brasil economico - 28.11.2014_fsc

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Sexta-feira e fim de semana, 28, 29 e 30 de novembro de 2014 Brasil Econômico 7
MADEIRA LEGAL
Pau
pra toda
obra
Divulgação/FSC Brasil
(certificado)
Amazônia Legal: estima-se que de 64% a 80% da madeira retirada anualmente nesta área, que abrange nove estados, ainda sejam ilegais
O consumo
sustentável de
madeira certificada
é a chave para
que a construção
civil deixe
de carregar
o estigma de
ser a principal
responsável pelo
desmatamento
da Amazônia.
Aconstruçãociviléamaiorconsumidorademadeiranativadopaís:cerca
de 60% do total extraída no Brasil.
Ela está nas portas e janelas, batentes, pisos laminados e assoalhos, e
também em pilares, forros, caibros
para telhado e deques de piscina.
Grande parte desta madeira
vem da Amazônia, que tem apenas
2% de sua área florestal certificados. Isso significa que a maioria da
madeira consumida no Brasil ainda é fruto de desmatamento. Estima-se que entre 64% e 80% da madeira retirada a cada ano da área da
Amazônia Legal (que abrange nove estados) ainda sejam ilegais, de
acordo com a WWF.
Por receio de contribuir para o
desmatamento das florestas, há
construtoras que substituem a madeira, que é o melhor material pa-
ra fazer isolamento térmico, por
concreto e aço. Mas isso não significa ganhos para o meio ambiente.
“Muita gente acha que para evitar o desmatamento não se pode
consumir madeira da floresta
Amazônica. Mas, ao não consumir seus recursos de forma sustentável, entrega-se a floresta à extração ilegal para fins de uso do solo
por atividades menos nobres para
o bioma amazônico, como criação de gado e agricultura”, afirma
Fabíola Zerbini, diretora do escritório brasileiro da FSC, organização de promoção do manejo florestal ambientalmente adequado.
Extração
sustentável
O consumo sustentável da madeira, por meio de selos de certifica-
MADEIRA CERTIFICADA X
LEGAL X ILEGAL
■ Ilegal:Éamadeiracolhida,
transportada,processada,
compradaouvendidaemdesacordo
comasleisnacionaisoulocais.
■ Legal: É a madeira que
teoricamente segue normas para
evitar o desmatamento e cumpre
com as suas obrigações legais.
Mas é preciso cuidado, há muita
falsificação de documentos.
■ Certificada: Éamadeiraque
passaporumprocessosustentável
desdeaextraçãoemáreasde
manejoresponsávelatéodestino
final, erecebeoselodecertificação.
ção, é a chave para que construção
civil deixe de carregar o estigma
de ser um dos principais vetores
do desmatamento da Amazônia.
“Esse quadro só irá mudar quando
o setor passar a exigir a certificação. Há técnicas avançadas do
ponto de vista tecnológico para a
extração sustentável dos recursos
das florestas”, acrescenta Fabíola.
A madeira certificada é fruto
de um manejo florestal responsável, que leva em conta o tripé
econômico, social e ambiental.
Sua extração contempla não apenas as exigências legais e os direitos sociais e de respeito aos trabalhadores, povos indígenas e comunidades locais, mas também
prevê o uso múltiplo dos serviços da floresta, o que assegura
sua conservação.
RETROFIT URBANO
Interior novo em prédios antigos
O conceito retrofit
emprega na reforma um
conjunto de técnicas que
moderniza todo o interior
da construção, mantendo
fachadas originais.
Cerca de 45% da energia elétrica gerada no país são consumidos em
edificações. Num prédio comercial, a conta de luz representa até
30% do valor do condomínio. Para
essa equação chegar a um resultado positivo – pesar menos no bolso
do consumidor e economizar recursos naturais – a fórmula passa, necessariamente, pela otimização do
usoda energia. E o mercadojá oferece as mais variadas soluções: energia solar e eólica, vidros anti-calor
e sistema de refrigeração e de iluminação inteligentes.
O caso dos condicionadores de
ar é emblemático. Num edifício comercial, a refrigeração responde
Fabio Gonçalves
OAmarelinho,naCinelândia,éumexemplo deretrofitbem-sucedido
por algo entre 40% e 70% do consumo total de energia. Nos prédios mais antigos, há ainda o agravante de os equipamentos serem
menos eficientes, o que pode aumentar o gasto em até 50%. A solução tem sido o retrofit, um tipo de
reforma que emprega um conjunto de técnicas para modernizar o
interior das construções e substituir o sistema de iluminação.
“Hoje em dia, é impossível pensarnum prédio sustentável e certificado sem um sistema de ar eficiente”, observa Manoel Gameiro, diretor Comercial e de Produtos Aplicados da Trane, empresa especializada neste tipo de reforma.
Um exemplo de prédio com
energia sustentável é a Biblioteca
Parque Estadual, no Rio de Janeiro, que tem energia solar obtida de
placas fotovoltaicas; vidros duplos
na fachada, que reduzem em 50%
a entrada do calor; e um sistema automático de acionamento das lâmpadas e do sistema de refrigeração,
que funcionam com sensores de
presença. O telhado verde também ajuda a reduzir o calor e o uso
de ar condicionado. Somente a
energia solar significa uma economia de 50 mil MW por ano.
No condomínio Ilha Pura, na
Barra da Tijuca, onde fica a Vila
Olímpica que hospedará atletas
dos Jogos Olímpicos de 2016, a economia de energia está no DNA da
obra. O empreendimento, que tem
certificações LEED e AQUA, tem telhado verde, sensores de iluminação e vidros eficientes na fachada,
que reduzem o calor. Outro exemplo no Rio é o Edifício Wolfgang Mozart, conhecido como Amarelinho
da Cinelândia, que teve o interior
completamente reformado para
abrigar escritórios.
Depois do telhado verde, a
energia solar caminha para ser a
próxima onda na construção de
edifícios sustentáveis. Hoje, no
Brasil, apenas 730 mil casas usam
o sistema, o que corresponde a
0,01% da energia total produzida
no país. Porém, o custo de instalação e manutenção das placas fotovoltaicas diminuiu quase 50%
nos últimos anos, tornando o
equipamento mais acessível.
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