LEITURA, PRODUÇÃO TEXTUAL E ENSINO DE GRAMÁTICA: UMA ANÁLISE DE DADOS COLHIDOS NO CONTEXTO DE SALA DE AULA Gitanna Brito Bezerra (UFPB/CNPq) [email protected] Luciene Barbosa de Souza (UFPB) [email protected] Hertha Tavares de Albuquerque (UFPB) [email protected] INTRODUÇÃO O ensino de língua portuguesa, no contexto educativo brasileiro, revela-se como uma prática mantenedora de uma imagem limitada de linguagem, alimentando uma abordagem descontextualizada da palavra e da frase. Em decorrência desta natureza de exercício pedagógico, os alunos, não raro, demonstram, implícita ou explicitamente, um descontentamento com o próprio desempenho nas “aulas de português”, o qual origina desmotivação para a efetiva aprendizagem, e, consequentemente, uma insatisfatória aplicabilidade da língua portuguesa em diversas situações comunicativas. Neste contexto, em que a leitura é encarada como atividade de decodificação, a escrita como produto ou reflexo de um dom, e a gramática como nomenclatura, o objetivo principal do ensino de língua portuguesa – o desenvolvimento da competência comunicativa dos alunos – encontra-se, portanto, fragilizado, já que sujeito a estas concepções que norteiam o método e os procedimentos adotados pelo professor em sala de aula. Diante da evidente improdutividade desta prática pedagógica por muito tempo dominante no ambiente escolar, é vasto o número de pesquisas científicas no âmbito da Linguística Aplicada que vem ressaltando a necessidade da adoção de uma abordagem interacional e discursiva da língua(gem). Com esta perspectiva, o texto emerge como unidade de ensino, estando o enfoque das regras gramaticais intimamente relacionado a um trabalho produtivo com o texto, haja vista que é por meio deste que as formas linguísticas revelam sua funcionalidade, construindo significações. Amparado em uma concepção discursiva da língua, portanto, o professor vê-se impelido a atrelar, em sua prática cotidiana, a leitura, a produção de texto e a gramática. Estes três eixos passam a revelar uma interdependência: o ato de ler permite ao sujeito munir-se de conhecimento e familiarizar-se com diversos gêneros textuais, dotando-o de duas ferramentas indispensáveis para o processo inicial de escritura – “ter o que dizer” e “como dizer”. Em meio a este processo de produção de texto, o ensino de gramática, ou análise linguística, pode emergir como uma etapa posterior, em que se faz a revisão, a reescritura textual. Inserindo-se neste quadro teórico-prático, o presente trabalho objetiva explicitar e analisar dados concretos obtidos em realidade de sala de aula por meio da aplicação de uma sequência didática que primou pela articulação, acima ressaltada, das práticas de análise linguística com as situações de leitura e de escritura textual. O artigo organiza-se em duas seções gerais: na primeira, faz-se uma revisão teórica, discorrendo-se a respeito das pesquisas que vêm sendo realizadas em torno da leitura, da produção textual e do ensino de gramática; na segunda, realiza-se uma análise reflexiva com base em resultados provenientes de um trabalho efetivo em sala de aula com base em uma sequência didática. 1. Reflexões teóricas sobre a leitura, a produção textual e o ensino de gramática 1.1 A leitura O trabalho escolar tradicional em torno da leitura centra-se no desenvolvimento de habilidades mecânicas de decodificação do material escrito, não se enfatizando a dimensão da interatividade verbal. Assim, a atividade de leitura encontra-se dissociada dos usos reais, com mero intuito avaliativo: ao contato com o texto, segue-se uma série de exercícios que requerem dos alunos a identificação e a transcrição de informações situadas de modo explícito na superfície textual. Conforme Antunes (2006), o ato de ler deve ser abordado em sua interatividade, de modo que o leitor, munido de seu conhecimento prévio e do texto, estando associado a este o contexto extralinguístico de sua produção/circulação, reconstrói, de maneira crítica, a significação do todo textual por meio das pistas fornecidas pelo autor. A leitura, no entanto, para refletir essa interação, deve ser motivada, prazerosa, além de possuir uma funcionalidade claramente explicitada aos alunos a priori. O professor deve enfocar a leitura na sala de aula tendo em vista o objetivo de capacitar o aluno para o conhecimento e o domínio das mais diversas estruturações e funções textuais. Neste sentido, tem-se intensificado o reconhecimento da importância do exercício da leitura de gêneros textuais/discursivos diversos, dado que um maior contato com estes implica um sucessivo domínio consciente das formas linguísticoestruturais bem como uma clara percepção das funcionalidades sociais. Enxergando, portanto, o gênero como meio de articulação entre práticas sociais e os objetos escolares, como ressaltam Schneuwly e Dolz (2004), os professores de língua portuguesa devem abraça-lo como objeto e instrumento de trabalho, com a elaboração de sequências didáticas que enfatizem a relação dialógica existente entre os gêneros e o contexto. Desta forma, o aluno estará preparado para perceber qual gênero específico é adequado para uma dada situação comunicativa, considerando, para tanto, a esfera social, os participantes e suas intenções. 1.2 A produção textual A maneira pela qual a atividade de escritura é tipicamente trabalhada em sala de aula revela a prática de uma escrita artificial, mecânica e inexpressiva, dissociada dos contextos comunicativos, sendo, consequentemente, destituída de valores de natureza interacional/discursiva. Nesta conjuntura, em que se observa o exercício da linguagem ao inverso – “a linguagem que não diz nada”, como ressalta Antunes (2006) –, não se faz menção a um processo de escritura, que, negando uma escrita improvisada, implica etapas de planejamento e de revisão. Uma prática produtiva da escritura em sala de aula pressupõe que o aluno tenha informações que possa manusear na elaboração textual, ou seja, é necessário que se forneça condições para que não se produza a partir do “nada”, do vazio. Estas condições podem ser promovidas pela leitura de variados gêneros textuais/discursivos (ou de um mesmo gênero, quando o objetivo é também que o aluno apreenda a formulação de um gênero espífico), os quais podem ou não ter o mesmo direcionamento temático. Consoante Antunes (2006), a escrita envolve três etapas distintas e associadas, sendo interdependentes em sua realização: o planejamento, a operação e a revisão. A primeira abrange o momento da delimitação do tema, da enumeração dos objetivos, da seleção do gênero, da previsão dos leitores e da forma linguística que o texto assumirá. A segunda abarca o período de escrita motora, de fato, de “pôr no papel”, a qual exige decisões de natureza lexical, sintática e semântica. A terceira etapa envolve a revisão e a reescritura, as quais se fazem pela análise do texto produzido anteriormente, buscandose verificar se os objetivos foram alcançados e se o texto está bem costurado, com continuidade temática e concatenação entre os períodos. A etapa de revisão, em específico, instaura que a primeira versão de um texto não deve ser “perfeita”, definitiva, mas provisória, passível de leituras analíticas críticas e posteriores alterações. A este respeito, Brandão (2006), apagando a noção de correção (prática exclusiva do professor), reforça que a revisão permite um trabalho de parceria entre professor e aluno, durante o qual o texto é posto como objeto de reflexão: pensa-se sobre o que foi escrito, projetam-se outras formas para melhor expressão, reelaborando uma nova versão textual. Durante a tarefa de revisão, aspectos relacionados à coesão e à coerência devem ser revistos e analisados. Desta maneira, tanto a pontuação, a ortografia, a concordância, quanto a organização sequencial das ideias, a articulação com a temática do texto e o grau de informatividade são itens merecedores de observação. O estabelecimento da progressão textual depende fundamentalmente destes fatores de textualidade e de normatividade. O processo de reescrita, portanto, é um dos elementos constitutivos do exercício da produção textual, de modo que os alunos, gradativamente, devem adotar a tarefa de releitura, de regressar ao texto produzido e revisá-lo criticamente. Os professores, neste sentido, deve direcionar uma prática que privilegie as etapas de planejamento, revisão e reescrita, afinal, enfatiza Marcuschi (2007, p. 65), “aprender a escrever um texto não é apenas saber representar graficamente as palavras, mas implica, sobretudo, aprender estratégias de produção de texto”. 1.3 O ensino de gramática A gramática no contexto escolar tradicional é abordada de modo fragmentado, descontextualizado, sem a consideração de sujeitos interlocutores e da funcionalidade da forma linguística. Com ênfase na nomenclatura e na classificação de elementos, o ensino gramatical, de vertente prescritiva, apenas capacita os alunos para a realização do reconhecimento e da nomeação de categorias (pressupondo uma língua totalmente homogênea, uniforme), mas não para o uso real da língua. Uma nova dimensão da gramática, como expõe Antunes (2006), pressupõe que as regras linguísticas não se encerram em si mesmas, mas, em verdade, adquirem seu valor a partir das possibilidades de sua aplicação na interação verbal. Sabe-se que os sujeitos falantes possuem um conhecimento intuitivo, tácito de sua língua, porém esse saber é passível de ampliação através de um aprendizado explícito, o qual deve estar direcionado para uma gramática contextualizada, funcional, discursiva, enfim. Concebendo o aspecto interacional da língua, o professor ultrapassa os limites impostos pelo aspecto formal, pelo enfoque restritamente estrutural, que desconecta a inter-relação, inerente à função da linguagem, do contexto, do significado e da gramática. Logo, a língua como instância de discurso possibilita uma consideração mais ampla da gramática, haja vista que esta passa a ser analisada como cooperadora para as relações de sentido estabelecidas no decorrer de um texto, contribuindo, de modo efetivo, “para a percepção do modo como os elementos linguísticos são selecionados e combinados no processo de textualização” (MENDONÇA, 2005, p. 115). A ênfase no texto como unidade de ensino implica esta imbricação da normatividade com a textualidade, nos termos de Morais e Silva (2006). A Análise linguística, como vem sendo referido o ensino gramatical, abarca tanto as regras gramaticais (referentes, por exemplo, à concordância verbo-nominal e à regência), quanto os recursos linguísticos, os fatores de textualidade, os quais são determinantes para o processo de compreensão e produção textuais. Em síntese, o enfoque no texto, ou nos gêneros textuais, viabiliza uma produtiva interrelação entre a reflexão sobre aspectos gramaticais e as atividades de leitura e de produção textual, explorando as categorias formais a partir da função que elas assumem no texto. Neste processo, a análise linguística pode emergir como uma etapa simultânea à escritura textual, ou posterior, em que se faz a atividade de reescritura do texto. 2. Análise de uma prática pedagógica integrativa no contexto de sala de aula O ensino da expressão escrita implica a estruturação de contextos de produção bem delimitados, emergindo a necessidade da construção de uma sequência didática, a qual, segundo Schneuwly e Dolz (2004), embasa-se na definição do contexto, da forma e do conteúdo do gênero a ser estudado e produzido, envolvendo duas dimensões: a situação de comunicação e a escolha do gênero e dos conteúdos a serem trabalhados, e a definição de temas (e subtemas) que serão abordados. Estes direcionamentos teóricos fundamentaram a preparação de uma sequência didática que foi aplicada por duas estagiárias (estudantes do curso de Letras da UEPB) numa escola da rede estadual de ensino da cidade de Campina Grande – PB, durante o semestre de 2010.1. O relato e as produções apresentados e analisados nesta seção registram, portanto, situações reais vivenciadas no interior de uma sala de primeiro ano do ensino médio. A sequência didática elaborada possuiu como temática norteadora a “Violência urbana”, a qual foi trabalhada por meio dos gêneros textuais “crônica”, “carta aberta” e “charge”, tendo esta sido incluída com a finalidade de estabelecer uma conexão entre as discussões. A escolha desta temática e destes gêneros deu-se pelo anseio das estagiárias em despertar nos alunos um posicionamento crítico diante dos fatos de violência vivenciados por toda a sociedade nos dias atuais: através da ludicidade da crônica e da seriedade da carta aberta, permeadas pela sátira e pelo humor das charges, discussões seriam realizadas por meio de um compromisso com o social. O conteúdo concernente aos aspectos gramaticais foi planejado pelas estagiárias para ser trabalhado concomitantemente com a escrita e a reescrita das produções textuais. Logo, previu-se que, enfocando uma perspectiva produtiva de ensino, a partir dos textos escritos pelos alunos, seriam detectadas as dificuldades mais recorrentes por parte destes (de quais conhecimentos linguísticos tinham ou não domínio) e, então, em seguida, trabalhar-se-iam os aspectos concernentes à análise linguística. Para direcionar os comentários analíticos desta seção, será enfocado o trabalho realizado a partir do gênero textual “crônica” no decorrer da aplicação da sequência didática. Como meio de familiarização com tal gênero e com a temática selecionada, foram lidas as seguintes crônicas no período anterior à elaboração textual: “Segurança”, de Luís Fernando Veríssimo; “Truque no assaltante”, de Walcyr Carrasco; e “Meu primeiro assalto”, de Carlos Eduardo Novaes. Durante as aulas em que se realizaram as leituras destas crônicas, alguns alunos questionaram a ausência do ensino explícito de gramática, justificando que ao final do ano iriam participar do processo seletivo com vistas a ingressar na universidade e que as provas da seleção requeriam o domínio de regras gramaticais. Este discurso revela o reducionismo com o qual as escolas, de modo geral, têm considerado a finalidade das aulas de língua portuguesa: “escola sem tempo para a leitura” (ANTUNES, 2006, p. 28), já que a gramática, abordada como nomenclatura, necessita de enfoque. Em resposta a tais questionamentos, as estagiárias esclareceram a perspectiva discursiva por meio da qual estavam desenvolvendo as aulas, de modo que os aspectos gramaticais seriam abordados, porém em uma etapa atrelada à produção textual. Dando continuidade às atividades, após a leitura das crônicas supracitadas, a realização de debates em torno do tema e a ênfase nas características de tal gênero, promoveu-se a escritura textual: os alunos, com base nos textos lidos nas aulas anteriores, escreveram, em sala de aula e com o auxílio das estagiárias, crônicas cuja temática, como previsto e esclarecido desde o primeiro dia de estágio, foi a “Violência urbana”. Este tema, por sua amplitude, proporcionou a escrita de textos com enfoques diversos, enfatizando a criatividade de grande parte da turma no momento da produção textual. Na escrita da crônica, boa parte dos alunos soube utilizar a inventividade e narrar histórias de cunho crítico, a partir de situações cotidianas, como pode ser observado na produção 1 abaixo, em que o aluno abordou a realidade do morro, necessitando, apenas, no plano da microestrutura, atentar para a estruturação dos parágrafos. Porém, diferentemente, na produção 2, vê-se que um aluno, assim como poucos outros, em um texto muito resumido, apenas relatou, em um parágrafo, uma notícia que vira no telejornal, não realizando, a partir dela, nenhuma reflexão substanciosa através de narrações, de sátira. Produção 1. Produção 2. A partir da análise das versões iniciais e provisórias dos textos dos alunos, as estagiárias puderam perceber as maiores dificuldades destes nos âmbitos da textualidade e da normatividade, de cuja percepção extraiu-se a necessidade de se enfocar na análise linguística aspectos relacionados à ortografia, à acentuação e à colocação pronominal. Faz-se necessário ressaltar que, embora esse último conteúdo não componha a grade tradicional para o primeiro ano do ensino médio, as recorrentes dúvidas expostas pelos alunos motivaram as estagiárias a abordá-lo, em um movimento de libertação das amarras da ordenação prevista e reforçada pelos livros didáticos (PEREIRA, 2000). Após as discussões realizadas nas aulas anteriores acerca de aspectos macro e microtextuais observados nas crônicas produzidas pela turma, promoveu-se, em sala de aula, a reescrita destas produções textuais escritas pelos alunos. Assim, as estagiárias puderam acompanhar o processo de reescritura textual, auxiliando a turma e, desta maneira, contribuindo para o aperfeiçoamento dos textos, embora, ressalte-se, alguns alunos tenham se limitado, na reescritura, a correções puramente gramaticais, mesmo tendo as estagiárias esclarecido que o processo de reescritura não implica, somente, o fator microtextual, mas sim, e, sobretudo, a construção do texto como um todo, buscando fazê-lo coerente e significativamente bem construído. Desta forma, alguns alunos, de fato, a partir do texto primeiro, realizaram uma reescrita do todo textual, modificando tanto aspectos normativos como textuais, como se verifica nas produções 3 e 4 abaixo. Produção 3. Produção 4. Por outro lado, uma parte dos alunos, mesmo tendo sido orientados, apenas fez alterações no plano estrutural e gramatical, corrigindo concordâncias e marcação de discurso direto (dois pontos e travessão), por exemplo, como se pode observar nas produções 5 e 6 abaixo. Produção 5 Produção 6. Dos tópicos elencados na sequência didática em relação ao trabalho com o gênero textual crônica, a última etapa não pode se efetivar: a exposição das produções no hall do colégio não foi realizada. A razão para o não sucesso desta etapa final advém, por um lado, da resistência exposta por alguns alunos, e, por outro, pela percepção das estagiárias de que poderia incômodo, ou mesmo inapropriado, expor apenas algumas produções e outras não. Em síntese, com as reflexões feitas no decorrer desta seção, pode-se enfatizar que, em uma perspectiva formativa, a produção escrita, a leitura e a análise linguística são etapas interativas de um processo mais geral que objetiva contribuir para o real desenvolvimento da competência comunicativa dos sujeitos. Estes, portanto, tornam-se aptos a interagir, a se posicionar criticamente nos mais variados contextos interacionais cotidianos, dominando uma ampla variedade de gêneros textuais. Considerações finais A língua(gem) como atividade discursiva, o texto como unidade de ensino e a noção de gramática como o conhecimento que o falante tem de sua língua, as aulas de língua portuguesa assumem um enfoque produtivo, discursivo, o que possibilita a expansão da competência discursiva do aluno. Este, então, será capaz de usar com mais propriedade os diversos recursos linguísticos, adequando-os a cada situação de interação comunicativa. Através da sequência didática com a temática da “Violência Urbana”, o trabalho pedagógico realizado, em especial, com o gênero textual “crônica”, despertou o interesse dos educandos, motivando-os a se posicionarem criticamente e a utilizarem-se, quando necessário, da linguagem formal, utilizando-a na exposição de fatos vivenciados por eles no contexto real ou na formulação de situações fictícias. No contato interativo com os mecanismos mais formais e das estratégias de textualização que perpassam o fazer textual. A análise empreendida nas páginas precedentes corrobora a noção de que atividades fundadas no dialogismo, leituras discursivas, debates fundamentados são exercícios que devem estar presentes nas aulas, bem como a produção textual, que, processualmente, orienta-se em torno do planejamento, da escritura e da reescritura. É, assim, em meio a estas práticas que o componente gramatical torna-se saliente: com base na escritura dos alunos, nas dúvidas correntes apresentadas por estes, o professor irá auxiliar mostrando o uso e não apenas o conceito abstrato de uma determinada categoria gramatical. O trabalho escolar embasado nos gêneros textuais, ao qual subjaz a concepção de língua como interação, provoca significativas transformações no encaminhamento da abordagem do texto em sala de aula. A reflexão em torno das linguagens é fundamental para uma participação efetiva na vida social, para a afirmação da cidadania dos sujeitos, já que é pela linguagem que se age e se transforma a si mesmo e ao mundo. O professor, então, possui o papel de integrar, coerentemente, em sua prática, a leitura, a produção textual e análise linguística, promovendo um estudo produtivo da língua portuguesa, o qual enfraquece o ensino de gramática como listagem de regras e nomenclaturas (dissociado do fazer textual), extraindo-o do hermetismo tradicional para situá-lo sob um enfoque social e funcional da língua REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ANTUNES, Irandé. Aula de português: encontro & interação. São Paulo: Parábola, 2003. BRANDÃO, A. C. P. A revisão textual na sala de aula: reflexões e possibilidades de ensino. In: LEAL, T. F.; BRANDÃO, A. C. P. (Orgs.). Produção de textos na escola: reflexões e práticas no Ensino Fundamental. Belo Horizonte: Autêntica, 2006, p. 119134. GERALDI, João Vanderley. Concepções de linguagem e ensino de português. In: Subsídios metodológicos para o ensino de língua portuguesa. Cadernos de FIDENE, n. 18, 1981, p. 41-47. MARCUSCHI, Beth. O texto escolar: um olhar sobre sua avaliação. 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