título do resumo

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REVISÃO SISTEMÁTICA DA PERCEPÇÃO SOBRE A ASSISTENCIA DE
ENFERMAGEM POR PARTE DE PACIENTES COM HIV/AIDS
Lucas de Souza Camargo Santos, Elaine Alves, e-mail: [email protected]
Universidade Estadual de Londrina/Departamento de Enfermagem/CCS
Área e subárea do conhecimento: Enfermagem/Enfermagem de Doenças
Contagiosas
Palavras-chave: percepção; assistência ao paciente; Aids.
Resumo
Dados epidemiológicos sobre o HIV/Aids traduzem que 35 milhões de pessoas
vivem com o vírus no mundo. Destes, 19 milhões desconhecem o fato de
estarem infectados. Um importante aspecto no controle da doença é a
assistência em saúde prestada a quem vive com o HIV. Verificar a percepção
do usuário sobre esta assistência pode fornecer informações para auxílio na
adoção de medidas que possam influenciar a adesão e o manejo da infecção.
O objetivo deste trabalho é apresentar os resultados de uma revisão
sistemática das percepções de pacientes e profissionais sobre o tema.
Utilizou-se uma revisão com consulta à Biblioteca Virtual em Saúde, nos meses
de agosto e setembro de 2015, de artigos publicados entre 2007 a 2015 com o
descritor: “Percepção de pacientes com HIV”. Foram encontrados 12 artigos.
Três abordavam a percepções dos profissionais e alunos em relação aos
pacientes; oito versaram sobre as percepções dos pacientes acerca da própria
doença e um artigo que verificou as concepções de familiares em relação ao
convívio com o paciente HIV. A análise destes artigos possibilitou verificar que
os profissionais ainda têm retração/medo/receio ao lidar com o paciente com
HIV/Aids. Houve relatos de pacientes que enfatizam o medo do preconceito
social e familiar. A percepção do usuário evidencia queixas quanto ao
atendimento em saúde com referência a imposição e preconceito. A conclusão
é que, elementos como a informação, medo, preconceito, discriminação,
exposição e vulnerabilidade ainda se fazem presentes nas percepções sobre o
atendimento a quem vive com HIV.
Introdução
O termo “vivendo com HIV” pode designar a situação de um paciente apenas
infectado pelo vírus, sem ter desenvolvido a doença, ou seja, quando este se
encontra na fase de latência, condição que pode perdurar até 15 anos,
enquanto Aids designa a situação de manifestações clínicas relacionadas ao
HIV.
Dados epidemiológicos sobre o HIV/Aids traduzem que 35 milhões de
pessoas vivem com o vírus no mundo, sendo que destes, 19 milhões
desconhecem o fato de estarem infectados pelo vírus (UNAIDS, 2014).
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O tratamento da doença é feito com medicamentos antirretrovirais que
são fornecidos gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde. Estes
medicamentos combatem o vírus e fortalecem o sistema imune. Logo, o
seguimento do tratamento para diminuir a carga viral, aumenta o tempo de
vida, e também diminui o risco de desenvolver as doenças oportunistas
relacionadas como a Tuberculose e a Pneumonia e outras.
Assim sendo, um importante aspecto no controle da doença é a
assistência em saúde prestada a quem vive com o HIV. Verificar a percepção
do usuário a respeito desta assistência pode fornecer informações relevantes
para auxílio na adoção de medidas positivas que possam influenciar a adesão
e o manejo da infecção.
Procedimentos metodológicos
Realizou-se uma revisão integrativa. Esta revisão foi orientada pelo seguinte
problema de pesquisa: Quais as percepções do paciente com HIV/Aids sobre a
assistência em saúde a ele prestada?
Os critérios de inclusão foram todas as pesquisas que verificaram
percepções relacionadas à assistência em saúde para indivíduos com HIV/Aids
e como critérios de exclusão foram selecionados artigos sobre HIV/Aids que
não versavam sobre a assistência em saúde aos infectados ou doentes por
HIV/Aids.
O referencial de Mendes, Silveira e Galvão (2008) foi utilizado,
um método que compreende as seguintes etapas: estabelecimento do
problema da revisão, seleção da amostra, estabelecimento de critérios de
inclusão/exclusão de artigos, organização e análise dos dados. Todas estas
fases foram realizadas no presente estudo.
Na etapa de análise das publicações, foram representadas as
características dos estudos e seus achados.
Nas etapas de resultados e discussão, os dados foram analisados de
maneira sistemática, sintetizados e interpretados e as conclusões formuladas
com base nos vários estudos incluídos na revisão.
As fontes bibliográficas foram identificadas por meio da Biblioteca Virtual
em Saúde, que reúne as seguintes bases de dados: LILACS -Literatura LatinoAmericana e do Caribe em Ciências da Saúde; IBECS; MEDLINE - Literatura
Internacional em Ciências da Saúde; Biblioteca Cochrane e SciELO - Scientific
Electronic Library Online.
A coleta de dados foi realizada nos meses de agosto e setembro de
2015, ocasião em que foram verificados artigos publicados entre 2007 a 2015
com o descritor: “Percepção de pacientes com HIV”.
Resultados e Discussão
Foram encontrados 12 artigos, nos quais, três abordavam a percepções dos
profissionais e alunos em relação aos pacientes; oito versaram sobre as
percepções dos pacientes acerca de aspectos relacionados a própria doença e
um artigo que verificou as concepções de familiares em relação ao convívio
com o paciente HIV.
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A análise destes artigos possibilitou verificar que as pessoas ainda têm
retração/medo/receio ao manipular o paciente com HIV/Aids. Segundo RossiBarbosa et al. (2014), alguns alunos da área de saúde apresentam medo de
atender pacientes com HIV e de infectar-se, sendo percebido ainda, que estes
tinham uma imagem errônea da pessoa vivendo com HIV, pois achavam que
atenderiam pacientes magros e deprimidos.
A vivência e aquisição de conhecimento sobre o tema busca
compreender o ser humano como um todo (BARBOSA et al., 2014). Assim
torna-se necessário a capacitação frequente nos serviços de saúde que
atendem as pessoas com HIV/Aids (NAVARRO et al., 2011).
Os profissionais devem colocar-se no lugar do paciente, reconhecendo
sua condição vulnerável para um atendimento humanizado. Deve-se ter em
vista o acolhimento e orientação sobre a patologia para alívio de discriminação
e julgamentos desnecessários (CAMILLO; MAIORINO; CHAVES, 2013).
A doença, de caráter dinâmico e progressivo, traz mudanças na vida e
personalidade do individuo, caracterizando fases de negação/aceitação com o
passar dos anos (MULLER, 2013). Pode também acarretar outras doenças
crônicas que alteram a qualidade de vida (CARNEIRO, 2010).
Ainda há muita discriminação e medo da exposição social. Muller (2013)
evidencia relatos de pacientes que enfatizam o medo do preconceito social e
familiar.
A percepção do usuário que vive com HIV mediante os atendimentos
realizados, evidencia queixas quanto ao atendimento prestado, com referência,
sobre a enfermagem, de relatos em que profissionais referiram que não poderia
haver reclamação pelo atendimento, uma vez que estes estavam se arriscando
a serem infectados pelo vírus, em decorrência da assistência prestada
(GARBIN et al., 2009). Contrapondo, Macedo, Sena e Miranda (2012)
demonstram que a consulta de enfermagem serve de maneira esclarecedora,
método de apoio diante a doença e encorajamento.
Após o diagnóstico a vida dos indivíduos com HIV muda de forma
abrupta, causando alterações no estilo de vida, pois o medo, a vergonha e o
sofrimento relacionado ao preconceito ainda relacionado à discriminação
podem causar principalmente alterações em seu contexto familiar. Neste
momento a família dispõe de vários sentimentos como compaixão, tristeza,
impotência (BOTTI et al., 2009), sendo a família necessária como fator
fundamental para compreensão nesta fase da vida (FAÇO; MELCHIORI, 2009).
Esta, como uma organização de valores, crenças e práticas desenvolvidas em
um determinado grupo, favorece o desenvolvimento humano auxiliando nas
mudanças acometidas pela infecção pelo HIV (FAÇO; MELCHIORI, 2009).
Conclusões
Como se pode verificar, quando se analisa percepções sobre o atendimento
em saúde ao paciente que vive com HIV, elementos relevantes como à
informação, medo, preconceito, discriminação, exposição e vulnerabilidade se
fazem presentes.
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A informação sobre a doença infere na quebra de paradigmas e
esteriotipismos sociais existentes e na assistência adotar o sentimento de
empatia durante o atendimento proporcionando melhor qualidade assistencial.
Referências
BOTTI, M. L. et al. Convivência e percepção do cuidado familiar ao portador de
Hiv/aids. Revista Enfermagem UERJ, Rio de Janeiro, v. 17, n. 3, p. 400-4005,
jul./set. 2009.
CAMILLO, S. O.; MAIORINO, F. T.; CHAVES, L. C. O ensino de enfermagem
sobre HIV/ Aids sob a ótica da cidadania. Revista Gaúcha de Enfermagem, Porto
Alegre, v. 34, n. 3, p. 117-123, set. 2013.
CARNEIRO, A. K. J. Avaliação da qualidade de vida dos pacientes com
sorologia positiva para hiv, acompanhados ambulatorialmente no Instituto de
Infectologia Emilio Ribas. 2010. 101 f. Dissertação (Mestrado em Ciências) Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo, São Paulo, 2010.
FAÇO, M. G.; MELCHIORI, L. E. Conceito de família: adolescentes de zonas
rural e urbana. São Paulo: Editora Unesp, 2009.
GARBIN, C. A. S. et al. Percepção de pacientes hiv-positivo de um centro de
referencia em relação a tratamentos de saúde. DST - Jornal Brasileiro de
Doenças Sexualmente Transmissíveis, Rio de Janeiro, v. 21, n. 3, p. 107-110,
2009.
MENDES, K. D. S.; SILVEIRA, R. C.C. P. GALVAO, C. M. Revisão integrativa:
método de pesquisa para a incorporação de evidências na saúde e na
enfermagem. Texto & Contexto Enfermagem, Florianópolis, v. 17, n. 4, p. 758764, out./dez. 2008.
MULLER, S. M. Aspectos psicológicos de pacientes com hiv/aids e
lipodistrofia atendidos no Hospital Heliopolis. 2013. 119 f. Dissertação
(Psicologia da Saúde) - Universidade Metodista de São Paulo, São Bernardo do
Campo, 2013.
NAVARRO,A.M.A. et al. Representações sociais do hiv/aids: percepção dos
profissionais da atenção primaria à saúde. Revista de Pesquisa (Online):
Cuidado é Fundamental (Online), Rio de Janeiro, p.92-99, dez.2011.
ROSSI-BARBOSA, L. A. R. et al. "Ele é igual aos outros pacientes?”: percepções
dos acadêmicos de Odontologia na clínica de HIV/Aids. Interface: Comunicação,
Saúde, Educação, Botucatu, v. 18, n. 50, p. 585-596, jul./set., 2014.
UNAIDS. UNAIDS report shows that 19 million of the 35 million people living
with HIV today do not know that they have the virus. Geneva, 2014. Disponível
em:
<http://www.unaids.org/sites/default/files/web_story//20140716_PR_GapReport_en
.pdf >. Acesso em: 26 jan. 2016.
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