A MATEMÁTICA NO CIRCO: UMA PROPOSTA DE

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X Encontro Nacional de Educação Matemática
Educação Matemática, Cultura e Diversidade
Salvador – BA, 7 a 9 de Julho de 2010
A MATEMÁTICA NO CIRCO: UMA PROPOSTA DE ESTÁGIO EM
MATEMÁTICA PARA LICENCIANDOS
Vinícius Silveira de Camargo
Instituto Militar de Engenharia – Universidade Federal de Goiás
[email protected]
Ana Lúcia dos Santos Cabral
Instituto Militar de Engenharia – Universidade Federal de Goiás
[email protected]
Wellington Lima Cedro
Instituto Militar de Engenharia – Universidade Federal de Goiás
[email protected]
Resumo: Este trabalho é um relato de experiência de ensino de matemática, desenvolvida
no projeto Matemática no Circo junto ao Estágio Supervisionado I do curso de
Licenciatura em Matemática da Universidade Federal de Goiás (UFG). O projeto foi
realizado com alunos, com idade entre 6 e 14 anos, da escola de circo Lahetô situada em
Goiânia-GO e atendeu alunos que apresentavam grandes dificuldades escolares. A idéia
principal baseia-se em auxiliar os alunos na aprendizagem da matemática, enfocando os
problemas mais comuns como, por exemplo, as quatro operações. As atividades se
baseavam em jogos e atividades lúdicas, que foram realizadas com o intuito de permitir
que os estudantes pudessem perceber a matemática e aprende-la brincando, diferente do
método comum utilizado em sala de aula. Com essa idéia pretendíamos ampliar o interesse
pela disciplina e, assim, melhorar os seus conhecimentos e elevar o seu desempenho nas
aulas de matemática dentro da escola, o que, de fato, comprovamos ao final do
desenvolvimento do projeto.
Palavras-chave: Estágio Supervisionado, Atividades Lúdicas, Jogos, Matemática Básica.
Introdução
Há uma grande demanda de alunos provenientes de comunidades carentes, que
necessitam de atividades complementares as quais possam ajudá-los a aumentar seu
desempenho escolar e possibilitar um maior interesse e empenho na escola de ensino
regular. Entretanto existem poucos projetos voltados a esse objetivo e poucas pessoas
qualificadas dispostas a apoiar e desenvolver tais tarefas.
A fim de atender a esses propósitos foi criada, em Goiânia-GO, uma organização
denominada “Escola de Circo Lahetô”, que atende crianças carentes com idade entre seis e
quatorze anos, provenientes de escolas públicas localizadas próximas a sede circense.
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Com o desenrolar das atividades constatou-se a necessidade de um apoio escolar às
crianças. Deste modo foi proposta ao Instituto de Matemática e Estatística da Universidade
Federal de Goiás a realização de um projeto neste local. Como grande parte dos projetos e
atividades desenvolvidas em Estágio Supervisionado se constitui de vivências em sala de
aula, com pouca ou nenhuma diferença do marasmo das aulas as quais estamos
acostumados a ver, a idéia se encaixava perfeitamente aos propósitos da disciplina de
Estágio I e, assim, “A Matemática no Circo” se tornou um dos projetos de maior
repercussão no segundo semestre do ano de 2009.
A Matemática no Circo
O projeto “A Matemática no Circo” teve início no segundo semestre do ano de
2009, na escola de circo Lahetô, localizado em Goiânia-GO. Quando nos foi apresentado o
projeto não sabíamos ao certo como desenvolveríamos tal idéia. Visitamos o local e
percebemos que seria um grande desafio e, com isso, uma grande experiência. O ambiente
onde seriam realizadas as aulas é, de fato, uma escola de circo, constituída de dois
picadeiros, uma cozinha, uma área com algumas mesas e cadeiras onde eram feitas as
atividades escolares e funcionava, também, como refeitório; uma pequena biblioteca, e um
contêiner onde foi adaptado um laboratório de computação, com cerca de seis
computadores. Não se parecia com uma escola comum, mas com certeza era um “espaço
de aprendizagem”, ou seja, um “lugar da realização da aprendizagem dos sujeitos orientado
pela ação intencional de quem ensina” (CEDRO; MOURA, 2007, p.38).
Quando chegamos ao local não sabíamos como lecionaríamos sem mesas e cadeiras
apropriadas, sem quadro e nem giz. A primeira idéia foi tentar convencer a coordenadora
de que precisávamos de um quadro, mas fomos avisados que não dispunham de recursos
para tal aquisição. Encontramos o que consideramos um problema: Ensinar matemática
sem quadro e giz. Mas, após alguns dias percebemos que seria completamente
desnecessário, foi quando entendemos a importância do projeto, como ajudaríamos tais
crianças a ganhar gosto pela matemática e aprendê-la, desenvolvendo o lado lúdico do
ensino da matemática.
As aulas aconteciam às segundas-feiras e quando chegávamos ao circo, os alunos
estavam terminando de tomar café-da-manhã, o que gerava certa demora para começarmos
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a realizar as atividades, já que, a refeição era feita no mesmo local. O término da refeição
acontecia por voltas das 8h20min e assim, a aula tinha duração de cerca de uma hora e
vinte minutos, pois às 9h40min iniciavam-se as aulas de educação artística e computação.
Após este horário permanecíamos no local para acompanhar e orientar os alunos nas
tarefas levadas para serem feitas até as 11h00min.
A turma era composta de cerca de 20 alunos, com idade entre seis e quatorze anos e
cursavam do 1º ao 9º ano do Ensino Fundamental, sendo todos oriundos da rede pública de
ensino. No início das atividades encontramos problemas devido ao comportamento e forte
resistência dos alunos com relação a nossa aceitação como professores, porém, com o
decorrer do projeto começamos conquistá-los obtendo, assim, melhor comportamento e
melhor rendimento nas atividades.
As atividades realizadas eram planejadas por nós e apresentadas ao orientador em
uma reunião semanal. Neste período expúnhamos o que havíamos pensado em realizar e a
idéia era analisada pelo orientador, que nos auxiliava no planejamento. Também
analisávamos as atividades anteriores, a fim de avaliar o processo de aplicação e os
resultados obtidos, com a intenção de sabermos se alcançamos os objetivos propostos.
Ao iniciar a organização e o desenvolvimento do projeto, tínhamos como objetivo
ensinar as crianças à diversidade de utilização da matemática, conseguir aumentar o
interesse delas pela disciplina relacionando-a ao cotidiano e, com isso, ajudá-las a melhorar
o rendimento escolar. Após conhecermos os alunos, percebemos que para atingir este
objetivo teríamos que atingir outro: formá-los pessoas melhores, com mais respeito,
conquistar a atenção deles para que, após criada uma boa relação, esta atenção fosse
enfatizada para a matemática. Tínhamos algo a nosso favor: o ambiente não era uma sala
de aula comum.
O projeto desenvolvido vê a sala de aula como um espaço de vivências, onde os
alunos devem integrar o que ali aprendem com o que vivem no seu dia-a-dia e o principal
objetivo ao escolher as atividades a serem desenvolvidas no circo foi relacionar o que os
alunos aprendiam ali com a realidade externa. É neste contexto que Masetto coloca:
A sala de aula é um espaço aberto que deve favorecer e estimular a
presença, o estudo e o enfrentamento de tudo o que constitui a vida
do aluno [...] Ao mesmo tempo, é um espaço que fornece
explicações sobre os conhecimentos novos, sobre as relações e
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atitudes que se esperam do educando face a sociedade. Cria-se uma
interação continua entre o aluno e a realidade externa. Entre o
mundo interno e externo. (MASETTO, 1997, p.: 34-35)
O ambiente do circo era bem diferente do que já havíamos presenciado, portanto
sempre nos preocupamos em relacionar a matemática com a vivência dos alunos. As
crianças, por serem de uma região mais carente, viviam uma realidade um pouco diferente
da nossa, eram nervosos, não havia muito respeito entre eles e nem conosco. Ao nos
depararmos a tal realidade, percebemos que estávamos diante de crianças as quais
necessitavam de nós não apenas no aprendizado da matemática, mas na sua construção
pessoal, para ensiná-los a serem mais humanos, terem mais respeito, ou seja, ensiná-los
uma convivência mais educada, torná-los pessoas melhores.
Quando iniciamos a realização das atividades não sabíamos ao certo qual atividade
desenvolver e como realizá-la, desde o início sabíamos que as atividades ali desenvolvidas
deveriam ser baseadas em jogos e atividades lúdicas. Por estarmos em um ambiente
divertido desejávamos desenvolver um projeto diferente do marasmo das aulas ministradas
nas escolas regulares, algo que fosse divertido como aquele lugar, que transmitisse a
alegria que encontrávamos ao chegar ali e, principalmente, ensinasse as crianças uma
convivência mais agradável, com mais atenção, mais respeito. Este desejo vai de encontro
com as idéias propostas por Moura.
Existe um motivo primeiro para educar alguém: é possibilitar que
este desenvolva a capacidade de lidar com informações, o que, em
ultima analise, é a capacidade de resolver problemas não só do
ponto de vista matemático, mas também do ponto de vista da
construção social do conhecimento humano. (MOURA, 1996, p:
34)
As Atividades de Ensino
Ao longo do semestre realizamos diversas atividades com os alunos. Devido a
grande diferença do grau escolar de cada aluno optamos por abordar a geometria básica,
enfatizando a identificação das formas geométricas, e a aritmética elementar que se
constituía das quatro operações básicas (adição, subtração, divisão e multiplicação). Tais
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atividades serão apresentadas na tabela I a seguir juntamente com os objetivos que
esperávamos que fossem atingidos.
Tabela I
Atividades desenvolvidas e objetivos esperados de cada uma.
NOME DA ATIVIDADE OBJETIVO
Donald
no
país
da Mostrar aos alunos as diversas utilidades da matemática, as
Matemágica.
quais são apresentadas no filme.
Produção de texto.
Avaliar o que mais gostaram do filme “Donald no país da
Matemágica”
Conta surpresa.
Procurar observar as dificuldades de cada aluno na soma, na
subtração e multiplicação.
Queimada matemática.
Mostrar que a matemática é utilizada sempre, uma brincadeira
do dia-a-dia pode utilizá-la e continuar divertida.
Futebol Matemático.
Mostrar que no futebol também utilizamos matemática,
podemos fazer pequenas mudanças nas regras do jogo para
explorá-la melhor sem perder a graça da brincadeira.
Resenha:
Viagem
ao Avaliar a escrita e a criatividade de cada um.
Cirque du Soleil.
Conhecendo e construindo Apresentar aos alunos o ábaco, mostrando sua utilização,
o ábaco.
importância e o quanto facilita a realização das contas.
Gelinho matemático.
Incentivá-los, de uma maneira divertida
Caçada
Geométrica
no Observar o nível de conhecimento dos alunos com relação a
Circo.
formas geométricas.
Feira no circo.
Mostrar que as contas utilizadas para fazer compras no dia-adia são as mesmas utilizadas na escola, porém colocadas de
maneiras diferentes.
Descobrindo a senha.
A atividade pretendia utilizar a observação dos alunos, a
capacidade de raciocínio e lógica.
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Soma
e
subtração: Perceber as maiores dificuldades dos alunos e suas dúvidas,
dificuldades e dúvidas.
procurando, assim, explicá-las.
Roda a roda.
Utilizar vivências do dia-a-dia para assimilá-las aos conceitos
e, assim, tornar mais simples o conceito de tais formas.
A
circunferência
e
monociclo.
o Relacionar o monociclo com a circunferência, fazendo-os
entender o que é a circunferência utilizando um objeto
bastante presente no dia-a-dia.
Bingo matemático.
Estimulá-los a fazerem contas de uma maneira divertida.
Avaliando as aulas e os Saber qual atividade chamou mais atenção, qual foi mais
professores.
agradável e as atividades que cada um participou.
Dentro do projeto, o maior objetivo com as atividades era desmistificar a
matemática, acabando com os mitos impostos nas escolas regulares. Para dar inicio a este
processo, começamos o trabalho com a apresentação do filme “Donald no país da
matemágica” (1959). Este vídeo mostra o pato Donald em um país envolto aos problemas e
explicações cotidianas da matemática. Ele apresentava os conhecimentos matemáticos
relacionando-os com a música, a sinuca. Além disso, também relatou sobre a razão áurea,
tudo com o intuito de mostrar que estas questões podem ser tratadas e compreendidas com
auxílio da matemática.
Percebemos que as crianças ao se depararem com a diversidade de utilizações da
matemática, eles ficaram encantados, comentavam entre si e produziram um pequeno texto
relatando o que mais gostaram e o que era novo naquela abordagem.
Ao final desta atividade percebemos a diferença entre o nível dos alunos. Alguns
desenharam, pois não sabiam escrever e outros possuíam boa desenvoltura para relatar o
que lhes foi proposto. Foi de primordial importância esta atividade para que pudéssemos
planejar as próximas, a fim de evitar a exclusão de algum aluno por não conseguir
desenvolver a atividade ou por saber desenvolver muito bem e esta não se tornar
interessante.
Esbarramos então na barreira mais difícil a ser ultrapassada: a grande diferença no
conhecimento de cada um. Não sabíamos ao certo como desenvolver uma atividade que
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integrasse todos os alunos sem prejudicar ou excluir nenhum deles. Acompanhando essa
dificuldade veio à resistência por parte destes em nos aceitar como professores, nos
respeitarem e se comportarem durante as aulas. Os alunos brigavam muito entre si,
falavam palavrões, ofendiam uns aos outros.
Alguns dos alunos tinham maior dificuldade de aceitação, então fomos procurando
entender cada um, seu jeito, comportamento, dificuldades, problemas e carência. A idéia
de conhecer cada um detalhada e exclusivamente possibilitou um espaço repleto de
carinho, amizades e companheirismo, o que garantiu um ótimo convívio entre os próprios
alunos. Com o passar do tempo, estes não brigavam mais entre sim, ao contrario, se
ajudavam quando necessário, ensinavam uns aos outros.
Certas atividades chamaram muita atenção devido ao interesse, desempenho e
companheirismo entre os alunos, as quais comprovaram-nos uma melhora significativa
destes com relação aos problemas citados acima, e por isso escolhemos duas destas
atividades para relatar com mais detalhes.
Descobrindo a Senha
A atividade foi criada com a intenção de ser uma brincadeira, em que os alunos
utilizariam bastante à lógica e o raciocínio. A atividade baseava-se em uma senha com três
cores, entre quatro opções.
Figura 1: Quadro de senha
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Os alunos foram divididos em dois grupos, um aluno por grupo dizia a sequência
uma vez e assim fazia-se o rodízio. À medida que os alunos falavam as três cores e as
posições nós dizíamos quantas cores e quantas posições estavam corretas, então eles
analisavam e falavam novamente, sempre analisando nossa resposta com o que haviam
dito e, assim, raciocinavam para saber qual era a ordem correta e quais as cores utilizadas.
Ao final de cada rodada perguntávamos o porquê do aluno dizer que era aquela seqüência
e, assim, eles relatavam o raciocínio que utilizaram.
Figura 2: Os alunos durante a atividade
Roda a Roda
A atividade foi criada com a idéia de trabalhar conceitos de formas geométricas
relacionados com objetos comuns que possuíam esta forma, a fim de conseguir, com isso,
que os alunos fixassem este conceito sem precisar decorar, apenas relacionando-o com
objetos comuns a eles. Para isso criamos uma roleta e indicamos em um quadro a
quantidade de letras das palavras.
Figura 3: Roleta criada para a atividade Roda a roda
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Eram duas palavras, uma era a forma geométrica e a outra o objeto que possuía esta
forma. Os alunos rodavam a roleta e falavam uma letra, se tivesse a letra ganhavam o
ponto mostrado na roleta, se não passavam a vez. À medida que iam falando as letras iam
formando as palavras e podiam falar quais eram as palavras faltando apenas três letras. Os
alunos, quando viam a palavra se formando já sabiam o conceito e o objeto, e, devido a
isto, pudemos concluir que o objetivo da atividade foi realmente atingido, pois eles
estavam sabendo relacionar o objeto com a forma. Outro ponto interessante da atividade é
que, apesar de cada um jogar por si, eles sempre ajudavam os colegas, falando as letras que
faltavam e, embora não fosse a idéia do jogo, gostamos desta atitude, a qual pode nos
mostrar o desenvolvimento que eles alcançaram.
Considerações Finais
Avaliamos que os alunos evoluíram não somente no comportamento individual,
mas coletivamente também e até em maior proporção. Quando fomos apresentados a turma
percebemos que não havia respeito algum entre os alunos, eram freqüentes os palavrões e
as brigas. Então fizemos um contrato pedagógico com os alunos a fim de estabelecer regras
de convivência entre estes alunos. Com o passar das semanas pudemos perceber que eles
se tornaram mais receptíveis e cada vez mais interessados nas atividades realizadas,
passaram a colaborar conosco ajudando-nos a organizar o local de forma adequada para a
atividade e também na questão do comportamento, pois alem de se comportarem
chamavam a atenção dos outros colegas para que se estabelecesse a ordem e sempre ao
final da aula todos reorganizavam o espaço que era realizado a atividade.
No decorrer do projeto vimos que a falta de respeito havia diminuído, e que o
companheirismo entre eles tinha aumentado circunstancialmente. Esta melhora é devido ao
grande numero de atividades em que se era necessário trabalhar em grupos, onde cada um
tinha o dever de cuidar do outro para se alcançar um bom resultado nas atividades.
Consideramos que o aproveitamento das atividades realizadas foi satisfatório,
surgindo efeitos tanto nos alunos quanto em nós professores, que aprendemos a
compreender melhor as necessidades e a traçar um perfil de atividades que mais
agradavam aos alunos e aquelas que mais surgiam efeito ao nosso principal objetivo que é
a matemática
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A vivência no ambiente do circo foi única nas nossas experiências de vidas, pois o
que mais se presa neste meio é a alegria, o convívio em grupo, a cooperação de todos em
busca de uma melhora coletiva e principalmente o valor dado em pequenas atitudes a fim
de que no final se transforme em um grande espetáculo.
Mais do que a matemática, circo ou informática o principal objetivo do projeto do
circo Lahêto é ensinar os valores essenciais da sociedade, para que possam se tornar
pessoas melhores. Quanto a este respeito podemos afirmar que o projeto é mais do que
bem sucedido, pois como já disse a evolução de cada aluno como pessoa foi visível.
Nós professores, nos beneficiamos deste ambiente, pois percebemos que não
bastava que tivéssemos planejado toda a atividade, mas que é essencial a cooperação de
todos os alunos para que a execução de cada tarefa seja bem sucedida. Não cabe a nós nos
impormos aos alunos, temos que conquistá-los e mostrar-lhes que a matemática está
acessível a todos e presente em todos os instantes na nossa vida. Com este objetivo nós
trabalhamos e conseguimos lhes mostrar, mesmo que em pequena escala o quanto a
matemática é importante, mesmo nos ambientes mais inusitados como o circo e mais do
que isso mostramos o quanto eles dominam este assunto.
Concluímos que o projeto foi uma grande experiência para nós, sabíamos que
iríamos ajudar aqueles alunos, que poderíamos ensiná-los muitas coisas, contudo, a nossa
grande surpresa foi saber que, no final, aprendemos muito mais do que eles, que a nossa
experiência naquele local foi única, de muita importância. Com certeza levaremos conosco
um ensinamento para toda a vida.
Portanto, encerramos este projeto com o sentimento de dever cumprido e o mais
importante com o sentimento de que é possível uma grande mudança no modo de se
ensinar a matemática, de uma maneira que os alunos possam se interessar e aprender muito
mais do que em uma simples aula expositiva.
Referências Bibliográficas
CEDRO, W. L. ;MOURA, M.O. Uma Perspectiva Histórico-Cultural para o Ensino de
Álgebra: O Clube da Matemática como Espaço de Aprendizagem. Zetetiké, Campinas, SP,
v. 15, n. 27, p. 37-56, jan./jun. 2007.
DONALD no país da Matemágica. Direção: Stan Jolley. PRODUÇAO: WALT DISNEY.
EUA, 1959. 1 VIDEOCASSETE.
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MASETTO, M. A sala de aula: Espaço de vida?. In: MASSETO, M. Didática: A aula
como centro. 1 ed. São Paulo: FTD, 1997. p. 29-37.
MOURA, M.O. A Atividade de Ensino como Unidade Formadora. Boletim de Educação
Matemática. Rio Claro, SP, ano II, n. 12, p. 29-43, 1996.
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