ARGILA LAPONITA MODIFICADA COM GEL DE PENTÓXIDO DE VANÁDIO José B. Camargo Junior (IC) e Fauze J. Anaissi (PG) E-mail: [email protected] Laboratório de Materiais e Compostos Inorgânicos, LabMat, Dept° de Química, Universidade Estadual do Centro-Oeste, UNICENTRO, Cep 85040-080, Guarapuava, PR. Palavras-chave: Argila Laponita, Pentóxido de Vanádio, Caracterização Espectroscópica. Resumo: A idéia de interação de géis inorgânicos com argilas tem como objetivo gerar novos materiais híbridos coloidais que apresentem condutividade eletrônica e iônica, promovida por fios condutores formados pelos géis inorgânicos, que aderem fisicamente em superfícies metálicas formando filmes lamelares. Neste trabalho preparamos um material misto pela modificação da argila Laponita com pentóxido de vanádio coloidal. Introdução: Argila é uma rocha constituída essencialmente por um grupo de minerais que recebem o nome de argilominerais, que são silicatos de Al, Fe e Mg hidratados, com estruturas cristalinas em camadas (são filossilicatos), constituídas por folhas contínuas de tetraedros SiO4, ordenados de forma hexagonal, condensados com folhas octaédricas de hidróxidos de matais tri e divalentes; tanto as diferentes argilas como também cada uma das quatro de argilominerais tem nomes específicos.1 Os diferentes argilominerais são classificados com base nas semelhanças em composição química e na estrutura cristalina. As estruturas cristalinas são classificadas em 2 tipos: estrutura 1:1 e estrutura 2:1. nas estruturas 1:1, estão os grupos: da caulinita; das serpentinas; dos argilominerais ferríticos. Nas estruturas 2:1, estão os grupos: do talco-pirofilita; das micas; das esmectitas; das vermiculitas; das cloritas; da poligorsquita (atapulgita) – sepiolita. As quatros dezenas de argilominerais distribuem-se nesses grupos; apenas um pequeno número de argilominerais são componentes das Argilas Industriais: caulinita (caulim, “ball clay”; argila refratária; argila para construção civil); montmorilonita (bentonita, terra fuller); talco (talco); vermiculita (vermiculita) e amianto crisolita (amianto).1 Neste trabalho a argila utilizada foi a laponita, que é uma hectorita sintética exfoliável em meio aquoso, resultando em suspensões estáveis e xerogéis. A laponita + possui fórmula empírica: Na 0,7[(Si8Mg5,5Li0,3)O20(OH)4]. São essas características especiais e diferenciadas que fazem da laponita um novo “alvo” potencialmente interessante para aplicações na preparação da novos materiais sol-géis mistos derivados de argilas esmectitas ou hectoritas com géis inorgânicos, neste caso um gel inorgânico lamelar (pentóxido de vanádio). Os géis de pentóxido de vanádio podem ser sintetizados facilmente a partir de precursores inorgânicos e metal-orgânicos e permanecem estáveis por anos. Sua síntese é baseada na hidrólise e condensação dos seus precursores moleculares. Suspensões aquosas de pentóxido de vanádio são constituídas de partículas coloidais, que podem ser preparadas de diversas formas obtendo, essencialmente, o mesmo material: uma suspensão aquosa amarelada, que num prazo de dias se torna marrom-avermelhada, à medida que os monômeros do material vão se polimerizando e dando ao material a condição de gel.2 Os materiais sol-géis, possuem grande eficiência como modificadores de superfície, uma vez que podem ser facilmente manipulados e distribuídos para se obter camadas, filmes e coberturas em substratos dos mais diversos possíveis; como vidros, metais, polímeros, etc. O sol-gel quando seco forma um sólido lamelar com alta flexibilidade estrutural, que possibilita a obtenção de compostos de intercalação ou de inserção. A idéia de interação de géis inorgânicos com argilas tem como objetivo gerar novos materiais híbridos coloidais que apresentem condutividade eletrônica e iônica, promovida por fios condutores formados pelos géis inorgânicos, que aderem fisicamente em superfícies metálicas formando filmes lamelares. Desta maneira, podemos desenvolver interfaces eletroquímicas e gerar nanocompósitos com aplicações em reconhecimento molecular, sensores e eletrocatálise. Materiais e Métodos Síntese de Pentóxido de Vanádio Hidratado (V2O5.nH2O) No preparo da suspensão de (V2O5.nH2O) uma solução de metavanadado de amônio (0,1 mol dm-3) foi percolada em uma coluna com resina de troca iônica na forma ácida, resina DOWEX 50 W-X4, catiônica forte. A resina foi condicionada na forma ácida passando-se uma solução de ácido clorídrico (1,0 mol dm -3), sendo o excesso de ácido eliminado lavando-se a coluna com água desionizada. A solução de ácido polivanádico, alaranjado quando recém preparada, polimeriza-se por processo auto-catalítico gerando uma suspensão vermelho-escura, que atinge a condição de gel de V2O5.nH2O após uma semana de repouso à temperatura ambiente. Preparação dos Óxidos Mistos de Laponita Preparou-se uma solução de 2% de Laponita (m/V), que foi deixada sob agitação por uma semana para ocorrer uma total hidratação e dispersão das partículas. Da suspensão em repouso, foi retirado uma alíquota de 15 mL, as quais foram adicionadas lentamente e sob agitação constante, volumes da suspensão de V2O5.nH2O. Durante a agitação foi observado que a suspensão leitosa de laponita mudava de cor, inicialmente incolor até total adição do V2O5.nH2O, quando ficou amarelada, evidenciando a formação de um precipitado floculoso. A mistura foi cuidadosamente decantada para remover as partículas de laponita coloidais e o excesso de ácido polivanádico. A suspensão gelatinosa foi dispersa em água, a qual foi trocada varias vezes até se obter um sobrenadante limpo e incolor. O material foi colocado sobre placas de microscópio e deixado secar em dessecador com o propósito de realizar sua caracterização espectroscópica (UV-Vis e FTIR). Resultados e Discussão Os materiais preparados foram caracterizados com relação ao seu comportamento espectroscópico (UV-Vis e FTIR). Os espectros eletrônicos apresentam bandas características de transições do tipo d-d, metal-ligante e de intervalência. Essas bandas são devidas ao íon metálico, cuja valência varia de +5 a +3, e refletem na mudança de cor de vermelho-castanho para amarelo, passando pela coloração esverdeada. No material misto Lap-Vanádio esse comportamento é preservado e pode-se creditar ao íon vanádio(V) que é reduzido a vanádio(III). Na Figura 1 são apresentados os espectros vibracionais para o material misto Laponita/vanádio e para o gel de pentóxido de vanádio(V). Observa-se que, os modos devidos aos estiramentos e deformações da laponita são mantidos e os modos devidos a interação com o pentóxido de vanádio são melhor definidos indicando uma relação molecular bastante forte e cujas atribuições e identificações serão concluídas a tempo de realizar a apresentação deste trabalho. 100 90 Vanadio LapV % T 80 70 60 50 4000 3500 3000 2500 2000 1500 1000 500 -1 comprimento de onda / cm Figura 1: Espectros vibracionais do pentóxido de vanádio(V) e do material misto Laponita/vanádio. Conclusões: Há interação da suspensão de Laponita com o pentóxido de vanádio coloidal de cor esverdeada característica de vanádio(III). Essa alteração indica que a interação promove a redução do vanádio(V) e possibilita um estudo mais detalhado do comportamento eletroquímico do material misto formado. Agradecimentos: Os autores agradecem a Fundação Araucária, CNPq e Finep. Rerefências 1. Coelho, A.C.V.; Santos, P.S.; Santos, H.S.; Quim. Nova, Vol. 30, No. 1, 146-152, 2007. 2. Timm, R.A.; Nanocompósitos Híbridos Metal-Orgânicos Baseado em Pentóxido de Vanádio- S.P., Tese de Doutorado, IQ-USP, São Paulo, 2008.