1 A “FAFI” DE MARÍLIA/SP (1959-1976): UM ESTUDO DAS SUAS PUBLICAÇÕES CIENTÍFICAS E DE “PROMOÇÃO”. Rosane Michelli de Castro Faculdade de Filosofia e Ciências – UNESP/Campus de Marília Nesta comunicação, apresento os resultados parciais da pesquisa de doutoramento, em andamento desde 2001, cujo objetivo central é a reconstituição da história da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras (FAFI) de Marília/SP, entre 1959 e 1976, mediante um estudo das suas publicações, que podem ser classificadas em publicações científicas e as chamadas publicações “de promoção”. As chamadas publicações “de promoção” da FAFI de Marília/SP, como o próprio nome já diz, visavam a sua divulgação não apenas junto à comunidade mas também em todo o estado de São Paulo. Desde o início do meu trabalho de recuperação de material sobre a FAFI de Marília/SP, deparei-me com partícipes da trajetória dessa faculdade, nos quais pude observar uma manifesta preocupação em evidenciar os feitos da faculdade, durante os seus 17 anos de funcionamento; eram ex-docentes entusiasmados em oferecer informações a partir das quais acreditavam poder colaborar significativamente para que um trabalho histórico investigativo sobre a trajetória da faculdade fosse realizado, e que, ao seu final, fosse capaz de materializar discursivamente tudo o que ali puderam concretizar em termos de ensino, pesquisa e extensão de serviços à comunidade. Tal preocupação foi possível ainda verificar em publicação recente – datada de 2001 – mediante análise dos discursos ali contidos de alguns dos ex-docentes da faculdade. Refiro-me à coletânea de artigos, dos quais destaco o de Gasparoto, Zelante e Tanuri, produzidos por ocasião da realização, em 1999, do “III Simpósio de Filosofia e Ciências: paradigmas do conhecimento no final do milênio”, com o objetivo de comunicar (em mesa-redonda) algumas das contribuições da FAFI de Marília/SP “para a construção do conhecimento e da cidadania” e avaliar o papel dessa faculdade “na elaboração, divulgação do conhecimento e na transformação dos jovens preparando-os para uma profissão”. Particularmente Tanuri, (2001) afirmou que, nesse sentido, “ao lado da formação de profissionais, a pesquisa científica, as publicações especializadas, os encontros científicos foram alvos insistentemente buscados” (p. 223) na FAFI de Marília/SP e, então, sugeriu um estudo sobre essa faculdade, por área, assim como dos demais institutos isolados de ensino superior paulista, criados a partir da mesma política de extensão do ensino 2 superior ao interior do estado, não somente mediante as entrevistas dos seus partícipes, como também por meio de uma análise do conteúdo das suas revistas e demais publicações. Assim, despertava-se em mim o interesse em desenvolver um trabalho histórico investigativo sobre a FAFI de Marília/SP, mediante estudo dos discursos dos seus ex-docentes contidos nas publicações da faculdade, sobre o que ali desenvolveram, e o que teria significado para eles todo o percurso acadêmico no interior da faculdade, por meio do qual buscaram produzir conhecimento científico. Foi, entretanto, em decorrência do material documental sobre a FAFI de Marília/SP, abaixo descrito, que pude recuperar e reunir junto aos arquivos citados, que finalmente me decidi por realizar um trabalho investigativo sobre essa faculdade mediante as suas publicações: 1. Anais da FFCL de Marília - Vol. I. - (1959-1962); 2. Anais do 1º Simpósio de Professores de História do Ensino Superior em 1961, - de 15 a 20 de outubro de 1961; 3. revistas departamentais: Didática – curso de Pedagogia; Alfa – curso de Letras; Estudos Históricos, curso de História, além das revistas: Cultura Brasileira, Científica e Dialética; 4. a coleção composta por 8 teses, defendidas pelos docentes da FAFI de Marília/SP e publicadas durante o período dessa faculdade; 5. 8 boletins das cadeiras dos cursos; 6. a coleção Estudos, com quinze títulos, também das várias cadeiras dos cursos; 7. e, as chamadas publicações “de promoção” da faculdade: Manual do aluno (1970), Guia da Faculdade de Filosofia Ciências e Letras de Marília (1962), Informações aos concorrentes aos cursos de Ciências [197?]. Tal material vasto e variado quanto à natureza, ao conteúdo e data de produção e/ou publicação evidenciou-me a ocorrência na FAFI de Marília/SP sobretudo de uma produção científica que me colocou diante da urgência de verificar a validade ou não das críticas contrárias a interiorização do ensino superior pelo estado de São Paulo, mediante a criação de Faculdades de Filosofia, Ciências e Letras, institutos isolados de ensino superior do sistema estadual de ensino público, dentre elas faculdade em referência, sobretudo a partir da década de 1950. 3 Conforme informações dos memorialistas locais, Póvoas (1947) e Furtado (1969), até mesmo as primeiras discussões para a criação de uma Faculdade de Filosofia na cidade de Marília/SP, como também em outras cidades do interior paulista, não foram vistas com bons olhos por aqueles que advogavam pela manutenção da Universidade de São Paulo e de sua Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras como centro de formação e renovação das elites dirigentes paulistas. Essa idéia foi defendida sobretudo pelos membros do Conselho Universitário da Universidade de São Paulo – USP e por colaboradores do jornal O Estado de S. Paulo. A alternativa para a “interiorização” do ensino superior no estado de São Paulo foi, então, a criação de institutos isolados, autônomos em relação à USP. Pode-se dizer que a cidade de Marília/SP, ao aproximar-se da década de 1950, em processo de crescimento socioeconômico, assim como outras cidades do interior paulistas, passava por mais um movimento “desbravador”; na expressão de Furtado (1969), era o que se poderia chamar de “bandeirismo cultural”. Assim, em 1957 foi criada a FAFI de Marília/SP, iniciando o seu funcionamento em outubro de 1958. Conforme as informações colhidas a partir dos jornais de época, locais1, documentos oficiais e depoimentos obtidos mediante entrevistas e textos produzidos por exdocentes e ex-discentes dessa faculdade, políticos e intelectuais, as expectativas em relação a essa faculdade eram as mais diversas. Relativamente às expectativas dos estudantes marilienses, criação da FAFI de Marília/SP as teria traduzido na medida em que passaria a oferecer formação aos seus professores secundários, muitos deles já exercendo o magistério sem a qualificação necessária, devido às dificuldades de se dirigirem a São Paulo, ou a qualquer outro centro universitário. A idéia de progresso constituiu-se numa das principais motivações da chamada “intelectualidade da terra”, que aspiravam por um desenvolvimento cultural da cidade, mediante sua emancipação intelectual. Tratava-se, conforme Cunha (1983), de um momento de modernização do país que demandava profissionais de nível superior com formação “renovada”, em um ensino superior remodelado, para atenderem às exigências da política desenvolvimentista da década de 1950. Assim, na FAFI de Marília/SP e nos demais institutos isolados de ensino superior do Estado de São Paulo, a idéia era a de “renovar” a estrutura e o ensino superior então 1 Ver artigos: FRANCESCHINI, L. Atividades culturais na Marililândia. Correio de Marília, 1950 - Edição de Natal. e SERVA, M. P. Marília, escola de progresso. Correio de Marília, 1948. 4 vigente na universidade brasileira, cujo modelo era a da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da USP, criada num contexto marcado por outras urgências, num momento de crise das oligarquias paulistas e com uma missão definida, de caráter eminentemente político, voltado à renovação e formação das elites culturais e políticas por meio dos estudos de cultura livre e desinteressada. À FAFI de Marília/SP coube a importante missão de formar professores altamente qualificados para o ensino secundário; professores que não negligenciariam as tarefas de liderança social, adquirida ou aprimorada mediante a dedicação ao estudo e à pesquisa. Além da ânsia pelo “novo” evidenciada sobretudo nos depoimentos de ex-docentes da FAFI de Marília/SP, a hipótese que se tem é a de que, durante toda a trajetória dessa faculdade, o sentimento de responsabilidade dos seus professores de “fazer vingar”, numa cidade do interior paulista, uma faculdade de Filosofia, Ciências e Letras “em alto nível e em linha renovadora”, teria gerado a preocupação de viabilizar publicações para divulgar as realizações produzidas numa faculdade interiorana no âmbito do ensino, pesquisa e extensão – vinculando-as às necessidades locais e regionais, e, ainda, no sentido de combaterem as críticas contrárias à interiorização do ensino superior no estado de São Paulo. Daí, o objeto dessa investigação de fundo histórico ser o conjunto dos discursos dos docentes contidos nas publicações dessa faculdade sobre as suas atividades de ensino, pesquisa e extensão de serviços à comunidade. O conjunto de publicações científicas e das chamadas publicações “de promoção” da FAFI de Marília/SP, corpus documental da presente pesquisa, foi recuperado junto ao Arquivo da Câmara Municipal de Marília/SP, ao Centro de Documentação Histórica e Universitária de Marília (CEDHUM), ao Centro de Referência para Pesquisa História em Educação-FFCUNESP/Marília, ao Serviço de Biblioteca e Documentação da Faculdade de Filosofia e Ciências – UNESP/Campus de Marília, e aos acervos de particulares. A tomada do referido corpus documental para a realização desta pesquisa teve origem a partir da noção de documento como produto do ato interpretativo de um determinado grupo de indivíduos que viveram relações de dominação e de subordinação em busca da hegemonia intelectual e administrativa em determinado campo. No caso das publicações da FAFI de Marília/SP, como produtos do ato interpretativo dos seus docentes que, durante a trajetória dessa faculdade, eram impulsionados a buscarem o reconhecimento em seu próprio campo, num 5 contexto de contestações à política do governo do estado de São Paulo de criação, durante a década de 1950 e 1960, dos institutos isolados de ensino superior público pelo interior paulista. A voz a esse grupo de indivíduos será dada mediante um trabalho de análise da configuração textual das publicações da faculdade. Desse ponto de vista, pretendo interrogar os documentos do corpus privilegiado, conforme sugere Mortatti (1999, p. 6), a fim de responder às questões sobre: o sentido da trajetória da FAFI de Marília/SP configurada nos discursos materializados nesses documentos, publicações da faculdade, produzidos pelos seus docentes; a apropriação desses discursos por seus contemporâneos e seus pósteros; e, a razão pela qual tais discursos que, [à época], lograram permanência apresentam, de uma sucessão de acontecimentos, uma determinada versão e por que foram essas as versões preservadas no tempo e legadas aos pósteros como documentos/monumentos... São ainda objetivos dessa investigação: • Mapear o material documental sobre a FAFI de Marília/SP, recuperado e reunido dos arquivos consultados; • Produzir um segundo material, sistematizado e de referência especificamente sobre as publicações da FAFI de Marília/SP; • Mapear a produção científica dessa faculdade; • Recuperar informações para o conhecimento da história do ensino superior na cidade de Marília; • Recuperar fontes para futuras pesquisas sobre os institutos isolados de ensino superior público paulista; • Contribuir com os estudos sobre o processo de interiorização do ensino superior no estado de São Paulo; • Contribuir com os estudos sobre o ensino superior no Brasil. Pela a hipótese que se tem, como já dito, de que, durante toda a trajetória dessa faculdade, o sentimento de responsabilidade dos seus docentes de “fazer vingar”, numa cidade do interior paulista, uma faculdade de Filosofia, Ciências e Letras “em alto nível e em linha renovadora”, teria gerado a preocupação de viabilizar publicações para divulgar as realizações produzidas nessa faculdade e assim responder às críticas contrárias ao seu funcionamento, delimitei-o 6 utilizando como marco inicial os debates políticos sobre a criação de universidades e de faculdades no interior paulista, que tiveram origem com a promulgação da Constituição paulista de 1947, pois compartilho da idéia de Corrêa (1995) de que tanto a criação das universidades públicas quanto das escolas superiores no interior do estado, tiveram “uma conotação política” o que teria despertado “apoios, contestações, ou mesmo condenações”, advindas com a descrença existente quanto às possibilidades de produção universitária no interior, no nível desejado, aliado ao argumento da necessidade de, antes de se criar faculdades pelo interior, investir recursos na construção da “Cidade Universitária”, na capital paulista. Aos olhos do pessoal da USP, havia apenas um ponto positivo quanto à criação de faculdades pelo interior: resolver o problema de escassez do número de suas vagas. Foi, segundo Corrêa (1998), que, com a promulgação da Constituição Paulista de 1947, as discussões em torno da expansão do ensino público superior no estado de São Paulo, mediante a criação de institutos isolados pelo interior paulista, começaram a ganhar corpo, juntamente com as discussões sobre o papel do Estado nesse processo. A retomada do crescimento econômico do Estado tinha uma contrapartida na expansão cultural. Eram idéias que começavam a ser discutidas em grupos de trabalho que preparavam a candidatura de Carvalho Pinto para governador do Estado. O acesso aos bens culturais não poderia ficar restrito aos grandes centros. Essa idéia tinha como principal agente mobilizador a escola de nível superior. Supunha-se que a criação de faculdades, em determinadas cidades do interior, poderia provocar mudanças, com finalidade de permitir um acesso mais democrático ao conhecimento; seria também uma maneira de se pensar numa transformação cultural de profundidade. (CORRÊA, 1998, p. 145-6) Relativamente à FAFI de Marília/SP, atribuo aos tais “apoios, contestações, ou mesmo condenações”, elementos geradores da e gerados pela sua dinâmica interna, a preocupação dos seus docentes com a produção de conhecimento e com a publicação dessa produção. Como marco final dessa investigação, a minha opção foi por tomar o ano de 1978, quando ocorreram as últimas impressões de revistas departamentais, referentes à produção científica do ano de 1976 – número 13 da Revista Didática e número 22 da Revista Alfa –, quando ainda a FAFI de Marília/SP mantinha-se como instituto isolado. A partir de 1976, essa faculdade, assim como outros institutos isolados de ensino superior do interior paulista, foi incorporada à Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”. Como conclusões parciais tem-se que, mediante os discursos dos docentes da FAFI de Marília/SP, contidos nas publicações que pude recuperar, reunir, analisar e interpretar até então, a 7 saber: ANAIS da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Marília, (1959-1962), e os números iniciais das Revistas ALFA – do Curso de Letras Anglo-Germânicas – e DIDÁTICA – do Curso de Pedagogia, observa-se a presença de uma grande quantidade de discursos onde é possível evidenciar a preocupação dos docentes em afirmar que as ações no âmbito do ensino, pesquisa e extensão estavam sendo concretizadas em linha “renovadora”. Diante da minha proposta de realizar este trabalho de investigação sobre um instituto isolado de ensino superior do estado de São Paulo, a Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras (FAFI) de Marília (1959-1976), a presença de um conjunto de estudos e pesquisas sobre outros institutos isolados de ensino superior, criados, ou então incorporados ao sistema estadual de ensino público paulista, nesse mesmo período, mais precisamente entre 1951 e 1964, puseram-me diante da urgência de um balanço dessa produção acadêmica, no âmbito da qual situo a minha pesquisa e reafirmo a sua relevância. Do conjunto dos institutos isolados de ensino superior do estado de São Paulo, constituído por 16 faculdades nas diversas áreas do conhecimento – Faculdade de Farmácia e Odontologia de Araraquara, Faculdade de Farmácia e Odontologia de São José dos Campos e de Araçatuba, Faculdade de Odontologia de Piracicaba, Faculdade de Ciências Médicas e Biológicas de Botucatu, Faculdade de Engenharia de Guaratinguetá, Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária de Jaboticabal, Faculdade de Música Maestro Julião, e as Faculdades de Filosofia, Ciências e Letras de Araraquara, Assis, Franca, Marília, Presidente Prudente, Rio Claro, Ribeirão Preto e São José do Rio Preto, foram contempladas em estudos e pesquisas acadêmicas que pude encontrar e aqui reunir para um balanço, conforme uma seqüência cronológica: a Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras (FAFI) de Marília, por Furtado (1969); a Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de São José do Rio Preto, por Attab (1973); a Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias de Jaboticabal, por Beduschi (1986); a Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Rio Claro, por Buschinelli (1988); a Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Presidente Prudente, por Abreu (1989); novamente a Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de São José do Rio Preto, por Oliveira (1989); a Faculdade de Ciências Médicas e Biológicas de Botucatu, por Bretan (1995); Araraquara, as seis faculdades de filosofia, ciências e letras (FFCL) – Assis, Marília, Presidente Prudente, Rio Claro e São José do Rio Preto, por Vaidergorn (1995); a Faculdade de Farmácia e Odontologia de Araraquara, por Corrêa (1998); novamente, a Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras (FAFI) de Marília, por Tanuri (2001). 8 Os resultados desses estudos e pesquisas encontram-se materializados mediante textos monográficos, de dissertações e teses, alguns dos quais se encontram publicados no formato de livros, folheto ou artigos. A realização de sínteses desses estudos evidenciaram, assim como afirmou Tanuri (2001, p. 219), que os institutos isolados de ensino superior refletiram, durante a sua trajetória, “a problemática, as aspirações e as contradições” (TANURI, 2001, p. 219) do contexto em que foram criados, marcado pelas ações de uma política desenvolvimentista em prol de uma modernização da educação, sobretudo do nível superior de ensino de maneira a articula-lo com a ações de ordem econômica. Em decorrência das tentativas de promoção de tal articulação, que me pareceu capaz de caracterizar o processo de interiorização do ensino superior no estado de São Paulo, ocorrido mediante a criação de institutos isolados, como resultante mais das “trocas políticas” e menos das urgências propriamente educacionais também como afirmou Tanuri (2000, p. 219), teriam surgido muitas das críticas, algumas iniciadas antes mesmo da criação de alguns desses institutos, que colocaram em dúvida a capacidade de eles constituírem-se em faculdades, “de alto nível e em linha renovadora” (ANAIS DA FACULDADE DE FILOSOFIA, CIÊNCIAS E LETRAS DE MARÍLIA, 1969, p. 9), idéia essa a partir da qual teriam sido concebidos. Diante desse “clima” de desconfiança, os docentes da trajetória de cada um dos institutos isolados de ensino superior, ao menos dos institutos contemplados nos estudos e pesquisas por mim sintetizados, dentre eles os pesquisadores aqui referenciados, mostraram-se sensíveis quanto a essas críticas, caso contrário não teriam realizado suas pesquisas evidenciando, com a exceção de Attab (1973), o quanto foram despendidos esforços para superar o desafio que se autoimpuseram, de provar a legitimidade da extensão do ensino universitário ao interior, estimulados que estavam pela crença de êxito desse empreendimento. A propósito, Tanuri (2001) afirmou, como já foi dito, que “ao lado da formação de profissionais, a pesquisa científica, as publicações especializadas, os encontros científicos foram alvos insistentemente buscados” (p. 223) e, na sua opinião, para se saber se houve inovação ou não, “não apenas no projeto pedagógico mas no itinerário de pesquisa de cada área, apenas um estudo por área poderá revelar” (p. 223), não somente mediante as entrevistas dos partícipes da trajetória da faculdade, como também por meio de uma análise do conteúdo das revistas e demais publicações dos institutos isolados de ensino superior do estado de São Paulo. 9 E, é um trabalho histórico investigativo sobre a FAFI de Marília/SP (1959-1976), mediante as suas publicações que pretendo realizar. Considerando o conjunto de estudos e pesquisas que pude sintetizar, acredito, ainda, que no presente trabalho investigativo há uma tomada de postura diferente, tanto em termos metodológicos quanto em termos de objeto de pesquisa, com a qual pretendo ainda, incentivar o redirecionamento de novas pesquisas, sobretudo as de fundo histórico, não apenas relativas aos institutos isolados de ensino superior, como também sobre as instituições educacionais em geral, nos seus vários níveis. Referências Bibliográficas Livros CORRÊA, A. M. M. Para preparar a mocidade...fragmentos de memórias na história da Faculdade de Farmácia e Odontológica de Araraquara: 1923-1976. São Paulo: Fundação Editora da UNESP, 1998 . CUNHA, L. A. A universidade crítica. O ensino superior na República Populista. Rio de Janeiro: Livraria Francisco Alves Editora, 1983. LARA, P. Marília, sua terra, sua gente. Marília/ SP [s.e.] 1991. PÓVOAS, G. Serviço de estatística da Prefeitura de Marília. Marília/ SP: [s.ed.], 1947. 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