Revista Brasileira de Geografia Física 07, n. 05 (Número Especial- VIWMCRHPE), (2014) 1015-1027 Revista Brasileira de Geografia Física ISSN:1984-2295 Homepage: www.ufpe.br/rbgfe COMPORTAMENTO SAZONAL DO ALBEDO E DOS ÍNDICES DE VEGETAÇÃO NA BACIA HIDROGRÁFICA DO ALTO CURSO DO RIO PARAÍBA Telma Lucia Bezerra Alves1; Pedro Vieira de Azevedo2; Carlos A. C. dos Santos3; Francineide A. C. Santos4 ¹Licenciada em Geografia, Mestre e Doutoranda em Recursos Naturais, Universidade Federal de Campina Grande. Campina Grande, Paraíba, Brasil, [email protected]; ²Prof. da Unidade Acadêmica de Ciências Atmosféricas, Universidade Federal de Campina Grande, Campus Campina Grande, Campina Grande, Paraíba, Brasil, [email protected]; 3Prof. Doutor da Unidade Acadêmica de Ciências Atmosféricas, Universidade Federal de Campina Grande, Campus Campina Grande, Campina Grande, Paraíba, Brasil, [email protected]; 4Licenciada em Física, Doutoranda em Meteorologia, Universidade Federal de Campina Grande, Campina Grande, Paraíba, Brasil, [email protected]. Artigo recebido em 30/06/2014 e aceito em 26/08/2014 RESUMO O objetivo deste estudo foi apresentar as variações do albedo, do índice de vegetação por diferença normalizada (IVDN) e do índice de vegetação para ajustamento do solo (IVAS) para a bacia do alto curso do Rio Paraíba, composta por 18 municípios. Os parâmetros foram obtidos a partir de imagens Moderate Resolution Imaging Spectroradiometer (MODIS) da plataforma Terra, sendo todas as rotinas computacionais necessárias executadas através do programa ERDAS Imagine 8.5. Foram utilizadas imagens referentes aos dias julianos: 025, 033, 089, 0,97, 137, 169, 201, 233, 273, 281, 313, 337 de 2013. O albedo foi estimado pelos métodos de Liang (2000) e Tasumi et al. (2008) visando a precisão das estimativas. Os resultados evidenciam que a precipitação é identificada como fator de controle decisivo da tendência dos índices de vegetação e, indiretamente, do albedo. O município de Caraúbas foi o que apresentou menor índice de vegetação, tanto pelo IVDN quanto pelo IVAS, enquanto o município de São Sebastião do Umbuzeiro apresentou os índices mais elevados. O mês de fevereiro apresentou os maiores valores de albedo para os municípios e menores valores de IVDN. Por outro lado, o mês de maio apresentou os valores menores de albedo e maiores de IVDN e IVAS, devido a curta estação chuvosa na região, que é compreendida entre fevereiro, março e abril. Palavras-chave: Caatinga; trimestre mais chuvoso; estações seca e úmida. Albedo Seasonal Behavior and vegetation indices in the upper basin Paraíba River ABSTRACT The aim of this study was to present the variations of albedo, index of normalized difference vegetation (NDVI) and the vegetation index adjusted for soil (SAVI) to the basin of the upper course of the Rio Paraiba, composed of 18 municipalities. The parameters were obtained from images Moderate Resolution Imaging Spectroradiometer (MODIS) Earth platform, with all the necessary computational routines performed by the ERDAS Imagine program 8.5 images related to Julian days were used:. 025, 033, 089, 0.97 , 137, 169, 201, 233, 273, 281, 313, 337, 2013. Albedo were estimated by the methods of Liang (2000) and Tasumi et al. (2008) aimed at the precision of the estimates. Results indicateds show that precipitation may be is identified as a decisive factor controlling the trend of vegetation indices and, indirectly, albedo. The municipality Caraúbas showed the lowest vegetation index, NDVI as much by the SAVI, while the city of São Sebastião do Umbuzeiro showed the highest levels. The month of February had the highest albedo values for municipalities and lower values of NDVI. Moreover, the month of May had the lowest albedo and higher NDVI values and SAVI due to the short rainy season in the region, comprising between February, March and April. Keywords: Caatinga; wettest quarter; dry and wet seasons. * E-mail para correspondência: [email protected] (Alves, T. L. B.). Alves, T. L. B.; Azevedo, P. V. de; Santos, C. A. C. dos; Santos, F, A. C. 1015 Revista Brasileira de Geografia Física 07, n. 05 (Número Especial- VIWMCRHPE), (2014) 1015-1027 Introdução Diversos índices de vegetação têm sido propostos na literatura com o objetivo de explorar as propriedades espectrais da vegetação, especialmente nas faixas espectrais do visível e do infravermelho próximo: Índice de vegetação da razão simples (IVRS) (Jordan, 1969), Índice de vegetação da diferença normalizada (IVDN) (Rouse et al., 1973), Índice de vegetação perpendicular (IVP) (Richardson e Wiegand, 1977), Índice de vegetação ajustado para o solo (IVAS) (Huete, 1988); Índice de vegetação resistente a atmosfera (IVRA) (Kaufman e Tanré, 1992), Índice global de monitoramento ambiental (IGMA) (Pinty e Verstraete, 1992) e Índice de vegetação melhorado (IVM) (Justice et al., 1998). Esses índices são relacionados a variáveis biofísicas da cobertura vegetal, como biomassa e índice de área foliar, além de minimizarem os efeitos de iluminação da cena, declividade da superfície e geometria de aquisição, que influenciam os valores de refletância da vegetação e são citados por Ponzoni et al., (2012). O referido autor evidencia ainda que quanto maior for à densidade da cobertura vegetal de uma determinada área, maior será a reflectância na região do visível, em razão da maior oferta de pigmentos fotossintetizantes. Maior será a refletância verificada na região do infravermelho próximo, por causa do espalhamento múltiplo da radiação eletromagnética na estrutura foliar das plantas. O índice de vegetação por diferença normalizada (IVDN) tem sido usado com sucesso para avaliar a condição da vegetação em regiões áridas e semiáridas, demonstrando a aplicabilidade das imagens de satélite para investigar os processos de degradação ambiental e/ou desertificação. Em geral, a degradação da vegetação é o indicador mais direto da degradação do solo. Embora seja impraticável para os pesquisadores determinar uma avaliação baseada apenas nas mudanças do crescimento da vegetação, pois existem várias condições estáveis da vegetação em ecossistemas áridos (YANG et al., 2004), a condição da vegetação pode refletir a variação sensível no ambiente causada pela desertificação. O IVDN foi proposto incialmente por Tucker (1979) como um índice que reflete a saúde e densidade da vegetação. O emprego de técnicas de sensoriamento remoto para análise da dinâmica da cobertura vegetal e avaliação das áreas de degradação das terras/desertificação ambiental tem sido usado por diversos autores (Accioly et al., 2002; Lopes et al., 2010; Sá et al., 2010; Melo et al., 2011 e Aquino et al., 2012), justificando-se assim, o seu uso para um fenômeno complexo e dinâmico. O IVAS, por sua vez, contem uma constante “L” que tem a função de minimizar o efeito do solo no resultado final do índice. Essa particularidade é importante, pois as características do solo têm uma influência considerável no espectro de radiação proveniente de dosséis vegetais esparsos e, consequentemente no cálculo do índice de vegetação. Entre as propriedades físicas dos corpos terrestres, destaca-se ainda o albedo, comumente dado em porcentagem, que se caracteriza pela capacidade que os corpos têm de refletir a radiação solar que incide sobre eles. O albedo varia de acordo com a cor e a constituição do corpo. Assim, o albedo será máximo nos corpos brancos e mínimo nos corpos pretos (MENDOÇA e DANNI-OLIVEIRA, 2007). Os autores acrescentam que um dado corpo com elevado albedo terá, em consequência, uma baixa intensidade de absorção de radiação solar, já que a maior parte da mesma é refletida. Varejão-Silva (2006) explica que nas superfícies planas e horizontais não vegetadas, o albedo varia com as propriedades físicas dos materiais que as constituem (cor, rugosidade, etc.) e com o ângulo zenital do Sol, sendo menor quando este astro se encontra próximo à culminação com a superfície terrestre. Havendo vegetação, o albedo varia com a espécie, a fase do desenvolvimento, o estado de sanidade, a geometria da copa, o índice de área foliar etc., das plantas presentes. Em geral, utiliza-se o valor médio em um dado intervalo de tempo (uma dada fase de desenvolvimento da cultura em estudo, por exemplo). O albedo da superfície é definido como a razão entre as irradiâncias refletida e incidente à superfície. Em algumas aplicações, o albedo restringese aos comprimentos de onda do visível, enquanto que, em outras ocasiões, a definição é estendida para incluir a radiação do infravermelho próximo e médio. Em geral, o termo albedo, usado na literatura das ciências atmosféricas, considera a radiação de onda curta, aproximadamente entre 0,15 e 4,0 μm (GIONGO, 2008). Conti (2011) explica que com o desmatamento, surgem grandes extensões de solo nu, fato que contribui para mudar a refletância da superfície, aumentando os valores do albedo. Isso leva a redução da energia térmica disponível - processo agravado pela ausência de nebulosidade, que favorece o escape da radiação infravermelha originada na superfície. O resultado é a não formação de correntes convectivas ascendentes, condição desfavorável à formação de chuvas, processo chamado pelos cientistas de mecanismo biogeofísico de retroalimentação (feedback). Estudos que avaliem o comportamento de parâmetros relacionados à cobertura da superfície são relevantes e podem apontar as consequências de um processo bastante discutido na atualidade, a Desertificação. Além disso, o monitoramento temporal é relevante, tendo em vista que os parâmetros climáticos e biofísicos não devem ser estudados momentaneamente. Ademais, a perspectiva espacial deve ser buscada, uma vez que a dinâmica e variabilidade da precipitação pluvial influencia consideravelmente na cobertura vegetal das regiões semiáridas. Assim, o presente estudo objetiva avaliar o comportamento espacial e sazonal de parâmetros biofísicos (IVDN e IVAS) e climático (albedo) na bacia hidrográfica do alto curso do Rio Paraíba. Material e Métodos Área de estudo Alves, T. L. B.; Azevedo, P. V. de; Santos, C. A. C. dos; Santos, F, A. C. 1016 Revista Brasileira de Geografia Física 07, n. 05 (Número Especial- VIWMCRHPE), (2014) 1015-1027 O presente trabalho foi realizado na bacia hidrográfica do alto curso do Rio Paraíba, que está localizada na parte sudoeste do Planalto da Borborema e limita-se ao norte com a sub-bacia do rio Taperoá, ao sul e a oeste com o estado de Pernambuco e a leste com a região do médio curso do Rio Paraíba (Figura 1). Figura 1: Localização da bacia hidrográfica do alto curso do Rio Paraíba, na região Nordeste do Brasil. A bacia hidrográfica do alto curso do Rio distribuídos entre as microrregiões do cariri ocidental e Paraíba tem uma área de aproximadamente 6.727,69 oriental do Estado da Paraíba (Quadro 1): km², e engloba total ou parcial, a área de 18 municípios, Quadro 1: Municípios e microrregiões que compõem a bacia hidrográfica do alto curso do Rio Paraíba. Bacia hidrográfica do alto curso do Rio Paraíba Municípios Microrregião do Cariri Inserção da área do município na BH* Amparo Ocidental Total Barra de São Miguel Oriental Total Boqueirão Oriental Parcial Cabaceiras Oriental Parcial Camalaú Ocidental Total Caraúbas Oriental Total Congo Ocidental Total Coxixola Ocidental Total Monteiro Ocidental Total Ouro Velho Prata São Domingos do Cariri São João do Cariri São João do Tigre São Sebastião do Umbuzeiro Serra Branca Sumé Zabelê *BH – Bacia Hidrográfica Ocidental Ocidental Oriental Oriental Ocidental Ocidental Ocidental Ocidental Ocidental Alves, T. L. B.; Azevedo, P. V. de; Santos, C. A. C. dos; Santos, F, A. C. Total Total Total Parcial Total Total Parcial Total Total 1017 Revista Brasileira de Geografia Física 07, n. 05 (Número Especial- VIWMCRHPE), (2014) 1015-1027 Dados Utilizados As imagens digitais orbitais utilizadas para obtenção dos índices de vegetação foram provenientes do sensor MODIS da plataforma Terra, obtidas gratuitamente no portal da National Aeronautics and Space Administratiton (NASA). Pelo fato da oferta a cada oito dias, de um produto melhorado, optou-se pelo produto MOD09A1, considerado mais adequado para o monitoramento dos parâmetros estudados. Este produto é oriundo da refletância da superfície, disponível no MODLAND para o continente sulamericano. O MODIS (Moderate Resolution Imaging Spectro radiometer) é um instrumento fundamental a bordo dos satélites Terra - Água. A órbita do satélite Terra é cronometrada para que ele passe do Norte ao Sul através do Equador na parte da manhã, enquanto a do Água passa do Sul ao Norte através do equador, na parte da tarde. O Terra-MODIS e o Água-MODIS visualizam toda a superfície da Terra a cada 1 ou 2 dias, obtendo dados em 36 bandas espectrais, ou grupos de comprimentos de onda. Estão a uma altitude de 705 km e apresentam resolução espacial em metros de 250 m (faixas 1 – 2), 500 m (faixas 3 – 7) e 1000 m (faixas 8 – 36). Os dados MODIS foram obtidos originalmente na projeção integerized sinusoidal e no formato .hdf, sendo convertidos para a projeção WGS e formato IMG através do ERDAS Imagine 8.5. Além disso, todas as rotinas computacionais necessárias à geração do IVDN, IVAS e do albedo foram executadas no módulo Model Maker deste programa. A área de estudo está inserida no tile v9_h12. Os dias julianos analisados foram: 025, 033, 089, 097, 137, 169, 201, 233, 273, 281, 313 e 337 de 2013, selecionados devido à ausência de nuvens e por representarem sequencialmente os doze meses do ano de 2013. Os dados foram obtidos para cada município, através da delimitação dos mesmos em formato .aoi. O Quadro 2 descreve o produto MODIS utilizado no presente estudo, com o fator de correção (multiplicativo e ou aditivo) que são empregados para converter os valores originais em dados de refletância (adimensional): Quadro 2 - Descrição do produto MODIS utilizado Produto MOD09A1 Descrição Reflectância da superfície Fator multiplicativo 0,0001 Resolução espacial e temporal 500m diária/composição de 8 dias Unidades Adimensional Fonte: http://modis.gsfc.nasa.gov/ Obtenção dos parâmetros: IVDN, IVAS e Albedo Obteve-se os valores de IVDN e IVAS de acordo com as Equações 1 e 2, respectivamente: V IVDN IVP IVP V (1) Em que: ρIVP é a refletância medida na banda espectral do infravermelho próximo (0,725 -1,00 μm) e ρV a refletância medida na banda espectral do visível (vermelho) (0,625 - 0,725 μm). IVAS IVP V (1 L) IVP V L (2) Em que: ρIVP é a refletância medida na banda espectral do infravermelho próximo (0,725 -1,00 μm) e ρV a refletância medida na banda espectral do visível (vermelho) (0,625 - 0,740 μm) e L é a constante que minimiza o efeito do solo e pode variar de 0 a 1, e neste caso foi utilizado o valor 1. O albedo segundo o método Liang (2000) - αL fundamenta-se na equação: L 0,160.1 0,291. 2 0,243. 3 0,116. 4 0,112. 5 0,081. 7 0,0015 (3) Onde, ρ1, ρ2, . . ., ρ7, representam as refletâncias monocromáticas relativas a cada uma das sete bandas espectrais do MODIS, distribuídas por meio do produto MOD09A1. Para o cômputo do albedo conforme a metodologia de Tasumi et al. (2008) - αT, utilizou-se a equação: T [ s ,b wb] n (4) b 1 Já os pesos wb são os coeficientes de ponderação que representam a fração da radiação solar que ocorre no intervalo espectral das bandas específicas, constantes na Tabela 1; n é o número de bandas correspondente e ρs,b é a refletância espectral à superfície, obtida do produto MOD09A1. Para a determinação do albedo foram utilizados dois métodos: um proposto por Liang (2000) e outro por Tasumi et al. (2008). Tabela 1 - Coeficientes de ponderação (wb) da Equação (4), para uso em imagens MODIS (Tasumi et al., 2008) Coeficiente Banda 1 Banda 2 Banda 3 Banda 4 Banda 5 Banda 6 Banda 7 0,215 0,215 0,242 0,129 0,101 0,062 0,036 wb Alves, T. L. B.; Azevedo, P. V. de; Santos, C. A. C. dos; Santos, F, A. C. 1018 Revista Brasileira de Geografia Física 07, n. 05 (Número Especial- VIWMCRHPE), (2014) 1015-1027 meses das estações de primavera e verão, atingem 21%, quando estimados pelo método de Liang (2000), enquanto os valores mínimos ocorreram nas estações de outono e inverno, com um mínimo de 13%, por ambos os métodos. Resultados e Discussão Os resultados obtidos evidenciam que o comportamento do albedo, independente do método de obtenção, varia com a estação do ano. Na Figura 2 observa-se que os valores máximos correspondem aos 22 22 21 21 Albedo (Tasumi) % 20 19 18 17 16 15 Média Máximo Mínimo 18 17 16 15 Média Máximo Mínimo 14 13 Dez Out Nov Set Ago Jul Jun Mai Abr Meses Mar 12 Fev Out Set Ago Jul Jun Mai Abr Mar Fev Jan 12 19 Jan 13 Dez 14 Nov Albedo (Liang) % 20 Meses a) b) Figura 2: Comportamento anual do albedo para todos os municípios que compõem a bacia hidrográfica do alto curso do Rio Paraíba. a) Método de Liang (2000). b) Método de Tasumi et al. (2005). O albedo apresentou grande variação com a pluviosidade da região, sendo maior em períodos com menor disponibilidade hídrica (estação seca) e menor em períodos chuvosos e mais úmidos (estação úmida). Para o trimestre mais chuvoso da região (março, abril e maio) foi observado um valor médio do albedo de 15,6 (Liang) e 14,6 (Tasumi). O mesmo padrão obtido neste estudo foi observado por (Lima et al., 2009; Bezerra et al., 2011; Esteves et al., 2012). Wang e Davidson (2007) afirmam que as condições hídricas do solo e da planta influenciam diretamente nos padrões sazonais do albedo. O solo mais úmido absorve mais radiação eletromagnética e, por estar mais úmido, reduz a refletância, diminuindo os valores do albedo. Com relação aos índices de vegetação (IVDN e IVAS), observa-se que estes também apresentaram relação direta com a ocorrência da precipitação pluvial, cuja média histórica para a região pode ser observada na Tabela 2 e a média para o ano de 2013 na Tabela 3 (AESA, 2012). Tabela 2: Média histórica da precipitação pluvial de séries maiores que 30 anos para todos os municípios do alto curso da bacia do Rio Paraíba. Jan 50,6 Fev 70,0 Mar 113,1 Abr 97,0 Mai 65,2 Jun 42,7 Jul 28,2 Ago 11,5 Set 4,8 Out Nov 7,7 6,6 Dez 21,0 Média 518,2 Tabela 3: Média da precipitação pluvial (ano de 2013) para todos os municípios do alto curso da bacia do Rio Paraíba. Jan 15,7 Fev 12,6 Mar 27,1 Abr 62,5 Mai 26,6 Jun 32,3 Jul 38,8 Ago 10,2 Os valores mais elevados de IVDN e IVAS foram 0,53 e 0,29 (Figura 3), respectivamente, observados no mês de maio, e os valores mínimos foram 0,22 e 0,15, observados no mês de fevereiro para o IVDN e em setembro para o IVAS. Isso porque a vegetação respondeu rapidamente às chuvas ocorridas nos meses anteriores e, embora o mês de fevereiro apresente uma média relativamente elevada, o solo encontra-se com Alves, T. L. B.; Azevedo, P. V. de; Santos, C. A. C. dos; Santos, F, A. C. Set 2,3 Out 7,3 Nov 29,2 Dez 61,8 Média 330,7 elevado déficit hídrico e a vegetação bastante ressecada, necessitando de um período para recomposição. Esses valores de IVDN corroboram com os encontrados por Lopes et. al. (2010), para a bacia do Rio Brígida, localizada no sertão pernambucano, área com vegetação de Caatinga, onde a maior parte dos pixels para o ano de 1985 apresentou valores de IVDN entre 0,35 e 0,40 e, para o ano de 2001 valores entre 0,40 e 0,50. 1019 0.56 0.53 0.50 0.47 0.44 0.41 0.38 0.35 0.32 0.29 0.26 0.23 0.20 0,30 Média Máximo Mínimo Média Máximo Mínimo 0,28 0,26 0,24 IVAS 0,22 0,20 0,18 0,16 0,14 0,12 Meses ov N Se t Ju l M ai M ar 0,10 Ja n IVDN Revista Brasileira de Geografia Física 07, n. 05 (Número Especial- VIWMCRHPE), (2014) 1015-1027 Meses a) b) Figura 3: Comportamento anual dos índices de vegetação para todos os municípios que compõem a bacia hidrográfica do alto curso do Rio Paraíba. a) IVDN. b) IVAS. para o município de Serra Talhada – PE, com valores compreendidos entre 0,10 e 0,35. Os autores ainda identificaram que as classes 0,20-0,25 e 0,25-0,30 correspondem às áreas de vegetação esparsa, de menor porte ou de solo úmido/com vegetação rasteira, classificando as áreas que apresentaram essa característica como Savana Estépica (Caatinga), porém de porte arbustivo. A Figura 4a evidencia que os valores do albedo obtidos pelos métodos de Liang (2000) e Tasumi et al. (2005) estão altamente correlacionados (R2 = 0,998). O valor médio para os 18 municípios analisados foi idêntico, evidenciando a pouca flutuação desta variável para a região e a equivalência dos métodos utilizados. Exceto o município de Caraúbas (albedo de 17%), todos os outros municípios apresentaram um albedo de 16%. 0,17 0,17 0,17 0,17 0,16 0,16 0,16 0,16 0,16 0,15 0,16 0,23 0,22 0,21 IVAS Albedo (Liang) Também Barbosa (2013) relata uma variação média do IVDN de 0,30 a 0,70, determinando desde áreas desnudas-degradadas a áreas com cobertura vegetal densa. Barbosa et al. (2006) relatam que análises de 20 anos de dados de IVDN para o Nordeste do Brasil mostraram fortes oscilações em ambos os domínios, temporal e espacial. A análise temporal mostrou que a forma geral de oscilações do IVDN é sazonal, correspondente à vegetação que cresce, sendo largamente influenciada pela sazonalidade de períodos secos e chuvosos. O IVDN médio mensal aumentou rapidamente durante o verão austral a um máximo em abril-maio (período que corresponde a estação chuvosa na região Nordeste do Brasil) e diminuiu mais lentamente durante a primavera austral. Os valores de IVAS obtidos neste estudo, estão de acordo com aqueles obtidos por Silva et al. (2013) y = 0,9295x + 0,0107 R2 = 0,9977 0,16 0,17 0,17 0,18 Albedo (Tasum i) 0,20 0,19 0,18 0,17 0,27 y = 0,4905x + 0,0348 R2 = 0,9864 0,32 0,37 0,42 IVDN a) b) Figura 4: Correlações entre o albedo e o índice de vegetação obtidos por diferentes metodologias: a) Albedo Liang versos Tasumi. b) IVAS versos IVDN para os municípios são mais elevados que os do IVAS (0,20). Novas et al. (2008) encontrou, para a parte sul Com relação à Figura 4b, observa-se que, da Bacia do Rio Traipu – AL, valores de IVDN mais embora os índices IVDN e IVAS apresentem a mesma elevados (IVDN médio de 0,55 em outubro de 1999 e tendência sazonal, os valores médios de IVDN (0,34) média de 0,40 em dezembro de 2006). Em relação ao Alves, T. L. B.; Azevedo, P. V. de; Santos, C. A. C. dos; Santos, F, A. C. 1020 Revista Brasileira de Geografia Física 07, n. 05 (Número Especial- VIWMCRHPE), (2014) 1015-1027 Meses IVAS Meses a) Meses 0 Albedo (Liang) % 0 Nov 5 Dez 10 Out 10 Set 20 Ago 15 Jul 30 Jun 20 Mai 40 Abr 25 Mar 50 Fev Precipitação (mm) 0 Dez 0 Out 5 Nov 10 Set 10 Ago 20 Jul 15 Jun 30 Mai 20 Abr 40 Mar 25 Jan 50 Albedo (Tasumi) % b) Fev Precipitação (mm) Dez 0,00 Out 0 Nov 0,05 Set 10 Jul 0,10 Ago 20 Jun 0,15 Mai 30 Abr Dez Nov Set Out Jul Ago Jun Abr Mai Mar Jan Fev 0 0,20 Fev 10 40 Mar 20 0,25 Jan 30 50 Jan Preccipitação (mm) 40 Precipitação (mm) 0,40 0,35 0,30 0,25 0,20 0,15 0,10 0,05 0,00 50 Caraúbas teve 131,6 mm de precipitação anual, São Sebastião do Umbuzeiro teve 478,5 mm. Além disso, fatores relacionados ao relevo contribuem para as condições mais favoráveis no município de São Sebastião do Umbuzeiro, com altitude superior a 700 m, comparada à altitude do município de Caraúbas, em torno de 500 m. IVDN IVAS,a região apresentou média de 0,29 em 1999 e 0,21 em 2006. Os municípios que apresentaram menor e maior valor de IVDN também apresentaram valores correspondentes para o IVAS (Figuras 5 e 6). Caraúbas foi o município com menor valor e São Sebastião do Umbuzeiro com maior índice de vegetação. Uma das causas dessa diferença deve-se aos valores precipitados em cada município no ano de 2013, pois, enquanto Meses c) d) Figura 5: Comportamento dos parâmetros estudados em relação a precipitação pluvial (representada em barras) para o município de Caraúbas - PB. a) IVDN; b) IVAS; c) Albedo Tasumi e d) Albedo Liang. Ainda com base na Figura 5, é evidente que os parâmetros analisados têm comportamento oposto, ou seja, a medida que o albedo diminui o índice de vegetação aumenta. Isso porque uma vegetação mais verde e densa reflete menos. À medida que a vegetação diminui ou perde sua folhagem (senescência), em decorrência do estresse hídrico, a refletividade aumenta, pois o solo fica mais descoberto e as áreas mais claras. Assim, o monitoramento temporal e espacialmente desses parâmetros pode contribuir para o entendimento e mensuração do processo de degradação Alves, T. L. B.; Azevedo, P. V. de; Santos, C. A. C. dos; Santos, F, A. C. das terras/desertificação ambiental, isso quando as causas da redução da vegetação forem antrópicas. Na Figura 6 observa-se o comportamento do albedo, IVDN e IVAS em relação à precipitação pluviométrica para o município com menor índice de vegetado da área de estudo (Caraúbas). Os índices de vegetação estão relacionados diretamente com a precipitação pluvial nessa região, que tem como característica marcante a variabilidade espacial e temporal. 1021 Meses IVAS Dez Nov Set Out Ago 0,35 0,30 0,25 0,20 0,15 0,10 0,05 0,00 Meses a) b) c) 15 10 Out Nov Set 0 Dez Meses Ago Jul Jun Mai Abr 5 Albedo (Liang) % 20 Mar Nov Out Set 0 Dez Meses Ago Jul Jun Mai Abr Mar 5 25 Jan 10 160 140 120 100 80 60 40 20 0 Fev 15 Precipitação (mm) 20 Albedo (Tasumi) % 25 Jan 160 140 120 100 80 60 40 20 0 Fev Precipitação (mm) Jul Jun Abr Mai 0,00 Dez Nov Set Out Jul Ago Jun Abr Mai Mar 0,10 Mar 0,20 Jan 0,30 IVDN 0,40 160 140 120 100 80 60 40 20 0 Fev 0,50 Precipitação (mm) 0,60 Jan 160 140 120 100 80 60 40 20 0 Fev Precipitação (mm) Revista Brasileira de Geografia Física 07, n. 05 (Número Especial- VIWMCRHPE), (2014) 1015-1027 d) Figura 6: Comportamento dos parâmetros estudados em relação a precipitação pluvial (representada em barras) para o município de São Sebastião do Umbuzeiro - PB. a) IVDN; b) IVAS; c) Albedo Tasumi e d) Albedo Liang. Na Figura 7, apresenta-se a distribuição espacial das variáveis discutidas na bacia do alto curso do Rio Paraíba. Para cada variável, foi apresentada a imagem referente ao mês com menor e maior valor médio. Para o albedo, a amostragem foi realizada apenas para as imagens tratadas com o algoritmo de Tasumi et al. (2005), onde o menor valor ocorreu em maio (13%) e o maior em Alves, T. L. B.; Azevedo, P. V. de; Santos, C. A. C. dos; Santos, F, A. C. fevereiro (0,20%). Para o IVDN, apresenta-se a imagem referente a fevereiro (menor valor – 0,22), isso porque o ano anterior (2012) apresentou precipitação pluvial bem abaixo da média, e maio (maior valor – 0,53) e para o IVAS apresenta-se as imagens correspondem aos meses de setembro (menor valor – 0,15) e maio (maior valor – 0,29). 1022 Revista Brasileira de Geografia Física 07, n. 05 (Número Especial- VIWMCRHPE), (2014) 1015-1027 a) b) Alves, T. L. B.; Azevedo, P. V. de; Santos, C. A. C. dos; Santos, F, A. C. 1023 Revista Brasileira de Geografia Física 07, n. 05 (Número Especial- VIWMCRHPE), (2014) 1015-1027 c) d) Alves, T. L. B.; Azevedo, P. V. de; Santos, C. A. C. dos; Santos, F, A. C. 1024 Revista Brasileira de Geografia Física 07, n. 05 (Número Especial- VIWMCRHPE), (2014) 1015-1027 e) f) Figura 7: Comportamento ou Variação espacial dos índices de vegetação e do albedo para a região do alto curso do Rio Paraíba: a) Albedo (Tasumi) referente ao mês de fevereiro de 2013. b) Albedo (Tasumi) referente ao mês de maio de 2013. c) Índice de vegetação por Diferença Normalizada (IVDN) referente ao mês de fevereiro de 2013. d) IVDN referente ao mês de maio de 2013. e) Índice de vegetação Ajustado ao Solo (IVAS) referente ao mês de maio de 2013. f) IVAS referente ao mês de setembro de 2013. Alves, T. L. B.; Azevedo, P. V. de; Santos, C. A. C. dos; Santos, F, A. C. 1025 Revista Brasileira de Geografia Física 07, n. 05 (Número Especial- VIWMCRHPE), (2014) 1015-1027 Conclusões A avaliação do comportamento do albedo, do índice de vegetação por diferença normalizada (IVDN) e do índice de vegetação ajustado para o solo (IVAS) observada na bacia hidrográfica do alto curso do Rio Paraíba durante o ano de 2013 permitiu concluir que: 1) A precipitação pluviométrica foi identificada como fator de controle decisivo da tendência dos índices de vegetação: IVDN e IVAS e indiretamente do albedo, uma vez que condiciona a cobertura da superfície do solo. O albedo tem comportamento oposto aos índices de vegetação e os resultados foram praticamente idênticos com as duas metodologias propostas por Liang.e Tasumi; 2) O município de Caraúbas foi o que apresentou menor índice de vegetação, tanto pelo método do IVDN quanto pelo IVAS, enquanto o município de São Sebastião do Umbuzeiro apresentou os índices mais elevados; 3) O mês de fevereiro apresentou os maiores valores de albedo para os municípios e menores valores de IVDN. Por outro lado, o mês de maio apresentou os menores valores de albedo e maiores de IVDN e IVAS, devido a curta estação chuvosa na região, que compreende o trimestre entre fevereiro e abril; 4) Os fatores humanos também podem explicar algumas tendências locais. Outras análises seriam necessárias para melhor discriminar os fatores naturais e antrópicos sobre a vegetação da bacia do alto curso do Rio Paraíba e precisam ser melhor investigados em trabalhos futuros. brasileiras de geoprocessamento e sensoriamento remoto. 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