O SENHOR LUIZ BITTENCOURT (PMDB-GO. Pronuncia o seguinte discurso: Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) acaba de divulgar uma nova adequação no cálculo do Produto Interno Bruto (PIB), que é a soma de todas riquezas produzidas no país durante um determinado período. O sistema de apuração do PIB, como de outros indicadores, é revisado em períodos de cinco a dez anos para atualização, seguindo sempre as diretrizes de órgãos internacionais de estatística. A metodologia agora adotada pelo IBGE elevou o Brasil no ranking das economias mundiais. O país passou da 11ª para a 10ª posição no período de 2002 a 2005. A mudança, contudo, não pode ser comemorada como se a performance nacional tivesse melhorado substancialmente e como se essa revisão contábil tornasse a economia mais eficiente ou a sociedade melhor. Na verdade, a mudança nos critérios não acrescentou nenhum emprego ao país, não ampliou os investimentos em um dólar sequer, não fechou qualquer buraco na malha rodoviária e não melhorou a qualidade da saúde, da segurança e da educação. Nem por isso, porém, o novo cálculo das contas do país deixa de ser relevantes. Foi uma boa notícia, embora sem motivo para festa. Consultores como Alex Agostini, economista-chefe da Austin Rating, empresa que classifica o risco de investimentos no Brasil, afirmam com sobriedade que a elevação do país no ranking mundial do PIB é importante porque demonstra que o potencial de crescimento de produção da economia. Segundo ele, mesmo com investimentos menores, o Brasil pode voltar a crescer ter um ganho de produtividade nos próximos anos. O conhecimento exato do tamanho da economia e a origem dos números da produção de riquezas garantem ao país um instrumento de análise fundamental. Pelos novos indicadores, a economia brasileira é a 10ª do mundo, com um PIB de US$ 882 bilhões, maior que os de países como a Coréia do Sul, Índia, México e Rússia, cujo parâmetro atinge a faixa dos US$ 700 bilhões. O PIB revisado revela também que a taxa de investimentos já não foi de 20,6%, em 2005, mas de apenas 16,3%, muito aquém das necessidades brasileiras, o que pode explicar as pífias performances brasileiras. Antes dos novos números, o Brasil só ganhava do Haiti em crescimento no continente. Agora, está à frente também de El Salvador, o que não é nenhum mérito. Ao mesmo tempo em que melhorou a posição no Brasil em rankings mundiais sob o ponto de vista da produção, a revisão do PIB coloca novos desafios que impõem urgência para superação. Um deles é aumentar a taxa de investimento, que já era baixa, mostrando que os recursos aplicados no país são em volume ainda mais ínfimo. Outro desafio: um PIB maior implica volume também maior de recursos para o pagamento de compromissos da dívida. Esse é um problema que pode levar a impasses se não for bem solucionado, já que a destinação de verbas para áreas importantes, como a saúde, por exemplo, demanda ampliação expressiva. No fundo, o que persiste atrapalhando o efetivo crescimento do Brasil é a combinação perversa das altas taxas de juros com a maior carga tributária do mundo, hoje estimada em 40%. A falta de uma Reforma Tributária e uma política econômica que privilegie o investimento na produção continua sendo o gargalo do processo de desenvolvimento do país. Senhor Presidente, o Brasil não pode mais adiar o enfrentamento das mazelas da economia. Os dados revisados servem de alento, mas não têm o condão de fazer milagre. O PIB brasileiro precisa experimentar um crescimento de fato e não por mera revisão estatística. É necessário que o Governo Lula sem perda de tempo corte gastos e tome um conjunto de medidas concretas, como a redução dos impostos para desoneração da produção. Somente assim o país poderá promover a retomada do desenvolvimento e iniciar um ciclo de verdadeiro de crescimento, sobretudo para gerar empregos, melhorar a distribuição de renda e contemplar os milhões de brasileiros excluídos pelos descaminhos da economia nas últimas décadas. Era o que tinha a dizer, Senhor Presidente. Muito obrigado.