0 Uni- ANHANGUERA- CENTRO UNIVERSITÁRIO DE GOIÁS

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Uni- ANHANGUERA- CENTRO UNIVERSITÁRIO DE GOIÁS
CURSO DE AGRONOMIA
ADUBAÇÃO POTÁSSICA PARA O MILHO DOCE CULTIVADO SOB
ESPÉCIES DE Brachiaria
RAUL R IBEIRO
GOIÂNIA
Maio/2013
1
RAUL RIBEIRO
ADUBAÇÃO POTÁSSICA PARA O MILHO DOCE CULTIVADO SOB
ESPÉCIES DE Brachiaria
Tr ab al ho d e Co nc l us ão d e C ur so ap r e se nt ad o
ao
C ur so
de
Ag r o no mi a
do
Ce nt r o
U ni ver s itá r io d e Go iá s, U ni - AN H AN GUE R A,
so b o r ie n taç ão d a D r.a Cr i s ti a ne R e gi na
B ue no Ag u ir r e R a mo s, c o mo r eq ui si to p ar ci al
p ar a o b t e nção d o t ít u lo d e B ac har el e m
Ag r o no mi a
GOIÂNIA
Maio/ 2013
2
Aos meus pais, Elpenor Antônio Ribeiro
e Marizia Cardoso Campos Ribeiro
À minha irmã, Raissa Anne Ribeiro
Dedico
3
A Deus pelo dom da vida e que me deu
forças durante essa caminhada.
Aos meus pais Elpenor e Marizia Ribeiro,
pelo apoio e por estarem ao meu lado em
todos os momentos;
Minha irmã Raissa Anne Ribeiro, pela
força, confiança e companheirismo;
A minha orientadora Profa. Doutora
Cristiane Regina Bueno Aguirre , pela
oportunidade, atenção, confiança, amizade e
pelos conhecimentos repassados;
Em especial a minha namorada Mariana
Gabriel Fonseca, pelo companheirismo e
apoio em todos os momentos;
Ao
proprietário
da
Fazenda
São
Domingos, Osvaldo Pereira Lopes, pela
disponibilidade de área e equipamentos;
Ao Eng. Agrônomo M.sc. Breno Pereira
Lopes, pela colaboração na condução do
experimento.
À Embrapa Arroz e Feijão, em nome do
professor Dr. Adelmo Resende da Silva, pela
realização das análises de solo;
A todos os meus familiares, que me
apoiaram nessa longa jornada da graduação;
A todos os professores do curso de
Agronomia
e
funcionários
da
UniANHANGUERA.
Agradeço
4
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO
14
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
16
2.1 Cultura do milho doce
16
2.2 Brachiaria brizantha e Brachiaria decumbens
17
2.3 Milho doce no Sistema Integração Lavoura-pecuária – S ILP
18
2.4 Adubação potássica na cultura do milho
21
3 MATERIAL E MÉTODOS
23
3.1. Caracterização da área experimental
23
3.2. Tratamentos e delineamento experimental
24
3.3 Instalação e condução do experimento
25
3.3.1 Semeadura das espécies de Brachiaria
25
3.3.2 Controle de plantas daninhas
25
3.3.3 Semeadura do Milho
26
3.3.4 Controle fitossanitário
27
3.3.5 Análise química do solo
28
3.4 Avaliação fitotécnica da cultura do milho
28
3.4.1 Altura das plantas
28
3.4.2 Altura de inserção da espiga
28
28
3.4.3 Número de folhas verdes
28
3.4.4 Diâmetro do colmo
29
3.4.5 Área foliar do milho
29
3.5 Componentes de produção e produtividade do milho
29
3.5.1 População final de plantas
29
3.5.2 Número de espigas por hectare
29
3.5.3 Diâmetro de espiga
30
3.5.4 Número de grãos por fileira
30
3.5.5 Produtividade
30
3.5.6 Massa seca de grãos
30
3.6. Análise Estatística
31
5
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
30
4.1 Análise química do solo
31
4.2 Avaliação fitotécnica da cultura do milho
37
4.3 Componentes de produção e produtividade do milho
40
5 CONCLUSÕES
47
REFERÊNCIAS
6
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1 Croqui da área experimental
25
Figura 2 Área experimental parcelas livres de plantas daninhas
26
Figura 3 Semeadura tratorizada do milho sob a palhada de Brachiarias
27
Figura 4 Teor de K no solo em função de doses de K 2 O
35
Figura 5 Teor de Ca no solo em função de doses de K 2 O
36
Figura 6 Teor de Mg no solo em função de doses de K 2 O
36
Figura 7 Altura de plantas de milho doce em função de doses de K 2 O.
Com Palha y = 0,014x + 214,5 R² = 0,17. Sem Palha y = 0,051x
+ 202,8 R² = 0,72
39
Figura 8 Número de Plantas de milho doce em função de doses de K 2 O
43
Figura 9 Diâmetro de espiga de milho doce em função de doses de K 2 O
46
7
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 Características químicas do solo, na profundidade de 0 a 20 cm,
da área experimental, antes da instalação do experimento,
Palmeiras de Goiás, GO, 2011
24
Tabela 2 Resumo da análise da variância para as causas de variação:
bloco,
doses,
Brachiaria
e
suas
interações
para
as
propriedades químicas do solo na profundidade de 0-20 cm,
Palmeiras de Goiás, GO, 2011
32
Tabela 3 Análise química do solo na profundidade de 0-20 cm em plantio
com
Brachiaria
decumbens,
Brachiaria
brizantha
e
sem
Brachiaria como cobertura do solo, Palmeiras de Goiás, GO,
2011
32
Tabela 4 Interação entre doses versus presença de Brachiaria para o teor
de P no solo, Palmeiras de Goiás, GO, 2011
Tabela 5 Interação entre doses versus presença de Brachiaria para o teor
de K no solo, Palmeiras de Goiás, GO, 2011
33
Tabela 6 Resumo da análise de variância: bloco, doses, Brachiaria e suas
interações para os componentes morfológicos: diâmetro do
colmo, altura de planta, altura de inserção da espiga, numero de
folhas e área foliar, determinados no estádio de florescimento
da cultura do milho doce, Palmeiras de Goiás, GO, 2011
34
Tabela 7 Análise de médias dos componentes morfológicos: altura de
planta, altura de inserção da espiga, diâmetro do colmo,
numero de folhas e área foliar, do milho doce cultivado sob
Brachiaria decumbens, Brachiaria brizantha e sem Brachiaria
como cobertura do solo, Palmeiras de Goiás, GO, 2011
8
38
Tabela 8 Resumo da análise de variância: bloco, doses, Brachiaria e suas
interações para os componentes de produção: população final
de plantas (PFP), número de grãos por fileira (NGF), número de
espigas
por
hectare
(NE),
diâmetro
de
espigas
(DE)
e
produtividade massa seca de grãos por hectare (MSG) e massa
verde de espigas com palha (MVE) do milho doce cultivado sob
Brachiaria decumbens, Brachiaria brizantha e sem Brachiaria
como cobertura do solo, Palmeiras de Goiás - GO, 2011
41
Tabela 9 Análise de médias dos componentes de produção: população
final de plantas (PFP), número de grãos por fileira (NGF),
número de espigas por hectare (NE), diâmetro de espigas e
produtividade massa seca de grãos por hectare (MSG) e massa
verde de espigas com palha (MVE) do milho doce cultivado
sob
Brachiaria
decumbens,
Brachiaria
brizantha
e
sem
Brachiaria como cobertura do solo, Palmeiras de Goiás, GO,
2011
42
Tabela 10 Interação entre doses versus presença de Brachiaria para
população final de plantas, Palmeiras de Goiás, GO, 2011
44
9
LISTA DE ABREVIATURAS
AIA – Ácido indolacético
AW – Clima tropical com estação seca
CTC – Capacidade de troca catiônica
cv – Cultivar
CV – Coeficiente de Variação
DMS – Diferença Mínima Significativa
GEFS – Grupo de Estudos de Fertilidade do solo
GO – Goiás
RNA – Ácido Ribonucleico
SILP – Sistema de Integração Lavoura-pecuária
10
LISTA DE SÍMBOLOS
º – Graus
ºC – Graus Celsius
’ – Minutos
” – Segundos
% – Porcentagem
Al – Alumínio
B – Boro
Ca – Cálcio
CaCl
2
- Cloreto de cálcio
Co – Cobalto
cmol c – Centimol de carga
cm 2 - Centímetros quadrados
Cu – Cobre
dm - 3 – Decímetro cúbico
Fe – Ferro
g – Gramas
ha – Hectare
K 2 O – Ó xido de potássio
K – Potássio
KCl – Cloreto de Potássio
kg – Quilos
L – Litros
m 2 – Metros quadrados
m – Metros
mg – Miligramas
Mg – Magnésio
mm – Milímetros
mmol c – Milimol de carga
Mn – Manganês
Na – Sódio
P – Fósforo
11
pH – Potencial Hidrogeniônico
Zn – Zinco
-- Os tratamentos são quantitativos
** significativo ao nível de 1% de probabilidade (p < .01)
* significativo ao nível de 5% de probabilidade (01=< p < .05)
ns
não significativo (p >= .05)
12
RESUMO
Os sistemas de produção integrados chamam a atenção por apresentarem
algumas vantagens em relação aos sistemas mais simplificados quanto à
diversificação agrícola. Dentre eles, pode-se destacar o Sistema de Integração
Lavoura-pecuária (SILP). O objetivo deste trabalho foi avaliar a resposta do
milho doce cultivado sob cobertura vegetal de diferentes espécies de
Brachiaria e a doses crescentes de K 2 O, em Sistema Integração Lavourapecuária. O delineamento experimental foi constituído por 12 tratamentos
estabelecidos em esquema de blocos casualisados, com parcelas subdivididas,
em três repetições. Cada dose de K 2 O (0, 50, 100 e 150 kg ha - 1 ) correspondeu
a uma subparcela, sendo as parcelas compostas por duas espécies de
Brachiaria, cultivadas como plantas de cobertura, mais uma testemunha sem
cobertura vegetal. Foi utilizado o híbrido simples de milho doce Tropical
Plus, e as Brachiaria brizantha cv. Marandu e Brachiaria decumbens cv.
Basilisk, todas com valor cultural de 76%. Durante o período de
florescimento da cultura do milho doce foram avaliados os componentes
morfológicos da cultura e quando os grãos encontravam-se entre os estádios
de leitoso e pastoso foram avaliados os componentes de produção e de
produtividade da cultura. A presença de palha de Brachiaria brizantha e
Brachiaria decumbens como planta de cobertura do solo proporciona melhor
desenvolvimento das plantas, porém, não incrementa a produtividade de milho
doce, nas condições edafoclimáticas do município de Palmeiras de Goiás. A
adubação potássica interfere em algumas características da espiga, sem, no
entanto, proporcionar incremento de produtividade de milho doce.
Palavras-Chave:
Potássio.
Integração
decumbens. Brachiaria brizantha.
Lavoura-pecuária.
Brachiaria
13
ABSTRACT
Integrated production s ystems draw attention because they show some
advantages regarding agricultural diversification when compared those
simpler ones. Among the former is the agriculture-cattle raising integration
s ystem. This work aimed at assessing sweet corn response to its growing
under Brachiaria different species to increasing dosages of K 2 O in a s ystem
integrating agriculture and cattle raising. The experimental design was made
up of twelve treatments in random blocks with parcels being subdivided in
three replications. Each K 2 O dosage (0, 50, 100, and 150 kilos per hectare)
corresponded to a sub-parcel, the parcels being made up of two Brachiaria
species grew as mulch and of a testimon y with no vegetable mulch. It was
used both a simple h ybrid of sweet corn (Tropical Plus) and Brachiaria
brizantha cv. Marandu and Brachiaria decumbens cv. Basilisk, whose purelive seed is of 76 percent. Two assessments of sweet corn culture were made:
one of its morphological elements during its flowerage period, the other of its
grain’s production and productivit y’s components during milk and dough
stages. Although the presence of straw of Brachiaria brizantha and
Brachiaria decumbens as soil mulch resulted in a better growing of plants, it
does not increased sweet corn productivity in the soil and climate conditions
of Palmeiras de Goiás municipalit y. Potassic fertilization interfere with ear
some characteristics but it does not result in an increase of sweet corn
productivity.
Keywords: potassium; Zea mays L (saccharata group); integration of
agriculture and cattle raising; Brachiaria decumbens; Brachiaria brizantha.
14
1 INTRODUÇÃO
O milho doce é uma hortaliça de grande importância na agricultura
goiana, o que faz do Estado de Goiás um dos maiores produtores da cultura no
Brasil. Outra prova disto é o município de Cristalina, GO, que se destaca
como maior produtor nacional de milho doce. Essa cultura apresenta
características semelhantes ao milho comum, diferindo apenas no teor de
açúcar contido no grão, que proporciona a sua industrialização para consumo
humano.
O plantio de milho doce foi possível através de melhoramento
genético, que proporcionou a sua adaptação ao clima tropical. Quando se
realiza a colheita das espigas, a palhada pode ser deixada no campo para
ciclagem de nutrientes ou pode ser ensilada para consumo dos animais.
A cultura do
milho
exige adubações
adequadas
para
um
bom
desempenho produtivo. O potássio é um macronutriente de grande importância
para a cultura sendo o segundo mais absorvido atuando como ativador
enzimático e neutralizador de macromoléculas aniônicas, por ser o cátion
mais abundante no citoplasma. Vários estudos estão sendo feitos para se
conhecer a atuação desse nutriente para a cultura do milho, revelando seu
desempenho quanto às formas, fontes e doses de adubação.
O
Sistema
Integração
Lavoura-pecuária
(SILP)
consiste
na
diversificação dos sistemas de produção com benefícios mútuos às atividades
de agricultura e pecuária. Esse sistema possibilita a maximização do uso do
solo e dos insumos agrícolas, proporcionando melhorias nos atributos físicos
e químicos do solo, com aumento de produtividade e maior estabilidade de
renda ao produtor.
15
A utilização de cobertura morta para plantio de culturas, como
acontece no S ILP após a dessecação da pastagem, proporciona vários
benefícios como a adição de matéria orgânica, que protege o solo das gotas de
chuva, mantém a umidade e proporciona melhor estruturação do solo, além de
ciclar nutrientes para as culturas.
Como o SILP está cada dia mais difundido, o conhecimento dos
resultados da utilização de diferentes espécies de Brachiaria, torna-se uma
ferramenta importante na escolha da cultura que disponibilizará cobertura,
para ciclagem de nutrientes e proteção do solo para plantio direto.
Diante do exposto, objetivou-se com este trabalho avaliar a resposta
do milho doce cultivado sob cobertura vegetal de diferentes espécies de
Brachiaria e a doses crescentes de K 2 O, em S ILP.
16
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1 Cultura do milho doce
O milho doce (Zea mays L. grupo saccharata) pertence à família
Poaceae,
do
gênero
Zea,
é
classificado
como
especial
e
destina-se
exclusivamente ao consumo humano. É utilizado principalmente como milho
verde, tanto “in natura” como para processamento pelas indústrias de
produtos vegetais em conserva. Sua origem é americana, provavelmente da
região onde se situa o México, foi domesticado em um período entre 7.000 e
10.000
anos
caracterizadas
atrás.
pelas
O
homem
mais
herdou
diferentes
cerca
de
adaptações,
300
raças
tanto
para
de
milho
condições
climáticas, como para usos do cereal. A botânica e a reprodução do milho
doce são idênticas à do milho comum. A cultura do milho doce é anual sua
propagação é feita por sementes e o plantio é feito diretamente no campo
(KW IATKOWSKI; CLEMENTE, 2007).
No Brasil, a produção de milho doce está concentrada nos estados de
Goiás que se destaca como o maior produtor, com 28.000 ha, seguido de São
Paulo, com 4.000 ha, Rio Grande do Sul, com 3.000 ha e Minas Gerais, com
1.000 ha. Devido ao crescente número de indústrias processadoras de vegetais
instaladas nestas regiões, bem como a identificação desta cultura como uma
excelente alternativa para áreas irrigadas com pivô-central, a cultura vem
ganhando espaço (MAGGIO, 2006).
Além do sabor adocicado, o milho doce apresenta alto valor nutritivo e
características próprias, como melhor palatabilidade dos grãos (sabor, maciez
e textura) e aparência das espigas. Estes diferenciais conferem ao milho doce
17
uma aptidão ao consumo humano, recebendo também o “status” de hortaliça
(MAGGIO, 2006).
A característica de alto teor de açúcar do milho doce é um caráter
recessivo, onde vários alelos foram identificados e utilizados comercialmente.
Todos são caracterizados por promoverem alterações na composição dos
carboidratos no endosperma e diferenciam-se quanto à proporção de amido e
açúcar no grão, e em relação à posição nos cromossomos em que estes alelos
estão localizados. O milho doce é caracterizado por possuir pelo menos um
dos oito genes mutantes que afetam a biossíntese de carboidratos no
endosperma. Tais genes podem atuar de forma simples ou em combinações
duplas
ou
triplas.
Entretanto,
associadas
a
este
gene,
estão
algumas
características indesejáveis, como baixa produtividade e baixa resistência ao
ataque de pragas e doenças por causa do maior teor de açúcares, quando
comparado ao milho comum. O termo “maior teor de açúcares” do milho doce
inviabiliza o processamento de alguns pratos, como o cural e a pamonha, por
causa do baixo teor de amido (KWIATKOWSKI; CLEMENTE, 2007).
O manejo do milho doce em relação ao stand, ao espaçamento, ao
controle de plantas daninhas, à adubação de plantio e à de cobertura é
bastante semelhante ao proposto para o milho verde comum. Quanto ao
escalonamento de plantio e à colheita, esta relacionada com a capacidade de
processamento da indústria. O controle de pragas e doenças deve ser mais
rigoroso devido à baixa resistência que a cultura apresenta. Contudo,
considerando-se
que
esse
tipo
de
milho
em
quase
sua
totalidade
é
industrializado, há necessidade de que apresente maturação uniforme na época
da colheita, sendo ela mecânica ou manual. Para que isso ocorra, deve-se
escolher sementes de qualidade, realizar o preparo do solo adequado e
profundidade e densidade de plantio ideais para a cultura (PEREIRA FILHO
et al., 2005).
2.2 Brachiaria brizantha e Brachiaria decumbens
De acordo com Cruz (2009), algumas espécies forrageiras como as do
gênero Brachiaria são mais eficientes na absorção e reciclagem do potássio
(K), fazendo uso muitas vezes de fontes inicialmente não trocáveis durante
18
seu desenvolvimento vegetativo, funcionando assim, como uma excelente
opção para formação de palha no sistema de rotação de culturas e SILP.
As plantas do gênero Brachiaria são caracterizadas pela sua robustez
pela agressividade, pela adaptação em regiões tropicais e ainda pela baix a
exigência por solos férteis, possibilitando amplo espectro de uso e manejo.
Alta produção de matéria seca e crescimento bem distribuído, também
compõem suas características. De modo geral, a forma de propagação das
braquiárias é inerente a cada espécie, ou mesmo cultivar, podendo ser por
sementes ou de modo vegetativo (KARAM et al., 2009).
A Brachiaria brizantha Hochst Stapf, é originária da África Tropical e
África do Sul. A cultivar Marandu tem porte muito variável, bem como sua
pubescência e rendimento. Desenvolve-se na maioria dos solos, inclusive
ácidos, mas requer um índice pluviométrico acima de 500 mm por ano. Esta
cultivar apresenta porte quase ereto, enraíza muito pouco nos nós, adapta-se a
regiões pouco úmidas, desde o nível do mar até mais de 3.000 m de altitude.
É moderadamente tolerante à seca, desenvolve-se bem em solos não úmidos, é
tolerante ao frio, resistente ao ataque de cigarrinhas, tem bom valor
forrageiro e alta produção de massa verde e baixa produção de sementes. Os
principais atributos desta espécie forrageira são produtividade, tolerância à
cigarrinha e a doenças, supressão de ervas daninhas, e sua adaptação à
condição de baixa luminosidade (VILELA, 2009).
A Brachiaria decumbens Stapf é originária da Região dos Grandes
Lagos em Uganda (África). Foi introduzida no Brasil em 1960, onde se
adaptou muito bem, principalmente nas áreas dos cerrados. É uma espécie
perene e vigorosa, resistente à seca, adaptando-se bem em regiões tropicais
úmidas. É pouco tolerante ao frio e cresce bem em diversos tipos de solo,
porém, requer boa drenagem e condições de média fertilidade, vegetando bem
em terrenos arenosos e argilosos. Os melhores resultados são obtidos quando
se usam 2 a 5 kg de sementes puras e viáveis por hectare (VILELA, 2009).
2.3 Milho doce no Sistema Integração Lavoura-pecuária – SILP
A literatura a respeito do uso de milho doce no S ILP é bastante
escassa, não sendo frequentes ainda publicações sobre o referido tema.
19
Devido à botânica e a reprodução do milho doce ser idêntica à do milho
comum (KW IATKOWSKI; C LEMENTE, 2007), foram utilizados matérias de
literatura referentes à cultura do milho comum para abordagem deste item.
A cultura do milho (Zea mays L.) se destaca no contexto da Integração
Lavoura-pecuária devido às inúmeras aplicações que esse cereal tem dentro da
propriedade agrícola quer seja na alimentação animal na forma de grãos ou de
forragem verde ou conservada, na alimentação humana ou na geração de
receita mediante a comercialização da produção excedente. Outra vantagem é
a competitividade no consórcio visto que o porte alto das plantas de milho
exerce, depois de estabelecidas, grande pressão de supressão sobre as demais
espécies que crescem no mesmo local (ALVARENGA et al., 2006).
Em consórcio com forrageiras, especificamente Brachiaria sp., várias
culturas têm sido empregadas, porém o milho tem sido a preferida, devido à
sua tradição de cultivo, ao grande número de cultivares comerciais adaptados
a diferentes regiões ecológicas do Brasil e à excelente adaptação, quando
manejado em consórcio (JAKELAITIS et al., 2005).
Considerando a importância econômica do milho, recentemente têm
ocorrido
importantes
mudanças
nos
sistemas
de
produção
da
cultura,
ressaltando sua expansão nos sistemas de plantio direto e de Integração
Lavoura-pecuária (GLAT, 2002). No entanto, a eficiência técnica desses
sistemas depende de certas condições, que são particulares de cada ambiente
(SANCHES; SALINAS, 1981; CRUZ FILHO, 1988).
O milho é considerado excelente competidor com plantas de porte
baixo, pois apresenta crescimento inicial rápido. Trabalhos conduzidos por
Alvim et al. (1989) e Duarte et al. (1995), demonstraram que, em competição
com espécies de Brachiaria, a produtividade do milho não foi alterada. No
consórcio de B. brizantha com o milho, Cobucci (2001), relata que em vários
ensaios a presença da forrageira não afetou este cereal.
Semelhante aos monocultivos, as espécies consorciadas estão sujeitas
à competição promovida pelas espécies daninhas. Os efeitos negativos dessa
interferência podem inviabilizar esse consórcio, por meio dos prejuízos que
podem ocorrer no estabelecimento da forrageira associada, no rendimento de
grãos e na qualidade do produto colhido. Desse modo, as práticas culturais –
como a forma de implantação da cultura em consórcio com a forrageira, a
20
época e a forma de estabelecimento da forrageira e o arranjo entre plantas –
podem minimizar a competição entre as espécies consorciadas e a ocorrência
de plantas daninhas (JAKELAITIS et al., 2005).
Com a senescência do milho, a forrageira se estabelece sem prejudicar
o rendimento e a colheita, proporcionando boa cobertura do solo e pastagem
para o gado na época da seca, além de garantir palhada para o cultivo seguinte
(KLUTHCOUSKI et al., 2003).
De acordo com Salton et al. (1995), essa palhada é importante, pois a
Integração Lavoura-pecuária com o plantio direto proporciona grandes
benefícios, principalmente a melhoria da fertilidade do solo, a otimização do
uso de maquinário e a obtenção de diferentes sistemas produtivos de grãos,
fibras, madeira, carne, leite e agroenergia, implantados na mesma área, em
consórcio, em rotação ou em sucessão.
Silva et al. (2003), avaliaram diferentes formas de semeadura de
Brachiaria brizantha em consórcio com milho. Apesar de não ter influenciado
a produtividade de milho, o cultivo de duas linhas de Brachiaria na entrelinha
do milho promoveu maior produção de biomassa da forrageira por ocasião da
colheita do milho. A aplicação de herbicida nicosulfuron na dosagem de 8 g
ha - 1 em mistura com atrazine na dosagem de 1,5 kg ha - 1 aos 30 dias após a
emergência do milho propiciou maior rendimento de grãos, peso de mil
sementes e maiores teores de nitrogênio, fósforo e potássio nas folhas do
milho, quando comparados com parcelas sem herbicida.
Jakelaitis et al. (2005), relataram que, no consórcio o vigor das
plântulas de milho foi maior em relação às plântulas de B. brizantha semeadas
na entre linha e que, por essa razão, o crescimento inicial do milho foi mais
rápido, o que gerou competição entre elas desfavorável à forrageira,
proporcionando acúmulo de biomassa de B. brizantha em monocultivo
superior à produção do sistema de semeadura utilizado em consórcio com o
milho. Como planta dominante nesse consórcio, o desenvolvimento vegetativo
de B. brizantha foi retardado devido ao sombreamento e à competição
exercida pelo milho.
De acordo com Dias Filho (2002), a Brachiaria sombreada reduz a
capacidade
fotossintética,
porém
observa-se
determinada
tolerância
em
resposta ao sombreamento, apresentando no ambiente sombreado maior área
21
foliar específica e razão de área foliar, visando maximizar a captura de luz, e
baixo ponto de compensação luminoso, promovendo balanço positivo de
carbono mesmo com limitação luminosa.
Ceccon et al. (2005), observaram em experimentos conduzidos que a
altura de plantas do milho não foi afetada pela presença ou não de consórcio
com diferentes espécies de gramíneas forrageiras em três locais avaliados,
assim como o rendimento de massa da parte aérea e o rendimento de grãos.De
acordo com os resultados estatísticos.
2.4 Adubação potássica na cultura do milho
O conhecimento dos efeitos de nutrientes e corretivos nos diversos
sistemas agrícolas é importante, pois além de fornecer subsídios para a sua
sustentabilidade ao longo do tempo, possibilita o uso mais eficiente, tornando
o sistema economicamente viável (CRUZ, 2009).
Depois do nitrogênio, o potássio é o elemento absorvido em maiores
quantidades pelo milho, sendo que apenas, em média, 30 % são exportados
nos grãos. Até pouco tempo, as respostas ao potássio em ensaios de campo
com o milho, eram em geral, menos frequentes e mais modestas que aquelas
observadas para fósforo e nitrogênio, devido principalmente aos baixos níveis
de produtividades obtidas (COELHO, 2006).
O K é um nutriente mineral que não possui função estrutural no
metabolismo das plantas. Por outro lado, é o cátion mais abundante no
citoplasma, contribuindo sobremaneira para a manutenção do potencial
osmótico das células e tecidos, atuando como ativador enzimático e como
neutralizador de macromoléculas aniônicas (MARSCHNER, 1995).
Contudo, algumas pesquisas relatam respostas diversas à adubação
potássica para cultura do milho, quando o teor trocável no solo encontra-se
abaixo do nível crítico, indicando que as plantas podem absorver formas não
trocáveis e ou não detectadas pelos métodos tradicionais de análise de solo,
utilizados na predição de sua disponibilidade (COELHO, 2005).
Apesar de sua comprovada importância,
são frequentes respostas
positivas para a cultura do milho quanto à adubação potássica.
22
Aumentos de produção em função da aplicação de potássio têm sido
observados para solos com teores muito baixos e com doses de até 120 kg de
K 2 O ha - 1 . Nos solos do Brasil Central, a quantidade de potássio disponível é
normalmente baixa e a adubação com esse elemento produz resultados
significativos. Aumentos de produção de 100% com adição de 120 a 150 kg de
K 2 O ha - 1 são comuns nesses solos. A absorção mais intensa de potássio pelo
milho ocorre nos estádios iniciais de crescimento. Quando a planta acumula
50 % de matéria seca (60 a 70 dias), cerca de 90 % da sua necessidade total
de potássio já foi absorvida. Assim, normalmente recomenda-se aplicar o
fertilizante no sulco por ocasião da semeadura do milho. Ao contrário do
nitrogênio, em que é possível maior flexibilidade na época de aplicação, sem
prejuízos na produção, o potássio deve ser aplicado no máximo até 30 dias
após o plantio (COELHO, 2006).
Os benefícios proporcionados pelas práticas conservacionistas do solo
em S ILP devem-se à presença de diferentes espécies de plantas e de seus
resíduos sobre o solo, à atividade radicular e à relação agregação do solo
(acúmulo de matéria orgânica). Especialmente dessa relação, surgem diversas
propriedades, entre elas a capacidade de troca catiônica (CTC), que afetam a
dinâmica de cátions no solo, especialmente do potássio (ANGHINONI et al.,
2007).
No solo, o potássio possui alta mobilidade, portanto, adubações de
cobertura devem ser observadas com cuidado, principalmente em solos
argilosos. Algumas vezes, para repor o K extraído, recomenda-se sua
aplicação em cobertura; entretanto, essa adubação será mais efetiva para as
safras
seguintes.
É
importante
adotar
práticas
conservacionistas
para
preservar a fertilidade do solo. Devido às altas quantidades de K a serem
aplicadas, sugere-se o parcelamento entre as adubações de plantio e de
cobertura (PEREIRA FILHO, 2002).
Trabalhos com o cultivo de milho indicaram que praticamente todo K
foi computado no perfil do solo, na absorção pela planta e nas alterações no K
extraível do solo, considerando a profundidade de 90 cm. As propriedades do
solo, baixas CTC e soma de cargas negativas, foram desfavoráveis à retenção
do K, favorecendo a lixiviação nas aplicações de doses elevadas do nutriente
(acima de 300 kg ha - 1 de K 2 O). Como a CTC efetiva e a força de adsorção de
23
K dos solos de Cerrado são normalmente baixas, um manejo inadequado da
adubação potássica poderá proporcionar perdas de K por lixiviação (SANTOS,
2008).
24
3 MATERIAL E MÉTODOS
3.1 Caracterização da área experimental
O experimento foi realizado no município de Palmeiras de Goiás, GO,
no ano agrícola de 2010/2011, na Fazenda São Domingos, cujas coordenadas
geográficas são 17º 01’ 38” de Latitude Sul, e 50º 00’ 22” de Longitude Oeste
e altitude média de 553 m (GOOGLE EARTH, 2011). De acordo com a
classificação de Koppen, o clima predominante na região é do tipo Aw, típico
das savanas tropicais, com estações bem definidas: uma seca e fria (outonoinverno)
e outra
experimental
foi
quente e
úmida (primavera-verão).
classificado
como
Latossolo
O solo
Vermelho
da área
distrófico
(EMBRAPA, 2006).
A caracterização química do solo amostrado antes da instalação do
experimento, na camada de 0 a 20 cm de profundidade, está descrita na
Tabela 1.
Tabela 1. Características químicas do solo, na profundidade de 0 a 20 cm, da
área experimental, antes da instalação do experimento, Palmeiras de
Goiás, GO, 2011.
Profundidade pH (g dm-3) (mg dm-3) --------Complexo Sortivo (cmol.dm-3)------V%
(cm)
CaCl 2 M.O.
P
K
Ca Mg Al H+Al SB CTC
0 a 20
5,2
24,8
6,47
0,18 2,99 0,7 0,04 2,8 3,87 6,67 58,02
M.O. = M at ér ia o rg â nic a ; V% = sa t ur aç ão d e b a s es ; SB = So ma d e b a se s
Continuação: Tabela 1. Características químicas do solo, na profundidade de
0 a 20 cm, da área experimental, antes da instalação
do experimento, Palmeiras de Goiás, GO, 2011.
Profundidade
B
Fe
Mn
Zn
Co
Na
Cu
-3
(cm)
-----------------------------------------(mg dm )-----------------------------------------0 a 20
0,24
41,17
20
3,57
0,1
3
1,45
25
3.2 Tratamentos e delineamento experimental
O experimento consistiu de 12 tratamentos estabelecidos em esquema
de blocos casualisados, com parcelas subdivididas, em três repetições
(FERREIRA, 2000), sendo a área de cada subparcela 25,6 m 2 (3,2 x 8 m)
(Figura 1). Cada dose de K 2 O (0, 50, 100 e 150 kg ha - 1 ) correspondeu a uma
subparcela, sendo as parcelas compostas por duas espécies de Brachiaria
(Brachiaria brizantha e Brachiaria decumbens), cultivadas como plantas de
cobertura, mais uma testemunha sem cobertura vegetal.
Foi utilizado o híbrido simples de milho doce Tropical Plus, e as
Brachiaria brizantha cv. Marandu e Brachiaria decumbens cv. Basilisk.
Figura 1. Croqui da área experimental.
26
3.3 Instalação e condução do experimento
3.3.1 Semeadura das espécies de Brachiaria
A semeadura das espécies Brachiaria foi realizada no dia quatro de
dezembro de 2010, utilizando-se escarificador de tração tratorizada, para
abertura dos sulcos de semeadura, com quatro linhas individuais espaçadas de
0,40 m, com profundidade aproximada de dois a três cm, sendo a semeadura
realizada manualmente, utilizando-se 7 kg ha - 1 de sementes com valor cultural
de 76%.
3.3.2 Controle de plantas daninhas
27
Nas parcelas que não receberam o cultivo das espécies de Brachiaria
como planta de cobertura, o controle de plantas daninhas foi realizado por
meio de aplicação de herbicidas de manejo, utilizando-se a dosagem de 3 l
ha - 1 de Gl yfosato.
Figura 2. Área experimental, parcelas livres de plantas
daninhas.
F o nt e: G E F S ( 2 0 1 0 ) .
3.3.3 Semeadura do Milho
O milho foi semeado no dia cinco de fevereiro de 2011, sob o material
vegetal dessecado das espécies de Brachiaria utilizadas no experimento, sem
revolvimento do solo, utilizando-se semeadora de tração tratorizada, com
cinco linhas individuais espaçadas de 0,80 m, colocando-se cinco sementes
por metro, foi utilizada adubação de base com MAP 200 kg ha - 1 , a adubação
de cobertura foi feita utilizando 300 kg ha - 1 de N. Após a semeadura do milho
não foi aplicado herbicida para controle das plântulas, provenientes do banco
de semente depositado nas parcelas pelas espécies utilizadas como planta de
cobertura do solo, caracterizando os Sistemas de Integração Lavourapecuária.
28
Figura 3. Semeadura tratorizada do milho sob a palhada de
Brachiarias.
F o nt e: GE F S ( 2 0 1 1 ) .
3.3.4 Controle fitossanitário
Foi
realizada
aplicação
para
a
lagarta-do-cartucho
(Spodoptera
frujiperda), com inseticida Lannate® BR na dosagem de 129 g ha - 1 do
ingrediente ativo.
3.3.5 Análise química do solo
Foram
coletadas
amostras
de
solo
para
determinação
das
características químicas em duas épocas no decorrer do ano agrícola, na
camada de 0 a 20 cm de profundidade. A primeira amostragem foi realizada
antes da instalação do experimento e a segunda amostragem foi realizada após
a colheita do milho. Na segunda amostragem foram retiradas três subamostra
em cada subparcela, para caracterização química das mesmas.
3.4 Avaliação fitotécnica da cultura do milho
3.4.1 Altura das plantas
29
Para determinação da altura de plantas foi considerada a distância
entre o nível do solo e o ponto de inserção da primeira ramificação do
pendão. Para esta avaliação foi utilizada fita métrica para determinação das
medidas de 10 plantas por subparcela quando o milho encontrava-se no
estádio de florescimento.
3.4.2 Altura de inserção da espiga
Para avaliação da altura de inserção da espiga em cada planta foi
considerada a distância entre o nível do solo e a inserção da primeira espiga,
utilizando-se de fita métrica na tomadas das medidas. Foram feitas notações
de 10 plantas por subparcela quando o milho encontrava-se no estádio de
florescimento.
3.4.3 Número de folhas verdes
O número de folhas verdes por planta foi avaliado através da contagem
de todas as folhas verdes (75% do limbo foliar verde, verificado através de
visualização) presentes em cada planta por ocasião do florescimento.
3.4.4 Diâmetro do colmo
Na determinação do diâmetro do colmo, foi utilizado paquímetro de
metal graduado em milímetros. Para medição foi considerado o primeiro
entrenó a partir da superfície do solo de cada planta. Nestas avaliações foram
tomadas notações de 10 plantas por subparcela no estádio de florescimento do
milho.
3.4.5 Área foliar do milho
Na determinação da área foliar, foi utilizado um cilindro de metal com
capacidade de recortar círculos foliares com área de 7,07 cm 2 . Foram
30
coletadas folhas de três plantas por subparcela, e coletados 20 círculos por
amostra para análise de área foliar. O cálculo foi baseado em regra de três
simples, onde se multiplicou a massa seca total de folhas por planta versus a
área correspondente de 20 círculos dividido pela massa seca dos mesmos.
3.5 Componentes de produção e produtividade do milho
Durante o período em que os grãos encontravam-se entre os estágios
de grão leitoso e pastoso, foram avaliados os componentes de produção e a
produtividade da cultura.
3.5.1 População final de plantas
Para determinação da população final de plantas, foram contadas todas
as plantas da área útil de cada subparcela e o resultado extrapolado para
plantas por hectare.
3.5.2 Número de espigas por hectare
Na avaliação do número de espigas por hectare foram contadas todas
as espigas da área útil de cada subparcela e o resultado extrapolado para
espigas por hectare.
3.5.3 Diâmetro de espiga
Foi utilizado paquímetro de metal graduado em milímetro, e tomadas
medidas de diâmetro de 10 espigas sem palha, aleatoriamente, por subparcela.
3.5.4 Número de grãos por fileira
O número de grãos por fileira, determinado mediante contagem em 10
espigas, aleatoriamente, de todos os grãos de uma fileira na espiga.
3.5.5 Produtividade
31
A produtividade foi obtida a partir da massa verde de espigas com
palha, onde foram tomados os pesos de todas as espigas contidas na área útil
de cada subparcela e o resultado extrapolado para quilos por hectare.
3.5.6 Massa seca de grãos
Para esta avaliação foram coletados por subparcela, os grãos de cinco
espigas e após permanecerem em estufa a 60ºC até peso constante, mediante
pesagem,
o
resultado
foi
extrapolado
para
quilos
por
hectare.
Para
extrapolação, fez-se uso dos dados referentes ao número de espigas por
hectare.
3.6 Análise Estatística
Para análise estatística dos dados foi utilizado o programa estatístico
Assistat. Todos os dados originais foram submetidos à análise de variância a
5 e 1% de probabilidade pelo teste F, sendo as médias dos tratamentos
comparadas pelo teste de Tukey.
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.1 Análise química do solo
O resumo da análise de variância para as características químicas do
solo avaliadas após a colheita do milho, na profundidade de 0-20 cm,
submetidas aos fatores de variação parcela e subparcela, encontram-se na
Tabela 2.
32
Na Tabela 3, encontram-se os resultados da análise química do solo,
após a colheita do milho, na profundidade de 0-20 cm, avaliando-se
isoladamente o fator qualitativo de variação parcelas.
Pode-se observar que houve diferença significativa apenas para os
elementos K e P. As parcelas onde havia cobertura vegetal com Brachiaria
decumbens e Brachiaria brizantha diferiram entre si, onde o maior teor de K
foi encontrado nas parcelas com decumbens cultivada como planta de
cobertura. Entretanto, as parcelas com cobertura de decumbens e brizantha
não diferem estatisticamente das parcelas sem Brachiaria.
0
Tabela 2. Resumo da análise da variância: bloco, parcela, subparcela e suas interações para as propriedades químicas do
solo na profundidade de 0-20 cm, Palmeiras de Goiás, GO, 2011.
Causas de Variação
Ca
Mg
K
P
Cu
Mn
Zn
Fe
M.O.
ns
**
ns
ns
**
ns
ns
ns
Bloco
1,477
16,200
1,479
1,336
12,896
0,448
2,225
3,563
5,294 *
Doses
6,602 -25,800 -93,370 -16,300 -2,235 -0,213 -1,345 -0,919 -0,229 -Brachiaria
0,983 ns
0,296 ns
4,881 *
4,975 *
0,095 ns
0,268 ns 0,943 ns
0,487 ns
0,972 ns
Doses*Brachiaria
0,871 ns
1,482 ns
5,346 **
25,281 **
0,192 ns
0,016 ns 0,417 ns
0,407 ns
0,093 ns
Regressão Polinomial
Equações
Ca
Mg
K
P
Cu
Mn
Zn
Fe
M. O.
*
**
**
ns
ns
ns
ns
ns
Reg. Linear
10,355
29,160
206,420
2,314
0,210
0,004
0,018
0,001
0,413 ns
Reg. Quadrática
9,375 *
45,000 **
44,340 **
0,091 ns
4,600 ns
0,026 ns 3,781 ns
0,185 ns
0,229 ns
- - O s t r at a me n to s s ão q ua n ti ta ti vo s. O Test e F não s e ap lic a. * * si g n i f i cat i vo ao n í ve l d e 1 % d e p r o b ab i lid ad e ( p < .0 1 ) . * s i g ni f ic at i vo ao
ní v el d e 5 % d e p r o b ab i li d ad e ( .0 1 =< p < .0 5 ) . n s não s i g ni f ica ti vo ( p >= .0 5 ) .
Tabela 3. Análise química do solo na profundidade de 0-20 cm em plantio com Brachiaria decumbens, Brachiaria
brizantha e sem Brachiaria como cobertura do solo, Palmeiras de Goiás, GO, 2011.
Ca
Mg
K
P
Cu
Mn
Zn
Fe
M. O.
Tratamentos
----------(mmolc dm ³)--------- --------------------------------------------(mg dm ³)------------------------------------------- (g dm-³)
26,17 a
81,33 a
4,96 ab
1,93 a
29,90 a
38,98 a
B. decumbens
7,42 a
3,43 a
20,25 a
68,92 b
4,68 b
1,85 a
30,92 a
38,81 a
B. brizantha
26,58 a
7,75 a
2,68 a
21,00 a
75,30 ab
5,44 a
1,87 a
33,53 a
3,15 a
43,30 a
Sem Brachiaria
27,75 a
7,58 a
19,17 a
10,26
0,63
0,47
13,19
1,43
13,31
DMS
3,02
1,12
3,41
12,95
11,98
23,50
39,81
43,89
31,30
CV
10,69
13,99
16,08
As méd i a s s e g uid as p el a mes ma letr a não d i fer e m es ta ti st ic a me n te e n tr e si . Fo i ap li cad o o Tes te d e Tuk e y a 5 % d e p r o b a b ilid ad e.
32
33
Para o P, os maiores valores foram encontrados nas parcelas sem
como
Brachiaria
planta
de
cobertura
do
solo,
porém
não
diferindo
estatisticamente da utilização de decumbens, como planta de cobertura.
Comparando as duas espécies de Brachiaria, nota-se que não houve diferença
significativa para o teor de P no solo.
Corrêa et al. (2008), avaliando os efeitos de diferentes intervalos de
dessecação e tipos de plantas de cobertura na fertilidade do solo, teor
nutricional e o crescimento inicial da cultura do milho, observaram aumentos
do teor de P e K no solo. De acordo com os resultados obtidos por estes
autores, a brizantha foi a planta de cobertura que possibilitou maior
disponibilidade de P às plantas de milho no momento do plantio, seguida da
crotalária
e
do
milheto.
Essa
maior
disponibilidade
de
P
no
solo
proporcionada pela Brachiaria deve-se ao fato de essa espécie ter absorvido
menores quantidades do elemento do solo durante seu desenvolvimento. Ainda
de acordo com esses autores, as três espécies – crotalária, milheto e
Brachiaria – aumentaram o teor de K de 0,5 mmol c dm - 3 , considerado
deficiente, para 3 e 3,5 mmol c dm - 3 , valores apontados como adequado para a
cultura do milho.
Pode-se observar também a ocorrência de interação entre os fatores de
variação parcela e subparcela para o teor de P (Tabela 4) e de K (Tabela 5),
no solo.
Tabela 4. Interação entre doses versus presença de Brachiaria para o teor de
P no solo, Palmeiras de Goiás, GO, 2011.
Palha de Brachiaria
Doses de K2O
-1
Kg ha
0
50
100
150
DMS (linhas) = 1,27
CV% (parcela) = 11,98
CV% (subparcela) = 14,33
B. decumbens
B. brizantha
Sem Brachiaria
-
-------------------------------(mg dm ³)-------------------------------5,30 A
2,63 B
5,20 A
7,03 A
6,37 A
4,83 B
4,07 A
4,57 A
3,50 A
3,43 C
5,13 B
8,23 A
As méd ia s se g u id a s p el a me s ma l etr a na l i n ha não d i f er e m e st at is ti ca me n te e n tr e s i. Fo i
ap li cad o o T e ste d e T u k e y a 5 % d e p r o b ab i lid ad e.
34
Tabela 5. Interação entre doses versus presença de Brachiaria para o teor de
K no solo, Palmeiras de Goiás, GO, 2011.
Palha de Brachiaria
Doses de K2O
B. decumbens
B. brizantha
-1
Sem Brachiaria
-
Kg ha
-------------------------------(mg dm ³)------------------------------------0
47,33 A
42,67 A
60,00 A
50
70,33 A
59,67 A
66,33 A
100
68,33 A
72,00 A
47,53 B
150
139,33 A
101,33 B
127,33 A
DMS (linhas) = 20,52
CV% (parcela) = 12,95
CV% (subparcela) = 13,36
As méd ia s se g u id a s p el a me s ma l etr a na l i n ha não d i f er e m e st at is ti ca me n te e n tr e s i. Fo i
ap li cad o o T e ste d e T u k e y a 5 % d e p r o b ab i lid ad e.
Observando a Tabela 2, nota-se que só foi possível ajustar equação de
regressão para o K, Ca e Mg, para as demais variáveis não houve ajuste
significativo para equações lineares e quadráticas.
De acordo com a Figura 4, observa-se que a utilização de doses
crescentes de K 2 O elevou de forma linear a concentração de potássio no solo.
Esses resultados corroboram com os dados apresentados por Prado et al.
(2004), estes autores, avaliando doses crescentes de potássio em um Latossolo
Vermelho distrófico, também observaram aumento linear no teor deste
elemento no solo utilizado para produção de mudas de maracujazeiro-amarelo.
Ainda, de acordo Cruz (2009), avaliando o K trocável do solo, também
observou aumento linear, para as profundidades amostradas de 0-5, 5-10, 1020, 20-40 e 40-60 cm, coletados após a colheita do milho, no teor deste
nutriente em resposta as doses crescentes utilizadas, de K 2 O.
35
Figura 4. Teor de K no solo em função de doses de K 2 O.
Para os elementos Ca e Mg observou-se diminuição de seus teores no
solo com o aumento das doses de K 2 O (Figuras 5 e 6). Estes elementos
também possuem carga elétrica positiva assim como o K e ficam retidos nos
colóides do solo, os quais apresentam predominantemente cargas negativas em
solos com acidez corrigida, representados pelas argilas e a matéria-orgânica.
Os cátions retidos nos colóides estão em constante equilíbrio com os cátions
da solução do solo, e competem entre si pelos sítios de adsorção. Portanto a
diminuição de Ca e Mg pode ser explicada pelo fato de que a relação ótima
entre esses nutrientes foi alterada pela maior concentração de K na solução, o
que pode ter ocasionado aumento saturação da CTC do solo com K,
provocando o deslocamento do Ca e do Mg, os quais ficaram passíveis de
perda por lixiviação.
Ernani et al. (2007), avaliando doses crescentes de potássio em dois
solos ácidos constatou que a adição de KCl aumentou a percolação de Ca e
Mg,
nos
dois
solos,
proporcionalmente
à
quantidade
aplicada.
Nos
tratamentos com a maior dose de KCl (300 mg kg - 1 de solo), as concentrações
de Ca nas soluções percoladas do Nitossolo Vermelho aumentaram de 1 mgL - 1
(na testemunha) para até 35 mg L - 1 , e as de Mg, de 1 para até 25 mg L - 1 ; no
Cambissolo Húmico, as concentrações de Ca aumentaram de 8 para 40 mg L - 1 ,
e as de Mg, de 2 para 11 mg L - 1 . O aumento na percolação desses dois
nutrientes
ocorreu
porque
eles
foram
deslocados
das
cargas
elétricas
36
negativas pelo K aplicado, em decorrência da elevação de sua atividade na
solução do solo.
Após calcular a derivada primeira da equação y = -0,0004x 2 + 0,0458x
+ 27,289, obteve-se a dose de 57,25 kg ha - 1 de K 2 O, como sendo a dose que
proporcionou o máx imo teor de Ca no solo (Figura 5), e da equação y = 0,0002x 2 + 0,019x + 7,6167, obteve-se a dose de 47,5 kg ha - 1 de K 2 O, como
sendo a dose que proporcionou o máximo teor de Mg no solo (Figura 6).
Figura 5. Teor de Ca no solo em função de doses de K 2 O.
Figura 6. Teor de Mg no solo em função de doses de K 2 O.
37
4.2 Avaliação fitotécnica da cultura do milho
O resumo da análise de variância para as causas de variação: bloco,
doses, Brachiaria e suas interações para os componentes morfológicos:
diâmetro do colmo, altura de planta, altura de inserção da espiga, numero de
folhas e área foliar, determinados no estádio de florescimento da cultura do
milho doce encontram-se na Tabela 6.
Na
Tabela
7,
encontram-se
os
resultados
dos
componentes
morfológicos do milho doce, analisados durante o estádio de florescimento,
avaliando-se isoladamente o fator qualitativo de variação parcelas.
Tabela 6. Resumo da análise de variância: bloco, doses, Brachiaria e suas
interações para os componentes morfológicos: diâmetro do colmo,
altura de planta, altura de inserção da espiga, número de folhas e
área foliar, determinados no estádio de florescimento da cultura do
milho doce, Palmeiras de Goiás, GO, 2011.
Causas de
Diâmetro do
Altura de
Altura de
Número de
Área
Variação
Colmo
Inserção
planta
folhas
Foliar
Bloco
2,869 ns
13,305 **
16,225 **
2,000 ns
1,495 ns
Doses
Brachiaria
1,048 -6,004 *
0,922 -14,379 **
2,505 -5,389 *
1,256 -3,707 *
1,247 -0,82 ns
Doses*Brachiaria
0,604 ns
0,814 ns
0,933 ns
Equações
0,652 ns
0,720 ns
Regressão Polinomial
Diâmetro do
Altura de
Altura de
Colmo
Inserção
planta
Número de
folhas
Área
Foliar
Reg. Linear
0,466 ns
0,730 ns
6,490 *
2,760 ns
0,600 ns
Reg. Quadrática
0,419 ns
1,959 ns
0,002 ns
0,230 ns
0,880 ns
- - Os tr a ta me n to s s ão q ua n ti ta ti vo s. O Tes te F não s e ap l ic a. * * s i g ni f ic at i vo a 1 % d e
p r o b ab il id ad e ( p < .0 1 ) . * si g n i f ica ti vo a 5 % d e p r o b ab il id ad e ( .0 1 = < p < .0 5 ) . n s não
si g n i fi cat i vo ( p >= .0 5 ) .
38
Tabela 7. Análise de médias dos componentes morfológicos: altura de planta,
altura de inserção da espiga, diâmetro do colmo, numero de folhas e
área foliar, do milho doce cultivado sob Brachiaria decumbens,
Brachiaria brizantha e sem Brachiaria como cobertura do solo,
Palmeiras de Goiás, GO, 2011.
Diâmetro
Altura de
Altura de
Número de
Área
Tratamentos
do Colmo
Inserção
planta
folhas
Foliar
-1
(mm)
(cm)
(cm)
(Folhas planta )
(cm2)
B. decumbens
25,28 a
102,62 a
215,31 a
13,16 a
9091,56 a
B. brizantha
25,48 a
106,65 a
216,03 a
13,0 ab
8871,07 a
Sem Brachiaria
23,69 b
96,03 b
206,75 b
12,72 b
8252,95 a
DMS
1,46
5,16
8,12
0,42
1751,76
CV
5,60
4,81
3,62
3,10
19,02
As méd i as s e g uid as p el a mes ma l etr a não d i fer e m es ta ti st ic a me n te e n tr e si . Fo i ap li cad o o
Teste d e Tu ke y a 5 % d e p r o b ab il id ad e.
Pode-se
observar
que
houve
diferença
significativa
entre
os
tratamentos, milho doce cultivado com e sem palha de Brachiaria como
planta de cobertura do solo para as seguintes variáveis: diâmetro do colmo,
altura de inserção da espiga, altura de planta e número de folhas. Onde os
tratamentos com brizantha e decumbens como planta de cobertura não
diferiram entre si, porém mostraram-se superiores ao tratamento sem palha de
Brachiaria, com exceção apenas para o número de folha por planta, onde o
tratamento com brizantha não diferiu da testemunha sem palha de Brachiaria.
Observando os dados fica evidente que a presença da palha no sistema,
beneficiou as plantas de milho em todas as variáveis morfológicas avaliadas,
com exceção da área foliar, a qual não variou em função da presença das
espécies de Brachiaria como planta de cobertura.
A importância destas características é que normalmente elas estão
relacionadas à produtividade de grãos, e que podem indicar possíveis
limitações enfrentadas pelas plantas, no seu desenvolvimento (DOMINGUES,
2004).
Estes dados corroboram com os apresentados por Cruz (2009). Este
autor avaliando milho cultivado em Sistema de Integração Lavoura-pecuária
sobre palha de brizantha, também encontrou melhores resultados para estas
variáveis no tratamento com palha de B. brizantha quando comparado à
testemunha, sem palha.
Analisando os dados referentes aos componentes morfológicos da
39
cultura do milho doce, submetidos ao fator quantitativo de variação doses de
K 2 O, observa-se que só foi possível ajustar equação de regressão para a altura
de planta, para os demais não houve ajuste significativo para equações
lineares e quadráticas (Tabela 6).
Os resultados referentes à altura de plantas, os quais apresentaram
comportamento linear positivo para o aumento das doses de K 2 O (Figura 7),
corroborou com os obtidos por Cruz (2009), porém, além da altura de planta,
este
autor
também
encontrou
aumento
significativo
para
os
demais
componentes citados anteriormente, divergindo dos resultados apresentados
neste trabalho.
A altura de plantas de milho está associada principalmente ao
alongamento dos internódios e o K está diretamente associado a este processo
(CRUZ et al., 2008; MALAVOLTA, 2006).
Figura 7. Altura de plantas de milho doce em função de
doses de K 2 O. Com Palha y = 0,014x + 214,5 R²
= 0,17. Sem Palha y = 0,051x + 202,8 R² = 0,72.
40
4.3 Componentes de produção e produtividade do milho
O resumo da análise de variância para as causas de variação: bloco,
doses, Brachiaria e suas interações para os componentes de produção:
população final de plantas, número de grãos por fileira, número de espigas
por hectare, diâmetro de espigas, massa seca de grãos por hectare e massa
verde de espigas com palha por hectare do milho doce cultivado sob
Brachiaria decumbens, Brachiaria brizantha e sem Brachiaria como cobertura
do solo encontram-se na Tabela 8.
Os dados referentes aos componentes da produção do milho doce:
população final de plantas, número de espigas por hectare, número de grãos
por fileira e diâmetro de espigas, massa seca de grãos por hectare e massa
verde de espigas com palha por hectare, avaliando-se isoladamente o fato r
qualitativo de variação parcelas encontram-se na Tabela 9.
37
Tabela 8. Resumo da análise de variância: bloco, doses, Brachiaria e suas interações para os componentes de produção:
população final de plantas (PFP), número de grãos por fileira (NGF), número de espigas por hectare (NE),
diâmetro de espigas (DE), massa seca de grãos por hectare (MSG) e massa verde de espigas com palha por
hectare (MVE) do milho doce cultivado sob Brachiaria decumbens, Brachiaria brizantha e sem Brachiaria
como cobertura do solo, Palmeiras de Goiás, GO, 2011.
Componentes de produção e produtividade
PFP
NGF
NE
DE
MSG
MVE
Causas de Variação
-1
-1
-1
-1
(Plantas ha )
(Grãos fileira )
(Espigas ha )
(mm)
(kg ha )
(kg ha-1)
Bloco
5,593 *
8,501 *
2,185 ns
0,446 ns
1.6388 ns
5,287 *
Doses
3,603 --
0,698 --
0,711 --
3,514 --
0.7700 --
0,185 --
Brachiaria
4,866 *
0,469 ns
0,014 ns
1,006 ns
0.6795 ns
0,743 ns
Doses*Brachiaria
3,566 *
0,396 ns
0.2204 ns
0,431 ns
Equações
Reg. Linear
Reg. Quadrática
PFP
3,356 ns
7,184 *
0,840 ns
0,242 ns
Regreção Polinomial
NGF
NE
ns
1,425
0,882 ns
ns
0,337
0,135 ns
DE
6,503 *
0,777 ns
MSG
1,546 ns
0,175 ns
MVE
0,388 ns
0,053 ns
- - Os tr a ta me n to s s ão q ua n ti ta ti vo s. O Tes te F não se ap l ica. * * si g n i f ica ti vo a 1 % d e p r o b ab ilid ad e ( p < .0 1 ) . * s i g ni f ic at i vo a 5 % d e
p r o b ab il id ad e ( .0 1 = < p < .0 5 ) . n s não s i g ni f ica ti vo ( p >= .0 5 ) .
41
38
Tabela 9. Análise de médias dos componentes de produção: população final de plantas (PFP), número de grãos por
fileira (NGF), número de espigas por hectare (NE), diâmetro de espigas (DE), massa seca de grãos por hectare
(MSG) e massa verde de espigas com palha por hectare (MVE) do milho doce cultivado sob Brachiaria
decumbens, Brachiaria brizantha e sem Brachiaria como cobertura do solo, Palmeiras de Goiás - GO, 2011.
Componentes de produção e produtividade
Tratamentos
PFP
NGF
NE
DE
MSG
MVE
B. decumbens
B. brizantha
Sem Brachiaria
DMS
CV
(Plantas ha-1)
69305,55 ab
70555,55 a
64722,22 b
5082,10
7,07
(Grãos fileira-1)
25,08 a
24,88 a
24,18 a
2,51
9,62
(Espigas ha-1)
64583,34 a
65694,45 a
64722,22 a
18971,51
27,70
(mm)
46,25 a
47,55 a
46,69 a
2,41
4,88
(kg ha-1)
5652,72 a
6293,04 a
5599,09 a
1709,68
27,74
(kg ha-1)
17777,78 a
17652,78 a
15861,11 a
4542,37
25,21
As méd i a s s e g uid as p el a mes ma letr a não d i fer e m es ta ti st ic a me n te e n tr e si . Fo i ap li cad o o Tes te d e Tuk e y ao n í ve l d e 5 % d e p r o b ab i lid ad e.
42
43
Para o componente da produção, população final de plantas, foi
possível ajustar equação de regressão quadrática em função das doses
crescentes de K 2 O (Figura 8). Após calcular a derivada primeira da equação y
= -0,9815x 2 + 177,22x + 63491, obteve-se a dose de 90,28 kg ha - 1 de K 2 O
como sendo a dose que proporcionou o maior número de plantas por hectare.
Isto pode estar relacionado ao fato do adubo utilizado para caracterização dos
tratamentos das subparcelas, ser o KCl, um fertilizante com alto índice de
salinidade (116), o que pode ter contribuído para a morte das plantas nas
subparcelas que receberam doses superiores a esta.
Índice salino é o aumento da pressão osmótica da solução do solo
provocada pela salinidade do adubo. Osmose é o caminhamento de solvente
(água) através de membranas semipermeáveis, no sentido da solução de menor
pressão osmótica para a de maior pressão osmótica. Assim, se a pressão
osmótica da solução do solo tornar-se superior à da solução celular das raízes,
tem-se o caminhamento da água da célula para o solo, com o consequente
murchamento e, normalmente, a morte da planta. As plantas novas são as que
mais sentem os efeitos da salinidade (ALCARDE et al., 1998).
Figura 8. Número de plantas de milho doce em função d e
doses de K 2 O.
44
Pode-se observar também a ocorrência de interação entre os fatores de
variação parcela e subparcela (Tabela 10), onde a presença da palha
influenciou positivamente o número de plantas principalmente na dose 0 kg
ha - 1 de K 2 O.
Estes resultados divergem dos apresentados por Cruz (2009), quanto
ao fator de variação parcela, onde a população de plantas não apresentou
diferença entre os tratamentos com palha e sem palha de Brachiaria
brizantha.
Isso provavelmente se deve ao fato de que, nas parcelas com palha a
umidade do solo se mantém por mais tempo o que favorece a germinação das
sementes e o desenvolvimento das plântulas, resultando num maior número de
plantas no estande final. Já que, a manutenção de restos vegetais na superfície
do solo, além de proteger o solo da radiação solar, dissipa a energia de
impacto das gotas de chuva, reduz a evaporação de água e aumenta a
eficiência da ciclagem de nutrientes (GASSEN; GASSEN, 1996).
Tabela 10. Interação entre doses versus presença de Brachiaria para
população final de plantas, Palmeiras de Goiás, GO, 2011.
Palha de Brachiaria
Doses de
K2O
B. decumbens
B. brizantha
Sem Brachiaria
(kg ha-1)
--------------------------------------- (Plantas ha-1) --------------------------------------0
66666,66 a
70000,00 a
54444,44 b
50
65555,55 a
74444,45 a
67777,77 a
100
78333,34 a
70000,00 ab
67777,77 b
150
66666,66 a
67777,77 a
68888,89 a
DMS (linhas) = 10164,21
CV% (parcela) = 8,05
CV% (subparcela) = 7,07
As méd ia s se g u id a s p el a me s ma l etr a na l i n ha não d i f er e m e st at is ti ca me n te e n tr e s i. Fo i
ap li cad o o T e ste d e T u k e y a 5 % d e p r o b ab i lid ad e.
O número de grãos por fileira não sofreu alterações significativas
quando submetido às causas de variações parcela e subparcela (Tabela 8). No
entanto pode-se observar reduções numérica nos valores referentes a esta
variável,
em
função
do
aumento
das
doses
de
K 2 O.
Estes
valores
corresponderam a 25,0; 25,4; 24,4 e 23,9 para as doses de 0; 50; 100 e 150 kg
45
ha - 1 de K 2 O respectivamente. Esse resultado corrobora com os obtidos por
Cruz (2009), avaliando o numero de grãos por espiga. Segundo esse autor a
diminuição do número de grãos por espiga com o aumento das doses de K 2 O,
pode ser explicada pelo comportamento do teor de Boro (B) nas folhas, onde
este micronutriente teve seu teor reduzido com o aumento das doses de K 2 O.
Este autor relata ainda que este fato provavelmente esteja relacionado a falhas
na formação da parede celular e na integridade da membrana plasmática nas
células do grão de pólen em plantas com concentrações reduzidas de B nos
seus tecidos, o que inviabilizaria o grão de pólen.
O B está relacionado a muitos processos fisiológicos da planta que são
afetados pela sua deficiência, como transporte de açúcares, síntese da parede
celular,
lignificação,
carboidratos,
estrutura
metabolismo
de
da
RNA,
parede
celular,
respiração,
metabolismo
metabolismo
de
de
AIA,
metabolismo fenólico, metabolismo de ascorbato e integridade da membrana
plasmática. Entre as diversas funções, duas estão muito bem definidas: síntese
da
parede
celular
e
integridade
da
membrana
plasmática
(CAKMAK;
RÖMHELD, 1997).
Segundo Gupta (1993), a concentração de B nos tecidos das plantas
pode ser relacionada a diversos fatores que incluem variação genotípica,
estágio de desenvolvimento e fatores ambientais. A deficiência de B é mais
importante para o desenvolvimento reprodutivo que para o crescimento
vegetativo (DELL; HUANG, 1997). Em condições de severas deficiências de
B, ocorre má formação de espigas e também redução na produção do milho
(MOZAFAR, 1987).
O componente de produção, número de espigas, não apresentou
resultados significativos para as causas de variações parcela e subparcela
(Tabela 6). Esses resultados divergem os encontrados por Cruz (2009), onde
esse componente apresentou comportamento quadrático em função das doses
crescentes de K 2 O. Esse autor relata ainda que houve interação para os fatores
de variação Brachiaria e doses, onde a presença da palha de brizantha
influenciou positivamente o número de espigas, em relação às subparcelas
com ausência de palha, até a dose de 150 kg ha - 1 de K 2 O, não havendo mais
diferença entre as subparcelas na dose de 225 kg ha - 1 de K 2 O.
Para o componente de produção, diâmetro de espigas, não houve
46
diferença significativa para o fator de variação parcelas (Tabela 8). No
entanto, foi possível ajustar equação de regressão linear (Figura 9), ou seja,
houve aumento do diâmetro das espigas com o aumento das doses de K 2 O.
Figura 9. Diâmetro de espiga de milho doce em função
de doses de K 2 O.
A produtividade (massa verde de espigas com palha por hectare) e
massa seca de grãos por hectare não apresentaram diferenças significativas
quando comparadas as parcelas com palha ou sem palha de Brachiaria, para
estas variáveis também não foi possível ajustar equações lineares ou
quadráticas quando submetidos à aplicação das doses crescentes de K 2 O.
Estes resultados diferem dos obtidos por Cruz (2009), o qual observou
comportamento quadrático para a produtividade de grãos de milho em
resposta à aplicação das doses crescentes de K 2 O, onde a máxima dose
agronômica para estes tratamentos correspondeu a 115,9 kg ha - 1 de K 2 O para
a parcela com palha e 136,2 kg ha - 1 de K 2 O para a parcela sem palha.
Noce et al. (2008), avaliando o efeito da palhada de gramíneas
forrageiras sobre a cultura do milho, também não encontrou diferença
significativa para o componente massa de espigas, demonstrando que
nenhuma
das
espécies
de
cobertura
utilizada
negativamente na produtividade da cultura do milho.
influenciou
positiva
ou
47
5 CONCLUSÕES
Nas condições edafoclimática em que foi conduzido este experimento
pode-se concluir que:
1. A presença de palha de brizantha e decumbens como planta de
cobertura do solo proporciona melhor desenvolvimento das plantas, porém,
não incrementa a produtividade de milho doce.
2. A adubação potássica não proporciona incremento na produtividade
do milho doce.
48
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