a utilização do voki como ferramenta pedagógica para o

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A UTILIZAÇÃO DO VOKI COMO FERRAMENTA PEDAGÓGICA
PARA O DESENVOLVIMENTO DA LEITURA E ESCRITA
Aylla Monise Ferreira da Silva1 - UFRGS
Anne Lorena Ferreira da Silva2 - UNIFAP
Grupo de Trabalho – Diversidade e Inclusão
Agência Financiadora: não contou com financiamento
Resumo
As novas tecnologias de informação e comunicação estão cada vez mais presentes no dia-adia da sociedade contemporânea, e a escola não pode mais evitar sua presença. O objetivo
deste artigo está em apresentar a importância das tecnologias da Informação e comunicação
como ferramenta educacional no cotidiano escolar e a possibilidade de utilização da
ferramenta da construção de avatares – Voki – como dispositivo de estímulo à leitura e à
escrita; buscamos estimular alunos com e sem deficiência do âmbito da escrita e da leitura.
Por meio dessa interface tecnológica, apontamos para um dispositivo que pode facilitar e
motivar estudantes em processo de alfabetização na conquista de uma maior autonomia e
autorregulação das suas aprendizagens. A criação de avatares permitiu praticar a oralidade, ao
ouvir e autocorrigir a sua pronúncia, incentivou alunos com deficiências a participar e realizar
todas as atividades propostas e por meio do projeto de construção de textos jornalísticos
mostraram que o acesso às tecnologias digitais e a sua riqueza de possibilidades podem
proporcionar aos alunos, em especial as crianças com deficiência, condições igualitárias no
que diz respeito à apreensão do conhecimento. Esta ferramenta pedagógica passou a operar
como uma nova forma de registo e de avaliação dos dados sobre a evolução de cada aluno no
que diz respeito ao desenvolvimento oral e de escrita. O professor passou a criar um
“Vokifólio digital”, no qual foi configurando o registo cronológico da evolução do estudante,
permitindo uma reflexão mais individualizada e aprofundada acerca da evolução de
compreensão e produção oral e escrita de todos os alunos.
Palavras-chave: Tecnologia Assistiva. Escrita. Leitura. Avatar.
Introdução
O quadro-de-giz era o recurso didático mais utilizado pelo professor até pouco tempo
1
Especialista em Educação Especial e em Psicopedagogia Clínica e Institucional pela UNINTER. Professora de
Educação Especial da Rede Estadual de Ensino do Estado do Amapá. Professora e Pesquisadora Institucional da
Faculdade Estácio de Macapá. E-mail: [email protected].
2
Acadêmica do Curso de Licenciatura em Educação Física – Universidade Federal do Amapá – UNIFAP. Email: [email protected]
ISSN 2176-1396
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para desenvolver o seu trabalho diário de docência. Entretanto, a utilização de computadores
já era uma realidade como auxiliar do processo de aprendizagem, porém, ainda um recurso
educacional que parecia estar muito longe de muitas das escolas espalhadas ao longo do
território continental brasileiro.
Com o barateamento da tecnologia e a ampliação de espaço de formação de
educadores para a conquista da fluência digital, o quadro-de-giz começou efetivamente a
ceder espaço para computacionais. Na perspectiva de um mundo globalizado, a escola
também conecta-se ao digital. Esse novo adjetivo conquistado pela escola passou a exigir do
professor um investimento permanente na construção e reconstrução de seus conhecimentos
pedagógicos e tecnológicos. Educadores procuravam criar uma reflexão do impacto que essas
inovações poderiam causar nas instituições de ensino, levando em consideração as condições
de trabalho que lhe são oferecidas. (SANTOS, 2003, p. 27).
Atualmente, o uso de computadores no processo pedagógico já é realidade e uma
conquista da Educação. Sua utilização não se limita mais a algumas poucas escolas
privilegiadas, pois pode ser encontrado tanto em escolas particulares como nas escolas das
redes públicas de ensino.
As tecnologias utilizadas pela humanidade sempre tiveram um papel fundamental na
organização das sociedades humanas. A escrita, o desenho, os imagens, são tecnologias que
modificaram e contribuíram para sua evolução.
As novas tecnologias da informação resultam da integração de possibilidades técnicas
que já experimentamos e que, permeiam a ressignificação de práticas já superadas, bem como
o incremento da rapidez no processo de informações, a codificação e a transmissão da
informação, graças à digitalização, ao cabo óptico e aos satélites (COLL, et al, 1996).
Portanto torna-se imprescindível que os indivíduos aprendam a ter acesso a
informação e que aprendam também a manejar, analisar, criticar, verificar e transformar em
conhecimentos enriquecedores para sua vida.
Segundo Bahia (2004, p.112):
a comunidade escolar precisa estar conectada a uma rede global, para que os
educadores utilizem dentro de suas salas de aula, os recursos disponíveis para
realizar os programas institucionais e atingir metas educativas específicas. Existe
uma grande quantidade e variedade de informações disponíveis na internet, sob
diferentes formas: textos, vídeos, arquivos de som, documentos multimídia e
programas.
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O docente se encontra diante deste grande desafio, pois além de ter que se atualizar
constantemente para acompanhar a revolução tecnológica, precisa estar atento aos recursos
que lhe são oferecidos e também se preocupar como o aluno irá receber esse novo
aprendizado, pois não basta a “alfabetização digital’’, mas é necessário criar condições para
desenvolver no educando uma autonomia intelectual que lhes permita selecionar e escolher o
que o mundo tecnológico pode lhes oferecer de melhor.
As possibilidades que a internet trouxe para a sala de aula são cada vez maiores.
Aplicativos, redes sociais e outras ferramentas levam ao ambiente maior interação entre os
alunos e o professor, maior acesso à informação e inúmeras formas de trabalhar em prol do
aprendizado.
Nessa perspectiva, uma das ferramentas que destacamos foi Voki, um aplicativo para
criar que avatares exclusivos, que permite que cada um coloque sua própria voz e
compartilhe em diversos ambientes (FEREIRA; BASTOS, 2006). Esse aplicativo on-line
promove a instituição de metodologias de ensino/aprendizagem diferenciadas em sala de aula
e proporciona ao aluno a construção de conhecimento, afirmando processos de autonomia na
aprendizagem, em especial para estudantes da Educação Básica. Interfaces tecnológicas com a
disponibilizada pelo Voki possibilitam que o aluno possa conquistar um recurso para mediar
seu processo de aprendizagem: por meio de seu registro digital, pode mapiar o progresso na
sua aprendizagem, munindo-se progressivamente de instrumentos de autoavaliação e
correção.
O Voki é uma ferramenta on-line que, integrada com outras num contexto de trabalho
coletivo, pode ser um instrumento motivador para a comunicação e para o desenvolvimento
do discurso oral e da estruturação do pensamento nos alunos com necessidades especiais.
Diante disso, foi realizada uma ação pedagógica com o intuito de desenvolver as habilidades
de leitura e escrita dos alunos do 4° ano que estavam trabalhando com textos jornalísticos,
especialmente para um estudante com paralisia cerebral e que possui fala disártrica, na
maioria das vezes é ininteligível, porém seu raciocínio é bem desenvolvido e tem facilidade
em manusear o computador.
Dentro desse contexto, foi proposto a utilização do recurso VOKI para auxiliar no
desenvolvimento da leitura e escrita dos alunos, pois ao criar e dar voz ao seu avatar foi
possível mostrar habilidades que às vezes estão escondidas por causa de timidez, medo de não
superar as expectativas do professor e dos colegas de classe e pela dificuldade de se expressar
oralmente.
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A partir dos resultados obtidos com o uso desse recurso da Web 2.0, afirmamos que
educadores devem trabalhar com estudantes não só para ajudá-los a desenvolverem
habilidades, procedimentos, estratégias para coletar e selecionar informações, mas, sobretudo,
para ajudá-los a desenvolverem conceitos. Conceitos estes que serão a base para a construção
de seu conhecimento. Como diz Gadotti (2002, p.32), “o professor deixará de ser um
lecionador para ser um organizador do conhecimento e da aprendizagem [...] um mediador do
conhecimento, um aprendiz permanente, um construtor de sentidos, um cooperador, e,
sobretudo, um organizador de aprendizagem.”
Os docentes precisam se adequar a esse novo processo de ensino - aprendizagem, no
qual os meios eletrônicos de comunicação são bases para a troca de ideias e de conhecimento.
A utilização pedagógica dessas ferramentas passou a ser um desafio que professores e escolas
devem enfrentar perspectiva socializadora da informação.
Objetivos
A proposta pedagógica de exploração da ferramenta Voki foi desenhada pelo fato de
ela permitir manusear as tecnologias relacionadas à Web 2.0 e por desenvolver as habilidades
de leitura e escrita dos alunos do 4° ano, quando da construção de textos jornalísticos. Neste
sentido, esta ação pedagógica assumiu como objetivos identificar os principais gêneros que
aparecem nos jornais, de editorial, das notícias e reportagens, conhecer a organização de
alguns jornais, destacar as diferentes vozes numa reportagem e propiciar o exercício da
autoria.
Para isso, foram desenvolvidas várias propostas de intervenção com a mediação da
ferramenta Voki a fim de os alunos exercitarem a escrita e a leitura, facilitando e estimulandoos para a construção de uma maior autonomia e autorregulação das suas aprendizagens.
Método e materiais
Os materiais utilizados foram, especialmente, os recursos da sala de informática;
internet; Data show e ferramenta Voki, além de textos jornalísticos com assuntos de
preferência da escola e da comunidade para a construção do caderno de produção com a
elaboração da notícia.
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Desenvolvimento da atividade:
O jornal é um portador de diferentes gêneros: textos opinativos (editorial, cartas dos
leitores, críticas), notícias, reportagens, dicas culturais, classificados etc., distribuídos em
distintos cadernos. Hoje, os alunos têm acesso a essa linguagem por diferentes formas, entre
elas, por meio dos telejornais. O trabalho com a leitura desses textos teve como objetivo
conhecer essas linguagens para ter uma visão mais crítica do mundo.
O texto de reportagem foi feito com base em pesquisas, entrevistas, levantamento de
dados e citações, entre outros recursos. Apresentamos diferentes vozes sobre o mesmo
assunto e debatemos sobre a linguagem de um texto jornalístico: objetiva, clara e baseada na
variedade padrão da língua. Na reportagem, apontamos para os alunos a necessidade de
utilizarem termos que não dessem margem a diferentes interpretações. As citações entram
entre aspas e as fontes são sempre identificadas. Os assuntos das reportagens foram variadas,
mas sempre os que despertam interesse do leitor.
1ª Etapa:
O objetivo desta atividade é identificar o conhecimento que os alunos têm sobre a
organização dos jornais. Para a sua concretização, foi apresentada a seguinte situação: uma
pessoa precisa encontrar no jornal uma informação sobre um acidente de carro. Onde deve
procurar? As opiniões dos alunos foram registradas. A equipe de mediação da proposta trouxe
para sala de aula diferentes jornais e entregou para cada grupo um exemplar. A primeira
tarefa é fazer uma lista dos cadernos do jornal recebido. No fim da atividade, as equipes
foram chamadas para colocar no quadro a lista dos cadernos encontrados e o tipo de
reportagem escolhida. Após, foi solicitado que os estudantes registrassem as informações
numa tabela com as seguintes colunas: nome do jornal, cadernos encontrados e tipo de
assunto. Como lição de casa, os estudantes deveriam escolher alguns assuntos e apontar em
que caderno do jornal deveriam ser inseridos. Exemplos: eleições para a prefeitura, aumento
do dólar, time que venceu o jogo final do campeonato e filmes que estrearam no cinema no
fim de semana.
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2ª Etapa:
Foi apresentado para cada equipe uma reportagem xerocopiada. As equipes deveriam
identificar de qual caderno essa reportagem provavelmente teria sido retirada. Foram
utilizados jornais que circulam na cidade. As hipóteses dos alunos foram registradas no
quadro-de-giz. Para cada reportagem entregue, as equipes deveriam identificar em seu
cabeçalho, o nome do caderno e a data. Em seguida, foi solicitado que eles identifiquem os
títulos, os subtítulos e as imagens. A equipe deveria também apontar o assunto de que a
matéria tratava. Todas as respostas AM foram registradas no quadro. Posterior a essa última
ação, equipe realizou a leitura da reportagem, registrando as diferentes opiniões que
apareciam no texto. Foi solicitada também a identificação do nome da jornalista responsável.
Na continuidade, os estudantes deveriam grifar as vozes no texto e as informações mais
relevantes. Terminada a leitura, foi solicitada a verificação da comprovação das hipóteses
levantadas antes da leitura, apontando quais se confirmaram. Após essa discussão, os alunos
registraram num caderno o que foi aprendido com a leitura. Como lição de casa foi solicitado
que a turma trouxe-se outras reportagens.
3ª Etapa:
Após trabalhar em sala de aula os textos jornalísticos de várias maneiras, os alunos
foram levados à sala de informática para criar o seu avatar, utilizando a ferramenta Voki.
Nessa sala, foi realizada a produção de texto usando o Voki. No caderno de produção de
textos, reescrever o texto do Voki transformando em notícia. Os alunos inseriram o texto
escrito, escolheram a voz e postaram no blog da turma. Ilustramos com o avatar construído
pelo aluno especial (Figura I).
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Figura 1 - Avatar construído pelo aluno com necessidades especiais.
Fonte: Software Voki (2013)
Resultados
A produção de avatares como ferramenta Voki permitiu aos alunos praticar a oralidade
e a escrita, possibilitando e autocorrigir a sua pronúncia. Podemos ainda dizer que, esta
ferramenta incentivou e estimulou o aluno com deficiência a participar e realizar todas as
atividades propostas. O recurso foi muito interessante para o desenvolvimento da linguagem
porque, quando a palavra estava escrita errada, o avatar falava errado e isso permitia ao aluno
o exercício da reescrita.
Além disso, os avatares representam uma nova forma de registo e de avaliação dos
dados sobre a evolução de cada aluno no que diz respeito ao desenvolvimento oral e de
escrita. O professor pode criar um “Vokifólio digital”, no qual faz um mapa cronológico, de
cada estudante, permitindo uma reflexão mais individualizada e aprofundada acerca da
evolução de compreensão e produção oral e escrita de todos os alunos.
Conclusões
Não se pode negar que as tecnologias da informação são protagonistas da nova
sociedade da informação e do conhecimento. A capacidade de armazenamento, o
processamento e a transmissão permitem uma circulação inimaginável de informações. Essa
constatação reafirma a necessidade de as tecnologias estarem integradas aos processos de
formação continuada de professores, multiplicando informações e acenando para novos rumos
no cenário socioeducativo.
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O processo de construção e os resultados obtidos com a estratégia pedagógica que
aliou a criação de avatares a um projeto de construção de textos jornalísticos mostraram que o
acesso às tecnologias digitais e a sua riqueza de possibilidades podem proporcionar aos
alunos, em especial as crianças com deficiência, condições igualitárias no que diz respeito à
apreensão do conhecimento.
A partir desse contexto, percebeu-se que, cabe ao professor compromisso de refletir de
forma críticas sobre as questões tecnologias digitais, sem perder de vista o fato de que sua
aplicabilidade no âmbito educacional, ao mesmo tempo em que constitui um parâmetro de
modernidade do processo educacional, ao mesmo tempo que constitui um parâmetro de
modernidade no processo pedagógico, imprime um valor maior, que se define pela
possibilidade da escola efetivar uma educação que beneficie a igualdade de condições para o
acesso ao conhecimento.
REFERÊNCIAS
BAHIA, Secretaria de Educação do Estado. Instituto Anísio Teixeira – Núcleo de Educação
e Tecnologia Educacional. Salvador 2004. <http://www.sec.ba.gov.br/iat/> Acesso em 05 abr.
2010.
COLL, César et al. Psicologia da Educação Escolar. Porto Alegre Ed. Artes Médicas. 1996.
FERREIRA, S.; BASTOS; R. Web 2.0 recursos tecnológicos e formação. 2006. Disponível
em: <http://www.slideshare.net/susana12345/web-20-recursos-tecnolgicos-eformao-susanaferreira-20061566raquelbastos-2006289>. Acesso em: 27 fev. 2014.
GADOTTI, Moacir. A boniteza de um sonho: Aprender e Ensinar com Sentido. Ano III, n.
17, p. 32, 2002.
SANTOS, Maria Lúcia. Do giz a era digital, São Paulo Ed. Zouk, p. 27, 2003.
VOKI. Version 2013 Oddcast Inc. Disponível
em:<http://www.voki.com/php/viewmessage/?chsm=21ce5e6c548116c299d07dd110682bb4
&mId=2146867> Acesso em: 17 out. 2013.
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