relações entre o relevo e as ocorrências erosivas - LABOGEF

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VII Simpósio Nacional de Controle de Erosão
Goiânia (GO), 03 a 06 de maio de 2001
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RELAÇÕES ENTRE O RELEVO E AS OCORRÊNCIAS EROSIVAS NA ZONA DA
ALTA BACIA DO RIO ARAGUAIA (GO/MT)
BARBALHO. M.G.S.; CAMPOS, A . B. Instituto de Estudos Sócio Ambientais - IESA/UFG Goiânia – GO, Brasil - [email protected] e [email protected]
RESUMO
O presente trabalho visou determinar as relações existentes entre o relevo e as feições erosivas
de médio a grande porte que ocorrem na Alta Bacia do Rio Araguaia. As relações existentes
foram determinadas a partir do cruzamento dos mapas morfológico e de ocorrências erosivas
obtidos através de interpretação de fotografias aéreas em escala 1:60.000 e análise de imagens
digitais e analógicas LANDSAT-TM7 tratadas pelo programa SPRING.
Palavras-chaves: relevo, erosão linear
ABSTRACT
The aim of this article is to determine the relationships between the characteristics of relief
and the occurrence of gullies in the Upper Araguaia River Basin/Brazil. The relationships
were determined from the crossing of the morphologic and gullies maps derived from the
interpretation of aerial photographs at scale 1:60,000 and LANDSAT-TM7 satellite images as
well.
Key Words: rilief, gully erosion
INTRODUÇÃO
Nos últimos anos vários estudos tem ressaltado a necessidade do controle dos
processos erosivos em áreas urbanas e rurais, uma vez que estes não só trazem como
conseqüência a degradação das paisagens e prejuízos materiais aos proprietários e
administração pública, como também, colocam em perigo um grande número pessoas que
residem próximos às ocorrências erosivas lineares.
Nesta perspectiva, estudos realizados na zona da Alta Bacia do Rio Araguaia
(IPT,1998; CELG;1998; Silva,2000; Campos et al. 1999; Castro et al., 2000) demonstraram
que as alterações ambientais que promoveram o desenvolvimento de processos erosivos foram
desencadeadas principalmente pelo uso inadequado do solo, caracterizado pela substituição do
cerrado pela agricultura e pastagens, pelas trilhas de gado, pelas cercas de divisa e pela
construção de estradas sem drenagem adequada, que propiciaram a concentração do
escoamento das águas pluviais, principal motor da erosão linear.
Entretanto, as características de volume, velocidade, direção e circulação dos fluxos
superficiais, bem como o desenvolvimento das erosões hídricas, não são governadas apenas
por fatores de ordem antrópica, mas também por suscetibilidade dos fatores de ordem natural,
como tipo de solos e rochas, características climáticas, hidrológicas e de relevo (Campos et
al., 2000). Dentre as características do relevo de grande importância estão as morfológicas
representadas por seus elementos e formas, tais como tipos de vertentes, rupturas de declive,
escarpas e planícies aluviais.
Com base no exposto, o presente trabalho objetivou identificar e espacializar, por meio
de fotointerpretação e análise de imagens de satélite, as características morfológicas dos
elementos e formas de relevo, com vistas a compreender suas relações com os processos
erosivos lineares na área de estudo.
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ASPECTOS GERAIS
A área de estudo localiza-se na região da bacia do alto curso do rio Araguaia entre as
coordenadas geográficas 17o 46’42” a 17o 59’16” de latitude sul e 52o 59’09” a 53o 12’07” de
longitude oeste (Figura - 01).
Apresenta substrato geológico predominante constituído por unidades Jurássicas
pertencentes à Formação Botucatu da Bacia Sedimentar do Paraná que é representada na área
por arenitos róseos avermelhados, finos a muito finos, bimodais, bem selecionados, eólicos,
com estratificações cruzadas de pequeno a grande porte, comumente silificados, originando
solos arenosos (Castro et. al., 1999).
O relevo na área de estudo caracteriza-se por modelados suaves posicionados entre as
cotas 825 – 700 pouco dissecados e representados por amplos interflúvios e formas convexas
ou tabulares, como também por escarpas erosivas que servem de limite entre a unidade
anterior e os amplos chapadões que se posicionam acima da cota 900m (Castro et al., op. cit.).
METODOLOGIA
As etapas metodológicas seguidas neste trabalho foram:
- Confecção do esboço morfológico a partir da interpretação de fotografias aéreas em
escala 1:60.000 (USAF, 1966) seguindo a proposta de Soares & Fiori (1976), adaptados por
Oliveira (1995), com o objetivo de identificar e mapear as principais feições erosivas que se
relacionam com os processos erosivos, especialmente as escarpas, formas e rupturas de
declive de vertentes, e os limites das planícies aluviais;
- Digitalização do esboço morfológico utilizando o programa SPRING (/INPE);
- Atualização do mapa de ocorrências erosivas elaborado por Silva (1999) por
restituição, com a utilização de imagem digitais e analógicas LANDSAT-TM7 - composição
colorida RGB/543 (1999);
- Cruzamento do esboço morfológico com o de ocorrências erosivas para análise das
relações existentes entre feições morfológicas e ocorrências erosivas em ambiente SPRING e
estabelecimento dos principais indicadores relacionados às formas e tipos de vertentes.
RESULTADOS OBTIDOS E DISCUSSÃO
Através da análise do esboço morfológico e das ocorrências erosivas verificou-se que as
erosões da área de pesquisa estão em sua maioria conectadas a rede hidrográfica em canais
principalmente de 1a ordem, com ocorrência mais restrita em canais de 2a e 3a ordem
(Tabela 1).
O predomínio de amplas vertentes associadas a rupturas de declive convexas nos terço
médio e superior, favorecem o escoamento difuso por serem dispersoras das águas pluviais, e
a menor incidência de erosões, enquanto a presença de rupturas côncavas no limite inferior
das vertentes, junto ao início das planícies aluviais condicionam a formação da maioria das
erosões na área, especialmente aquelas de maior porte (ocorrências erosivas - 2, 4, 5, 6,7, 8 e
11 - Figura 2).
As feições erosivas nos 4,5,6,7,8,11 foram diagnosticadas como tendo sua origem ligada
a concentração de fluxos superficiais (IPT, 1998), o que corrobora com o exposto acima.
Outras feições erosivas menores (1, 3, 9 e 10) posicionam-se próximas as áreas
escarpadas junto a cabeceiras de drenagem de primeira ordem, e provavelmente estão
relacionadas aos fluxos pluviais superficiais provenientes da escarpa que incidem com alta
energia sobre as zonas de cabeceiras ligeiramente côncavas.
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TABELA 1 - DISTRIBUIÇÃO DAS OCORRÊNCIAS EROSIVAS E FEIÇÕES DO RELEVO
ASSOCIADAS
FEIÇÕES ASSOCIADAS POSIÇÃO
TOPOGRÁFICA
CONEXÃO
COM A REDE
DOS CANAIS
côncava
côncava
côncava
côncava
côncava
côncava
côncava
côncava
côncava
côncava
côncava
TRANSIÇÃO
OCORRÊNCIAS
EROSIVAS
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
FORMA DE
VERTENTE
escarpa/colinas
colinas
escarpa/colina
colinas/fundo de vale
colinas/fundo de vale
colinas/fundo de vale
colinas/fundo de vale
colinas/fundo de vale
escarpa
escarpa
colinas/fundo de vale
850m
850m
850m
750m
775m
775m
775m
725m
800m
800m
725m
1a ordem
1a ordem
1a ordem
2a ordem
2a ordem
1a ordem
1a ordem
1a ordem
1a ordem
2a ordem
3aordem
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os resultados obtidos demonstraram boas correlações entre ocorrências erosivas e
feições morfológicas na escala de análise considerada (1:60.000), especialmente com a
Identificação das zonas mais sensíveis ao desenvolvimento das erosões localizadas junto as
rupturas côncavas que delimitam o inicio das planícies aluviais dos vales secundários.
Tais resultados indicam que medidas corretivas destas erosões devem priorizar o
disciplinamento das águas pluviais que incidem de forma concentrada nas zonas com rupturas
côncavas associadas a canais fluviais secundários do rio Araguaia.
BIBLIOGRAFIA REFERENCIADA
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Leuven, Belgium, 16-19. April, 2000
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Figura 1 - Mapa de Localização
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Figura 2 - Esboço Morfológico do Relevo do Setor da Alta Bacia do Rio Araguaia
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