DISPOSITIVO MECÂNICO SIMULADOR DA TOSSE COMO TERAPIA DE REMOÇÃO DE SECREÇÃO TRAQUEOBRÔNQUICA RESUMO OBJETIVO: Realizar uma revisão da literatura sobre a eficácia da utilização de um dispositivo mecânico de insuflação-exsuflação (MI-E) na terapia de remoção de secreção brônquica e o seu beneficio no suporte terapêutico nos ambientes de UTI, ambulatório e domicílio. MÉTODO: A metodologia usada tem como caráter a revisão de literatura, com acesso aos dados eletrônicos dos bancos de dados PubMed,LILACS e Scielo, sendo utilizados apenas artigos publicados a partir do ano 2000, que abordassem os efeitos; tolerância; utilização; indicações e consequências do uso de um dispositivo mecânico de insuflação-exsuflação.RESULTADOS: Foram analisados 17 artigos sobre a utilização do dispositivo mecânico de insuflaçãoexsuflação.12 abordavam seu uso em pacientes portadores de doença neuromuscular, sendo 1 deles um estudo de caso , 2 que abordavam também outras patologias como doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) e 1 sobre a utilização do dispositivo MI-E no processo de extubação deste grupo de pacientes.Foi analisado 1 artigo utilizando um modelo de pulmão, 2 com uso do MI-E em pacientes tetraplégicos e apenas 2 que abordavam a utilização do dispositivo MI-E em pacientes normais no protocolo de extubação, demonstrando que poucos artigos abordam a utilização do dispositivo em pacientes normais, com infecção respiratória aguda internados em UTI.CONCLUSÃO: Poucos estudos clínicos foram realizados para identificar o melhor tratamento para a definição de um método eficaz para remoção de secreção traqueobrônquica, principalmente com indivíduos normais com infecção respiratória e em ambiente hospitalar. Embora a prática clínica tenha evoluído no tratamento das mesmas, com o aperfeiçoamento das técnicas de fisioterapia respiratória, existe a necessidade da realização de estudos clínicos randomizados limitados principalmente à patologia e idade. Palavras-chave: mechanical insufflation-exsufflation; tosse assistida; fluxo de tosse, fisioterapia respiratória. INTRODUÇÃO A tosse é um mecanismo de defesa fundamental que protege o sistema respiratório contra pneumonias, atelectasias, falência respiratória aguda e outros tipos de infecções. Sua eficácia pode determinar o sucesso na extubação, a morbidade e a mortalidade em pacientes de unidade de terapia intensiva. Além de todas as patologias que causam retenção de secreção ou fraqueza muscular, também encontramos problemas com fechamento da glote em pacientes entubados, que recebem ventilação mecânica invasiva através do tubo endotraqueal ou do tubo de traqueostomia devido ao aumento substancial da resistência ao fluxo de ar impedindo a insuflação e exsuflação. Assim, os métodos para melhorar a eficácia da tosse são importantes porque facilitam o desmame da ventilação mecânica e melhoram os resultados dos pacientes. 10 A terapia de remoção de secreção traqueobrônquica tem como objetivo aumentar a mobilização de secreção de vias aéreas periféricas até as mais centrais que estão retidas no trato respiratório e promover sua expectoração, melhorando a troca gasosa, reduzindo o trabalho respiratório, os riscos de complicações pulmonares e as taxas de hospitalização. Um número de técnicas invasivas e não invasivas são atualmente utilizadas para facilitar esta remoção e aumentam o PFT (pico de fluxo de tosse) aumentando assim a capacidade de limpeza das vias aéreas e desmame de ventilação mecânica. A recomendação atual para a desobstrução das vias aéreas durante infecções pulmonares é a fisioterapia respiratória intensiva que tem como principais objetivos prevenir o acúmulo e retirar secreções nas vias aéreas, melhorar a ventilação, melhorar a resistência à fadiga, reduzir gastos energéticos durante a respiração, melhorar condições de expansão pulmonar, favorecer o trabalho diafragmático e manter e/ou melhorar a mobilidade torácica. Uma alternativa para eliminar as secreções das vias aéreas é o dispositivo mecânico de insuflação/exsuflação (MI-E). 11 Hoje, a tosse mecanicamente assistida através do MI-E é uma terapia adicional utilizada comumente em pacientes com tosse ineficiente associada à fraqueza neuromuscular, mas pode também oferecer benefícios em outras situações clínicas. É um dispositivo capaz de eliminar as secreções através da aplicação de uma pressão positiva para promover a máxima insuflação pulmonar nas vias aéreas (insuflação), e em seguida deslocando-se rapidamente para uma pressão negativa (exsuflação). Esta mudança rápida de pressão provoca alterações no fluxo que ocorrem como a tosse natural e mobiliza as secreções. 12 Se os valores de fluxo expiratório alcançados com o dispositivo mecânico puderem exceder os que são produzidos durante a tosse não assistida e, em particular, superior a 2,7 L /s, o risco de complicações pulmonares pode ser diminuído. Embora praticamente desconhecido em cuidados intensivos, MI-E tem sido fundamental para evitar pneumonia, insuficiência respiratória e hospitalizações em pacientes com doenças neuromusculares dependentes de ventilação não invasiva (VNI). 04,06 A tosse é composta pelas fases: inspiração profunda (cerca de 80% da capacidade pulmonar total); fechamento glótico (com uma pausa gerando um aumento no volume pulmonar); contração enérgica dos músculos expiratórios (essencialmente os abdominais, aumentando a pressão intratorácica) e então a fase expulsiva através da abertura súbita da glote que gera alto fluxo de ar carreando secreção ou corpo estranho para a faringe ou boca. Em pacientes com distúrbios neuromusculares tais como Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA), Amiotrofia Espinhal, poliomielite e Distrofia Muscular de Duchenne, as infecções do sistema respiratório são a causa mais comum de internação por ter uma redução na pressão gerada pelos músculos expiratórios responsáveis por conduzir a manobra de tosse, com conseqüente diminuição do PFT. Em distúrbios pulmonares tais como bronquite crônica e enfisema pulmonar, o fluxo expiratório é reduzido devido à compressão dinâmica das vias aéreas e ao aumento da viscosidade das secreções brônquicas e é provavelmente a principal causa da ineficiência da tosse. Pacientes com lesão medular espinhal cervical também são particularmente suscetíveis à síndrome restritiva, com retenção de secreção, apresentando diminuição de todos os volumes e fluxos respiratórios. 01,14 A fraqueza muscular inspiratória produz uma diminuição da capacidade vital e das pressões de recuo do pulmão. Já a fraqueza muscular expiratória produz uma redução na pressão intratorácica gerada durante a manobra de tosse. A disfunção bulbar grave causa uma falha no fechamento da glote durante a tosse e reduz ou elimina a capacidade máxima de insuflação, diminuindo o potencial de complacência pulmonar. Existem poucos dados a respeito do valor que determine a efetividade da tosse, no entanto, um PFT <2,7 L/s tem sido proposto como indicador de tosse ineficaz e alguns autores sugerem que também possa ser responsável por falha na extubação. 05 A fisioterapia utiliza técnicas de respiração acompanhadas por processos físicos, como percussão, vibração, drenagem postural e tosse assistida manualmente, porém se realizada vigorosamente pode causar episódios de hipossaturação e ser cansativa para os pacientes. Em doentes com deformidade da parede torácica, fisioterapia e técnicas de expectoração manualmente assistida podem ser ineficazes. As alternativas para melhorar a tolerância, é realizar a fisioterapia combinada com ajuda de ventilação não invasiva (VNI), ressuscitador manual para alcançar a capacidade máxima inspiratória, e o dispositivo mecânico de insuflação/exsuflação (MI-E) que pode ser utilizado tanto em modo manual como automático, que faz o ciclo de uma insuflação e de uma exsuflação simulando assim uma tosse normal. As pressões geradas por uma centrífuga alcançam até um máximo de + 70 cmH2O na insuflação e – 70 cmH2O na exsuflação. 07 Este dispositivo tem ajudado a tosse de crianças e adultos com doenças neuromusculares, gerando um PFT superior a tosse não assistida e ao método clássico de tosse assistida. MI-E tem demonstrado melhorar outros parâmetros respiratórios básicos, como saturação de oxigênio (SpO2), dispneia em doentes adultos com esclerose lateral amiotrófica, DPOC e outras doenças neuromusculares. 11 A finalidade deste estudo foi analisar e comparar todos estes efeitos benéficos que sugerem que o MI-E pode ser usado preventivamente como terapia de remoção traqueobrônquica nas populações com risco de complicações respiratórias e que precisam de assistência para desobstrução das vias aéreas, e ser um complemento potencial na fisioterapia respiratória para uma ampla variedade de grupos de doentes. OBJETIVO O objetivo deste estudo foi realizar uma revisão bibliográfica da literatura sobre a eficácia da utilização de um dispositivo mecânico de insuflação-exsuflação (MI-E) na terapia de remoção brônquica e descrever o seu beneficio no suporte terapêutico nos ambientes de UTI, ambulatório e domicílio. MÉTODO Trata-se de uma Pesquisa Bibliográfica desenvolvida com base em material já elaborado, constituído por artigos científicos. A busca bibliográfica foi realizada por meio dos seguintes descritores mechanical insufflation-exsufflation; tosse assistida; fluxo de tosse e fisioterapia respiratória nas bases de dados PubMed, Scielo e LILACS. Estabeleceu-se como critérios de inclusão publicações a partir do ano 2000, em todos os idiomas, artigos gratuitamente disponíveis na integra e estudos que avaliaram a utilização do dispositivo mecânico de insuflação-exsuflação. Tabela 1: Processo de seleção dos artigos após leitura integral do estudo Base de Dados PubMed Scielo LILACS Descritor Mechanical insufflation - exsufflation Tosse Assistida Fluxo de Tosse Fisioterapia respiratória Mechanical insufflation - exsufflation Tosse Assistida Fluxo de Tosse Fisioterapia respiratória Mechanical insufflation - exsufflation Tosse Assistida Fluxo de Tosse Fisioterapia respiratória TOTAL Artigos encontrados 10 3 4 5 2 1 0 1 0 0 0 1 27 Artigos selecionados 8 2 2 3 1 1 0 0 0 0 0 0 17 RESULTADOS Foram selecionados 17 artigos nas bases de Dados PubMed, Scielo e LILACS, nove (09) artigos abordavam a utilização de um dispositivo mecânico de insuflação-exsuflação: seis (06) sobre a sua utilização em pacientes com doença neuromuscular tais como Atrofia Muscular Espinhal, Esclerose Lateral Amiotrófica e Distrofia Muscular de Duchenne,um (01) estudo feito em pacientes com lesão medular, um (01) em um modelo de pulmão, e apenas um (01) em indivíduos normais. A tosse assistida foi abordada em três (03) artigos: um (01) comparava o método de tosse assistida associada a MI-E em indivíduos normais, portadores de doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) e portadores de doença neuromuscular; um (01) abordava a tosse assistida como parte de outros métodos de tosse em pacientes portadores de doença neuromuscular e um (01) como parte de um protocolo de desmame em indivíduos normais. O pico de fluxo de tosse com a utilização de um dispositivo MI-E foi analisado em dois (02) artigos: um (01) em um estudo com pacientes portadores de doença neuromuscular após processo de extubação e um (01) em pacientes portadores de doença neuromuscular e também em pacientes portadores de DPOC. A utilização do dispositivo MI-E foi abordado em três (03) artigos como parte do tratamento de fisioterapia respiratória: dois (02) estudos foram realizados em pacientes portadores de doença neuromuscular e um (01) em pacientes com lesão medular. Portanto, 12 artigos foram estudos realizados em pacientes portadores de doença neuromuscular, sendo um (01) deles um estudo de caso, dois (02) abordavam também outras patologias como DPOC e um (01) sobre a utilização do dispositivo MI-E no processo de extubação deste grupo de pacientes. Foi analisado um (01) artigo utilizando um modelo de pulmão, dois (02) com uso do MI-E em pacientes tetraplégicos e apenas (02) que abordavam a utilização do dispositivo MIE em pacientes normais no protocolo de extubação. DISCUSSÃO A eficácia da MI-E foi já foi demonstrada tanto em modelos com animais quanto em humanos. A geração de fluxo adequada nas vias aéreas proximais e distais elimina efetivamente as secreções. Apesar de ocorrer possíveis quedas de saturação de oxigênio (SpO₂), a capacidade vital, taxa de fluxo pulmonar e saturação anormal podem melhorar imediatamente com a limpeza de secreções utilizando o dispositivo MI-E quando comparado a técnicas convencionais de aumento de tosse. 02 PILLASTRINI et al mostrou a melhora na capacidade vital forçada (CVF), VEF1(volume expiratório final), PFT, com a utilização de um dispositivo MI-E comparado à fisioterapia respiratória convencional, realizada em cinco séries de cinco ciclos, com 2 segundos de insuflação, 3 segundos de exsuflação, pausa de 0,5 segundos, com pressões mínimas de +15 cm H₂O/-15 cm H₂O e máxima de +45 cm H₂O/-45 cm H₂O, e um intervalo máximo de 3 minutos, e que sua utilização em indivíduos com lesão medular alta foi um complemento eficaz para cinesioterapia respiratória sendo possível remover secreções espessas e profundas, além de insuflar as áreas afetadas por atelectasia. 13 CHATWIN também verificou um PFT 76% maior utilizando um dispositivo MI-E do que as outras técnicas de aumento de tosse aplicadas, como tosse manualmente assistida por um fisioterapeuta e tosse após uma inspiração sustentada por um VNI, em 22 pacientes com idade média de 21 anos clinicamente estáveis, portadores de doença neuromuscular com fraqueza muscular respiratória grave. O dispositivo MI-E foi utilizado com pressões inspiratórias e expiratórias de + 20 cmH₂O e -20cmH₂O respectivamente e foi bem tolerada. 04 Já SIVASOTHY só encontrou melhora no pico de fluxo de tosse de 84L/min. para 144L/min. e no volume expiratório final quando utilizou em combinação a tosse manualmente assistida e insuflação mecânica por dispositivo MI-E e apenas em pacientes com fraqueza muscular por doença neuromuscular sem escoliose. Indivíduos normais e pacientes com fraqueza muscular por doença neuromuscular com escoliose não se beneficiaram das técnicas de aumento de tosse. Em pacientes com doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), a tosse manualmente assistida isoladamente e em combinação com insuflação mecânica, diminuiu o pico de fluxo expiratório de 144 l/min. para 135 l/min., e todas as manobras de tosse assistida foram prejudiciais pela dinâmica do escoamento de secreção e não pode ser recomendado para assistência de tosse para este grupo de pacientes. O dispositivo MI-E foi realizado de forma combinada em dois ciclos com pressão de +20 a - 20 cmH₂O, mais um terceiro ciclo sem a fase expiratória onde o voluntário era convidado a fazer uma tosse voluntária máxima.15 Porém o dispositivo MI-E na maioria dos estudos, foi realizado com pressões crescentes, chegando a ser utilizada com + 40 a - 40 cmH₂O ,se mostrando eficaz e confortável, como avaliou WINCK et al sobre a tolerância e efeito no pico de fluxo de tosse e saturação com vários ajustes de pressão de MI-E em 29 pacientes portadores de doença pulmonar obstrutiva crônica e portadores de doença neuromuscular. Todos relataram dificuldades de remover secreção e queda de saturação. Cada paciente recebeu seis ciclos de insuflação-exsuflação com pressões de: +15 a - 15 cmH₂O, +30 a - 30 cmH₂O, e + 40 a -40 cmH₂O. A duração do ciclo foi de 3 segundos de insuflação, 4 segundos de exsuflação, e uma pausa de 4 segundos, mais um período de descanso de dois minutos entre cada aplicação. Após o sexto ciclo com a pressão de + 40 a -40 cmH₂O da última aplicação, foi solicitado aos participantes a tossir com força por conta própria e concluiu que o dispositivo MI-E foi bem tolerado e melhorou significativamente PFT e SpO₂ nestes pacientes, especialmente quando utilizado a pressões de +40 a - 40 cmH₂O. 17 Um estudo realizado em 26 pacientes portadores de Esclerose Lateral amiotrófica (ELA) estáveis, com e sem disfunção bulbar, mostrou que um dispositivo MI-E foi capaz de gerar taxas de fluxo expiratórios eficazes, e que em pacientes clinicamente estáveis com disfunção respiratória leve e PFT> 4 L/s não podem se beneficiar de MI-E, exceto durante uma doença respiratória aguda. Um pneumotacógrafo foi colocado entre a máscara e o circuito do MI-E para que o PFT gerado fosse medido. O MI-E foi aplicado por 2 segundos com +40 cmH₂O de pressão de insuflação e 3 segundos com -40cmH₂O de pressão de exsuflação, com 1 segundo de pausa entre cada ciclo, um impulso toracoabdominal na fase expiratória foi feito. 14 FAUROUX et al utilizou o dispositivo MI-E com aumento gradual de pressões e também encontrou um aumento significativo no conforto respiratório em 17 pacientes portadores de doença neuromuscular estáveis entre 5 e 18 anos que receberam seis ciclos de pressão inspiratória e expiratória, por 2 e 3 segundos respectivamente, de + 15/- 15 cm H2O, + 30/- 30 cm H2O, e + 40/- 40 cmH₂O, e um período de pausa de 30 segundos entre cada aplicação. O volume expirado durante a insuflação-exsuflação aumentou proporcionalmente à oscilação de pressão alcançando um volume tão elevado quanto o dobro do volume corrente com pressão inspiratória/expiratória + 40 a -40 cmH₂O em todos os pacientes. Já a atelectasia crônica foi resolvida em quatro pacientes e cinco pacientes apresentaram uma redução na frequência de pneumonia. 07 Apenas CHATWIN e SIMONDS relataram desconforto com a utilização de um dispositivo MI-E com aumento de pressão gradual. O estudo foi realizado em oito pacientes, adultos e crianças, portadores de doença neuromuscular usuários de VNI no período noturno, que estavam com infecção respiratória aguda, e mostrou que o tempo de tratamento foi significativamente menor utilizando um MI-E duas vezes ao dia por dois dias durante 30 minutos de sessão de fisioterapia, porém mais cansativo para os pacientes. O estudo abordou a prática convencional de fisioterapia respiratória, com e sem a utilização de um MI-E configurado em modo manual, com pressões de +20 cmH₂O/-20 cmH₂O, +35 cmH₂O/-35 cmH₂O e +40 cmH₂O/-40 cmH₂O, com tempo de insuflação de 2- 4 segundos e exsuflação de 4-5 segundos, realizada utilizando tanto a percussão quanto a vibração. Apesar de o resultado mostrar certa insatisfação dos pacientes, houve uma queda significativa na quantidade de secreções, e a saturação de oxigênio e frequência cardíaca não foram prejudicadas, e o tratamento não causou instabilidade ventilatória. 05 Pacientes no ambiente de cuidados intensivos, muitas vezes têm prejudicado os meios de desobstrução das vias aéreas. A entubação endotraqueal impede o paciente de fechar a glote, o qual é necessário para a tosse eficaz. Cuidados com o paciente entubado inclui sucção direta aplicada através de do tubo endotraqueal, o que elimina uma pequena porção de secreção das vias aéreas, porém pode ser ineficaz para limpar as secreções das vias aéreas periféricas, e deixa o paciente dependente de transporte mucociliar. Um estudo avaliou o impacto de várias vias aéreas artificiais no pico de fluxo expiratório (PFE), com a utilização de um dispositivo MI-E em um modelo de pulmão com três configurações de pressão: +30/-30, +40/- 40, e +50/-50 cmH₂O, aplicados por 3 segundos na inspiração, 1 segundo na expiração e 1 segundo de pausa entre cada ciclo, e concluiu que tanto os tubos orotraqueais como os tubos de traqueostomia reduziram significativamente PFE durante a insuflação-exsuflação com o dispositivo mecânico, ou seja, quanto menor o diâmetro interno das vias aéreas artificiais, mais baixo o PFE e uma maior pressão é necessária para gerar um determinado fluxo de ar. 09 O processo de desmame da ventilação mecânica deve equilibrar o risco de complicações por atrasos na extubação com o risco de complicações por necessidade de reintubação. Pacientes que necessitam de reintubação tem uma taxa de mortalidade significativamente mais elevada do que aqueles que são extubados com sucesso na primeira tentativa. 08 O dispositivo MI-E foi estudado como parte de um protocolo de extubação por GONÇALVES et al. Sua inclusão reduziu as taxas de reintubação, o tempo de estadia na UTI pós-extubação e melhorou a eficácia da VNI em pacientes que utilizaram ventilação mecânica (VM) por mais de 48 horas em 110 pacientes, com idade entre 15 a 61 anos, que toleraram um teste de respiração espontânea (TRE) que receberam o protocolo de extubação convencional com tratamento médico padrão, incluindo VNI em caso de indicações específicas. Porém um grupo recebeu também mais três sessões diárias de MI-E pós-extubação, e mostrou uma taxa de reintubação de 17%, taxa de reintubação de 6% relacionadas ao fracasso da VNI e o tempo de internação média após extubação foi de 2,5 a 3,1 dias, comparado ao grupo que não utilizou o dispositivo MI-E que mostrou uma taxa de reintubação de 48%, taxa de reintubação de 13% relacionadas ao fracasso da VNI e o tempo de internação média após extubação foi de 6,7 a 9,8 dias. 08 BACH et al também obteve sucesso de 95% na aplicação de um protocolo de extubação em 149 pacientes, todos portadores de doença neuromuscular, com idade média de 21 a 37 anos, que foram entubados por insuficiência respiratória e/ou pós-cirurgia, que recusaram a traqueostomia e mantinham a saturação de oxigênio em 95% em ar ambiente. Fazia parte do protocolo um suporte ventilatório não invasivo (VNI) pós-extubação e utilização de forma agressiva de um dispositivo MI-E com pressão de +40 a -40 cmH2O,até cada 20 minutos de intervalo, como forma de manter ou desenvolver uma saturação sempre acima de 95% sem a utilização de oxigênio . O sucesso da extubação foi definido como não necessitando de reintubação durante a internação. 02 MARCHANT e FOX relataram um caso de um menino de 11 anos de idade com atrofia muscular espinhal tipo II, em que o tratamento pós-operatório de correção de escoliose foi auxiliado usando um dispositivo MI-E para prevenção de retenção de secreção e de traqueostomia. O dispositivo MI-E foi eleito como alternativa, para ser usado a cada 4 horas após cinco dias da cirurgia e quatro após a extubação, devido à piora clínica e radiológica e queda de saturação sendo capaz de tratar com sucesso a retenção de escarro e evitar a traqueostomia. 11 Os estudos mostram que o dispositivo MI-E pode ser usado tanto em âmbito hospitalar em um quadro de infecção respiratória aguda ou como parte do processo de desmame de ventilação mecânica e também como tratamento preventivo de pneumonias. BENTO et al descreveram as indicações domiciliares para utilização de um dispositivo MI-E e determinou a sua segurança e aderência em 21 pacientes portadores de doença neuromuscular com idade média de 58 anos, traqueostomizados e dependentes de VNI noturna. O dispositivo MI-E foi aplicado nos primeiros sinais de dispneia, acúmulo de secreção ou quando SpO₂ <95%, até que um valor> 95% fosse obtido, com pressões de insuflação/exsuflação de +40 a 40 cmH₂O, de 6 a 8 ciclos com duração de 3 segundos para insuflação, 2 segundos para exsuflação e 4 segundos para a pausa. Uma compressão abdominal foi aplicada na fase expiratória. O achado mais importante deste estudo é que foi possível tratar pacientes com doença neuromuscular com base em cuidados e treinamentos de cuidadores não profissionais, e os ajustes utilizados tiveram efeitos de bem-estar e comprovou sua eficácia em obter maiores valores de PFT sem complicações. 03 Trinta internações foram evitadas pelo alivio da angustia respiratória e retorno de saturação a linha de base de 95% com a utilização da MI-E domiciliar em episódios de acúmulo de secreção não revertido por aspiração associado à queda de saturação com pressões que variaram de +30 cmH₂O/-30 cmH₂O a +60 cmH₂O/60 cmH₂O, em estudo feito com 39 pacientes portadores de ELA que faziam parte de um programa de home care. 75% dos pacientes ficaram extremamente satisfeitos. 16 CREW et al relataram uma redução de 34% de taxa de internação por doença respiratória, depois do início do uso de um dispositivo MI-E em um grupo de 40 pessoas com lesão medular com alto risco de desenvolvimento de pneumonias. Este estudo mostrou que o uso ambulatorial de MIE entre pessoas com tetraplegia pode ser uma técnica de remoção de secreção. 06 CONCLUSÃO A utilização de dispositivos MI-E é generalizada na América do Norte, principalmente por indivíduos com doença neuromuscular na prevenção da morbidade respiratória. Esta revisão mostrou que o dispositivo MI-E melhorou a dinâmica do fluxo da tosse e foi um método eficaz no processo de remoção de secreção traqueobrônquica, tanto em âmbito hospitalar quanto domiciliar, porém um número relativamente pequeno de pacientes foi incluído nos estudos. Por este motivo, análises de acordo com a doença subjacente ou a gravidade da fraqueza muscular respiratória, com maior número de pacientes, principalmente com indivíduos normais com infecção respiratória e em ambiente hospitalar é claramente necessária para validar a observação clínica de que o dispositivo MI-E pode ser associado à terapia com maior benefício. Dentro da metodologia proposta, nenhum artigo na língua portuguesa foi encontrado, todos estavam na língua inglesa. E apesar de poucos estudos clínicos, terem sido realizados para identificar o melhor tratamento para a definição de um método eficaz para remoção de secreção traqueobrônquica, a maioria dos artigos mostrou a excelente tolerância e as melhoras fisiológicas em curto prazo e por isso, pode-se afirmar que o uso de um dispositivo MI-E, durante cuidados intensivos é eficiente por reduzir complicações respiratórias e melhorar as condições gerais dos doentes. Além disso, a utilização do dispositivo MI-E no âmbito domiciliar ou ambulatorial também reduziu a quantidade de internação hospitalar, levando a uma indiscutível melhoria na qualidade de vida do paciente e de redução de custo para o hospital. É importante avaliar se o uso regular do dispositivo durante a fisioterapia pode reduzir o impacto em longo prazo de infecções pulmonares e investigar se a associação da utilização por todos os profissionais responsáveis no cuidado ao paciente torna o resultado clínico mais eficaz do que somente as técnicas existentes para a melhora da tosse e desta forma torná-los parte do tratamento e agentes multiplicadores dos benefícios do MI-E. REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS 01. BACH,J.R. Noninvasive Mechanical Ventilation.Hanley&belfus,Inc. Philadelphia, 7:153,2002. 02. BACH et al.: Extubation of Patients With Neuromuscular Weakness: A New Management Paradigm. Chest.v.137,n.05, p. 1033-1039,2010. 03. BENTO,J.;et al.. Indications and Compliance of Home Mechanical InsufflationExsufflation in Patients with Neuromuscular Diseases. Arch Bronconeumol. vol 46, n. 08, p. 420-425,2010. 04. CHATWIN, M. et al.. 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