ele responde, nunca ouvi falar. Enfim...Só me restava uma coisa (e não era acreditar no livro que o aluno descreveu). O que me restava? Procurar no Google. Lá, eu tinha certeza que acharia. E descobri, claro. Veblen era um economista nascido em 1857 e que veio a falecer em 1929 (ninguém nem sabia quem era Keynes na época). Pelo que li, ele vivia sempre em conflito com os outros acadêmicos da época e tinha ideias bastante independentes. Ficou conhecido como bem de Veblen 1 aquele bem que teria a demanda aumentada quando ocorresse um aumento no preço. Dito isso, queria dizer a vocês para ESQUECEREM isso. Não existe essa definição nem no Varian, Pindyck, Mas-Collel ou Ferguson. Logo, não podemos levar em consideração, ou melhor, não devemos levar em consideração, na minha opinião, esse tipo de bem. O Mas-Collel define bem de Giffen da seguinte forma: 1 Importante destacar que além desse conceito não estar em nenhum dos livros de vanguarda, eu nunca vi esse assunto sendo cobrado em prova e olha que já pesquisei nas provas que já foram elaboradas de 97 até os dias atuais. MICROECONOMIA PARA GESTOR - EPPGG PROFESSOR: CÉSAR DE OLIVEIRA FRADE “Although it may be natural to think that a fall in a good´s price will lead the consumer to purchase more of it, reverse situation is not an economic impossibility. Good L is said to be a Giffen good at (p,w) if x L p, w 0 .” p L Matematicamente, podemos dizer que: Vamos interpretar a equação, conforme a definição do Mas-Collel2? Observe que ele informa que um bem L é dito bem de Giffen se a relação preço-quantidade for positiva. Apesar de a frase que foi transcrita não afirmar que se a relação for positiva o bem é de Giffen, este fato é verdadeiro também. Ou seja, vale o “se, e somente se” que é representado pelo símbolo . A equação descrita acima diz que se o preço cair e isso provocar uma redução na quantidade demanda, o bem em questão é de GIFFEN. Esse é o caso do exemplo do sanduíche, pois a razão entre dois número negativos (variações negativas) é um número positivo( ). Por outro lado, se o preço de um determinado bem for majorado e a demanda por esse bem também crescer teremos uma relação de proporção direta entre as grandezas( ), e o bem em questão também será considerado de GIFFEN, conforme a definição apresentada. Um exemplo desse tipo? Em geral, bens de ostentação possuem essa característica. Imagine que você não entende nada de quadro, nunca foi a uma exposição e nunca viu um quadro famoso. Em um leilão são apresentados dois quadros da Monalisa. O primeiro deles enorme e o segundo pequeno. A sua tendência inicial seria dar um lance maior no quadro maior, não é mesmo? Ainda mais se você olhar para os dois e não ver diferença nenhuma entre eles. No entanto, 2 O livro do Mas-Collel é utilizado há alguns anos nos mestrados e doutorados de algumas das melhores universidades brasileiras e americanas. MICROECONOMIA PARA GESTOR - EPPGG PROFESSOR: CÉSAR DE OLIVEIRA FRADE após ficar sabendo que o menor é o autêntico, é capaz de você passar a dar maior valor a ele pelo simples fato de poder dizer que comprou um Da Vinci. Nesse exemplo, o preço subiu e você aumentou a demanda pelo quadro. Bens de ostentação funcionam dessa forma. • Se preço e quantidade forem grandezas diretamente proporcionais, consideramos o bem como sendo de GIFFEN. Se preço e quantidade forem inversamente proporcionais, o bem é COMUM. 2.1. Fatores que alteram a quantidade demandada São cinco os fatores que podem modificar a quantidade demandada. São eles: Preço; Renda; Preço de Produtos Relacionados; Gosto; e Expectativas a) Preço Esse princípio já foi anunciado. Em geral, uma variação no preço do produto provoca uma alteração na quantidade demandada do mesmo. Importante ressaltar que apesar de o examinador cobrar com bastante freqüência questões acerca do Bem de Giffen, devemos pensar nesse bem apenas como uma exceção. Tendo em vista o fato de já termos discutido exaustivamente o seu funcionamento, a partir de agora vamos tratar dos bens que possuem uma relação preço-quantidade inversamente proporcional. MICROECONOMIA PARA GESTOR - EPPGG PROFESSOR: CÉSAR DE OLIVEIRA FRADE Observe que a curva de demanda é uma função que exprime a quantidade demandada pelos consumidores em função do preço do bem. Matematicamente, temos: Sendo a e b constantes positivas. O sinal negativo mostra que a curva de demanda é negativamente inclinada, ou seja, que preço e quantidade são grandezas inversamente proporcionais. Sendo assim, quando aumentamos o preço do bem, haverá uma variação na quantidade demandada do mesmo e, portanto, um deslocamento SOBRE a curva de demanda. Veja a figura abaixo. b) Renda Uma variação na sua renda poderá provocar uma alteração na quantidade demandada do bem. MICROECONOMIA PARA GESTOR - EPPGG PROFESSOR: CÉSAR DE OLIVEIRA FRADE Se eu te perguntar, o que ocorreria com a demanda de um bem se você passasse nesse concurso público e, portanto, tivesse a sua renda aumentada? Provavelmente, você me responderia que esse aumento na sua renda provocaria um aumento na quantidade demandada do bem. Veja bem. Se atualmente você compra um curso de microeconomia do Ponto dos Concursos, será que quando você passar no concurso e a sua renda for aumentada, você irá comprar dois cursos de microeconomia? Você me disse que quando a renda aumentar você irá aumentar a demanda do bem e, assim, quando passar no concurso posso pressupor que comprará muito mais cursos do Ponto, não é mesmo? Pois bem. Já vimos que as coisas não funcionam assim. Existem alguns bens que você gosta de consumir (não é o caso de microeconomia) e existem outros que a situação te faz consumir. Muito provavelmente, quando a sua renda aumentar você irá aumentar o consumo daqueles bens que você gosta de consumir, mas que ainda não consome em uma quantidade adequada (por exemplo, viagens). No entanto, aqueles bens que você não gosta, mas consome por necessidade (como esse curso) podem ter o seu consumo reduzido com o aumento da renda. Isso dará origem a dois tipos distintos de bens. Serão os bens inferiores e os bens normais. Se não entenderam, não fiquem preocupados. Explico de novo e de uma forma mais clara. Se um consumidor tiver a sua renda aumentada e, com isso, optar por reduzir o consumo de um bem, esse bem será chamado de inferior. Já imagino que vocês devam estar com certa dúvida. Sempre pergunto em sala: Se o seu salário aumentar, o que ocorrerá com o seu consumo dos bens. E a galera em peso responde: aumentará. No entanto, isto não está correto, como eu já disse. Imagine um bem que você não goste, mas consome porque não tem condições de comprar outro bem melhor, o que você gosta. Vou dar um exemplo que ocorreu comigo mesmo. MICROECONOMIA PARA GESTOR - EPPGG PROFESSOR: CÉSAR DE OLIVEIRA FRADE Antes de passar em um concurso público, fui morar em Brasília para trabalhar como engenheiro. Foi uma época difícil, despesa com moradia aqui não é nada barata e o salário de engenheiro, na época, bem baixo. Portanto, era sempre necessário economizar para não ter que ficar pedindo dinheiro para meu pai. Um bem que não me agrada, em nenhuma hipótese, é carne de frango. Eu não gosto mesmo, mas quando tenho que comer, só o faço se for peito de frango. Mas duro, sem grana, morando em uma cidade cara, tinha que abrir uma exceção. Éramos 7 dividindo uma casa (uma república com três homens e quatro mulheres), todos sem dinheiro. Então, ficou decidido que comeríamos frango três vezes por semana (segunda, quarta e sexta), pois, na época, o frango custava algo em torno de R$ 1,00 / quilo. Conclusão: na minha cesta de consumo tinha o frango, entre outros bens. Um ano depois passei no concurso do BACEN. Te pergunto: Você acha que, por ter passado no concurso e estar recebendo um salário maior, eu aumentei o consumo de frango? Claro que não. Na verdade, quase deixei de comer frango. Logo, vimos que um aumento de renda pode provocar uma redução na quantidade demandada de um bem. Se isso ocorrer, dizemos que esse bem é inferior. Portanto, bens inferiores são aqueles que: Q DX 0 . Observe que se a sua R renda reduzir e a demanda pelo bem aumentar, esse bem também é inferior. Matematicamente: Bem Inferior Q DX 0 R X Conclusão: Se a demanda pelo bem estiver em uma direção e a renda na direção oposta, esse bem será considerado inferior. Chegou a hora de explicar a equação, não é mesmo? MICROECONOMIA PARA GESTOR - EPPGG PROFESSOR: CÉSAR DE OLIVEIRA FRADE Se o aumento da renda induzir a uma redução da demanda( ), a relação entre as grandezas será inversamente proporcional e a razão negativa. Assim, o bem será considerado inferior. De forma análoga, se a redução da renda provocar um aumento da demanda( ), o bem também é considerado inferior. No entanto, alguns dos bens que eu consumia antes de passar no concurso me deixavam satisfeitos. Esses bens tiveram um aumento de consumo quando a renda aumentou. Entre eles, podemos citar, no meu caso, viagens, picanha, filé mignon, entre outros. Segundo Hal Varian: “Normalmente pensaríamos que a demanda por um bem aumenta quando a renda aumenta. Os economistas, com uma falta singular de imaginação, chamam esses bens de normais.” Portanto, gravem: o inverso dos bens inferiores são os bens normais. Matematicamente, dizemos que um bem é normal: Bem Normal Q DX 0 R X A equação acima indica que quando a renda e a quantidade demandada de um bem forem grandezas diretamente proporcionais, o bem será considerado normal. Ou seja, se uma pessoa tiver um aumento da renda e optar por aumentar o consumo de um bem( ), esse bem poderá ser considerado normal, nessa situação. Por outro lado, se uma pessoa tiver a sua renda reduzida e com isso reduzir o consumo de um bem( ), esse bem também será considerado normal. Como foi dito anteriormente, uma mudança na renda poderá proporcionar uma mudança na quantidade demandada do bem mesmo sem que ocorra a mudança em seu preço. Como a função de demanda mostra uma relação entre o preço e a quantidade demandada de um bem, não teremos o que fazer a não MICROECONOMIA PARA GESTOR - EPPGG PROFESSOR: CÉSAR DE OLIVEIRA FRADE ser DESLOCAR a curva para que seja possível aumentar a quantidade demandada a um determinado nível de preço. Veja na figura abaixo: Guarde uma dica. Sempre que o preço alterar a demanda, exatamente pelo fato de a curva estar em um plano PREÇO x QUANTIDADE, ocorrerá um deslocamento sobre a curva de demanda. Qualquer outra variável que venha a modificar a quantidade demandada, exatamente pelo fato de manter o preço em um nível constante, provocará um deslocamento da curva de demanda. O último detalhe que gostaria de salientar nesse item é que todo bem de Giffen é inferior, mas nem todo inferior é de Giffen. Observe o diagrama de Venn abaixo: MICROECONOMIA PARA GESTOR - EPPGG PROFESSOR: CÉSAR DE OLIVEIRA FRADE Observe que a totalidade dos bens que são classificados como bem de Giffen estão dentro dos bens inferiores. Tomando como referência o diagrama acima, vemos que os bens de Giffen encontram-se inseridos no círculo e a totalidade do círculo é subconjunto dos bens considerados inferiores. No entanto, é importante notar que existem alguns bens inferiores que não estão dentro do círculo. É exatamente por esse motivo que todo Giffen é inferior, mas nem todo inferior é Giffen. Tem mais um detalhe importante. Se o examinador afirmar que quando o preço de um bem cai e, consequentemente, isso provoca uma queda na quantidade demanda, sabemos que o bem é de Giffen. E como todo Giffen é inferior, podemos afirmar que se um bem tem uma queda no preço e, em conseqüência disso, sua demanda é reduzida, esse bem é inferior (pois é Giffen). Ultimamente tem sido muito comum o examinador colocar algumas afirmativas que não explicitam diretamente os bens de Giffen. Entretanto, nós já vimos que todo Giffen é inferior e não existe nenhum Giffen que seja normal. Logo, nenhuma normal é Giffen, certo? Portanto, se um examinador afirmar que um bem é normal, ele pode estar querendo afirmar que aquele bem não é de Giffen e as grandezas preço e quantidade são inversamente proporcionais. Na verdade pessoal essa é a grande diferença de uma aula escrita como essa. Estou sempre com o intuito de mostrar a vocês o assunto da forma mais clara e falando das tendências mais atuais dos examinadores. É assim que faremos o tempo todo do curso. Dicas e mais dicas de resolução de questões. c) Preço de Produtos Relacionados MICROECONOMIA PARA GESTOR - EPPGG PROFESSOR: CÉSAR DE OLIVEIRA FRADE Importante ressaltar que um único bem pode ter várias classificações. Por exemplo, ele pode ser normal e comum, inferior e comum, Giffen e inferior. Ou seja, não é apenas uma classificação por cada bem. Nesse tópico apresentaremos outra classificação para os mais variados bens. Imagine dois bens, por exemplo, manteiga e margarina. Suponha ainda que você é uma pessoa indiferente entre o consumo desses bens. Logo, se o preço da manteiga sobe, você irá reduzir o consumo da manteiga e substituí-la pela margarina. Sendo que esta última terá seu consumo majorado. Se o preço da manteiga cair, você vai consumir mais margarina. Pois bem, se dois bens tiverem essa característica eles são denominados de bens substitutos. Ou seja, se a mudança no preço de um dos bens provocar uma mudança na demanda do outro bem eles podem ser substitutos. Serão considerados substitutos se o aumento no preço de um bem provocar aumento da demanda do outro bem. De forma análoga, dois bens são substitutos se a redução no preço de um dos bens provocar redução na demanda do outro bem. Com isso concluímos que: Bens Substitutos Q DX 0 PY É importante esclarecer que o símbolo ( ) significa se, e somente se. A conclusão acima deve ser lida da seguinte forma: Q DX Q DX 0 for verdadeiro e se 0 , os bens são Os bens são substitutos se PY PY substitutos. Querem a interpretação da equação? Tenho certeza de que já conseguem fazer isso sozinhos, mas vamos lá. MICROECONOMIA PARA GESTOR - EPPGG PROFESSOR: CÉSAR DE OLIVEIRA FRADE Quando a relação entre o preço de um dos bens e a quantidade do outro bem for diretamente proporcional, a razão entre a variação das grandezas será positiva( ) e, portanto, os bens serão considerados substitutos. Falta sabermos a lógica econômica, não é mesmo? Pois bem, os bens são considerados substitutos porque as pessoas acabam trocando um bem pelo outro, substituem esses bens na sua cesta de consumo. Esse é o caso da margarina e da manteiga para o consumidor em questão. No entanto, pode ser que você não considere esses dois bens substitutos, por não gostar de margarina de forma alguma, mas algumas pessoas consideram. Agora imaginemos a gasolina e o óleo de motor. Se o preço da gasolina aumentar, as pessoas tendem a andar menos de carro e, portanto, reduzem a demanda por gasolina. Se as pessoas andarem menos de carro, elas passarão mais tempo sem efetuar a troca de óleo e, assim, a demanda por óleo de motor será reduzida. Recapitulando, um aumento no preço da gasolina reduz a demanda por gasolina e, conseqüentemente, reduz a demanda por óleo de motor. Esses dois bens são considerados bens complementares. São complementares aqueles bens que, em geral, o consumo de um bem induz o consumo de outro. Temos vários exemplos que funcionam bem, a pinga e o limão, a goiaba e o queijo minas. Enfim, é claro que coloquei esses exemplos, até certo ponto grotestos e regionalistas, para conseguir ilustrar a questão. Com isso concluímos que: Bens Complementares Q DX 0 PY Observe que está havendo uma mudança na quantidade demandada do bem X porque o preço do bem Y está sendo alterado. Dessa forma, haverá um deslocamento da curva de demanda, como ocorre no caso da renda. d) Gosto MICROECONOMIA PARA GESTOR - EPPGG PROFESSOR: CÉSAR DE OLIVEIRA FRADE E possível que o gosto de uma pessoa altere o consumo de um determinado bem. Esse consumo poderá ser aumentado ou reduzido. Isto depende do bem e de cada pessoa. Apesar de esse ser mais um motivo para que haja alteração na quantidade demandada, não me lembro de nenhuma questão em prova que isso foi cobrado. Importante lembrar que essa alteração na quantidade demandada, tendo em vista o fato de que o preço do bem não é alterado, provoca um DESLOCAMENTO na curva de demanda. e) Expectativas As expectativas modificam a quantidade demandada. Imagine que após ler essa aula, você decidiu se matricular no curso de Micro com a convicção de que se tudo for explicado dessa forma, não haverá nada que você não consiga compreender muito bem. E aí, você optou por comprar o curso dado que isso criou uma expectativa de aumento da probabilidade de passar. Com esse aumento, você acaba indo ao Shopping fazer compra e começando a gastar por conta, pois houve uma mudança da expectativa. Enfim, assim como esse exemplo que coloquei para vocês, vários outros podem ser colocados e inventados pelo examinador. O importante é tentar notar qual dos itens está alterando a demanda. Se for a expectativa a curva de demanda também será DESLOCADA. Alguns autores afirmam que a quantidade de compradores também altera a quantidade demandada. Entretanto, tal afirmativa é encontrada, apesar de estar correta, em um pequeno número de acadêmicos. No entanto, essa afirmativa pode ser considerada correta sem o menor problema, pois aqueles que não colocam essa alternativa acabam por afirmar de forma implícita que o número de compradores foi aumentado por causa de alguma expectativa que foi gerada. Sendo assim, aqueles autores que não explicitam essa sexta característica que EXPECTATIVAS. modifica os preços, acabam considerando-a nas MICROECONOMIA PARA GESTOR - EPPGG PROFESSOR: CÉSAR DE OLIVEIRA FRADE Todo bem de Giffen é inferior, mas nem todo inferior é Giffen. Se um bem for normal, ele não será de Giffen. Se o preço de um bem for alterado, haverá um deslocamento sobre a curva de demanda. Se a mudança na demanda de um bem vier de uma alteração na renda de um indivíduo, preço de um bem relacionado, gosto ou expectativas, haverá um deslocamento da curva de demanda. Lembre-se de que o preço do bem é mantido constante. 3. Curva de Oferta A curva de oferta informa a quantidade a ser produzida de um produto a cada nível de preço. Se quando estudamos a curva de demanda estávamos raciocinando como se fossemos um consumidor, neste momento deveremos passar a raciocinar como um empresário uma vez que estamos estudando a curva de oferta. De uma forma geral, sabemos que quanto maior for o preço de um bem mais os produtores querem vender daquele bem. Veja que estou falando de uma forma geral, claro que existem exceções. Dessa forma, a curva de oferta será uma curva positivamente inclinada que se situa no espaço preço x quantidade, como demonstrado abaixo: MICROECONOMIA PARA GESTOR - EPPGG PROFESSOR: CÉSAR DE OLIVEIRA FRADE Observe que quando o preço do bem era P1, havia uma quantidade ofertada igual a Q1. À medida que o preço do bem aumentou, o empresário passou a ter um estímulo maior a aumentar a quantidade ofertada. Dessa forma, quando o preço passa para P2, o empresário aumenta a sua produção e passa a ofertar a quantidade Q2. Diferentemente de quando estávamos estudando a curva de demanda, na curva de oferta não temos as classificações dos bens em vários tipos, mas há uma exceção também. Exceção essa que faz com que a curva de oferta possa ser negativamente inclinada. Em geral sabemos que quanto maior o preço, maior a quantidade ofertada. No entanto, imagine uma situação em que há a criação de um site para concursos público, imaginemos a situação do Ponto dos Concursos. Há a necessidade de se fazer uma instalação inicial, contratar servidores que consigam armazenar as aulas, alugar sala, funcionários e por aí vai. Em determinado momento o site entra em contato com um professor de Microeconomia com o intuito de ministrar um curso da matéria. O professor irá dispor de uma quantidade x de horas para poder elaborar o curso e, para valer a pena, quer uma determinada remuneração. Para que essa remuneração seja conseguida, haverá uma cobrança do curso. No entanto, quanto maior for o número de alunos, menor poderá ser o preço do curso. O curso pode ser ofertado em uma quantidade muito grande e uma MICROECONOMIA PARA GESTOR - EPPGG PROFESSOR: CÉSAR DE OLIVEIRA FRADE redução de preço pode aumentar a quantidade a ser ofertada pelo curso (pense que existe servidor em número suficiente). É mais fácil pensar neste ponto, se analisarmos a curva de oferta e de demanda juntas, pelo menos intuitivamente é isso que faremos. Imagine que sejam 50 alunos interessados no curso, assim o preço deverá ser um para cobrir os custos. No entanto, se o preço for reduzido isso induzirá a um aumento do número de alunos, mas não haverá um acréscimo tão grande no trabalho do professor ou no custo do site. Basicamente, terá um incremento nas respostas do fórum. Dessa forma, a oferta poderá ser aumentada para 100 e o preço cobrado ser mais baixo. Se o preço cair pode ser que a demanda aumente novamente e a oferta volte a aumentar com preço ainda mais baixo. Observe que para que haja uma curva de oferta negativamente inclinada, há a necessidade de ganhos de escala, fato que ocorre em cursos via internet ou tele-presenciais. 3.1. Fatores que alteram a quantidade ofertada São quatro3 os fatores que podem modificar a quantidade ofertada. São eles: Preço; Preço dos Insumos; Tecnologia; e Expectativas a) Preço Esse princípio já foi anunciado. Em geral, uma variação no preço do produto provoca uma alteração na quantidade ofertada do mesmo. Importante ressaltar que são poucas as questões que versam sobre curva de oferta negativamente inclinada. Isso é muito raro. 3 Alguns autores podem colocar vários outros fatores. Entretanto, esses quatro fatores são os apresentados pelos mais renomados. Em geral, os outros podem ser encaixados no item expectativas. MICROECONOMIA PARA GESTOR - EPPGG PROFESSOR: CÉSAR DE OLIVEIRA FRADE Se examinador fizer uma pergunta e nela afirmar que a curva de oferta é positivamente inclinada, a tendência é que você marque que o item está correto, pois não foi utilizado nenhum chavão (sempre, nunca, etc). Logo, a pergunta fala de uma forma geral sobre a curva de oferta e, em geral, ela é positivamente inclinada. Observe que a curva de oferta é uma função que exprime a quantidade ofertada pelos produtores em função do preço do bem. Matematicamente, temos: QO = a + bP Sendo a e b constantes positivas. E o sinal positivo mostra que a curva de oferta é positivamente inclinada. Sendo assim, quando aumentamos o preço do bem, haverá uma variação na quantidade ofertada do mesmo e, portanto, um deslocamento SOBRE a curva de oferta. Veja a figura abaixo. b) Preço dos Insumos Uma mudança no preço dos insumos4 provoca uma alteração na quantidade ofertada do bem. Se o preço do insumo subir, haverá um aumento no custo de produção que provocará uma redução no lucro. Essa redução no lucro faz com que o empresário tenha interesse em reduzir a quantidade ofertada do bem. Já sei. Você deve estar pensando assim: se há uma redução no lucro, seria mais interessante que o empresário aumentasse a quantidade ofertada com o objetivo de ter o mesmo nível de lucro. Não é assim que você deve raciocinar. Pense no lucro por unidade produzida, mas como um percentual. Se o lucro por unidade cair em termos percentuais, 4 Segundo o Mini-dicionário Aurélio, insumo é o “elemento que entra no processo de produção de mercadorias ou serviços (máquinas e equipamentos, trabalho humano, etc.); fator de produção.” MICROECONOMIA PARA GESTOR - EPPGG PROFESSOR: CÉSAR DE OLIVEIRA FRADE pode ser que seja mais interessante para alguns empresários vender a empresa e aplicar no mercado financeiro. Entendido? Grave então, se o preço de um insumo subir haverá uma redução na quantidade ofertada. Observe que haverá uma mudança apenas no preço do insumo, sendo que o preço do bem será mantido constante. Como a curva de oferta mede a relação em um plano preço do bem x quantidade ofertada do bem, para que mudemos a quantidade ofertada sem que seja feita qualquer mudança no preço do bem será necessário DESLOCAR A CURVA DE OFERTA. Portanto, um aumento no preço do insumo provoca uma redução na quantidade ofertada, deslocando a curva de oferta para cima e para a esquerda, conforme mostrado abaixo: Por outro lado, se o preço de um insumo ficar mais barato, isso provocará uma redução no custo do empresário e mantendo o preço do produto constante, aumentará o lucro. Dessa forma, o empresário terá um incentivo a aumentar a quantidade ofertada do bem. Ao aumentar a quantidade ofertada do bem, como o preço do bem está mantido constante, o empresário estará provocando um deslocamento da curva de oferta para baixo e para a direita. Já sabemos que se uma alteração no preço de um bem modificar a sua quantidade ofertada haverá um deslocamento sobre a curva de oferta. No entanto, é importante destacar que qualquer outra variável que modificar a quantidade ofertada, tendo em vista o fato de que o preço é mantido constante, provocará um deslocamento da curva de oferta. Observe que para fazer qualquer tipo de análise em economia precisamos alterar uma variável e manter todas as outras variáveis constantes. Assim, MICROECONOMIA PARA GESTOR - EPPGG PROFESSOR: CÉSAR DE OLIVEIRA FRADE podemos entender o que aquela variável sozinha pode provocar. Portanto, a nossa análise sempre será ceteris paribus5. Segundo Mankiw: “Os economistas usam a expressão ceteris paribus para dizer que todas as variáveis relevantes, exceto a que estiver sendo estudada na ocasião, são mantidas constantes. A expressão latina significa, literalmente, “outras coisas sendo iguais”. A curva de demanda se inclina para baixo porque, ceteris paribus, preços menores indicam uma maior quantidade demandada. Embora a expressão ceteris paribus se refira a uma situação hipotética na qual algumas variáveis são mantidas constantes, no mundo real muitas coisas se alteram simultaneamente. Por isso, quando usarmos ferramentas de oferta e de demanda para analisar fatos ou políticas, é importante ter em mente o que está sendo mantido constante e o que está mudando.” c) Tecnologia Sabemos que, normalmente, há um ganho tecnológico com o passar do tempo. Esse ganho tecnológico contribui para aumentar a quantidade ofertada dos bens. Esse é o senso comum e deve ser assim que você está pensando, certo? Então me explique. Você concorda que uma TV LED é mais desenvolvida tecnologicamente que uma TV de Plasma, certo? Então, porque que a quantidade ofertada de TV LED é menor que a quantidade ofertada de TV de Plasma? Talvez você deva estar pensando: isto ocorre porque a TV LED é muito cara. Não, não é por causa disso. Se pensar assim, entraremos no problema do ovo e da galinha...rsrs 5 Alguns autores escrevem “coeteris paribus”. MICROECONOMIA PARA GESTOR - EPPGG PROFESSOR: CÉSAR DE OLIVEIRA FRADE Na verdade, a curva de oferta da TV de LED é uma e a curva de oferta da TV de Plasma é outra, completamente diferente. Isto porque estamos falando de produtos diferentes. Logo, possuem curvas diferentes. Observe que não estamos falando de tecnologia de produto e o exemplo que coloquei para vocês diz respeito à tecnologia do produto. Quando falamos de tecnologia provocando um aumento na quantidade ofertada, estamos nos referindo à TECNOLOGIA DE PRODUÇÃO.6 E isso faz todo sentido, pois se passamos a ter uma máquina mais produtiva, mais eficiente, ela poderá contribuir para aumentar a quantidade a ser ofertada pelos empresários. É claro que, em princípio, estamos tratando o preço do bem como constante e esse aumento da tecnologia de produção provocará um deslocamento da curva de oferta para baixo e para a direita. Guarde duas coisas muito importantes aqui. A primeira é que o examinador vai querer te enrolar e falar de tecnologia do produto, mas você não pode, em hipótese alguma, errar uma questão desse tipo. O que altera a quantidade ofertada é a TECNOLOGIA DE PRODUÇÃO. A segunda é que a tecnologia de produção provoca um DESLOCAMENTO da curva de oferta. d) Expectativas Expectativas... Quem adora questão com expectativas é o CESPE, pois assim ele pode inventar qualquer história e fazer a pergunta. Cai em todas as bancas, mas o CESPE é campeão nesse item. As expectativas modificam a quantidade ofertada. Imagine que o Ministério da Fazenda fez uma previsão de que o Brasil irá crescer 6%, em média, nos próximos quatro anos. Isso é uma indicação de que a renda da população deve aumentar e assim altera a nossa expectativa a respeito do País. Dessa forma, com a mudança da expectativa em relação à renda das pessoas, o empresário acaba aumentando a quantidade ofertada do bem. 6 É fundamental que você consiga fazer essa diferenciação. Faz toda a diferença na análise da questão. MICROECONOMIA PARA GESTOR - EPPGG PROFESSOR: CÉSAR DE OLIVEIRA FRADE Por outro lado, se um empresário do setor hoteleiro está pensando em construir um complexo hoteleiro no nordeste com o intuito de competir com a Croácia e Emirados Árabes como destino dos europeus nas férias e escuta falar que há uma tendência de valorização da moeda nacional em relação ao Euro e ao dólar, imediatamente ele passa a ter uma expectativa pessimista em relação ao seu empreendimento. Isto ocorre porque boa parte do seu custo será em moeda nacional e está sendo criada uma expectativa de que ela fique cada vez mais forte e, portanto, o destino pode estar ficando caro para os europeus. Essa expectativa pode acabar fazendo com que haja uma redução da quantidade ofertada. Enfim, assim como esse exemplo que coloquei para vocês, vários outros podem ser colocados e inventados pelo examinador. O importante é tentar notar qual dos itens está alterando a oferta. Se for a expectativa a curva de oferta também será DESLOCADA. Esse deslocamento pode ser tanto na direção do aumento quanto da redução da quantidade ofertada. DICA: A primeira coisa que devemos fazer quando pegamos uma questão de oferta e demanda é tentar saber qual fator está alterando a curva. Em geral, o erro da questão está no deslocamento SOBRE a curva ou no deslocamento DA curva. 4. Equilíbrio Já estudamos tanto a curva de demanda quanto a curva de oferta separadamente. Agora, vamos juntar as duas curvas no mesmo espaço e verificar o que ocorre. É isso que chamamos de equilíbrio de mercado. Cuidado com uma coisa. Aqui estamos falando de equilíbrio parcial e não de equilíbrio geral. Lembre-se que apesar de tanto a curva de oferta quanto a curva de demanda poderem ser tanto positivamente quanto negativamente inclinadas, sempre que ouvirmos falar em curva de demanda pensaremos em uma curva negativamente inclinada (descendente da esquerda para a direita). Quando ouvirmos MICROECONOMIA PARA GESTOR - EPPGG PROFESSOR: CÉSAR DE OLIVEIRA FRADE falar na curva de oferta, devemos pensar em uma curva positivamente inclinada (ascendente da esquerda para a direita). Portanto, em geral, não se deve utilizar a curva de demanda positivamente inclinada (bem de Giffen) e a curva de oferta negativamente inclinada (ganhos de escala). Isso somente deve ocorrer quando estivermos tratando de exceções. Ou seja, se o examinador falar de uma curva de oferta ou de uma curva de demanda, devemos fazer um desenho de curvas positivamente e negativamente inclinadas, respectivamente. Veja abaixo como proceder: O ponto em que as curvas de oferta e demanda se cruzam se chama EQUILÍBRIO. Esse ponto indica o nível de preço e a quantidade que está sendo negociada de forma que não há sobra de estoque ou falta de produto. Ou seja, se o preço do bem em questão estiver cotado em P1, tudo que for produzido pelo empresário será vendido e não haverá formação de estoques nem falta de produtos. Mais à frente veremos o que ocorre se o preço cobrado estiver acima ou abaixo de P1. Existem tipos diversos de questões que podem ser formuladas com o equilíbrio. A primeira delas ocorre quando o examinador determina uma equação matemática que represente a demanda e uma equação que represente a oferta. Com o objetivo de encontrar o equilíbrio, basta igualarmos as equações que determinam as curvas. Observe que o equilíbrio ocorre no ponto de encontro entre as duas curvas. Assim, quando igualamos a equação da curva oferta com a equação da curva demanda estamos supondo que a quantidade ofertada iguala a quantidade demandada. Dessa forma, iremos encontrar o ponto em cada uma das retas (das curvas de oferta e demanda) que equilibra o mercado. Já sei que você deve estar se perguntando o motivo pelo qual você deve igualar as curvas, certo? Vou te explicar. Observe que a equação que determina a demanda informa a quantidade que está sendo demandada a cada nível de preço. Por outro lado, a equação que determina a oferta informa a quantidade que está sendo ofertada a cada nível de preço. MICROECONOMIA PARA GESTOR - EPPGG PROFESSOR: CÉSAR DE OLIVEIRA FRADE No equilíbrio, a quantidade que está sendo demandada é a mesma da que está sendo ofertada. Portanto, ao igualarmos as duas curvas, estamos dizendo que a quantidade ofertada se iguala à quantidade demandada. Dessa forma, formaremos uma equação que depende do preço, uma vez que o preço que está na equação da demanda é igual ao preço da equação da oferta. Se resolvermos a equação formada, encontraremos o preço de equilíbrio e se esse preço for o praticado no mercado, isso significa que toda a produção está sendo vendida e não sobra nem falta nenhuma unidade do produto. Vamos a um exemplo, para que vocês compreendam o procedimento a ser utilizado. Imagine que as curva de demanda e oferta sejam designadas pelas seguintes equações, respectivamente: QD = 90 - 6P QO = -10 + 4P Se estivermos interessados em encontrar o preço de equilíbrio, devemos assumir que este preço ocorrerá quando a quantidade ofertada for igual à quantidade demandada, ou seja, QO = QD. Matematicamente, temos: Q O QD 10 4P 90 6P 4P 6P 90 10 10P 100 P 10,00 Observe que ao igualarmos as equações e resolvermos para P, encontraremos que o preço de equilíbrio será igual a R$10,00. Se substituirmos esse valor em qualquer uma das duas equações (oferta ou demanda), a quantidade encontrada deverá ser a mesma. Afinal de contas, saímos exatamente desse pressuposto para encontrar o preço. Vamos verificar qual a quantidade demandada se o preço for igual a R$10,00: QD = 90 - 6P QD = 90 – 6x10 MICROECONOMIA PARA GESTOR - EPPGG PROFESSOR: CÉSAR DE OLIVEIRA FRADE QD = 90 – 60 QD = 30 unidades Vamos, agora, verificar qual a quantidade ofertada se o preço for igual a R$10,00: QO = -10 + 4P QO = -10 + 4x10 QO = -10 + 40 QO = 30 unidades Observe que o resultado encontrado foi exatamente o que estávamos prevendo, ou seja, que ao preço de R$10,00 a quantidade ofertada é igual à quantidade demandada. Isso significa que se o preço do bem estiver cotado a R$10,00, o empresário deverá optar por produzir 30 unidades do bem. De forma análoga, se o preço estiver cotado a R$10,00, o consumidor irá demandar 30 unidades do bem. E, dessa forma, tudo que está sendo produzido pelo empresário está sendo adquirido pelo consumidor e, com isso, estamos com o mercado em equilíbrio. Graficamente, podemos representar da seguinte forma: Imagine a situação em que o preço do mercado esteja abaixo do preço de equilíbrio. Porque motivo? Que tal pelo fato de o Governo ter congelado os preços em um patamar inferior àquele que seria o de equilíbrio7. Se o preço da mercadoria estiver cotado a R$8,00, haverá um aumento da quantidade demandada do bem uma vez que ele está custando menos e, ao mesmo tempo, uma redução da quantidade ofertada, pois o bem está com um preço mais baixo. Veja que se colocarmos esse preço na equação de demanda, teremos: 7 Tal pressuposto nos faz relembrar o congelamento imposto pelo Plano Cruzado em 1986. QD = 90 - 6P MICROECONOMIA PARA GESTOR - EPPGG PROFESSOR: CÉSAR DE OLIVEIRA FRADE QD = 90 – 6x8 QD = 90 – 48 QD = 42 unidades De forma análoga, com o preço de R$8,00, a quantidade ofertada seria de: QO = -10 + 4P QO = -10 + 4x8 QO = -10 + 32 QO = 22 unidades Portanto, vemos que quando o preço estiver abaixo do preço de equilíbrio, a quantidade demandada supera a quantidade ofertada e, com isso, faltará produto no mercado. A diferença entre as quantidades, nesse caso, será chamada de excesso de demanda ou escassez de produtos. Graficamente, temos: Por outro lado, imaginemos uma situação em que o preço de mercado se situa acima do preço de equilíbrio. Isso pode ocorrer em uma economia com livre comércio e na qual o preço de equilíbrio internacional encontra-se em nível superior ao preço de equilíbrio. Logo, este fato induzirá a um aumento no preço interno do produto, redução da quantidade demanda internamente e aumento na quantidade produzida pelo empresário. Outra opção ocorre quando o Governo opta por estabelecer um preço mínimo para um produto com o intuito de induzir a produção e não provocar o desabastecimento. Veja o que ocorrerá se colocarmos o preço de R$13,00 na curva de demanda: QD = 90 – 6P QD = 90 – 6x13 QD = 90 – 78 QD = 12 unidades MICROECONOMIA PARA GESTOR - EPPGG PROFESSOR: CÉSAR DE OLIVEIRA FRADE De forma análoga, com o preço de R$13,00, a quantidade ofertada seria de: QO = -10 + 4P QO = -10 + 4x13 QO = -10 + 52 QO = 42 unidades Observe que quando o preço está acima do preço de equilíbrio, a quantidade ofertada supera a quantidade demandada e, com isso, sobrará produto no mercado. A diferença entre as quantidades, nesse caso, será chamada de excesso de oferta ou excedente de produtos. Graficamente, temos: Vamos passar a mais uma etapa do estudo do equilíbrio, a última. Vou te fazer uma pergunta e vamos ver se você consegue me responder corretamente. O que ocorre com a quantidade demandada da cerveja Antarctica se o preço da cerveja Skol aumentar? Não vale responder que você não gosta de Antarctica e só toma Skol, está combinado? A ideia é a seguinte: se o preço da cerveja Skol aumentar, haverá uma redução na quantidade demandada por Skol e, consequentemente, um aumento na demanda por Antarctica. Afinal de contas, os dois bens são substitutos. Veja: PSKOL QDSKOL QDANTARCTICA Esse aumento no preço da Skol provoca um deslocamento na curva de demanda8 de D1 para D2, uma vez que essa mudança foi provocada por uma alteração no preço de produto relacionado. Veja o gráfico: 8 Já sei que você deve estar querendo saber se a curva de demanda é da Skol ou da Antarctica. Como o preço majorado foi o da cerveja Skol, só podemos deslocar a curva de demanda da Antarctica. Se estivéssemos com o gráfico da cerveja Skol, o deslocamento ocorreria sobre a curva de demanda, uma vez que a alteração ocorreu no preço do bem. MICROECONOMIA PARA GESTOR - EPPGG PROFESSOR: CÉSAR DE OLIVEIRA FRADE Observe que para um dado preço P1 da cerveja Antarctica, tendo em vista o fato de o preço da Skol ter sido majorado, haverá um aumento na demanda por Antarctica para Q2. Dessa forma, o mercado sairá do equilíbrio, pois a quantidade ofertada de Antarctica será Q1 (representado pelo ponto 1 do gráfico) e a quantidade demandada será Q2 (representado pelo ponto 2 do gráfico). Observe ainda que o preço da cerveja Antarctica não sofreu qualquer alteração até o momento e continua sendo P1. Com o mercado em desequilíbrio e a quantidade demandada sendo maior que a quantidade ofertada, haverá formação de filas para a aquisição do bem e, portanto, um aumento do mesmo. Quando aumentamos o preço da cerveja Antarctica, haverá um deslocamento sobre a curva de oferta (do ponto 1 para o ponto 3) e um deslocamento simultâneo sobre a curva de demanda (do ponto 2 para o ponto 3), até que o equilíbrio seja reestabelecido. Veja o gráfico abaixo: Dessa forma, no final, haverá um aumento no preço e na quantidade de equilíbrio da cerveja Antarctica. (representado pelo ponto 3). Nesse momento, chegamos a um equilíbrio parcial. Não vou ficar repetindo esse procedimento diversas vezes. Se houver um deslocamento, seja da curva de demanda ou da curva de oferta, haverá um desequilíbrio inicial. Em seguida, as forças de mercado irão estabelecer um novo equilíbrio para o mercado. 5. Elasticidades A elasticidade tem como objetivo medir a reação ocorrida em uma variável quando uma segunda variável for modificada. Sabemos que, em geral, quando o preço de um bem aumenta, a quantidade demandada do mesmo cai. Será que um empresário, antes mesmo de aumentar o preço do seu produto, gostaria de saber como as pessoas iriam MICROECONOMIA PARA GESTOR - EPPGG PROFESSOR: CÉSAR DE OLIVEIRA FRADE reagir a esse aumento de preços? Será que ele se interessaria em saber qual seria a redução percentual no consumo para cada 1% de aumento no preço? Essa medida é dada pela elasticidade. Existem inúmeras elasticidades, mas todas nos informam a relação entre duas variáveis quaisquer. Podemos conceituar a elasticidade como sendo um número que informa a variação percentual em uma variável em decorrência de uma mudança de 1% em outra variável. Segundo Pindyck: “Já vimos que a demanda por uma mercadoria depende de seu preço, bem como da renda do consumidor e dos preços de outras mercadorias. De modo semelhante, a oferta depende do preço, bem como de outras variáveis que afetam o custo de produção. Por exemplo, se o preço do café aumenta, sua quantidade demandada cairá e sua quantidade ofertada aumentará. Frequentemente, contudo, desejamos saber quanto irá aumentar ou cair a oferta ou a demanda. Quão sensível será a demanda de café em relação a seu preço? Se o preço aumentar 10%, qual deverá ser a variação da demanda? Quanto seria a variação da demanda se o nível de renda aumentasse em 5%? Utilizamos elasticidades para responder a perguntas como essas. A elasticidade é uma medida da sensibilidade de uma variável em relação a outra. Mais especificamente, trata-se de um número que nos informa a variação percentual que ocorrerá em uma variável como reação a uma variação de 1% em outra variável.” Apresentamos, acima, uma definição generalizada acerca do conceito elasticidade. No entanto, em microeconomia, estudaremos, em princípio, quatro importantes elasticidades9, quais sejam: 9 Elasticidade-preço da demanda10; A elasticidade é um importante informação a ser considerada quando estamos pensando em mercados regulados. Também pode ser chamada de elasticidade-preço da procura. Em todas as elasticidades, o termo demanda pode ser substituído pelo termo procura sem que o significado seja alterado. 10 MICROECONOMIA PARA GESTOR - EPPGG PROFESSOR: CÉSAR DE OLIVEIRA FRADE Elasticidade-renda da demanda; Elasticidade cruzada da demanda11; e Elasticidade-preço da oferta. 5.1. Elasticidade-preço da demanda A elasticidade-preço da demanda informa a variação percentual que ocorrerá na quantidade demandada de determinado bem quando o preço deste bem for modificado em 1%12. A elasticidade-preço da demanda é representada pela seguinte equação13: D Q Q P Q P Q P Q P P Q P Vamos, em primeiro lugar, discutir o que significa, por exemplo, mesmo que Q . É o Q S S2 S1 , sendo que S é o salário recebido por você. S S1 Esses anos de sala de aula me ensinaram que se os alunos não entenderem alguma coisa, mexa no bolso deles que irão entender rapidamente... E é isso que farei com vocês. Imagine, então que você perceba um salário mensal de R$3.000,00. Seu chefe acaba de te informar que você terá um aumento de 10% no salário pelos bons serviços prestados. Sabemos que, dessa forma, seu salário passará a ser de R$3.300,00, concorda? Logo, seu salário inicial (S1) era de R$3.000,00 e o seu salário final (S2) passou a R$3.300,00. Com isso, temos: 11 Também conhecida como elasticidade-preço cruzado da demanda. Essa alteração pode ser tanto com aumento ou redução no preço. 13 Importante ressaltar que mais à frente explicarei o que é uma derivada. Não há necessidade de se preocupar com isto 12 nesse momento. Entretanto, aquelas pessoas que sabem, já podem ir utilizando o conceito. Q P Q P P Q P Q MICROECONOMIA PARA GESTOR - EPPGG PROFESSOR: CÉSAR DE OLIVEIRA FRADE S S2 S1 3300 3000 300 0,10 10% S S1 3000 3000 Observe que o resultado encontrado foi idêntico ao valor percentual do aumento dado. Então, quando estamos falando de Q , estamos verificando Q qual a variação percentual na quantidade demandada. De forma análoga, P é P a variação percentual no preço. Portanto, a elasticidade-preço da demanda irá informar quantos por cento variou a quantidade demandada para cada variação percentual do preço do bem. Sabemos que, em geral, um aumento nos preços provoca uma redução na quantidade demandada e, analogamente, uma redução nos preços provoca um aumento na quantidade demandada. Dessa forma, vemos que: D Q Q Q Q 0 ou D 0 P P P P Portanto, a elasticidade-preço da demanda é, em geral, um número negativo e isso representado pelo fato de as grandezas preço e quantidade serem inversamente proporcionais. Entretanto, há uma exceção e são os bens de Giffen. Os bens de Giffen possuem uma elasticidade-preço da demanda positiva. A partir de agora, não mais falaremos dos bens de Giffen e nem pensaremos neles para podermos desenvolver nossa matéria. Eles serão retomados apenas quando falarmos de exceções. Ou seja, se estivermos discutindo a MICROECONOMIA PARA GESTOR - EPPGG PROFESSOR: CÉSAR DE OLIVEIRA FRADE elasticidade-preço da demanda estará implícito que o resultado é um número negativo, a menos que falemos se tratar de um bem de Giffen14. Fechado? Imagine que um aumento de 10% no preço de um bem faça com que o consumidor reduza a demanda em 50%. Isso significa que se 10%, o consumidor irá reagir reduzindo o consumo, P for igual a P Q , em 50%. Observe Q que a reação do consumidor, nesse caso, foi muito forte quando o preço foi majorado. Neste caso, a elasticidade-preço da demanda é igual a: D Q 50% Q 5 D 5 P 10% P Se o módulo da elasticidade-preço da demanda for maior do que 1, a demanda é considerada elástica. Ou seja, há uma reação por parte do consumidor reduzindo a quantidade demandada em um nível superior à variação no preço do bem. Tal fato pode ocorrer por alguns motivos. Primeiro, o produto possui bons substitutos na visão desse consumidor e quando o preço aumenta, ele desloca o seu consumo para o outro bem, para o bem substituto e, portanto, reage fortemente, reduzindo a demanda. Outra opção possível é que o bem seria considerado supérfluo pelo consumidor em questão. Quando o preço aumenta, ele passa a considerar que esse bem deve ter o seu consumo restringido uma vez que não seria um bem fundamental para ele. Observe que, nos dois casos, isso depende do consumidor em questão. Pois um bem que eu posso considerar supérfluo, você pode acreditar que seja fundamental para você, concorda? E vice-versa, claro. Você, por exemplo, pode achar que o frango é um ótimo substituto para a carne de boi, mas eu, traumatizado com isso, não acredito. Então, quando o preço da carne de boi 14 Essa definição, apesar de importante para a Microeconomia, quando falamos de bens regulados perde um pouco da sua importância. MICROECONOMIA PARA GESTOR - EPPGG PROFESSOR: CÉSAR DE OLIVEIRA FRADE subir, não substituirei o produto por frango. No entanto, posso também ser elástico para a carne de boi, mas a substituirei por algum outro produto. Portanto, o fato de um produto ser elástico ou não depende dos costumes, gostos, etc dos consumidores que estão sendo analisados. Imagine, agora, que um aumento de 10% no preço de um bem faça com que o consumidor reduza a demanda em 3%. Isso significa que se 10%, o consumidor irá reagir reduzindo o consumo, P for igual a P Q , em 3%. Observe que Q a reação do consumidor, nesse caso, foi muito fraca quando o preço foi majorado. Neste caso, a elasticidade-preço da demanda é igual a: D Q 3% Q 0,3 D 0,3 P 10% P Se o módulo da elasticidade-preço da demanda for menor do que 1, a demanda é considerada inelástica15. Ou seja, há uma reação por parte do consumidor reduzindo a quantidade demandada em magnitude inferior à variação no preço do bem. Isto pode ocorrer por alguns motivos. Interessante é que todas as vezes que solicito aos alunos para me dar um exemplo de um bem inelástico, elas me falam: sal. Eu, particularmente, não acho esse um bom exemplo, mas vamos discutir isso. O primeiro motivo para uma reação tão pequena por parte do consumidor é devido ao fato de o produto ser essencial para a sua sobrevivência. Estamos falando de um remédio, remédio esse que sem ele o consumidor morreria. Se o laboratório aumentar o preço do remédio, o que faria o consumidor? Compraria o remédio e continuaria tomando a mesma atitude enquanto tivesse recurso suficiente. Nesse caso, o aumento de preço pouco altera ou nada altera a quantidade demandada do bem. 15 Os bens regulados, geralmente, são aqueles que possuem uma demanda inelástica para a média dos consumidores. O padrão é que exista uma regulação maior (controle mais próximo por parte do Governo) quando a inelasticidade do consumidor for alta, dada a grande dependência do consumidor pelo produto e, assim, o grande poder de mercado da empresa. Inelasticidade alta significa que o valor da elasticidade-preço da demanda, em módulo, é bem próxima de zero e isso mostra a dependência do consumidor em relação ao bem consumido. MICROECONOMIA PARA GESTOR - EPPGG PROFESSOR: CÉSAR DE OLIVEIRA FRADE Um segundo caso e aqui se inclui o sal, ocorre quando o bem possui um valor muito baixo se comparado ao orçamento do consumidor. Por exemplo, suponha em na sua casa seja gasto um quilo de sal por mês. Se o preço do sal aumentar em 10%, você continuará comprando 1 quilo de sal por mês. Isso se deve muito mais ao fato de o sal custar R$1,00 do que você achar que o sal é essencial. Não concorda? Então pense que o quilo de sal está sendo negociado a R$1.000,00 e ainda foi majorado em 10%. Quanto de sal você gastaria por mês. Ah, não gosta mais sal.. Está vendo, essa seria a sua resposta. Isso nos mostra que as pessoas são inelásticas em relação aos bens que elas gostam e que pouco representam em seu orçamento. Um terceiro e último caso se refere aos bens que provocam vício. Por exemplo, o cigarro. Uma pessoa que fuma reduzirá muito pouco o consumo do cigarro se o preço do mesmo aumentar. Isso ocorre porque ela é viciada no bem, independente deste bem ter muita ou pouca representatividade em seu orçamento. Lembre-se que sempre escutamos que pessoas roubam para fumar crack, pessoas que possuem dinheiro acabam com seus recursos utilizando essa droga. Na verdade, depois que a pessoa se droga, se vicia, aumenta e muito o seu nível de inelasticidade em relação ao bem. Entretanto, é interessante notarmos que se pegarmos uma pessoa como exemplo, seu nível de elasticidade ou de inelasticidade em relação a um determinado bem vai sendo alterado à medida que o preço do bem vai sendo modificado. Vamos retornar ao exemplo do sal. Enquanto o sal custava R$1,00 o quilo, você tinha a clara noção de que você era muito inelástico em relação ao preço do bem e que um aumento de 10% nele não provocaria mudança alguma na sua quantidade demandada. Entretanto, se o sal passasse a custar R$10,00, o mesmo aumento de 10% induziria a grande maioria a começar a pensar sobre a utilização do sal, e, talvez, a desculpa estaria no fato de que o sal não faz bem à saúde, aumenta a pressão, apesar de a pessoa ainda ser inelástica, mas menos do que quando o preço era R$1,00. Se pensarmos no sal custando R$100,00 o quilo, um aumento de 10% em seu preço faria com que houvesse uma redução ainda maior na quantidade demandada do mesmo. Observe que um aumento de mesma magnitude no preço do bem, mas incidindo sobre diferentes valores provoca reações completamente diferentes MICROECONOMIA PARA GESTOR - EPPGG PROFESSOR: CÉSAR DE OLIVEIRA FRADE nos consumidores. Em princípio, quanto maior for o preço do bem menor tende a ser a inelasticidade do consumidor e, portanto, mais elástico ele tende a ser. Se o sal estiver cotado em R$10.000,00 o quilo é muito provável que quase todos nós já estejamos convencidos de que o sal não é um bem interessante, que faz muito mal à saúde e que não deve ser consumido. Talvez uma pessoa que ganhe mais de R$1 milhão por mês, talvez um bom jogador de futebol (ou ex-jogador em exercício) continue comprando o sal. Portanto, quando o preço de um bem vai aumentando continuamente, um consumidor que é inelástico em relação a esse bem, vai, gradativamente, aumentando sua reação e se tornando cada vez menos inelástico (mais elástico). Até que em determinado momento, a partir de certo preço, ele passa a ser elástico. Observe que essa mudança passou por um ponto em que a elasticidade é igual a -1. Quando isso ocorrer, e isto é apenas uma coincidência matemática, dizemos que temos a elasticidade unitária da demanda. Com isto, podemos sintetizar da seguinte forma: Se D 1 ⇒ Demanda Inelástica Se D 1 ⇒ Elasticidade Unitária da Demanda Se D 1 ⇒ Demanda Elástica Temos dois casos especiais, quais sejam: Demanda infinitamente elástica; Demanda infinitamente inelástica. Quando a demanda for infinitamente elástica, a curva de demanda será uma reta horizontal e a elasticidade-preço da demanda será igual a infinito. Casos como esses ocorrem em mercados competitivos e todos os produtores devem vender seus produtos ao mesmo preço. Se algum produtor optar por vender por um preço ligeiramente superior, ele não conseguirá alienar uma unidade sequer. MICROECONOMIA PARA GESTOR - EPPGG PROFESSOR: CÉSAR DE OLIVEIRA FRADE O gráfico de uma curva de demanda infinitamente elástica é o seguinte: Quando a demanda for infinitamente inelástica, a curva de demanda será uma reta vertical e a elasticidade-preço da demanda será igual a zero. Nesses casos, os consumidores necessitam muito dos bens e um aumento de preço não induziria a qualquer redução da quantidade demandada. O gráfico de uma curva de demanda infinitamente inelástica é o seguinte: Vou mostrar algo errado para vocês, mas que ajudará a entender o conceito. Observem as duas curvas de demanda acima. Veja que para uma mesma variação no preço do bem, há uma variação muito maior na quantidade demandada no segundo gráfico. Ou seja, a quantidade varia bem mais se a curva de demanda for mais “deitada”, não é mesmo? Portanto, sempre que você tiver que desenhar uma curva de demanda inelástica, faça o desenho de uma curva mais vertical. Por outro lado, sempre que necessitar desenhar uma curva de demanda mais elástica faça uma curva mais horizontal. Então, mesmo estando errado isto que estou dizendo, pense que se a curva de demanda for mais “em pé”, a demanda será inelástica e se a curva de demanda for “mais deitada”, a demanda será mais elástica. Guardem uma dica: O que está escrito no parágrafo anterior pode ser usado sempre, desde que a questão não fale em curva de demanda linear. Vamos agora, passar para o estudo de uma curva de demanda linear. Apesar de termos representado todas as curvas de demanda, até então, como retas, em geral elas são parecidas com uma hipérbole. No entanto, para não complicar, podemos representá-las como retas16. Mas, sempre que o examinador falar em curva de demanda linear, ele estará afirmando que a 16 É exatamente assim que todos os autores renomados fazem. MICROECONOMIA PARA GESTOR - EPPGG PROFESSOR: CÉSAR DE OLIVEIRA FRADE curva de demanda é uma equação de primeiro grau, é uma reta, deverá ser representada por uma equação da reta (QD = ax + b)17 e, para calcularmos a elasticidade dessas funções devemos proceder da seguinte forma: Utilizemos a seguinte curva de demanda: Q = 8 – 2P. Vamos sair de um determinado ponto, apontando o par P,Q. Variando em 1% o valor de P, devemos determinar o novo valor de Q e verificar qual foi a mudança percentual nessa quantidade. Vamos escolher como ponto de partida o local em que a curva de demanda toca o eixo dos preços, o eixo y. Nesse ponto, a quantidade demandada é igual a zero. Colocando isso na equação temos: Q0 0 0 8 2 P0 2 P0 8 P0 4 Portanto, partiremos de um par (P,Q) igual a (4,0) para determinarmos a elasticidade-preço da demanda neste ponto. Vamos reduzir o correspondente18. preço em 1% e calcular a quantidade demandada P1 P0 1 1% P1 4 0,99 3,96 Q1 8 2 P1 Q1 8 2 3,96 Q1 0,08 Q D Q2 Q1 0,08 0 0,08 Q Q1 0 D D 0 P2 P1 3,96 4 0,04 P P 4 4 P1 17 Observe que essa equação é idêntica àquela que na primeira aula foi dito que seria a função de demanda. Tudo bem, é assim mesmo. Mas o que vai ser desenvolvido agora só deve ser utilizado se o examinador falar em DEMANDA LINEAR. 18 Optei por reduzir o preço, neste caso, porque se aumentasse a quantidade resultante seria negativa. Além disso, esclareço que devemos variar em 1% o preço, aumentando ou diminuindo. MICROECONOMIA PARA GESTOR - EPPGG PROFESSOR: CÉSAR DE OLIVEIRA FRADE Já sei que vocês devem estar pensando que 0,08 não existe. Mas não é 0 verdade. Imagine um número positivo dividido por um número muito próximo de zero, como por exemplo, 0,0000000000000000000000001. Você concorda que quando comparamos esse número com zero, a diferença é insignificante. Logo, temos: 0,08 0,08 0 0,0000000000000000000000001 Sendo assim, a elasticidade-preço da demanda fica: 0,08 D 0 0,04 1% 4 Dessa forma, vemos que no ponto em que a curva de demanda toca o eixo Y, ou seja, o eixo dos preços, a elasticidade-preço da demanda nesse ponto é igual a -∞. Já sei que você não está entendendo a teoria, apesar de ter engolido a matemática, certo? Então vou dar um exemplo que dou em sala de aula que ilustra bem esse ponto. Imagine que você trabalha em um determinado local e seu salário é zero. Isso mesmo, zero. Não leva sequer um centavo no final do mês. Seu chefe chega para você e diz que está muito satisfeito com o seu desempenho e que vai te dar um aumento de 100%. Se ele te der um aumento de 100%, qual o seu novo salário? Seu novo salário será de R$ 0,00. A pergunta é: Se o seu salário subir para R$ 0,01, qual terá sido o seu aumento percentual? A resposta é que você terá tido um aumento muito grande, um aumento de infinito por cento. Concordam? Aqui é, exatamente, a mesma coisa. A partir do momento em que você não consumia nada e passa a consumir uma quantia, por menor que seja essa quantidade, o aumento percentual dela foi gigantesco, foi infinito. MICROECONOMIA PARA GESTOR - EPPGG PROFESSOR: CÉSAR DE OLIVEIRA FRADE Vamos fazer o cálculo da elasticidade-preço no ponto médio da curva de demanda em questão. No ponto médio, o preço valerá R$ 2,00 e teremos uma quantidade igual a 4. Veja: P0 2 Q) 8 2 2 Q0 8 4 Q0 4 Agora, para mostrar que não faz a menor diferença se optarmos por aumentar ou reduzir o preço, iremos subi-lo de 1%. Temos: P1 P0 1 1% P1 2 1,01 2,02 Q1 8 2 P1 Q1 8 2 2,02 Q1 3,96 Utilizando esses dados, podemos substituir na equação da elasticidade-preço da demanda e calculá-la: Q D Q2 Q1 3,96 4 0,04 QD Q1 1% 4 D 4 1 P2 P1 2,02 2,00 0,02 1% P P 2 2 P1 Com isso vemos que a elasticidade-preço da demanda no ponto médio de uma curva de demanda linear é igual a -1. Se repetirmos os cálculos para o ponto em que P é igual a zero19, teremos: P0 0,01 Q) 8 2 0,01 Q0 8 0,02 Q0 7,98 Ao aumentarmos o preço em 1%, temos: 19 Faremos o cálculo para um ponto muito próximo do ponto em que P for igual a zero. Isto ocorre porque se P for zero, ao alterarmos em 1% esse valor, o preço do bem não será alterado. P1 P0 1 1% MICROECONOMIA PARA GESTOR - EPPGG PROFESSOR: CÉSAR DE OLIVEIRA FRADE P1 0,01 1,01 0,0101 Q1 8 2 P1 Q1 8 2 0,0101 Q1 7,9798 Passemos agora ao cálculo da elasticidade-preço da demanda em um ponto muito próximo do ponto em que o preço é igual a zero. Q D Q2 Q1 7,9798 7,98 0,002 Q Q1 0,000025 7,98 7,98 D D 0,0025 P2 P1 0,0101 0,01 0,0001 P 1% P 0,01 0,01 P1 Observe que a elasticidade-preço da demanda nesse ponto está muito próximo de zero e será IGUAL A ZERO no ponto em que o preço for zero. Portanto, vemos o seguinte: Portanto, em uma curva de demanda linear, temos: No ponto em Q for zero, a demanda é infinitamente elástica; No ponto em P for zero, a demanda é infinitamente inelástica; No ponto médio temos a elasticidade unitária da demanda; Entre Q igual a zero e o ponto médio, a demanda é elástica; e Entre P igual a zero e o ponto médio, a demanda é inelástica. 5.2. Elasticidade-renda da demanda MICROECONOMIA PARA GESTOR - EPPGG PROFESSOR: CÉSAR DE OLIVEIRA FRADE A elasticidade-renda da demanda informa a variação na quantidade demandada do bem como reação a uma mudança de 1% na renda do consumidor. A elasticidade-renda da demanda é representada pela seguinte equação: R Q Q R Q R Q R Q R R Q R Sabemos que quando a nossa renda aumenta, temos a tendência de modificar a demanda de alguns produtos. Sabemos ainda que alguns do produtos terão seu consumo majorado quando aumentarmos a renda e outros terão seu consumo reduzido. a) Bens Normais Nos casos em que um aumento de renda induzir a um aumento no consumo ou que uma redução de renda levar a uma redução no consumo, teremos uma elasticidade-renda da demanda positiva e o bem será considerado normal. Matematicamente, temos: R Q Q 0 R R ou R Q Q 0 R R b) Bens Inferiores Nos casos em que um aumento de renda induzir a uma redução no consumo ou que uma redução de renda leve a um aumento no consumo, teremos uma elasticidade-renda da demanda negativa e o bem será considerado inferior. Matematicamente, temos: R Q Q 0 R R ou R Q Q 0 R R MICROECONOMIA PARA GESTOR - EPPGG PROFESSOR: CÉSAR DE OLIVEIRA FRADE c) Bens de Luxo Se a elasticidade-renda da demanda for positiva e superior à unidade, isso significa que quando houver uma variação na renda isso provocará uma variação da quantidade em proporção maior que a variação da renda. Em geral, isso ocorre em bens que o consumidor ainda acredita que o seu nível de consumo atual está bem aquém daquele desejável. Um bom exemplo seria viagens. Você concorda que se você tiver um aumento do nível de renda deverá haver um aumento considerável nos gastos com viagens? Então, se isso for verdade, é provável que viagem seja um bem de luxo. Matematicamente, temos: R Q Q 1 R R ou R Q Q 1 R R d) Bens Necessários Se a elasticidade-renda da demanda for positiva mas inferior à unidade, isso significa que a variação na renda provocará uma variação positiva na quantidade demandada mas em uma proporção menor que a variação na renda. Intuitivamente, isso significa que o consumidor gosta do bem e está interessado em consumir mais daquele bem caso tenha uma melhora nas suas condições financeiras. No entanto, a quantidade consumida por ela na atualidade já é considerada razoável. Logo, esse aumento de renda provocará um aumento no consumo, mas um aumento muito pequeno. Um bom exemplo para pessoas como nós é comida. Pode até ser que quando nossa renda aumentar venhamos a comer mais filet mignon, mais picanha, MICROECONOMIA PARA GESTOR - EPPGG PROFESSOR: CÉSAR DE OLIVEIRA FRADE mais carne de uma forma geral, mas já consumimos mais ou menos aquilo que desejamos. Matematicamente, temos: R Q Q 1 R R R Q Q 1 R R e 0 R 1 e 0 R 1 Em geral, os bens que necessitam de regulação por parte do Governo são os bens necessários. Caso contrário, o próprio mercado seria capaz de efetuar essa regulação, geralmente. 5.3. Elasticidade cruzada da demanda A elasticidade cruzada da demanda mede a variação na quantidade demandada do bem X como reação a uma mudança de 1% no preço do bem Y. Sabemos que a alteração no preço de um bem pode provocar a mudança na demanda de outro bem. Essa elasticidade irá medir o quanto que uma pessoa modifica o consumo de um bem pelo fato de o outro bem ter tido seu preço alterado. Matematicamente, temos: X, Y Q X QX Q X PY Q X PY PY Q X PY PY Q X PY a) Bens Substitutos MICROECONOMIA PARA GESTOR - EPPGG PROFESSOR: CÉSAR DE OLIVEIRA FRADE Se a variação positiva no preço de um bem provocar uma mudança positiva na demanda do outro bem, esses bens são considerados substitutos. Ou seja, se a elasticidade cruzada da demanda for positiva, os bens são considerados substitutos. Observe o caso da manteiga e margarina. Se o preço da manteiga (bem Y) subir, haverá uma redução na quantidade demandada de manteiga e, consequentemente, um aumento na demanda de margarina (bem X). Observe que: PMANTEIGA QMANTEIGA QMARGARINA D D X, Y QMARGARINA Q X D MARGARINA QX QD 0 PY PMANTEIGA PY PMANTEIGA Vamos analisar agora a magnitude da elasticidade cruzada da demanda. Se a elasticidade cruzada da demanda for alta, isso significa que quando o preço de um bem aumenta as pessoas “correm” para o outro bem. Isto quer dizer que esse outro bem que não teve seu preço majorado é um bom substituto ao primeiro. Com isso, podemos concluir que quanto maior for a elasticidade cruzada da demanda melhor é a substituição entre os bens para um dado consumidor. b) Bens Complementares Se a variação positiva no preço de um bem provocar uma redução na quantidade demandada de outro bem, esses bens são considerados complementares. Vamos a um exemplo. Seria o caso do combustível e do óleo de motor. Se o preço do combustível sobe, as pessoas reduzem a demanda por combustível, andam menos de carro e isso provoca, ceteris paribus, uma redução na quantidade demandada de óleo de motor. PCOMBUSTIVEL X, Y MICROECONOMIA PARA GESTOR - EPPGG PROFESSOR: CÉSAR DE OLIVEIRA FRADE QDCOMBUSTIVEL QDOLEO DE MOTOR Q DOLEO DE MOTOR Q X QX QDOLEO DE MOTOR 0 PY PCOMBUSTÍVEL PY PCOMBUSTÌVEL Portanto, se a elasticidade cruzada da demanda for negativa temos que os bens são complementares. 5.4. Elasticidade-preço da Oferta A elasticidade-preço da oferta informa a variação na quantidade ofertada como reação a uma mudança de 1% no preço do bem. Matematicamente, temos: O Q O QO Q O P Q O P P Q O P P Q O P Na verdade, queremos ver agora, como o empresário irá reagir a uma mudança no preço. Se quando o preço mudar, a sua reação for forte e proporcionalmente maior que a mudança de preço, dizemos que ele é elástico em relação preço. Em geral, isso ocorre quando ele possui uma capacidade produtiva ociosa que o permite fazer isso. Uma oferta é considerada elástica se a elasticidade for superior à unidade. Se uma mudança de preço gerar uma reação pequena por parte do produtor, a oferta será inelástica. Em geral, isto ocorre quando o produtor possui a capacidade produtiva praticamente toda tomada e essa mudança de preços o “pega com as calças na mão” e ele não tem muito que fazer, dado que a construção de uma nova planta demoraria algum tempo. Outra opção seria o fato de que o produtor pode não dispor de fornecimento de insumos suficientes para aumentar a sua produção de forma significativa. Uma oferta é considerada inelástica se a elasticidade for inferior à unidade. MICROECONOMIA PARA GESTOR - EPPGG PROFESSOR: CÉSAR DE OLIVEIRA FRADE Em muitos mercados regulados, o produtor não tem muita condição de aumentar a sua oferta de um instante para outro. Logo, em geral, o Governo negocia melhorias de longo prazo para que seja possível essa resposta na parte da oferta. Imagine uma mudança drástica na oferta de telefonia celular para daqui uma semana. Por mais que o preço tenha se tornado atrativo é impossível majorar a oferta em grande magnitude, a menos que a capacidade esteja ociosa. Assim como na demanda, a curva de oferta também possui duas exceções, são elas: Oferta infinitamente elástica; Oferta infinitamente inelástica. Quando a oferta for infinitamente elástica, a curva de oferta será representada por uma reta horizontal e a elasticidade é igual a infinito. Isto significa que o produtor responde plenamente a um aumento de preços. Graficamente, a oferta infinitamente elástica é representada da seguinte forma: Quando a oferta for infinitamente inelástica, a curva de oferta será representada por uma reta vertical e a elasticidade será igual a zero. Isso significa que o produtor não responde a um aumento de preço. Graficamente, representamos a situação da seguinte forma: Essas são as quatro modalidades de elasticidade que necessitamos nessa fase da matéria. Assim como na demanda, a curva de oferta, quando linear tem as suas particularidades. Observem que mesmo apresentando a curva de oferta sendo uma reta e afirmando que se ela for mais “deitada” ela seria elástica e quando for mais “em pé” seria mais inelástica, há um equivoco nessa afirmativa. Entretanto, se a questão for teórica e você desenhar dessa forma, estará acertando o item. MICROECONOMIA PARA GESTOR - EPPGG PROFESSOR: CÉSAR DE OLIVEIRA FRADE Vamos tratar agora da Oferta Linear. Imagine três situações distintas que serão representadas pelas curvas O 1, O2 ou O3 no desenho abaixo: Vamos começar nossos cálculos para curva de oferta O1. A equação pode ser a seguinte: QO = -20 + 2P No ponto em que a curva de oferta O1 toca o eixo dos preços, temos que a quantidade ofertada será igual a zero. Dessa forma: Q O 20 2P Se Q O 0 0 20 2P 2P 20 P 10 Se utilizarmos o conceito de elasticidade, devemos modificar o preço em 1% e verificar qual foi a variação percentual na quantidade ofertada. Com isso, temos: Q1 0 e P1 10 P2 P1 1 1% P2 10 1,01 P2 10,10 Q 2 20 2 10,10 Q 2 0,20 A elasticidade no ponto será determinada da seguinte forma: O O MICROECONOMIA PARA GESTOR - EPPGG PROFESSOR: CÉSAR DE OLIVEIRA FRADE Q O Q 2 Q1 QO Q1 P P2 P1 P P1 0,20 0 0,20 0 0 10,10 10 0,10 1% 10 10 Façamos agora a análise da curva O2 de oferta. Imaginemos que a equação que representa esta curva seja: QO = 2P Com isso, temos: Q1 200 e P1 100 P2 P1 1 1% P2 100 1,01 P2 101,00 Q 2 2 101,00 Q 2 202 A elasticidade na reta como um todo será determinada da seguinte forma: O Q O Q 2 Q1 QO Q1 P P2 P1 P P1 O 202 200 2 1% 200 200 1 101,00 100,00 1,00 1% 100,00 100,00 Portanto, em todos os pontos da curva de oferta O2 a elasticidade-preço da oferta é igual a 1. MICROECONOMIA PARA GESTOR - EPPGG PROFESSOR: CÉSAR DE OLIVEIRA FRADE De forma análoga, podemos determinar a elasticidade da curva de oferta O 3. Essa curva pode ser representada pela seguinte equação: QO = 20 + 2P Portanto, teremos: Q1 20,20 e P1 0,10 P2 P1 1 1% P2 0,10 1,01 P2 0,101 Q 2 20 2 0,101 Q 2 20,202 Dessa forma, a elasticidade-preço da oferta ficaria assim: O Q O Q 2 Q1 QO Q1 P P2 P1 P P1 O 20,202 20,20 0,002 20,20 20,20 0,0001 0,01 0,101 0,10 0,001 0,01 0,10 0,10 Portanto, com isso podemos ver que no ponto em que P for igual a zero, a elasticidade-preço da oferta é igual a zero. 6. Elasticidade Constante Para compreendermos a elasticidade constante devemos, primeiro, entender como se deriva. Entretanto, acredito que ainda está muito cedo para se fazer isso na aula de micro. Logo, vou mostrar algumas operações aqui e depois o resultado final. Sugestão: Aqueles que sabem derivar podem acompanhar o breve raciocínio. Aqueles que não sabem, não precisam se preocupar com isso agora, preocupese em saber a resposta que está ótimo. Pois no fim, até quem sabe derivada estará decorando a resposta dada a facilidade da mesma. Combinado? Mais à MICROECONOMIA PARA GESTOR - EPPGG PROFESSOR: CÉSAR DE OLIVEIRA FRADE frente do curso mostrarei como se deriva e quando você deve fazer isso. Não quero assustá-los. Imagine uma equação de demanda como a seguinte: QDx 15 p X3 p1Y Para calcular a elasticidade-preço da demanda20, temos: D Q D P D Q D QD Q D P Q D P P Q D P P Q D P Q D 3 15 p X31 p1Y P PX 3 15 p X31 p1Y 15 p X3 p1Y Simplifica ndo : D 3 Portanto, observe que uma equação de demanda com esse formato terá uma elasticidade-preço da demanda constante. Vamos supor uma equação mais completa e que a demanda do bem X dependa tanto do preço do bem X, quanto de Y e da renda do consumidor. Imagine a seguinte equação: QDx A p X pY R Nesse caso, “A” deve ser uma constante positiva. E as elasticidades são: - Elasticidade - preço da demanda; - Elasticidade cruzada da demanda;e - Elasticidade - renda da demanda 20 Essa próxima fórmula é que as pessoas que não entendem derivada não precisam se preocupar, ok? MICROECONOMIA PARA GESTOR - EPPGG PROFESSOR: CÉSAR DE OLIVEIRA FRADE 7. Teoria do Consumidor Se até esse momento o nosso foco esteve voltado para tentar verificar o comportamento tanto do consumidor quanto do produtor em relação a um determinado bem, a partir desse momento estaremos tratando apenas do comportamento do consumidor. Na verdade, quando falamos da demanda e oferta de determinado produto, estamos interessados em saber como seria o comportamento de um determinado consumidor em relação àquele bem a cada nível de preço. E se estivermos tratando da oferta, como seria o comportamento do produtor para cada nível de preço. No entanto, quando falamos da teoria do consumidor passamos a discutir qual o comportamento do consumidor em relação ao consumo de todos os bens colocados à sua disposição tendo em vista a sua capacidade financeira e o preço dos produtos. Não estamos, em um primeiro momento, interessados na resposta a ser dada pelo produtor. Em um ponto mais à frente do estudo da microeconomia passaremos a discutir qual o comportamento do produtor na produção de seu produto dado o nível de insumo a ser gasto pelo mesmo e os custos inseridos no processo. Entretanto, para tentarmos representar o comportamento do consumidor teremos que fazer uma simplificação. Sabemos que existe uma infinidade de produtos possíveis de serem consumidos por parte do consumidor individual, mas tratar todos esses produtos ao mesmo tempo seria uma tarefa árdua e que não nos traria maiores benefícios. Dessa forma, iremos utilizar apenas dois bens, generalizando o sistema de N bens. Com isso, não perderemos nenhum tipo de detalhe importante e facilitaremos a nossa análise, até porque não conseguimos fazer nossos desenhos, que são tão necessários aqui, além de duas dimensões. Eu sei que conseguimos visualização. fazer em três dimensões, mas isso dificultaria a nossa MICROECONOMIA PARA GESTOR - EPPGG PROFESSOR: CÉSAR DE OLIVEIRA FRADE 7.1. Espaço das Mercadorias Representávamos graficamente a curva de demanda em um espaço preço x quantidade, a partir de agora estaremos fazendo a representação das cestas de consumo em um espaço quantidade x quantidade. Ou seja, tanto o eixo X quanto o eixo Y indicam as quantidades de cada um dos bens. Vamos imaginar uma economia que possua apenas dois bens: maçã e uva. A letra A representa uma possível cesta de consumo do consumidor. Essa cesta é composta de 6 quilos de maçã e 2 quilos de uva. Portanto, cada ponto no espaço das mercadorias representará uma possível cesta de consumo. A cesta B, por sua vez, representa uma cesta com 3 quilos de maçã e 7 quilos de uva, enquanto que a cesta C é uma representação de uma cesta com 10 quilos de maçã e 10 quilos de uva. Um consumidor qualquer deverá olhar para essas cestas e escolher uma para seu consumo. É claro que a cesta escolhida deverá ser aquela, dentre as possíveis, que dá a maior satisfação ao consumidor. MICROECONOMIA PARA GESTOR - EPPGG PROFESSOR: CÉSAR DE OLIVEIRA FRADE 7.2. Utilidade Conforme visto anteriormente, os consumidores quando optam por consumir uma determinada cesta em detrimento de outra, o fazem porque ficam mais satisfeitos com uma cesta do que com outra. Esse conceito que mede a satisfação dos consumidores de uma forma geral se chama utilidade. Portanto, utilidade é a satisfação gerada com o consumo de uma cesta de bens. Devemos nos utilizar de uma equação matemática com o objetivo de mensurar o nível de satisfação de cada consumidor quando consome cada cesta. Essa equação matemática poderá ter várias formas. Imagine que tenhamos duas mercadorias sendo consumidas por um determinado consumidor e que a função utilidade associada a ele possa ser descrita pela seguinte equação: Ux, y 2 x y Dessa forma, se o consumidor consumir 3 unidades do bem X e 5 unidades do bem Y, ele terá o seguinte nível de satisfação associado à cesta: U3,5 2 3 5 U3,5 11 útiles No entanto, quando vamos ao supermercado não levamos no bolso uma calculadora com o objetivo de calcular quantos útiles teremos ao levar para casa um bem em detrimento de outro. Mas, se pegarmos os dois bens, você seria capaz de escolher um deles e escolheria aquele que lhe desse o maior nível de satisfação, não é mesmo? Portanto, é importante ressaltar que usamos as equações matemáticas para fazermos as comparações, mas as escolhas do dia-a-dia são feitas sem as equações explicitadas, mas tentando definir o nível de utilidade associado aos bens. Se a função utilidade tivesse a seguinte equação: MICROECONOMIA PARA GESTOR - EPPGG PROFESSOR: CÉSAR DE OLIVEIRA FRADE Ux, y 4 x 2 y A cesta (3,5) teria o seguinte nível de utilidade: U3,5 4 3 2 5 U3,5 22 útiles Observe que a mesma cesta daria um nível de satisfação diferente, mas isto ocorre porque mudamos a equação da utilidade. Vamos agora pensar em uma nova cesta de consumo composta por 3 unidades do bem X e 6 unidades do bem Y. Vamos considerar essa cesta como sendo a cesta E e a anterior sendo a cesta D. A satisfação seria igual a: UE 3,6 2 3 6 UE 3,6 12 útiles Se utilizarmos a segunda equação representativa da utilidade teríamos: UE 3,6 4 3 2 6 UE 3,6 24 útiles Observe que independente da equação utilizada para representar o nível de utilidade do consumidor, há uma preferência pela cesta E em relação à cesta D nos dois casos. Isso nos mostra que não é muito importante quanto estamos tendo de utilidade em uma ou outra cesta, não nos interessa a quantidade da utilidade recebida, mas sim qual a cesta que nos dá a maior utilidade. Ou seja, ao compararmos as cestas o que nos importa é o fato de uma cesta ter maior utilidade que a outra e não o quanto de utilidade que a equação vai retornar. Portanto, a ordenação importante ocorre quando utilizamos a utilidade ordinal na qual ordenamos as mais diferentes cestas de bens sem nos preocupar com o quantitativo de utilidade recebido por cada cesta. A utilidade cardinal na qual determinamos quantos útiles cada cesta estará recebendo se torna secundária, pois não a utilizaremos no dia-a-dia dada a MICROECONOMIA PARA GESTOR - EPPGG PROFESSOR: CÉSAR DE OLIVEIRA FRADE dificuldade de se calcular o nível de utilidade de cada consumidor ao consumir uma determinada cesta de bens. Entende-se que a utilidade marginal de um determinado bem é a variação da utilidade total em decorrência de uma mudança de uma unidade no consumo daquele bem específico, mantendo constante o consumo dos demais bens. Matematicamente, podemos dizer que: UMgY U Y UMgX U X 7.3. Curvas de Indiferença Dentro do espaço das mercadorias temos um número infinito 21 de cestas possíveis. Ao unirmos todas as cestas que dão ao consumidor o mesmo nível de satisfação teremos a curva de indiferença e o consumidor será indiferente entre quaisquer cestas que estejam sobre essas curvas. As curvas de indiferença mostram o comportamento de um determinado consumidor para cada dois tipos de bens determinados. Existem várias formatações possíveis, sendo que as curvas do tipo Cobb-Douglas são aquelas que mais comuns e utilizadas na representação dessas curvas. Vamos, agora, analisar cada uma das curvas mais utilizadas. a) Substitutos Perfeitos 21 Pense que os bens são divisíveis e podem ser consumidos, apesar de nos exemplos parecer uma variável discreta, como uma variável contínua. MICROECONOMIA PARA GESTOR - EPPGG PROFESSOR: CÉSAR DE OLIVEIRA FRADE Quando dois bens forem substitutos perfeitos, estamos falando de bens em que o consumidor aceitar trocar um pelo outro em uma proporção qualquer. Imagine que o consumidor adora refrigerante. Para esse consumidor tanto faz consumir Guaraná Antarctica ou Coca-Cola. Um copo de guaraná dá a ele a mesma satisfação que o consumo de um copo de coca-cola. Coca-Cola e Guaraná são bens substitutos perfeitos para esse consumidor. Esse tipo de bem tem o seguinte formato de curva de indiferença: Matematicamente, a curva de indiferença acima é representada da seguinte forma: ( ) A generalização da fórmula ficaria da seguinte forma: ( ) b) Complementares Perfeitos Se dois bens são considerados complementares perfeitos, isso significa que o consumidor considera o consumo desses bens em conjunto. Imagine o consumo de gasolina e óleo de motor. Não podemos pensar em um carro sem MICROECONOMIA PARA GESTOR - EPPGG PROFESSOR: CÉSAR DE OLIVEIRA FRADE esses dois bens e eles andam juntos, há a necessidade de utilizar os dois. Não podemos substituir um bem pelo outro. Matematicamente, podemos representar da seguinte forma: ( ) { } Essa função utilidade tem um nome especial, chama-se Leontief. Portanto, todas as vezes que o examinador falar sobre uma função Leontief, temos essa que foi dada acima. E lembre-se que para não desperdiçarmos recursos, devemos sempre escolher a cesta que está no vértice da função. c) Neutros Quando um bem é considerado neutro por um determinado consumidor, isso significa que aquele bem nem aumenta e nem reduz a sua satisfação. Para esse consumidor, tanto faz ter ou não aquele bem. No entanto, é importante salientar que o consumidor é indiferente em relação ao bem, mas o seu consumo não reduz sua satisfação. Graficamente, um consumidor neutro em relação ao bem Y teria as seguintes curvas de indiferença: MICROECONOMIA PARA GESTOR - EPPGG PROFESSOR: CÉSAR DE OLIVEIRA FRADE d) Cobb-Douglas Uma curva de indiferença do tipo Cobb-Douglas é uma curva que em geral são destinadas a representar bens, ou seja, mercadorias que possuem a utilidade marginal positiva. Possuem o formato de uma hipérbole e são representadas, matematicamente, pela seguinte função: ( ) Sendo: A – uma constante positiva; x – a quantidade consumida de um determinado bem; y – a quantidade consumida de outro bem; e Os índices podem ter qualquer valor. No entanto, para que uma curva seja bem considerada bem comportada (e é isso que devemos adotar caso nada além tenha sido dito), eles deverão ter valores positivos, sendo considerados assim, como bens. Qualquer que seja o valor positivo de cada um dos índices, podemos efetuar transformações monotônicas por meio de operações de potenciação e MICROECONOMIA PARA GESTOR - EPPGG PROFESSOR: CÉSAR DE OLIVEIRA FRADE radiciação, com o intuito de fazer com que a soma dos índices seja igual a 1, ou seja, . e) Males Males são mercadorias cujo aumento do consumo provoca uma redução na satisfação do consumidor. São mercadorias que possuem uma utilidade marginal negativa. Elas podem ter várias equações matemáticas que as determinem, mas se o índice da função do tipo Cobb-Douglas for negativo, há a presença de um mal. ( ) Se considerarmos a seguinte função , sendo um número negativo, a mercadoria x será um mal pois um aumento em sua quantidade provocará uma redução na satisfação do consumidor. 7.4. Restrição Orçamentária Sabemos que o objetivo do consumidor é maximizar a sua satisfação, maximizar a sua utilidade. No entanto, se pensarmos em um ambiente que só tenha uvas e maçãs, a satisfação de um determinado consumidor será maximizada quando ele tiver a totalidade das uvas e maçãs existentes no mundo. Entretanto, o consumidor não tem condições de ter a totalidade de uvas e maçãs existentes por mais que isso lhe traga o máximo de satisfação. Isso não é possível porque ele tem certa restrição orçamentária. Na verdade, o consumidor detém certo nível de renda e o máximo que ele pode comprar desses bens é aquilo que sua renda permite. MICROECONOMIA PARA GESTOR - EPPGG PROFESSOR: CÉSAR DE OLIVEIRA FRADE Sabemos que a tangente de um ângulo é igual à razão entre o cateto oposto e o cateto adjacente. Logo: 7.4.1. Variação no Preço do Bem X Se aumentarmos o preço do bem x, passando de para , o consumidor conseguirá adquirir a mesma quantidade do bem y caso opte por comprar apenas do bem y. A quantidade adquirida será de . MICROECONOMIA PARA GESTOR - EPPGG PROFESSOR: CÉSAR DE OLIVEIRA FRADE Se o preço do bem x for reduzido( ) e o preço de y mantido constante, caso o consumidor opte por consumir apenas do bem y, conseguirá comprar a mesma quantidade de bens. 7.4.2. Variação no Preço do Bem Y Vamos agora variar o preço do bem y e verificar o que ocorre na reta de restrição orçamentária do consumidor. Se aumentarmos o preço do bem y, passando de para , o consumidor conseguirá adquirir a mesma quantidade do bem y caso opte por comprar apenas do bem x. A quantidade adquirida será de . MICROECONOMIA PARA GESTOR - EPPGG PROFESSOR: CÉSAR DE OLIVEIRA FRADE Se o preço do bem y for reduzido( ) e o preço de x mantido constante, caso o consumidor opte por consumir apenas do bem x, conseguirá comprar a mesma quantidade de bens. 7.4.3. Variação na Renda R Se o consumidor tem a sua renda alterada e os preços dos bens x e y são mantidos constantes, sabemos que não haverá nenhuma mudança na inclinação da reta de restrição orçamentária. Como a renda foi alterada, o consumidor irá comprar mais ou menos dos bens em questão e como não há mudança na inclinação, haverá um deslocamento paralelo da reta de restrição orçamentária. Se a renda do consumidor aumentar para R’( ), mantendo os preços dos bens constantes, ele poderá adquirir uma quantidade maior do bem x se optar por consumir apenas esse bem e, de forma análoga, poderá adquirir uma quantidade maior do bem y se optar por consumir apenas o bem y. Graficamente, teríamos o seguinte: MICROECONOMIA PARA GESTOR - EPPGG PROFESSOR: CÉSAR DE OLIVEIRA FRADE Por outro lado, se a renda for reduzida, haverá um deslocamento paralelo, mas para baixo, da reta de restrição orçamentária. Veja o gráfico abaixo: 8. Teoria da Produção A Teoria da Produção tem vários conceitos idênticos aos da teoria do consumidor. MICROECONOMIA PARA GESTOR - EPPGG PROFESSOR: CÉSAR DE OLIVEIRA FRADE No caso da Teoria da Produção, representaremos a quantidade produzida com base nos insumos capital e trabalho. A função produção, portanto, pode ser representada da seguinte forma: ( ) ( ) A quantidade produzida pode ser tanto representada por Y ou por Q. Está claro que a representação por Q advém da palavra Quantidade e a representação por Y ocorre em geral nos livros que foram escritos em inglês e advém da palavra Yield que significa rendimento. 8.1. Isoquantas De forma análoga à teoria do consumidor, que ligávamos todos os pontos que davam ao consumidor o mesmo nível de satisfação, na teoria da produção fazemos isso com as quantidades produzidas. Ao ligamos todas as combinações de capital e trabalho que geram um produto final idêntico, teremos a formação das isoquantas. 8.2. Isocusto A linha de isocusto representa o conjunto de cestas de insumos que custam exatamente o mesmo valor. Se fizermos uma analogia com a Teoria do Consumidor, essa curva é a restrição orçamentária da Teoria da Produção. MICROECONOMIA PARA GESTOR - EPPGG PROFESSOR: CÉSAR DE OLIVEIRA FRADE Se o empresário utilizar apenas capital na produção do bem, ele conseguirá comprar o custo total (C) dividido pelo preço do capital (r) de máquinas. Se a opção for por adquirir apenas trabalho, ele conseguirá comprar a totalidade do custo (C) dividido pelo salário (w) dos trabalhadores. 8.3. Produto Médio e Produto Marginal Agora vamos definir quatro conceitos que são cobrados em prova com uma certa freqüência. Devemos definir: Produto Médio do Trabalho; Produto Médio do Capital; Produtividade Marginal do Trabalho; e Produtividade Marginal do Capital. O Produto Médio do Trabalho – PMeL é a razão entre a quantidade produzida e o número de trabalhadores existentes no processo de produção, mantendo constante a quantidade de capital disponível. Representa, em média, quanto cada trabalhador está produzindo. De maneira análoga, o Produto Médio do Capital – PmeK é a razão entre a quantidade produzida e o número de máquinas existentes no processo de produção, mantendo constante a quantidade de trabalho Representa, em média, quanto cada máquina está produzindo. disponível. MICROECONOMIA PARA GESTOR - EPPGG PROFESSOR: CÉSAR DE OLIVEIRA FRADE O Produto Marginal do Trabalho – PMgL mostra a variação na quantidade produzida com o aumento do número de trabalhadores de uma unidade, mantendo constante o capital. Ou seja, ao contratarmos uma pessoa adicional quanto ela consegue modificar a quantidade produzida é a PMgL. O Produto Marginal do Capital – PMgK mostra a variação na quantidade produzida com o aumento de uma unidade no número de máquinas, mantendo constante o trabalho. Ou seja, ao comprarmos uma máquina adicional quanto ela consegue modificar na quantidade produzida é a PMgK. 8.4. Rendimentos de Escala Agora, ao invés de aumentarmos a quantidade de um insumo e manter a quantidade do outro constante, aumentaremos a quantidade de todos os insumos em uma proporção constante. Imagine que iremos multiplicar por um valor a quantidade de todos os insumos e verificaremos o que irá ocorrer com a quantidade produzida. Vamos utilizar o dobro do fator um e o dobro do fator 2, por exemplo. Imagine uma função de produção ( ). Se a empresa optar por dobrar a quantidade de capital e dobrar a quantidade de trabalho e o resultado for o dobro de produção, temos um rendimento constante de escala. Uma empresa terá um rendimento crescente de escala se ao multiplicarmos todos os insumos por um determinado fator fixo, a produção ficar maior do que a anterior multiplicada por esse mesmo fator. Uma empresa que possui rendimento decrescente de escala teria seus insumos duplicados, mas a produção não seria duplicada. MICROECONOMIA PARA GESTOR - EPPGG PROFESSOR: CÉSAR DE OLIVEIRA FRADE 8.5. Grau de Homogeneidade da Função De antemão já lhes adianto que a função do tipo Cobb-Douglas é homogênea e seu grau de homogeneidade será igual à soma dos expoentes dos insumos. Ou seja, essa função considerada será homogênea de grau 2. Uma função do tipo é homogênea de grau . Mais uma dica é fundamental. Pensando em uma função do tipo , temos: se ⇒ Rendimento Constante de Escala; se ⇒ Rendimento Crescente de Escala; e se ⇒ Rendimento Decrescente de Escala; 9. Teoria de Custos Uma parcela muito importante no estudo da Microeconomia diz respeito à lucratividade dos empresários e dos mais diferentes mercados existentes. Exatamente por isso, temos que estudar os mais diversos tipos de custos existentes. Existem 9 tipos de custos na microeconomia. São eles: Custo de Oportunidade; Custo Fixo; Custo Afundado; Custo Variável; Custo Total; Custo Fixo Médio; Custo Variável Médio; Custo Médio; e Custo Marginal. MICROECONOMIA PARA GESTOR - EPPGG PROFESSOR: CÉSAR DE OLIVEIRA FRADE 9.1. Custo de Oportunidade O custo de oportunidade, em geral, é um custo que você incorre por deixar de fazer algo ou por fazer algo. Normalmente, ele não precisa ser um custo financeiro. Imagine um empresário que comprou um prédio ou galpão para instalar a sua empresa. Ele irá pagar uma determinada quantia (considerável) por esse imóvel. Suponhamos que o preço de aquisição seja da ordem de R$ 2 milhões. Logo de cara, esse projeto desenvolvido pela empresa terá que retornar o valor equivalente à taxa SELIC do recurso gasto com a aquisição do imóvel. 9.2. Custo Fixo O custo fixo é a parcela do custo que não depende da quantidade produzida. É o custo que existirá, independentemente, da existência de algum nível de produção. Graficamente, podemos representar o custo fixo como sendo uma reta horizontal no espaço custo x quantidade. Observe que o custo fixo, como o próprio nome diz, será fixo para qualquer quantidade que seja produzido. Sendo, portanto, uma reta horizontal. Se formos representar o custo fixo matematicamente, ele será dado pela parcela do custo que não dependerá da quantidade produzida. De forma MICROECONOMIA PARA GESTOR - EPPGG PROFESSOR: CÉSAR DE OLIVEIRA FRADE genérica podemos representar a estrutura matemática do custo da seguinte forma: ( ) Custo Fixo 9.3. Custo Afundado ou Irrecuperável ou Irreversível O custo afundado é a parcela do custo em que o empresário incorre e que não pode ser recuperada. Imagine uma empresa que opta por fazer uma reforma e pintar suas paredes de uma cor completamente diferente do padrão, por exemplo, laranja. Esse é um exemplo de custo afundado, pois a empresa não poderá recuperar esse custo em que ela incorreu. 9.4. Custo Variável O custo variável representa a parcela de custo que depende da quantidade produzida. Matematicamente, a parte do custo que se refere ao custo variável é a parcela que depende da quantidade a ser produzida pela firma. ( ) Custo Variável 9.5. Custo Total O custo total é a soma do custo variável com o custo fixo. A curva de custo total tem o mesmo formato da curva de custo variável, mas está afastada dessa curva exatamente o valor do custo fixo. É exatamente por MICROECONOMIA PARA GESTOR - EPPGG PROFESSOR: CÉSAR DE OLIVEIRA FRADE esse motivo que a curva de custo total é eqüidistante da curva de custo variável para qualquer quantidade. Veja o gráfico abaixo: Matematicamente, temos: 9.6. Custo Fixo Médio O custo fixo médio é dado pela razão entre o custo fixo e a quantidade que está sendo produzida. O mais interessante do custo fixo médio é que quanto maior for a produção menor será o custo fixo médio, tendendo, inclusive, assintoticamente a zero. Graficamente, temos: MICROECONOMIA PARA GESTOR - EPPGG PROFESSOR: CÉSAR DE OLIVEIRA FRADE Observe que a curva vai tendendo para zero, mas nunca será igual a zero por maior que seja a quantidade produzida. Isto porque o valor do custo fixo (numerador) é maior do que zero. 9.7. Custo Variável Médio O custo variável médio mostra o valor do custo variável dividido pela quantidade produzida. Matematicamente, temos: ( ) Dividindo os dois lados da equação por q, temos: ( ) Custo Variável Médio 9.8. Custo Médio O custo médio é o somatório do custo variável médio com o custo fixo médio. Matematicamente, temos: ( ) CMe = CVMe + CFMe Graficamente, tanto a curva de custo médio quanto a curva de custo variável médio tem um formato de U. Entretanto, a diferença entre essas duas curvas é exatamente o custo fixo médio. Como com o aumento da quantidade produzida o custo fixo médio vai sendo reduzindo e caindo assintoticamente a MICROECONOMIA PARA GESTOR - EPPGG PROFESSOR: CÉSAR DE OLIVEIRA FRADE zero, as curvas de custo médio e custo variável médio vão se aproximando à medida que a quantidade vai aumentando. 9.9. Custo Marginal O custo marginal é o acréscimo ao custo total quando a produção é aumentada em uma unidade. Se o produtor opta em produzir uma unidade adicional, o valor do custo de fabricação daquela última unidade, ou seja, o quanto aquela última unidade aumentará o custo de fabricação total é o que chamamos de custo marginal. Ao colocarmos todos os gráficos de custo médio em apenas um desenho, veremos que o custo marginal corta tanto o custo médio quanto o custo variável médio em seu ponto de mínimo. Veja o gráfico: 10. Impostos e Incidência Tributária Para começarmos a falar dos impostos devemos, inicialmente, definir quais tipos de tributação iremos tratar e classificá-los. MICROECONOMIA PARA GESTOR - EPPGG PROFESSOR: CÉSAR DE OLIVEIRA FRADE Em Economia tratamos três formas de tributação: específico, “ad-valorem” e “Lump-Sum”. 10.1. Imposto “ad-valorem” Um imposto é “ad-valorem” quando a alíquota desse imposto for representada por um percentual sobre a base de cálculo do mesmo. 10.2. Imposto Específico Um imposto é considerado específico quando paga-se um determinado valor por unidade adquirida a título de imposto. A melhor forma de estudarmos é por meio de um exemplo. Suponha que as curvas de demanda e oferta sejam representadas pelas seguintes equações: D = 4000 – 400p O = -500 + 500p Se essas forem as equações, para determinar o preço de equilíbrio e a quantidade de equilíbrio devemos igualar as duas equações. Observe: Observe que se o preço do bem em questão for igual a R$5,00, a quantidade ofertada será igual à quantidade demandada. Isso significa que com esse preço, tudo que está sendo produzido será comercializado. Após o cálculo do preço podemos verificar a quantidade demandada e ofertada. É claro que a quantidade ofertada igualou a quantidade demandada a esse preço e com isso vemos que o valor calculado para o preço está correto. MICROECONOMIA PARA GESTOR - EPPGG PROFESSOR: CÉSAR DE OLIVEIRA FRADE Se o Governo introduzir um imposto do tipo específico, o preço a ser pago pelo consumidor fica diferente do preço a ser recebido pelo produtor. Isto ocorre porque uma parcela do valor deverá ser entregue ao governo. Observe que quando igualamos as curvas de oferta e demanda nas equações anteriores, tínhamos apenas um valor para preço e, exatamente por esse motivo, era possível resolver a equação. Com a introdução do imposto, o preço contido na equação de demanda será diferente daquele existente na equação da oferta. A quantidade a ser demandada depende do preço que as pessoas demandantes (consumidores) irão pagar pelo produto. Por outro lado, a quantidade a ser ofertada depende do preço que os produtores irão receber pelo produto. Com isso, teremos: D = 4000 – 400pc O = -500 + 500pp Igualando, temos: Observe que agora temos uma equação e duas incógnitas e não temos como resolver essa equação e encontrarmos solução única. Ela terá infinitas soluções. MICROECONOMIA PARA GESTOR - EPPGG PROFESSOR: CÉSAR DE OLIVEIRA FRADE Devem estar se perguntando como conseguimos fazer isso antes, não é mesmo? É claro que a equação de demanda sempre dependeu do preço do consumidor e a de oferta do preço do produtor, mas antes do imposto não fazíamos a diferenciação. Na verdade, se fizéssemos existiria uma equação para montar um sistema que informaria que o preço do consumidor seria igual ao preço do produtor e teríamos o seguinte: Dessa forma, podemos excluir a segunda equação e resolver apenas a primeira para chegar ao resultado. A partir do momento em que introduzimos um imposto devemos modificar essa segunda equação. Vamos fazer o seguinte? Chamaremos de equação do imposto essa segunda equação. A equação do imposto específico é a seguinte: Trataremos como T o valor do tributo, nesse caso específico. Se considerarmos um tributo específico de R$0,90, ou seja, se houver a necessidade de se pagar um tributo de R$0,90 por unidade vendida, a equação do imposto ficaria da seguinte forma: Portanto, deveríamos resolver o seguinte sistema de equações: A solução deve ser feita pelo método da substituição. Se o tributo for cobrado sobre o produtor, devemos resolver esse sistema de equações substituindo o preço do produtor na equação da oferta pelo seu valor na equação do imposto. Teríamos, matematicamente, o seguinte: MICROECONOMIA PARA GESTOR - EPPGG PROFESSOR: CÉSAR DE OLIVEIRA FRADE ( ) ⇒ Graficamente, essa substituição provoca um deslocamento da curva oferta (curva do produtor) e a nova curva, em sua interseção com a curva de demanda, determinaria o preço do consumidor. Por outro lado, se o imposto fosse sobre o consumidor, deveríamos efetuar a substituição na equação de demanda. Matematicamente, ficaria da seguinte forma: MICROECONOMIA PARA GESTOR - EPPGG PROFESSOR: CÉSAR DE OLIVEIRA FRADE ( ) ⇒ Graficamente, essa substituição provoca um deslocamento da curva de demanda (curva do consumidor) e a nova curva, em sua interseção com a curva de oferta original determinaria o preço do produtor. A conclusão mais importante é que independentemente do agente que venha a ser tributado, o resultado final é exatamente o mesmo e, nesse caso, o consumidor pagaria R$0,50 do imposto (diferença entre o preço antes do imposto e o preço após o imposto) e o produtor pagaria R$0,40. A partir disso podemos determinar a quantidade de equilíbrio após a introdução do imposto. Podemos substituir o preço do consumidor na curva de demanda original ou o preço do produtor na curva de oferta original que o resultado será o mesmo. MICROECONOMIA PARA GESTOR - EPPGG PROFESSOR: CÉSAR DE OLIVEIRA FRADE Com a nova quantidade e sabendo que o valor do imposto é de R$0,90 por unidade vendida, podemos determinar que a arrecadação do Governo é o produto entre o valor do imposto e a nova quantidade comercializada. 10.3. Imposto “Lump-Sum” O imposto “Lump-Sum” também pode ser chamado de imposto sobre a renda ou imposto de montante fixo. Na verdade, nesse tipo de imposto, o Governo cobra uma alíquota que é um montante fixo por um determinado período de tempo. É como se o Governo cobrasse, por exemplo, R$100,00 de imposto por mês de cada indivíduo da população, independentemente do seu nível de renda. 10.4. Imposto Regressivo, Neutro e Progressivo Um imposto é considerado regressivo se à medida que a renda diminui, a quantidade a ser paga de imposto aumenta. Ou seja, em um imposto regressivo a pessoa que ganha menos paga mais imposto. Por outro lado, um imposto progressivo é aquele em que os ricos pagam mais que os pobres e a alíquota cresce à medida que aumenta a renda da pessoa. O Imposto de Renda das Pessoas Físicas é um bom exemplo. O imposto é considerado neutro quando todos pagam a mesma quantidade. Ou seja, a quantidade a ser paga de imposto independe da renda, todos pagam o mesmo percentual da renda, por exemplo, a título de imposto. 10.5. Imposto Direto e Indireto Um imposto é considerado direto quando o ônus tributário incide sobre o próprio contribuinte. Se o imposto incidir sobre a renda ou a riqueza, ele é chamado de direto. Um imposto é considerado indireto quando os contribuintes MICROECONOMIA PARA GESTOR - EPPGG PROFESSOR: CÉSAR DE OLIVEIRA FRADE transferem o ônus tributário para terceiros. Em geral, estão associados a produção ou comercialização de bens e prestação de serviços. 11. Excedente do Consumidor e Excedente do Produtor22 Esse é um ponto sempre mais enrolado. Não que seja difícil, isso não é, mas pode ser complicado de você colocar na prática, no dia a dia. 11.1. Excedente do Consumidor Sabemos que as pessoas valoram os diferentes bens de diferentes formas. Vamos imaginar um exemplo discreto em que cada pessoa aceita pagar um determinado valor diferente por um bem e adquire uma unidade daquele produto. O valor que a pessoa admitiria pagar não tem relação com a quantidade de dinheiro que ela tem, mas sim com a necessidade que ela tem do bem, da vontade que ela tem de possuir o bem e assim por diante. Graficamente, podemos dizer que o triângulo que está abaixo da curva de demanda e acima do preço de equilíbrio é o excedente do consumidor. 22 Essa é outra abordagem para a análise de Bem-Estar MICROECONOMIA PARA GESTOR - EPPGG PROFESSOR: CÉSAR DE OLIVEIRA FRADE 11.2. Excedente do Produtor O excedente do produtor tem a mesma ideia do excedente do consumidor, mas agora estamos falando em relação à curva de oferta, à curva do produtor. A maioria dos alunos acredita que o excedente do produtor é o lucro do produtor, mas isso não é verdade. Entretanto, esse excedente tem uma ligação direta com o lucro. Graficamente, podemos representar da seguinte forma: O excedente do consumidor é a área que está acima da curva de oferta e abaixo do preço. MICROECONOMIA PARA GESTOR - EPPGG PROFESSOR: CÉSAR DE OLIVEIRA FRADE BIBLIOGRAFIA Eaton & Eaton – Microeconomia, Editora Saraiva – 3ª Edição, 1999. Ferguson, C.E. – Microeconomia, Editora Forense Universitária – 8ª Edição, 1985. Kupfer & Hasenclever – Economia Industrial, Editora Campus – 1ª Edição, 2002. Laffont & Martimort – The Theory of Incentives – The Principal-Agent Model, Princeton University Press – 1ª Edição, 2002. Mankiw, N. Gregory – Introdução à Economia – Princípios de Micro e Macroeconomia, Editora Campus, 1999. Mas-Colell, Whinston & Green – Microeconomic Theory, Oxford University Press, 1995. 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