Governo prepara país para pandemia de gripe Ministério da Saúde pede que população mantenha calma e não tome medicamentos sem orientação de um profissional O Brasil ainda não registrou nenhum caso de gripe aviária e o governo federal implementou uma série de ações para evitar que uma pandemia de gripe atinja o país. Mesmo assim, por intermédio das informações recebidas pelo noticiário internacional, muitas pessoas têm tomado por conta própria medidas para se precaver contra a doença. O Ministério da Saúde faz um alerta a todos para que não estoquem medicamentos e tomem qualquer produto sem a prescrição de um profissional de saúde ou realizem mudanças radicais nos hábitos alimentares. Até agora só ocorreram registros da gripe aviária – provocada pelo vírus H5N1 – em países da Ásia, onde houve vítimas fatais, e na Europa, onde chegou por meio de pássaros migratórios e só contaminou frangos. Inicialmente uma doença que atingia as aves, passou a ser transmitida dos animais para humanos. Os cientistas temem que o vírus H5N1 possa sofrer uma mutação e ser transmitido entre seres humanos, como acontece com a gripe comum. Caso isso ocorra, poderia haver uma epidemia generalizada de gripe no mundo (pandemia). As autoridades de saúde da Ásia registraram 121 casos da doença e a morte de 63 pessoas. A contaminação de aves para humanos pode ocorrer pela exposição direta aos animais ou às suas fezes. O H5N1 é altamente contagioso e provoca uma gripe grave. Por conta disso, produtores da Europa e Ásia já sacrificaram milhares de aves. Não se pega a gripe das aves comendo a carne e os ovos delas, pois as altas temperaturas eliminam o vírus durante o preparo. Em meio a esse cenário, que preocupa as autoridades sanitárias do mundo inteiro, o governo brasileiro adiantou-se em tomar medidas de precaução para evitar, ou pelo menos atenuar, a chegada de uma pandemia de gripe ao Brasil. O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), junto a estados e municípios, vem reforçando a vigilância sanitária em portos e aeroportos, para impedir que aves ornamentais tragam a doença ao país. “O Ministério da Saúde também reservou R$ 193 milhões para compra do Tamiflu, o anti-viral mais eficaz no tratamento desse novo tipo de vírus”, informa o coordenador de Vigilância de Doenças de Transmissão Respiratória e Imunopreveníveis do Ministério da Saúde, Fernando Barros. “O governo vai ainda investir R$ 3,1 milhões para produção de vacinas pelo Instituto Butantan contra esse tipo de vírus e aumentamos o número de centros-sentinela, unidades de saúde responsáveis pela monitoração e identificação de novas cepas (tipos) do vírus influenza, o causador da gripe”, completa. Cautela – O Ministério da Saúde pede, nesse momento, que a população mantenha a calma e siga as orientações das autoridades municipais, estaduais e federais. Fernando Barros chama a atenção para o risco que a compra e o consumo antecipado de medicamentos significam. “Se alguém começa a tomar um anti-viral antes de ter a doença, pode acabar não se protegendo. Ao invés disso, o remédio pode facilitar o aumento da resistência do vírus”, exemplifica. O governo também pede que as pessoas não façam nenhuma mudança radical nos seus hábitos alimentares por medo de contraírem a gripe aviária. “Não há registros da doença no país. Somos um país exportador de aves e a nossa indústria possui um alto padrão de higiene”, afirma. “Não há nenhum indício de que se pegue essa gripe comendo a carne do animal, desde que ela seja cozida corretamente”, reforça. “Ninguém precisa parar de comer carne de frango ou galinha”, diz Barros. Se a doença chegar ao Brasil, o Ministério da Saúde recomenda que as pessoas evitem o contato direto com as aves infectadas. Cabe ao Ministério da Agricultura a vigilância da influenza animal. Se esta situação resultar, no futuro, em uma pandemia de influenza entre os humanos, a principal precaução da população será evitar aglomeração, não se automedicar e seguir as orientações das autoridades de saúde pública, que serão específicas para a situação. Ministério da Agricultura e setor privado juntos no combate à gripe aviária O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e o setor privado vão criar um grupo de emergência para reforçar as ações de prevenção e monitoramento da influenza aviária no território brasileiro. O anúncio foi feito na semana passada pelo ministro Roberto Rodrigues, após uma reunião com o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Luiz Fernando Furlan, e representantes do Ministério da Saúde e da cadeia produtiva da avicultura. Maior exportador mundial de carne de frango, com embarques estimados em três milhões de toneladas neste ano, o Brasil quer continuar livre da doença. O objetivo do encontro foi estabelecer uma ação público-privada em relação à gripe aviária. Rodrigues ressaltou que é preciso reforçar as medidas de prevenção à doença e criar mecanismos de vigilância, dentre eles, a ampliação da capacidade dos detectores de metais instalados nas áreas de desembarque internacional dos aeroportos brasileiros, para que possam identificar também matéria orgânica, e a criação de centros de queima de restos de produtos orgânicos. Outras medidas também devem ser tomadas nos locais de criação de aves, sempre de acordo com o sistema de produção e com as normas sanitárias internacionais. Ariel Mendes, vice-presidente técnico da União Brasileira de Avicultura (UBA), lembrou na ocasião que o Ministério da Agricultura e o setor privado discutem há três anos o programa de contingência aviária. “Agora, vamos aprimorá-lo”. Uma das primeiras medidas será reforçar a vigilância na fronteira com a Colômbia, onde há um surto da doença. Até o final do ano, o ministério deverá implantar o programa de regionalização da avicultura no Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Minas Gerais, Goiás e Distrito Federal, declarando-os como livres de doenças aviárias. Curiosidades sobre o vírus H5N1: - o vírus da influenza é sensível ao calor (56ºC por 3 horas ou 60ºC por 30 minutos) e desinfetantes; - o vírus da influenza pode sobreviver, em temperaturas baixas, em esterco contaminado por pelo menos três meses; - na água, o vírus pode sobreviver por até quatro dias à temperatura de 22ºC e mais 30 dias a 0ºC; - para as formas do vírus influenza de alta patogenicidade (variante H5 e H7), estudos demonstraram que um único grama de esterco contaminado pode conter uma quantidade de vírus suficiente para infectar milhões de aves. Dúvidas O que é a gripe aviária? Causada pelo vírus H5N1 e com sintomas parecidos com os de qualquer outra gripe, porém mais fortes, essa doença era transmitida apenas entre aves. Desde 2003, há registros de transmissão das aves para humanos em países asiáticos. Essa nova gripe é transmitida entre humanos? Ainda não, mas os cientistas receiam que uma mutação no vírus H5N1 possa fazer com que a doença seja transmitida entre humanos. Como a pessoa é contaminada? A pessoa pode se infectar com o contato com as aves doentes (ou contaminadas) ou com suas fezes. O Brasil já registrou algum caso de gripe aviária? Não. A doença, até o momento, foi detectada na Ásia e Europa. O vírus de gripe aviária descoberto na Colômbia é o mesmo que provocou mortes na Ásia? Não. O vírus encontrado na Colômbia não é do tipo letal. As pessoas já devem começar a se prevenir para a chegada da doença tomando algum medicamento? Não. Embora já exista um medicamento eficaz no combate à doença, o Tamiflu, tomar remédios por conta própria não resolve o problema e pode até piorá-lo. Não se deve tomar medicamentos sem a orientação de um profissional de saúde. Caso a pessoa sinta algum sintoma estranho, deve procurar a unidade de saúde mais próxima. Pega-se a gripe comendo a carne ou os ovos do frango ou de alguma outra ave? Não. As altas temperaturas matam o vírus. Recomenda-se que não se coma carne crua e que os alimentos sejam cozidos, fritos ou assados. Existe vacina contra a gripe aviária? Não. A Organização Mundial da Saúde (OMS), em parceria com a Vigilância Global para Influenza, pesquisa uma vacina contra o vírus. O governo brasileiro já destinou R$ 3,1 milhões para que o Instituto Butantan possa produzir a vacina contra o H5N1. Serviço: Para mais informações, acessar os sites a seguir: Ministério da Saúde www.saúde.gov.br Secretária de Vigilância em Saúde www.saude.gov.br/svs Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento www.agricultura.gov.br Organização Mundial de Saúde www.who.int Organização Mundial de Saúde Animal www.oie.int Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação www.fao.org