Selma Regina Axcar Salotti Elaboração e validação do diagnóstico de enfermagem: Proteção ineficaz pelos anexos oculares Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Ciências da Coordenadoria de Controle de Doenças da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo, para obtenção do Título de Mestre em Ciências. São Paulo 2005 Selma Regina Axcar Salotti Elaboração e validação do diagnóstico de enfermagem: Proteção ineficaz pelos anexos oculares Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Ciências da Coordenadoria de Controle de Doenças da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo, para obtenção do Título de Mestre em Ciências. Área de concentração: Saúde Coletiva. Orientador: Prof. Dr. Marcos da Cunha Lopes Virmond São Paulo 2005 DEDICATÓRIA Aos meus filhos, Antonio e Rodrigo, razão da minha vida, pelo incentivo, carinho, paciência, compreensão, nas minhas ausências, amo-os muito. Ao meu marido, Grimaldo, com amor e carinho. Meus pais, Nemer e Carime, responsáveis pela minha existência e formação que, com muito amor me ensinaram a amar, respeitar e ter dignidade. Minha irmã, Leila, pela colaboração neste trabalho. Minha sogra, Itamar que me incentivou durante toda a elaboração deste. AGRADECIMENTOS ESPECIAIS A Deus, por ter iluminado minha vida e meu caminho percorrido até hoje. Ao Dr. Marcos da C. Lopes Virmond, meu orientador, por me aceitar como sua orientanda, nortear a realização deste trabalho com competência para que se concretizasse. À enfermeira Dra. Heloisa Cristina Q.C.P. Guimarães, minha coorientadora, pela dedicação, apoio, carinho, atenção, estímulo, paciência em todos os momentos, principalmente naqueles mais difíceis, e o enriquecimento neste trabalho pelo seu conhecimento e competência. À enfermeira Dra. Vera Regina Maria pela colaboração, apoio, e incentivo durante o trabalho, que muito enriqueceu pelo seu conhecimento. Aos pacientes atendidos no Centro de Prevenção Oftalmológica do Instituto Lauro Souza Lima (ILSL) que foram alvo deste trabalho, pela participação, sem exigências; todo o meu respeito. AGRADECIMENTOS À enfermeira Roseli Marega Oda, Chefe da Seção de Enfermagem Clínica Médica e Cirúrgica, pela colaboração neste trabalho e na Diretoria de Enfermagem, substituindo as minhas ausências. À enfermeira Michela C. G. Pinto pelo apoio e colaboração. À enfermeira e grande amiga, Hannelore Vieth que foi a responsável pela minha escolha e paixão na área da oftalmologia e que, mesmo longe, muito colaborou neste trabalho. A todos os enfermeiros e auxiliares de enfermagem que compõem a minha equipe na Divisão de Enfermagem, aos quais admiro pela dedicação e respeito dispensados. À auxiliar de enfermagem Célia Maria Bueno de Camargo do Centro de Prevenção Oftalmológica (CPO), que não mediu esforços para colaborar durante a execução deste, sempre presente e prestativa, a qual muito admiro. Às secretarias do CPO Shirley e Magda que também ajudaram na etapa final deste. Aos professores doutores do Curso de Mestrado pela amizade e ensinamentos ministrados, em especial Cezira e Ausônia. Aos funcionários da Secretaria da Pós Graduação, Davi e Cida, pela orientação e dedicação. À funcionária Cleide pela colaboração na montagem audio visual. Às bibliotecárias do ILSL, Maria Helena, Maria Goretti, Lucimara, Leninha, Cidinha, que, em todos os momentos me ensinaram e auxiliaram nas referências bibliográficas. À funcionária Telma Amaral, pelo apoio e colaboração. A todas as pessoas que direta ou indiretamente, contribuíram para a concretização deste estudo. Resumo Este estudo teve por objetivo propor o título, definição, características definidoras e fatores relacionados do Diagnóstico de Enfermagem (DE): Proteção ineficaz pelos anexos oculares; validar o título, a definição e as características definidoras. É um estudo descritivo exploratório, realizado no âmbito nacional, desenvolvido em quatro etapas: 1- elaboração do Diagnóstico de Enfermagem; 2- elaboração das definições conceituais e operacionais das características definidoras, identificadas na etapa um; 3Validação de Conteúdo do Diagnóstico de Enfermagem Proteção ineficaz pelos anexos oculares: título, características definidoras e fatores relacionados, método proposto por Fehring (1987); 4- validação das definições conceituais e operacionais das características definidoras. Este diagnóstico tem como definição: diminuição na capacidade de proteger os olhos contra agentes internos e externos; os seguintes fatores relacionados: tratamentos cirúrgicos, terapias medicamentosas, traumatismos, invasão de microorganismos patogênicos, funcionamento alterado dos nervos, músculos e vasos que constituem os anexos oculares; caracterizados por: lagoftalmo, entrópio, ectrópio, triquíase, bleflaroptose, madarose, olho seco, edema, dor, ardor, lacrimejamento, hiperemia e secreção. As definições conceituais e operacionais foram validadas por enfermeiras clinicas e o diagnóstico com a sua estrutura completa foi validado por enfermeiras peritas. Foram feitas propostas de alterações pelas enfermeiras clínicas na definição conceitual e na operacional as quais foram aceitas. Na validação de conteúdo pelas enfermeiras peritas, o qualificador escolhido foi o deficiente; na definição do diagnóstico foi sugerido o acréscimo da palavra ausência e a retirada da palavra internos. Todas as características definidoras atingiram o índice necessário para serem validadas; os fatores relacionados não foram alterados, resultando no DE: Proteção deficiente pelos anexos oculares. Conclui-se que existe a necessidade de outros estudos de validação do diagnóstico proposto, inclusive de validação clínica. Abstract The objective of this study was to suggest the title, definition, defining characteristics and factors related to Nursing Diagnosis (ND): Ineffective protection from the ocular surroundings; validation of the title, of the definition and the defining characteristics. It is a descriptive and exploratory study, realized in all national territory and developed into four steps: 1- elaboration of ND, 2- elaboration of the concepts definitions and operational definitions of the defining characteristics, identified in step 1; 3- validation of the Nursing Diagnosis Content Ineffective Protection from the ocular surroundings: title, defining characteristics and related factors; 4-validation of the concepts definitions and operational definitions of the defining characteristics made by clinical nurses. The ND Ineffective Protection from the ocular surroundings is as follows: decrease in the capacity of protecting the eye from external and internal agents and the following related factors: surgical treatments, therapies using medicine, traumas, invasion of pathologic microorganisms, abnormal nerves functioning, muscles and nerves that are part of the ocular surroundings, characterized as: lagophthalmus, entropion, ectropion, trichiasis, blepharoptosis, madarosis, dry eye, edema,pain,sting, watery eye, hiperemia and secretion. The concepts definitions and operational definitions were validated by clinical nurses and the diagnosis comprising its total structure was validated by expert nurses. Some suggestions of alterations were made by the clinical nurses on the concepts definitions and operational definitions and the alterations were accepted. For the content validation, realized by the expert nurses, the selected term of qualification was the word deficient; for the definition of diagnosis it was suggested the addition of the word absence and the removal of the word internal. All the characteristics reached the necessary index; the related factors were not altered, consequently the ND was: deficient protection from the ocular surroundings. It was concluded that it is necessary to have further studies for the validation of diagnosis proposed, including for clinical validation. Lista de abreviaturas e siglas Centro de Prevenção Oftalmológica – CPO Classificação Internacional para a Prática de Enfermagem - CIPE Conselho Regional de Enfermagem – COREN Content Vality Index - CVI Conselho Federal de Enfermagem – COFEN Diagnóstico de Enfermagem – DE Histórico de Enfermagem – HE Instituto Lauro Souza Lima – ILSL North American Nursing Diagnosis Association – NANDA Nursing Intervention Classification – NIC Nursing Outcomes Classification – NOC Processo de Enfermagem – PE Sistematização Assistência de Enfermagem – SAE Unidades Básicas de Saúde – UBS Validação de Conteúdo Diagnóstico – DCV Lista de Quadros Quadro 1. Percentual de aceite das definições conceituais das características definidoras propostas para o DE Proteção ineficaz pelos anexos oculares avaliadas pelas enfermeiras clínicas. 48 Quadro 2. Distribuição do Índice de Validação de Conteúdo das definições operacionais das características definidoras propostas para o DE Proteção ineficaz avaliadas pelas enfermeiras clínicas. 49 Quadro 3. Distribuição do Índice de Validação de Conteúdo das cinco definições operacionais das características definidoras propostas para o DE Proteção ineficaz que não atingiram o índice proposto reavaliadas pelas enfermeiras clínicas. 49 Índice Resumo Abstract Lista de abreviaturas e siglas Lista de quadros 1. Introdução 13 1.1 Caracterização do problema 13 1.2 Objetivos 17 1.3 Revisão de literatura 19 1.4 Trajetória de Implementação da Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE) no Instituto Lauro de Souza Lima 29 2. Material e método 33 2.1 Tipo de estudo 33 2.2 Campo de estudo 33 2.3 Etapas da pesquisa 33 3. Resultados 41 3.1 Proposta do diagnóstico de enfermagem proteção ineficaz pelos anexos oculares 41 3.2 Definições conceituais e operacionais elaboradas 41 3.3 Validação de conteúdo do DE proposto 47 3.4 Quadros das definições conceituais e operacionais 48 4. Discussão 51 5. Conclusão 55 6. Referências Bibliográficas 58 7. Anexos Um olhar Um olhar pela janela Um olhar pela porta Um olhar pela fresta Um olhar pelos olhos Olhar pelos olhos? Um olhar pelos sentimentos Um olhar pela pele Um olhar pelas emoções Um olhar pelo coração Um olhar pelo coração? O coração olha? O coração vê? O coração sente? O coração se emociona? O coração fala? Nós falamos? Nós olhamos? Nós sentimos? Nós fazemos? Por quem fazemos? Para que fazemos? Há sempre alguém esperando... um olhar uma fala um fazer um carinho um aconchego um sorriso... Ana Lúcia da Silva 13 Introdução 1- Introdução 1.1 -Caracterização do problema Enfermagem, profissão definida como arte e ciência do cuidar. Como arte é expressa por meio de sua criatividade e estilo no delineamento e provisão de cuidados efetivos e satisfatórios; desenvolvimento de habilidades para visualizar modelos válidos de suporte para atingir resultados adequados (Cianciarullo, 2001). Como ciência estuda as reações dos seres humanos e o ambiente. A enfermagem como um campo específico do saber cuidativo responde ao pressuposto: apenas o conhecimento organizado, estruturado, solidado e contextualizado é fonte segura do desenvolvimento de um país e que a partir da prática e do cotidiano dos fazeres, com suas múltiplas fontes de informações, desenvolve novos conhecimentos capazes de serem validados em outros cenários similares (“gente que cuida de gente”). (Cianciarullo,2001). O “saber” nas disciplinas práticas raramente pode ser expresso pelo discurso, mas é experienciado pelos atos e ações das pessoas (Cianciarullo, 2001). Segundo o Conselho Mundial de Enfermeiros, a enfermagem compreende o cuidado autônomo e colaborativo ao indivíduo (de todas as idades), famílias, grupos e comunidade, doente ou sadio em todos os setores de atendimento. Inclui a promoção da saúde, prevenção da doença e o cuidado ao indivíduo doente, incapacitado e morrendo. Advogar, promover ambiente seguro, pesquisar, participar na elaboração de políticas de saúde, sistemas de gerenciamento e ensino, também são atribuições importantes que as enfermeiras devem assumir ( Marin, 2004). O melhor modelo de assistência de enfermagem que as enfermeiras possuem para o desempenho de suas atividades profissionais nos diversos níveis de atenção, é a Sistematização de Assistência de Enfermagem (SAE), que possibilita um maior aproveitamento de recursos e um melhor atendimento das necessidades terapêuticas dos grupos humanos na comunidade. A SAE 14 Introdução deve ser o fio condutor entre a unidade básica e a rede hospitalar, propiciando a documentação e avaliação do custo benefício da promoção da saúde pelo enfermeiro e proporcionando a integração da família, comunidade e sociedade (Cruz,2004). O processo de enfermagem que é a essência da prática, o instrumento que ajuda o enfermeiro a tomar decisões e planejar, com a finalidade de propiciar condições para que o cliente se integre à comunidade; é sistemático, dirigido pela lógica científica, usado para avaliar o estado de saúde do cliente, diagnosticar suas necessidades, elaborar o plano de cuidados, implementar e avaliar sua efetividade”(Maria, Martins, Peixoto, 2003). Este processo, seguramente atende a quatro objetivos: promover a comunicação entre os diversos profissionais; direcionar o cuidado de enfermagem e a respectiva documentação; criar um registro que pode ser usado mais tarde em avaliações, pesquisas, processos éticos, administrativos, civis ou criminais; fornece a documentação sobre as necessidades de atendimento de saúde que servirá para prover políticas públicas(Miranda, 2002). Possibilita a adoção de Classificações de Enfermagem, que estão sendo desenvolvidas, e existem muitas no mundo; as mais conhecidas no Brasil são North American Nursing Diagnosis Association(NANDA), Nursing Intervention Classification(NIC), Nursing Outcomes Classification(NOC), hoje traduzidas para o português, possibilitando o uso por maior número de enfermeiras. As dificuldades na implementação da SAE no ILSL persistem até hoje, pois percebemos que o próprio profissional não valoriza a sua função privativa e não assume a mudança de comportamento necessária para realizála. Esta é uma situação que não ocorre somente nesta instituição, pois este fato já foi relatado por Maria et. al, (1989). Algumas enfermeiras do Instituto venceram estas dificuldades e participam ativamente deste processo. Esta implementação influenciou também as enfermeiras que atuam no Centro de Prevenção Oftalmológica (CPO) do ILSL. Este tem por finalidade atender os pacientes internados, ambulatoriais, asilados e encaminhados de outras instituições, atingidos pela Hanseníase e outras dermatoses. É 15 Introdução considerado Referência Nacional na prevenção de comprometimentos oculares na hanseníase. As enfermeiras são responsáveis pela avaliação clínica dos pacientes (na maioria das vezes, portadores de hanseníase) sendo esta registrada em um instrumento específico e realizada a orientação de prevenção oftalmológica. Com a implementação da SAE na Instituição surgiram questionamentos: - Como organizar os dados coletados na avaliação dos pacientes atendidos no CPO e as intervenções realizadas? Tudo isso parecia muito solto e era necessário um vínculo para o agrupamento. A utilização da Sistematização da Assistência de Enfermagem na Instituição mostrou o caminho a ser seguido. Buscou-se na Classificação de diagnósticos de enfermagem adotada (NANDA) um diagnóstico que agrupasse as características definidoras e fatores relacionados presentes nestes pacientes e não encontramos. A classificação da NANDA tem objetivo de desenvolver uma linguagem padronizada de enfermagem para documentar o pensamento crítico do enfermeiro (NANDA, 2002), e sugere que estes elaborem novos diagnósticos. Enfrentando o desafio de preencher a lacuna identificada, este estudo tem os objetivos a seguir. 16 Objetivos 1.2- Objetivos: -propor o título, definição, características definidoras e fatores relacionados do Diagnóstico de Enfermagem (DE): Proteção ineficaz pelos anexos oculares; -validar o título, a definição e as características definidoras do DE Proteção ineficaz pelos anexos oculares. 17 18 Revisão da literatura 1.3- Revisão de literatura A institucionalização da consulta de enfermagem como um processo da prática, na perspectiva da concretização de um modelo assistencial adequado às condições das necessidades de saúde da população, faz esta ser obrigatoriamente desenvolvida pela enfermagem em todos os níveis de assistência a saúde, seja em instituições públicas ou privadas (COREN, 2001). A Lei do exercício profissional n.7498/86, regulamentada pelo decreto n.94406/87, legitima a consulta de enfermagem e determina como sendo uma atividade privativa do enfermeiro, conforme dispõe a resolução no 159/1993 do Conselho Federal de Enfermagem. O Conselho Regional de Enfermagem (COREN) fiscaliza o comprimento desta lei que utiliza o método científico para identificar situações de saúde/doença, prescrever e implementar medidas de enfermagem que contribuam para a promoção, prevenção, proteção, recuperação da saúde e reabilitação do indivíduo, família e comunidade (COREN,2001). Este órgão também preocupado com a assistência à saúde pública lançou o projeto “Referência e contra referência em enfermagem” que ainda não está totalmente implementado nos hospitais e unidades básicas, tendo como objetivo que os pacientes após alta hospitalar, recebam um plano de alta e sejam acompanhados por equipes de enfermagem das Unidades Básicas de Saúde (UBS) para que se evitem internações, retorne a educação em saúde e a prevenção, trazendo a preocupação com o ser humano de volta ao foco (Farias,2005). A implantação da SAE na saúde coletiva no nível primário evidencia o trabalho do enfermeiro, quando desenvolve as prescrições de promoção da saúde (educação, aconselhamento e exames específicos) e proteção específica (imunizações e proteção contra acidentes); no secundário ao prevenir doenças e no terciário cuidados altamente especializados, complexos ou incomuns, estruturados na elaboração dos diagnósticos de enfermagem, proposta de resultados esperados, estabelecimento intervenções/prescrições, e avaliação dos resultados alcançados. O que irá 19 de Revisão da literatura alavancar a implantação é a possibilidade de maior controle do consumo de recursos materiais e humanos para poder dar uma melhor definição aos custos hospitalares e aos benefícios resultantes da implementação do processo de trabalho sistematizado do enfermeiro (Cruz,2004). No mundo da assistência à saúde de hoje em que múltiplos sistemas devem comunicar-se através de barreiras de espaço, tempo e tecnologia, as enfermeiras precisam utilizar uma linguagem padronizada para representar os diagnósticos, as intervenções e os resultados de enfermagem, pois, sem ela, nossa profissão não pode aumentar a sua capacidade de articular suas contribuições para uma assistência eficaz quanto ao custo e de qualidade (NANDA,2002). A linguagem padronizada auxilia na criação das bases de dados viabilizando a recuperação do dado e da informação para sustentar os mecanismos de avaliação do cuidado. O uso de terminologias representa também uma tentativa de reduzir o nível de ambigüidade na comunicação do dado, uma vez que ações baseadas em dados podem ser mais consistentes (Marin,2004). As teorias de enfermagem desde os tempos remotos têm sua origem no modelo biomédico, por ser hegemônico e imposto como tal na área da saúde. Este modelo se baseia em conceitos originários da física newtoniana e da filosofia cartesiana, com visão reducionista (conhecimento depende da compreensão do funcionamento microscópico da matéria e dos microorganismos) e mecanicista (corpo humano funciona numa relação linear de causa e efeito, vendo o ser humano como um sistema complexo, subdividido em subsistemas ou compartimentos que podem ser estudados separadamente de forma isolada e estanque sem estarem interligados), para explicar os sistemas biológicos e o ser humano. O enfoque principal deste modelo é a doença e a busca de sua etiologia. Sua influência na enfermagem é sólida e muitas vezes aprende-se a cuidar com base na doença, priorizando a abordagem reducionista em detrimento Peixoto,2003). 20 da holística (Maria, Martins, Revisão da literatura Os focos da prática de enfermagem transcendem o modelo biomédico, por utilizar uma visão abrangente do ser humano, resultando no equilíbrio natural entre corpo, mente, espírito e ambiente. Na prática isto reflete as enfermeiras atenção com o que se passa na cabeça e no coração do paciente valorizando não só o que o incomoda fisicamente, mas os aspectos espirituais, emocionais e sociais que estão intimamente ligados com a recuperação da saúde, tornando a assistência individualizada e humanizada (Maria, Martins, Peixoto,2003). O COFEN determina que a consulta de enfermagem deve conter Histórico (entrevista e exame físico), diagnóstico, prescrição e evolução, fases estas de uma assistência sistematizada de enfermagem (COREN, 2001). Um bom planejamento da assistência de enfermagem começa com uma boa coleta de dados e esta é realizada pelo enfermeiro através do histórico (entrevista e exame físico), o que permite uma maior abrangência do indivíduo, visando atingir o holismo, que sabemos, é um desafio para as enfermeiras (Guimarães,Gavioli, 2004). A ênfase dada à entrevista realizada pelo enfermeiro tem como objetivo estabelecer contato, ou seja, desenvolver um relacionamento caracterizado pela confiança mútua, além de levantar dados importantes que irão nortear a assistência de enfermagem. Caso isto não se concretize esta passa a ser somente uma coleta de dados, em que qualquer pessoa poderá fazê-la (Barros, 2002). Durante esta, o enfermeiro deve estar atento e anotar também as atitudes não verbais do paciente, pois isto trará subsídios importantes na escolha das atividades de enfermagem que serão propostas, proporcionando uma abordagem mais ampla. O exame físico é o método objetivo de coleta de dados utilizando as técnicas propedêuticas de inspeção, palpação, percussão e ausculta. Após a coleta de dados o enfermeiro elabora o diagnóstico de enfermagem, segunda fase da SAE. As profissões da saúde abordam diferentes problemas dos pacientes. O médico focaliza a presença, ausência e o significado dos sinais e sintomas clínicos da doença; a medicina focaliza a doença em um indivíduo 21 Revisão da literatura procurando identificar a maneira de manifestação desta. Já a enfermagem focaliza o indivíduo com um problema de saúde, dando ênfase às respostas do mesmo. O enfermeiro avaliando este mesmo paciente procura saber como a doença afeta o desempenho de sua vida e de suas atividades usuais. O foco de enfermagem está nas mudanças que ocorrem ou são necessárias no estilo de vida ou nas atividades da vida diária do paciente (Farias, 1990). O diagnóstico de enfermagem é definido pela North American Nursing Diagnosis Association como: “o julgamento clínico das respostas humanas do indivíduo, família e comunidade aos processos vitais ou problemas atuais ou potenciais”, os quais fornecem a base para a seleção das intervenções de enfermagem, para atingir resultados, pelos quais o enfermeiro é responsável (NANDA, 2000;2002, 2005). A organização dos diagnósticos de enfermagem da NANDA evoluiu de uma lista de ordem alfabética, para um sistema conceptual que direciona a classificação dos diagnósticos em uma taxonomia. Após a conferência bienal de abril de 1994, o Comitê reuniu-se para inserir os novos diagnósticos recém aprovados na estrutura revisada da Taxonomia I. Este Comitê percebeu que uma nova estrutura taxonômica poderia ser viável, e nas conferências subseqüentes foram discutidos os métodos de escolha para uma nova taxonomia dando origem a Taxonomia II em 2000 (NANDA, 2002). A utilização de uma Classificação de Diagnóstico de Enfermagem Americana reflete a necessidade de validar diagnósticos de enfermagem, devido às diferenças que permeiam as populações mundiais. Validação, segundo Coler (1992), é o grau no qual alguma coisa mede o que ela deve medir e que, neste contexto, todos os componentes do sistema diagnóstico da NANDA poderiam ser validados. Ela também diz que a cultura do Brasil é tão diferente da norte-americana, que algumas características definidoras poderiam ser diferentes entre os dois países. McKeighen, Fann, Dickel (1990) referem que “a validade dos diagnósticos deve ser estabelecida através de uma população de pacientes, dentro de vários ambientes da prática, em diferentes grupos de idade, étnicos e culturais”. 22 Revisão da literatura Fehring (1987) cita a edição do College de Webster's New Word, dicionário da língua americana, que refere que alguma coisa é válida quando ela é baseada nos princípios e evidências, e torna-se capaz de resistir à crítica. Um diagnóstico de enfermagem validado é aquele que é bem fundamentado na evidência e é capaz de resistir à crítica do profissional enfermeiro. Para que se possa afirmar que um diagnóstico de enfermagem é válido, ele deve passar por um processo em que se conclua se as características que o definem são autênticas representações do que é encontrado na prática clínica. Garcia (1998). A validade do conteúdo é uma etapa essencial no desenvolvimento de novas medições empíricas, pois ela representa um mecanismo inicial para se conectar conceitos abstratos com indicadores observáveis e mensuráveis (Wynd,Schmidt , Schaefer 2003). Fehring (1994) descreve os seguintes modelos de validação: -Validação clínica - baseada na obtenção de evidências para a existência de um dado diagnóstico na situação clínica real, utilizando-se uma abordagem de observação clínica. -Validação correlacional etiológica - que exige a quantificação e mensuração dos diagnósticos de enfermagem e etiologias propostas. -Validação de Conteúdo Diagnóstico (DCV) - que se baseia na opinião de peritas sobre o grau pelo qual cada característica definidora é indicativa de um dado diagnóstico. Gordon (1994), refere que a validação pode ser interna ou externa: a validação interna é aquela em que as características definidoras representam autenticamente a prática clínica (o diagnóstico de enfermagem é válido para um paciente individual). A validação externa é assim classificada quando uma característica definidora é usada para diagnosticar uma condição através de vários grupos de doentes (generalização clínica). Para Rios (1991), “o processo de validação dos diagnósticos é fundamental para a prática do enfermeiro, pois este procedimento facilita o desenvolvimento do conhecimento necessário para que este profissional possa, efetiva e eficientemente, usar os diagnósticos de enfermagem”. 23 Revisão da literatura Existem vários autores que em seus artigos enfocam a necessidade da validação do diagnóstico de enfermagem como: Fehring, (1987); Levin, (1989); Gordon, (1989, 1990); Coler, (1992); Cruz, (1995); Guimarães, (1996); Nóbrega, Coler,(1997); Bersusa,(1998); Garcia (1998); Martins,Barros,Gutierrez (1999); Silva,(2003). Bersusa (1998), Boery (2002), Nakamura (2003) entre outros definiram operacionalmente as características dos diagnósticos de enfermagem na buscando minimizar erros e dar objetividade maior a mensuração dos dados. Grant, Kinney (1991), relatam que a definição operacional é um componente essencial nas pesquisas sobre diagnósticos de enfermagem porque preenche uma lacuna entre a observação e a investigação científica. Esta descreve o que será mensurado e como pode ser a mensuração, atribui significado prático às definições conceituais, especificando as atividades e procedimentos necessários para se avaliar as características definidoras. Elas servem para: aumentar a confiabilidade e validade dos dados, facilitar a replicação da pesquisa, aumentar a habilidade do pesquisador em relacionar achados aos estudos anteriores e para indicar os critérios para a avaliação das intervenções de enfermagem, ao proceder a evolução do paciente. Polit, Beck, Hungler (2004), relata que definição operacional de um conceito específica às operações que o pesquisador deve realizar para coletar a informação exigida. As definições conceituais são as definições teóricas e descrevem sucintamente, segundo o aspectos modelo fisiopatológicos biomédico (Boery, das características 2002), e ainda definidoras, os aspectos psicossocioespirituais. O diagnóstico de enfermagem é a segunda fase do processo e fornece subsídios para a elaboração de intervenções que minimizem ou solucionem as características definidoras e os fatores relacionados/riscos. Embora exista uma variedade de termos para descrever a fase de tratamento no processo de enfermagem, observa-se que têm sido usados: intervenção, plano de cuidados, prescrição, ação, atividade, tratamento, 24 Revisão da literatura terapêutica, ordem e implementação, ora de forma similar e outras vezes para indicar algumas diferenças . Isto demonstra a necessidade de adotar uma classificação também para a tomada de decisão da enfermeira. Horta (1979), utilizou os termos plano de cuidados ou prescrição de enfermagem, definiu como “a implementação do plano assistencial pelo roteiro diário (ou período aprazado), que coordena a ação da equipe de enfermagem na execução dos cuidados adequados ao atendimento das necessidades básicas e específicas do ser humano”. Durante muitos anos, esta tem sido a nomenclatura mais utilizada no Brasil; isto foi reforçado pelo Conselho Federal de Enfermagem, que estabeleceu, na Lei do Exercício Profissional de Enfermagem (BRASIL, 1986) prescrição de enfermagem como atividade privativa do enfermeiro. Ferreira (1998) define: ação como sendo o “ato ou efeito de atuar, manifestação de uma força energia, de um agente”; atividade “qualidade ou estado de ativo, qualquer ação ou trabalho específico”; tratamento “ato ou efeito de tratar, trato, acolhimento, recepção”; terapêutica é a “parte da medicina que estuda e põe em prática os meios adequados para aliviar ou curar os doentes, terapia”; ordem é descrita como a “disposição conveniente dos meios para se obterem os fins”; e implementação é definida como o “ato ou efeito de implementar, levar a prática por meio de procedência”. O termo intervenção de enfermagem é definido na CIPE - Versão Alfa como “a ação realizada em resposta aos fenômenos diagnosticados pelas enfermeiras”. Para fins da CIPE, este termo abrange toda a diversidade de atividades de enfermagem (cognitiva, afetiva e psicomotora), incluindo a promoção da saúde, a prevenção de enfermidades, a restauração da saúde e o alívio do sofrimento ( ICN, 1996). Na Versão Beta e Beta2, a definição de intervenção de enfermagem foi modificada, passando a ser “a ação realizada em resposta a um diagnóstico de enfermagem, visando à obtenção de um resultado de enfermagem”( ICN, 1998; 2002). Na Nursing Intervention Classification (NIC), intervenção de enfermagem é definida como qualquer tratamento, que tenha por base o 25 Revisão da literatura julgamento clínico e o conhecimento, que o enfermeiro realiza para alcançar os resultados para o paciente. As intervenções de enfermagem incluem o cuidado direto e o indireto, os tratamentos iniciados pelo enfermeiro, pelo médico ou por outros provedores (McCloskey , Bulechek; 1996; 2000). A intervenção de cuidado direto é um tratamento realizado através da interação com o paciente e são ações de enfermagem fisiológicas e psicossociais, que incluem as práticas de apoio e aconselhamento. Uma intervenção de cuidado indireto é o tratamento realizado longe do paciente, mas em seu benefício ou de um grupo. São exemplos as ações de enfermagem, voltadas ao controle do ambiente de cuidados do paciente e colaboração interdisciplinar. Estas ações dão suporte à eficácia das intervenções de enfermagem com cuidados diretos. Intervenções de cuidados na comunidade (Saúde Pública) têm como alvo promover e conservar a saúde das populações; enfatizam a promoção e a manutenção da saúde, a prevenção da doença das populações, incluindo estratégias direcionadas a situação política e social em que habitam (McCloskey, Bulechek 1996, 2000). Para as mesmas autoras, as atividades de enfermagem são as ações ou comportamentos específicos que as enfermeiras realizam para implementar uma intervenção e que conduzem os pacientes em direção ao resultado desejado. As atividades de enfermagem são o nível concreto da ação. Uma série de atividades é necessária para implementar uma intervenção. As intervenções devem incluir verbos precisos de ação que reflitam as atividades a serem executadas, definindo quem, o quê, quando, onde, o tempo, a freqüência e a quantidade, além da data e assinatura do enfermeiro que as estabeleceu (Iyer, Taptich, Bernocchi-Losey, 1993). A utilização variada de termos para definir o que, por quê, quando e onde o enfermeiro trata o paciente, traz à tona a necessidade de um consenso, dentro da profissão de enfermagem, sobre as classificações dos diagnósticos, intervenções e resultados de enfermagem, para que os vários elementos da prática de enfermagem sejam documentados e estudados (Guimarães, 2000). A NIC representa uma das mais avançadas propostas em termos de pesquisas sobre intervenções de enfermagem. Em 1996, a NIC era 26 Revisão da literatura apresentada em uma estrutura taxonômica validada e codificada de 433 intervenções, que estão ligadas a 137 diagnósticos de enfermagem da NANDA (McCloskey ,Bulechek,1996 ). Atualmente são 486 intervenções que contém mais de 12000 atividades de enfermagem, ligadas a 167 diagnósticos da NANDA (McCloskey, Bulechek,2000;2004). As ligações entre diagnósticos e intervenções são necessárias por muitas razões: identificar intervenções de enfermagem, que são opções de tratamentos para resolução de um diagnóstico de enfermagem; facilitar o raciocínio diagnóstico e a tomada de decisão clínica; ajudar as enfermeiras a se familiarizarem com a linguagem da NIC, facilitar seu uso na prática, na educação e na pesquisa; oferecer uma estrutura inicial para uma base de dados de um sistema de informações clínicas de enfermagem; e possibilitar o teste em campo e validação das ligações (McCloskey, Bulechek; 1996). A evolução de enfermagem é o registro realizado após a avaliação do estado geral do paciente, com o objetivo de nortear o planejamento da assistência a ser prestada e informar o resultado das condutas de enfermagem implementadas (Cianciarullo, 2001). É a análise das respostas dos pacientes frente às prescrições de enfermagem a cada vinte e quatro horas (Maria, et. al, 1989), no caso de pacientes internados, cujo estado pode se modificar neste período de tempo. Outra definição de evolução de enfermagem é o relato diário das mudanças sucessivas que ocorrem no ser humano enquanto estiver sob a assistência profissional. É, em síntese uma avaliação global da prescrição de enfermagem implementada (Horta, 1979). A evolução de enfermagem representa o relato das alterações apresentadas pelo paciente como resultado do planejamento da assistência de enfermagem prescrita (Oliveira, 1995). A fundamentação para a evolução de enfermagem está diretamente relacionada ao conhecimento cognitivo da patologia, às condições gerais do paciente e aos processos cuidativos, bem como a experiência do enfermeiro. Nesse contexto, quanto mais o enfermeiro estiver instrumentalizado, maior será 27 Revisão da literatura sua habilidade em evoluir e solucionar os problemas (Iyer, Taptich, BernocchiLosey,1993). 28 Trajetória de implementação 1.4- Trajetória de implementação da Sistematização da Assistência de Enfermagem( SAE) no Instituto Lauro de Souza Lima( ILSL) Em 1997, como em muitas instituições que prestam assistência de enfermagem, a Diretoria da Divisão de Enfermagem do Instituto Lauro de Souza Lima (ILSL) se propôs a adotar um método para o planejamento da assistência. A partir desta data foi implementado o Processo de Enfermagem(PE), iniciado com Histórico de enfermagem aos pacientes do ambulatório de dermatologia com diagnóstico de Hanseníase e na clínica dermatológica masculina com: exame físico, prescrição de enfermagem e evolução em impresso próprio, por um período de trinta dias. Esta proposta foi muito centrada no modelo biomédico, já que o grupo de escolha inicial foi selecionado pela doença, no caso a Hanseníase, por demandar maior número de pacientes internados. Os históricos de enfermagem eram guardados em uma pasta, na clínica dermatológica masculina e não eram utilizados para elaborar as prescrições de enfermagem sendo separados dos impressos da prescrição e evolução de enfermagem dos pacientes. As enfermeiras tinham muitas dificuldades em elaborar os cuidados, ou seja colocar no papel, de forma ordenada e aprazada as prescrições/, atividades principalmente as mais específicas como lubrificação, hidratação da pele; quantas vezes? O que seria melhor para cada caso, óleo ou creme para um resultado bom? Quais 29 exercícios indicar para fortalecimento da musculatura? Enfim, faltava conhecimento teórico para poder prescrever ao pacientes com segurança. Sendo assim, após o período estabelecido de experiência esta metodologia de assistência não foi levada adiante, devido à falta de conscientização dos profissionais enfermeiras quanto a importância do processo de enfermagem para sua autonomia, bem como a deficiência no conhecimento técnico-científico sendo estes fatores limitantes para a implementação do processo. Em 2000, com a transferência de uma enfermeira pesquisadora científica para o Instituto Lauro de Souza Lima, foi iniciado um curso preparatório sobre a SAE para as enfermeiras desta instituição e também identificada à necessidade de elaborar um Histórico de Enfermagem (HE) o que foi realizado pelas enfermeiras. Em 2001 a Sistematização da Assistência de Enfermagem foi implementada no Instituto Lauro de Souza Lima (ILSL) com as fases: Histórico, Diagnósticos, Prescrição/Intervenção, Evolução de Enfermagem na clínica dermatológica masculina. A extensão desta para as outras unidades de internação aconteceu em 2002 e 2003. Os pacientes nesta Instituição são internados por meio dos ambulatórios de: dermatologia, reabilitação e oftalmologia. As enfermeiras destes locais são os responsáveis pela elaboração dos históricos de enfermagem e as enfermeiras das unidades de internação elaboram as outras fases: diagnóstico, prescrição/ intervenção e a evolução de enfermagem. Sabemos que o DE está diretamente vinculado ao HE, estes 30 Trajetória de implementação não são elaborados pelas enfermeiras que fazem o HE por uma rotina da Instituição. O segundo modelo do histórico de enfermagem utilizado no Instituto Lauro de Souza Lima, ainda refletia um modelo biomédico sob o qual as enfermeiras são formadas; a evolução dos tempos favoreceu a abertura de um leque de conhecimentos que podem e devem ser utilizados na elaboração da assistência de enfermagem. Um grupo de enfermeiras visando minimizar a distância entre uma assistência compartimentada e cumpridora de tarefas e uma assistência mais humana e menos compartimentada, elaborou o atual modelo do HE, embasado na Taxonomia II da Classificação de Diagnósticos da NANDA (Guimarães, Gavioli, 2004), que é uma estrutura projetada de maneira multiaxial, permite maior flexibilidade da nomenclatura, possibilita realizar acréscimos e modificações facilmente. A trajetória de implementação da SAE no ILSL, atravessou muitas dificuldades entre elas a conscientização do profissional enfermeiro da importância do seu papel junto ao paciente, neste período foram realizadas reuniões com leituras de textos para aflorar a necessidade do enfermeiro conhecer o paciente como um todo, ou seja, este não responde apenas fisiopatologicamente, mas também produz respostas emocionais, psicológicas e sociais, devendo o profissional ser capaz de abordar estes aspectos. 31 Trajetória de implementação Após quatro anos com esta experiência as dificuldades ainda existem, pois a mudança de comportamento do profissional exige um tempo próprio de cada um. Apesar disto, existem unidades de internação do ILSL onde o enfermeiro conseguiu resgatar o seu papel. O modelo de assistência utilizado foi elaborado com base na teoria das necessidades humanas básicas, modelo biomédico e na Taxonomia I da NANDA e para mantê-lo atualizado são realizadas visitas clínicas nas unidades de internação, reuniões científicas, participação em simpósios. 32 Material e Método 2- Material e Método 2.1. Tipo de estudo: descritivo exploratório. 2.2. Campo de Estudo: foi realizado no âmbito nacional, pois envolveu profissionais de diferentes regiões brasileiras. 2.3. Etapas da Pesquisa: 2.3.1- Etapa A: Elaboração do Diagnóstico de Enfermagem A experiência no atendimento a pacientes com acometimentos oculares no CPO apoiada no modelo biomédico, gerou preocupações em otimizar a assistência de enfermagem prestada; para isto buscamos referenciais de enfermagem. Houve discussão entre duas enfermeiras, com experiência mínima de 4 anos em oftalmologia e outra Doutora em enfermagem. A primeira discussão foi sobre o DE Percepção Sensorial Perturbada (NANDA, 2002), pois inferimos que este estava presente nos pacientes atendidos no Centro de Prevenção Oftalmológica. Foi realizada a leitura da definição, características definidoras, fatores relacionados e identificado o DE Percepção Sensorial Visual Perturbada; nas características definidoras a distorção visual presente nos pacientes atendidos; o fator relacionado é a percepção sensorial alterada que envolve o processo de aprender a fazer distinções mais precisas e úteis em meio a quantidade de informações recebidas do mundo externo. Para checar se este estava presente, lemos à definição e após muita reflexão concluímos que definia apenas o mecanismo da visão, o que não contemplava a nossa busca. Procuramos em todos os domínios e classes da NANDA e não encontramos um diagnóstico coerente, decidimos elaborar o diagnóstico Disfunção Ocular e assim o fizemos com a sua definição, características definidoras e fatores relacionados. Definição: estado no qual o funcionamento dos nervos, músculos e vasos dos olhos apresentam deficiência. Fatores relacionados: paralisia ou paresia do nervo facial, trigêmio, oculomotor; 33 Material e Método circulação alterada, músculos orbiculares. Caracterizado por: olho seco, inversão palpebral, eversão palpebral, incapacidade de fechar os olhos, cílios invertidos, dor, baixa produção lacrimal, hiperemia, acuidade visual diminuída, miose e midríase. Depois de tudo pronto entendemos que as características e fatores relacionados predominavam para os anexos oculares e não para todos os segmentos do olho como descrito no título. Voltamos para a Taxonomia II da NANDA e percebemos que o que procurávamos estava no Domínio 11, Segurança e Proteção: cuja definição é estar livre de perigo, lesão física ou dano do sistema imunológico, preservação contra perdas e proteção da segurança e seguridade, na classe Lesão Física definida como dano ou ferimento corporal e no conceito diagnóstico Proteção. A nova proposta do título, do DE foi Proteção ineficaz pelos anexos oculares, fatores relacionados e as características definidoras. A identificação das características e fatores relacionados foram elaborados através da vivência clínica da pesquisadora na avaliação dos pacientes durante 20 anos no CPO do ILSL. 2.3.2- Etapa B: Elaboração das definições conceituais e operacionais das características definidoras da etapa A. Realizada através da revisão bibliográfica nas bases de dados Lilacs e Medline dos últimos dez anos (1994 a 2004), utilizando as palavras chaves oftalmologia, enfermagem e exame clínico; foram selecionadas as referências que abordavam as características definidoras elencadas no diagnóstico: incapacidade de fechar os olhos (lagoftalmo), inversão palpebral (entrópio), eversão palpebral (ectrópio), cílios invertidos (triquíase), blefaroptose (queda pálpebra superior), madarose (ausência de supercílios e cílios), olho seco, edema palpebral, dor ocular, ardor, lacrimejamento, hiperemia conjuntival, secreção ocular. A partir das definições conceituais, procuramos aquelas onde a referência destacava a mensurabilidade, clareza, adequação e elaboramos as definições operacionais. 34 Material e Método 2.3.3- Etapa C: Enfermagem Validação de Conteúdo do Diagnóstico de Proteção ineficaz pelos anexos oculares: título, características definidoras e fatores relacionados. 2.3.3.1- Construção do instrumento de coleta de dados: O instrumento foi construído para que as enfermeiras peritas julgassem o diagnóstico nos seguintes aspectos: -quanto a definição do diagnóstico de enfermagem: responder se concorda, concorda parcialmente e discorda, justificando sua resposta quando fizer opção de: concordo parcialmente e discordo. -nos descritores: ineficaz, diminuído e deficiente deverá escolher um que melhor se adequa a este diagnóstico, respondendo sim ou não; se não concordar com os descritores propostos, sugerir. -nas características definidoras escolher numa escala tipo Likert de 1 a 5: 1-absolutamente característico; 2- muito pouco característico,;3- de algum modo característico; 4- consideravelmente característico; 5- muito característico. - responder a questão: Considera que a definição, as características definidoras e os fatores relacionados constituem o diagnóstico de enfermagem Proteção ineficaz pelos anexos oculares? 2.3.3.2- Critérios para seleção de enfermeiras peritas: Fehring (1987) considera peritas as enfermeiras que atingirem um score maior que cinco, seguindo estes critérios: ter grau de mestre em enfermagem (4 pontos), ter grau de mestre com dissertação na área de interesse de diagnóstico (1 ponto), ter pesquisa publicada sobre diagnóstico ou conteúdo relevante (2 pontos), artigo publicado sobre diagnóstico em periódico reconhecido (2 pontos), tese de doutorado sobre diagnóstico de enfermagem (2 pontos), prática atual de no mínimo um ano na área relevante para o diagnóstico de interesse (1 ponto), capacitação (especialização em área relevante do diagnóstico de interesse). 35 Material e Método Estes critérios na especialidade da oftalmologia são difíceis de atingir, pois poucas enfermeiras desta área conhecem e utilizam Classificações de Diagnósticos de Enfermagem; confirmado por meio de contatos estabelecidos com as enfermeiras da Sociedade Brasileira Enfermagem em Oftalmologia (SOBRENO) e um levantamento na Plataforma Lattes de autores de artigos científicos. Desta maneira consideramos peritas as enfermeiras com experiência mínima de 3 anos na prática clínica em oftalmologia e com conhecimento de diagnóstico de enfermagem na sua prática clinica diária (seja assistencial ou docente); desta forma participaram do estudo três enfermeiras, duas com título de Doutor e outra de Mestre. 2.3.3.3- Pré-teste do instrumento: foi realizado por uma enfermeira com experiência clinica de sete anos em oftalmologia e quatro anos de diagnóstico de enfermagem. Foi entregue à mesma, o instrumento constando de título: Proteção ineficaz pelos anexos oculares, definição: diminuição ou ausência na capacidade de proteger os olhos contra agentes internos e externos, os qualificadores ineficaz, diminuído e deficiente; as características definidoras com a escala de 1 a 5 (absolutamente característicos, muito pouco característico, de algum modo característico, consideravelmente característico e muito característico) e uma questão onde responderia se a definição, características definidoras e fatores relacionados constituíam o DE proposto. Esta enfermeira sugeriu: -Definição: acrescentar a palavra ausência e retirar a palavra internos - Qualificador: ineficaz -Características definidoras: todas foram consideradas muito características, com exceção das: olho seco, blefaroptose, lacrimejamento. -Considerou que esta proposta é um diagnóstico de enfermagem 2.3.3.4- Coleta de dados: foram feitos contatos prévios com enfermeiras que atingiam os critérios para serem peritas neste estudo. Foram convidadas três enfermeiras para participarem deste. Enviado por correio a carta convite para participação e o termo de consentimento em duas vias 36 Material e Método ( Anexo I ), o instrumento de avaliação da proposta do diagnóstico Proteção Ineficaz pelos Anexos Oculares por enfermeiras peritas ( Anexo II) solicitando a devolução em quinze dias, no envelope selado que constava do pacote. Os dados foram analisados seguindo o método de validação de diagnóstico de Fehring(1987) nas seguintes etapas: O modelo DCV inclui seis diferentes passos: 1- Enfermeiras peritas atribuem um valor a cada característica definidora do diagnóstico que está sendo testado, em uma escala de um a cinco, em que 1=absolutamente não característico, 2=muito pouco característico, 3- de algum modo característico, 4=consideravelmente característico; 5-muito característico. 2- É opcional visto demandar um tempo considerável, utilizar a Técnica de Delphi, com rodadas repetidas de questionários, para se obter o consenso do grupo de enfermeiras peritas acerca das características do diagnóstico em estudo. 3- Calcula-se a média ponderada das notas atribuídas pelas enfermeiras peritas para cada uma das características definidoras, considerando para este cálculo os seguintes pesos: 1=0; 2=0.25; 3=0.50; 4=0.75; 5=1. 4- Descartam–se as características definidoras com a média ponderada <0.50. Estas são consideradas provisórias até que sejam realizados estudos com amostras mais amplas com enfermeiras clínicas peritas de todo o país, ou até que estudos menores e repetidos corroborem os resultados que se alcançou. 5-Definição das características de acordo com a sua pontuação; sendo assim considera-se: as características definidoras com média ponderada maior ou igual a 0.80 serão consideradas indicadores principais (maior) e as com média ponderada, < 0,80 mas > 0,50 como indicadores secundários (menor), devendo ser consideradas provisórias até que outros estudos as corroborem. 6-Obtém-se um escore DCV total pela soma dos escores individuais e divisão pelo número total de características definidoras do diagnóstico, excluídas as médias ponderadas menor ou igual a 0,50. 37 Material e Método 2.3.4. Etapa D: Validação das definições conceituais e operacionais das características definidoras do DE por enfermeiras clínicas: 2.3.4.1.Construção do instrumento As enfermeiras clínicas julgaram: -a validação das definições conceituais quanto a: concordo, concordo parcialmente e discordo, solicitamos que fossem justificadas as respostas concordo parcialmente e discordo. -a validação das definições operacionais o julgamento foi quanto a: adequação, clareza e mensurabilidade, onde clareza é definida como qualidade do que é claro ou inteligível, transparente, adequação: ato de adequar, apropriado, adequado, mensurável: que se pode medir, determina a medida de, onde para cada um destes itens foi utilizada uma escala de -1 (não atende a característica), 0 (indeciso), +1 (atende a característica); e registrado num instrumento (Anexo III) 2.3.4.2- Critérios para seleção das enfermeiras clínicas Os critérios para inclusão das enfermeiras clínicas foram ter experiência clínica mínima de três anos em oftalmologia, para julgar as definições conceituais e operacionais das características definidoras do diagnóstico proposto neste estudo. A seleção foi feita através de contatos telefônicos com hospitais que tinham o setor de oftalmologia, onde este profissional atuava como assistencial; contato com uma enfermeira que trabalhou no CPO durante quinze anos, que indicou outras que atuam na área há cinco anos e foram selecionadas sete profissionais. 2.3.4.3. Coleta de dados Enviado por correio para as sete enfermeiras clínicas, a carta convite para participação, o termo de consentimento em duas vias (Anexo I ) e o instrumento de validação das definições conceituais e operacionais das 38 Material e Método características definidoras deste DE (Anexo III) solicitando a devolução em 15 dias, no envelope selado que constava o pacote. 2.3.4.4 - Análise dos dados: Avaliação das respostas dadas (concordo, discordo e concordo parcialmente) pelas enfermeiras clínicas na fase de validação de conteúdo das definições conceituais; os dados foram colocados em tabela de freqüência simples e relativa, sendo considerados aceitas as definições com 70,0% de concordância; nas respostas discordo e concordo parcialmente foram aceitas as justificativas coerentes com a fisiopatologia. Para estimar a validade de conteúdo das definições operacionais foi utilizado o índice de validação de conteúdo CVI (Content Vality Index) descrito por Waltz, Strickand & Lens (1991). Para cálculo deste foram somados os valores atribuídos para cada definição operacional da característica, todos os pontos +1 atribuídos pelas enfermeiras clínicas e o total da soma dividido pelo total máximo de pontos e multiplicado por 100 para que o CVI fosse dado em porcentagem. Foi estabelecida a porcentagem de aceitação em 70,0%. As definições operacionais que não atingiram esta porcentagem foram reelaboradas de acordo com as sugestões das enfermeiras clínicas e reavaliadas pelas mesmas (Anexo IV). 2.3.5. Aspectos éticos: O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa do ILSL com o número 074/2004 (Anexo V). 39 Resultados 3- Resultados: 3.1- Proposta do Diagnóstico de Enfermagem: Proteção ineficaz pelos anexos oculares Definição: diminuição na capacidade de proteger os olhos contra agentes internos e externos. Fatores relacionados: tratamentos cirúrgicos, terapias medicamentosas, traumatismos (tumores, queimaduras, acidentes automobilístico,...), invasão de microorganismos patogênicos, funcionamento alterado dos nervos, músculos e vasos que constituem os anexos oculares. Caracterizado por: incapacidade de fechar os olhos (lagoftalmo), inversão palpebral (entrópio), eversão palpebral (ectrópio), cílios invertidos (triquíase), blefaroptose (queda pálpebra superior), madarose (ausência de supercílios e cílios), olho seco, edema palpebral, dor ocular, ardor, lacrimejamento, hiperemia conjuntival, secreção ocular. 3.2- Definições conceituais e operacionais elaboradas: Lagoftalmo: Definição conceitual: o comprometimento do nervo facial provoca alterações na função motora do músculo orbicular, produzindo fraqueza (paresia), até a perda total da função (paralisia) do mesmo que é responsável pelo fechamento palpebral, expondo a córnea a ceratite e traumas. Pode ser cicatricial, por traumatismos e nas retrações palpebrais. (Ministério Saúde,2002; Porto, 2001; Duerksen, Virmond 1997; Vieth,Salotti,Passerotti, 1996). Definição operacional: A sua identificação é feita através da inspeção ocular mensurando com um paquímetro ou régua milimétrica a fenda na porção mediana da a fenda pálpebra superior para a inferior. que será considerado lagoftalmo inicial 40 Resultados quando apresentar uma fenda de até 2 milímetros e avançado acima desta medida. Também pode ser verificada a força do músculo orbicular através de uma escala onde: 0= paralisia; 1= há só contração sem movimento palpebral; 2= oclusão palpebral parcial; 3= oclusão palpebral completa sem resistência; 4= oclusão palpebral completa com resistência parcial; 5= oclusão palpebral completa com resistência máxima (Ministério da Saúde, 2001,2002); Vieth, Salotti,Passerotti , 1996 ), que será considerado lagoftalmo nos resultados 0, 1 e 2. Entrópio Definição conceitual:é a deformidade da pálpebra onde sua margem está virada para dentro em direção ao globo ocular, podendo lesar a córnea causando úlcera ou ceratite. Causada por degeneração dos ligamentos da pálpebra inferior, hipertonicidade das fibras marginais do músculo orbicular; retração cicatricial ou processos destrutivos da conjuntiva tarsal. (Bicas,1991; Pavan, 1997; Vaughan et al, 1997; Porto, 2001). Definição operacional: inspeção das margens palpebrais que estão viradas para dentro, em direção do globo ocular (Bicas,1991;Pavan 1997;Vaughan et al 1997; Porto, 2001). A ectoscopia é realizada avaliando a extensão da inversão palpebral se parcial (temporal ou mediano ou nasal), ou total (toda a margem palpebral). Ectrópio Definição conceitual: é a eversão da borda palpebral inferior com conseqüente exposição da conjuntiva determinando a queratinização e hipertrofia da conjuntiva e córnea. Causada pelo relaxamento das fibras marginais do músculo orbicular como parte de um processo de envelhecimento ou após paralisia do nervo facial (VII par craniano). Pode ser uni ou bilateral, classificado em congênito (incomum) ou adquirido.(Ministério da Saúde, 2002; Pavan 1997; Vaughan et al 1997; Porto, 2001) 41 Resultados Definição operacional: avaliada pela ectoscopia e classificada em leve, moderada ou grave de acordo com a porção tarsal atingida. Triquíase: Definição conceitual: é o direcionamento anormal dos cílios de maneira que se dirigem para trás e roçam o olho, podendo provocar erosões recorrentes, opacidades superficiais, úlceras corneanas e até vascularização da córnea, causada por inflamações crônicas e cicatrizes das margens palpebrais (Bicas,1991; Pavan, 1997; Vaughan et al,1997). Definição operacional: a inspeção é realizada com um foco luminoso onde se deve procurar cílios voltados para dentro dos olhos tocando a córnea e conjuntiva, sendo classificada como tríquiase maior quando o número de cílios que tocam o olho é superior a cinco e menor quando inferior ou igual a cinco (Figueiredo, Soares 1992; Hirai et al, 1998). Blefaroptose: Definição conceitual: é o termo dado à queda da pálpebra superior devido à paralisia do músculo elevador ( lesão do terceiro par de nervo craniano) ou desenvolvimento anômalo deste músculo. (Vaughan et al,1997; Posso, 1999; Maria,Martins, Peixoto 2003 ) Definição operacional: é quando a posição da pálpebra superior se encontra abaixo da posição normal (da posição primária do olhar, um a dois milímetros abaixo do limbo superior e margem pupilar). È avaliada pela medida das alturas da fenda palpebral com régua milimétrica, em relação a sua localização normal. Classifica-se em suave quando a distância bordo e limbo entre 2 mm a 4 mm, moderada distância bordo-limbo entre 4mm e 6mm; severa distância entre bordo limbo maior que 6mm. (Pavan 1997; Vaughan et al, 1997). Madarose: Definição conceitual: perda ou queda de cílios da região superciliar ou ciliar, causada por inflamações crônicas nas margens palpebrais, infiltrações no bulbo capilar. ( Bicas,1991; Taber, 2000) 42 Resultados Definição operacional: ausência de cílios na região superciliar e ciliar. Avaliada pela inspeção direta: parcial se a localização for em uma das porções temporal ou mediana ou nasal da região das sobrancelhas e cílios e total quando não existir cílio nestas regiões. Olho Seco: Definição conceitual: é um desajuste entre a qualidade do filme lacrimal (a ausência de um ou mais componentes como a mucina e lipídios) e hipofunção da glândula lacrimal, levando a instabilidade deste e evaporação excessiva provocando a lubrificação inadequada do olho e da conjuntiva. Ocorre o aparecimento de áreas secas sobre o epitélio corneano e conjuntival. (Murube,1997;2000; Vaughan et al, 1997; Lemp, 1995; Taber, 2000; Tsubota, 1998). Definição operacional: . Pode ser mensurável através do Teste de Schirmer o qual avalia a função da glândula lacrimal principal. É medido com uma pequena fita de papel filtro de laboratório, tipo Whatman 41, com cerca de 5 milímetros de largura por 35 de comprimento livre, com a ponta dobrada encaixada no fundo do saco conjuntival inferior na porção temporal e após 5 minutos faz-se a leitura. O resultado normal = 10 mm de umidade, menos de que 10 milímetros é considerados diminuídos, iguais ou menor que 5 indica ressecamento de córnea. (Bicas,1991;Ministério da Saúde 2001 e 2002, Vaughan et al, 1997). Edema: Definição conceitual: é excesso de líquido acumulado na região palpebral ou frouxidão do tecido, de causa inflamatória da própria pálpebra (dermatites, hordéolo, picada de insetos), conjuntiva, saco lacrimal, órbita. ( Bicas,1991; Taber, 2000). Definição operacional: Pode ser avaliada através do pinçamento das pálpebras com o polegar e o indicador, observando o aparecimento de uma prega dos dedos, indicando a intensidade em cruzes, variando de uma a quatro cruzes. 43 Resultados Dor: Definição conceitual: é a percepção sensorial de desconforto e sofrimento podendo ser superficial ou profunda, que pode aparecer na inflamação infecção e corpo estranho no olho pode ser periocular, ocular, retrobulbar ou mal localizada ( Maria , Martins, Peixoto 2003.) Definição operacional: é uma sensação de desconforto relatada pelo paciente na entrevista, deve ser identificada através da investigação do local, duração, fator desencadeante, tipo, inquietação, ansiedade, e através de escalas numéricas de dor que variam de 0 a 10, onde 0 = ausência de dor; 5 = dor moderada; 10 = dor intensa. Ardor: Definição conceitual: é a sensação de desconforto, queimação e calor nos olhos, podendo ser causado por processos inflamatórios, exposição, poeira, produtos químicos.( Taber, 2000; Porto, 2001; Maria, Martins, Peixoto 2003). Definição operacional: é relatada pelo paciente na investigação para identificar a intensidade, agente desencadeante, duração, tempo de aparecimento, freqüência (Vaughan et al,1997). Pode ser utilizada uma escala numérica que varia de 0 a 10, onde 0 = ausência de ardor; 5 = ardor moderado; 10 = ardor intenso. Lacrimejamento: Definição conceitual:ocorre por excesso de secreção de lágrimas ou defeito no mecanismo de eliminação destas. O lacrimejamento repentino é provocado por irritação da superfície epitelial ou corneana e o crônico indica drenagem lacrimal anormal pela epífora.(Guyton,Hall 1996; Vaughan et al, 1997). Definição operacional: através da ectoscopia avalia-se presença de eversão e obstrução ponto lacrimal, freqüência, tipo, intensidade, características( Vieth, Salotti, Passerotti,1996; Ministério da Saúde, 2001 ). 44 Resultados Hiperemia: Definição conceitual: é uma quantidade incomum de sangue na conjuntiva acompanhada de um aspecto congestionado do olho, podendo ser de grandes ou pequenos vasos, localizada, nodular, anelar, difusa (Senechal, Bertrand e Michez 1989;Taber, 2000). Definição operacional: a observação da conjuntiva tarsal é feita tracionando-se a pálpebra inferior, pedindo ao paciente para olhar cima; avaliação conjuntival bulbar, pede-se ao paciente olhar para baixo e everte-se a pálpebra para identificar o tipo e localização. Pode ser utilizada uma escala de cruzes onde as cruzes são descritas de acordo com a extensão da área acometida uma (+) = 25%, (++)= 50%,(+++) =75% e (++++)=100%. Na entrevista devem ser identificados agentes desencadeantes, duração, intensidade, freqüência (Vieth, et al,1996; MS, 2001). Secreção: Definição conceitual: são substâncias produzidas por órgãos glandulares que podem ser líquida, serosa ou purulenta. (Taber ,2000; Maria 2003). Definição operacional: é presença anormal de substâncias no olho; investiga-se o tipo, freqüência, quantidade. Pode ser avaliada através de uma escala em cruzes onde muita é igual a (+++) para aqueles que apresentam 0,10 grama ou mais de secreção na porção nasal; razoável igual a (++) para os que apresentam 0,06 a 0,09 gramas; pequena (+), para aqueles que apresentam menos que 0,06 gramas de secreção. Está medida é feita utilizando cotonete esterilizado embalado em papel um a um, pesado e anotada a pesagem, removidos da embalagem e utilizados para coletar a secreção presente na porção nasal, a seguir são reembalados no mesmo papel e pesados novamente. 45 Resultados 3.3. Validação de conteúdo do diagnóstico de enfermagem proposto Proteção Ineficaz pelos anexos oculares realizada pelas enfermeiras peritas: - na definição do diagnóstico proposto as três enfermeiras peritas concordaram, atingindo 100,0%; - no qualificador: ineficaz (66,6%); diminuído (33,3%); deficiente (100,0%); - nas características definidoras todas foram aceitas, pois atingiram Índice de Validação de Conteúdo de Fehring(1987) com o resultado de: 1,0 ( entrópio, ectrópio, triquíase, olho seco); 0,91( dor e edema); 0,87(ardor); 0,83 (lagoftalmo); 0,75 (lacrimejamento e hiperemia); 0,66 (secreção, madarose, blefaroptose); - quanto à concordância se este era um diagnóstico de enfermagem, apenas uma das enfermeiras peritas discordou. 46 Resultados 3.4. Os quadros abaixo demonstram os resultados das definições conceituais e operacionais proposta para o Diagnóstico de enfermagem Proteção Ineficaz pelos anexos oculares. Quadro 1. Percentual de aceite das definições conceituais das características definidoras propostas para o Diagnóstico de enfermagem: Proteção Ineficaz pelos anexos oculares avaliadas pelas enfermeiras clínicas. Bauru. São Paulo. 2005. Características definidoras % Madarose 100 Hiperemia 100 Entrópio 100 Ectrópio 100 Blefaroptose 100 Ardor 100 Edema 100 Lacrimejamento 100 Lagoftalmo 100 Secreção 100 olho seco 85,7 Triquíase 85,7 Dor 85,7 47 Resultados Quadro 2. Distribuição do Índice de Validação de Conteúdo(CVI) das definições operacionais das características definidoras propostas para o Diagnóstico de enfermagem Proteção Ineficaz pelos anexos oculares avaliadas pelas enfermeiras clínicas. Bauru. São Paulo. 2005. Características definidoras % Triquíase 85,7 Madarose 85,7 Blefaroptose 80,9 Dor 76,1 Lacrimejamento 76,0 Olho seco 71,4 Hiperemia 71,4 Secreção 71,4 Ardor 66,6 Lagoftalmo 66,6 Entrópio 57,0 Edema 52,3 Ectrópio 33,3 Quadro 3. Distribuição do Índice de Validação de Conteúdo (CVI) das cinco definições operacionais das características definidoras que não atingiram o índice proposto reavaliadas pelas enfermeiras clínicas. Bauru. São Paulo. 2005 Características definidoras % Ardor 100 Lagoftalmo 100 Edema 100 Ectrópio 100 Entrópio 95,2 48 Discussão 4- Discussão Na avaliação do título do diagnóstico o qualificador escolhido na pesquisa foi ineficaz; as enfermeiras peritas o substituíram pelo termo deficiente, justificado pela definição deste ser mais abrangente que está confirmado na Classificação da NANDA (NANDA, 2005) e na Classificação Internacional da Prática de Enfermagem (CIPE, 2003). Das treze definições conceituais das características definidoras apresentadas para as sete enfermeiras clínicas, dez (madarose, hiperemia, entrópio, ectrópio, bleflaroptose, edema, secreção, lagoftalmo, lacrimejamento e ardor) aparecem 100,0%; três (triquíase, olho seco e dor) com 85,7%; portanto todas as definições conceituais atingiram uma porcentagem mínima de 70,0% e foram aceitas. Apesar de todas as definições conceituais terem atingido o valor mínimo necessário, algumas sugestões foram dadas, como apresentadas a seguir. Na definição conceitual de lacrimejamento proposta pela pesquisadora, uma enfermeira clínica sugeriu acrescentar como causa deste o ectrópio; isto foi aceito, pois sabemos que a lágrima produzida pela glândula lacrimal necessita de suporte na pálpebra inferior para fazer a lubrificação do olho (Guyton, 1996). No caso da triquíase foi sugerida a alteração da palavra olho para córnea, o que é justificado, pois os cílios invertidos para dentro do olho provocam lesões corneanas ( Vaughan, 1997 ). Para a dor foi sugerido o acréscimo do aumento da Pressão Intraocular como causa, mas como os objetivos são os anexos oculares, não foi alterada a definição. Sabemos que na pressão intra-ocular aumentada uma das causas é a anormalidade no escoamento do humor aquoso para fora da câmara anterior, (Pavan, 1997), não sendo uma característica definidora causada pela deficiência dos anexos oculares. 49 As definições operacionais foram validadas pelas enfermeiras clínicas utilizando o Índice de Validação de Conteúdo ( Waltz,Strickand,Lens, 1991). Das 13 definições operacionais das características definidoras avaliadas pelas enfermeiras clínicas, as que atingiram o índice mínimo de 70,0% foram: madarose e triquíase 85,7%; blefaroptose 80,9%; dor e lacrimejamento 76,1%; hiperemia, olho seco, secreção 71,4%, portanto foram aceitas. As que não atingiram este índice foram: ectrópio 33,3%; edema 52,3%; entrópio 57,0%; ardor e lagoftalmo 66,6%. Estas definições operacionais foram reelaboradas com as sugestões das enfermeiras clínicas e reenviadas para nova avaliação, recalculado o índice, todas atingiram 70% e foram aceitas. Na definição operacional do lagoftalmo inicial uma das enfermeiras clínicas sugeriu acrescentar que a mensuração deve ser realizada com os olhos fechados suavemente; e para o lagoftalmo avançado foi sugerido complementar que a fenda é maior que dois milímetros, mesmo com os olhos fechados com força; o que foi aceito, uma vez que confirmado por Vieth, Passerotti, Salotti (1996). No edema foi sugerido por três enfermeiras deixar claro o que significavam as cruzes. Esta sugestão foi aceita e providenciada a partir da informação da medida normal da pálpebra fechada, e daí estabelecido o número de cruzes; sendo: normal=3,5mm; + 3,5 a 3,7mm; ++ 3,7 a 3,9 mm; +++ acima de 3,9mm. As características definidoras ectrópio, entrópio, triquíase, olho seco, dor, edema, ardor, lagoftalmo foram consideradas pelo índice de validação de conteúdo de Fehring (Fehring, 1987) como indicadores principais (maiores). As características definidoras lacrimejamento, hiperemia, secreção, madarose e blefaroptose como indicadores secundários (menores). Souza, Caetano e Pagliuca (2002) encontraram em estudo com pacientes que apresentavam comprometimentos oculares as características: hiperemia (4,0%), edema (5,0%) ectrópio (6,6%), madarose (12,0%), lagoftalmo (13,0%), lacrimejamento (24,0%), dor (26,0%), ardor (47,0%) como principais. 50 As enfermeiras Cristofolini, Axcar, Vieth (1987) realizaram um estudo no Centro de Prevenção Oftalmológica do ILSL, e encontraram as características ectrópio 4,7%, triquíase 12,8%, lagoftalmo 16,2%, olho seco 30,2% no grupo de pacientes avaliados. Rolim, Silva (1991) referem a presença das características: ardor 32,4%; lacrimejamento e dor 27,7%; triquíase e lagoftalmo 2,8%, num estudo com pacientes portadores de Hanseníase no Hospital do Curupaiti (RJ). Nos trabalhos citados acima foram identificadas características definidoras do diagnóstico de enfermagem Proteção ineficaz pelos anexos oculares, e é sabido que a obtenção destas evidências em situação clínica real é necessária. Nestes estudos percebeu-se que as enfermeiras têm condições de fazer uma ectoscopia e agrupar dados clínicos em um diagnóstico de enfermagem para confirmar a validação clínica. 51 Referências bibliográficas 6- Referências bibliográficas Barros et al. Anamnese e Exame físico: avaliação diagnóstica de enfermagem no adulto. São Paulo. Artmed, 2002, 272p. Bersusa AAS. Validação do diagnóstico: alteração da perfusão tissular periférica nos pacientes com vasculopatia periférica de membros inferiores. [dissertação]. São Paulo: Escola de Enfermagem, Universidade de São Paulo; 1998. Bicas, HEA. Oftalmologia: fundamentos. São Paulo: Contexto, 1991. Boery RNSO. Avaliação clínica realizada pelo enfermeiro para estabelecer o diagnóstico de enfermagem Excesso de Volume de Líquidos em portadores de cardiopatias.[tese]. São Paulo: Escola Paulista de Medicina – Universidade Federal de São Paulo; 2002. Brasil, Leis. Lei n. 7498 de 25 de junho de 1986. 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Solicitamos a vossa avaliação quanto à concordância ou não para as definições conceituais; clareza, mensurabilidade e adequação para as definições operacionais. Informo que o projeto de pesquisa foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do ILSL, processo nº074/04. Aguardo o retorno do material até o dia_______. Desde já agradeço a atenção dispensada, colocando-me a disposição para qualquer esclarecimento. Deixo os telefones:- 14-32342389; 14-31035930, 14-97921759; e-mail: [email protected]. Solicito que assine e devolva o termo de consentimento em anexo. Envio o envelope selado em anexo para resposta do material pelo correio. _________________________ Selma Regina Axcar Salotti Mestranda da Coordenadoria dos Institutos de Pesquisa -Saúde Coletiva. 59 Termo de Consentimento 1. Título do Projeto: Elaboração e Validação do Diagnóstico de Enfermagem Proteção ineficaz pelos anexos oculares. 2. Essas informações estão sendo fornecidas para sua participação voluntária neste estudo. 3. Este estudo não possui procedimentos que possam levar ao desconforto ou risco. 4. Não há benefício direto ao participante, pois se trata de um estudo descritivo exploratório de um fenômeno de enfermagem observado na prática e somente ao final do estudo poderemos concluir a presença de algum benefício para a comunidade de enfermeiras e no estudo diagnóstico de enfermagem. 5. Em qualquer etapa do estudo você terá acesso aos profissionais responsáveis pela pesquisa para esclarecimento de eventuais dúvidas. A principal pesquisadora é a enfermeira Selma Regina Axcar Salotti. Se você tiver alguma consideração ou dúvida sobre a ética da pesquisa, entre em contato com o Centro de Ética na Pesquisa (CEP) pelo fone (14) 31035852 e endereço Instituto Lauro Souza Lima: Rodovia Bauru- Jaú ,Km 225/226. 6. É garantida a liberdade de retirada de consentimento a qualquer momento e deixar de participar dos estudos, sem qualquer prejuízo. 7. Direito de confiabilidade: as informações serão consideradas em conjunto com outros profissionais, não sendo divulgada a sua identificação. 8. Direito de ser mantido atualizados sobre os resultados parciais da pesquisa, quando em estudos abertos, ou de resultados que sejam de conhecimento dos pesquisadores. 9. Não há despesas pessoais para o participante em qualquer fase do estudo e nem compensação financeira relacionada à sua participação. 10. O compromisso do pesquisador é utilizar os dados e o material coletado somente para esta pesquisa. Acredito ter sido suficientemente informado a respeito das informações que li, descrevendo o presente estudo conforme o protocolo de pesquisa enviado pela enfermeira Selma Regina Axcar Salotti. Ficaram claros para mim os propósitos do estudo, bem como a minha participação isenta de despesas. Concordo voluntariamente em participar deste estudo e poderei retirar o meu consentimento a qualquer momento, antes ou durante o processo, sem 60 penalidades, prejuízo ou perda de qualquer benefício que eu possa ter adquirido. Declaro que obtive de forma apropriada e voluntária o consentimento desta enfermeira para participar neste estudo. ______________________ Ass. da enfermeira ________ Data Certifico que informei ao sujeito da pesquisa sobre a descrição do conteúdo do termo de consentimento. ___________________________ _______ Ass.Resp.do Estudo(autora) Data OBS. Este termo será assinado em duas vias (1ª para sujeito da pesquisa e 2ª para a autora da pesquisa). 61 Anexo II Avaliação do Diagnóstico: Proteção ineficaz pelos anexos oculares por Enfermeiras peritas. 1- Por favor, julgue se a definição proposta para o Diagnóstico de enfermagem: Proteção ineficaz pelos anexos oculares está coerente com o título. Definição: diminuição ou ausência na capacidade de proteger os olhos contra agentes externos. Sim ( ) Não ( ) Justifique. ________________________________________________ 2- Por favor, julgue o melhor qualificador para este diagnóstico. O qualificador ineficaz tem a seguinte definição: que não produz efeito desejado. SIM ( ) NÃO ( ) O qualificador diminuído tem a seguinte definição: reduzido, menor em tamanho, quantidade e grau. SIM ( ) NÃO ( ) O qualificador deficiente tem a seguinte definição: inadequada em quantidade, qualidade ou grau; insuficiente, incompleto. SIM ( ) NÃO ( ) Se não houver algum qualificador da sua escolha, por favor, sugira. _____________________________________________________________ 62 3- Escolha a alternativa que melhor qualifica as características definidoras do DE Proteção ineficaz pelos anexos oculares: Entrópio ( inversão palpebral) ( ) 1-absolutamente não característico ( )2-muito pouco característico ( )3-de algum modo característico ( )4-consideravelmente característico ( )5-muito característico Ectrópio ( eversão palpebral) ( ) 1-absolutamente não característico ( )2-muito pouco característico ( )3-de algum modo característico ( )4-consideravelmente característico ( )5-muito característico Lagoftalmo ( incapacidade de fechar os olhos) ( ) 1-absolutamente não característico ( )2-muito pouco característico ( )3-de algum modo característico ( )4-consideravelmente característico ( )5-muito característico Triquíase ( inversão dos cílios) ( ) 1-absolutamente não característico ( )2-muito pouco característico ( )3-de algum modo característico ( )4-consideravelmente característico ( )5-muito característico Olho seco 63 ( ) 1-absolutamente não característico ( )2-muito pouco característico ( )3-de algum modo característico ( )4-consideravelmente característico ( )5-muito característico Dor ( ) 1-absolutamente não característico ( )2-muito pouco característico ( )3-de algum modo característico ( )4-consideravelmente característico ( )5-muito característico Edema ( ) 1-absolutamente não característico ( )2-muito pouco característico ( )3-de algum modo característico ( )4-consideravelmente característico ( )5-muito característico Madarose (ausência de pêlos: supercílios e cílios) ( ) 1-absolutamente não característico ( )2-muito pouco característico ( )3-de algum modo característico ( )4-consideravelmente característico ( )5-muito característico Blefaroptose ( queda da pálpebra superior) ( ) 1-absolutamente não característico ( )2-muito pouco característico ( )3-de algum modo característico ( )4-consideravelmente característico ( )5-muito característico 64 Ardor ( ) 1-absolutamente não característico ( )2-muito pouco característico ( )3-de algum modo característico ( )4-consideravelmente característico ( )5-muito característico Lacrimejamento ( ) 1-absolutamente não característico ( )2-muito pouco característico ( )3-de algum modo característico ( )4-consideravelmente característico ( )5-muito característico Hiperemia ( ) 1-absolutamente não característico ( )2-muito pouco característico ( )3-de algum modo característico ( )4-consideravelmente característico ( )5-muito característico Secreção ( ) 1-absolutamente não característico ( )2-muito pouco característico ( )3-de algum modo característico ( )4-consideravelmente característico ( )5-muito característico 4- Você considera que a definição, as características definidoras ( entrópio, ectrópio, lagoftalmo, triquíase, olho seco, dor, edema, madarose, blefaroptose, ardor, lacrimejamento, hiperemia, secreção) e os fatores relacionados ( funcionamento alterado dos nervos, músculos e vasos; invasão de micoorganismos patogênicos; terapias medicamentosas; traumatismos e 65 tratamentos cirúrgicos), constituem o diagnóstico de enfermagem Proteção ineficaz pelos anexos oculares? Sim ( ) Não ( ) Justifique. 66 Anexo III Definições conceituais e operacionais do Diagnóstico de Enfermagem: Proteção ineficaz pelos anexos oculares Para cada uma das definições conceituais escolha a resposta que melhor descreve o conceito marcando com um X. Se a resposta for concordo parcialmente ou discordo, justifique. ( ) concordo ( ) concordo parcialmente ( ) discordo Porque: ______________________________________________ ___________________________________________________________ Para cada uma das definições operacionais escolha a resposta que melhor descreve a mensurabilidade, clareza e adequação. Marque com um X sua resposta dentro do retângulo correspondente. -1 Não atende a característica 0 Indeciso +1 Atende a característica Quando escolher a alternativa -1 ou zero, responda porquê. Lagoftalmo Definição conceitual: o comprometimento do nervo facial provoca alterações na função motora do músculo orbicular, produzindo fraqueza (paresia), até a perda total da função (paralisia) do mesmo que é responsável pelo fechamento palpebral, expondo a córnea a ceratite e traumas. Pode ser cicatricial, pelo ectrópio, por traumatismos e nas retrações palpebrais(MS,2002; Porto, 2001; Duerksen,Virmond 1997; Vieth,Salotti,Passerotti, 1996). ( ) concordo ( ) concordo parcialmente 67 ( ) discordo Porque: ______________________________________________ Definição operacional: A sua identificação é feita através da inspeção ocular mensurando com um ,paquímetro ou régua milimétrica a fenda na porção mediana da a fenda pálpebra superior para a inferior que será considerado lagoftalmo inicial quando apresentar uma fenda de até 2 milímetros e avançado acima desta medida. Também pode ser verificada a força do músculo orbicular através de uma escala onde: 0= paralisia; 1= há só contração sem movimento palpebral; 2= oclusão palpebral parcial; 3= oclusão palpebral completa sem resistência; 4= oclusão palpebral completa com resistência parcial; 5= oclusão palpebral completa com resistência máxima.(MS, 2001;2002; Vieth,Salotti,Passerotti, 1996 ), que será considerado lagoftalmo nos resultados 0, 1 e 2. Adequação -1 0 +1 Porque:________________________________________________________ ______________________________________________________________ Clareza -1 0 +1 Porque:__________________________________________________________ ____________________________________________________________ Mensurabilidade -1 0 68 +1 Porque:_________________________________________________________ __________________________________________________________ Entrópio Definição conceitual:é a deformidade da pálpebra onde sua margem está virada para dentro em direção ao globo ocular, podendo lesar a córnea causando úlcera ou ceratite. Causada por degeneração dos ligamentos da pálpebra inferior, hipertonicidade das fibras marginais do músculo orbicular; retração cicatricial ou processos destrutivos da conjuntiva tarsal. (Bicas,1991; Pavan 1997; Vaughan et al, 1997; Porto, 2001). ( ) concordo ( ) concordo parcialmente ( ) discordo Porque: ______________________________________________ _____________________________________________________ Definição operacional: inspeção das margens palpebrais que estão viradas para dentro, em direção do globo ocular (Bicas,1991; Pavan, 1997;Vaughan et al 1997; Porto, 2001). A ectoscopia é realizada avaliando a extensão da inversão palpebral se parcial (temporal ou mediano ou nasal), ou total ( toda a margem palpebral). Adequação -1 0 +1 Porque:______________________________________________________ _____________________________________________________________ Clareza -1 0 69 +1 Porque:__________________________________________________________ ____________________________________________________________ Mensurabilidade -1 0 +1 Porque:_________________________________________________________ ___________________________________________________________ Ectrópio Definição conceitual: é a eversão da borda palpebral inferior com conseqüente exposição da conjuntiva determinando a queratinização e hipertrofia da conjuntiva e córnea. Causada pelo relaxamento das fibras marginais do músculo orbicular como parte de um processo de envelhecimento ou após paralisia do nervo facial (VII par craniano). Pode ser uni ou bilateral, classificado em congênito (incomum) ou adquirido.(MS, 2002; Pavan, 1997; Vaughan et al, 1997; Porto, 2001) ( ) concordo ( ) concordo parcialmente ( ) discordo Porque: ______________________________________________ ________________________________________________ Definição operacional: avaliada pela ectoscopia e classificada em leve, moderada ou grave de acordo com a porção tarsal atingida. Adequação -1 0 +1 Porque:________________________________________________________ ______________________________________________________________ Clareza 70 -1 0 +1 Porque:__________________________________________________________ ____________________________________________________________ Mensurabilidade -1 0 +1 Porque:_________________________________________________________ ___________________________________________________________ Triquíase Definição conceitual: é o direcionamento anormal dos cílios de maneira que se dirigem para trás e roçam o olho, podendo provocar erosões recorrentes, opacidades superficiais, úlceras corneanas e até vascularização da córnea, causada por inflamações crônicas e cicatrizes das margens palpebrais (Bicas,1991; Pavan, 1997; Vaughan et al,1997). ( ) concordo ( ) concordo parcialmente ( ) discordo Porque: ______________________________________________ Definição operacional: a inspeção é realizada com um foco luminoso onde se deve procurar cílios voltados para dentro dos olhos tocando a córnea e conjuntiva sendo classificada como tríquiase maior quando o número de cílios que tocam o olho é superior a cinco e menor quando inferior ou igual a cinco (Figueiredo, 1992; Hirai et al, 1998). Adequação -1 0 71 +1 Porque:_______________________________________________________ ______________________________________________________________ Clareza -1 0 +1 Porque:__________________________________________________________ ____________________________________________________________ Mensurabilidade -1 0 +1 Porque:_________________________________________________________ ___________________________________________________________ Blefaroptose Definição conceitual: é o termo dado à queda da pálpebra superior devido à paralisia do músculo elevador ( lesão do terceiro par de nervo craniano) ou desenvolvimento anômalo deste músculo (Vaughan et al, 1997, Posso 1999, Maria, 2003 ). ( ) concordo ( ) concordo parcialmente ( ) discordo Porque: ______________________________________________ _____________________________________________________ Definição operacional: é quando a posição da pálpebra superior se encontra abaixo da posição normal (da posição primária do olhar, um a dois milímetros abaixo do limbo superior e margem pupilar). È avaliada pela 72 medida das alturas da fenda palpebral com régua milimétrica, em relação a sua localização normal. Classifica-se em suave quando a distância bordo e limbo entre 2 mm a 4 mm, moderada distância bordo-limbo entre 4mm e 6mm; severa distância entre bordo limbo maior que 6mm (Pavan, 1997, Vaughan et al, 1997). Adequação -1 0 +1 Porque:________________________________________________________ ______________________________________________________________ Clareza -1 0 +1 Porque:__________________________________________________________ ____________________________________________________________ Mensurabilidade -1 0 +1 Porque:_________________________________________________________ ___________________________________________________________ Madarose: Definição conceitual: perda ou queda de cílios da região superciliar ou ciliar, causada por inflamações crônicas nas margens palpebrais, infiltrações no bulbo capilar. ( Bicas,1991, Taber, 2000) ( ) concordo ( ) concordo parcialmente ( ) discordo Porque: _________________________________________________ 73 ________________________________________________________ Definição operacional: ausência de cílios na região superciliar e ciliar. É avaliada pela inspeção direta: parcial se a localização for em uma das porções temporal ou mediana ou nasal da região das sobrancelhas e cílios e total quando não existir cílio nestas regiões. Adequação -1 0 +1 Porque:________________________________________________________ ______________________________________________________________ Clareza -1 0 +1 Porque:__________________________________________________________ ____________________________________________________________ Mensurabilidade -1 0 +1 Porque:_________________________________________________________ __________________________________________________________ Olho Seco Definição conceitual: é um desajuste entre a qualidade do filme lacrimal (a ausência de um ou mais componentes como a mucina e lipídios) e hipofunção da glândula lacrimal, levando a instabilidade deste e evaporação excessiva provocando a lubrificação inadequada do olho e da conjuntiva. Ocorre o aparecimento de áreas secas sobre o epitélio corneano e conjuntival. 74 (Murube,1997;2000; Vaughan et al, 1997; Lemp, 1995; Taber, 2000; Tsubota, 1998). ( ) concordo ( ) concordo parcialmente ( ) discordo Porque: ______________________________________________ _____________________________________________________ Definição operacional: . Pode ser mensurável através do Teste de Schirmer o qual avalia a função da glândula lacrimal principal. É medido com uma pequena fita de papel filtro de laboratório, tipo Whatman 41, com cerca de 5 milímetros de largura por 35 de comprimento livre, com a ponta dobrada encaixada no fundo do saco conjuntival inferior na porção temporal e após 5 minutos faz-se a leitura. O resultado normal = 10 mm de umidade, menos de que 10 milímetros é considerados diminuídos, iguais ou menor que 5 indica ressecamento de córnea (Bicas 1991; MS 2001 e 2002; Vaughan et al, 1997). Adequação -1 0 +1 Porque:________________________________________________________ ______________________________________________________________ Clareza -1 0 +1 Porque:__________________________________________________________ ____________________________________________________________ Mensurabilidade 75 -1 0 +1 Porque:_________________________________________________________ ___________________________________________________________ Edema Definição conceitual: é excesso de líquido acumulado na região palpebral ou frouxidão do tecido, de causa inflamatória da própria pálpebra (dermatites, hordéolo, picada de insetos), conjuntiva, saco lacrimal, órbita. ( Bicas,1991, Taber, 2000). ( ) concordo ( ) concordo parcialmente ( ) discordo Porque: ______________________________________________ _____________________________________________________ Definição operacional: Pode ser avaliada através do pinçamento das pálpebras com o polegar e o indicador, observando o aparecimento de uma prega dos dedos, indicando a intensidade em cruzes, variando de uma a quatro cruzes Adequação -1 0 +1 Porque:________________________________________________________ ______________________________________________________________ Clareza 76 -1 0 +1 Porque:__________________________________________________________ ____________________________________________________________ Mensurabilidade -1 0 +1 Porque:_________________________________________________________ __________________________________________________________ Dor : Definição conceitual: é a percepção sensorial de desconforto e sofrimento podendo ser superficial ou profunda, que pode aparecer na inflamação infecção e corpo estranho no olho pode ser periocular, ocular, retrobulbar ou mal localizada ( Maria, 2003). ( ) concordo ( ) concordo parcialmente ( ) discordo Porque: ______________________________________________ _____________________________________________________ Definição operacional: é uma sensação de desconforto relatada pelo paciente na entrevista, deve ser identificada através da investigação do local, duração, fator desencadeante, tipo, inquietação, ansiedade, e através de escalas numéricas de dor que variam de 0 a 10, onde 0 = ausência de dor; 5 = dor moderada; 10 = dor intensa. Adequação -1 0 +1 Porque:________________________________________________________ ______________________________________________________________ 77 Clareza -1 0 +1 Porque:__________________________________________________________ ____________________________________________________________ Mensurabilidade -1 0 +1 Porque:_________________________________________________________ ___________________________________________________________ Ardor: Definição conceitual: é a sensação de desconforto, queimação e calor nos olhos, podendo ser causado por processos inflamatórios, exposição, poeira, produtos químicos.( Taber, 2000, Porto, 2001, Maria 2003). ( ) concordo ( ) concordo parcialmente ( ) discordo Porque: ______________________________________________ _____________________________________________________ Definição operacional: é relatada pelo paciente na investigação para identificar a intensidade, agente desencadeante, duração, tempo de aparecimento, freqüência. Pode ser utilizada uma escala numérica que varia de 0 a 10, onde 0 = ausência de ardor; 5 = ardor moderado; 10 = ardor intenso. Adequação 78 -1 0 +1 Porque:________________________________________________________ ______________________________________________________________ Clareza -1 0 +1 Porque:__________________________________________________________ ____________________________________________________________ Mensurabilidade -1 0 +1 Porque:_________________________________________________________ ___________________________________________________________ Lacrimejamento: Definição conceitual:ocorre por excesso de secreção de lágrimas ou defeito no mecanismo de eliminação destas. O lacrimejamento repentino é provocado por irritação da superfície epitelial ou corneana e o crônico indica drenagem lacrimal anormal pela epífora (Guyton, 1996, Vaughan et al, 1997). ( ) concordo ( ) concordo parcialmente ( ) discordo Porque: ______________________________________________ _____________________________________________________ Definição operacional: através da ectoscopia avalia-se a presença de eversão e obstrução ponto lacrimal, freqüência, tipo, intensidade, características ( Vieth, Salotti, Passerotti, 1996, MS 2001 ). 79 Adequação -1 0 +1 Porque:________________________________________________________ ______________________________________________________________ Clareza -1 0 +1 Porque:__________________________________________________________ ____________________________________________________________ Mensurabilidade -1 0 +1 Porque:_________________________________________________________ ___________________________________________________________ Hiperemia: Definição conceitual: é uma quantidade incomum de sangue na conjuntiva acompanhada de um aspecto congestionado do olho, podendo ser de grandes ou pequenos vasos, localizada, nodular, anelar, difusa (Taber 2000). ( ) concordo ( ) concordo parcialmente ( ) discordo Porque: ______________________________________________ _____________________________________________________ Definição operacional: a observação da conjuntiva tarsal é feita tracionando-se a pálpebra inferior, pedindo ao paciente para olhar cima; avaliação conjuntival 80 bulbar, pede se ao paciente olhar para baixo e everte-se a pálpebra para identificar o tipo e localização. Pode ser utilizada uma escala de cruzes onde as cruzes são descritas de acordo com a extensão da área acometida uma (+) = 25%, (++)= 50%,(+++) =75% e (++++)=100%. Na entrevista deve ser identificado agentes desencadeantes, duração, intensidade, freqüência (Vieth, Salotti, Passerotti, 1996; MS 2001). Adequação -1 0 +1 Porque:________________________________________________________ ______________________________________________________________ Clareza -1 0 +1 Porque:__________________________________________________________ ____________________________________________________________ Mensurabilidade -1 0 +1 Porque:_________________________________________________________ __________________________________________________________ Secreção: Definição conceitual: são substâncias produzidas por órgãos glandulares que podem ser líquida, serosa ou purulenta (Taber 2000, Maria 2003). 81 ( ) concordo ( ) concordo parcialmente ( ) discordo Porque: ______________________________________________ _____________________________________________________ Definição operacional: é presença anormal de substâncias no olho; investiga-se o tipo, freqüência, quantidade. Pode ser avaliada através de uma escala em cruzes onde muita é igual a (+++)para aqueles que apresentam 0,10 grama ou mais de secreção na porção nasal; razoável igual a (++) para os que apresentam 0,06 a 0,09 gramas; pequena (+), para aqueles que apresentam menos que 0,06 gramas de secreção. Está medida é feita utilizando cotonete esterilizado embalado em papel um a um, pesado e anotada a pesagem, removidos da embalagem e utilizados para coletar a secreção presente na porção nasal, a seguir são reembalados no mesmo papel e pesados novamente. Adequação -1 0 +1 Porque:________________________________________________________ ______________________________________________________________ Clareza -1 0 +1 Porque:__________________________________________________________ ____________________________________________________________ Mensurabilidade -1 0 82 +1 Porque:_________________________________________________________ ___________________________________________________________ 83 Anexo IV Definições operacionais reelaboradas das características definidoras do Diagnóstico de Enfermagem: Proteção ineficaz pelos anexos oculares que não atingiram o índice de 70% Para cada uma das definições operacionais escolha a resposta que melhor descreve a mensurabilidade, clareza e adequação. Marque com um X sua resposta dentro do retângulo correspondente. -1 Não atende a característica 0 Indeciso +1 Atende a característica Quando escolher a alternativa -1 ou zero, responda por quê. Adequação: ato de adequar, apropriado, adequado Clareza: é definida como qualidade do que é claro ou inteligível, transparente. Mensurável: que se pode medir, determina a medida de. Entrópio: Definição operacional: inspeção das margens palpebrais que estão viradas para dentro, em direção do globo ocular (Bicas, 1991; Pavan, 1997; Vaughan et al, 1997; Porto, 2001). A ectoscopia é realizada avaliando a extensão da inversão palpebral: se parcial (temporal ou mediano ou nasal), ou total a margem palpebral). Adequação -1 0 84 +1 ( toda Porque:_______________________________________________________ Clareza -1 0 +1 Porque:_______________________________________________________ Mensurabilidade -1 0 +1 Porque:_______________________________________________________ Lagoftalmo Definição operacional: A sua identificação é feita através da inspeção ocular: pede-se ao paciente fechar os olhos suavemente; na presença da fenda esta deve ser mensurada com um paquímetro ou régua milimétrica na porção mediana da pálpebra superior para a inferior. Será considerado lagoftalmo inicial quando apresentar uma fenda de até 2 milímetros e avançado acima desta medida mesmo com os olhos fechados com força (MS 2001, 2002; Vieth, Salotti, Passerotti,1996). Adequação -1 0 +1 Porque:________________________________________________________ Clareza -1 0 +1 Porque:_______________________________________________________ 85 Mensurabilidade -1 0 +1 Porque:_______________________________________________________ Ardor: Definição operacional: através do relato do paciente identifica-se a intensidade, agente desencadeante, duração, tempo de aparecimento, freqüência, e pedese para o paciente identificar numa escala verbal - numérica que varia de 0 a 10, onde 0 = ausência de ardor, 1 a 3= fraca intensidade, 4 a 6= intensidade moderada, 7 a 9= forte intensidade; 10 = intensidade insuportável. Adequação -1 0 +1 Porque:_______________________________________________________ Clareza -1 0 +1 Porque:_______________________________________________________ Mensurabilidade -1 0 +1 Porque:_______________________________________________________ Edema: Definição operacional: Pode ser mensurado da porção nasal para temporal da pálpebra superior ou inferior, com uma fita milimétrica flexível, sendo: normal até 86 3,5 mm, maior que 3,5 até 3,7 mm =(+), maior que 3,7 até 3,9 mm= (++),acima de 3,9 mm = (+++). Adequação -1 0 +1 Porque:_______________________________________________________ Clareza -1 0 +1 Porque:_______________________________________________________ Mensurabilidade -1 0 +1 Porque:_______________________________________________________ Ectrópio: Definição operacional: avaliada pela ectoscopia, de acordo com a porção tarsal atingida, sendo classificado em: leve (temporal ou nasal), moderada (temporal e mediana ou nasal e mediana) e grave (eversão palpebral total). Adequação -1 0 +1 Porque:______________________________________________________ Clareza 87 -1 0 +1 Porque:______________________________________________________ Mensurabilidade -1 0 +1 Porque:_____________________________________________________ 88