1 Estado do Piauí Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Recursos Hídricos PANORAMA DA DESERTIFICAÇÃO NO ESTADO DO PIAUÍ (Relatório de Consultoria) Teresina, Piauí novembro de 2005 2 1. INTRODUÇÃO O fenômeno da desertificação no mundo vem se transformando numa preocupação cada vez maior, uma vez que cresce de maneira acelerada o uso e manejo irracional dos recursos naturais e, neste cenário, o Piauí é conhecido mundialmente como possuidor de uma das maiores áreas de desertificação do Brasil que é a do Núcleo de Desertificação de Gilbués, PI. Este fato veio à baila da década de 1970 quando o ecólogo pernambucano João Vasconcelos Sobrinho informava que no semi-árido brasileiro estaria a surgir “um grande deserto com todas as características ecológicas que conduziriam à formação dos grandes desertos hoje existentes em outras regiões do globo”. O deserto que ali vinha se formando seria “um deserto atípico”, diferenciado do deserto Saariano, mas com as mesmas implicações de inabitabilidade, disso constituindo prova a “diminuição da rede potamográfica da região”. A desertificação é um processo de degradação ambiental que ocorre nas regiões áridas, semi-áridas e subúmidas secas do globo por ação antrópica, com impactos negativos imediatos na qualidade de vida da população, tais como: aumento da escassez hídrica; perda da fertilidade do solo; redução da produção de alimentos; diminuição drástica das reservas de madeira; entre outras. No Piauí, mais precisamente em áreas da grande região de Gilbués, a degradação ambiental encontra-se num processo bastante acelerado, envolvendo 07 (sete) municípios segundo informações da população local. De acordo com o IBGE (2004) apenas nos municípios de Monte Alegre do Piauí, Gilbués e Barreiras do Piauí, já alcança uma área de 7.694 km2, que equivale a 769.400 ha. Hoje, a erosão, inclusive com voçorocas, ameaça cidades, povoados, estradas, propriedades rurais e urbanas, assim como, é uma das maiores fontes de sedimentos para o assoreamento de baixões, riachos, rios, lagoas e barragens que ficam a jusante do processo de degradação. Como conseqüência, os principais cursos d’água da região - os rios Gurguéia e Uruçui Vermelho, apresentam-se bastante assoreados, e, por extensão, o rio Parnaíba. O trabalho “Panorama da Desertificação no Piauí”, não é um documento fechado, representa, até mesmo pela exigüidade de tempo, apenas um rápido levantamento de informações e de ações que vem sendo desenvolvidas no sentido de combater ou de neutralizar o processo de degradação ambiental que culmina na desertificação. Este “Panorama” foi concebido para servir de subsídio para as discussões na elaboração do Plano de Ação Estadual de Combate à Desertificação – PAE e também é um instrumento norteador para a 3 implementação de ações ecosocioambientais envolvendo os mais diversos segmentos da sociedade com atuação nas áreas suscetíveis à desertificação, tendo em vista a meta de combater eficazmente a desertificação e todas suas causas e conseqüências. 2 CARACTERIZACAÇÃO DO ESTADO DO PIAUÍ O Estado do Piauí está localizado no Nordeste brasileiro abrangendo uma área de 251.529,86 km2, representando 16,2% da área nordestina e 2,95% da área nacional. É o terceiro maior Estado do Nordeste, sendo superado em área apenas pela a Bahia e o Maranhão. Está situado entre 2º 44' 49" e 10º 55' 05" de latitude sul e entre 40º 22' 12" e 45º 59' 42" de longitude oeste. (CEPRO, 2003). 2.1. Ocupação colonial do Piauí A abordagem do processo de colonização do território piauiense assume grande importância, haja vista que a estrutura econômica e social do Piauí permaneceu durante muitas décadas sem sofrer grandes alterações e dela podemos delinear traços que levam às características socioambientais até hoje encontradas. A ocupação colonial do Piauí ocorreu com maior intensidade em meados do século XVI e foi caracterizada por dois aspectos: através da implantação de fazendas de gado para exploração da pecuária extensiva e pelo interesse de grupos aventureiros que objetivavam acumular riquezas explorando os povos nativos (CEPRO, 2003). As condições físicas do Piauí indicavam para enormes possibilidades de criação de gado, pois era abundante a presença de pastos naturais, fartos recursos hídricos e salubridades do clima além da boa oferta de produtos coletáveis e animais de caça que facilitaram a sobrevivência da população. Essas características eram bem distintas das do Nordeste Oriental devido principalmente à existência de diversas várzeas férteis que representavam um potencial explorável para as necessidades humanas, inclusive para a agricultura, que por outros motivos nunca foi potencialmente explorada (CEPRO, 2003). 2.2 Geologia e Geomorfologia 4 Sob o aspecto geológico, o Piauí é dividido em duas grandes províncias, sendo a primeira a grande Bacia Sedimentar do Piauí/Maranhão, formada de rochas sedimentares, ocupando um espaço equivalente a 84% do território piauiense e a segunda província é formada por rochas cristalinas e metamórficas, situadas no contato leste e sudeste do Estado, correspondendo a 16% do espaço geográfico estadual. O relevo piauiense abrange planícies litorâneas e aluvionares, nas faixas às margens do rio Parnaíba e de seus afluentes, que permeiam a parte central e norte do Estado. Ao longo das fronteiras com o Ceará, Pernambuco e Bahia, nas chapadas de Ibiapaba e do Araripe, a leste, e da Tabatinga e Mangabeira, ao sul, encontram-se as maiores altitudes da região, situadas em torno de 900 metros de altitude. Entre essas zonas elevadas e o curso dos rios que permeiam o Estado, como, por exemplo, o Gurguéia, Fidalgo, Uruçuí Preto e o Parnaíba, encontram-se formações tabulares, contornadas por escarpas íngremes, resultantes da ação erosiva das águas. As formas do relevo podem ser classificadas em seis tipos: Depressões periféricas, Chapadões do Alto-médio Parnaíba, Planalto Oriental da bacia Maranhão/Piauí, baixos Planaltos do médio-baixo Parnaíba, Tabuleiros préLitorâneos e planície costeira. 2.3 Solos Os solos do Piauí são na maioria extremamente intemperizados, ácidos, com baixa disponibilidade de nutrientes, dentre os quais, as unidades mapeadas como Latossolos Amarelos representam aproximadamente 50% da área total. No estudo de potencialidade das terras do Piauí, realizado pelo Ministério a Agricultura, 1979, as terras são classificadas da seguinte maneira: 1. Quanto à aptidão agrícola: 11,7 milhões de hectares aptos para lavoura; 10,2 milhões de hectares indicados para silvicultura e/ou pastagens naturais; 1,3 milhões de hectares para pastagem plantada;7,16% não apresentam aptidão para o uso agrícola. 2. Quanto à exigência de fertilizantes e corretivos: 84,51% têm alta exigências de fertilizantes e moderada necessidade de calagem para a manutenção e correção de seu estado nutricional; 5,1% tem moderada exigência de fertilizantes e baixa necessidade de calagem; 2,41% tem baixa exigência de fertilizantes e 0,03% tem altas exigências de fertilizantes e de corretivos 3. Quanto à exigência de práticas de conservação do solo: a) 67,07% da área do Estado têm limitações nulas ou ligeiras quanto à erosão, necessitando de medidas simples para a sua conservação (por exemplo: aração mínima, rotação de culturas, cultivos em faixas, cultivos em contorno e pastoreio controlado); b) 18,11% das áreas têm limitações 5 fortes a muito fortes quanto à erosão, necessitando para sua conservação, de práticas técnicas e economicamente pouco viáveis, que em muitos casos não justificam a sua aplicação. São áreas que devem ser preservadas ou em alguns casos, serem utilizadas para pastagem ou silvicultura; c)13,94% têm limitações ligeiras a moderadas quanto a suscetibilidade à erosão. Estas áreas necessitam de medidas intensivas (por exemplo: terraços de base largas, terraços de bases estreitas); d) 6,88% são terras com limitações moderadas a fortes, necessitam de práticas mais complexas (p. ex. Terraços em níveis, terraços em patamar, banquetas individuais). 4. Quanto à possibilidade de mecanização: a) 53,63% das áreas do Estado são praticamente limitadas quanto ao uso de máquinas e implementos. O declive não ultrapassa a 6% e o rendimento efetivo de tratores é maior que 90%; b) 21,18% são terras com impedimentos muito fortes quanto à mecanização, pois, o declive é maior que 20% e o rendimento de tratores é menor que 50%; c) 13,94% da área apresentam limitações ligeira a moderada com declive de 6 a 12% e o rendimento de tratores varia entre 70 a 90%; d) 4,33% são terras com limitações moderadas a fortes com declive de 12 a 20% e o rendimento de tratores situando-se entre 50 a 70%. 2.4 Vegetação Em vista da diversidade climática, as formações vegetais do Piauí sofrem a influência dos domínios da Amazônia, do Planalto Central e do Nordeste. Portanto, essa região caracteriza-se por uma diversidade de ecossistemas, já que é uma zona ecotonal entre a floresta amazônica, os cerrados e o trópico semi-árido. As principais formações vegetais do Piauí são: Cerrados, Caatinga, Transição Cerrados/Caatinga, Floresta Semidecídua, Transição Floresta Semidecídua/Cerrados, Vegetação Litorânea. As áreas dos cerrados localizam-se geograficamente em vários pontos do Piauí, entretanto a sua maior ocorrência encontra-se na região sudoeste e parte do extremo sul piauiense, ampliando-se através de várias manchas na área ecotonal, nas regiões centro-leste e norte do Estado. As formações vegetais da caatinga, típicas do semi-árido nordestino, ocorrem na faixa leste, no centro norte e no sudeste do Estado. São classificadas como caatinga arbórea, arbustiva/arbórea ou arbustiva. Nas áreas de transição há contatos dos cerrados com a caatinga, mata seca decídua, mata estacional subdecídua, mata de babaçu, carnaúba, mata ripícola 6 e ainda o complexo vegetacional Campo Maior, que é formado por um mosaico de vegetação composto por campo cerrado, savana de Copernícia, campos periodicamente inundáveis e/ou vegetação de parque. A floresta semidecídua/cerrado e o sistema cerrado/caatinga se encontram disseminados ao longo de todo o Estado. São geralmente considerados áreas de contato, porque não existe uma vegetação predominante característica, e sim uma associação de dois ou mais tipos ecológicos diferentes. É comum nesses trechos, a intercalação de estratos arbóreos, arbustivos, graminóides e plantas xerófilas. A floresta decídua, no Piauí, ocupa as encostas úmidas e as baixadas, ou acompanha, geralmente, os vales ribeirinhos, o curso do rio Parnaíba e de seus afluentes mais volumosos, a partir do município de Regeneração, estendendose até as proximidades do município de Buriti dos Lopes, no trecho final do rio Parnaíba, onde cede lugar à vegetação litorânea. Por fim, quanto à vegetação litorânea, esta se compõe de restingas e mangues, com grande presença de carnaúba. 2.5. Clima O Estado está situado numa zona de transição entre o Nordeste semi-árido e a Amazônia úmida. Além disso, por ter uma configuração “vertical” e localizar-se na parte mais ocidental do Nordeste, a região sul do Estado mergulha nas condições características do planalto brasileiro, onde predomina a vegetação de cerrado. Geógrafos insistem em que os Estados do Piauí e do Maranhão estariam situados numa zona mais apropriadamente denominada de MeioNorte. Estar situado, portanto, nessa zona de contato entre os três principais biomas brasileiros – o cerrado, a caatinga e a floresta amazônica – significa situar-se numa zona de transição balanceada, sem os rigores climáticos que caracterizam cada uma separadamente. Assim, o Piauí não sofre inteiramente a semi-aridez excessiva do Nordeste central, nem os excessos de umidade e pluviosidade da Amazônia. Em função de sua situação geográfica entre os três grandes biomas brasileiros – o Nordeste semi-árido, a Amazônia úmida e os cerrados brasileiros – o Piauí, apresenta diferenças climáticas entre suas regiões: clima quente e úmido, nas regiões norte, sul e sudoeste do Estado, e clima semi-árido, nas regiões leste, centro sul, e sudeste, segundo a classificação descrita por Köeppen. As precipitações pluviométricas apresentam grande variabilidade espacial e temporal, mostrando dois regimes chuvosos: no sul do Estado chove de novembro a março; no centro e norte, a estação chuvosa tem inicio em dezembro, prolongando-se até maio. Os índices pluviométricos variam entre 700 mm e 1.300 mm na região sul, entre 500 mm e 1.450 mm na região central e entre 800 mm e 1.680 mm no norte do Estado. 7 Segundo a publicação Estudos Agrometeorológicos para o Estado do Piauí, as temperaturas são elevadas, apresentando média anual de 27,3°C. A umidade relativa do ar média anual é de 64,5% (CEPRO, 2003). 2.6 Recursos Hídricos Enquanto os Estados do Nordeste oriental contam com apenas um rio perene, o São Francisco, com aproximadamente 1.800 km dentro de seus territórios, o Piauí conta com o rio Parnaíba e alguns de seus afluentes, entre eles o Uruçuí Preto e o Gurguéia que, somando-se seus cursos permanentes, ultrapassam 2.600 km de extensão. Portanto, o rio Parnaíba é de fundamental importância para a geoeconomia do Piauí, tento em vista que o estado fica quase que totalmente incluído em sua bacia Hidrográfica. A perenidade dos rios piauienses, entretanto, encontra-se ameaçada, pois os mesmos sofrem intenso processo de assoreamento, em decorrência de vários fatores, dentre eles, o desmatamento acentuado e desordenado que ocorre no Estado, principalmente nas nascentes e nas margens dos mananciais. O Estado conta ainda com lagoas de notável expressão, tais como a de Parnaguá, Buriti dos Lopes e Cajueiro, que vêm sendo aproveitadas em projetos de irrigação e abastecimento de água. As reservas permanentes das águas subterrâneas, armazenadas nos aqüíferos da bacia sedimentar Piauí-Maranhão ou Meio-Norte estão estimadas em 1.400 bilhões de metros cúbicos e as reservas reguladoras provenientes dos volumes infiltrados anualmente são da ordem de 2,5 bilhões de metros cúbicos por ano, sendo que, as reservas exploráveis são normalmente consideradas como sendo equivalentes a 1/3 das reservas reguladoras mais uma parcela das reservas permanentes (Marwell Filho, 2005). 3 DESERTIFICAÇÃO 3.1. Considerações iniciais sobre desertificação Atualmente diversas questões relacionadas ao meio ambiente são bastante discutidas e a desertificação conquistou relevância nessas discussões, pois suas características físicas e limitações naturais - longos períodos de seca, seguidos por outros de intensas chuvas - costumam provocar significativos prejuízos econômicos, sociais e ambientais. A constatação mais evidente é a de que essas áreas concentram as populações mais pobres e estão sujeitas aos maiores níveis de degradação. È importante ressaltar que durante a Conferência das Nações Unidas sobre Desertificação (UNCOD) em 1977 realizada em Nairobi, no Quênia, com a 8 participação de mais de cem países, inclusive o Brasil, foi deliberado que cada país signatário elaborasse seu Plano de Ação de Combate à desertificação (SALES, 1997, p.3). O Brasil, fazendo parte deste grupo, concluiu a elaboração do Plano de Ação Nacional de Combate à Desertificação e Mitigação dos efeitos da Seca - PAN-BRASIL - em Dezembro de 2004, sob a coordenação do Ministério do Meio Ambiente. Após longas discussões entre representantes políticos, cientistas e da sociedade sobre a conceituação do fenômeno da desertificação, a definição mais aceita foi consolidada na Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (ECO-92), constando na Agenda 21, em seu capítulo 12, com o seguinte teor: “desertificação é a degradação da terra nas regiões áridas, semi-áridas e sub-úmidas secas, resultante de vários fatores, entre eles as variações climáticas e as atividades humanas", sendo que por "degradação da terra" entende-se a degradação dos solos, dos recursos hídricos, da vegetação e a redução da qualidade de vida das populações afetadas (BRASIL, 1996). O entendimento conceitual é indispensável para a separação dos efeitos da seca, até certo ponto passageiros, dos efeitos de longo prazo causados pelo processo da desertificação. Ecossistemas naturais, relativamente preservados, têm condições de se recuperarem dos efeitos danosos de fenômenos como a seca. Ainda na ECO-92, vários países com problemas de desertificação propuseram à Assembléia Geral que aprovasse a negociação de uma Convenção Internacional sobre o tema. Uma vez aprovada, a negociação da Convenção se iniciou em janeiro de 1993 e foi até 17 de junho de 1994. A Convenção das Nações Unidas sobre Desertificação – UNCCD foi assinada por 155 paises e está em vigor desde 26 de dezembro de 1996. Sua implementação se dá através dos Anexos de Aplicação Regional, dentre os quais se destaca o dedicado à América Latina e Caribe (MMA, Desertificação. III Conferência das Partes da Convenção das Nações Unidas). 3.2. Identificação das Áreas Susceptíveis à Desertificação. O PAN-BRASIL resolveu por delimitar áreas de atuação como forma de direcionar as políticas e as ações sugeridas em seu conteúdo. Estas áreas são conhecidas como Áreas Susceptíveis à Desertificação – ASD e não só englobam espaços climaticamente caracterizados como semi-áridos e subúmidos secos, mas também, áreas onde as características ambientais sugerem a ocorrência de processos de degradação tendentes a transformá-las em áreas também sujeitas à desertificação caso não sejam ali adotadas medidas de preservação e conservação ambiental. As ASD’s, portanto, são consideradas de acordo com os aspectos a seguir: i) Núcleos de Desertificação; ii) Áreas Semi-Áridas e Subúmidas Secas; iii) Áreas 9 do Entorno das Áreas Semi-Áridas e Subúmidas Secas; iv) Novas Áreas Sujeitas a Processos de Desertificação. 3.3. Núcleos de Desertificação Os processos de desertificação nos espaços semi-áridos brasileiros começaram a ser formalmente identificados nos anos de 1970. Estudo pioneiro, realizado naquela época pelo ecólogo pernambucano João Vasconcelos Sobrinho, informava que ali estaria a surgir “um grande deserto com todas as características ecológicas que conduziriam à formação dos grandes desertos hoje existentes em outras regiões do globo”. Com a colaboração do Prof. Vasconcelos Sobrinho, a Sudene iniciou, em 1977, o estudo das áreas em processo de desertificação. Esse estudo tinha em vista identificar as áreas mais atingidas pelo fenômeno e selecionar as consideradas mais críticas, como áreas piloto, para efeito de mapeamento. Neste sentido, foram selecionadas por Vasconcelos Sobrinho seis áreas piloto, especificadas na Tabela 1.2. A ocorrência de processos de desertificação é evidenciada pelo aparecimento de determinadas “manchas” no semi-árido, caracterizadas por possuir solos rasos, quase que reduzidas ao afloramento rochoso, sem capacidade de retenção de água e deficientes em matéria de nutrientes. A ocorrência dessas manchas constitui as áreas denominadas como Núcleos de Desertificação. Caracterizadas como de alto risco à desertificação, são elas: Gilbués - PI, Irauçuba - CE, Seridó - RN e Cabrobó - PE. 4. DESERTIFICAÇÃO NO ESTADO DO PIAUÍ 4.1. A HISTÓRIA 10 É histórico salientar que a preocupação de pesquisadores da Universidade Federal do Piauí (UFPI), do Centro de Ciências da Natureza (CCN) e do Centro de Ciências Agrárias (CCA), sobre o Processo de Desertificação no Piauí, data de 1977 quando os professores Valdemar Rodrigues e Antônio João Dumbra (in memorian), do CCN e Luiz Gonzaga Carneiro, do CCA, participaram de uma “Viagem de Estudos para Identificação de Áreas em Processo de Desertificação no Piauí”, patrocinada pela Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste - SUDENE/Universidade Federal do Piauí (UFPI). Referida viagem ocorreu em setembro/1977, durou 17 dias e constou de observações e documentação fotográfica do estágio de degradação ambiental em localidades definidas por índices estabelecidos pelo pesquisador pernambucano João Vasconcelos Sobrinho no roteiro Teresina / Piracuruca (Parque Nacional de Sete Cidades) / São Miguel do Tapuio / Pimenteiras / Picos / Jaicós / Paulistana / Simplício Mendes (Perímetro Irrigado Morro dos Cavalos – DNOCS) / São João do Piauí / Canto do Buriti / Gilbués / Floriano / Teresina, PI. Cabe salientar que em Paulistana, PI resolveram ir até Afrânio, PE tentando chegar às nascentes do rio Canindé, o que não foi possível, mas constataram que a parte mais alta do referido manancial se encontrava numa região de caatinga bastante frágil. Àquela época o processo de degradação ambiental em Gilbués já era bastante acelerado, com voçorocas impressionantes, vistas pela primeira vez pelos pesquisadores. Os trechos visitados foram: da Igreja Divina Pastora até o riacho Boqueirão pela estrada que passa ao lado do aeroporto e da Igreja Divina Pastora até uns 15 km pela BR-135 no sentido Gilbués/Corrente, PI, com algumas paradas para observações, numa das quais a estrada se encontrava quase interditada por causa do desmoronamento do aterro na altura de um bueiro que teve várias manilhas carregadas pela enxurrada. Na seqüência os pesquisadores da UFPI, Valdemar Rodrigues e Luiz Gonzaga Carneiro participaram de um treinamento de 05 (cinco) dias, essencialmente de campo, patrocinado pela SUDENE, sob a Coordenação do Prof. Vasconcelos Sobrinho e do Prof. Lauro Xavier, da Universidade Federal da Paraíba - UFPB, tendo como base a cidade de Cabaceiras, PB, considerada a cidade mais seca do Brasil. O treinamento foi para representantes de instituições governamentais do chamado Polígono das Secas, ou seja, dos Estados do Nordeste semi-árido e do Norte de Minas Gerais e do Espírito Santo (Foto 1). 11 Foto 1 Participantes do Treinamento da SUDENE no município de Cabeceiras, PB ministrado pelos professores Vasconcelos Sobrinho e Lauro Xavier. Os pesquisadores da UFPI, Valdemar Rodrigues, Antonio José de Almeida Filho (in memorian), Deocleciano Guedes Ferreira, Maria Margarida Fonteles (CCN) e Milcíades Gadelha de Lima (CCA), participaram do Seminário sobre Desertificação no Nordeste, realizado em Recife, no período de 04 a 08 de agosto de 1986, onde apresentaram o trabalho Situação da Desertificação no Estado do Piauí (SEMA, 1986). Aos 12 de maio de 1994 foi instituído o Instituto DESERT, organização não governamental que ao longo de sua existência contribuiu de forma pioneira para as discussões ligadas a desertificação no Brasil, foi formada basicamente por professores da Universidade Federal do Piauí e é caracterizada como um instituto de pesquisa em ciências ambientais. Dentre seus objetivos principais destaca-se o de desenvolver ações no sentido de recuperar a capacidade produtiva das áreas atingidas pela seca e desertificação, fornecendo elementos de sustentação a uma proposta de desenvolvimento regional, socialmente justa e ecologicamente adaptada. 12 Embora criado em 1994, os pesquisadores que compõem o Instituto Desert, desde 1986, vêm estudando o problema da desertificação no Nordeste do Brasil e particularmente no Piauí, constituindo-se no primeiro grupo especializado neste assunto. Ao longo destes anos, o grupo recebeu apoio da SUDENE, CNPq e FINEP. Em parceria com o programa RHAE da Secretaria de Ciência e Tecnologia, IBAMA e CAPES realizou, de agosto de 1992 a maio de 1993, o I Curso de Especialização em Desertificação do Nordeste, com a participação de 20 alunos de vários Estados. Objetivando a realização da Conferência Internacional sobre Impactos das Variações Climáticas nas Zonas Semi-áridas (ICID), em Fortaleza, CE, em 1994, evento que contou com pesquisadores de mais de 70 países, o Instituto DESERT elaborou o estudo "Quadro Atual da Desertificação no Nordeste do Brasil: Diagnósticos e Perspectivas". Este trabalho foi acompanhado de dois importantes mapas: o primeiro sobre a Ocorrência dos Processos de Desertificação no Nordeste do Brasil 1ª Aproximação e o segundo sobre a Susceptibilidade à Desertificação no Nordeste do Brasil 1ª Aproximação. Posteriormente, o Instituto Desert colaborou ativamente na apoio técnico da Conferência Nacional e Seminário Latino Desertificação – CONSLAD, evento marco em todo o processo da Convenção Mundial da Desertificação, incluindo-se aí realizado na cidade de Brasília. organização e Americano da de negociação um workshop Ainda como marco histórico cabe ressaltar que a partir de 1997 o Prof. Adeodato Ari Cavalcante Salviano do Departamento de Engenharia Agrícola e Solos (DEAS/CCA/UFPI), passou a levar alunos da disciplina de “Uso e Manejo do Solo” do curso de Engenharia Agronômica e mestrandos de Agronomia do CCA/UFPI para conhecer, discutir e coletar amostras do solo de Gilbués visando realizar experimentações, via de regra em casa de vegetação, de onde saiu o trabalho cientifico de Carvalho et al., 2002, o primeiro a avaliar o efeito da adubação orgânica e mineral na recuperação de solo degradado do município de Gilbués, PI. Em 1998, com apoio financeiro da SUDENE, o Instituto Desert realizou dois projetos: O Zoneamento Agroecológico do Município de Gilbués e o Estudo das Potencialidades Econômicas do Vale do Gurguéia e dos Cerrados do Sul do Estado do Piauí. Este trabalho resultou também, na produção de dois vídeos, sendo um sobre Desertificação e outro sobre as Potencialidades Econômicas do Sul do Piauí. Em 1999, apoiado pela SUDENE, coordenou a realização do Relatório Nacional de Implementação da Convenção de Combate à Desertificação no Brasil, bem como a elaboração das políticas estaduais de combate à desertificação em nove estados do Nordeste. Em 2000, iniciou a implantação, com apoio financeiro do Governo do Estado de Pernambuco, de sete módulos de combate à desertificação em sete municípios localizados no sertão semi-árido do estado e até o momento, já produziu 4 vídeos: 13 Potencialidades Econômicas dos Cerrados e do Vale do Gurguéia no Piauí; Desertificação; Convivendo com a Seca I e II. Em 09 de julho de 1998, um grupo de profissionais fundamentalmente de Agronomia e de Veterinária (18 Doutores, 12 Mestres e 05 Especialistas) criou a Fundação Agente para o Desenvolvimento do Agronegócio e Meio Ambiente, com o objetivo central de promover, elaborar e executar programas, projetos, empreendimentos, pesquisas e atividades dos setores agroindustrial, agrossilvipastoril e ambiental, sendo que alguns de seus instituidores vêm atuando em questões ligadas à desertificação desde 1977. Em Gilbués, PI encontra-se a Associação de Defesa Ambiental e Controle da Desertificação de Gilbués – SOS-Gilbués, ONG criada em 09 de janeiro de 2001. A “SOS-GILBUÉS” tem prestado relevantes serviços à comunidade através de sua biblioteca, serviços de informática, palestras e treinamentos de conscientização ambiental. Nas questões ligadas a desertificação, ela exerce papel fundamental como ponto focal não-governamental com participação em reuniões nacionais e internacionais, assim como, por ter contribuído sobremaneira para a construção do PAN-BRASIL e Plano de Ação Estadual de Combate a Desertificação – PAE, que ainda encontra-se em construção. A partir de uma proposta de Projeto da Fundação AGENTE sugerindo a criação e implantação de um Núcleo de Pesquisa de Recuperação de Áreas Degradadas, em Gilbués, PI – NUPERADE, o Vice-Governador Osmar Júnior e o Prof. Dalton Melo Macambira – Secretário de Meio Ambiente e Recursos Naturais do Piauí (SEMAR), sensibilizaram o Governador José Wellington Barroso de Araújo Dias que autorizou o estabelecimento de um convênio entre o governo do Estado, através da SEMAR e a Fundação AGENTE em 02/06/2003 (Fotos 2 e 3) para a implantação do NUPERADE e a instalação da 1ª Pesquisa Agrossilvitoril de Recuperação de Área Degradada no Núcleo, de onde saíram os trabalhos científicos: Efeito da adubação orgânica e mineral na recuperação de solos degradados do município de Gilbués, PI; Produção de Fitomassa de Leguminosa em área degradada, em Gilbués, PI e Recuperação de área degradada com práticas mecânicas e vegetativas, em Gilbués, PI. 14 Foto 2 Solenidade de assinatura do Convênio N° 001/2003, Governo do Piauí/SEMAR / Fundação Agente, pelo Exmo. Sr. Governador Wellington Dias, criando o NUPERADE e a 1ª Pesquisa Agrossilvipastoril, em 02/06/2003 Foto 3 Vista Geral do Plenário do Auditório Mestre Dezinho na Solenidade de assinatura do Convênio Nº 001/2003, Governo do Piauí – SEMAR / Fundação Agente, em 02/06/2003 .4.2 O Núcleo de Pesquisa de Recuperação de Área Degradada em Gilbués, PI - NUPERADE Em Julho de 2003 os pesquisadores Adeodato Ari Cavalcante Salviano e Francisco de Brito Melo, da Fundação AGENTE, apoiados pelo Prefeito de Gilbués Euvaldo Carlos e seu Secretário de Agricultura, Eng. Agr. José Celesmá, escolheram a área onde seria implantado o NUPERADE, levando em consideração o grau de degradação representativa da região e os aspectos de distância e acessibilidade (05 km da Igreja Divina Pastora, em Gilbués - rumo ao município de Corrente, PI, no lado esquerdo da BR-135). Além desses pressupostos fundamentais para o Núcleo, pela área escolhida passa a rede de energia elétrica, minimizando os custos de implantação. Esses aspectos foram considerados, objetivando também facilitar a difusão dos objetivos e metas do Núcleo e dos resultados obtidos, através de “Dias de Campo”, “Visitas Técnicas” e “Aulas Práticas” (Fotos 4 e 5). Foto 4 Vista geral do NUPERADE, observando-se à esquerda a BR-135. Foto 5 Vista geral do NUPERADE de parte da área central Em 08/08/2003 o Secretário Dalton Macambira lançou oficialmente o NUPERADE em solenidade na Câmara Municipal de Gilbués, PI, na presença do Presidente da Câmara Municipal, do Prefeito de Gilbués, de Vereadores, de pesquisadores da Fundação AGENTE, do presidente da ONG SOS-GILBUÉS, de outras autoridades e de representantes da sociedade local, com aproximadamente 50 participantes (Fotos 6 e 7). 15 Foto 6 Secretário Dalton Macambira discursando na solenidade de lançamento do NUPERADE Foto 7 Vista do Plenário da Câmara Municipal de Gilbués na solenidade de lançamento do NUPERADE Em 09/08/2003 o Secretário Dalton Macambira e os pesquisadores da Fundação AGENTE Adeodato Ari Cavalcante Salviano, Francisco de Brito Melo e Luiz Gonzaga Carneiro participaram como palestrantes do III SEMINÁRIO SOCIEDADE CIVIL ORGANIZADA RESPONSABILIDADE E PARTICIPAÇÃO, promovido pela ONG SOS-Gilbués, no Salão Paroquial de Gilbués, onde compareceram cerca de 150 pessoas (Fotos 8 e 9). Na oportunidade visitaram a área escolhida para o NUPERADE. Foto 8 Secretário Dalton Macambira lançando o NUPERADE no III Seminário Sociedade Civil Organizada, Participação Responsabilidade e Foto 9 Vista do Plenário na solenidade de abertura do III Seminário Sociedade Civil Organizada Responsabilidade e Participação Em 13/09/2003 foram iniciadas as atividades de remodelação topográfica, seguida da construção de pequenas barragens de terra, preparo do solo, adubação orgânica e plantio dos experimentos da 1ª pesquisa agrossilvipastoril no NUPERADE, que constaram de seis tipos de leguminosas, dois tipos de gramíneas e um de espécie florestal (Fotos 10 a 17). 16 Foto 10 Detalhe da remodelação topográfica , no NUPERADE, em 13/09/2003. Foto 11 Conjunto de pequenas barragens de terras, no NUPERADE, construídas em 13/09/2003. Foto 12 Solo preparado para plantio em sulcos em nível no NUPERADE, em 11/2003. Foto 13 Solo preparado para plantio em covas em nível no NUPERADE, em 09/01/2004. Foto 14 Detalhe da distribuição de adubo orgânico em sulcos para o plantio de crotalária juncea no NUPERADE, em 23/11/2003. Foto15 Detalhe da distribuição de adubo orgânico em cova no plantio de aroeira no NUPERADE, em 11/01/2004 17 Foto 16 Vista geral de pequenas barragens de terra para captação da água das chuvas, controle da erosão e plantio de crotalária juncea no NUPERADE, em 09/01/2004. Foto 17 Vista geral de pequenas barragens de terra para captação de água das chuvas, controle da erosão e plantio de crotalária juncea no NUPERADE, em 09/01/2004 As fotos seguintes mostram pela coloração a variação da quantidade de sedimentos da primeira para a terceira fila de barragens construídas, ou seja, isso significa dizer que o controle a erosão está ocorrendo (Foto 18 e 19). Por outro lado, sabe-se que, uma vez captada a água das chuvas ocorrerá sobremaneira a infiltração no solo criando um ambiente melhor para a revegetação da área e com o tempo a infiltração contribuirá também para o reabastecimento do lençol freático. Esses são os principais objetivos da 1ª Pesquisa Agrossilvipastoril que foi instalada no NUPERADE a partir de setembro de 2003. Foto 18 Detalhe da cor da água (sedimentos em suspensão), na primeira linha de barragens no NUPERADE, em 09/01/2004 Foto 19 Detalhe da cor da água (sedimentos em suspensão), na terceira linha de barragens no NUPERADE, em 09/01/2004. O Pesquisador Luiz Carneiro proferiu palestras, em 10/01/2004, para duas turmas de Biologia e uma de Geografia da UESPI de Gilbués, sobre os objetivos, metas e a importância do NUPERADE para a grande região de Gilbués, assim como, sobre as possibilidades de engajamento nas pesquisas. A Profª. Francisca das Chagas Figueiredo, especialista em Educação Ambiental, 18 de Redenção do Gurguéia, PI, levou sua turma de Biologia para uma visita ao Núcleo (Fotos 20 a 23) Foto 20 Palestra do Pesquisador Luiz Gonzaga Carneiro para alunos do Curso de Geografia da UESPI de Gilbués, em 10/01/2004. Foto 22 Visita de alunos do Curso de Biologia da UESPI de Gilbués, ao NUPERADE, em 10/01/2004 Foto 21 Palestra do Pesquisador Luiz Gonzaga Carneiro para alunos do Curso de Geografia da UESPI de Gilbués, em 10/01/2004 Foto 23 Visita de alunos do Curso de Biologia da UESPI de Gilbués, ao NUPERADE, em 10/01/2004. Pesquisadores da Fundação AGENTE e da SEMAR promoveram uma prolongada reunião na sede da ONG SOS-Gilbués, na noite de 28/02/2004 com a finalidade de fortalecer os conhecimentos de alguns dirigentes e sócios da ONG (14 participantes), sobre a importância do NUPERADE para a região, assim como, sobre a importância do engajamento da ONG enquanto organização não governamental, no processo de implantação e de consolidação do Núcleo para que o mesmo se torne irreversível (Fotos 24 e 25). Na manhã de 29/02/2004, os mesmos participantes visitaram os experimentos da pesquisa no NUPERADE (Fotos 26 e 27). Essas pessoas formam o Grupo 28 de Fevereiro, com os quais os pesquisadores pretendem continuar envolvendo-os inclusive pela internet, objetivando fazer com que pelo menos parte deles vistam de fato a camisa do NUPERADE. O Grupo 28 de Fevereiro está sempre aberto a outros participantes. 19 Foto 24 Reunião de Pesquisadores da Fundação Agente e da SEMAR, com associados da ONG SOS-Gilbués, em 28/02/2004. Criação do “Grupo 28 de Fevereiro”. Foto 26 Visita de associados da ONG SOS – Gilbués, “Grupo 28 de Fevereiro”. ao NUPERADE, acompanhados dos pesquisadores da Fundação AGENTE Foto 25 Reunião de Pesquisadores da Fundação Agente e da SEMAR, com associados da ONG SOS-Gilbués, em 28/02/2004. Criação do “Grupo 28 de Fevereiro”. Foto 27 Visita de associados da ONG SOS – Gilbués, “Grupo 28 de Fevereiro”. ao NUPERADE, acompanhados dos pesquisadores da Fundação AGENTE No período de 19 a 24 de Outubro de 2004 uma equipe formada pelo prof. Dr. Milcíades Gadelha Diretor de Recursos Hídricos da SEMAR, prof. Luiz Gonzaga Carneiro da Fundação AGENTE e a estudante Lílian Melo do Centro Federal de Educação Tecnológica do Piauí – CEFET-PI, realizaram uma visita técnica ao núcleo de Gilbués com os seguintes objetivos: constatar a presença do acelerado processo de degradação ambiental em municípios circunvizinhos, como Barreiras do Piauí, São Gonçalo do Gurguéia e Corrente; visitar a área Experimental do Núcleo, onde observaram a situação das pequenas barragens e o comportamento de espécies vegetais plantadas com cinco meses de estiagem e, por fim, levantar informações, além de realizar reuniões com a ONG SOS Gilbués, visando a construção do PAE, oportunidade em que tiveram uma ampla discussão em torno do assunto desertificação, frisando, as diretrizes que norteiam o PAN-BRASIL. 20 Na oportunidade da visita a Barreiras do Piauí, a equipe observou e coletou informações socioambientais das comunidades Vaqueta/Gavião e constatou o elevado grau de degradação ambiental em que se encontra a Comunidade inclusive a do Riacho Sucuruiú que abastece a região.(28 a 31) Foto 28 Visita a residência do Agente de Saúde da Comunidade Vaqueta Foto 30 Detalhe do Riacho Sucuruiú, na propriedade do Sr. Manoel Siqueira, no povoado Vaqueta próximo à Igreja católica, em Gilbués, PI, em 21/10/2004. Foto 29 Aspecto do chafariz comunitário de Vaqueta Foto 31 Detalhe da degradação da estrada que liga Gilbués ao povoado Vaqueta, próximo à Igreja católica, em 21/10/2004 Na manhã de 22/10/2005, atendendo solicitação do Prof. Jônatas Nunes – Superintendente de Ciência e Tecnologia do Piauí, o pesquisador Luiz Gonzaga Carneiro proferiu palestra no Auditório da Câmara Municipal de Gilbués, dentro da programação da Manhã de Ciência e Tecnologia, a palestra: IMPLICAÇÕES DA DESERTIFICAÇÃO SOBRE AS CADEIAS PRODUTIVAS DO MUNICÍPIO DE GILBUÉS, PI, o que se concretizou diante de um público bem significativo e visitou a Exposição de Ciência e Tecnologia na Escola onde funciona a UESPI/Gilbués (Fotos 32 e 33). 21 Foto 32 Platéia da palestra do Pesquisador Luiz Carneiro, sobre o NUPERADE, na Manhã de Ciência e Tecnologia, na Câmara Municipal de Gilbués, PI.,em 22/10/2004. Foto 33 Os pesquisadores Luiz Carneiro e Milcíades Lima visitando a exposição da Feira de Ciência e Tecnologia em Gilbués,PI, em 22/10/2004. Com o objetivo de estabelecer uma parceria com o DNIT o Prof. Dalton Macambira, Secretário de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais do Piauí, acompanhado dos Pesquisadores da Fundação AGENTE e da SEMAR entregou uma proposta ao Dr. Sebastião Vitor Braga Ribeiro, Diretor do DNIT/PI, visando a construção de uma série de pequenas barragens de terra, na faixa de domínio da BR-135, a montante do NUPERADE, para captação de água de chuva e controle do escoamento superficial. A proposta foi aceita e os trabalhos foram realizados no período de 24/11 a 03/12/2004 (Foto 34 e 35). Foto 34 Detalhe da voçoroca que tem início na jazida de areia no platô do “Soares do PT”, margeando a BR-135 a montante do NUPERADE, a 300 m do início, em 23/10/2004. Foto 35 Pesquisadores observam o início da remodelação topográfica da área degradada, visando a construção de pequenas barragens de terra, em 24/11/2004.