SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE MARABÁ FACULDADE DE CIÊNCIAS DA LINGUAGEM DISCIPLINA: MORFOLOGIA DO PORTUGUÊS PROFESSOR (A): WALQUIRIA SAMPAIO GOUVEIA CARGA HORÁRIA: 60H PERÍODO: 24 A 30/2012 LOCAL: CAMPUS – GOIANÉSIA– BLOCO 2 – GOIANÉSIA 2011 /2 EMENTA: Vocábulos formais na língua portuguesa: classificação; funcionamento na frase e no discurso; estrutura e processo de formação vocabular; categorias do nome e do verbo. Propõe a elaboração de atividades voltadas para a sua utilização didática em sala de aula. Ao propormos este breve encontro com a disciplina Morfologia do Português, move-nos o desejo de integrar os estudos que desenvolvemos no curso da especialização pelo programa de pósgraduação Latu Sensu do PPGED – um convênio entre a SEDUC E A UNAMA. Parece-nos compatível com a proposta do PARFOR na disciplina, visto que muitos dos referenciais desta etapa de janeiro 2012, é também a que utilizamos naquele curso. O COMPONENTE MORFOSSINTÁTICO E SEU ENSINO Morfossintático, é referente à Morfossintaxe que é o estudo dos fatos morfológicos como decorrência de suas relações no enunciado e dos fatos sintáticos em todas as suas implicações mórficas. Por esse enfoque quer-se frisar não só a dependência e a interação entre a morfologia e a sintaxe, como também a ausência de delimitação rígida entre ambas. Fonte(s):http://www.hostdime.com.br/dicionario/mo… Nesse estudo, a morfossintaxe se evidencia como parte importante do conhecimento lingüístico para o sucesso de um leitor proficiente de fato. Entretanto, como sabemos, os estudos morfossintáticos tem tido como limite a frase e esta não dá conta de todos os aspectos que envolvem os atos da linguagem, razão porque o conhecimento linguístico, com o objetivo da leitura, deve contemplar componentes discursivos. Sobre isto e que pretendemos discutir com você. A gramática de uma língua, segundo Chomsky e muitos dos seus seguidores, é em essência, a sintaxe que mantém íntimas relações com as camadas fônicas, mórfica e semântica; Todo falante de uma língua traz consigo, os fundamentos dela, ou seja, uma Gramática internalizada que o autoriza a reconhecer quais estruturas pertencem a essa língua (estruturas gramaticais) e quais não pertencem (estruturas agramaticais); Todo falante é competente linguisticamente em sua língua materna; Ler e atribuir sentido a qualquer texto; O ato de ler ativa não só o conhecimento de mundo, como também o conhecimento lingüístico; Recursos morfológicos são produtos construtores de efeito de sentido (as inversões, as interrupções, as repetições...). Essas lições demonstram uma intima relação entre a Sintaxe e a Leitura, o que nos leva a questionar sobre o que falta para que os estudos daquela resultem no aprimoramento desta. Julgamos tratar-se da antiga questão do ensino que há muito vem se procurando solucionar: a relação entre teoria e prática. No final desta unidade, após ler com atenção os textos apresentados e realizar as atividades propostas, você deverá ser capaz de: Reconhecer a participação do componente morfossintático como integrante do conhecimento lingüístico nos atos da leitura; Distinguir a participação do estrato morfossintático na construção do texto poético; Reafirmar as finalidades do ensino gramatical do componente morfossintático. ATIVIDADE 1.Aplique o conhecimento lingüístico de natureza sintática e o seu conhecimento prévio para ler o seguinte fragmento de uma estrofe camoniana: “(...) tirar Inês ao mundo determina, Por lhe tirar o filho que tem preso; Crendo com o sangue só da morte indigna Matar do firme amor o fogo aceso! (...)” (Camões. Os Lusíadas. Canto Terceiro, CXXIII). >Registre agora, sintaticamente, o sentido que você alcançou na leitura da mensagem: .................................................................................................................................................................... .................................................................................................................................................................... COMENTÁRIO Você, leitor experiente, por certo alcançou rapidamente o sentido da mensagem: o rei manda matar Inês para libertar seu filho do jugo amoroso dela. Para chegar a essa síntese você precisou reconhecer o esquema sintático adotado por camões e adaptá-lo à ordem de uso hoje predominante, ou seja, SVO ( SUJEITO+ VERBO+ OBJETO). Ao fazer isso, Você, valendo-se, principalmente do seu conhecimento lingüístico sobre as sintaxes de ordem e de regência, reorganizou a frase camoniana mentalmente: (O Rei Afonso determina tirar Inês ao mundo para tirar-lhe o filho (D.Pedro) que tem preso, crendo matar o fogo aceso do amor firme só com o sangue da morte indigna). 2.Leia o poema a seguir com um olhar predominantemente morfossintático. Neologismo Beijo pouco, falo menos ainda, mas invento palavras que traduzem a ternura mais funda e mais cotidiana. Inventei, por exemplo, o verbo teadorar. Intransitivo: Teadoro, Teodora. (Manuel Bandeira) É claro que Você percebeu uma íntima relação entre os componentes morfossitatico e semântico na significação desse poema. Destaque os dois registros morfossintáticos mais evidentes e aponte os sentidos que eles geram. Mas tente responder sem ler o comentário abaixo. Os registros Os recursos morfossintáticos Os efeitos de sentido ...................................................................................... .................................................. .............................................................................. ................................................... 1º....................................... .............................................................................. ........................................................... .............................................................................. .......................................................... ............................................................................. ................................................... .............................................................................. ................................................... .............................................................................. .................................................. ............................................................................. .................................................. ..................................................................................... ................................................... .............................................................................. ...................................................... .............................................................................. ................................................... 2º.................................... .............................................................................. .................................................. ............................................................................. .................................................. ............................................................................ .................................................. ............................................................................ .................................................. ............................................................................ .................................................. ................................................................................................................................... COMENTÁRIO Nossa expectativa é de que você tenha destacado os seguintes registros: 1º: O “verbo teadorar”; 2º: a forma verbal “teadoro”. O primeiro registro traduz o recursos morfossintático de uma especial composição justaposta que transforma uma frase (“te adorar”) em uma unidade lexical, isto é, em uma palavra (“teadorar”); esse processo se repete no segundo registro (“te adoro” e “teadoro”). O segundo recurso mostra um jogo sintático por meio da regência verbal. Quanto aos sentidos, podemos ler a intensidade do sentimento do eu-lírico, reforçada na fusão das formas: “te” e “adoro”/”adorar”, assim como a intransitividade verbal expressando que o ato de adorar dispensa a complementação de sentido, visto que o objeto da adoração já está incorporado na palavra “teadorar”, um sentimento que é completo por Teodora. Bibliografia: CÂMARA Jr., J.Mattoso: Estrutura da Língua Portuguesa, 23a. edição, Editora Vozes, Petrópolis 1995. Sergio Antonio Sapucahy da Silva & Ruth Abddid - Caderno do programa de pós-graduação Latu Sensu a Distância- PPGEAD- UNAMA, 2005. “Um grande estímlo na vida, É saber que alguém confia em nós E de nós espera grandes coisas”