0 UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS ESCOLA DE ENFERMAGEM E FARMÁCIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM MESTRADO EM ENFERMAGEM JIRLIANE MARTINS DOS SANTOS ESTUDO DO POTENCIAL CICATRIZANTE, ANTIMICROBIANO E ANTIEDEMATOGÊNICO DA Musa paradisíaca L. MACEIÓ – AL 2012 1 JIRLIANE MARTINS DOS SANTOS ESTUDO DO POTENCIAL CICATRIZANTE, ANTIMICROBIANO E ANTIEDEMATOGÊNICO DA Musa paradisíaca L. Dissertação apresentada ao Programa de PósGraduação em Enfermagem da Universidade Federal de Alagoas como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em Enfermagem. Orientadora: Profª. Dra. Eliane Aparecida Campesatto Co-Orientadora: Profa. Dra. Maria Lysete de Assis Bastos MACEIÓ – AL 2012 Catalogação na fonte Universidade Federal de Alagoas Biblioteca Central Divisão de Tratamento Técnico Bibliotecário Bibliotecária: Fabiana Camargo dos Santos S237e Santos, Jirliane Martins dos. Estudo do potencial cicatrizante, antimicrobiano e antiedematogênico da Musa paradisíaca L. / Jirliane Martins dos Santos. – 2012. 99 f. : il., graf., tab. Orientadora: Eliane Aparecida Campesatto. Co-orientadora: Maria Lysete de Assis Bastos. Dissertação (Mestrado em Enfermagem) – Universidade Federal de Alagoas. Escola de Enfermagem e Farmácia. Maceió, 2012. Bibliografia: f. 72-83. Apêndices: f. 84-94. Anexos: f. 95-99. 1. Bananeira. 2. Cicatrização. 3. Enfermagem – Pesquisa. 4. Antimicrobianos. 5. Viabilidade celular. I. Título. CDU: 616-083:615.322 3 AGRADECIMENTOS Ao Senhor Jesus, que me deu uma nova forma de vida. Por ser meu sustento e bálsamo, minha rocha firme, meu refúgio. A minha mãe, por me dar a vida e me ajudar nos cuidados com o Ben nessa fase. Ao meu pai que se estivesse aqui também vibraria por essa conquista. Ao meu companheiro Akauê Basili, pelo incentivo, pelas sugestões, pelo consolo, pela compreensão e por todo amor. Ao meu pequenino Benjamim, por me confortar com seu sorriso, delicadeza e ternura. À Profa. Dra. Eliane Aparecida Campesatto pela orientação e auxílio na elaboração deste estudo. À Profa. Dra. Maria Lysete de Assis Bastos pela co-orientação e pelo incentivo na realização de uma pesquisa experimental na Enfermagem. Aos professores do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem, pelas aulas e idealizações compartilhadas com a primeira turma de mestrado em Enfermagem/UFAL, bem como aos meus colegas de turma pelas discussões e pelos estudos compartilhados. Aos Professores doutores Lucia Maria Conserva, Magna Suzana, Antonio Euzébio Goulart de Sant'Ana e João Xavier pela permissão no uso dos laboratórios. Ao Prof. Ms. Pedro Aquino do Instituto de Química e Biotecnologia pelo apoio na liofilização e sugestões. Às Doutorandas: Regina Sales, Thaís Tenório, Patrícia Sarmento e Lorenna por compartilharem o conhecimento técnico-científico em pesquisa experimental e vivências em farmacognosia e fitoterapia. Ao Prof. Ms. Jésu Costa Ferreira Júnior e ao enfermeiro mestrando Jayran Almeida pela colaboração e pelas sugestões nos experimentos, bem como todos do Instituto de Química e Biotecnologia, pelas trocas de experiências. Ao Prof Ms. Valter Alvino pelos detalhes de Microbiologia e pela colaboração nos ensaios de perfuração em ágar. Aos doutorandos Aline Cavalcante, Yolanda Karla, Walfrido Bispo Jr e Anderson pelo apoio nos ensaios de citotoxicidade e edema de orelha e aos demais colegas do LaFI. Às mestrandas Cristiane Tavares e Kátia Mayumi pela parceria e amizade nessa jornada árdua da pesquisa básica e aos demais colegas do LpTF pela colaboração nos testes. 4 À Maria de Fátima Maia Sarmento, do setor de Histologia do ICBS, pela confecção das lâminas para a avaliação microscópica das lesões. Ao Prof. Dr. Ricardo Luiz Simões Houly, da Faculdade de Medicina – Famed/Ufal, pela contribuição na análise histológica das feridas. A Capes pela concessão da bolsa de estudos. A todos que contribuíram direta ou indiretamente no decorrer desta pesquisa. 5 O coração do entendido adquire conhecimento, e o ouvido dos sábios busca a sabedoria. Provérbios 18.15 6 RESUMO Este estudo é uma pesquisa pré-clínica sobre o uso da bananeira (Musa paradisíaca L.), cujo objetivo principal foi avaliar o potencial antimicrobiano, antiedematogênico, cicatrizante e viabilidade celular dos extratos das folhas e do pseudocaule da bananeira Musa paradisíaca L. Os extratos foram enumerados de acordo com a parte da planta utilizada, Musa 1 (extrato etanólico da folha), Musa 2 (extrato aquoso da folha), Musa 3 (extrato etanólico do pseudocaule) e Musa 4 (extrato aquoso do pseudocaule). Os testes in vitro realizados foram de viabilidade celular pelo método MTT - [brometo de 3 – (4,5 – dimetiltiazol – 2 – il) tetrazólio] e antimicrobiano por disco-difusão e perfuração em ágar. Para os testes in vivo foram utilizados 36 ratos Wistar no experimento de cicatrização e 36 camundongos Swis no edema de orelha induzido por capsaicina, disponibilizados pelo Biotério Central de Criação da Universidade Federal de Alagoas, e manipulados de acordo com normas estabelecidas pela Comissão de Ética para Utilização de Animais de Laboratório. Constatou-se nos testes antimicrobianos frente às bactérias Staphylococcus aureus, Escherichia coli, Pseudomonas aeruginosa, e ao fungo Candida albicans, que os extratos brutos etanólicos e aquosos da Musa paradisíaca L. não inibem o crescimento microbiano. O teste de viabilidade celular foi realizado nas concentrações de 100, 200, 1000 e 2000 µg/mL e mostrou que os extratos na concentração de 200 µg/mL não induzem toxicidade celular em macrófagos da linhagem J774 e nas demais concentrações há variação de citotoxicidade nos extratos. Os extratos também foram testados em experimentos in vivo a fim de avaliar o potencial cicatrizante e antiedematogênico das folhas e pseudocaule da bananeira. Verificou-se que não há inibição significativa na formação de edema de orelha induzido por capsaicina, indicando que os extratos não tem ação anti-inflamatória local. Quanto à cicatrização de feridas limpas, verificou-se que os extratos tem ação cicatrizante induzindo a epitelização da ferida melhor que o controle positivo. Palavras-chaves: Bananeira. Cicatrização. Pesquisa em Enfermagem. Antimicrobianos. Viabilidade celular. 7 ABSTRACT This study is a preclinical research on the use of banana (Musa paradisiacal L.), whose main objective was to evaluate the antimicrobial potential, antiedematogenic, healing and cell viability of the extracts of the leaves and pseudostem of Musa paradisiacal L. Extracts were listed according to the plant part used, Musa 1 (ethanol extract of the leaf), Musa 2 (aqueous extract of the leaf), Musa 3 (ethanol extract pseudostem) and Musa 4 (aqueous extract pseudostem). In vitro tests were conducted cell viability by MTT method - [bromide 3 - (4,5 dimethylthiazol - 2 - yl) tetrazolium] and for antimicrobial disk diffusion and agar drilling. For in vivo tests were used 36 Wistar rats in the experiment healing and 36 mice in Swis ear edema induced by capsaicin, provided by the Central Animal Laboratory Creation of Federal University of Alagoas, and handled in accordance with standards established by the Commission on Ethics Use of Laboratory Animals. It was found in testing antibiotics on the bacteria Staphylococcus aureus, Escherichia coli, Pseudomonas aeruginosa, and the yeast Candida albicans, the ethanol and aqueous extracts of Musa paradisiacal L. do not inhibit microbial growth. The test was conducted cell viability at concentrations of 100, 200, 1000 and 2000 µg/mL, and showed that extracts at a concentration of 200 µg/mL did not induce cell toxicity in J774 macrophage lineage and in other concentrations there is a variation of cytotoxicity in extracts. The extracts were also tested in vivo experiments to evaluate the potential healing and antiedematogenic leaves and pseudostem of banana. It was found that no significant inhibition of ear edema formation induced by capsaicin, indicating that the extract has anti-inflammatory site. As for the healing of wounds clean, it was found that the extracts have healing action inducing epithelialization of the wound better than the positive control. Keywords: Banana. Wound healing. Nursing Research. Antimicrobials. Cell viability. 8 LISTA DE FIGURAS Figura 1 – Morfologia da Bananeira.................................................................................. 24 Figura 2 – Estrutura química do flavonoide leucocianidina.............................................. 25 Figura 3 – Estrutura química e molecular da Capsaicina (8-metil-N-vanílico-6-nonenamide).................................................................................................................... 33 Figura 4 – Fluxograma das etapas de preparação do Extrato etanólico – Musa 1 e 3....... 37 Figura 5 – Partes da bananeira coletadas. A – folha. B – Pseudocaule (círculo vermelho)........................................................................................................... 38 Figura 6 – Nomenclatura dos extratos de acordo com a parte da bananeira (Musa paradisíaca L.), método de secagem das amostras e solventes utilizados........................................................................................................... 38 Figura 7 – Esquema mostrando a quantidade de inóculo microbiano e os meios de cultura utilizados............................................................................................... 39 Figura 8 – Esquema do teste de perfuração em ágar......................................................... 41 Figura 9 – Redução do MTT a formazan pelas células vivas............................................ 40 Figura 10 – Aplicação da capsaicina (A). Corte da orelha para pesar (B)......................... 41 Figura 11 – Conversão do sal de tetrazólio (amarelo) em cristais de formazan (azul) pela ação da enzima Succinato desidrogenase.................................................. Figura 12 – Efeitos dos extratos nas concentrações 2000, 1000, 200 e 100 µg/mL através do ensaio de MTT em células da linhagem J774 (48 hs). Os dados representam a média e o erro padrão da média. * (p<0,05), **(p<0,01) e ***(p<0,001)..................................................................................................... 47 48 Figura 13 – Efeito dos extratos etanólicos e aquosos da folha e pseudocaule da Musa paradisíaca L. e indometacina (0,2 mg /orelha) sobre a formação do edema de orelha induzido por capsaicina..................................................................... 49 Figura 14 – Principais fatores que podem influenciar o acúmulo de metabólitos secundários em planta....................................................................................... 50 Figura 15 – Peso Médio dos animais subgrupo 1.............................................................. 51 Figura 16 – Peso Médio dos animais subgrupo 2.............................................................. 51 Figura 17 – Peso Médio dos animais subgrupo 3.............................................................. 52 9 Figura 18 – Tamanho da lesão subgrupo 1........................................................................ 53 Figura 19 – Tamanho da lesão subgrupo2......................................................................... 53 Figura 20 – Acompanhamento do tamanho médio da lesão durante o experimento......... 54 Figura 21 – Temperatura média dos animais..................................................................... 55 Figura 22 – Progressão da cicatrização das lesões de acordo com o tratamento utilizado 61 Figura 23 – Fotomicrografias das lesões do Grupo Experimental 01 (Musa 2) com progressão da cicatrização de acordo com o dia de biópsia (D3 – 1 a 3 / D7 – 5 e 4 / D14 – 6 a 9). 1 – A: angiogênese, 1 – B: hiperemia e aumento do fluxo sanguíneo, 2 – C: infiltrado inflamatório, 2 – D: rede de fibrina, 3 – E: proliferação fibroblástica, 4 – F: reepitelização parcial, 4 – G: hiperplasia epitelial, 5 – H: proliferação fibroblástica (reforço da cicatriz), 6 – I: hiperplasia epitelial acentuada, 7 – J: Fibrina, 7 – K: infiltrado inflamatório, 8 – L: neoformação vascular intensa, 9 – M: fibras colágenas. Coloração HE, aumento 4X e 10X nas fotomicrografias 3 e 5......................................................................................................................... 68 10 LISTA DE TABELAS Tabela 1 – Análise macroscópica das lesões no D3 e porcentagem dos achados. Maceió, 2012.................................................................................................... 56 Tabela 2 – Análise macroscópica das lesões no D7 e porcentagem dos achados. Maceió, 2012..................................................................................................... 58 Tabela 3 – Análise macroscópica das lesões no D14 e porcentagem dos achados. Maceió, 2012..................................................................................................... 60 Tabela 4 – Análise microscópica das lesões no D3 comparando os grupos e as intensidades dos achados. Maceió, 2012........................................................... 63 Tabela 5 – Análise microscópica das lesões no D7 comparando os grupos e as intensidades dos achados. Maceió, 2012........................................................... 65 Tabela 6 – Análise microscópica das lesões no D14 comparando os grupos e as intensidades dos achados. Maceió, 2012.......................................................... 67 11 LISTA DE SIGLAS, SÍMBOLOS E ABREVIATURAS OMS Organização Mundial de Saúde PNPIC Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares PNPMF Programa Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos Sus Sistema Único de Saúde NCCLS National Committee for Clinical Laboratory Standards Cobea Colégio Brasileiro de Experimentação Animal Ufal Universidade Federal de Alagoas IMA Instituto do Meio Ambiente MTT [brometo de 3 – (4,5 – dimetiltiazol – 2 – il) tetrazólio] EtOH Etanol ATCC American Type Cell Collection CCCD Coleção de Culturas Cefar Diagnóstica SST Solução Salina Tamponada UFC Unidade Formadora de Colônia DMSO Dimetilsufóxido NaCl Cloreto de Sódio DMEM Meio Dulbecco Modificado por Eagle Tween 80 Monooleato de Sorbitan Etoxilado 20 EO PMN Células polimorfonucleares TRPV1 Receptor vaniloide CIM Concentração Inibitória Mínima FNT Fator de Necrose Tumoral HE Hematoxilina-eosina 12 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO............................................................................................................... 14 2 OBJETIVOS................................................................................................................... 19 3 REVISÃO DE LITERATURA.................................................................................... 21 3.1 Plantas medicinais......................................................................................................... 22 3.2 Espécie estudada........................................................................................................... 23 3.3 Atividade antimicrobiana............................................................................................. 26 3.3.1 Micro-organismos estudados........................................................................................ 27 3.4 Feridas e cicatrização..................................................................................................... 30 3.5 Inflamação tópica........................................................................................................... 32 4 MATERIAIS E MÉTODOS........................................................................................... 34 4.1 Tipo de estudo................................................................................................................. 35 4.2 Locais dos experimentos................................................................................................ 35 4.3 Aspectos éticos................................................................................................................ 35 4.4 Coleta e identificação do material vegetal................................................................... 36 4.5 Preparação dos extratos brutos................................................................................... 36 4.6 Nomenclatura dos extratos........................................................................................... 38 4.7 Ensaios antimicrobianos in vitro.................................................................................. 39 4.8 Ensaio de viabilidade celular....................................................................................... 41 4.9 Ensaio para avaliação do potencial cicatrizante........................................................ 42 4.10 Ensaio para avaliação da atividade antiedematogênica.......................................... 43 4.11 Animais.......................................................................................................................... 44 4.12 Administração dos extratos......................................................................................... 44 4.13 Análise estatística.......................................................................................................... 44 5 RESULTADOS E DISCUSSÃO.................................................................................... 45 5.1 Avaliação dos testes antimicrobianos.......................................................................... 46 5.2 Avaliação do teste de viabilidade celular..................................................................... 47 5.3 Avaliação da atividade antiedematogênica................................................................. 49 5.4 Avaliação da cicatrização de feridas limpas em ratos............................................... 50 5.4.1 Observação clínica........................................................................................................ 51 5.4.1.1 Peso............................................................................................................................. 51 5.4.1.2 Tamanho da lesão....................................................................................................... 52 13 5.4.1.1 Temperatura................................................................................................................ 54 5.4.2 Avaliação macroscópica das lesões............................................................................ 55 5.4.2.1 Primeira biópsia (subgrupo 1).................................................................................... 55 5.4.2.2 Segunda biópsia (subgrupo 2).................................................................................... 57 5.4.2.3 Terceira biópsia (subgrupo 3).................................................................................... 59 5.4.3 Avaliação microscópica das lesões............................................................................. 61 5.4.3.1 Primeira biópsia.......................................................................................................... 62 5.4.3.2 Segunda biópsia.......................................................................................................... 64 5.4.3.3 Terceira biópsia.......................................................................................................... 66 6 CONCLUSÃO.................................................................................................................. 69 REFERÊNCIAS.................................................................................................................... 72 APÊNDICE Apêndice A Artigo publicado: Evaluation of Biological Activity of Musa spp (Banana): Integrative Literature Review ANEXOS Anexo A Anexo B Anexo C Anexo D Parecer do Comitê de Ética em Pesquisa Declaração de registro da espécie vegetal no IMA Protocolo de Observação Clínica e Avaliação Macroscópica das Lesões Protocolo de Avaliação Microscópica das Lesões 14 1 INTRODUÇÃO 15 As plantas medicinais muitas vezes são o único recurso terapêutico de diversas comunidades e grupos étnicos. O uso de plantas no tratamento e na cura de enfermidades é tão antigo quanto a espécie humana1. As primeiras civilizações perceberam que algumas plantas continham substâncias as quais utilizadas no combate às doenças revelaram empiricamente seu poder curativo2. Avanços no meio técnico-científico vêm trazendo novos tratamentos e cura das doenças por meio de medicamentos sintéticos, além disso, o estudo das plantas medicinais vem sendo incentivado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), com o objetivo de avaliar cientificamente os benefícios da utilização de medicamentos fitoterápicos e de conhecer os riscos de seu uso indevido3. Se o usuário tiver o cuidado de conhecer os riscos e benefícios no uso de plantas medicinais, elas podem ser favoráveis à saúde humana. Foi criada, no Brasil, a Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC) para o Sistema Único de Saúde (SUS), instituída pela Portaria do Ministério da Saúde (MS) nº 971, de 03 de maio de 2006, com o intuito de auxiliar a população na utilização de fitoterápicos4. Neste mesmo ano instituiu-se a Política Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos, por meio do Decreto nº 5.813, de 22 de junho de 2006, que visa a “garantir à população brasileira o acesso seguro e o uso racional de plantas medicinais e fitoterápicos, promovendo o uso sustentável da biodiversidade, o desenvolvimento da cadeia produtiva e da indústria nacional”, dentre seus objetivos específicos encontra-se o de “ampliar as opções terapêuticas aos usuários do SUS, com garantia de acesso a plantas medicinais, a fitoterápicos e a serviços relacionados à fitoterapia, com segurança, eficácia e qualidade, na perspectiva da integralidade da atenção à saúde”5. Posteriormente a Portaria interministerial nº 2960, de 9 de dezembro de 2008, aprova o Programa Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos (PNPMF) e cria o Comitê Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos, que se propõe por meio de diversas estratégias atingir o objetivo geral da Política Nacional de Plantas medicinais e fitoterápicos, tais como o de desenvolver instrumentos de fomento à pesquisa, desenvolvimento de tecnologias e inovações em plantas medicinais e fitoterápicas, nas diversas fases da cadeia produtiva, bem como proporcionar comunicação, formação técnico-científica e capacitação e inserir plantas medicinais, fitoterápicos e serviços relacionados à Fitoterapia no Sus, com segurança, eficácia e qualidade, em consonância com as diretrizes da Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares no Sus6. 16 Neste contexto há crescimento das pesquisas relacionadas com o uso de plantas medicinais buscando cada vez mais o crescimento e o aperfeiçoamento de técnicas e recursos humanos especializados que possam colaborar com estudos para a descoberta de fármacos capazes de contribuir para o tratamento e a cura de doenças que acometem a população atendida pelo serviço público de saúde6. Os cursos de Enfermagem no Brasil possuem disciplinas com ênfase nos aspectos comportamentais e de relações humanas, usualmente estudadas em pesquisas qualitativas. Isso de certa forma tem impedido o avanço da categoria nas pesquisas básicas, que necessitam de conhecimento técnico-científico prioritariamente nas ciências de base, como por exemplo, fisiologia, biologia e farmacologia7. Em contrapartida, grupos têm demonstrado interesse e tentado consolidar a Enfermagem em pesquisas experimentais, com vistas em estudos que utilizem plantas medicinais no tratamento de feridas8,9. O enfermeiro desempenha papel relevante na avaliação dos produtos disponíveis no mercado para tratamentos de feridas, por deter de conhecimento científico para tal, bem como acompanha a evolução da ferida, orienta e executa o curativo, assim como, por deter domínio da técnica10. Sendo este profissional habilitado cientificamente na avaliação de feridas, pode ingressar no ramo das pesquisas básicas, a fim de participar na descoberta de novas opções no tratamento de feridas. A ferida consiste em interrupção na continuidade de um tecido corpóreo provocado por algum trauma, ou ainda ser desencadeada por uma afecção que acione as defesas do organismo11. A cicatrização é evento complexo de reações e interações entre células e mediadores bioquímicos, que visa a reparar a área lesada. De modo geral, uma ferida infectada cicatriza-se por segunda intenção, em processo mais demorado e suscetível a complicações, apresentando contração tecidual diminuída, principalmente se associada a morbidades clínicas (hipertensão, diabetes, imunodepressão, etc.). Seu número tem crescido muito com o aumento da expectativa de vida da população, levando a significativo aumento no custo dos tratamentos12. O desenvolvimento de produtos menos elaborados quimicamente, como os fitoterápicos, podem apresentar grande economia para os cofres públicos em relação aos tratamentos convencionais com medicamentos laboratoriais, portanto as terapêuticas com drogas vegetais devem ser pesquisadas e divulgadas12. As plantas medicinais têm sido utilizadas no tratamento de feridas em diversas situações de forma empírica. Em busca de estudos científicos sobre o uso delas nesta terapêutica, poucas são as evidências científicas que as correlacionem com a cicatrização8. 17 Estes achados reforçam a importância da investigação por meio de estudos experimentais que possam contribuir na validação de possíveis fitoterápicos. Pesquisas realizadas em alguns países têm demonstrado o potencial antimicrobiano e cicatrizante de diversos extratos, óleos essenciais e substâncias extraídas de plantas13-7. Exemplo disso é um estudo realizado no Paquistão, que utilizou a planta nativa Berberis liceu, que foram testadas as atividades de cicatrização pelo uso dos extratos aquoso e metanólico da raiz, avaliando o reparo das feridas em ratos. Após a aplicação de ambos os extratos, observaram que a área de epitelização foi aumentada, seguida por aumento na contração da ferida, resistência à ruptura da pele e presença de tecido de granulação. Os estudos do tecido de granulação também indicaram que houve aumento na formação de colágeno nos ratos tratados com o extrato, em comparação com os animais do grupo controle. O extrato metanólico foi mais eficaz que o extrato aquoso, mas ambos apresentaram resultados significativos em comparação com o controle18. Outro estudo, realizado na Austrália, investigou dois produtos derivados do Lavandula x allardii, o mel e o óleo essencial, que têm influência benéfica na cura de feridas excisionais em ratos comparando-os com o Medihoney® (mel de Capillano Ltda, Brisbane), um mel terapêutico devidamente registrado. Quatro feridas de 8 milímetros foram feitas cirurgicamente na superfície dorsal de cada rato e aplicados às feridas mel ou óleo essencial duas vezes por dia por 4 dias. A cura da ferida foi analisada pela contração da ferida e pelo volume do capilar em 05 e 12 dias. Embora nenhuma diferença estatística significativa na contração da ferida fosse observada para o óleo essencial ou o mel, em relação ao grupo controle não tratado, ambos os méis foram mostrados por reduzirem o volume capilar no local da ferida no 12º dia sem a diferença entre os méis. Constatou-se assim, que esses produtos têm efeitos benéficos em feridas não infectadas19. Um produto utilizado timidamente em pesquisas é a banana verde, mais especificamente seu mesocarpo (parte interna da casca) na forma de farinha, utilizado na Índia para tratamento de pacientes com úlcera péptica20. O extrato de banana verde não só aumenta a densidade da mucosa, como também a incorporação de timidina ao DNA das células, demonstrando seu efeito sobre a multiplicação celular21. Estudo in vivo com ratos Wistar, mostrou que o extrato do epicarpo dos frutos da Musa sapientum var. paradisiacal (banana maçã) numa preparação tópica apresentou propriedade antimicrobiana e cicatrizante22. Entretanto, a utilização da bananeira (Musa paradisíaca L.), em suas diversas partes, na cicatrização de feridas por segunda intenção, seu 18 potencial antimicrobiano, sua citotoxicidade e atividade antiedematogênica ainda não é bem estabelecida8. A bananeira (Musa spp.) é originária do Sudeste asiático e existem indícios do seu cultivo desde 5000 a. C. ou até mesmo 8000 a. C. Nos séculos XV e XVI, colonizadores portugueses começaram a plantação sistemática de bananais nas ilhas atlânticas, no Brasil e na costa ocidental africana. Economicamente, é de grande importância nos países tropicais e cultivada o ano todo23. Seu fruto é apreciado pela facilidade de aquisição, de consumo e por ser fonte de vitaminas, minerais, carboidratos, fibras, lipídios, proteínas e energia. O interesse por esta pesquisa surgiu do acompanhamento de puérperas que utilizavam a parte interna (mesocarpo) da casca da banana como tratamento para fissuras mamilares. Após realização de uma revisão integrativa verificou-se escassez de pesquisas publicadas sobre a atividade biológica da bananeira contra doenças. Entretanto, evidenciou-se que essa espécie vegetal possui atividade antimicrobiana, cicatrizante, antioxidante e antihelmíntica8. Assim, faz-se necessário estudo pré-clínico utilizando extratos de partes desta planta herbácea, especificamente a cultivada em Alagoas, a fim de identificar seu potencial terapêutico, além de subsidiar a realização de pesquisas clínicas para validação de possível fitoterápico. Estudos com esta planta podem corroborar ou refutar seus efeitos em tratamentos, levando a diferentes abordagens por meio de novas descobertas. 19 2 OBJETIVOS 20 Objetivo Geral Avaliar o potencial antimicrobiano, antiedematogênico, cicatrizante e viabilidade celular dos extratos das folhas e do pseudocaule da bananeira Musa paradisíaca L. Objetivos específicos Classificar a atividade antimicrobiana in vitro dos extratos da espécie vegetal abordada, frente às bactérias Staphylococcus aureus, Escherichia coli, Pseudomonas aeruginosa, e ao fungo Candida albicans; Investigar a viabilidade celular dos extratos; Avaliar a atividade cicatrizante e antiedematogênica in vivo. 21 3 REVISÃO DE LITERATURA 22 3.1 Plantas medicinais Desde os tempos imemoráveis, os homens buscam na natureza recursos para melhorar suas próprias condições de vida, aumentando suas chances de sobrevivência24. As primeiras civilizações perceberam que algumas plantas continham, em suas essências, compostos que ao serem experimentados no combate às doenças revelaram empiricamente seu poder curativo2. O uso de plantas medicinais vem desde as tribos primitivas, em que as mulheres se encarregavam de extrair das plantas determinada substância para utilizá-la na cura das doenças, além delas surgiram os curandeiros, que conheciam as melhores ervas e seus respectivos tratamentos25. As antigas civilizações têm suas próprias referências históricas acerca das plantas medicinais e, muito antes de aparecer qualquer forma de escrita, o homem já as utilizava e, entre estas, algumas como alimento e outras como medicação26. A primeira referência escrita sobre o uso de plantas medicinais é encontrada na obra Pen Ts’ao (“A Grande Fitoterapia”), do imperador chinês Shen Nung, do período 2838-2698 a.C, que descreve 365 ervas medicinais e venenos que eram usados sob inspiração taoísta de Pan Ku, considerado deus da criação27-8. “No Brasil, a história da utilização de plantas, no tratamento de doenças, apresenta influências da cultura africana, indígena e europeia”29:2000. Os africanos trouxeram plantas medicinais e as utilizavam inclusive em rituais religiosos. Os índios utilizavam plantas medicinais locais, conhecimento que foi transmitido e aprimorado de geração em geração por intermédio dos Pajés. Já os europeus que chegaram ao Brasil se depararam com estes conhecimentos, e passaram a utilizá-los com a ajuda dos índios que chamavam de “guias” 26. Com isso os europeus ampliaram seu contato com a flora medicinal brasileira e a utilizaram terapeuticamente, além do alimento24. Até o século XX, fazia-se grande uso das plantas medicinais para a cura de doenças, sendo esta prática tradição que foi sendo transmitida ao longo dos tempos. Utilizavam na forma de chás, emplastos, sucos, dentre outras. A partir daí as plantas começaram a ser estudadas, considerando suas substâncias ativas isoladas, surgindo fármacos como a atropina, extraída da Atropa beladona L. (Solanaceae), a morfina da Papaver somniferum L. (Papaveraceae), a quinina da Cinchona spp. (Rubiaceae), e a artemisinina da Artemisia annua L. (Asteraceae) 26,30. 23 Mesmo com o incentivo da indústria farmacêutica para a utilização de medicamentos industrializados, grande parte da população ainda se utiliza de plantas medicinais para cuidar da saúde, como o uso das plantas medicinais, empregada para aliviar ou mesmo curar algumas enfermidades. Vê-se a influência que as mudanças econômicas, políticas e sociais causam na saúde das pessoas e nos modelos de cuidado. “O uso terapêutico de recursos naturais utilizados no cuidado humano, que antes estava situado às margens das instituições de saúde, hoje tenta legitimar-se nesse meio dominado pelas práticas alopáticas”2:2011. O mundo tem vivenciado novas tendências, preocupando-se com a biodiversidade e o desenvolvimento sustentável, mesmo assim apenas “17% das plantas do planeta foram estudadas quanto ao seu emprego medicinal e, na maioria dos casos, sem grande aprofundamento nos aspectos fitoquímicos e farmacológicos”31:2006, o que incentivou mais estudos sobre as plantas medicinais brasileiras, desvelando-as como alvo de pesquisas. Algumas universidades brasileiras têm buscado validar solidamente seus estudos comprovando essa realidade atual24. Apesar disso, só 8% das espécies vegetais brasileiras foram estudadas na descoberta de compostos bioativos32. O desenvolvimento de pesquisas visando ao uso das plantas para fins terapêuticos é recomendado pela OMS, proporcionando outras formas de cuidar em saúde para os menos favorecidos. Esta iniciativa garante alternativa para o tratamento de doenças, principalmente em países em desenvolvimento, em atenção aos cuidados primários com a saúde3,14-5. “Associados a essa expansão, as plantas medicinais deixaram de ser vistas simplesmente como um recurso da medicina popular, constituindo-se matéria-prima para indústrias de produtos farmacêuticos”33:2001. Sabendo-se da importância do estudo científico de plantas utilizadas na medicina popular, oriundas do Nordeste brasileiro, esta pesquisa estudou uma espécie vegetal conhecida como bananeira, Musa paradisíaca L. (banana prata). 3.2 Espécie estudada As bananeiras são plantas gigantes, herbáceas perenes, pertencentes ao gênero Musa da Família Musaceae, Ordem Scitaminea, desenvolvem-se bem em áreas tropicais e subtropicais úmidas34. A morfologia desta planta (Figura 1) constitui-se de um verdadeiro caule que é um rizoma subterrâneo; a parte superior é composta exclusivamente por folhas cujas bainhas, robustas e superpostas formam um pseudotronco, atingindo de 4 a 6m de altura; no interior desse pseudocaule percorre um tecido resistente que tem origem no rizoma 24 e vai formar o pedúnculo da inflorescência. O fruto é do tipo baga desenvolvida sem a fertilização (partenocárpico)35. Figura 1 – Morfologia da Bananeira. Fonte: Castro et al, 2008. O gênero Musa possui aproximadamente 40 espécies, entre elas: Musa paradisíaca, Musa sapientum, Musa corniculata e Musa cavendishi. Estudos genéticos vieram comprovar que os nomes acima representam híbridos e não espécies no senso biológico do termo36. A classificação proposta por eles para o gênero Musa, hoje adotado em todo o mundo, é baseada no número de cromossomos, dividindo-se em dois grupos: com 10 cromossomos e com 11 cromossomos. Todas as espécies comestíveis conhecidas têm origem biespecífica, resultaram do cruzamento entre duas espécies selvagens, Musa acuminata Colla e Musa balbisina Colla, de modo que cada cultivo pode conter combinações variadas de genoma completo dessas espécies. Esses genomas são denominados pelas letras A (Musa acuminata) e B (Musa balbisiana), cujas combinações resultam grupos diploides (AA, BB e AB), triploides (AAA, AAB e ABB) e tetraploides (AAAA, AAAB, AABB, ABBB). Em razão disso o nome científico correto de uma variedade qualquer de banana torna-se meio complicado35,38. 25 A bananeira utilizada neste estudo, Musa paradisíaca L. (AAB), culturalmente mais antiga e importante na alimentação de milhões de pessoas do mundo inteiro. Tanto a sua região de origem como a sua classificação botânica ainda é assunto para muita discussão. Contudo há unanimidade de opiniões por uma origem na Ásia onde é cultivada há mais de quatro mil anos23, 38-9. Algumas espécies vegetais sintetizam substâncias de defesa, quando são agredidas por bactérias, fungos, parasitas, vírus ou outros agentes. Estes compostos são produtos dos seus metabolismos secundários, tendo composição química muito variada, como terpenoides (monoterpenos, sesquiterpenos, diterpenos e saponinas), compostos fenólicos (fenóis simples, taninos, dibenzofuranos e flavonoides), compostos nitrogenados (alcaloides, polipeptídeos cíclicos, glicosídeos), cumarina e cânfora15, 40-1. Os principais constituintes químicos da Musa são esteroides, flavonoides e taninos42. O componente ativo encontrado na casca de bananas verdes foi extraído e identificado como um flavonoide leucocianidina (Figura 2)43. Outro autor inclui além dos taninos, eugenol, tiramina, compostos fenólicos, antocianinas, sais minerais e vitaminas A, C, B1, B2, B5; serotonina, levarterenol, dopamina (fruto maduro e casca); alcaloides, ferro, e cita dois esteroides, o beta-sitosterol e o estigmasterol44. Figura 2 – Estrutura química do flavonoide leucocianidina. Fonte: http://www.darapri.it/immagini/nuove_mie/degustazione/app_sostanzeresponsabilicolore.htm Devido à presença desses compostos, a banana possui relato etnobotânico de utilização in natura ou cozida para diarreias, utilizadas em diversas formas de preparo, como por exemplo, na forma de farinha, para tratamento de pacientes com úlcera péptica na Índia, e de ratos com úlceras induzidas por aspirina7,45-6. Além disso, há um estudo que aplicou topicamente um extrato do epicarpo da Musa sapientum var. paradisiacal (banana maçã) em ratos Wistar, comprovando seu potencial antimicrobiano e cicatrizante22. 26 Um estudo utilizando o gel da casca da banana verde (Musa sapientum) teve como objetivo determinar a concentração ótima desse gel para o tratamento de feridas em ratos. Os resultados foram promissores constatando epitelização parcial e contração da ferida em todos os grupos. Entretanto, apenas o gel a 4% resultou em melhor cicatrização em comparação com outras concentrações do gel47. Outra pesquisa avaliou a atividade antimicrobiana da casca da banana (Musa paradisíaca) e das raízes do Cocos nucifera frente a alguns tipos de bactérias e fungos. Ambos os extratos das plantas, extraídos em diclorometano e metanol, apresentaram efeito inibitório sobre os organismos testados, porém, o extrato de Musa paradisíaca produziu zonas mais amplas de inibição contra Candida spp. do que o extrato bruto da outra espécie estudada48. 3.3 Atividade antimicrobiana O corpo humano tem três barreiras defensivas contra germes invasores: naturais (pele e mucosas das vias aéreas superiores, digestivas e urogenitais), imunidade inata e imunidade adaptativa49. No entanto, estes mecanismos podem ter sua ação diminuída ou prejudicada, de modo que são necessárias outras armas que ajudem esses mecanismos de defesa na destruição do micro-organismo invasor, em geral, utilizam-se os antimicrobianos. Os antimicrobianos são drogas que têm a capacidade de inibir o crescimento de micro-organismos (bactérias, fungos e vírus), indicados apenas para o tratamento de doenças infecciosas, uma das causas mais frequentes de morbimortalidade em qualquer especialidade médica50. A falta de saneamento básico, as dificuldades da população de acesso aos serviços de saúde, entre outros fatores, influenciam a ocorrência de doenças nos países em desenvolvimento. Com isso, as pessoas utilizam as plantas medicinais como recurso terapêutico e outros. É a partir desse uso popular que as pesquisas vêm se consolidando em busca de novas plantas com atividade antimicrobiana51. O Brasil sendo um país com grande biodiversidade é palco de pesquisas com a finalidade de encontrar novos agentes antimicrobianos em sua flora52. As plantas são usadas na forma de extratos, infusões ou emplastos para tratar infecções comuns, embora não haja evidência científica comprovando a eficácia destes53. Para a realização de pesquisa básica com plantas medicinais, existem métodos capazes de avaliar se um extrato vegetal tem atividade antimicrobiana ou não, estudos 27 determinam qual o melhor método a ser usado. Os mais conhecidos incluem método de difusão em ágar, método de macrodiluição e microdiluição, destes os dois métodos mais utilizados são: difusão em ágar através das técnicas do disco, poço (perfuração em ágar) ou template e diluição em caldo. Esses testes de avaliação antibacteriana e antifúgica são padronizados pela NCCLS (National Committee for Clinical Laboratory Standards) e desenvolvidos para analisar agentes antimicrobianos convencionais54. O uso de plantas como antimicrobianos tem sido investigado por diferentes grupos. Estudo verificou a atividade antimicrobiana de oito espécies vegetais, avaliando as mesmas frente as bactérias S. aureus, E. coli e P. aeruginosa16. Outro estudo avaliou a atividade antimicrobiana de extratos secos de Artemisia absinthium L. (losna), Mentha pulegium L. (poejo), Punica granatum L. (romã), Xanthosema violaceum Schott (taioba) e Syzygium cuminii L. (jambolão), realizando teste de difusão em ágar, com 15 micro-organismos, utilizando discos impregnados com as dispersões aquosas dos extratos vegetais51. Pesquisa realizada com 17 espécies de árvores nativas do Brasil avaliou as atividades antimicrobianas de extratos hidroalcoólicos, obtidos a partir delas utilizando o método da difusão em ágar, frente a 10 diferentes micro-organismos, isolados de inóculos obtidos de focos de infecções clínicas14. A melhoria nas condições de vida associadas às ações de saneamento ambiental, e com o advento dos antibióticos e das vacinas desde o século XIX, acreditava-se que havia recursos para definitivamente controlar as infecções. No entanto, dados comprovam que se está longe da diminuição ou fim destas55. Isso reforça a importância de pesquisas que busquem plantas com ação antimicrobiana como recurso atual a fim de diminuir o surgimento de infecções. 3.3.1 Micro-organismos estudados A alta prevalência de infecções justifica a preocupação na busca de recursos que permitam o desenvolvimento de novos métodos de controles específicos para determinadas doenças16. Outro ponto levado em consideração é o surgimento de micro-organismos resistentes e de infecções oportunistas fatais, associadas a aids, quimioterapia antineoplásica e transplantes55-6. O principal problema que se enfrenta com as bactérias patogênicas são as que possuem resistência à maioria dos antimicrobianos, muitas vezes devido ao uso como única medida e comumente pelos tratamentos incompletos. Entretanto, o uso excessivo por diversos 28 anos de compostos antimicrobianos se apresenta como fator principal para o surgimento do fenômeno de resistência57. Medidas inovadoras são sugeridas para resolver o problema da resistência das bactérias, sendo uma delas a procura de novos antimicrobianos a partir de espécies vegetais58. Pesquisas idealizadas neste contexto, visando a busca de novas perspectivas para o tratamento de infecções, inclusive para o tratamento de feridas contaminadas, vêm por meio de uma variedade de tecnologias, dentre elas a pesquisa básica. Das várias espécies de bactérias que foram identificadas como causadoras de infecções, encontram-se Staphylococcus aureus, uma bactéria Gram-positiva geralmente mais sensível aos antibióticos do que bactérias Gram-negativas como a Escherichia coli e a Pseudomonas aeruginosa, embora alguns antibióticos atuem apenas em bactérias Gramnegativas. Estas três espécies são alvos de grandes pesquisas, amplamente estudadas por sua patogenicidade, responsáveis por diversos tipos de infecções59-60. Este estudo buscou identificar a atividade antimicrobiana da folha e pseudocaule da bananeira, por meio das bactérias usualmente utilizadas e do fungo Candida albicans, descritos a seguir. Tendo em vista que o Staphylococcus aureus faça parte da microbiota normal do corpo humano, é uma bactéria com patogenicidade, pois atua amplamente em diversas infecções, sendo elas localizadas, geralmente superficiais, até algumas disseminadas, com elevada gravidade55, o que justifica o crescimento do uso desta bactéria em pesquisas. As infecções estafilocócicas podem ser classificadas em superficiais, que acometem a pele e tecido subcutâneo, geralmente proveniente de contaminação da bactéria na própria pele e mucosas, que resultam em abcessos cutâneos e infecções de feridas; e profundas que são decorrentes de bacteremias, que surgem a partir desses focos de infecções superficiais, com exceção da pneumonia por aspiração55. O Staphylococcus aureus é uma bactéria Gram-positiva da família Staphylococcaceae, pode ser encontrado em várias partes do corpo, como fossas nasais, garganta, trato intestinal e pele. As infecções causadas por este micro-organismo podem se originar pela contaminação do próprio indivíduo (infecções endógenas), ou por amostras adquiridas de outros doentes ou de portadores sadios (infecções exógenas). A transmissão ocorre por contato direto ou indireto55. A Pseudomonas aeruginosa é o bacilo Gram-negativo não-fermentador mais frequente em estudo nos laboratórios de microbiologia clínica, está presente nos mais diversos ambientes, inclusive nos hospitalares. Considerada patógeno oportunista, por ser um dos maiores agentes de infecções hospitalares. Sua importância clínica está na difícil erradicação 29 da infecção e contínuos fracassos terapêuticos, assim como a resistência natural e adquirida a muitos antibióticos55. Dificilmente este micro-organismo poderia causar infecção em indivíduo sadio, geralmente a infecção instala-se em organismo no qual a primeira linha de defesa imunológica esteja comprometida, como numa interrupção das barreiras cutaneomucosas, como também numa imunodepressão fisiológica ou terapêutica55. É comumente encontrada nas infecções de feridas, principalmente em pacientes com longos períodos de internação e imunocomprometidos, a Pseudomonas aeruginosa tem afinidade por ambientes úmidos, isso é um dos motivos de sua ocorrência prevalente nas infecções hospitalares, sendo encontrada principalmente em pacientes queimados, em casos de pneumonia, infecção urinária, infecção de feridas cirúrgicas e bacteremias55. Já a Escherichia coli está inserida no grupo das enterobacteriáceas, bactéria heterogênea e complexa, classificada em três grandes grupos: cepas comensais, que habitam o intestino humano, as enteropatogênicas, que causam infecções de diferentes mecanismos e o grupo das cepas patogênicas extra-intestinais capazes de causar diversos tipos de infecção, ou simplesmente separa-se este micro-organismo como causador de infecções intestinais e extraintestinais, essas últimas podem ser localizadas ou sistêmicas. As infecções localizadas mais frequentes são as das vias urinárias, dos pulmões, do sistema nervoso central, da pele e do tecido celular subcutâneo (feridas) 55. Observa-se que apesar de diferentes especificidades, essas três bactérias citadas anteriormente destacam-se por colonizar feridas, principalmente as consideradas crônicas. Em decorrência de sua constante exposição ao meio externo, a pele está sujeita a contaminação microbiana, isso ocorre devido os micro-organismos terem afinidade por meios úmidos, considera-se assim a ferida um ambiente propício à proliferação desses germes. Outro agente de infecção é a Candida albicans, apesar de não ser comumente encontrada em feridas faz-se necessária sua inclusão no estudo por estar na microbiota normal do indivíduo, ser um fungo usualmente estudado e, além disso, responsável por diversos tipos de micoses superficiais, podendo acometer a pele, mucosas ou tecidos mais profundos61. Doenças ocasionadas por fungos podem estar associadas com doenças alérgicas, doenças toxigênicas e doenças infecciosas, estas últimas conhecidas por micoses, em que o agente possui propriedade de agir como patógeno primário ou oportunista55. Espécies de Candida são reconhecidas como as leveduras mais usualmente envolvidas na etiologia de infecções micóticas. A candidíase caracteriza-se como a infecção fúngica mais comum, sendo Candida albicans seu agente etiológico mais frequente62. 30 Esta espécie é um fungo Gram-positivo, da família Saccharomycetaceae, é considerado um polimorfo oportunista ou patogênico61. É amplamente estudado com relação aos fatores de virulência. Além das infecções fúngicas que podem acometer os indivíduos sadios, as micoses oportunistas atingem pacientes imunocomprometidos, inclusive associadas a doenças de base como diabetes e câncer55. 3.4 Feridas e cicatrização As feridas são interrupções da integridade cutâneo-mucosa e resultam dos desequilíbrios e agravos da saúde das pessoas. Pode ocorrer em maior ou em menor extensão, causada por trauma físico, químico, mecânico ou biológico, inclusive uma afecção clínica. Elas podem impedir ou dificultar aspectos básicos da vida como a locomoção, a convivência e as relações interpessoais, entre outros63-5. De acordo com a intensidade do trauma, as feridas podem ser classificadas como superficiais ou profundas, etiologicamente em agudas e crônicas. As feridas cirúrgicas são feridas agudas intencionais, e podem cicatrizar por primeira intenção. Algumas feridas cirúrgicas são deixadas abertas para cicatrizarem por segunda intenção, geralmente a fim de permitir a drenagem de material infectado66. Na ocorrência de lesões acidentais ou cirúrgicas os seres vivos têm a capacidade de reparação tecidual, fenômeno de grande importância para sua sobrevivência. Entende-se por cicatrização dos tecidos e órgãos como processo biológico complexo essencial para manter a integridade do organismo, ainda não esclarecido totalmente. Procurase há muito tempo verificar a ação de substâncias químicas e/ou de procedimentos que pudessem acelerar a cicatrização, tanto numa ferida limpa, como numa contaminada ou infectada. Entretanto, algumas ações tiveram resultados ineficientes ou mesmo retardaram o processo cicatricial67-8. A cicatrização é determinada por mecanismos complexos coordenados e desencadeados pelo organismo, que tem como objetivo a reconstituição completa da estrutura e da funcionalidade do tecido comprometido. As feridas podem ser classificadas de acordo com o comprometimento tecidual como: feridas de espessura parcial e de espessura total. Cada uma destas tem processo único de cicatrização11. A ferida de espessura total cicatriza-se em processo mais demorado e compreende três fases: inflamatória, fibroblástica e de remodelamento. A fase inflamatória consiste em 31 respostas vascular e celular, responsáveis pelo controle do sangramento e pela remoção de micro-organismos, material inorgânico e tecidos desvitalizados. A fase fibroblástica, proliferativa ou reconstrutiva ocorre até a epitelização total da ferida. Após esse momento ocorre o processo de migração de células endoteliais da periferia para o centro da lesão dando origem ao tecido de granulação. Já na fase de maturação ou remodelamento há uma reorganização das fibras de colágeno e substituição das fibras do tipo III, mais inferiores, pelas do tipo I, culminando na formação do tecido cicatricial11. Há ainda outra classificação que a cicatrização pode apresentar, baseada na perda tecidual: cicatrização por primeira intenção, em que ocorre fechamento primário da ferida, pois as bordas da ferida são aproximadas e suturadas, como ocorre nas feridas operatórias; e a cicatrização por segunda intenção, em que há um fechamento secundário, a lesão cicatriza-se mais lentamente sem a aproximação mecânica das bordas. Por serem mais extensas têm mais probabilidade de infeccionar11. Diversos fatores podem interferir na cicatrização: sistêmicos, como idade, condição nutricional, má vascularização, uso de medicamentos, doenças de base e tabagismo; ou locais, como infecção local, agentes tópicos, presença de tecido necrótico, suprimento sanguíneo inadequado para a ferida e o tipo de cobertura utilizada11. O enfermeiro tem papel relevante na busca por alternativas na cicatrização de feridas. Sabendo-se que o tratamento envolve procedimentos de alta complexidade técnica, este profissional da saúde precisa tomar decisões imediatas, para tal deve estar em constante aperfeiçoamento científico tanto na área de dermatologia como na estomaterapia11, além de incentivar a investigação de novas formas de cuidar pelo uso de plantas. Uma pesquisa tem comprovado a ação cicatrizante do Orbignya phalerata, esta espécie tem efeito favorável por meio do extrato aquoso do mesocarpo do babaçu em nível microscópico no processo de cicatrização, nas variáveis mononucleares e fibras colágenas, em todos os dias e entre os grupos69. Outro estudo usou o extrato hidro-alcoólico de Aroeira (Schinus terebinthifolius Raddi) que mostrou efeito cicatrizante favorável nas cistotomias em ratos70. Um estudo morfológico do efeito da sulfadiazina de prata, do extrato de ipê-roxo e do extrato de barbatimão na cicatrização de feridas cutâneas mostrou que todos os extratos favoreceram ao processo de cicatrização quando comparados com o grupo controle tratado com solução salina a 0,9%71. 32 3.5 Inflamação tópica Após a ocorrência de determinada agressão tecidual, o organismo responde por meio do processo inflamatório, momento em que o corpo apresenta meios para combater os agentes invasivos. Mediadores químicos são liberados durante o processo inflamatório, estes promovem uma série de eventos no local da lesão ou do estímulo flogístico. Numa reação inflamatória acontecem diferentes estágios nos quais envolvem alterações hemodinâmicas importantes, como a vasodilatação, aumento do fluxo sanguíneo, aumento da permeabilidade vascular, a marginação leucocitária e posteriormente a migração destas células, principalmente os leucócitos polimorfonucleares (PMN) aos tecidos perivasculares. Clinicamente a resposta inflamatória apresenta-se por meio de quatro sinais clássicos: calor, eritema, dor e edema, que ocorre devido o aumento da quantidade de líquido no meio extracelular72-3. O edema ocorre como resposta ao estímulo flogístico, caracterizando uma inflamação cutânea. Assim, para avaliar a atividade antiedematogênica da Musa paradisíaca L. realizou-se o edema de orelha induzido pela capsaicina (trans-8-metil-N-vanilil-6nonenamida), uma molécula ativa responsável pela ardência da pimenta vermelha, do gênero Capsicum (Figura 3). Sua importância no estudo de neuropeptídios na pele deve-se a sua capacidade de despolarizar fibras C ou A-delta, ligando-se a um receptor denominado vaniloide (TRPV1), que abre canais iônicos gerando um influxo de cálcio na fibra nervosa, induzindo resposta inflamatória neurogênica por produzir a degranulação de mastócito no tecido conectivo da pele, com consequente produção de vasodilatação reflexa, extravasamento de plasma, sensibilização nociceptiva e eritema, com isso o edema se estabelece em poucos minutos74. Definindo-se inflamação neurogênica na pele observa-se fenômeno de vasodilatação arteriolar originado pelas fibras nervosas locais, com aumento do fluxo sanguíneo e consequente edema por extravasamento de plasma da vênula pós-capilar. Vê-se a formação de uma pápula com eritema durante uma análise clínica. Essa reação ocorre pela presença local de neuropeptídios, que são liberados por duas subpopulações de fibras nervosas cutâneas, assim chamadas peptidérgicas: as fibras do tipo C (aferentes não mielinizados ou nociceptores polimodais C) e, em menor quantidade, as fibras A-delta (pequenas fibras mielinizadas). Estas duas fibras associadas desempenham o papel autonômico e de nocicepção na pele75. 33 Figura 3 – Estrutura química e molecular da Capsaicina (8-metil-N-vanílico-6-Nonenamide). Fonte: http://www.mdig.com.br/index.php?itemid=15684 Os processos inflamatórios agudos são melhores compreendidos devido a participação da inervação nos processos cutâneos, tendo como sinais e sintomas mais característicos dor e/ou prurido acompanhados de eritema e edema. A inflamação neurogênica, geralmente, é desencadeada por qualquer dano tecidual ou estímulo doloroso. Diversas situações são capazes de ativar nervos sensoriais na pele, como estímulos diretos (calor, isquemia, eventos mecânicos, aumento da concentração de íons potássio por lise celular, baixo pH e estimulação elétrica), mediadores inflamatórios liberados no local ou trazidos à pele pela circulação sistêmica (como a histamina, metabólitos do ácido araquidônico, bradicinina e serotonina), alérgenos e extratos de plantas, como a capsaicina75. Em contrapartida, para que ocorra a inibição do extravasamento de plasma e vasodilatação neurogênicos pode ocorrer bloqueio da condução nervosa (anestésicos locais), bloqueio de receptores da capsaicina (com capsazepina), depleção de neurotransmissores (tratamento crônico com capsaicina ou análogos), entre outros mecanismos75. As plantas medicinais contêm princípios ativos que podem agir bloqueando os receptores vaniloides da capsaicina impedindo a formação do edema, consideradas assim antiedematogênicas. Empiricamente, a bananeira é usada como anti-inflamatório, seus metabólitos secundários como taninos e flavonoides, sugerem esta atividade. Além de pesquisar a ação tópica da Musa paradisíaca L. na cicatrização, é pertinente verificar a ação local dos extratos também quanto à atividade antiedematogênica. 34 4 MATERIAIS E MÉTODOS 35 4.1 Tipo de estudo Pesquisa básica, delineada nos moldes de pesquisa quantitativa. A pesquisa do ponto de vista da sua natureza pode ser caracterizada como pesquisa básica ou pesquisa avançada. Este estudo objetiva gerar conhecimentos novos, úteis para o avanço da ciência sem aplicação prática prevista, envolvendo verdades e interesses universais76. Inserida nas ciências naturais, requer o uso do método experimental, assumindo a forma de pesquisa experimental, pois determina um objeto de estudo, selecionam-se as variáveis que seriam capazes de influenciá-lo, definem-se as formas de controle e de observação dos efeitos que a variável produz no objeto76. 4.2 Locais dos experimentos Os testes in vitro e in vivo foram realizados no Laboratório de Pesquisa em Tratamento de Feridas da Escola de Enfermagem e Farmácia – LpTF /ESENFAR, coordenado pela Profa. Dra. Mª Lysete de Assis Bastos, no Laboratório de Farmacologia e Imunidade do Instituto de Ciências Biológicas e da Saúde – LaFI /ICBS, coordenado pelas Profas. Dras. Eliane Aparecida Campesatto e Magna Suzana Alexandre Moreira, no Laboratório de Pesquisa em Química dos Produtos Naturais – Fitoquímica, coordenado pela Profa. Dra. Lúcia Maria Conserva do Instituto de Química e Biotecnologia – LPqPN – Fitoquímica /IQB, no Laboratório de Pesquisa em Química dos Produtos Naturais, coordenado pelo Prof. Dr. Antonio Euzébio Goulart de Sant'Ana do Instituto de Química e Biotecnologia – LPqPN /IQB e no Laboratório de Tecnologia e Controle de Medicamentos da Escola de Enfermagem e Farmácia, coordenado pelo Prof. Dr, João Xavier e cols. Todos da Universidade Federal de Alagoas. 4.3 Aspectos éticos O projeto desta pesquisa foi encaminhado ao Comitê de Ética e Pesquisa da Universidade Federal de Alagoas, por se tratar de uma pesquisa que envolve animais, sendo aprovado em 17/01/2012 com nº do processo 018726/2011-19 (Anexo A). Os protocolos foram conduzidos respeitando-se os Princípios Éticos na Experimentação Animal, adotados pelo Colégio Brasileiro de Experimentação Animal – COBEA77. 36 A pesquisa pré-clínica é necessária visto que toda experimentação com seres humanos deve ser, obrigatoriamente, precedida por experimentos com animais. Entretanto para utilizar esses animais deve-se levar em consideração o princípio dos três Rs – reduction, replacement e refinement, que são diretrizes básicas para experimentação animal, adotadas neste estudo. O princípio da Redução (Reduction) visa a minimizar o número de animais utilizados nos experimentos, em contrapartida o número de ratos, por exemplo, não pode ser tão pequeno a ponto de não permitir detectar efeitos biologicamente e sem significado estatístico. Substituição (Replacement) tem como base a substituição, quando possível, dos animais por outras técnicas de experimentação. Já o Refinamento (refinement) assegura que o sofrimento experimentado pelos animais durante a pesquisa seja o menor possível78. 4.4 Coleta e identificação do material vegetal Foram coletadas amostras da Bananeira (Musa paradisíaca L.), folhas (455,66 g) e pseudocaule (471,51 g) do plantio da Fazenda Caboje, propriedade do Sr. Manuel Bernadino de Oliveira, no município de União dos Palmares, interior de Alagoas (S -09°09’46” e O 36°01’55”), em abril de 2012. Amostras das folhas, fruto e inflorescência foram devidamente reconhecidas pela botânica Rosângela Pereira de Lyra Lemos do Instituto do Meio Ambiente do Estado de Alagoas (IMA), as exsicatas encontram-se catalogadas no herbário do IMA com nº de registro MAC 54.889 (Anexo B). 4.5 Preparação dos extratos brutos As amostras coletadas (folhas e pseudocaule) foram divididas em duas partes: 255,66 g das folhas e 271,51 g do pseudocaule para confecção dos os extratos etanólicos e a massa restante para turbolização, resultando em extratos aquosos. A secagem do primeiro material vegetal foi realizada em estufa a 40 °C com ar circulante, depois de dessecadas foram trituradas e submetidas a um processo de maceração a frio, método em que a extração da matéria-prima vegetal é realizada em recipiente fechado, durante um período prolongado, sob agitação ocasional remaceração, renovando-se o liquido extrator, que neste estudo utilizou-se o álcool etílico (EtOH) a 98%41. Procede-se em seguida a filtragem do material para ser concentrado em evaporador rotativo a 40 ºC e mantido em temperatura ambiente e estufa banho-maria para evaporação do 37 solvente residual e obtenção do extrato etanólico. O resíduo vegetal foi extraído por mais três vezes em períodos mais curtos e os filtrados concentrados da mesma maneira (Figura 4). Figura 4 – Fluxograma das etapas de preparação do Extrato etanólico – Musa 1 e 3 Material vegetal in natura Extrato etanólico Secagem Maceração a frio •Estufa a 40° •EtOH a 98% •Quadruplicata Concentração em evaporador rotativo Filtração Fonte: Autor, 2012 A secagem das amostras restantes ocorreu por liofilização, processo de separação baseado no fenômeno da sublimação. Este método torna-se vantajoso quando comparado com o processo convencional de secagem, porque mantém a estrutura do material, a umidade é removida a baixas temperaturas, além de aumentar a estabilidade do produto durante a estocagem, como também minimiza as várias reações de degradação devido a fácil transição de material hidratado para desidratado79. Foram utilizados 200 g de cada parte (folhas e pseudocaule) da Musa Paradisíaca L. triturados in natura (ainda verdes) e pesados em balança semi-analítica WTB 200, posteriormente congelados em sacos plásticos e acondicionados num freezer por 72 horas. Após congelamento foram colocados em frasco próprio e individual do Liofilizador Thermo Savant (Micro Modulyo®), e mantidos durante 72 horas, até a total desidratação. Após extração da água pelo liofilizador, procedeu-se a extração a frio pelo método de turbolização ou turbo-extração, em que a extração ocorre concomitante com a redução da partícula, que são trituradas em partículas menores num liquidificador41. O material vegetal foi triturado junto com água destilada na concentração de 1:25 para as folhas e 1:30 para o pseudocaule, obtendo-se uma solução extrativa aquosa. Depois se fez a filtração e acondicionou-se em potes de 200 mL, congelando-os. Cada parte congelada foi liofilizada restando apenas o pó seco, considerado assim o produto final como extrato aquoso das partes. 38 4.6 Nomenclatura dos extratos As folhas coletadas foram utilizadas em sua forma completa considerando os limbos e nervuras (“talos”) (Figura 5 A). Considera-se neste estudo pseudocaule como sendo a junção do terço médio (superior) da planta, próximo às folhas, composto pela sobreposição das bainhas das folhas (bainha foliar), e os pecíolos (Figura 5 B). Figura 5 – Partes da bananeira coletadas. A – folha. B – Pseudocaule (círculo vermelho). Limbo A B Nervura Bainha Foliar Pecíolo Fontes: http://www.kedideiaslegais.com.br/index.php?action=produtos/catalogo&cat=22 http://www.todafruta.com.br/portal/icNoticiaAberta.asp?idNoticia=24576 As partes da bananeira utilizadas resultaram em quatro extratos enumerados de 1 a 4. Para tal, foram distribuídas de acordo com o modo de secagem (estufa a 40 °C ou liofilização) e o modo de extração a frio (maceração e turbolização), bem como a parte da planta e solventes utilizados, como mostra a Figura 6. Figura 6 – Nomenclatura dos extratos de acordo com a parte da bananeira (Musa paradisíaca L.), método de secagem das amostras e solventes utilizados. Nomenclatura Material vegetal Secagem Solvente / Extração Musa 1 Folhas Estufa a 40 °C EtOH a 98 % (maceração) Musa 2 Folhas Liofilizador Água destilada (turbolização) Musa 3 Pseudocaule Estufa a 40 °C EtOH a 98 % (maceração) Musa 4 Pseudocaule Lioflizador Água destilada (turbolização) Fonte: Autor, 2012 39 4.7 Ensaios antimicrobianos in vitro As metodologias empregadas foram a técnica de difusão em disco e a técnica de perfuração em ágar, utilizando-se antibióticos e antifúngicos padrão como controles positivos e como meio de cultura o ágar Müeller-Hinton, semeado na superfície com os inóculos bacterianos e o ágar Sabouraud Dextrose semeado com o fungo. O uso de dois ou mais métodos para o estudo da atividade antimicrobiana permite obter melhores resultados79. Figura 7 – Esquema mostrando a quantidade de inóculo microbiano e os meios de cultura utilizados Fonte: Autor, 2012 Os extratos da espécie vegetal abordada foram testados frente às bactérias Staphylococcus aureus (Cepa ATCC 25923), Escherichia coli (Cepa CCCD/ E008 e ATCC 25922), Pseudomonas aeruginosa (Cepa ATCC 27857), e ao fungo Candida albicans (Cepa ATCC 10231 e CCCD/CC001). No teste de difusão em disco o inóculo dos micro-organismos foi preparado na concentração 108 UFC/mL (Unidade Formadora de Colônia/mL) e semeado em placas de ágar Müeller-Hinton para bactérias, e Sabouraud Dextrose para o fungo. As amostras testes foram dissolvidas em etanol atingindo as concentrações de 50.000 µg/mL. Para tal, discos estéreis de papel filtro de 6 mm de diâmetro foram impregnados com 20 µL da solução estoque dos extratos brutos (1000 µg/disco). Como controles positivos para o fungo utilizou-se discos de 6 mm de diâmetro impregnados com 20 µL de miconazol (50 µg/disco)81. Nos ensaios com bactérias foram usados discos padronizados de vancomicina (30 µg/disco), ceftriaxona (30 µg/disco) e de ciprofloxacina (5 µg/disco)82. Em todos os ensaios, o controle negativo foi feito com discos impregnados com o solvente etanol utilizado na solubilização das amostras. 40 Os experimentos foram realizados em triplicata, de acordo com o método de difusão em disco descrito por Kirby-Bauer83. Os discos foram distribuídos na superfície das placas de Petri semeadas com os micro-organismos. Após a difusão dos extratos, as placas foram invertidas e incubadas a 35 °C por 24 horas para bactérias, e a 28 ºC durante 48 horas para o fungo84. A atividade inibitória das amostras foi avaliada pela formação de halo de inibição do crescimento dos micro-organismos em torno dos discos, mensurado com auxílio de um paquímetro. O halo de inibição induzido pelos materiais testados foi comparado com os obtidos nos controles positivos. A percentagem de inibição do crescimento foi calculada de acordo com a seguinte fórmula: % de inibição = Média do Halo de inibição da amostra x 100 Média do Halo de inibição do controle Na realização do teste de perfuração em ágar placas de Petri são forradas superficialmente com o meio estéril (ágar Müeller-Hinton para bactéria ou Sabouraud Dextrose para fungos), obtendo-se assim a camada-base. Nessas placas são colocadas cinco ponteiras invertidas a fim de confeccionar os poços. Em seguida o inóculo microbiano é preparado de acordo com a escala 0,5 de McFarland85. Em tubos de ensaio estéreis contendo 10 mL do meio de cultivo acrescenta-se 100 µL da solução microbiana, homogeneizando-os. Verte-se todo o conteúdo dos tubos de ensaio nas placas de Petri com as cinco ponteiras de 7 mm invertidas em pontos equidistantes. Após endurecimento retira-se as ponteiras, ficando as placas com cinco poços (Figura 8). A amostra teste utilizada foi a 10%, preparada com 100 mg do extrato bruto acrescido de 1 mL de SF a 0,9% e 2 gotas de cremofor, Coloca-se 50 µL desta amostra teste dentro de cada poço previamente confeccionado. O controle negativo foi 1 mL de SF 0,9% com 2 gotas de cremofor utilizados para solubilizar o extrato e como controle positivo os antibióticos Ceftriaxona e Ciprofloxacina, e o antifúngico Miconazol. As placas de Petri inoculadas e com as substâncias testadas foram incubadas em estufa a 36 ºC por 24 h para bactérias e 28 ºC por 48 h para o fungo. Após este período medem-se as zonas de inibição com o auxílio de paquímetro manual85. 41 Figura 8 – Esquema do teste de perfuração em ágar Fonte: Autor, 2012 4.8 Ensaio de viabilidade celular Foram plaqueados em placa de 96 cavidades, macrófagos da linhagem J774 na densidade de 2 x 105 células por poço cultivados em meio DMEM suplementado com 10% de soro fetal bovino. Cada cavidade recebeu 200 µL do meio com as células. As células foram tratadas com os extratos nas concentrações de 2000, 1000, 200 e 100 µg/mL por 48 h e mantidas em estufa a 5% de CO2 1 hora antes de adicionar o MTT, três poços foram lisados com 2 µL de Triton 100X para comparação de morte celular. Após o período de incubação total (48 h), o sobrenadante foi descartado e adicionado em cada cavidade 100 µL de uma solução de MTT (500 µg/mL) e reincubadas por 1 hora em estufa a 37° C e a 5% de CO2. Após esse período o sobrenadante foi desprezado e o precipitado foi ressuspendido com 100 µL de DMSO. Para a quantificação do sal de formazan reduzido, as placas foram lidas com o auxílio de um leitor de microplacas no comprimento de onda 550 nm. Essa técnica tem a capacidade de analisar a viabilidade celular e o estado metabólico da célula a partir da redução do sal de tetrazólio (coloração amarela) a formazan (coloração azul escuro) (Figura 9), sendo bastante útil para avaliar citotoxidade86. Figura 9 – Redução do MTT a formazan pelas células vivas. Fonte: Mosmann, 1983 42 4.9 Ensaios para avaliação do potencial cicatrizante O experimento foi realizado com 36 ratos machos e fêmeas (Ratus novergicus albinus - linhagem Wistar), com idade de 8 a 16 semanas e peso corporal de 180 - 300 g, distribuídos aleatoriamente pelo método probabilístico de escolhas aleatórias. Esses animais foram fornecidos pelo Biotério Central da Universidade Federal de Alagoas e os protocolos conduzidos respeitando-se os Princípios Éticos na Experimentação Animal, adotados pelo Colégio Brasileiro de Experimentação Animal – COBEA77. O procedimento cirúrgico e biópsia foram realizados sob anestesia geral induzida por via intramuscular com 50 mg/Kg de ketamina a 10% e 10 mg/Kg de xilazina a 2%, administrado 0,1 mL para cada 100 g de massa corpórea do animal87. Na região dorsal de cada animal, após epilação manual dos pêlos e antissepsia com clorexidina a 2 % e colocação de campo fenestrado, foi realizada uma lesão excisiva da pele com retirada do tecido cutâneo, expondo a aponeurose, medindo aproximadamente 1,5 cm², por lâmina de bisturi nº 11, com técnicas estéreis. Em cada tratamento, os animais foram acompanhados por um período de 15 dias verificando se a ferida permanecia sem contaminação. Os extratos utilizados foram os aquosos, na concentração de 5% 88-9 , incorporados a uma pomada base contendo lanolina e vaselina fundidas (1:1). Todas as feridas foram tratadas diariamente, lavadas com solução isotônica de cloreto de sódio a 0,9%, aplicação de cobertura secundária de gaze seca e fixação com ataduras de crepom e esparadrapo até o 4º dia de pós-operatório, diferenciando-se os tratamentos dos grupos. Após aparecimento de crosta e/ou rede de fibrina as feridas não foram mais cobertas, fazendo-se a limpeza com solução fisiológica e aplicação da respectiva pomada (0,3 mL). Cada grupo composto por um n de 09 animais, posteriormente subdivididos em 3 grupos com 3 animais cada, foi tratado conforme descrição abaixo: Experimental 01: pomada base contendo o extrato Musa 2; Experimental 02: pomada base contendo o extrato Musa 4; Controle positivo: pomada cicatrizante com dexpantenol (50 mg/g)90; Controle negativo: pomada base (lanolina e vaselina). Os dados coletados foram registrados em protocolos pré-estabelecidos. No 3º, 7º e 14º dia do experimento, os animais foram monitorados por meio dos seguintes parâmetros de avaliação: A. Observação clínica – aspecto geral, peso do animal e temperatura corpórea; 43 B. Análise macroscópica das feridas – a ocorrência de inflamação, tecido de granulação, sangramento local, exsudato, extensão da crosta (total, parcial ou ausente), necrose, rede de fibrina e mensuração do tamanho da lesão. C. Análise microscópica das feridas – as feridas de três animais por grupo foram coletadas no 3º, 7º e 14º dia de pós-operatório, acondicionadas em frascos devidamente identificados, contendo 05 mL de formaldeído a 10% e posteriormente submetidos ao procedimento histológico de rotina pela coloração da Hematoxilina-eosina (HE). As lâminas foram analisadas de acordo com os seguintes parâmetros: rede de fibrina, hemorragia, hiperemia, infiltrado inflamatório, grau de proliferação vascular, células mononucleares e polimorfonucleares, fibroblastos, hiperplasia epitelial, reepitelização e fibras colágenas. Foram atribuídos os escores: 0 (ausente), 1 a 25% (discreto), 25 a 50% (moderado) e acima de 50% (acentuado)91-2. 4.10 Ensaio para avaliação da atividade antiedematogênica O teste utilizado para avaliar a atividade antiedematogênica foi o edema de orelha induzido por capsaicina, com 36 camundongos da linhagem Swiss (entre 20 – 30 g) machos ou fêmeas, adultos, com 6 a 8 semanas de idade. Este ensaio consistiu na administração local (orelha direita) de 20 µL de uma solução de capsaicina diluída em acetona (12,5 mg/ml). Foi administrada acetona na orelha contralateral como branco. Foram pesados 10 mg dos extratos brutos solubilizados em 30 µL de Tween 80, 300 µL de etanol e 670 µL de acetona, ficando numa concentração de 0,1%93, administrados topicamente 40 minutos antes do estímulo flogístico (figura 10). Figura 10 – Aplicação da capsaicina (A). Corte da orelha (B). A B Fonte: Autor, 2012. O ensaio caracteriza-se por uma resposta inflamatória aguda da orelha, com desenvolvimento de edema. Os animais foram sacrificados 30 minutos após o estímulo e suas orelhas pesadas numa balança analítica para obtenção do índice de inflamação94-6. 44 Os grupos foram subdivididos em: Grupo Experimental: seis camundongos para cada extrato bruto na concentração de 0,1%, previamente solubilizados conforme descrição acima (totalizando quatro grupos); Grupo Controle Positivo: seis camundongos – aplicação tópica de indometacina (10 mg/mL) na orelha direita e; Grupo Controle Negativo: seis camundongos – administração de capsaicina na orelha direita. 4.11 Animais Os animais, ratos (Ratus novergicus albinus - linhagem Wistar) e camundongos (Mus musculus – linhagem Swiss), foram acondicionados em ambiente climatizado (22 ± 2 ºC), sob iluminação artificial, alternando para claro-escuro a cada 12 horas em gaiolas individuais, identificadas, contendo forro de maravalha, com livre acesso a ração padrão e água ad libitum. Antes do início dos experimentos, visando à identificação de variáveis que possam influenciar nos resultados, os animais ficaram em quarentena. 4.12 Administração dos extratos Os extratos foram administrados por via tópica tanto no ensaio de cicatrização quanto no de edema de orelha induzido por capsaicina. Na cicatrização os extratos foram administrados através de pomadas contendo os extratos incorporados a pomada base (lanolina e vaselina fundidas) na concentração de 5%97. No ensaio de edema de orelha os extratos foram solubilizados em Tween 80, etanol e acetona para facilitar a aplicação tópica. 4.13 Análise estatística Os resultados do teste de viabilidade celular foram analisados num programa estatístico submetidos ao teste T de Student e os dados expressos em gráfico. Os níveis de significância entre os grupos no teste de edema de orelha induzido por capsaicina foram submetidos à Análise de Variância (ANOVA) seguida do teste de Dunnet. Parte dos resultados do experimento de cicatrização foi submetido ao teste T de Student seguido do teste de Mann-Whitney e outros analisados no Excel. Os valores foram considerados significativos quando *p< 0,05. Os resultados expressos como média ± erro padrão da média. 45 5 RESULTADOS E DISCUSSÃO 46 5.1 Avaliação dos testes antimicrobianos As partes da Musa paradisíaca L. estudadas (folhas e pseudocaule), em seus quatro extratos, foram testados nas bactérias S. aureus, P. aeruginosa e E. coli e no fungo C. albicans na concentração de 1.000 µg/disco no teste de difusão em disco e na concentração de 10 % no teste de perfuração em ágar. Entretanto todos os extratos não inibiram o crescimento dos micro-organismos em ambos os testes, pois não apresentaram halo de inibição. Levandose em consideração a semelhança dos métodos utilizados, que tem como princípio a difusão em ágar, só confirma a não atividade das amostras testadas. A parte da bananeira que mostrou atividade antimicrobiana de acordo com alguns autores é o fruto, especificamente sua casca utilizada ainda verde, de diferentes formas, além de serem espécies de bananeira diferentes da estudada nesta pesquisa8, 22, 45-6,48. Como os extratos não inibiram o crescimento bacteriano e antifúngico, não ocorreu comparação do halo de inibição induzido pelas substâncias testadas com os obtidos nos controles positivos, nem tão pouco a percentagem de inibição do crescimento foi calculada. Também não foi realizada a Concentração Inibitória Mínima (CIM), pois os extratos vegetais não apresentaram atividade antimicrobiana das cepas utilizadas e não houve halos de inibição iguais ou maiores que 9 mm nos ensaios de difusão em ágar para que fossem submetidos ao teste de microdiluição em caldo para a determinação da CIM. É importante entender as limitações do teste de difusão em meio de cultura sólido98, utilizado neste estudo, já que as propriedades químicas dos produtos naturais avaliados podem facilitar ou dificultar sua penetração no meio de cultura e, consequentemente, seu contato com o micro-organismo, necessário para sua ação99. É imprescindível considerar a realização de outros ensaios para determinação da atividade antimicrobiana dos extratos avaliados100. “Diversos métodos laboratoriais podem ser empregados para predizer a sensibilidade in vitro de bactérias aos agentes antimicrobianos”101:2003. Devido à ausência de ação antimicrobiana da Musa paradisíaca L., novos estudos podem ser realizados no intuito de testar essa planta frente a outras espécies de bactérias e fungos, podendo também ser utilizados compostos isolados, frações do extrato e outras partes da planta (casca do pseudocaule, raiz, fruto e seiva), analisando se haverá algum efeito sobre o crescimento microbiano100. 47 5.2 Avaliação do teste de viabilidade celular O teste de viabilidade celular utilizado neste estudo foi através do método MTT [brometo de 3-(4,5-dimetiltiazol-2- il)-2,5-difeniltetrazólio]. O ensaio de MTT foi descrito pela primeira vez por Mosmann (1983), e modificado por Denizot e Lang (1986), é um método colorimétrico rápido estabelecido para determinar o número de células viáveis em proliferação e estudos de citotoxicidade, baseado no teste de atividade mitocondrial das células pela redução do MTT86,102. Ocorre uma clivagem do sal de tetrazólio amarelo, MTT, para formar um produto de formazan azul, solúvel pela ação da enzima succinato desidrogenase presente nas mitocôndrias ativas (Figura 11). A quantidade de formazan produzido é diretamente proporcional ao número de vida e não de células mortas presentes durante a exposição ao MTT, assim, quanto mais escura a coloração ao final da reação, maior é a viabilidade celular. A densidade óptica resultante do teste MTT é determinada em espectrofotômetro86,102-3. Figura 11 Conversão do sal de tetrazólio (amarelo) em cristais de formazan (azul) pela ação da enzima Succinato desidrogenase Fonte: Autor, 2012 Este teste foi realizado com os quatro extratos da Musa paradisíaca L., nas concentrações de 100, 200, 1000 e 2000 µg/mL, observou-se que a Musa 1 na concentração de 2000 µg/mL induziu moderada toxicidade celular em macrófagos da linhagem J774 (p < 0,01), a Musa 2 e 3 na concentração de 1000 µg/mL induziram elevada toxicidade celular (p < 0,001) e a Musa 4 nas concentrações de 100 e 2000 µg/mL induziram baixa e elevada toxicidade celular em macrófagos da linhagem J774 respectivamente (p < 0,05 e p < 0,001). Não houve toxicidade estatisticamente significativa em todos os extratos na concentração de 200 µg/mL, na concentração de 100 µg/mL os extratos Musa 1, 2 e 3 também não apresentaram toxicidade. Os extratos Musa 1 e 4 nas concentração de 1000 µg/mL e as Musas 2 e 3 na concentração de 2000 µg/mL também não induziram toxicidade celular em macrófagos da linhagem J774, conforme mostra a Figura12. 48 Figura 12 – Efeitos dos extratos nas concentrações 2000, 1000, 200 e 100 µg/mL através do ensaio de MTT em células da linhagem J774 (48 h). Os dados representam a média e o erro padrão da média. * (p<0,05), **(p<0,01) e ***(p<0,001). Fonte: Autor, 2012 A perda seletiva da permeabilidade celular, a redução da função mitocondrial e as mudanças na morfologia e replicação celular são o que permeiam os testes de citotoxicidade prioritariamente. As células respondem por meio de diferentes mecanismos bioquímicos à presença de diversos compostos. A perda da função mitocondrial é uma das respostas mais comuns e pode ser utilizada como sinal precoce de citotoxicidade104-5. A toxicidade é um fator que limita a liberação e consumo de fármacos e, portanto, a análise de toxicidade associada à atividade biológica de um composto é fundamental para determinar sua aplicação estabelecendo-se o índice terapêutico106. Considerando a ética e os custos financeiros, o uso de animais para estudos toxicológicos deve ser preservado, sendo mais vantajoso o estudo in vitro de toxicidade. Esses ensaios fornecem informações sobre diferentes funções ou compartimentos celulares107. Diante da diversidade de comportamento dos extratos frente às diferentes concentrações utilizadas, afirma-se que o mais sensato é utilizar a concentração de 200 µg/mL, visto que somente nesta os extratos se comportaram de forma equitativa não induzindo toxicidade celular em macrófagos da linhagem J774. 49 5.3 Avaliação da atividade antiedematogênica O estudo do edema de orelha foi um experimento descrito por Mantione e Rodriguez em 1990, e posteriormente modificado por Merlos et al e Gàbor e Razga94-7. É utilizado nas pesquisas com intuito de verificar atividade anti-inflamatória local e/ou antiedematogênica, em que o edema é avaliado de acordo com a metodologia revisada por Hecker e Schmidt108. Na avaliação da atividade antiedematogênica, considerada ação anti-inflamatória tópica, o uso da capsaicina como agente flogístico induziu processo inflamatório local caracterizado pela formação de edema tecidual. A figura 13 mostra que a indometacina (controle positivo) apresentou atividade anti-inflamatória tópica (inibição de 58,33%), já os extratos da Musa paradisíaca L. não inibiram a formação do edema, ou seja, possivelmente não possuem ação anti-inflamatória, quando usados topicamente e na concentração de 5%. A Musa 1 teve uma porcentagem de inibição do edema de 23,26% e a Musa 4 de 1,35%, considerados não significativos estatisticamente. Figura 13 – Efeito dos extratos etanólicos e aquosos da folha e pseudocaule da Musa paradisíaca L. e indometacina (0,2 mg /orelha) sobre a formação do edema de orelha induzido por capsaicina Fonte: Autor, 2012 A Musa paradisíaca possui fitoesteroides, em maior abundância o estigmasterol e o beta-sitosterol, que apresentam ações biológicas semelhantes e possuem atividade antimicrobiana e anti-inflamatória109. A inatividade dos extratos da folha e pseudocaule da bananeira vem refutar este achado, pois o metabolismo secundário das plantas pode variar consideravelmente dependendo de vários fatores, como sazonalidade, ritmo circadiano, variações de temperatura, altitude, poluição atmosférica, indução por estímulos mecânicos ou 50 ataque de patógenos, idade, radiação ultravioleta, índice pluviométrico, entre outros, conforme mostra a Figura 14110. Figura 14 – Principais fatores que podem influenciar o acúmulo de metabólitos secundários em planta. Fonte: Gobbo-Neto e Lopes, 2007 5.4 Avaliação da cicatrização de feridas limpas em ratos Este ensaio foi realizado durante 15 dias conforme previsto. Todos os animais recuperaram-se bem da anestesia, demonstrando bom estado geral e atividades física e comportamental normais para a espécie. Três biópsias foram realizadas com sacrifício de 12 animais, sendo 3 por grupo. Os parâmetros analisados estão registrados em protocolos próprios (Anexo C e D), tanto para a avaliação macroscópica quanto para a microscópica. Após o aparecimento de rede de fibrina e / ou crosta aderida à ferida manteve-se a lesão descoberta. Realizou-se limpeza das feridas com solução fisiológica a 0,9% para retirada de sujidades e reaplicada a pomada correspondente ao grupo. 51 5.4.1 Observação clínica 5.4.1.1 Peso Os animais foram pesados no dia da cirurgia (D0), e nos dias das biópsias (D3, D7 e D14). A média dos pesos dos animais foi calculada em cada subgrupo de acordo com o dia da biópsia. Observou-se que houve perda de peso dos animais do subgrupo 1 (primeira biópsia), comparando o D0 com o D3, exceto os animais do grupo controle positivo que ganharam peso, conforme a Figura 15. A variação de peso foi discreta, considerada estatisticamente não significativa. Figura 15 – Peso médio dos animais subgrupo 1 Fonte: Autor, 2012 O peso dos animais sacrificados do subgrupo 2 (segunda biópsia) foi comparado entre o D3 e o D7, constatando-se que os animais praticamente mantiveram-se no mesmo peso, como mostra a Figura 16. Apenas o Grupo Experimental 1 (GE1) teve discreta perda de peso do 3º ao 7º dia de pós-operatório, os outros ganharam peso. Apesar de ter essa diferenciação entre os grupos, a análise estatística não foi considerada significativa. Figura 16 – Peso médio dos animais subgrupo 2 Fonte: Autor, 2012 52 Os animais do subgrupo 3 (terceira biópsia) mantiveram-se com peso similar, como mostra a Figura 17, havendo um ganho apenas do 7º ao 14º dia de pós-operatório, sendo mais expressivo no Grupo Experimental 2 (GE2), porém sem significância estatística. A maioria dos animais teve o mesmo padrão de perda e ganho de peso durante todo o experimento. Figura 17 – Peso médio dos animais subgrupo 3 Fonte: Autor, 2012 A diminuição na massa corporal nos primeiros dias é comum, visto que após um procedimento cirúrgico pode acontecer inapetência, além do incômodo gerado pelo ferimento na região dorsal do animal, que poderia dificultar o acesso destes animais a ração. Outro aspecto considerado é o próprio processo inflamatório, que produz citocinas inflamatórias e Fator de Necrose Tumoral (FNT) que agem como mediadores da inflamação e da imunidade. Uma elevação nos níveis séricos de FNT causa a perda de peso devido estimulação do aumento dos níveis séricos de leptina, pelo FNT. “A leptina é uma proteína relacionada com a sensação de saciedade, níveis aumentados desta proteína induzem o organismo ao gasto energético e a uma diminuição no consumo de alimento, causando falta de apetite e perda de peso”97,111:2006. 5.4.1.2 Tamanho da lesão Durante o experimento mediu-se o tamanho das feridas com o auxílio de um paquímetro, a fim de verificar a diminuição da lesão em cada grupo. Com relação aos subgrupos 1 e 2, conforme mostra as Figuras 18 e 19, o tamanho médio das lesões não tiveram diferença significativa comparando-se as feridas de cada subgrupo com os dias de pós-operatório. A área da ferida do subgrupo 1, expresso na Figura 18, mostra aumento que ocorre na ferida durante a fase inflamatória (D3), o mesmo aconteceu com os outros subgrupos. As principais funções desta fase são ativar o sistema de coagulação, defender a 53 lesão de infecções, promover o desbridamento autolítico da lesão, e o controle central da cicatrização112. A fase inflamatória se inicia imediatamente após a lesão, com a liberação de substâncias vasoconstritoras, principalmente tromboxana A2 e prostaglandinas, pelas membranas celulares. O tecido epitelial lesado e as plaquetas, que tem papel fundamental na cicatrização, estimulam a coagulação. Para que ocorra a hemostasia, as plaquetas liberam grânulos que contêm diferentes fatores de crescimento, atraindo neutrófilos à ferida, ajudando na coagulação113. “O coágulo é formado por colágeno, plaquetas e trombina, que servem de reservatório proteico para síntese de citocinas e fatores de crescimento, aumentando seus efeitos. Desta forma, a resposta inflamatória se inicia com vasodilatação e aumento da permeabilidade vascular, promovendo a quimiotaxia (migração de neutrófilos para a ferida)”114, o que justifica o aumento da área das lesões e o aumento da temperatura corporal também nesta fase. Figura 18 – Tamanho da lesão subgrupo 1 Tamanho da Lesão (cm) 4,5 4 3,5 3 2,5 2 1,5 1 0,5 0 Musa 2 Musa 4 Dexpantenol Lanolina/vaselina D0 3,21 2,85 2,3 2,66 D3 3,96 3,16 2,95 2,79 Fonte: Autor, 2012 Figura 19 – Tamanho da lesão subgrupo 2 Tamanho da Lesão (cm) 4 3,5 3 2,5 2 1,5 1 0,5 0 Musa 2 Musa 4 Dexpantenol Lanolina/vaselina D0 2,47 3,08 2,89 2,41 D3 2,45 2,56 3,37 3,28 D7 1,5 1,95 2,8 1,78 Fonte: Autor, 2012 54 O subgrupo 3 permaneceu até o final do experimento e a média da área das feridas foram expressas na Figura 19. Analisando o tamanho das lesões dos animais verificou-se similaridade entre os grupos experimentais, controle positivo e o controle negativo. No D3 houve aumento da área das lesões, correspondendo ao período da fase inflamatória ou exsudativa que geralmente dura de quatro a cinco dias115. Nos dias subsequentes de tratamento, a área das feridas foi regredindo indicando potencial cicatrizante das substâncias utilizadas, destacando o extrato aquoso da folha da bananeira (Musa 2) que teve a menor área. Figura 20 – Acompanhamento do tamanho médio da lesão durante o experimento Tamanho das Lesões (cm) 3,5 3 2,5 2 1,5 1 0,5 0 D0 D3 D7 D14 Musa 2 2,65 3,17 2,06 0,5 Musa 4 2,95 2,9 2,26 0,8 Dexpantenol 2,6 3,31 2,68 0,6 Lanolina/vaselina 2,78 3,09 2,16 0,6 Fonte: Autor, 2012 5.4.1.3 Temperatura Durante o experimento verificou-se a temperatura retal dos ratos, que varia de 35,9 a 37,5 °C116, como parâmetro clínico do estado geral dos animais. De acordo com a Figura 21, no D3 não houve diferença significativa entre a temperatura dos grupos experimental 1 (Musa 2) e controle positivo (dexpantenol). Também no terceiro dia de pós-operatório ocorreu aumento da temperatura na maioria dos grupos, exceto no grupo controle negativo (lanolina e vaselina) que a temperatura média mais alta foi no D7. O grupo experimental 2 (Musa 4) ao final do experimento teve a menor temperatura média. Apesar dos grupos terem diferenciações nos valores das temperaturas durante o experimento, quando comparados entre si, não há divergência significativa, levando em consideração a variação normal da temperatura dos ratos. O aumento da temperatura até o terceiro dia ocorre devido alterações decorrentes da fase inflamatória descritas anteriormente. 55 Figura 21 – Temperatura média dos animais 38,5 38,0 Temperatura (°C) 37,5 37,0 Musa 2 36,5 Musa 4 36,0 Dexpantenol 35,5 Lanolina/vaselina 35,0 34,5 34,0 D0 D3 D7 D14 Fonte: Autor, 2012 5.4.2 Avaliação macroscópica das lesões Os parâmetros foram analisados quanto à presença ou ausência de tecido de granulação, inflamação, sangramento local, necrose, fibrina e exsudato e quanto à extensão da crosta (total, parcial ou ausente). Nos dias destinados à biópsia preencheu-se o protocolo de avaliação macroscópica (Anexo C) de todos os animais, entretanto apenas três animais de cada grupo eram sacrificados para retirada da ferida e posterior análise microscópica. 5.4.2.1 Primeira biópsia (subgrupo 1) No terceiro dia de pós-operatório (D3), doze animais foram sacrificados, sendo três animais de cada grupo. Avaliou-se a ferida de acordo com os parâmetros descritos no protocolo específico (Anexo C). A Tabela 1 mostra tais parâmetros e a porcentagem dos achados por tipo de tratamento. Todos os animais não apresentaram inflamação, necrose ou exsudato nas feridas. Apenas 33,3% dos animais tratados com a Musa 2, o dexpantenol e a lanolina/vaselina apresentaram sangramento, comprovado pela presença de coágulo na lesão. Quanto ao tecido de granulação, apenas um animal do grupo experimental 02 (Musa 4) e controle negativo apresentaram-no; 66,7% dos animais tratados com a Musa 4 apresentaram crosta parcial comparado com a lanolina/vaselina que teve apenas 33,3%. 56 Ressalta-se que todos os ratos desta primeira biópsia apresentaram fibrina, sendo que 66,7% dos tratados com a Musa 2 e a lanolina/vaselina tinham apenas parcial, comparando com os da Musa 4 que agiu como o dexpantenol que teve 100% com fibrina total. Tabela 1 – Análise macroscópica das lesões no D3 e porcentagem dos achados. Maceió, 2012 D3 - Achados (%) Ausente Presente Granulação Crosta Fibrina Inflamação Sangramento/ Coágulo Necrose Exsudato Parcial Total Musa 2 Musa 4 Dexpantenol 100 66,7 100 33,3 - - - Lanolina/Vaselina 66,7 33,3 - - Musa 2 100 - - - Musa 4 Dexpantenol 33,3 100 66,7 - 66,7 - - Lanolina/Vaselina 66,7 33,3 33,3 - Musa 2 - 100 - 100 Musa 4 Dexpantenol - 100 100 66,7 - 33,3 100 Lanolina/Vaselina - 100 66,7 33,3 Musa 2 100 - - - Musa 4 Dexpantenol 100 100 - - - Lanolina/Vaselina 100 - - - Musa 2 66,7 33,3 - - Musa 4 Dexpantenol 100 66,7 33,3 - - Lanolina/Vaselina 66,7 33,3 - - Musa 2 100 - - - Musa 4 Dexpantenol Lanolina/Vaselina 100 100 100 - - - Musa 2 Musa 4 Dexpantenol Lanolina/Vaselina 100 100 100 100 - - - Fonte: Autor, 2012 57 De acordo com o descrito na Tabela 1 observa-se a predominância na formação de fibrina nas feridas, característica da fase cicatricial neste período. Os animais tratados com a Musa 2 (extrato aquoso da folha) e Musa 4 (extrato aquoso do pseudocaule) com formação de fibrina parcial ou total, apresentaram-na com aspecto espesso. Comparando-se com o controle positivo dois animais tiveram fibrina com aspecto espesso e um animal com aspecto discreto, entretanto a maioria dos ratos do controle negativo apresentou fibrina parcial, de aspecto discreto quanto a sua espessura. A fibrina surge a partir das plaquetas que contêm a enzima tromboplastina, responsável pelo início da formação da rede de fibrina. A tromboplastina, na presença de íons de cálcio, transforma protrombina em trombina, que por sua vez transforma o fibrinogênio em fibrina. Elas formam uma rede que retém células sanguíneas e plaquetas, formando o coágulo. Assim a mesma tem sua ação na fase inflamatória, e o coágulo vai se retraindo durante o processo de cicatrização112. Os grupos tratados com a Musa paradisíaca L. formaram uma rede de fibrina mais espessa o que pode dificultar o processo de cicatrização, pois o excesso de fibrina induz uma maior formação de trombos, diminuindo a circulação no tecido, levando a morte celular. 5.4.2.2 Segunda biópsia (subgrupo 2) Os doze animais do segundo subgrupo foram sacrificados no 7º dia de pósoperatório, e os achados da avaliação macroscópica descrita na Tabela 2. Os aspectos analisados foram descritos no mesmo protocolo anterior. Todos os animais não apresentaram sinais de inflamação, necrose, exsudato ou sangramento. Os animais dos grupos tratados com os extratos aquosos da bananeira e com o dexpantenol não apresentaram tecido de granulação (100%), identificado em apenas um animal do grupo controle negativo. Com relação à presença de crosta e fibrina, as lesões dos grupos experimentais apresentaram bordas irregulares com 100% de formação de espessa crosta aderida, enquanto que os grupos controles apresentaram crosta e fibrina ainda parcial em alguns animais. A formação da crosta em feridas não exsudativas favorece o processo de cicatrização. O seu aparecimento é gerado por várias substâncias presentes nas plantas, como é o caso do tanino117, metabólito secundário da bananeira, além desse possui também flavonoides e esteroides que têm ação anti-inflamatória42. 58 Tabela 2 – Análise macroscópica das lesões no D7 e porcentagem dos achados. Maceió, 2012 D7 - Achados (%) Ausente Presente Parcial Total Musa 2 Musa 4 Dexpantenol 100 100 100 - - - Lanolina/Vaselina 66,7 33,3 - - Musa 2 - 100 - 100 Musa 4 Dexpantenol - 100 100 33,3 100 66,7 Lanolina/Vaselina - 100 66,7 33,3 Musa 2 100 - - - Musa 4 Dexpantenol 100 66,7 33,3 33,3 - Lanolina/Vaselina 66,7 33,3 33,3 - Musa 2 100 - - - Musa 4 Dexpantenol 100 100 - - - Lanolina/Vaselina 100 - - - Musa 2 100 - - - 100 100 - - - Sangramento/ Musa 4 Dexpantenol Coágulo Lanolina/Vaselina 100 - - Musa 2 100 - - Musa 4 Dexpantenol Lanolina/Vaselina 100 100 100 - - 100 100 100 100 - Granulação Crosta Fibrina Inflamação Necrose Musa 2 Exsudato Musa 4 Dexpantenol Lanolina/Vaselina Fonte: Autor, 2012 - - 59 5.4.2.3 Terceira biópsia (subgrupo 3) Observou-se que durante o experimento alguns animais esfregavam a ferida na grade da gaiola, na tentativa de coçá-la, nestes ratos houve a remoção mecânica de parte da crosta, fazendo com que ocorresse o renovo da cicatrização, assim algumas lesões apresentaram na avaliação macroscópica final presença de fibrina e crosta parcial, bem como tecido de granulação. Conforme Tabela 3, as feridas de 100% dos animais não apresentaram sinais de inflamação, necrose ou exsudato. Um animal de cada grupo, exceto o controle negativo, apresentou tecido de granulação. Dos animais tratados com a Musa 2 (66,7%) apresentaram crosta total moderada e 33,3% crosta parcial, da mesma forma que as feridas tratadas com o dexpantenol. Em contrapartida 33,3% dos animais tratados com a Musa 4 e com a lanolina / vaselina não tinham mais crosta e 66,7% dos animais desses grupos apresentaram crosta total. Com relação à presença de coágulo, foi detectado em 33,3% dos animais do grupo tratado com dexpantenol provavelmente devido algum sangramento provocado. A maioria dos animais não possuíam fibrina, apenas 33,3% dos animais do controle negativo apresentaramna. As características das lesões dos animais deste subgrupo correspondem a transição da fase inflamatória para a proliferativa. Inicia-se por volta do 4º dia após a lesão estendendo-se até o término da segunda semana. Se a membrana basal for preservada a epitelização ocorre precocemente, “as células epiteliais migram em direção superior, e as camadas normais da epiderme são restauradas em três dias”. Caso a membrana basal seja lesada, haverá uma proliferação das células epiteliais das bordas da ferida, a fim de restabelecer a barreira protetora114. Apesar de alguns animais removerem parte da crosta, os aspectos das lesões eram satisfatórios e condizentes com esta fase. Teve redução do tamanho e diminuição do espessamento das crostas e algumas já apresentaram sinais de epitelização mesmo que discreta em todos os grupos. Os animais tratados com a Musa 2 e os tratados com o controle positivo apresentaram 100% de crosta, sendo 66,7% com crosta total, comprovando uma possível ação cicatrizante do extrato aquoso da folha da bananeira comparado com o dexpantenol. 60 Tabela 3 – Análise macroscópica das lesões no D14 e porcentagem dos achados. Maceió, 2012 D14 - Achados (%) Ausente Presente Granulação Crosta Fibrina Inflamação Sangramento/ Coágulo Necrose Exsudato Parcial Total Musa 2 Musa 4 Dexpantenol 66,7 66,7 66,7 33,3 33,3 33,3 - - Lanolina/Vaselina 100 - - - Musa 2 - 100 33,3 66,7 Musa 4 Dexpantenol 33,3 - 66,7 100 33,3 66,7 66,7 Lanolina/Vaselina 33,3 66,7 - 66,7 Musa 2 100 - Musa 4 Dexpantenol 100 100 - - - Lanolina/Vaselina 66,7 33,3 - 33,3 Musa 2 100 - - - Musa 4 Dexpantenol 100 100 - - - Lanolina/Vaselina 100 - - - Musa 2 100 - - - Musa 4 Dexpantenol 100 66,7 33,3 - - Lanolina/Vaselina 100 - - - Musa 2 100 - - - Musa 4 Dexpantenol Lanolina/Vaselina 100 100 100 - - - Musa 2 Musa 4 Dexpantenol Lanolina/Vaselina 100 100 100 100 - - - Fonte: Autor, 2012 - 61 A Figura 22 mostra a progressão da cicatrização das feridas nos diferentes grupos de tratamento, cada sequência horizontal de fotos corresponde ao tratamento utilizado no respectivo dia de avaliação macroscópica (D3, D7 e D14). Observa-se a presença de crosta, fibrina e diminuição na área da lesão em todos os grupos. Figura 22 – Progressão da cicatrização das lesões de acordo com o tratamento utilizado D3 D7 D14 Musa 2 Musa 4 Dexpantenol Lanolina / Vaselina Fonte: Autor, 2012 5.4.3 Avaliação microscópica das lesões A avaliação microscópica foi realizada de acordo com parâmetros pré-estabelecidos em protocolo próprio (Anexo D) pelo Dr. Ricardo Houly (laboratório histopatológico). As lesões dos ratos foram retiradas em três dias diferentes, a fim de avaliar aspectos distintos das lesões de acordo com a fase de cicatrização. Em cada dia de biópsia (D3, D7 e D14) foram sacrificados três animais de cada grupo, totalizando doze. As peças foram fixadas em formaldeído a 10%, posteriormente seguiu-se o procedimento histológico de rotina, submetendo-as à inclusão em parafina e os cortes histológicos foram corados pela hematoxilina-eosina (HE). 62 Os aspectos avaliados microscopicamente foram fibrina, hemorragia, hiperemia, infiltrado inflamatório, grau de proliferação vascular, células mononucleares e polimorfonucleares (PMN), fibroblastos, presença de hiperplasia epitelial, reepitelização total ou parcial e fibras colágenas. Observados de acordo com os escores: ausente (0), discreto (1 a 25 %), moderado (25 a 50%) e acentuado (acima de 50%)89,90. Os parâmetros perpassam as fases da cicatrização de forma complexa, interdependente e simultânea, ocorrendo de forma dinâmica e sobreposta. 5.4.3.1 Primeira biópsia Encontra-se comumente nas feridas em processo de cicatrização, principalmente na fase inflamatória, proliferação vascular (angiogênese), proliferação fibroblástica e o infiltrado inflamatório, assim considera-se que todas as feridas tiveram cicatrização satisfatória. O processo inflamatório desencadeia a cicatrização e consiste em respostas vascular e celular, responsáveis pelo controle do sangramento e pela remoção de micro-organismos, material inorgânico e tecidos desvitalizados11. Na avaliação histológica das feridas dos animais sacrificados no terceiro dia de pósoperatório (Tabela 4), observou-se que as lesões tratadas com a Musa 2 apresentaram melhor aspecto nos cortes histológicos. Com relação aos grupos controle positivo e negativo, a lanolina / vaselina cicatrizou melhor que o dexpantenol, inclusive com 100% das feridas com fibras colágenas com escore discreto. A rede de fibrina estava presente em todos os grupos, destacando-se os tratados com a Musa 4 e o Dexpantenol (controle positivo) que apareceu em 100% das lesões. A fibrina é formada por uma série de complexas reações bioquímicas de proteínas plasmáticas solúveis, chamadas fatores de coagulação, que vão se associando aos vasos sanguíneos injuriados e às plaquetas para promover hemostasia. Após a formação da rede de fibrina, ocorre uma vasodilatação que aumenta o fluxo sanguíneo local, além de uma marginação leucocitária caracterizada como infiltrado inflamatório11. Assim, quanto à presença de hemorragia os grupos experimentais apresentaram melhor desempenho comparado ao grupo controle positivo e com relação à presença de infiltrado inflamatório, 66,7% dos ratos tiveram escore discreto e 33,3%, escore moderado, diferente dos tratados com a pomada base que apresentaram escore moderado em todos os animais. 63 Comparando os achados histológicos com a avaliação macroscópica do subgrupo 1, verifica-se uma compatibilidade dos parâmetros analisados com o período da cicatrização. As fibras colágenas estão presentes em apenas uma das lesões do grupo tratado com a Musa 4 e com o dexpantenol e em todas as lesões tratadas com a lanolina e vaselina, demonstrando um avanço da cicatrização para a fase proliferativa nestes animais. Tabela 4 – Avaliação microscópica das lesões no D3 comparando os grupos e as intensidades dos achados. Maceió, 2012. Ausente Musa 2 Musa 4 Dexpantenol Lanolina / Vaselina Fibrina Hemorragia Hiperemia Infiltrado Inflamatório Grau de Proliferação Vascular Células PMN e mononucleares Fibroblastos Fibras colágenas Fibrina Hemorragia Hiperemia Infiltrado Inflamatório Grau de Proliferação Vascular Células PMN e mononucleares Fibroblastos Fibras colágenas Fibrina Hemorragia Hiperemia Infiltrado Inflamatório Grau de Proliferação Vascular Células PMN e mononucleares Fibroblastos Fibras colágenas Fibrina Hemorragia Hiperemia Infiltrado Inflamatório Grau de Proliferação Vascular Células PMN e mononucleares Fibroblastos Fibras colágenas 33,3 100 Escores (%) Discreto Moderado 33,3 100 33,3 66,7 33,3 66,7 33,3 66,7 66,7 33,3 66,7 33,3 33,3 100 33,3 66,7 66,7 66,7 33,3 66,7 66,7 33,3 33,3 66,7 33,3 Fonte: Autor, 2012 33,3 66,7 66,7 66,7 66,7 66,7 33,3 66,7 33,3 66,7 66,7 66,7 100 100 33,3 66,7 33,3 33,3 100 33,3 33,3 33,3 33,3 33,3 33,3 33,3 33,3 33,3 100 33,3 100 33,3 Acentuado 64 5.4.3.2 Segunda biópsia As lesões retiradas no sétimo dia de pós-operatório foram analisadas com os mesmos parâmetros. Espera-se nesta etapa, apesar de não estar totalmente na fase reconstrutiva, uma maior proliferação de fibroblastos e vascular, bem como a produção de fibras colágenas. Após a “limpeza” feita pelos leucócitos, ocorre migração de células endoteliais da periferia para o centro da ferida, observando hiperplasia endotelial. Essa proliferação celular forma o tecido de granulação, proporcionando uma fina cobertura sobre a pele11. Observando a tabela 5 verifica-se que todos os tratamentos mostram sinais de cicatrização adequados, Neste subgrupo as feridas tratadas com os extratos aquosos da bananeira mostraram avanço cicatricial, sendo mais acentuado na Musa 4, embora a lanolina e vaselina também tenha apresentado bom desempenho. Todas as feridas tratadas com a Musa 2 tiveram fibroblastos com escore discreto e 66,7% das lesões apresentaram infiltrado inflamatório, grau de proliferação vascular e células PMN e mononucleares com escore moderado, ressalta-se a presença de reepitelização parcial e hiperplasia epitelial em 33,3% dos animais. A Musa 4 teve 100% das feridas ainda com hemorragia e hiperemia, entretanto 66,7% apresentaram infiltrado inflamatório acentuado enquanto que o dexpantenol só 33,3% de infiltrado inflamatório em cada escore e 66,7% de fibroblastos e fibras colágenas de forma discreta. O grupo tratado com lanolina e vaselina apresentou hiperplasia epitelial discreta e fibroblastos moderado (66,7%), bem como 33,3% de reepitelização total e fibras colágenas, mostrando um avanço mais expressivo da cicatrização neste subgrupo. Comparando com os achados macroscópicos, todas as feridas já apresentavam crostas parciais ou totais, ocorrendo o fechamento da lesão na fase proliferativa. Nesta fase dá-se a reepitelização, que se inicia horas após a lesão, com a movimentação das células epiteliais vindas das margens como de apêndices epidérmicos localizados no centro da lesão; o tecido de granulação composto por fibroplasia e angiogênese ocupam o tecido lesionado cerca de quatro dias após a lesão. “Os fibroblastos produzem a nova matriz extracelular necessária ao crescimento celular enquanto os novos vasos sanguíneos carreiam oxigênio e nutrientes necessários ao metabolismo celular local”118:2009. 65 Tabela 5 – Avaliação microscópica das lesões no D7 comparando os grupos e as intensidades dos achados. Maceió, 2012. Ausente Musa 2 Musa 4 Dexpantenol Lanolina / Vaselina Fibrina Hemorragia Hiperemia Infiltrado Inflamatório Grau de Proliferação Vascular Células PMN e mononucleares Fibroblastos Hiperplasia epitelial Reepitelização Fibras colágenas Fibrina Hemorragia Hiperemia Infiltrado Inflamatório Grau de Proliferação Vascular Células PMN e mononucleares Fibroblastos Hiperplasia epitelial Reepitelização Fibras colágenas Fibrina Hemorragia Hiperemia Infiltrado Inflamatório Grau de Proliferação Vascular Células PMN e mononucleares Fibroblastos Hiperplasia epitelial Reepitelização Fibras colágenas Fibrina Hemorragia Hiperemia Infiltrado Inflamatório Grau de Proliferação Vascular Células PMN e mononucleares Fibroblastos Hiperplasia epitelial Reepitelização Fibras colágenas 66,7 66,7 100 Escores (%) Discreto Moderado 66,7 66,7 66,7 33,3 33,3 33,3 100 33,3 33,3(parcial) 33,3 33,3 33,3 66,7 66,7 66,7 33,3 66,7 100 100 33,3 33,3 66,7 33,3 66,7 66,7 33,3 33,3 33,3 33,3 33,3 33,3 33,3 100 100 33,3 33,3 33,3 33,3 100 100 33,3 33,3 Acentuado 33,3 33,3 100 66,7 33,3 33,3 33,3 66,7 33,3 66,7 33,3 66,7 66,7 100 66,7 33,3 100 33,3 66,7 66,7 Fonte: Autor, 2012 100 33,3 66,7 66,7 33,3(total) 33,3 66 5.4.3.3 Terceira biópsia Os animais deste subgrupo foram tratados por 15 dias, fazendo maior percurso da cicatrização. Macroscopicamente as lesões foram pequenas e sem diferença significativa, com área entre 0,5 e 0,8 cm2. Não apresentavam características da fase de remodelagem, possuindo ainda crostas totais ou parciais, embora menos espessas. Comparando esses dados com as características histológicos das feridas confirmamos o aspecto encontrado e a redução da área da ferida é justificável. Nesta fase da proliferação ocorre a formação de tecido de granulação. As principais células desta fase são os fibroblastos e as células endoteliais. Os fibroblastos dos tecidos vizinhos migram para a ferida, porém precisam ser ativados para sair de seu estado de quiescência por fatores de crescimento114. De acordo com a Tabela 6, os tratamentos com os extratos aquosos da espécie estudada agiram melhor nas feridas quando comparado com o dexpantenol, apesar de ter grau de proliferação vascular acentuada em 66,7% dos ratos. A Musa 2 compara-se ao controle positivo com relação a presença de fibras colágenas com escore discreto em 66,7% das feridas e supera-o ao apresentar 33,3% de hiperplasia epitelial e angiogênese acentuada, além de reepitelização parcial. Já os fibroblastos apareceram em 66,7% das feridas com escore moderado. A Musa 4 apresentou 100% das lesões com infiltrado inflamatório, células PMN e mononucleares e fibras colágenas com escore discreto, além de fibroblastos com escore moderado. A hiperplasia epitelial apareceu em 33,3% dos animais semelhante ao achado nas lesões tratadas com lanolina / vaselina. Há estudo sobre a utilização da casca e das folhas da bananeira para melhorar a epitelização e aliviar a dor no tratamento de feridas crônicas, comprovando seu potencial cicatrizante 47,119. Pesquisa sobre o uso de Musa sapientum var. paradisíaca baseou-se na premissa de que, uma vez que a planta tem uma ação de cura quando usada para tratar úlceras gástricas, poderia também ser usada para tratar feridas da pele. Utilizou-se técnicas que permitiram a avaliação da contração da área da superfície da cicatriz e o tempo de epitelização e suas propriedades antioxidantes. Os ratos foram tratados com extrato aquoso e alcoólico de M. sapientum var. paradisíaca por um período de 21 dias. Os resultados foram satisfatórios em relação às propriedades dos extratos, frente à ação cicatrizante, bem como no presente estudo46. 67 Tabela 6 – Avaliação microscópica das lesões no D14 comparando os grupos e as intensidades dos achados. Maceió, 2012. Ausente Musa 2 Musa 4 Dexpantenol Lanolina / Vaselina Fibrina Hemorragia Hiperemia Infiltrado Inflamatório Grau de Proliferação Vascular Células PMN e mononucleares Fibroblastos Hiperplasia epitelial Reepitelização Fibras colágenas Fibrina Hemorragia Hiperemia Infiltrado Inflamatório Grau de Proliferação Vascular Células PMN e mononucleares Fibroblastos Hiperplasia epitelial Reepitelização Fibras colágenas Fibrina Hemorragia Hiperemia Infiltrado Inflamatório Grau de Proliferação Vascular Células PMN e mononucleares Fibroblastos Hiperplasia epitelial Reepitelização Fibras colágenas Fibrina Hemorragia Hiperemia Infiltrado Inflamatório Grau de Proliferação Vascular Células PMN e mononucleares Fibroblastos Hiperplasia epitelial Reepitelização Fibras colágenas 66,7 66,7 33,3 33,3 Escores (%) Discreto Moderado 100 33,3 66,7 33,3 66,7 66,7 33,3 Acentuado 33,3 66,7 33,3 33,3 66,7 33,3 66,7(parcial) 66,7 100 100 100 100 66,7 100 33,3 100 66,7 100 33,3 100 33,3 66,7 66,7 66,7 33,3 33,3 66,7 33,3 33,3 33,3 33,3 100 100 66,7 66,7 100 66,7 66,7 33,3 Fonte: Autor, 2012 66,7 66,7 33,3 66,7 33,3 33,3 33,3(parcial) 66,7 33,3 33,3 33,3 33,3 66,7 33,3 68 A Figura 23 mostra a progressão do processo cicatricial da ferida tratada com a Musa 2 (Grupo Experimental 01). O extrato aquoso da folha da bananeira apresentou processo de cicatrização acelerado e mais organizado quando comparado aos demais grupos, visto que já apresentou hiperplasia epitelial (4 – G), reepitelização parcial (4 – F) e proliferação fibroblástica (5 – H) no D7, além de presença de fibras colágenas (9 – M) e hiperplasia epitelial acentuada no D14 (6 – I). Figura 23 – Fotomicrografias das lesões do Grupo Experimental 01 (Musa 2) com progressão da cicatrização de acordo com o dia de biópsia (D3 – 1 a 3 / D7 – 4 e 5 / D14 – 6 a 9). 1 – A: angiogênese, 1 – B: hiperemia e aumento do fluxo sanguíneo, 2 – C: infiltrado inflamatório, 2 – D: rede de fibrina, 3 – E: proliferação fibroblástica, 4 – F: reepitelização parcial, 4 – G: hiperplasia epitelial, 5 – H: proliferação fibroblástica (reforço da cicatriz), 6 – I: hiperplasia epitelial acentuada, 7 – J: Fibrina, 7 – K: infiltrado inflamatório, 8 – L: neoformação vascular intensa, 9 – M: fibras colágenas. Coloração HE, aumento 4X e 10X nas fotomicrografias 3 e 5. 1 2 3 4 5 6 7 8 Fonte: Autor, 2012 9 69 6 CONCLUSÃO 70 Pesquisas envolvendo plantas medicinais são imprescindíveis para contribuir em novas formas terapêuticas, principalmente na assistência de enfermagem no tratamento de feridas. O enfermeiro tem papel relevante na busca de outras maneiras de cuidar, interagindo de forma multiprofissional na investigação de possíveis fitoterápicos e aprimorando o conhecimento científico, a fim de promover a melhoria do cuidado ao paciente. A pesquisa experimental vem como desafio nesta iniciativa, mas ainda tem sido utilizada timidamente por esta categoria. Todas as técnicas descritas neste estudo já são utilizadas nos laboratórios em que se realizaram os experimentos, entretanto esta pesquisa teve complexidade metodológica. Durante os testes ocorreram percalços, o que permitiu contribuir para o aperfeiçoamento das técnicas e a adaptação de protocolos, bem como novos direcionamentos na execução de outros ensaios. • Os quatro extratos vegetais da espécie estudada não apresentaram atividade antimicrobiana contra a bactéria Gram-positiva Staphylococcus aureus, às Gram-negativas Pseudomonas aeruginosa e Escherichia coli e ao fungo Candida albicans pelos métodos de difusão em disco e perfuração em ágar. • A não inibição antimicrobiana da Musa paradisíaca L., sugere a realização de novos estudos com o intuito de testar essa planta contra outras espécies de bactérias e fungos, podendo também ser utilizadas outras formas de extração das substâncias ativas e outras partes da planta (casca do pseudocaule, raiz, fruto e seiva). • Na avaliação da viabilidade celular pelo método MTT, verificou-se que não houve toxicidade estatisticamente significativa em todos os extratos na concentração de 200 µg/mL. Na concentração de 100 µg/mL os extratos Musa 1, 2 e 3 também não apresentaram toxicidade. Os extratos Musa 1 e 4 nas concentração de 1000 µg/mL e as Musas 2 e 3 na concentração de 2000 µg/mL também não induziram toxicidade celular em macrófagos da linhagem J774. • Devido à diversidade de atuação dos extratos nas diferentes concentrações, sugere-se utilizar a concentração de 200 µg/mL em todos os testes utilizados tanto in vitro como in vivo, a fim de garantir a possível ação terapêutica sem causar toxicidade. • Todos os extratos trabalhados não apresentaram atividade anti-inflamatória tópica de acordo com o teste de edema de orelha induzido por capsaicina, a Musa 1 inibiu apenas 23,26% do edema, enquanto que a Musa 4 inibiu apenas 1,35%. As Musas 2 e 3 não inibiram o edema. 71 • Com relação ao potencial cicatrizante, todos os tratamentos utilizados, inclusive os extratos aquosos da Musa paradisíaca L. apresentaram características semelhantes nas fases da cicatrização com os grupos controle, mesmo com escores diferenciados. • Analisando macroscopicamente, a Musa 2 conferiu área da lesão menor se comparada com os demais grupos, embora a diferença não seja significativa entre as áreas calculadas. Houve uma variação de 0,1 a 0,2 cm2 entre os tamanhos das lesões e a maioria das feridas apresentaram crosta total ou parcial ao final do experimento. Os achados macroscópicos observados neste estudo foram compatíveis com os analisados histologicamente. • Na análise microscópica das feridas, apesar de terem escores diferenciados a depender do subgrupo da biópsia pertencente, as lesões tiveram aspectos semelhantes de modo geral. O extrato aquoso da folha da bananeira (Musa 2) apresentou processo de cicatrização acelerado e mais organizado quando comparado ao demais grupos. • A Musa 4 também teve desempenho satisfatório. Apesar de um dos animais tratado com a lanolina / vaselina apresentar reepitelização parcial no D14, de modo geral o pseudocaule da bananeira superou-a, levando em consideração os demais parâmetros. O dexpantenol foi a pomada cicatrizante padrão, utilizada como controle positivo, entretanto neste experimento as outras substâncias superaram sua ação. Com este estudo, deseja-se contribuir para a ampliação do conhecimento a respeito do não potencial antimicrobiano e antiedematogênico, da concentração ideal utilizada pelos extratos que permitem viabilidade celular, bem como do potencial cicatrizante existente nos extratos aquosos da espécie estudada. Para isso, a divulgação dos resultados deste estudo em periódicos científicos de grande circulação no meio acadêmico faz-se necessária. 72 REFERÊNCIAS 73 1. Maciel MAM, Pinto AC, Veiga Jr VF. Plantas Medicinais: a Necessidade de Estudos Multidisciplinares. Quim. Nova, Vol. 25, No. 3, 429-438, 2002. Available from: http://www.scielo.br/pdf/qn/v25n3/9337.pdf 2. Badke MR, Budó MLD, Silva FM, Ressel LB. Plantas medicinais: o saber sustentado na prática do cotidiano popular. Esc Anna Nery (impr.)2011 jan-mar; 15 (1):132-139. Available from: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414-81452011000100019 3. Loguercio AP, Battistin A, Vargas AC. Atividade antibacteriana de extrato hidroalcóolico de folhas de jambolão (Syzygium cumini (L.) Skells). Ciênc rural [Internet]. 2005 [cited 2012 June 2];35(2):371-76. Available from: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_nlinks&ref=000102&pid=S0102695X200600050000800023&lng=en 4. Brasil. Ministério da Saúde. 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