AVALIAÇÃO BIOQUÍMICA DO HIDRÓXIDO DE CÁLCIO

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AVALIAÇÃO BIOQUÍMICA DO HIDRÓXIDO DE CÁLCIO ASSOCIADO AO ALOE
VERA COMO PRINCÍPIO ATIVO
Maria Carolina de Sousa Melo (discente do programa ICV), Profª Drª Carmen Milena
Rodrigues Siqueira Carvalho (Orientadora, Depto de Patologia e Clínica Odontológica UFPI), Ingrid de Oliveira Cavalcante (Colaboradora, Mestrado em Odontologia - UFPI).
INTRODUÇÃO: As variações presentes na anatomia interna do sistema de canais radiculares
podem interferir no sucesso da limpeza e desinfecção dos mesmos. Assim, em condições clínicas, o
preparo biomecânico não elimina por completo os microorganismos presentes, havendo necessidade
da ação de uma medicação intracanal com efetiva atividade antimicrobiana. Um dos materiais que
tem sido amplamente utilizado para esse fim é o hidróxido de cálcio, devido às suas atividades:
antimicrobiana, solvente de matéria orgânica, indutora de tecido mineralizado e apoiadora à
reparação tecidual (HOLLAND et al. 1992, LEONARDO 2005).
A multiplicidade de veículos empregados nas pastas de hidróxido de cálcio demonstra a
ausência de consenso entre a substância que deve ser eleita para associar ao hidróxido de cálcio
pró-análise, com vistas a melhorar algumas de suas propriedades (ESTRELA & PECORA, 1997). O
desafio seria tentar descobrir novos veículos que associados ao hidróxido de cálcio sejam tão
eficazes quanto os já existentes. Atualmente, o estudo da fitoterapia em programas preventivos e
curativos tem estimulado a avaliação da atividade de diferentes extratos de plantas. (LORENZI,
MATOS 2000). O objetivo do trabalho é avaliar bioquimicamente os princípios da pasta de Hidróxido
de cálcio com Aloe vera.
METODOLOGIA: Trata-se de um estudo experimental, in vitro, no qual avaliou-se a liberação
de cálcio livre de diferentes soluções à base de hidróxido de cálcio. A pesquisa foi realizada no
laboratório do curso de Química da Universidade Federal do Piauí. As substâncias utilizadas para
essa foram o pó de hidróxido de cálcio p.a, gel da planta Aloe Vera, soro fisiológico, e água destilada.
As pastas de hidróxido de cálcio foram divididas em dois grupos de acordo com o veículo utilizado,
sendo o primeiro grupo considerado controle, composto por: 0.01g de hidróxido de cálcio p.a +5ml
soro fisiológico + 5ml de água destilada. O segundo grupo teve a seguinte composição: 0.01g de
hidróxido de cálcio p.a +5ml água destilada + 5ml do extrato aloe vera. Cada grupo foi composto por
três amostras.
Primeiramente foi feita a mensuração do hidróxido de cálcio utilizando uma balança digital
que tem uma variação de 0,01g. Depois foi feita a mensuração do soro fisiológico, gel da planta Aloe
Vera e água destilada por meio de uma pipeta. Após a homogeneização com ultrassom de cada
porção do hidróxido de cálcio com cada veículo proposto, cada grupo foi acondicionado em um
béquer, identificado com uma etiqueta e armazenado em geladeira.
A concentração inicial de cálcio livre foi mensurada em um espectrofotômetro digital modelo
SP1105 (Bel Photonics), com o auxílio de reagentes Calcio Liquiform (Laboratório Labtest). As outras
mensurações foram feitas nos seguintes tempos: após 1 hora, 24 horas, 7 dias, 14 dias, 21 dias e 28
dias. Os resultados foram colocados em uma tabela e analisados estatisticamente.
RESULTADOS: O sistema de Labtest utiliza soluções liquido estáveis que permitem a
produção de reagente único, estável 8 horas entre 15- 25 °C. Para o cálculo da concentração de
cálcio livre (mg/L) utilizou-se a seguinte fórmula numérica:
𝑐𝑎 (
𝑚𝑔
𝐴𝑎𝑚𝑜𝑠𝑡𝑟𝑎
)=
× 100
𝐿
𝐴𝑝𝑎𝑑𝑟ã𝑜
Após as mensurações e cálculos, obteve-se o seguinte gráfico:
200
Grupo 1
Grupo 2
190
-1
Concentraçao (mg.L )
180
170
160
150
140
130
120
110
100
90
0
3
6
9
12
15
18
21
24
27
30
Tempo (dias)
Gráfico 1: Concentração de cálcio livre em mg/L de acordo com o tempo.
De uma forma geral, os dois grupos comportaram-se de forma bastante semelhante, onde a
concentração de cálcio livre (mg/L) foi diminuindo ao longo do tempo, sendo essa diminuição mais
evidente no intervalo de 7 dias.
Foi possível notar também que a partir da mensuração no sétimo dia, o desvio padrão
aumentou para os dois grupos. Por fim, houve um pequeno aumento das concentrações com 28 dias
e consequente diminuição do desvio padrão.
Considerando-se que um desvio padrão relativo menor que 5% é aceitável para
espectrofotometria, pode-se concluir que o grupo 2 apresentou maior concentração de cálcio livre em
todas as mensurações, ou seja, maior liberação de cálcio. Característica importante quando do
emprego dessas pastas de hidróxido de cálcio junto ao tecido conjuntivo, na busca de um reparo por
tecido mineralizado, através da ativação de importantes sistemas enzimáticos como o da fosfatase
alcalina, pirofosfatase e ATPase cálcio dependente (SÓ, 2005).
CONCLUSÃO: Nesse trabalho, o Aloe Vera quando associado ao hidróxido de cálcio,
apresentou melhores resultados quanto à liberação de íons cálcio quando comparado à agua
destilada, como veículo. Levando em conta a metodologia e resultados obtidos nesse estudo, podese inferir que esse achado, associado às características antiinflamatórias desse fitoterápico, indica
que este poderá ser indicado como uma alternativa viável e promissora como veículo a ser utilizado
na medicação intracanal.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

Estrela, C; Pécora, J.D. Hidróxido de Cálcio na Endodontia.Nov, 1997

Holland R, Soares IJ, Soares IM. Influence of irrigation and intracanal dressing on the healing
process of dog’s teeth with apical periodontitis. Endod dent traumatol. 1992; 8(6):223-9.

Leonardo MR. Endodontia: tratamento de canais radiculares: princípios técnicos e biológicos. 4
ed. São Paulo: Artes Médicas, 2005.

Lorenzi H. Matos FJA. Plantas medicinais no Brasil - nativas e exóticas. Nova Odessa: Ed.
Instituto Plantarum de Estudo da Flora lTDA; 2000. p.35-58.

SÓ, M. V. R. Pastas à base de hidróxido de cálcio – Avaliação da biocompatibilidade, pH e
liberação de íons cálcio. Tese apresentada à Faculdade de Odontologia de Araraquara, da
Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, para obtenção do título de Doutor em
Endodontia, 2005.
Palavras Chave: Medicamentos fitoterápicos. Hidróxido de cálcio. In vitro.
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