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I - Macroeconomia e Contabilidade Social
1. Introdução: A Economia como a Ciência da Escassez
Um dos princípios fundamentais da Economia é a chamada “lei da escassez”,
segundo a qual as necessidades humanas são ilimitadas, enquanto que os recursos
necessários à produção dos bens capazes de satisfazer a essas necessidades são
escassos, ou seja, existem em quantidades limitadas.
As necessidades humanas variam desde as mais elementares, tais como alimentação,
segurança, moradia, etc, até as mais sofisticadas, tais como a cultura e o lazer. As
necessidades humanas são consideradas ilimitadas, basicamente, por dois motivos:
a)
Porque se renovam dia a dia, exigindo contínuo suprimento de bens para
atendê-las (por exemplo, alimentação, vestuário, transporte, etc);
b)
Porque tendem a seguir uma escala de sofisticação: a cada dia surgem
novos desejos e novas necessidades, motivadas pelas perspectivas de aumento do
padrão de vida da sociedade (por exemplo, cultura, lazer, moda, etc).
Para atender à imensa gama de desejos humanos, é preciso que sejam produzidos
certos bens. Entende-se o conceito de bem como sendo tudo aquilo capaz de
atender a uma necessidade humana. Os bens podem ser materiais (quando é
possível atribuir-lhes características físicas, tais como tamanho, forma e cor) e
imateriais (os chamados bens intangíveis como, por exemplo, os diversos tipos de
serviços).
A produção dos bens, por sua vez, exige o uso de certo conjunto de recursos,
também chamados fatores de produção, que podem ser classificados em três
grandes grupos:
a)
O fator de produção “Terra”, incluindo o solo e os diversos recursos naturais:
minérios, florestas, recursos hídricos, etc);
b)
O fator de produção “Trabalho”, representado pela força de trabalho
humano, seja ele físico ou intelectual;
c)
O fator de produção “Capital”, que corresponde às máquinas, equipamentos,
ferramentas, instrumentos, infra-estrutura, enfim, bens que foram produzidos
anteriormente e que continuam a serem utilizados durante algum tempo para a
produção de outros bens.
Ocorre que toda sociedade, num dado momento, possui um estoque limitado
desses recursos ou fatores de produção. Isto significa que não é possível produzir
uma quantidade infinita de bens, porque os recursos são limitados.
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Assim, surge o problema econômico da escassez:
a)
De um lado, as necessidades humanas são ilimitadas;
b)
Do outro, os recursos ou fatores de produção que devem ser utilizados para
produzir os bens (que irão atender a essas necessidades) são limitados.
Ou seja, não é possível produzir todos os bens de que a sociedade necessita, mas é
possível utilizar os recursos da melhor maneira possível, para produzir o máximo de
bens e desse modo atender à maior gama possível de necessidades.
Isso nos leva a uma das idéias-chave na Economia, que é a idéia da eficiência:
maximizar a produção de bens e serviços, dadas as restrições colocadas pela
quantidade limitada de fatores de produção.
Assim, a sociedade como um todo se organiza de modo a tentar produzir os bens e
serviços de forma eficiente, ou seja, empregando de forma racional os recursos
disponíveis, visando otimizar seus resultados, maximizando o nível de bem-estar da
população.
Nesse contexto, a Economia se apresenta como a ciência social que se ocupa da
administração dos recursos escassos entre usos alternativos e fins competitivos.
Para fins didáticos, costuma-se “dividir” a Ciência Econômica em áreas específicas,
dentre as quais destaca-se a Microeconomia – o estudo do comportamento das
unidades produtivas, dos indivíduos, dos mercados, etc – e a Macroeconomia – o
estudo do comportamento dos grandes agregados econômicos: produto interno
bruto, inflação, desemprego, etc.
A Macroeconomia trata do estudo dos agregados econômicos, de seus
comportamentos e das relações que guardam entre si. Tenta-se avaliar o
desempenho da economia no sentido de satisfazer as necessidades da sociedade.
Assim, uma das questões fundamentais da Macroeconomia – nosso objeto de estudo
daqui por diante – é justamente avaliar esse desempenho econômico. Em outras
palavras, como “medir” a quantidade total de bens e serviços que estão sendo
disponibilizados à sociedade, e verificar as relações econômicas que estão na base
desse processo produtivo.
A Macroeconomia nos fornece um conjunto de variáveis que permitem saber se a
economia de um país, num certo momento, está “crescendo” ou está em “recessão”,
se existe “desemprego de fatores” ou “pleno emprego”, como está o “nível geral de
preços”, etc...
Assim, o ponto de partida é medir o desempenho da economia através de algum
indicador. Normalmente se utiliza o “Produto Nacional” para se mensurar o nível
de atividade econômica de um país, de uma região ou cidade. Nas próximas seções
vamos discutir como se chegar a esse valor, bem como outras medidas da atividade
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econômica.
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2. O Fluxo Circular da Renda
A Macroeconomia parte do princípio de que existem dois grandes mercados:
a) O Mercado de Bens e Serviços, correspondente à compra e venda dos
diversos bens produzidos (carros, alimentos, vestuário, aviões, etc) e dos
diversos serviços (comunicações, transportes, distribuição de energia elétrica,
etc). Nesse mercado, as firmas (ou unidades produtivas, ou também
chamadas “empresas”) ofertam bens e serviços aos indivíduos;
b) O Mercado de Fatores de Produção, correspondente à compra e venda
dos diversos fatores de produção: terra e recursos naturais, trabalho e capital.
Nesse mercado, os indivíduos ofertam os fatores de produção às firmas.
A figura a seguir ilustra esse relacionamento os dois mercados e os dois “setores”
da economia – as firmas e os indivíduos.
Os indivíduos são os proprietários da força de trabalho, da terra, dos recursos
naturais, das máquinas, equipamentos, entre outros, que precisam ser utilizados
pelas firmas no seu processo de produção. Portanto, as firmas compram o uso
desses fatores de produção dos indivíduos, no mercado de fatores. Nessa figura,
essas transações são representadas pelas linhas da parte inferior do quadro. As
linhas cheias representam movimentos de fatores de produção e as linhas
tracejadas, a contrapartida monetária do movimento dos fatores.
Por outro lado, na parte superior da figura, vemos o que acontece no mercado de
bens e serviços: as linhas cheias representam as transações com bens e serviços,
produzidos pelas firmas e colocados à disposição dos indivíduos, que em troca
pagam por esses bens e serviços, gerando a contrapartida monetária da produção,
representada pelas linhas tracejadas.
Esse esquema representa o Fluxo Circular da Renda, elemento fundamental para
se compreender o funcionamento macro de um determinado sistema econômico.
O modelo aqui apresentado é uma simplificação, pois ainda não incorpora outros
setores importantes, tais como o Governo e o Setor Externo. De fato, estamos
fazendo algumas “abstrações”, ou seja, “simplificações”, partindo de um modelo
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básico para chegar a um modelo mais sofisticado e mais próximo da realidade. Por
enquanto, vamos admitir que só existem esses dois “setores” na economia: as firmas
e os indivíduos. Esse modelo corresponde ao que se chama normalmente de
“Economia Fechada e Sem Governo” (“fechada” porque não existem, no modelo
considerado, transações com o exterior, como importações e exportações; “sem
Governo” porque não existem, no modelo considerado, gastos públicos ou impostos).
Gradativamente iremos adicionando essas variáveis, até chegarmos à “Economia
Aberta e Com Governo”.
3. Economia a Dois Setores sem Formação de Capital
Nessa economia simplificada, existem apenas o setor “firmas” e o setor “indivíduos”.
Vamos imaginar que os preços dos diversos bens e serviços são constantes (ou seja,
não existe inflação) e que a economia é estacionária, ou seja, não se expande. Isso
quer dizer que não existe, por enquanto, formação de capital, isto é, poupança e
investimento.
Se somarmos todos os bens e serviços finais produzidos pelas firmas durante um
certo período de tempo (normalmente durante um ano) teremos o valor do Produto
Nacional:
PN = Σp i.qi
Onde pi representa o preço do bem ou serviço “i” e qi representa as quantidades do
bem ou serviço “i”. Isso significa que no cálculo do Produto Nacional temos que
somar o valor monetário da produção dos diversos bens e serviços:
PN = pfeijão.qfeijão + paçúcar.qaçúcar + plivro.qlivros + pcomputador.qcomputadores
+pgeladeira.qgeladeiras + .....
Observe que só entram no cálculo do Produto Nacional os bens finais, isto é, os
bens que não serão mais transformados em outros bens. Isso para evitar o problema
da dupla contagem.
Assim, no cálculo do Produto Nacional, vamos considerar o valor da produção de
pão, mas não podemos somar novamente o valor da produção do trigo, do fermento,
do sal, da farinha de trigo, etc... senão estaríamos somando várias vezes os mesmos
valores.
O valor da produção de pão (bem final) já contém, embutido no próprio bem, o valor
dos insumos intermediários e matérias-primas utilizados em fases anteriores do
processo produtivo.
Para gerar o Produto Nacional durante um certo ano, as firmas necessitam adquirir
fatores de produção, e para usar esses fatores, como vimos, as firmas necessitam
remunerar os proprietários dos mesmos, que são os indivíduos. O total de
pagamentos que as firmas fazem aos indivíduos, pelo uso dos fatores de produção, é
o que chamamos de Renda Nacional:
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RN = w + j + a + l
Onde:
w = Salários (remuneração do fator de produção "Trabalho”)
j = juros (remuneração do fator de produção “Capital” na forma monetária)
a = aluguéis (remuneração do fator de produção “Terra”)
l = lucros (remuneração do fator de produção “Capital”, este na forma de
máquinas e equipamentos utilizados no processo produtivo).
Observe que neste modelo os lucros representam uma espécie de “custo” para as
empresa, na medida em que correspondem a valores que as mesmas devem pagar
aos acionistas (indivíduos).
Teremos então uma identidade macroeconômica fundamental:
PN = RN
Ou seja, o valor do Produto Nacional (total de bens e serviços finais produzidos
durante um certo período de tempo) é igual ao valor da Renda Nacional (total de
pagamentos feitos pelas firmas aos proprietários dos fatores de produção).
Os indivíduos, por sua vez, utilizam suas rendas de que maneira? Gastando na
compra de bens e serviços. Em outras palavras, os indivíduos realizam o Consumo,
que nesse modelo representa a Despesa Nacional (o total de gastos realizados
pelos indivíduos na compra de bens e serviços). Assim, temos:
DN = C
E mais, temos a identidade macroeconômica fundamental:
PN = RN = DN
Portanto, se quisermos medir o desempenho de uma economia durante certo
período de tempo, temos três óticas diferentes, gerando o mesmo resultado:
§
Sob a ótica da Produção, usando o total de bens e serviços finais gerados
durante o período;
§
Sob a ótica da Renda, usando o total de recebimentos dos indivíduos, por
terem cedido os fatores de produção (Terra, Trabalho e Capital) às empresas
e;
§
Sob a ótica da Despesa, usando o total de pagamentos que os indivíduos
fizeram durante o ano na aquisição de bens e serviços diversos.
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4. Economia a Dois Setores com Formação de Capital
O modelo anterior é de uma economia estacionária, ou seja, que não cresce: todo
ano é gerado um Produto Nacional no mesmo valor. Para haver crescimento
econômico (crescimento do Produto Nacional em relação ao ano anterior) é
necessário ampliar a capacidade produtiva da economia, através do Investimento.
O Produto Nacional é composto de dois tipos de bens:
§
Bens de Consumo, destinados a satisfazer as necessidades da população,
como alimentação, vestuário, etc.
§
Bens de Investimento, destinados a aumentar a capacidade de produção
das firmas (máquinas, equipamentos, instalações), levando no conjunto a um
aumento da capacidade produtiva total da economia.
Assim, podemos definir Investimento de duas maneiras:
§
Investimento como gasto (despesa) com bens para aumentar a capacidade
produtiva da economia;
§
Investimento como gasto com bens que foram produzidos mas que não
foram consumidos no período (serão usados em consumo futuro), ou seja:
I = PN – C
Os bens que foram produzidos, mas não foram consumidos no presente são os
seguintes:
§
Máquinas, equipamentos, instalações, infra-estrutura, imóveis, etc –
Correspondem à Formação Bruta de Capital Fixo (Ibk) ou investimento
planejado.
§
Variação de Estoques (∆E) ou investimento não-planejado, quantidades
produzidas e não vendidas.
Portanto, temos:
I = Ibk + ∆E
Algumas observações importantes:
1. A variação de estoques (∆E) representa a diferença entre o Estoque no fim do
ano atual e o Estoque no fim do ano passado;
2. Investimento no sentido econômico representa gasto, despesa; no sentido
cotidiano utiliza-se a palavra investimento como sinônimo de aplicação
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financeira, compra de ações, etc... Na linguagem econômica, isso não é
investimento, é poupança.
3. O total do investimento num certo ano corresponde a compra de bens,
equipamentos, máquinas, etc, novos, fabricados naquele ano. Isso significa
que a compra de ativos usados, de segunda mão, não representa
investimento, pois não está aumentando a capacidade produtiva da
economia.
Um conceito relacionado é o de Depreciação, que corresponde ao desgaste gradativo
do capital físico (máquinas, equipamentos, veículos, etc). Todos os anos as empresas
necessitam fazer uma reposição de parte dos seus bens de capital desgastados.
Dessa forma, uma parte do Investimento feito na economia se destina a repor as
perdas correspondentes à depreciação, o que nos leva à diferenciação entre
Investimento Bruto e Investimento Líquido:
IL = IB – d
IL = Investimento Líquido (aumento efetivo da capacidade produtiva da economia)
IB = Investimento Bruto (Formação Bruta de Capital + Variação de Estoques)
d = Depreciação no período.
A depreciação nos leva também ao conceito de Produto Nacional Líquido:
PNL = PNB – d
Vamos agora completar nosso modelo introduzindo o conceito de Poupança: a
parcela da renda que os indivíduos não consomem, ou seja, Poupança representa
abrir mão do consumo atual para desfrutar de um consumo maior no futuro.
Podemos representar essa idéia da seguinte maneira:
S = RN – C
Em que S = Poupança (do inglês “Saving”)
RN = Renda Nacional
C = Consumo
Nosso modelo agora se apresenta do seguinte modo:
§
Ótica da Produção: PN = Σpi.qi
§
Ótica da Renda: RN = C + S
§
Ótica da Despesa: DN = C + I
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Como PN = RN = DN, temos que C + S = C + I, Logo: S = I
5. Economia a Três Setores: O Setor Público
O Setor Público corresponde à presença do Governo nas três esferas: a União, os
Estados e o Distrito Federal, e os Municípios, bem como os três Poderes (Executivo,
Legislativo e Judiciário).
O Governo interfere na economia através da Tributação (T) e dos Gastos
Públicos (G).
A Tributação (T) compreende:
§
Impostos Indiretos, aqueles que incidem sobre as transações econômicas
com bens e serviços, a exemplo do ICMS, do IPI e do ISS;
§
Impostos Diretos, os quais incidem sobre o patrimônio e a renda das
pessoas, físicas e jurídicas, como o Imposto de Renda, o IPTU, o IPVA;
§
Contribuições à Previdência Social, os encargos trabalhistas, etc.
§
Outras receitas de governo como taxas e multas.
Os Gastos Públicos (G), por sua vez, compreendem:
§
Os gastos dos ministérios, secretarias e autarquias, referentes a despesas
correntes ou custeio (salários do funcionalismo, compras de materiais) e
despesas de capital (construção de estradas, hospitais, escolas, etc).
§
Os gastos com Transferências (bolsas de estudos, benefícios previdenciários,
seguro-desemprego) e subsídios (para baixar o preço de certos produtos
agrícolas, por exemplo).
Observe que os gastos realizados pelas empresas públicas e sociedades de economia
mista são computados no setor “firmas”, pois estas entidades desempenham
atividades ligadas ao mercado, à produção de bens e serviços.
Não estamos considerando aqui gastos com pagamento de juros ou correção
monetária; apenas gastos “não-financeiros”, ou seja, gastos com a compra de bens e
serviços.
Se os gastos públicos forem superiores à Tributação ( G > T ) teremos o déficit
fiscal ou déficit primário;
Se os gastos públicos forem inferiores à Tributação ( G < T ) teremos o superávit
fiscal ou superávit primário;
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Quando introduzimos o Governo no nosso modelo macroeconômico, veremos que o
valor do Produto Nacional será alterado.
Sem a presença do Governo, o valor do Produto Nacional era igual à Renda Nacional,
ou seja:
PN = RN à RN = w + j + a + l à PN = w + j + a + l
É o que chamamos Produto Nacional “a Custo de Fatores”. Podemos entendê-lo
como sendo o Produto Nacional mensurado “a preços de fábrica”.
PNcf = w + j + a + l
Acontece que antes de chegar ao consumidor final, muitos bens e serviços terão seu
preço alterado; alguns bens serão tributados pelo ICMS, outros pelo IPI, etc. Isso
quer dizer que alguns bens vão chegar ao consumidor por um preço mais elevado.
Por outro lado, algumas firmas receberão subsídios do Governo para venderem seus
bens mais baratos. Também nesse caso o preço do bem ao consumidor final vai se
alterar, ficando mais em conta.
Portanto, o Produto Nacional “a preços de mercado”, ou o Produto Nacional
medido através do preço final praticado para o consumidor será diferente do Produto
Nacional a custo de Fatores, conforme a seguir:
PNpm = PNcf + impostos indiretos - subsídios
Os impostos diretos não interferem no valor do Produto Nacional, pois não são
encargos das empresas, mas sim dos indivíduos (os quais obtém renda). Assim nada
têm a ver com a diferença entre o custo dos fatores e os preços praticados no
mercado.
Importante: Normalmente são usadas as expressões “Produto Nacional” referindo-se
ao PNpm e “Renda Nacional”referindo-se à RNcf.
A presença do Governo também faz surgir os seguintes conceitos:
§
Carga Tributária Bruta: Total da arrecadação fiscal do Governo.
§
Carga Tributária Líquida: Diferença entre a arrecadação fiscal do Governo e as
transferências e subsídios ao setor privado.
Utiliza-se como parâmetro de avaliação da carga tributária o Produto Interno Bruto
(vamos falar sobre ele na próxima seção). Comparando-se a carga tributária com o
PIB podemos ter dois índices:
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Índice de
Carga
Tributária
Bruta (%)
Índice de
Carga
Tributária
líquida (%)
Impostos Indiretos + Impostos Diretos
=
PIBpm
x
100
x
100
Impostos Indiretos + Impostos Diretos
– Transferências - Subsídios
=
PIBpm
6. Economia a Quatro Setores: O Setor Externo
Para completar nosso modelo, vamos considerar as transações feitas com empresas
e pessoas não-residentes, ou seja, residentes em outros países. Normalmente se
chama o conjunto dos “outros países” como “resto do mundo” ou “setor externo”. As
variáveis a serem incorporados ao nosso modelo são as seguintes:
§
Exportações (X): representam as compras de nossos bens e serviços pelos
estrangeiros, ou seja, são gastos do setor externo com as nossas firmas.
§
Importações (M): representam nossas compras relativas a bens e serviços
produzidos por firmas de outros países, ou seja, do setor externo.
Observe-se que Exportações e Importações se referem à compra e venda de bens e
“serviços não-fatores”, ou seja, serviços que não representam “remuneração”.
Estamos falando de fretes, seguros, turismo, etc..., que são pagamentos (ou
recebimentos) feitos a firmas pela compra (ou venda) de serviços não-fatores.
Outros pagamentos de serviços, tais como assistência técnica, consultorias,
honorários, lucros, são feitos das firmas aos indivíduos, a titulo de remuneração, e
nesse caso são chamados de “serviços de fatores”, sendo considerados nas
seguintes variáveis:
§
Renda Enviada ao Exterior (REE): representa uma parcela da renda
gerada internamente, nos limites territoriais do nosso país, mas que não
pertence aos nacionais. Como exemplos temos a remessa de lucros de uma
empresa estrangeira para sua matriz no exterior, o pagamento de uma
consultoria internacional, o pagamento de assistência técnica, etc.
§
Renda Recebida do Exterior (RRE): representa exatamente o fluxo
contrário, ou seja, trata-se de uma parcela da renda gerada em outro país,
que se agrega à renda nas mãos dos nacionais. Por exemplo, recebimento de
lucros obtidos por filiais de uma empresa nacional situada em outro país.
§
Renda Líquida de Fatores Externos (RLFE): constitui-se na diferença
entre a Renda Recebida do Exterior e a Renda Enviada ao Exterior:
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RLFE = RRE - REE
Quando um país recebe mais renda do exterior do que envia, a Renda Líquida de
Fatores Externos é positiva; em caso contrário, é negativa.
Nessa segunda hipótese, é muito comum se usar a expressão “Renda Líquida
Enviada ao Exterior”:
RLEE = REE – RRE
Se a Renda Líquida Enviada ao Exterior é positiva, isso significa que REE > RRE, quer
dizer, o país envia mais renda para o exterior do que recebe. Quando a RLEE é
negativa, acontece exatamente o oposto.
Essas remessas e recebimentos de renda vão provocar um ajuste no conceito de
Produto Nacional. Vamos ter que diferenciar o Produto Nacional Bruto do
Produto Interno Bruto.
O Produto Interno Bruto corresponde de fato ao total de bens e serviços finais
produzidos por um determinado país, num certo período de tempo, dentro de suas
fronteiras territoriais. Portanto, o PIB corresponde à renda devida à produção
dentro dos limites territoriais de um país.
Porém, parte desse PIB (dessa Renda) vai remunerar indivíduos que estão fora do
país: remessa de lucros, pagamentos de assistência técnica, royalties, etc. Portanto,
devemos abater do PIB a Renda Enviada ao Exterior.
Além disso, os nacionais recebem remuneração por serviços prestados em outros
países. Assim, devemos somar ao PIB a Renda Recebida do Exterior.
Assim, teremos:
PIB – REE + RRE = PNB
O Produto Nacional Bruto corresponde à renda que pertence efetivamente aos
nacionais, incluindo a renda recebida por nossas empresas no exterior e excluindo a
renda enviada por nossas empresas para o exterior.
Outra maneira de escrever essa relação entre PNB e PIB:
PIB – (REE – RRE) = PNB
PIB – RLEE = PNB
Agora estamos como nosso modelo completo, e podemos reescrever uma das
principais equações vistas anteriormente: a Despesa Nacional:
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DN = C + I + G + X + M
Onde:
C = Despesas de Consumo dos indivíduos, ao comprar os bens e serviços finais;
I = Despesas de Investimento das empresas, ao comprar máquinas, equipamentos,
etc.
G = Despesas do Governo, ao gastar com a aquisição de bens de consumo ou bens
de investimento;
X = Despesas do setor externo com os nossos produtos, mandados ao exterior
através das exportações;
As importações (M) entram com o sinal negativo porque representam deduções da
despesa nacional. Quando realizamos importações, estamos gastando menos com
nossos próprios produtos (menos despesa nacional) e gastando mais com o produto
gerado no exterior (portanto contribuindo com a despesa nacional do outro país).
Resumindo, temos as seguintes equações fundamentais:
Critério de
Diferenciação
Variável
Bruto X Líquido
Depreciação
Custo de Fatores X
Preços de Mercado
Impostos Indiretos Subsídios
PNBpm = PNBcf + Imp Ind – Sub
Interno X Nacional
Renda Líquida
Enviada ao Exterior
(REE – RRE)
PIB – RLEE = PNB
Exemplos
PNL = PNB – d
IL = IB - d
PIBpm = PIBcf + Imp Ind - Sub
PIL – RLEE = PNL
7. O Sistema de Contas Nacionais
Os sistemas de contabilidade nacional (ou contabilidade social) têm sido
desenvolvidos principalmente a partir dos anos 40, no pós-guerra. O sistema de
contas nacionais (sistema ONU) se baseia em quatro contas:
1) Conta Produto Interno Bruto (Produção);
2) Conta Renda Nacional Disponível Líquida (Apropriação);
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3) Conta Transações Correntes com o resto do mundo;
4) Conta de Capital (Acumulação).
Os lançamentos das transações são feitos de acordo com o tradicional método das
partidas dobradas. Como complemento, apresenta-se também a conta corrente das
administrações públicas. Essa conta discrimina um pouco mais as contas do governo,
incluindo impostos diretos, contribuições previdenciárias, entre outros, que não têm
contrapartida com as demais contas do sistema de contas nacionais.
I - Conta produto interno bruto (transações das unidades produtoras)
Débitos
Créditos
Pagamentos feitos pelas firmas aos
fatores de produção:
Recebimentos obtidos pelas empresas pela
venda dos bens e serviços finais:
W+j+a+l=
DIB = C + I + G + X - M
= Renda Interna Bruta a Custo de
Fatores
+ Impostos indiretos
– subsídios
= PIB a preços de mercado
= Produto Interno Bruto a preços de
mercado
= Dispêndio com o PIB a preços de
mercado
Toda a formação da renda e do produto nacional passa por essa conta.
II - Conta renda nacional disponível líquida (transações dos indivíduos e
do Governo, como apropriadores de renda).
Débitos
Créditos
Como os indivíduos e o Governo utilizam
as rendas recebidas.
Rendas recebidas pelos indivíduos e
pelo Governo (RIBcf) mais o resultado
líquido da renda e transferências com o
exterior. A depreciação entra desse
lado com o sinal negativo.
w+j+a+l
+ impostos indiretos – subsídios
Consumo das famílias
+ Gasto do Governo
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- depreciação
- REE + RRE
+ Poupança Interna (Saldo)
=Utilização da Renda Nacional Disponível
=Apropriação da Renda Nacional
Disponível Líquida
O saldo dessa conta é a poupança interna, que é a soma da poupança do setor
privado e a do governo. No Brasil, é chamada de poupança bruta. A poupança do
governo (ou, mais apropriadamente, a poupança em conta corrente do governo, já
que não se incluem as despesas de capital do setor público) é obtida na conta
complementar ao sistema (conta corrente das autoridades públicas), que será vista
mais adiante.
O governo e os indivíduos são setores usuários, que se apropriam de parte da renda
gerada. Não são unidades produtoras de bens e serviços. As empresas estatais são
consideradas como empresas privadas, já que vendem bens e serviços no mercado e
não dependem de recursos do orçamento público.
III - Conta transações correntes com o resto do mundo
Débitos
Créditos
Gastos dos estrangeiros com nossos
produtos e serviços (exportações) e
Rendimentos e transferências recebidas
do resto do mundo (renda recebida do
exterior)
=X
+ RRE
Saldo = poupança externa
Nossas compras de bens e serviços
(importações) e
Pagamentos e transferências pagas
aos estrangeiros (renda enviada ao
exterior)
=M
+ REE
= Utilização de Recebimentos Correntes
= Recebimentos Correntes
Se as exportações superarem as importações temos um superávit no balanço de
transações correntes. Nas contas nacionais, isso é uma poupança externa negativa,
em termos reais (saíram do país mais bens e serviços do que entraram). O país teve
um saldo negativo com o resto do mundo, relativo a bens e serviços.
Financeiramente, trata-se de um saldo positivo (entrou mais moeda do que saiu).
Ou seja,
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X + RRE + Se = M + REE
Se = M + REE – X – RRE
Se = (M – X) + RLEE
IV - Conta capital (transações que representam acumulação de renda para
o futuro)
Débitos
Créditos
Formação Bruta de Capital Fixo (IBk)
+ Variação de Estoques (∆E)
- depreciação
= Investimento Líquido (IL)
Poupança dos indivíduos (S p)
+ Poupança do Governo
(Sg; superávit em conta corrente, T – G)
+ Poupança Externa
(Se; Déficit em Transações Correntes; MX+RLEE)
= Total da formação de capital (aplicações
de recursos)
= Financiamento da formação de
capital (origens dos recursos)
Essa conta fecha o sistema: aqui são lançadas as contrapartidas do investimento e as
poupanças (ou saldos) das outras contas. Ou seja, o que ficou para os períodos
futuros não foi gasto no período corrente.
Essa conta mostra como é financiado o investimento na economia:
Investimento = Poupança Privada + Poupança do Governo + Poupança
Externa
I = Sp + S g + S e
Observe que:
Sp = Poupança Privada
Sg = Poupança do Governo (superávit em conta-corrente = T-G)
Se = Poupança Externa (déficit em transações com o exterior = M – X + RLEE)
Voltaremos a analisar essa relação mais adiante, quando abordarmos o Balanço de
Pagamentos.
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V - Conta corrente das administrações públicas
Como o próprio nome da conta demonstra, são lançadas apenas as despesas
correntes do governo, como salários do funcionalismo, transferências, compras de
materiais nacionais e importados. As despesas de capital do governo (investimento
público) estão somadas aos investimentos privados, compondo o item investimento
em bens de capital.
Débitos
Créditos
Consumo final das administrações públicas
(salários e encargos, compras de bens e
serviços)
+ Subsídios
+ Transferências de assistência e previdência
= Saldo: poupança em conta corrente do
Governo (Sg)
Impostos Indiretos
+ Impostos Diretos
+ Contribuições Previdenciárias
+ Outras Receitas correntes do Governo
= Utilização da Receita Corrente
= Total da Receita Corrente
8. Valores Reais e Valores Nominais
Vimos que o investimento aumenta a capacidade produtiva da economia, pois amplia
o estoque de capital físico existente. Ao longo dos anos, deverá haver aumento do
valor do Produto Nacional. Mas até então havíamos trabalhado com a hipótese de
que os preços dos bens e serviços não se alteravam com o passar dos anos, isto é,
não havia inflação. Quando passamos a admitir que os preços dos bens variam ano a
ano, estamos diante de um novo problema relativo à mensuração da atividade
econômica.
Se, por exemplo, observarmos que entre dois períodos de tempo o produto medido a
preços correntes cresceu de $22.950,00 para $32.900,00, conforme a tabela a
seguir, como nos assegurar de que não foram somente os preços que cresceram?
Anos
Produtos
Automóveis (unidade)
Geladeiras (unidade)
Feijão (ton)
Tecido (m2)
Bebidas (litros)
2001
Quantidade
10
30
10
30
20
Preço
2.000
20
200
5
10
2002
Valor
Quantidade
20.000
600
2.000
150
200
10
30
10
30
20
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Preço
3.000
40
100
10
20
Valor
30.000
1.200
1.000
300
400
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Total
do
Nacional
Produto
-
-
22.950
-
-
32.900
Verificamos que quantidades físicas dos diversos bens finais produzidos em 2001 e
em 2002 são as mesmas. O produto real não se alterou; entretanto, nossa medida
de atividade econômica está acusando um aumento de 43,4% no valor da produção
de bens finais (ou seja, fazendo (32.900 – 22.950) / 22.950).
Uma vez que as quantidades físicas são as mesmas em 2001 e em 2002, todo o
crescimento de valor entre os dois anos é atribuído ao crescimento de preços; não
houve aumento da satisfação das necessidades da população. Em termos físicos a
produção total não se alterou.
É necessário, então, que tenhamos alguma forma de separar, dentro das variações
de valor, as variações de quantidade das variações de preços.
Existem muitas formas alternativas de fazer essa separação. As mais comuns
baseiam-se na avaliação de uma mesma cesta de mercadorias em dois períodos
diferentes.
Assim, à medida que a cesta avaliada é mantida constante em relação à qualidade e
quantidades de mercadorias, a variação de valor observada pode ser integralmente
atribuída a variações de preços.
Vamos examinar um outro exemplo, conforme tabela a seguir:
Anos
2001
Produtos
Automóveis (unidade)
Geladeiras (unidade)
Feijão (ton)
Tecido (m2)
Bebidas (litros)
Total
do
Nacional
Produto
Quantidade
10
30
10
30
20
-
2002
Preço
Valor
Quantidade
2.000
20
200
5
10
20.000
600
2.000
150
200
12
29
11
31
21
-
22.950
-
Preço
Valor
3.000
40
100
10
20
36.000
1.160
1.100
310
420
-
38.990
A comparação direta entre quantidades físicas produzidas em 2001 e 2002 só é
possível para cada tipo de bem isoladamente. A produção de automóveis cresceu
20% e a de feijão, 10%. Como obter a avaliação do desempenho global, sem
incorrer no erro de atribuir ao desempenho o simples crescimento de preços?
Se nós considerarmos a variação nominal do produto, teremos uma variação de
quase 70% (ou seja, fazendo (38.990 – 22.950) / 22.950). Mas, e a variação real? O
aumento físico da produção, qual terá sido?
Vamos usar um índice de preços para resolver essa questão.
Olhando para a primeira tabela, já sabemos que o crescimento de 43,4% é
puramente nominal, pois as quantidades produzidas não se modificaram.
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Como calculamos esses 43% ? Fazendo essa conta (32.900 – 22.950) / 22.950).
Poderíamos ter chegado a essa conclusão usando um índice de preços. Um dos
índices mais usados é o de Índice de Preços de Laspeyres, calculado dessa
forma:
L = Σp1q0
Σp0q0
x 100
Em que:
§
p1 é o preço do bem no período mais recente (no caso, 2002);
§
p0 é o preço do bem no período mais antigo (no caso, 2001);
§
q0 é a quantidade produzida do bem
2001);
§
L é o índice de preços entre os períodos 2001 e 2002.
no período mais antigo (no caso,
Vamos encontrar o seguinte:
L = 32.900 x 100 = 143,4
22.950
Ou seja, a primeira tabela nos forneceu o valor do índice de preços de Laspeyres
igual a 143,4 que reflete a variação dos preços ocorrida entre 2001 e 2002.
Vamos voltar à segunda tabela. A variação nominal do produto é de 70%. Isso
porque comparamos o Produto Nominal de 2002 avaliado aos preços de 2002 com o
Produto Nominal de 2001 avaliado a preços de 2001. Vamos ter que “expurgar” o
efeito do crescimento dos preços. Como? Vamos calcular o Produto de 2002 a
preços de 2001.
Isso significa que vamos deflacionar o Produto de 2002, recalculando seu valor
usando os preços de 2001.
Vamos empregar a seguinte fórmula:
R=
N
L
x 100 =
38.990
143,4
x 100 = 27.189,67
Em que:
§
R é o produto real de 2002 a preços de 2001
§
N é o produto nominal de 2002 a preços de 2002
§
L é o índice de preços de Laspeyres entre 2001 e 2002.
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Já que estamos medindo tudo a preços de 2001, o produto real de 2001 é igual ao
produto nominal desse mesmo período. Deste modo, o crescimento percentual do
produto real entre 2001 e 2002 é dado por:
∆R = R2002 – R2001 = 27.189,67 - 22.950 18,4%
R2001
22.950
Portanto, podemos dizer que houve uma variação real do produto (em termos
físicos) de 18,4% entre os anos de 2001 e 2002.
Assim como escolhemos as quantidades do período mais antigo para efeito de
cálculo do índice de preços, poderíamos utilizar as quantidade do período mais
recente. Nesse caso, usaríamos o Índice de Preços de Paasche:
P = Σp1q1
Σp0q1
x 100
Em que:
§
p1 é o preço do bem no período mais recente (no caso, 2002);
§
p0 é o preço do bem no período mais antigo (no caso, 2001);
§
q1 é a quantidade produzida do bem no período mais recente (no caso,
2002);
§
P é o índice de preços entre os períodos 2001 e 2002.
Portanto o Índice de Paasche utiliza as quantidades do período mais recente,
enquanto que o índice de Laspeyres usa as quantidades do período mais
antigo.
Pequenas diferenças que podem ser observadas entre as duas avaliações das
variações de preços advém do fato de que, na verdade, é impossível obter uma
separação perfeita entre variações de preços e quantidades, uma vez que essas
variações não são independentes entre si.
Além dos índices de Laspeyres e Paasche, existem ainda algumas dezenas de
possibilidades de estimativas de variações de preços. Entretanto, a maior parte
dessas alternativas são variações pequenas em torno desses dois índices básicos. O
índice de Fischer, por exemplo, consiste numa média harmônica entre os dois
anteriores, sendo calculado através da raiz quadrada do produto dos índices de
Laspeyres e Paasche.
9. Questões de Concursos
01. (AFRF 2003) – Considere as seguintes informações para uma economia hipotética
aberta e sem governo, em unidades monetárias:
§
Exportações de bens e serviços não-fatores = 100;
§
Renda líquida enviada ao exterior = 50;
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§
Formação bruta de capital fixo mais variação de estoques = 150;
§
Poupança líquida do setor privado = 50;
§
Depreciação = 5
§
Saldo do governo em conta corrente = 35.
Com base nestas informações e considerando as identidades macroeconômicas de um
sistema de contas nacionais, é correto afirmar que as importações de bens e serviços nãofatores é igual a:
a) 110
b) 30
c) 80
d) 20
e) 200
02. (AFRF 2003) – Considere uma economia hipotética aberta e sem governo. Suponha os
seguintes dados, em unidades monetárias:
§
renda líquida enviada ao exterior = 100;
§
soma dos salários, juros, lucros e aluguéis = 900;
§
importações de bens e serviços não-fatores = 50;
§
depreciação = 10;
§
exportação de bens e serviços não-fatores = 100;
§
formação bruta de capital fixo mais variação de estoques =360.
Com base nestas informações e considerando as identidades macroeconômicas de um
sistema de contas nacionais, é correto afirmar que a renda nacional líquida e o consumo
pessoal são, respectivamente,
a) 950 e 600.
b) 900 e 500.
c) 900 e 600.
d) 850 e 550.
e) 800 e 500.
03. (AFRF 2002) – Suponha uma economia que só produza dois bens finais (A e B).
Considere os dados a seguir:
bem A
bem B
quantidade preço quantidade preço
período 1
10
5
12
6
período 2
10
7
10
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Com base nestes dados, é incorreto afirmar que:
a) o produto nominal do período 2 foi maior do que o produto nominal do período 1.
b) o crescimento do produto nominal entre os períodos 1 e 2 foi de, aproximadamente, 31%.
c) não houve crescimento do produto real entre os períodos 1 e 2, considerando o índice de
Laspeyres de preço.
d) a inflação desta economia medida pelo índice de Laspeyres de preço foi de 30%.
e) não houve crescimento do produto real, entre os períodos 1 e 2, considerando o índice de
Fischer.
04. (AFRF 2002) – Considere um sistema de contas nacionais para uma economia aberta
sem governo. Suponha os seguintes dados:
Importações de bens e serviços não fatores = 100;
Renda líquida enviada ao exterior = 50;
Renda nacional líquida = 1.000;
Depreciação = 5;
Exportações de bens e serviços não fatores = 200;
Consumo pessoal = 500;
Variação de estoques = 80.
Com base nessas informações, é correto afirmar que a formação bruta de capital fixo é igual
a:
a) 375
b) 275
c) 430
d) 330
e) 150
05. (AFRF 2002) – No ano de 2000, a conta de produção do sistema de contas nacionais no
Brasil apresentou os seguintes dados (em R$ 1.000.000):
Produção: 1.979.057;
Consumo Intermediário: 1.011.751;
Impostos sobre produto: 119.394;
Imposto sobre importação: 8.430;
Produto Interno Bruto: 1.086.700.
Com base nestas informações, o item da conta "demais impostos sobre produto" foi de:
a) 839.482
b) 74.949
c) 110.964
d) 128.364
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e) 66.519
06. (AFRF 2002) – No ano de 1999, a conta de capital do sistema de contas nacionais no
Brasil apresentou os seguintes dados (em R$ 1.000.000):
Poupança bruta: 149.491;
Formação bruta de capital fixo: 184.087;
Variação de estoques: 11.314;
Transferências de capital enviada ao resto do mundo: 29;
Transferências de capital recebida do resto do mundo: 91.
Com base nessas informações, é correto afirmar que a necessidade de financiamento foi
igual a:
a) 34.566
b) 45.848
c) 80.414
d) 11.282
e) 195.401
07. (AFRF 2002) - Considere as seguintes informações:
Importações de bens e serviços não fatores = 30;
Renda líquida enviada ao exterior = 100;
Variação de estoques = 10;
Formação bruta de capital fixo = 200;
Poupança líquida do setor privado = 80;
Depreciação = 5;
Saldo do governo em conta corrente = 60.
Com base nas identidades macroeconômicas básicas, que decorrem de um sistema de
contas nacionais, é correto afirmar que as exportações de bens e serviços não fatores é
igual a
a) 75
b) 65
c) 55
d) 50
e) 45
08. (INSS 2002) – Considere os seguintes dados:
Produto Interno Bruto a custo de fatores = 1.000;
Renda enviada ao exterior = 100;
Renda recebida do exterior = 50;
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Impostos indiretos = 150;
Subsídios = 50;
Depreciação = 30.
Com base nessas informações, o Produto Nacional Bruto a custo de fatores e a Renda
Nacional Líquida a preços de mercado são, respectivamente:
a) 1.250 e 1.050
b) 1.120 e 1.050
c) 950 e 1.250
d) 950 e 1.020
e) 1.250 e 1.120
09. (INSS 2002) – Considere os seguintes dados:
Poupança líquida =100;
Depreciação = 5;
Variação de estoques = 50.
Com base nessas informações e considerando uma economia fechada e sem governo, a
formação bruta de capital fixo e a poupança bruta total são, respectivamente:
a) 100 e 105
b) 55 e 105
c) 50 e 100
d) 50 e 105
e) 50 e 50
10. (AFC 2000) – Com relação aos conceitos de produto agregado, podemos afirmar que:
a) O produto bruto é necessariamente maior do que o produto líquido, o produto
nacional pode ser maior ou menor do que o produto interno e o produto a custo de
fatores pode ser maior ou menor do que o produto a preços de mercado.
b) O produto nacional é necessariamente maior do que o produto interno, o produto
bruto é necessariamente maior do que o produto líquido e o produto a preços de
mercado é necessariamente maior do que o produto a custo de fatores.
c) O produto a preços de mercado é necessariamente maior do que o produto a custo
de fatores, o produto interno é necessariamente maior do que o produto nacional e o
produto bruto é necessariamente maior do que o produto líquido.
d) O produto bruto é necessariamente maior do que o produto líquido, o produto interno
é necessariamente maior do que o produto nacional e o produto a preços de
mercado pode ser maior ou menor do que o produto a custo de fatores.
e) O produto interno é necessariamente maior do que o produto nacional, o produto
líquido pode ser maior ou menor do que o produto bruto e o produto a custo de
fatores pode ser maior ou menor do que o produto a preços de mercado.
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II - O Modelo Keynesiano de determinação da Renda
O Modelo Keynesiano Simples é uma forma de se compreender como é o processo
de determinação da Renda, a partir da idéia básica do equilíbrio
macroeconômico. Esse modelo foi formulado por John Maynard Keynes, um dos
economistas mais conhecidos, e descreve as principais forças envolvidas na
determinação do equilíbrio e da Renda.
Para entender o modelo keynesiano precisamos em mente um importante conceito:
a renda nacional de equilíbrio. Como vimos anteriormente, existe uma distinção
básica entre renda e despesa. Enquanto que o conceito de “renda” mede o fluxo
de pagamentos relativos ao uso dos fatores de produção, ou seja, salários, juros,
lucros e aluguéis, durante um certo período de tempo, a “despesa” mede o fluxo
dos gastos realizados pelos agentes econômicos com a compra de bens e serviços de
consumo e de investimento, também durante certo período de tempo.
Vimos através do fluxo circular da renda que as despesas acabam se transformando
em pagamentos que remuneram os fatores de produção, os quais por sua vez
contribuem para a produção dos diversos bens e serviços. Isto significa que renda e
despesa são duas medidas diferentes do mesmo fluxo contínuo. Mas, se por algum
motivo as despesas forem maiores ou menores que a correspondente remuneração
dos fatores de produção, o resultado é que a renda gerada nessa economia não é a
renda nacional de equilíbrio.
A renda nacional de equilíbrio é aquela em que a remuneração dos fatores
coincide com os gastos desejados em bens e serviços de consumo e
investimento.
Vamos considerar a partir desse momento, que a produção total de bens e serviços
gerados pelo sistema econômico, durante certo período de tempo, corresponde à
Oferta Agregada de bens e serviços. Por outro lado, a despesa nacional
corresponde à Demanda Agregada por bens e serviços (lembrando ainda que
produção e despesa são equivalentes à renda). Como essas variáveis se relacionam?
Tudo começa a partir da demanda agregada. O que acontece se a demanda
agregada por bens e serviços aumenta, num determinado instante? As firmas
(empresas, unidades produtivas) respondem aos aumentos de demanda através
dessas opções:
1) Aumentando sua produção física, ou seja, a quantidade física de bens e
serviços será maior, para atender ao crescimento da demanda agregada;
2) Elevando os preços dos produtos, aproveitando o aquecimento do mercado,
ou seja, uma maior demanda por bens e serviços;
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3) Finalmente, as firmas podem fazer uma combinação das opções anteriores
(aumentar quantidades físicas e preços dos produtos, em maior ou menor grau).
Para facilitar o entendimento, vamos abstrair a terceira hipótese e nos concentrar
nos casos extremos.
A hipótese nº 1 corresponde a uma situação em que existe desemprego de
fatores de produção. Isso quer dizer que existe Trabalho, Terra e Capital que não
estão sendo utilizados pelas unidades produtivas, e que podem ser acionados
(empregados) a qualquer momento para aumentar a produção física de bens e
serviços, em resposta aos aumentos da demanda sem, contudo, variar o nível de
preços da economia.
A hipótese nº 2 equivale a uma situação de pleno emprego dos fatores de
produção, isto é, não existe capacidade ociosa na economia. Como está acontecendo
um emprego eficiente de todos os recursos disponíveis, o produto não pode mais
crescer em resposta aos estímulos da demanda. Nesse caso, apenas o nível geral de
preços da economia tenderá a subir. Essa tendência geral e prolongada de elevação
da maior parte dos preços de bens e serviços da economia é denominada inflação.
O gráfico a seguir ilustra as situações comentadas. O eixo vertical contém o nível
geral de preços da economia. O eixo horizontal contém a renda nacional (vamos usar
a partir de agora a letra “Y” para nos referirmos à renda). A Curva Oa representa a
Oferta Agregada, ou seja, o nível de produção. O ponto “Yp” representa a renda de
pleno emprego, isto é, a renda (produção) máxima que a economia pode gerar a
partir do estoque de fatores de produção existente, considerando que todos estão
sendo eficientemente empregados.
Qualquer renda nacional à esquerda
da renda de pleno emprego equivale
a uma situação de desemprego na
economia. Nessa área, aumentos da
demanda levam a aumentos no nível
de produção, repercutindo muito
pouco sobre os preços.
Quanto mais próximo da renda de
pleno
emprego,
menor
a
possibilidade
de
aumento
da
produção,
havendo
maiores
pressões sobre os preços do que
sobre a renda real.
É importante destacar que estamos fazendo uma análise macroeconômica de curto
prazo, utilizando portanto as seguintes hipóteses:
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a) Nenhuma mudança tecnológica deverá ocorrer no período, assim não é possível
aumentar a produtividade dos fatores de produção no curto prazo;
b) O estoque físico produtivo do fator capital também é tido como constante, sendo
que apenas o fator trabalho está disponível para se empregar até a posição de pleno
emprego, durante o período de tempo considerado.
Assim, no modelo macroeconômico de curto prazo, a oferta agregada ajusta-se às
expansões ou retrações dos componentes da demanda agregada.
Dessa forma, todas as flutuações no nível de consumo, investimento, despesas
governamentais e exportações vão gerar reflexos no nível de produção e emprego da
economia nacional. Daqui por diante vamos supor que os preços dos bens e serviços
se manterão constantes.
Vejamos agora como determinar a renda de equilíbrio.
A demanda agregada equivale à despesa nacional, portanto se compõe dos
elementos já vistos anteriormente:
•
As despesas da coletividade em bens e serviços de consumo (C);
•
Os investimentos (I) das empresas em máquinas, equipamentos, instalações,
etc;
•
As despesas governamentais (G);
•
E as exportações (X).
Lembrando ainda que, para se obter a Renda (Y) precisamos subtrair o montante
total das importações do país (M), pois o mesmo está contabilizado, fazendo parte
de cada uma das despesas nacionais.
Assim, podemos escrever que a demanda nacional agregada (DA) ou despesa
nacional é equivalente a:
DA = C+ I +G + X - M
No equilíbrio macroeconômico, temos que verificar a seguinte situação: o nível de
produto (renda) deve ser igual ao nível das despesas dos agentes econômicos, ou
seja:
Y = DA
A renda nacional de equilíbrio será determinada por meio da introdução gradativa de
cada um dos componentes da demanda agregada.
O consumo nacional privado (C)
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Vamos imaginar uma economia muito simples, na qual tudo o que for produzido
acaba sendo consumido. Nesse caso, não há formação de estoques, o capital
produtivo não se deprecia, não existe governo nem comércio exterior. Trata-se da
hipótese da economia fechada, sem governo, e sem formação de capital.
A decisão de consumir é tomada por agentes econômicos diferentes dos que
decidem sobre o volume da produção. A renda de equilíbrio será obtida apenas se as
despesas de consumo planejadas pelos indivíduos forem exatamente iguais
ao volume de produção planejado pelos empresários; caso contrário, a renda
obtida não será a renda de equilíbrio.
Assim, as empresas procuram adequar seus níveis de produção e de emprego aos
níveis de consumo dos indivíduos. Mas, o que determina os gastos de consumo dos
indivíduos?
Em primeiro lugar, a própria renda. Podemos dizer que o Consumo (C) é uma
função da Renda (Y) ou C = f(Y). A renda é o fator que, isoladamente, tem maior
influência na determinação do consumo. Desse modo, a magnitude das despesas em
consumo programado pela coletividade dependerá basicamente do nível de renda da
própria economia. A relação entre consumo e renda tem pelo menos duas
características básicas: função relativamente estável e crescente.
Podemos representar a
consumo do seguinte modo:
função
C = Ca + cY
Graficamente, corresponde à figura
ao lado. Os parâmetros da função
podem ser assim interpretados:
Ca = Consumo autônomo (ou
consumo mínimo) da coletividade,
que ocorre mesmo que a renda da
população seja igual a zero.
c = Propensão Marginal a Consumir
(PMgC) = parcela da renda que é gasta
com o consumo de bens e serviços.
A PMgC equivale à relação entre o acréscimo no consumo desejado em decorrência do
acréscimo na renda da coletividade:
PMgC
=
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∆C
∆Y
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Em termos gráficos, a PMgC
corresponde à inclinação da reta
que forma a função de consumo
linear: PMgC = ∆C / ∆Y
= (C2– C1 ) / (Y2 – Y1)
A PMgC tem seu valor entre zero e a
unidade. Dificilmente o população
poderia aumentar por muito tempo
o consumo mais do que o
acréscimo na renda.
Logo, 0 < PMgC < 1
O equilíbrio entre a oferta
agregada (ou renda nacional) Y e
a demanda (despesa) agregada
DA ocorre sempre sobre a reta de
45°, conforme a figura ao lado.
Pode-se observar que no ponto de
encontro das duas linhas obtém-se
a renda de equilíbrio (ye) igual à
despesa agregada DA, equivalente
a um nível de oferta agregada Y.
Condição de equilíbrio: Y = DA
Função consumo: C = Ca + cY
à Y = Ca + cY à Y – cY = Ca
à Y(1-c) = Ca
Y=
1
1-c
. Ca
Exemplo numérico: Suponha os seguinte dados, para uma certa economia.
•
Consumo autônomo = 10
•
Propensão Marginal a Consumir = 0,8
A Função Consumo será dada por: C = 10 + 0,8Y
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Para achar a renda de equilíbrio, devemos fazer: Y = DA à Condição de equilíbrio
Como DA = C (Todas as despesas são com bens de consumo).
Logo, Y = Ca + cY
Ou seja, Y = 10 + 0,8Y à Y - 0,8Y = 10 à 0,2Y = 10 à Y = 10/0,2 = 50
A renda de equilibrio dessa economia é igual a 50.
Outra maneira de encontrarmos a renda de equilíbrio é usar diretamente a fórmula:
Y=
1
1 – 0,8
. 10
= 50
Como interpretar esse resultado?
Se a renda (Y) é igual a 50, então vamos observar que a produção (oferta agregada)
é igual a 50, a demanda agregada, que nesse caso é composta somente por
despesas de consumo, é dada por:
DA = C à DA = Ca + cY à DA = 10 + 0,8 . 50 = 10 + 40 = 50, logo, Y = DA
Nesse exemplo, uma renda diferente de 50 não equilibra a economia.
Se a renda Y for, por exemplo, igual a 30, o consumo será 10 + 0,8 . 30 = 10 + 24
= 34, portanto a demanda agregada (34) será maior que a oferta agregada (30), ou
seja, haverá um estímulo para as firmas aumentarem o seu nível de produção.
Por outro lado, se a renda for igual a 70, o consumo será igual a 10 + 0,8 . 70 =
10+ 56 = 66, ou seja, haverá uma demanda menor do que a oferta, o que levará as
firmas a reduzirem sua produção no período seguinte.
Dessa forma, o equilíbrio macroeconômico se dá ao nível de renda igual a 50, pois
nesse caso o consumo é igual a 10 + 0,8 . 50 = 10 + 40 = 50, havendo portanto
igualdade entre demanda agregada e oferta agregada.
Vamos agora introduzir os outros setores econômicos no nosso modelo.
O investimento nacional privado (I)
Antes de introduzirmos a repercussão do investimento na determinação da renda e
do emprego de equilíbrio, vamos definir a poupança da coletividade.
A poupança nacional corresponde à parcela da renda nacional que não é gasta em
bens e serviços de consumo produzidos na economia. Da mesma forma que o
consumo, a renda é o fator que, isoladamente, maior influência tem na determinação
do nível de poupança da coletividade. A função poupança pode ser obtida por meio
da renda menos a função consumo, isto é:
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S = Y - C = Y - (Ca + cY)
Logo, a função poupança pode ser escrita assim:
S = - Ca + (1 - c) Y
Em que (1 - c) é definido como a propensão marginal a poupar (PMgS), a qual
corresponde, ao quociente da variação absoluta na poupança pela variação absoluta
na renda da coletividade. Deve-se observar que a soma das propensões marginais a
consumir e a poupar é igual à unidade (PMgC + PMgS = 1).
Imaginemos agora que num dado momento o Consumo seja menor que a produção
(ou renda) Y. Se a economia produz somente bens de consumo e se apenas uma
parcela da renda está sendo consumida, isso significa que a diferença da produção
não consumida deverá ser guardada em estoques nas próprias firmas.
Porém, os empresários já assumiram anteriormente os custos de produção, assim
eles vão ficar sem recursos para saldar seus compromissos. Deverão eles recorrer a
empréstimos, os quais são financiados pelo volume de poupança realizada pela
sociedade como um todo. Assim, na prática os empresários estão financiando seus
investimentos em estoques (produção não vendida) a partir da própria poupança
gerada pela população.
Dessa forma, o investimento em estoques acaba sendo igual à parcela do produto
nacional não consumida. Note-se que, se a população deseja realizar um certo nível
de poupança, e se os empresários desejam também realizar investimentos em
estoques no mesmo valor, a renda nesse momento será também uma renda de
equilíbrio. O valor dos “vazamentos” desejados e realizados do fluxo circular da
renda (poupança) é igual ao montante das “injeções” desejadas e realizadas pelos
empresários (investimento), apesar dessas decisões serem tomadas de forma
independente por diferentes agentes econômicos.
O que acontece agora se os empresários não estiverem dispostos a investir em
estoques? Eles procuram reduzir o volume de produção. A conseqüência é uma
redução na renda e no emprego. Havendo menos renda na economia, o nível de
poupança da população será também menor, adequando-se portanto ao nível dos
investimentos.
Imaginemos uma economia com dois setores produtivos: o de bens de consumo e o
de bens de capital (máquinas, equipamentos e construções civis em geral). Num
primeiro momento as firmas produtoras de bens de consumo e de bens de capital
assumem os custos de remuneração dos fatores de produção (salários, juros, lucros
e aluguel), custos estes que compõem a renda nacional. Os indivíduos, que recebem
essa renda nacional podem gastá-la na compra de bens de consumo ou poupar uma
parte da mesma. Essa poupança financiará os empréstimos às empresas que
desejarem adquirir a produção de bens de capital com o intuito de repor a
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depreciação do seu estoque de capital ou de expandir seus negócios (ou seja, que
desejarem fazer investimentos).
Assim, uma importante condição a ser verificada na determinação da renda de
equilíbrio é de que a poupança planejada seja igual ao investimento planejado:
Sp = Ip
Essa posição é de equilíbrio estável da renda nacional. Isso porque a poupança e o
investimento planejados (situação ex ante) foram exatamente iguais aos realizados
(situação ex post). Eventualmente, na situação ex ante, investimento e poupança
programados podem assumir valores diferentes entre si, porém, na situação ex post,
esses valores são sempre iguais, ou seja, investimento realizado (Ir) é sempre igual à
poupança realizada (Sr). Porém, o nível de equilíbrio estável da renda nacional
apenas ocorre quando os valores planejados são iguais aos realizados. Qualquer
outra posição do nível de renda é caracterizada como de equilíbrio instável, e deve
alterar-se até que a posição de equilíbrio estável se estabeleça.
Qual é o impacto do investimento no nosso modelo? Em primeiro lugar,
consideremos, por enquanto, que os investimentos são gastos autônomos em
relação à renda. Isso quer dizer que as decisões de investimento dos empresários
se baseiam unicamente nas suas expectativas em relação ao futuro.
A demanda agregada agora se compõe de dois tipos de gastos: com bens de
consumo e com bens de capital. Logo,
DA = C + I
A condição de equilíbrio é que a oferta agregada seja igual à demanda agregada, ou:
Y = DA
Se a função consumo é dada por C = Ca + cY e o Investimento (I) é, “autônomo”,
não depende da renda, temos:
Y=C+I
Y = a + cY + I
Y – cY = Ca + I
Y(1-c) = Ca +I
Y=
1
1-c
. ( Ca + I )
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Solução gráfica do equilíbrio com o Investimento
Adicionando o Investimento no
modelo Keynesiano, vamos obter um
aumento da Demanda Agregada, ou
seja, um deslocamento da reta para
cima, como se pode ver no gráfico
ao lado.
Os investimentos nesse modelo são
dependentes apenas das expectativas
dos empresários acerca dos rumos da
economia, e se constituem em gastos
com a compra de bens de capital (ou
variação nos estoques, como visto
anteriormente).
Sendo assim, os investimentos aumentam a demanda agregada, elevando a própria
renda de equilíbrio de Y1 para Y2.
O multiplicador de investimentos
Os investimentos têm um efeito multiplicador sobre o nível de renda. O multiplicador
é um certo coeficiente associado à variação dos investimentos que determina a
magnitude de variação no nível da renda nacional.
Voltemos ao exemplo numérico anterior. A renda de equilíbrio era igual a 50. Se as
empresas resolverem fazer investimentos num montante igual a 2, quanto será o
aumento resultante na renda?
Y=
1
1 – 0,8
. ( 10 + 2 )
= 60
Portanto, ∆I = 2, mas ∆Y = 60 –50 = 10, o aumento da renda foi 5 vezes maior que
o aumento dos investimentos. Esse é o chamado efeito multiplicador dos
investimentos, representado pela letra “k”, sendo equivalente à expressão:
k=
1
1-PMgC
=
1
PMgS
Nessa fórmula, podemos notar que, quanto maior a PMgC (ou menor a PMgS), tanto
maior será o multiplicador. No exemplo numérico, o multiplicador corresponde a 5.
O efeito multiplicador ocorre devido ao fato de que quando uma empresa resolve
investir, ela necessariamente vai realizar compras de bens de capital em outras
empresas. Essas, por sua vez, para atender a esse aumento da demanda, deverão
elevar sua produção, e para isso vão precisar de mais fatores de produção, como por
exemplo, contratar mais trabalhadores, ou usar mais terra e recursos naturais, ou
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ainda comprar bens e serviços de outras empresas. Assim, ocorre um aumento no
nível do emprego e, conseqüentemente, na geração de renda. Conseqüentemente,
se a renda se eleva, o consumo se eleva, a demanda por bens e serviços se eleva
mais uma vez, etc. Há uma repercussão do investimento inicial pelos demais setores
da economia, no sentido de gerar aumentos da demanda agregada (e portanto da
produção e da renda) em diversos outros setores da economia.
Observa-se, no exemplo anterior, que o investimento inicialmente acrescido (∆I = 2)
gerou um efeito multiplicador sobre a renda (∆Y = 10) cinco vezes maior. Mas, se no
ano seguinte o investimento voltar a ser igual a zero, a renda também cairá para o
nível inicial de 50. Assim, o multiplicador serve tanto para expandir como para
contrair a renda nacional, caso se aumente ou reduza o nível de investimento. Desse
modo, uma vez atingido um certo nível de renda nacional por meio de um
determinado nível de investimento, é necessário, para manter o mesmo nível de
renda nos períodos seguintes, manter o mesmo nível de investimento.
O “paradoxo da parcimônia”
Se existe um efeito multiplicador, que produz aumentos de renda maiores que o
próprio aumento nos investimentos, então é interessante para a economia que haja
estímulos aos acréscimos de investimentos. Mas como financiar mais investimentos?
Uma resposta poderia ser aumentando os níveis de poupança. Mas aí surge o
“paradoxo da parcimônia”.
Se a população se tornasse mais “parcimoniosa”, quer dizer, mudasse seus padrões
de consumo, passando a querer poupar uma parcela maior da renda, isso
acabaria por reduzir o efeito multiplicador dos investimentos. Esse é “paradoxo da
parcimônia”. Vamos ver um exemplo numérico, usando ainda os dados anteriores:
Se a população mudasse seus hábitos de consumo, a tal ponto de reduzir a P MgC para
de 0,80 para 0,75, o novo valor de k (multiplicador) seria igual a 1 / 0,25 = 4,
portanto um investimento de 2 só produziria um incremento de 8 na renda nacional.
Assim, se a população resolve poupar uma parcela maior da sua renda, o impacto
dos investimentos sobre a própria renda será menor (haverá uma redução no
multiplicador).
Vejamos agora o que acontece com a introdução de mais uma variável no nosso
modelo: o Governo.
Os gastos do Governo (G)
As despesas do governo, tais como construção de estradas, portos, sistemas de
saneamento, projetos de irrigação, parques e vias públicas, etc, constituem-se no
terceiro elemento da demanda agregada. Acréscimos nestes gastos governamentais
possuem o mesmo efeito multiplicador dos investimentos privados, expandindo o
nível de renda nacional pela expansão da demanda secundária em bens e serviços de
consumo. Assim, a demanda agregada passa a ser descrita como DA = C + I + G.
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No entanto, para financiar seus gastos, o Governo recorre principalmente à
arrecadação de tributos (T). A tributação nos leva a rever a função consumo, pois
agora o mesmo depende da renda disponível e não mais da renda total apenas.
temos que reescrever a função consumo da seguinte maneira:
Yd (Renda disponível) = Y – T à C = Ca + cYd (a função consumo agora depende
da renda disponível). Logo,
C = Ca + c (Y – T).
Isso porque os indivíduos farão seus gastos de consumo baseados somente no
montante de renda disponível, ou seja, após o pagamento dos tributos.
Por enquanto vamos supor que os níveis de gastos e de tributação do governo serão
fixados de forma autônoma em relação à renda, do mesmo jeito como foram
tratados os investimentos privados. Teremos a seguinte solução algébrica:
Demanda Agregada: DA = C + I + G
Condição de equilíbrio: Y = DA; Logo, Y = C + I + G à Y = Ca + c( Y – T ) + I + G
à Y = Ca + cY – cT + I + G à Y –cY = Ca + I + G – cT
Y=
1
. ( Ca + I + G - cT )
1-c
Suponhamos G = 5 e T = 5; vamos obter a seguinte renda de equilíbrio:
Y=
1
1 – 0,8
. ( 10 + 2 + 5 – 0,8 . 5 )
= 5 . 13 = 65
Observe que os gastos do governo (G) representam uma “injeção” do nível de renda
e a tributação (T) representa um “vazamento”. Ora, à primeira vista não deveria
haver aumento sobre a renda de 50, pois o Governo está gastando 5 e também
arrecadando 5 (ou seja, G=T); os dois efeitos deveriam se anular.
Porém isto não ocorre. A renda cresceu, de 60 para 65, ou seja, cresceu em 5. A
explicação é que o multiplicador dos gastos do Governo expande o nível de renda
mais do que a tributação a reduz. Esse é o Teorema do orçamento equilibrado.
Nesse caso, o multiplicador líquido do orçamento equilibrado é igual a 1, o que
significa que o acréscimo final sobre o nível de renda equivale exatamente ao valor
da variação do gasto governamental (∆G) – isso somente quando G = T.
Portanto, lembrando a condição de equilíbrio: Y = DA, temos que
Oferta Agregada (produção, renda nacional) = Y = C + S + T
Demanda agregada (despesa nacional) = DA = C + I + G
No equilíbrio, temos Y = DA à C + S + T = C+ I + G, logo I = S + ( T - G )
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Assim, uma parte do investimento privado nacional pode ser financiado pelo
superávit fiscal do governo, se T – G > 0.
Se houver déficit fiscal (T - G < 0), este estará sendo financiado por parte da
poupança privada (S), portanto reduzindo o investimento privado (I).
O Setor Externo
Vamos agora abrir a economia para o comércio exterior, completando nosso modelo
macroeconômico de curto prazo. Vamos considerar somente o movimento líquido das
exportações sobre as importações em bens e serviços (equivalente à balança de
transações correntes). Não serão considerados os movimentos de capitais externos,
na forma de divisas (moeda extrangeira).
As exportações contribuem positivamente sobre o nível de renda. Para atender à
demanda dos estrangeiros pelos nossos produtos, as empresas aumentam a
produção e, conseqüentemente, o emprego dos fatores disponíveis no país. O
contrário ocorre quando o país importa produtos do exterior, pois o efeito
multiplicador de renda ocorre nos países de origem das exportações.
O modelo completo, introduzindo o setor externo da economia, fica assim:
Y=
1
1-c
. ( Ca + I + G - cT + X - M)
Estamos também considerando as exportações (X) e importações (M) como sendo
autônomas, ou seja, independentes do nível da renda.
Financiamento dos investimentos numa economia aberta
Vimos que os investimentos privados poderiam ser financiados, em parte pelo
superávit fiscal do Governo (T – G > 0). Outra parte pode ser financiada pelo déficit
da balança de transações correntes (M – X > 0).
Voltando à condição de equilíbrio: Y = DA, temos que
Oferta Agregada (produção, renda nacional) = Y = C + S + T
Demanda agregada (despesa nacional) = DA = C + I + G + X - M
No equilíbrio, temos Y = DA à C + S + T = C+ I + G + X – M
Logo: I + G + X – M = S + T à I = S + (T – G) + (M - X)
Em outras palavras, o investimento privado pode ser financiado pela poupança
interna mais a poupança do governo (superávit T – G) mais a poupança externa que
corresponde ao déficit em transações correntes no Balanço de Pagamentos (M – X).
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Atenção para esse detalhe: o déficit em transações correntes (M – X > 0)
corresponde a uma poupança externa positiva.
A explicação é a seguinte: as importações devem ser pagas com divisas (moeda
estrangeira - geralmente dólares) e, para que isso aconteça, deverá haver entrada
de divisas, por meio das exportações. Se M – X > 0, é necessário que entrem no país
divisas por outras formas, tais como investimentos estrangeiros no país ou
financiamentos privados e governamentais, para cobrir esse acima. Portanto, as
despesas do país estão sendo, em parte, financiadas pela poupança gerada em
outros países (os que estão nos emprestando o dinheiro, as divisas para cobrirmos
nosso déficit).
O pagamento desses empréstimos é feito ao longo dos anos, e por isso o país vai
acumulando uma dívida externa que tende a crescer, inclusive pela adição dos juros.
Evidentemente o maior risco, no longo prazo, é acumular um endividamento muito
elevado, o qual O país tenha dificuldades em controlar e saldar.
A fórmula completa do multiplicador dos gastos autônomos
Agora que incorporamos todas as variáveis no nosso modelo, vamos observar como
fica a fórmula final da determinação da renda, bem como do multiplicador dos gastos
autônomos. Consideremos os seguintes parâmetros:
1) Função consumo: C = Ca + c . Yd
Onde: Ca = Consumo autônomo (ou consumo mínimo), não depende da renda;
c = Propensão Marginal a Consumir, estável no curto prazo, sendo 0 < c < 1.
Yd = renda disponível, ou seja, Y – T (tributação)
2) Investimento (I): será composto unicamente pelo investimento privado autônomo,
ou seja, seu montante depende das expectativas dos empresários acerca da
rentabilidade futura dos seus negócios;
3) Governo: Realiza gastos autônomos (G) em relação à renda. A tributação agora
depende da renda, sendo dada por T = t.Y, onde:
t = propensão marginal a tributar (equivale à parcela da renda que será destinada à
arrecadação do Governo; observe que antes havíamos feito uma simplificação,
considerando que a tributação era completamente autônoma em relação à renda).
4) Setor Externo: compõe-se das exportações (X), autônomas em relação à renda, e
das importações, estas agora dadas por M = m.y (em que “m” corresponde à
propensão marginal em importar; quanto maior a renda, maior será o volume de
compras no exterior).
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Portanto, temos que, no equilíbrio, Y = DA, sendo DA = C + I + G + X - M
Logo, podemos escrever: Y = C + I + G + X – M
Ou ainda: Y = (Ca + c.Yd) + I + G + X – m.Y
Y = Ca + c.(Y – T) + I + G + X – m.Y
Y = Ca + c.(Y – t.Y) + I + G + X – m.Y
Y = Ca + c.Y – c.t.Y + I + G + X – m.Y
Y - c.Y + c.t.Y + m.Y = Ca + I + G + X
Y (1 - c + c.t + m) = Ca + I + G + X
Y (1 – c.(1 - t) + m) = Ca + I + G + X
Y
=
1
1 – c.(1 - t) + m
. Ca + I + G + X
Assim, no modelo completo, o multiplicador dos gastos autônomos passa a depender
da propensão marginal a consumir, da propensão marginal a tributar e da propensão
marginal a importar, ou seja:
k
=
1
1 – c.(1 - t) + m
Lembrando que (Ca + I + G + X) correspondem à soma dos gastos autônomos.
Assim, para saber o efeito do aumento (ou redução) de qualquer um dos
componentes dos gastos autônomos basta usar o multiplicador. Por exemplo,
supondo que haja aumento nos investimentos, devemos usar a relação abaixo:
K
=
∆Y
∆I
Que pode ser escrita também como:
∆Y = k . ∆I
Exemplo: suponha os seguintes valores:
•
Propensão marginal a consumir = 0,8
•
Propensão marginal a tributar = 0,2
•
Aumento nos investimentos = 40
•
Aumento na Renda = ?
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Solução:
k
=
1
1 – 0,8. (1 – 0,2 t) + 0
K = 2,77
∆Y = k . ∆I
∆Y = 2,77 . 40
∆Y =110,8
Questões de Concursos
01. (AFRF-2003) – Considere as seguintes informações para uma economia fechada e com
governo:
Y = 1200
C = 100 + 0,7.Y
I = 200
Onde:
Y = produto agregado;
C = consumo agregado;
I = investimento agregado.
Com base nestas informações, pode-se afirmar que, considerando o modelo keynesiano
simplificado, para que a autoridade econômica consiga um aumento de 10% no produto
agregado, os gastos do governo terão que sofrer um aumento de:
a) 60%
b) 30%
c) 20%
d) 10%
e) 8%
02. (ESAF) - Indique a opção falsa. No modelo keynesiano de determinação da renda,
a) os acréscimos à capacidade produtiva resultantes do aumento de investimento não são
computados, pois o estoque de capital, no curto prazo, é supostamente dado.
b) um aumento no investimento resultará em um aumento na renda de equilíbrio, menor se a
receita de impostos for função crescente da renda do que se o imposto for fixo.
c) quando os gastos do governo e as receitas de um imposto fixo são aumentados no
mesmo montante, a renda nacional cresce no valor do aumento dos gastos do governo.
d) os multiplicadores dos itens de despesa considerada autônoma- como investimentos,
gastos do governo ou exportações - são todos iguais e positivos.
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e) A igualdade entre investimento realizado e poupança planejada é condição de equilíbrio.
03. (ESAF) - A ocorrência do efeito multiplicador keynesiano da procura global de bens e
serviços será garantida se
a) a economia estiver operando com pleno emprego da mão-de-obra.
b) houver equilíbrio entre a procura e a oferta globais de bens e serviços.
c) o fluxo do investimento adicional for mantido.
d) houver equilíbrio no mercado monetário.
e) houver equilíbrio no balanço de pagamentos.
04. (ESAF) - O multiplicador keynesiano do orçamento equilibrado é
a) positivo e maior que um.
b) positivo e localizado entre zero e um.
c) igual a zero.
d) igual a um.
e) Negativo com valor absoluto maior que um.
05. (ESAF) - Indique o nível de equilíbrio da renda no modelo keynesiano para uma
economia com as seguintes características: propensão marginal a consumir a renda
disponível = 0,75; consumo autônomo = 20; investimentos = 50; imposto global = 80; gastos
do governo = 80.
a) 280
b) 360
c) 440
d) 520
e) 600
06. (ESAF) - Dados, para uma economia hipotética: C = 10 + 0,8 Yd; I = 15 + 0,1 Y; G= 50;
X = 18; M= 8 + 0,2Y; T = 2 + 0,1 Y, sendo C = consumo das famílias, Yd = renda disponível,
Y = nível da renda; G = gastos do governo, X = exportação de bens e serviços, M =
importação de bens e serviços, T = tributação.
a) Se o governo aumentar seus gastos em 100 unidades monetárias, financiando esses
gastos com igual aumento no componente autônomo da tributação, o nível de equilíbrio da
renda diminuirá.
b) O multiplicador dos gastos do governo será igual a 5.
c) Se o governo aumentar seus gastos em 100 unidades monetárias, financiando esses
gastos com igual aumento no componente autônomo da tributação, o nível de equilíbrio da
renda aumentará.
d) A propensão média a consumir é igual a 0,8.
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e) Se o governo aumentar seus gastos em 100 unidades monetárias, financiando esses
gastos com igual aumento no componente autônomo da tributação, não se modificará o
nível de equilíbrio da renda.
07. (ESAF) - Em uma economia, a propensão marginal a consumir é igual a 0,8 e a
propensão marginal a importar é igual a 0,2. Um aumento das exportações de $ 100,00, fará
com que a renda nacional aumente em $
a)
b)
c)
d)
e)
100
150
200
250
300
08. (ESAF) - Pelo "teorema do orçamento equilibrado", uma idêntica elevação das despesas
e da tributação do governo fará com que a renda nacional de equilíbrio
a) permaneça inalterada.
b) diminua.
c) aumente.
d) diminua com a queda da propensão marginal a consumir.
e) aumente com o crescimento da propensão marginal a poupar.
09. (ESAF) - Uma elevação do nível das exportações de um país que esteja abaixo do pleno
emprego fará com que a renda em equilíbrio
a) caia menos que proporcionalmente à elevação das exportações.
b) eleve o nível de desemprego desse país.
c) fique inalterada.
d) aumente mais do que a elevação das exportações.
e) caia mais que proporcionalmente à elevação das exportações.
10. (ESAF) - Se a função consumo é C = 100 + 0,8 (Y - T), onde Y é a renda e T são os
impostos, e tanto os impostos quanto os gastos do Governo aumentam R$ 1, o nível de
equilíbrio da renda irá
a) permanecer constante.
b) aumentar R$ 1.
c) aumentar R$ 3.
d) cair R$ 4.
e) cair R$ 2.
11. (ESAF) - Considere as seguintes informações para uma economia hipotética, num
determinado período de tempo, em unidades monetárias: consumo autônomo = 100;
investimento agregado = 150; gastos do governo = 80; exportações = 50; importações = 30.
Pode-se então afirmar que
a) se a propensão marginal a consumir for 0,8, a renda de equilíbrio será de 1.700.
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b) se a propensão marginal a poupar for 0,3, a renda de equilíbrio será de 1.700.
c) se a propensão marginal a consumir for 0,6, a renda de equilíbrio será de 1.730.
d) se a propensão marginal a consumir for 0,7, a renda de equilíbrio será de 1.800.
e) se a propensão marginal a poupar for 0,2, a renda de equilíbrio será de 1.750.
12. (AFRF-2002) - Considere os seguintes dados: C = 500 + c.Y; I = 200; G = 100; X = M =
50, onde C é o Consumo, c a propensão marginal a consumir, I o investimento, G os gastos
do governo, X as exportações e M as importações. Com base nessas informações, é correto
afirmar que
a) se a renda de equilíbrio for igual a 2.500, a propensão marginal a poupar será igual a 0,68.
b) se a renda de equilíbrio for igual a 1.000, a propensão marginal a consumir será maior do que a
propensão marginal a poupar.
c) se a renda de equilíbrio for igual a 2.000, a propensão marginal a consumir será igual a 0,5.
d) se a renda de equilíbrio for igual a 1.600, a propensão marginal a consumir será igual à propensão
marginal a poupar.
e) não é possível uma renda de equilíbrio maior do que 2.500.
13. (ESAF) - Considere as seguintes informações: C = 100 + 0,7Y; I = 200; G = 50; X = 200;
M = 100+ 0,2Y, onde C = consumo agregado; I = investimento agregado; G = gastos do
governo; X = exportações; M = importações. Com base nessas informações, a renda de
equilíbrio e o valor do multiplicador são, respectivamente,
a) 900 e 2
b) 1.050 e 1,35
c) 1.000 e 1,5
d) 1.100 e 2
e) 1.150 e 1,7
14. (ESAF) - Com relação ao multiplicador keynesiano, é correto afirmar que
a) se a propensão marginal a consumir for igual à propensão marginal a poupar, o seu valor
será igual a um.
b) numa economia fechada, seu valor depende da propensão marginal a poupar, pode ser
menor do que um e só é válido para os gastos do governo.
c) numa economia aberta seu valor depende da propensão marginal a consumir e a
importar, pode ser negativo e vale apenas para os gastos do governo e exportações
autônomas.
d) numa economia fechada, seu valor depende da propensão marginal a poupar, não pode
ser menor do que um e vale para qualquer componente dos denominados gastos
autônomos agregados.
e) seu valor para uma economia fechada é necessariamente menor do que para uma
economia aberta.
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III - Sistema Monetário – Oferta e Demanda de Moeda
Moeda e Sistema Monetário
A moeda é um elemento de papel fundamental no sistema econômico. O estudo da
moeda corresponde à chamada Teoria Monetária, campo do conhecimento que
aborda os impactos da mesma na economia. O Sistema Monetário compreende um
conjunto abrangente de instituições e instrumentos que cumprem funções
importantes, tais como:
•
A transferência de recursos financeiros entre os agentes econômicos
“superavitários” (aqueles que se encontram com “sobras” de recursos num
dado momento) e os agentes econômicos “deficitários” (aqueles que no
mesmo instante se encontram com “falta” de recursos);
•
A promoção do desenvolvimento econômico, pelo dinamismo que a moeda
imprime às relações de troca de mercadorias entre os indivíduos;
•
O aumento da liquidez de ativos reais, ou seja, a possibilidade de transacionar
com mais facilidade os diversos bens que compõem o patrimônio dos
indivíduos;
•
O aumento da eficiência produtiva dos recursos reais da economia, na medida
em que é possível aumentar a velocidade de circulação dos bens e serviços
produzidos num certo intervalo de tempo; e
•
A existência de um meio para que o Governo possa proceder à condução da
Política Monetária, ou seja, alterações na Oferta de Moeda no sentido de
ajustar a Demanda Agregada e dessa forma a Produção e a Renda.
Sem as funções realizadas pela moeda e pelos instrumentos citados, a economia de
mercado, tal como a conhecemos hoje, seria inviável. O conjunto de instituições e
instrumentos financeiros se encontram em constante transformação, o que revela o
seu dinamismo. As instituições financeiras incluem, por exemplo, o Banco Central, os
bancos comerciais, as sociedades corretoras e distribuidoras, além de diversas outras
instituições governamentais e privadas.
Entre os instrumentos financeiros podemos citar a moeda propriamente dita, (papelmoeda e moedas metálicas), os depósitos à vista nos bancos comerciais, os
depósitos a prazo, aplicações em fundos de investimento, as letras de câmbio, as
operações de crédito, etc.
Existem ainda instrumentos de política econômica, empregados pelo Governo na
execução da sua Política Monetária, tais como a taxa de redesconto, as operações de
mercado aberto, a alíquota dos depósitos compulsórios dos bancos comerciais, entre
outras que veremos logo a seguir.
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Moeda: Conceito e Funções
Podemos conceituar moeda como sendo todo objeto de aceitação geral, utilizado na
troca de bens e serviços, que tem poder liberatório (ou seja, capacidade de
pagamento) instantâneo. Na sua origem a moeda costumava ter seu valor lastreado
em ouro, isto é, o Governo só emitia notas e moedas metálicas se possuísse um
valor equivalente em ouro (essa era a idéia do “padrão-ouro”). Atualmente não
existem mais nenhum “lastro” que garanta o valor material das notas e moedas em
circulação. Seu valor é garantido por lei, sendo chamada também de moeda
“fiduciária” (“fidùcia” significa “confiança”). Diz-se que hoje predomina a chamada
moeda “de curso forçado”.
A moeda pode ser também definida como tudo aquilo que a sociedade utiliza para
desempenhar as seguintes funções: meio ou instrumento de troca, unidade de conta
e reserva de valor. Vamos analisar cada uma delas:
•
Meio ou instrumento de troca
A moeda serve para intermediar as trocas de mercadorias entre os diversos
produtores, sendo a mesma um elemento de aceitação geral. Se não existisse a
moeda, as trocas de mercadorias entre os agentes econômicos seriam diretas (o que
se denomina “escambo”) o que acarretaria uma série de limitações para o comércio.
Por exemplo, um pescador que desejasse comprar pão teria que encontrar um
padeiro que desejasse peixes, e com ele entrar em entendimento para fechar o
negócio. Portanto, haveria a necessidade de uma dupla coincidência de desejos.
Além disso, seria necessário também que eles entrassem em acordo acerca do valor
relativo das duas mercadorias. Quantos pães valem um peixe, e vice-versa? E se um
peixe custasse o equivalente a 2,5 pães? O padeiro iria aceitar ceder somente meio
pão?
•
Unidade de conta
A moeda é amplamente usada para se comparar o valor de diversas mercadorias. A
moeda funciona como um denominador comum, sendo possível somar, por exemplo,
o valor de um carro com o de um computador e com o de uma casa, e encontrar um
valor total para esses três bens distintos, expresso em unidades monetárias. Desse
modo, a unidade de conta pode ser usada contabilmente.
No exemplo anterior, basta que o pescador saiba o preço do peixe em unidades
monetárias e do pão em unidades monetárias, para saber quantos peixes deverá
vender durante a semana ou mês e o quanto terá disponível, nesse intervalo, para
adquirir as diversas mercadorias, inclusive o pão, pois todas as mesmas se
encontram avaliadas, no mercado, em termos de valores monetários (equivalentes
aos preços de cada mercadoria).
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•
Reserva de valor
Os vendedores das mercadorias aceitam a moeda nas suas trocas porque sabem que
a mesma é de aceitação geral, por isso eles não terão dificuldade em “transformá-la”
novamente nos diversos bens e serviços de que necessitam. Assim, a moeda
representa um direito que seu possuidor tem sobre as mercadorias. O indivíduo que
recebe moeda não precisa gastá-la imediatamente, podendo guardá-la para o uso
posterior. Isso significa que ela serve como reserva de valor. Vamos entender isso
como sendo um certo “poder de compra” que pode ser guardado para uso futuro.
No exemplo do pescador, os bens que ele oferece no mercado – os peixes – de
modo algum poderiam cumprir essa função de reserva de valor, devido ao fato de
que são perecíveis. O pescador não tem como reservar, guardar seu poder de
comprar se mantiver o mesmo sob a forma de peixes. Precisa, portanto, converter
seus peixes rapidamente em moeda, para poder preservar seu poder de compra.
Logicamente, para que a moeda possa cumprir bem essa função, necessita ter um
valor relativamente estável ao longo do tempo, de modo que o indivíduo que a
possua tenha uma idéia precisa de quanto pode obter em troca. Nos processos
inflacionários, como veremos mais adiante, a moeda vai perdendo ao longo do
tempo o seu valor real, o que reduz o poder de compra dos indivíduos que a detém.
Mesmo assim, no curto prazo, a moeda cumpre satisfatoriamente essa função.
A moeda é hoje um elemento extremamente importante no sistema econômico, pois
compõe o lado monetário do nosso Fluxo Circular da Renda. Vamos ver como o
“Lado Monetário da Economia” se comporta. Nosso ponto de partida é observar que
assim como existe um mercado de bens e serviços, existe também um mercado de
moeda.
Sendo assim, vamos estudar agora os dois lados desse mercado: a Oferta e a
Demanda de Moeda. Veremos a seguida como se dá o equilíbrio nesse mercado.
A Oferta de Moeda
Podemos chamar de Oferta de Moeda o total de meios de pagamento que
existem numa economia, num certo instante do tempo, ou ainda, o estoque total
de moeda que existe naquele momento.
Observe que a Oferta de Moeda é uma variável um pouco diferente daquelas que já
analisamos anteriormente, tais como a produção, a renda, o investimento, etc. A
Oferta de Moeda é uma variável do tipo estoque, ou seja, é um valor medido
num certo instante do tempo. As outras variáveis que vimos antes, tais como a
produção e a renda, por exemplo, eram variáveis do tipo fluxo, ou seja, são
medidas ao longo de um certo período de tempo.
Por essa razão, quando falamos no PIB (variável “fluxo”) nos referimos ao PIB de um
certo período, de um certo ano, de um trimestre, etc... Quando falamos na Oferta de
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Moeda (variável “estoque”), estamos pensando no seu valor hoje, ou há três meses
atrás, ou em janeiro de 2002, etc...
De onde vem a Moeda? Nas economias modernas, o Governo tem o monopólio da
emissão da moeda, através das Autoridades Monetárias. No Brasil, o Banco Central
tem o poder de determinar a emissão de papel-moeda e moedas metálicas. O
processo acontece do seguinte modo: em primeiro lugar, o Banco Central ordena à
Casa da Moeda que fabrique as moedas metálicas e o papel-moeda. À medida que
essa moeda nova vai sendo colocada em circulação no mercado, os indivíduos vão
também depositando moeda em suas próprias contas correntes nos bancos
comerciais, o que se denomina depósitos à vista.
Assim, podemos chegar a um primeiro conceito de Oferta de Moeda:
M = PP + DV
Onde:
M = Saldo Total dos Meios de Pagamento (Oferta de moeda)
PP = Papel-moeda e moedas metálicas em poder do público;
DV = Saldo dos depósitos à vista nos bancos comerciais.
O item PP (papel-moeda e moedas metálicas em poder do público) correspondem ao
conceito de moeda manual. O item DV (saldo dos depósitos à vista nos bancos
comerciais) equivale ao conceito de moeda escritural (porque não têm forma
física, correspondem a registros contábeis nos bancos comerciais).
Agora podemos observar que existem duas situações muito comuns: a criação e a
destruição de meios de pagamento. Calculamos a oferta de moeda, ou o total dos
meios de pagamento, em sentido restrito, M1, como sendo a soma das moedas em
poder público (moeda manual) e dos depósitos à vista em poder nos bancos
comerciais (moeda escritural). Ou seja, M1 representa os agregados monetários de
liquidez imediata que não rendem juros. Exclui, portanto, do seu cálculo, as
chamadas quase-moedas, como títulos públicos, depósitos de poupança, depósitos
a prazo, entre outros. Quase-moedas são ativos que liquidez muito alta, quase tão
alta quanto a da moeda, e que rendem juros ao seu possuidor.
Dizemos que há criação de moeda quando acontece um aumento do volume de M1,
ou seja, quando cresce o volume da soma de moeda manual e de moeda escritural.
Por outro lado, há destruição de moeda quando se reduz o volume de meios de
pagamento. Exemplos das duas situações:
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•
Um indivíduo efetua um depósito à vista num banco. Não acontece criação
nem destruição de moeda, mas somente uma transferência entre moeda
manual e moeda escritural;
•
Um indivíduo efetua um depósito a prazo. Nesse caso, existe destruição de
meios de pagamento, pois depósitos a prazo não são considerados meios de
pagamento, no sentido estrito (M1);
•
Um banco compra de uma pessoa alguns títulos da dívida pública, pagando
em moeda. Acontece criação de meios de pagamento, pois aumenta o
volume de moeda manual em poder do público.
A criação (ou destruição) de moeda manual corresponde, assim, a um aumento (ou
diminuição) de moeda em poder do público, enquanto para a moeda escritural sua
criação (ou destruição) ocorre quando há um acréscimo (ou decréscimo) dos
depósitos à vista nos bancos comerciais.
Podemos perceber, portanto, que o crescimento da oferta de moeda (saldo dos
meios de pagamento) pode ser causado:
•
Pelo Banco Central, que tem o monopólio das emissões de moeda; O passivo
monetário do Banco Central é conhecido como base monetária e é como a
moeda é inicialmente emitida. A base monetária consiste da moeda emitida
mais as reservas bancárias. Corresponde, assim, a praticamente toda a moeda
"física" disponível (papel-moeda e moedas metálicas) que está em poder do
público, ou, então, com os bancos. O Banco Central controla a base
monetária, e, dessa forma, os demais agregados.
•
Pelos bancos comerciais, por meio dos depósitos à vista. Um depósito à vista
num banco comercial representa um direito que o depositante possui sobre
uma determinada quantia. Em outras palavras, quando um banco recebe um
depósito à vista, ele promete pagar a quantia depositada ou uma parte desta,
quando para tal foi solicitado. Normalmente, essa solicitação é feita por meio
de cheques. Ocorre, entretanto, que a todo instante existem depósitos e
saques, de tal forma que somente uma parcela do total dos depósitos é
necessária para atender ao movimento. Esta parcela é normalmente pequena
e é suficiente para atender às necessidades de caixa dos bancos, ou seja,
pagar os cheques que são descontados. Dessa forma, o banco comercial pode
fazer "promessas de pagar" em um valor múltiplo do total de depósitos iniciais
e usar os fundos assim obtidos para efetuar empréstimos.
Assim, os bancos comerciais têm um poder de expandir a moeda escritural,
conhecido como multiplicador monetário. Para mostrar o mecanismo de
expansão monetária (ou seja, da oferta de moeda por meio dos bancos comerciais),
vamos supor que os bancos comerciais mantenham uma parcela de r% dos seus
depósitos como reservas e emprestem os restantes (1 - r)% ao público; r é
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chamada de taxa de reservas ou de encaixes bancários, ou relação reservas/depósitos.
r=
Reservas dos Bancos
Saldo dos Depósitos à Vista
Imaginemos que essa taxa de reservas seja igual a 40%. Assim, os bancos mantém
nas suas reservas cerca de 40% do saldo dos seus depósitos à vista, e os outros
60% eles decidem emprestar ao público. Suponhamos que o total dos depósitos à
vista seja igual a $10.000. Desse montante, os bancos mantém $ 4.000 como
reservas, e podem emprestar $6.000.
Ao emprestar esses $6.000, os bancos colocam moeda nas mãos do público, e os
indivíduos farão novos depósitos no próprio sistema bancário. Portanto, esses $
6.000 retornarão ao sistema bancário, e poderão gerar novos empréstimos. Os
bancos manterão 40% desse valor na forma de reservas, ou seja, $ 2.400 e
oferecerão empréstimos no valor de $ 3.600 (que são os 60% restantes). O processo
se inicia novamente, e a cada ciclo se expande a quantidade de moeda escritural
existente na economia.
O valor final da oferta de moeda será dada pelo valor do multiplicador monetário,
que nessa versão simplificada é dado pela fórmula:
m=
1
r
Assim, sendo a taxa de reserva igual a 40%, o valor de m será
m=
1
= 2,5
0,4
Ou seja, o total final dos meios de pagamentos será igual a $10.000 . 2,5 = $25.000.
Essa é uma fórmula simplificada do multiplicador monetário, pois considera que
toda a moeda que vai para as mãos do público retorna ao sistema bancário, na
forma de depósitos à vista. Na realidade uma parte da moeda fica retida nas mãos
de pessoas, equivalendo ao item “moeda em poder do público”.
Suponhamos agora que o público decida reter c% do total dos seus ativos
monetários em moeda manual, não depositada nos bancos; c é a chamada taxa de
retenção do público em relação ao total dos meios de pagamento.
c=
Moeda em Poder do Público
Saldo total dos Meios de
Pagamento
Fazendo essa alteração, a fórmula do multiplicador será agora a seguinte:
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m=
1
1 – (1-c) . (1 – r)
No nosso exemplo, supondo que o público mantenha sempre 10% dos seus recursos
na forma de moeda manual, teremos o seguinte resultado para o multiplicador:
m=
1
1
1
=
=
1 – (1-0,1) . (1 – 0,4)
1-0,9.0,6
0,46
=
2,173
Assim o multiplicador será menor. A quantidade total dos meios de pagamento
nessa economia será igual a $21.730. Como o público mantém uma parte dos meios
de pagamento em mãos, diminui o valor dos depósitos bancários à vista,
diminuindo também o poder dos bancos de criar novas operações de empréstimos
e desse expandir a moeda escritural.
Portanto, O multiplicador monetário varia inversamente em relação à taxa de
reservas ou à taxa de retenção do público:
•
Quanto mais os bancos forem obrigados a reter em caixa (maior r), menos
eles poderão emprestar ao público, e menor a expansão monetária.
•
Quanto maior a taxa de retenção do público (maior c), menos será
depositado nos bancos, e, evidentemente, os bancos contarão com menos
depósitos para repassar a outros clientes.
Atenção:
Uma outra maneira de apresentar a taxa de retenção de moeda pelo público (c) é
através de uma relação entre a moeda manual (em poder do público) e os
depósitos à vista.
Do mesmo modo, a taxa de reservas r pode ser repartida em r1, que é o total de
encaixes voluntários (caixa) dos bancos comerciais, e r2, o total de reservas
obrigatórias que os bancos comerciais devem manter junto ao Banco Central (ambas
calculadas em relação aos depósitos à vista nos bancos comerciais).
As reservas e encaixes voluntários são determinados pela experiência do banco, e
representam a parcela dos depósitos que deve ser guardada em moeda para atender
ao movimento normal do banco. As reservas obrigatórias são determinadas pelas
autoridades monetárias, representando um dos principais instrumentos de política
monetária, que será discutido no próximo item.
Nessas condições, costuma-se apresentar o chamado multiplicador da base
monetária, dado pela fórmula:
m=
1+c
c + r1 + r2
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Exemplo:
Seja “c” (a relação entre a moeda mantida pelo público e o total dos depósitos à
vista – portanto, diferente do “c” visto anteriormente) igual a 0,1 Os bancos
mantém cerca de 15% do valor dos depósitos a vista em caixa (r1), e são obrigados
pelo Banco Central a manter reservas compulsórias equivalentes a 35% dos
depósitos à vista (r2). Nessas condições, o multiplicador da base monetária será:
m=
1 + 0,1
= 1,833
0,1 + 0,15 + 0,35
Portanto, numa questão de concurso, preste atenção para a taxa de retenção da
moeda pelo público (o “c”). Se for em relação ao volume total dos meios de
pagamento, use a fórmula:
m=
1
1 – (1-c) . (1 – r)
Mas, se for em relação ao saldo dos depósito à vista, use a fórmula:
m=
1+c
c + r1 + r2
Ampliando o conceito de Meios de Pagamento
Existem muitos outros ativos, tais como depósitos a prazo, bônus do Banco Central,
cadernetas de poupança, etc, que apesar de não serem considerados moeda em
sentido estrito, apresentam algumas características da moeda em sentido amplo.
Assim sendo, costuma-se chamá-las de quase-moeda, pois podem, sem grandes
problemas, ser transformados em moeda.
Em outras palavras, são ativos de grande liquidez que, apesar de não serem aceitos
normalmente na compra e venda de bens e serviços, podem, rapidamente, ser
convertidos em moeda. Ao calcular o total de moeda de um país utilizamos o
conceito de agregados monetários ou meios de pagamento que podem ou não
incluir as quase-moedas.
No Brasil são cinco os agregados monetários, calculados periodicamente pelo Banco
Central:
M0 = Moeda em poder do público (papel-moeda e moedas metálicas);
M1 = M0 + Depósitos à vista nos bancos comerciais;
M2 = M1 + Depósitos especiais remunerados + Depósitos de poupança +
Títulos emitidos por instituições depositárias;
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M3 = M2 + Quotas de fundos de renda fixa + Operações compromissadas
registradas no Selic (Sistema Especial de Liquidação e Custódia);
M4 = M3 + Títulos públicos de alta liquidez (Letras do Tesouro Nacional,
Notas do Banco Central, etc).
Observe que M0 e M1 são meios de pagamento de liquidez imediata que não
rendem juros. M0 é também chamado de moeda manual ou moeda corrente, e é o
estoque de moeda metálica e papel-moeda que fica em poder das pessoas ou das
firmas.
M1 considera o M0 e mais os depósitos em conta corrente nos bancos comerciais
(também chamados de moeda escritural ou bancária). Até agora vínhamos tratando
do M1 como sendo o total dos meios de pagamento (Oferta de Moeda) em sentido
estrito.
M2, M3 e M4 incluem as quase-moedas, que rendem juros aos aplicadores. Tratamse de outras medidas para o total dos meios de pagamento (Oferta de Moeda) em
sentido amplo.
O Banco Central do Brasil é responsável pela elaboração e divulgação dos agregados
todos os meses. As estimativas são feitas pela posição de último dia útil do mês, bem
como para a média dos saldos dos agregados nos dias úteis do mês.
O Sistema Financeiro
Uma vez que falamos sobre as quase-moedas, vamos analisar o papel do Sistema
Financeiro na economia. Trata-se do conjunto de instituições que realizam a
atividade de intermediação financeira.
Sabe-se que os indivíduos e as empresas eventualmente se encontram numa posição
deficitária (com carência de recursos), e em outros momentos, numa posição
superavitária (com sobra de recursos). Tais situações dependem do mercado, do
ciclo da produção, da sazonalidade dos produtos, do cronograma de recebimentos e
pagamentos, etc, além dos riscos naturais e de mercado aos quais os agentes
econômicos, de modo geral, estão sujeitos.
Desse modo, surge na economia uma atividade que consiste na canalização dos
recursos ociosos dos agentes superavitários para suprir as necessidades dos agentes
deficitários, mediante uma remuneração compensatória (juros) para os primeiros.
O sistema financeiro realiza essa atividade em razão de sua especialização, das
economias de escala obtidas na grande quantidade de operações efetuadas, e de
vantagens regulamentares.
Todas as operações são realizadas com uma diversidade de instrumentos financeiros
que apresentam características de risco, liquidez, rentabilidade e emitente que os
diferenciam. Assim, uma apólice de seguros protege seu titular de um risco; um
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depósito bancário tem uma remuneração acordada de antemão; já uma ação tem
seus rendimentos condicionados por muitos fatores, entre outros. Essa variedade
permite uma transferência de recursos e riscos mais eficientes em toda a sociedade.
Os intermediários financeiros podem ser divididos em bancários (que criam moeda
escritural, pois aceitam depósitos à vista) e não-bancários (não têm o poder de
criar moeda escritural, pois não recebem depósitos à vista; sua captação de recursos
é feita a médio e longo prazo).
O papel dos intermediários bancários
Os intermediários bancários mais importantes no Brasil são os bancos comerciais.
As funções essenciais de um banco são realizar a intermediação financeira, fazer
a transmutação de ativos e servir como câmara de compensação.
Essas funções são realizadas pelos bancos, em razão da especialização e da
existência de economias de escala no volume de transações, no processamento de
informações e na administração de carteiras, bem como por imposição legal. Os
bancos também realizam operações acessórias, tais como os serviços de custódia, a
administração de carteiras, a corretagem e assessoria, entre outras.
a) A função de intermediação financeira refere-se à tarefa de deslocar recursos
de unidades superavitárias para unidades deficitárias, ou, dito de outra forma, de
fazer a ponte entre poupadores e tomadores de recursos. Essa função é feita por
meio de intermediários especializados, e não diretamente entre as unidades, em
razão de economias de escala nas transações, na pesquisa e no processamento de
informações pelos intermediários financeiros. A compra e venda de valores
mobiliários e divisas são exemplos desta função;
b) A função de transmutação de ativos diz respeito à função de transformar
ativos com determinadas características de vencimento, volume, risco de crédito,
risco de preço e liquidez, em outros tipos de ativos com características diferentes.
Por exemplo, depósitos à vista de alguns clientes podem ser transformados num
financiamento de um equipamento para outros clientes. Dessa forma, tem-se que o
prazo de um dia dos depósitos à vista se alonga para a duração do financiamento; o
valor do financiamento é de maior volume que cada um dos depósitos; o risco de
crédito do financiamento é em parte diversificado por estar agregado com outros
ativos, entre outros. O banco, ao transformar ou transmutar os ativos, torna-se mais
frágil, em virtude de possuir um ativo com características diferentes de seu passivo;
c) A função de câmara de compensação é intermediar trocas de moeda ou de
liquidez na economia. Os agentes transferem moeda e fazem pagamentos por
intermédio dos bancos. Não há nenhum motivo para que uma instituição não possa
dedicar-se apenas a esta função, embora geralmente cumpra as outras funções
destacadas acima.
O papel dos Intermediários não-bancários
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Diferentemente dos bancos, não captam recursos por meio de depósitos à vista, e
sim por meios que caracterizam a chamada quase-moeda: depósitos a prazo,
certificados e recibos de depósitos bancários, letras de câmbio. Inclui ainda outros
intermediários, que desenvolvem mais propriamente funções auxiliares e que
promovem um contato direto entre compradores e vendedores de ações, que são os
derivativos e outros títulos mobiliários.
Os intermediários não-bancários no Brasil são todas as instituições financeiras com
exceção dos bancos comerciais. A variedade, o número e a especialização de cada
instituição tem se modificado muito ao longo do tempo. O mercado financeiro é
dividido em segmentos, que, por sua vez, pode ser dividido em subsegmentos. A
segmentação pode ser de muitas formas, por exemplo, por produtos, por região, por
clientes, e assim por diante.
No Brasil, a reforma bancária de 1964 segmentou as instituições por área de
atuação. Cada instituição deveria atuar num mercado específico. Dessa forma, as
financeiras emitiriam letras de câmbio para financiar bens de consumo durável, as
sociedades de crédito imobiliário utilizariam os recursos das cadernetas de poupança
para financiar imóveis, entre outros.
Com o passar do tempo, algumas instituições passaram a atuar em nichos desses
mercados, outras expandiram sua atuação para áreas fora dos limites planejados
naquela reforma. Assim, muitas das atividades dos intermediários financeiros de
antes são feitas por intermediários não financeiros. Firmas comerciais têm cartões de
crédito próprio e captam recursos para financiar diretamente suas vendas. Outras
atividades financeiras ganharam um destaque crescente. As inovações e a
globalização dos mercados financeiros também são responsáveis por essa mudança
constante no mercado.
Os principais intermediários financeiros não bancários brasileiros são:
a) Bancos de investimento: são instituições financeiras destinadas a canalizar
recursos de médio e longo prazos para capital fixo ou de giro das firmas. Suas fontes
de financiamento são a emissão de Certificados de Depósitos Bancários (CDB) e a
captação de recursos externos;
b) Sociedades de crédito, financiamento e investimento (financeiras):
destinam-se a financiar a aquisição de bens de consumo duráveis, por meio do
crédito direto ao consumidor, e o capital de giro para pequenas e médias firmas.
Suas fontes de recursos são as letras de câmbio e empréstimos;
c) Sociedades de crédito imobiliários: têm a finalidade de proporcionar
financiamentos imobiliários diretamente ao mutuário final ou pela abertura de crédito
a favor de empresários, para empreendimentos imobiliários. Suas fontes de recursos
são as letras imobiliárias, depósitos de poupança, repasses da Caixa Econômica
Federal (CEF) e mais recentemente empréstimos externos;
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d) Sociedades de arrendamento mercantil - firmas de leasing: destinam-se a
financiar operações de locação de bens móveis e imóveis. Compram bens seguindo
as instruções de seus clientes e os alugam; ao final do período de aluguel, os clientes
podem comprar o bem de leasing por um valor irrisório. Suas fontes de
financiamento são as debêntures e empréstimos;
e) Sociedades corretoras e distribuidoras: são instituições auxiliares do sistema
financeiro operando com a compra e venda de derivativos e títulos e valores
mobiliários.
Existem ainda instituições oficiais como o Banco do Brasil, o Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e Social - BNDES - e bancos de desenvolvimento, entre
outros, que atuam em todos os mercados.
O Banco Central
A estrutura administrativa e jurídica dos diversos bancos centrais varia largamente
entre os países. No Reino Unido, o Banco Central é o Banco da Inglaterra, que
originariamente era privado. Nos Estados Unidos, encontramos o Sistema Federal de
Reserva, em que 12 bancos regionais compõem o Banco Central. No Brasil, as
funções do Banco Central são desempenhadas pelo Banco Central do Brasil (órgão
normativo, fiscalizador do sistema financeiro, e executor da política monetária) e pelo
Conselho Monetário Nacional (órgão que fixa as diretrizes da política monetária).
Entretanto, em que pese as diferenças institucionais, as funções dos diversos bancos
centrais são praticamente as mesmas:
a) Banco dos bancos: os bancos comerciais podem querer depositar seus fundos
em algum lugar, e, para tanto, necessitam de um mecanismo para transferi-los de
um banco para outro. O Banco Central cumpre este papel. Recebe depósitos dos
bancos comerciais e transfere fundos de um banco para outro.
Os bancos comerciais precisam também de fundos líquidos. Uma das formas de
consegui-los é pedir emprestado ao Banco Central. A taxa de juros que os bancos
comerciais pagam é conhecida como taxa de redesconto.
O Banco Central deve zelar pela estabilidade do sistema bancário. Recusar novos
empréstimos quando achar necessário, e cobrar os empréstimos atrasados. O Banco
Central deve ser "um emprestador de última instância". Sua função deve ser a de
socorrer os bancos em dificuldades, mas somente nestas ocasiões. De outra parte, o
Banco Central pode usar, e realmente usa, este poder de emprestar para controlar e
regular as atividades dos bancos comerciais;
b) Banco do governo: grande parte dos fundos do governo é depositado no Banco
Central. Quando o governo necessita de recursos, normalmente emite títulos
(obrigações) e os vende ao público ou ao Banco Central, obtendo, assim, os fundos
necessários. Mesmo quando o governo vende títulos ao público, ele o faz por meio
do Banco Central. Este é, por estas razões, o agente financeiro do governo. No
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Brasil, uma parte das funções é desempenhada pelos bancos públicos, como o Banco
do Brasil. O Banco Central do Brasil não recebe depósitos do governo; quem o faz é
o Banco do Brasil.
c) Executor da política monetária: o Banco Central é responsável pelo controle
da oferta de moeda, por vários instrumentos. As alterações no volume de moeda têm
impactos em muitas variáveis econômicas importantes, como o nível de emprego, a
taxa de inflação, a taxa de juros, o volume de investimentos, entre outras.
O Banco Central e a Política Monetária
A política monetária se refere aos processos de controle da oferta de moeda, aos
instrumentos utilizados e aos mecanismos de transmissão de seus efeitos. A oferta
de moeda é realizada tanto pelas autoridades monetárias, pela emissão de papelmoeda e moedas metálicas, quanto pelos bancos comerciais que, apesar de não
poderem emitir, podem, no entanto, criar ou destruir moeda.
A política monetária pode ser conceituada como o controle da oferta de moeda,
no sentido de que sejam atingidos os objetivos da política econômica global
do Governo. Alternativamente, pode também ser definida como a atuação das
autoridades monetárias, por meio de instrumentos de efeito direto ou induzido, com
o propósito de controlar a liquidez do sistema econômico.
Tanto a primeira como a segunda definição admite, implicitamente, que as
autoridades monetárias podem exercer o controle da oferta de moeda, sendo esta
dada como variável exógena, ou seja, seu valor não depende de nenhuma outra
variável da economia. O contrário seria uma variável endógena, ou seja, cujo valor
é determinado pela influência de outras variáveis (por exemplo, o consumo em
relação à renda disponível).
Os principais instrumentos da Política Monetária são os seguintes:
a) Fixação das taxas de reservas
Vimos que os bancos comerciais guardam uma parcela dos depósitos como reservas
com a finalidade de atender ao movimento de caixa. Em geral, os bancos centrais
forçam os bancos comerciais a guardar reservas superiores às que seriam indicadas
pela experiência e pela prudência destes estabelecimentos.
Como pôde ser visto, na fórmula do multiplicador apresentada anteriormente, a
relação encaixe-depósito é uma das determinantes do mecanismo de expansão dos
meios de pagamento. Assim, a variação das taxas de reservas obrigatórias acarreta
alterações na criação de moeda por parte dos bancos comerciais.
De outra parte, não só a expansão dos meios de pagamento é afetada pela
modificação nas reservas, mas o próprio volume de moeda escritural é alterado e,
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portanto, a oferta de meios de pagamento. De fato, para um volume de $ 1.000 de
reservas e com uma relação encaixe-depósito igual a 20%, o total de moeda
escritural será $ 5.000 (supondo que a taxa de retenção pelo público seja igual a
zero). Caso o Banco Central altere a relação para 25%, o sistema bancário será
obrigado a reduzir o volume de moeda escritural para $ 4.000, mesmo que suas
reservas permaneçam iguais a $ 1.000, pois agora ele será obrigado a ter como
reservas 25% dos depósitos.
Sendo assim, a determinação do total das reservas (fixação da taxa de reservas) que
os bancos comerciais devem manter junto às autoridades monetárias, à ordem do
Banco Central, é um dos mais poderosos instrumentos de controle do efeito
multiplicador dos meios de pagamento.
Quando o Banco Central aumenta a taxa das reservas compulsórias que os bancos
comerciais devem manter à sua ordem, fica reduzida a proporção dos depósitos
que pode ser convertida em empréstimos, reduzindo os meios de pagamento.
Inversamente, se o Banco Central reduz a taxa de reservas, as disponibilidades para
empréstimos aumentam, expandindo assim os meios de pagamento. Deste modo,
os aumentos na taxa de reserva reduzem o valor do multiplicador e conduzem à
contração da Oferta Monetária. Contrariamente, quando a taxa de reservas é
diminuída, o multiplicador aumenta e os meios de pagamento se expandem.
b) Redesconto ou Empréstimo de Liquidez
As operações de redesconto são um instrumento de política monetária que consiste
na concessão de assistência financeira de liquidez aos bancos comerciais.
Na execução dessas operações, o Banco Central funciona como banco dos bancos,
descontando títulos dos bancos comerciais a uma taxa prefixada, com a finalidade de
atender às suas necessidades momentâneas de caixa, em curtíssimo prazo.
Uma vez que os bancos comerciais podem recorrer a outras formas de solucionar tais
dificuldades (de que são exemplos as mais diferentes formas de socorro
interbancário), o recurso ao redesconto oficial é tido como último recurso. As taxas
de juros cobradas pelo Banco Central têm nítido caráter punitivo, sendo superior às
taxas cobradas pelos bancos comerciais de seus clientes. Assim, quanto à concessão
de assistência financeira via operações de redesconto, o Banco Central é usualmente
definido como prestamista de última instância.
O controle dos meios de pagamento por intermédio do redesconto acontece através
da:
•
Alteração das taxas de juros cobradas pelo Banco Central (forma tradicional
de operar esse instrumento);
•
Mudança dos prazos concedidos aos bancos comerciais para resgate dos
títulos redescontados;
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•
Fixação dos limites da operação ou, ainda
•
Restrição dos tipos de títulos redescontáveis, como pode ser visto na tabela
abaixo.
Redução dos Meios de Pagamento
Aumento dos Meios de Pagamento
Aumento da Taxa de Juros do
Redesconto (punitiva)
Redução da Taxa de Juros do Redesconto
Redução dos Prazos de Resgate
Aumento dos Prazos de Resgate
Redução dos Limites Operacionais
Aumento dos Limites Operacionais
Maiores restrições quanto ao tipo de
títulos redescontáveis
Menores restrições quanto ao tipo de
títulos redescontáveis
c) Operações de Mercado Aberto (open market)
Constituem um instrumento de política monetária mais ágil e de reflexos mais
rápidos, comparativamente com a fixação de reservas e a concessão de redescontos.
A flexibilidade desse instrumento é de tal ordem que ele pode ser eficazmente usado
para regular, no dia-a-dia, a oferta monetária e a taxa de juros. De modo geral o
open market é operado por intermédio da compra e venda de títulos da dívida
pública, de emissão do Banco Central ou do Tesouro Nacional.
Quando as autoridades monetárias desejam expandir a oferta monetária, realizam
operações maciças de resgate (compra) dos títulos da dívida pública em
circulação; com isso, injetam no mercado moeda com alto poder de expansão, o que
resulta na queda da taxa de juros.
A queda na taxa de juros é um estímulo para que aumente a demanda de
investimentos da economia. Os empresários aumentam as suas despesas com a
aquisição de bens de capital e a ampliação das instalações das empresas (veremos
isso com mais detalhe quando estudarmos o Modelo IS-LM, no qual o investimento
privado passa a depender das taxas de juros).
O aumento nos investimentos promove um crescimento na produção de bens de
capital, aumentando a renda e o emprego, e também aumento na procura de bens
de consumo, resultando em crescimento na renda mais do que proporcional devido
ao efeito multiplicador dos investimentos.
Contrariamente, quando as autoridades monetárias desejam o efeito oposto,
emitem e colocam em circulação volumes maciços de títulos da dívida pública,
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retirando do sistema monetário, na proporção dos títulos adquiridos pelos bancos
ou pelo público, moeda que se encontrava em circulação; com isso torna-se menor
a oferta monetária.
Suponhamos que o Banco Central compre títulos governamentais possuídos pelo
público. Como pagamento desta compra, o Banco Central entrega ao possuidor um
cheque na importância devida. Por sua parte, o indivíduo que vendeu os títulos
deposita o cheque num banco comercial no qual seja correntista. Ora, o Banco
Central, quando realiza estas operações, compra títulos de inúmeros indivíduos, os
quais vão seguir o mesmo procedimento, ou seja, depositar os cheques recebidos
nos seus bancos comerciais.
Já estudamos a repercussão do aumento dos depósitos no sistema bancário. Como
apenas parte dos depósitos precisa ser guardada como reserva ou encaixe, os
bancos vão agora se defrontar com encaixes. Estes são a condição necessária, e de
acordo com a hipótese formulada, suficiente para que se dê a expansão múltipla dos
meios de pagamento.
Em resumo, a compra de títulos governamentais, por parte do Banco Central,
acarretou um aumento dos depósitos nos bancos comerciais. Esse aumento, por sua
vez, gerou encaixes excedentes, que foram o ponto de partida para a expansão
múltipla dos meios de pagamentos e, portanto, para um aumento na oferta de
moeda.
O oposto se verificaria caso o Banco Central vendesse títulos. Os indivíduos que os
comprassem pagariam com cheques. Quando o Banco Central descontasse esses
cheques, reduziria as reservas dos bancos que, por sua vez, seriam obrigados a
contrair a oferta de meios de pagamentos, ou seja, reduzir a oferta de moeda.
d) O Controle e a Seleção do Crédito
Este instrumento de política monetária é, muitas vezes, rejeitado pelas correntes
monetaristas ortodoxas, à medida que impõe restrições ao livre funcionamento das
forças de mercado, decorrentes da introdução de controles diretos sobre o volume e
o preço do crédito. Essa rejeição é justificada pelo fato de os controles diretos
provocarem distorções na alocação eficiente dos recursos disponíveis, as quais,
segundo a doutrina liberal, devem resultar dos livres ajustamentos que se processam
nos mercados real e monetário. Segundo essa corrente de opinião, o controle da
oferta de moeda e dos juros pelas autoridades monetárias deve processar-se
preferencialmente por vias indiretas, de que são exemplos as taxas de reservas, o
redesconto e o open market.
A utilização desse instrumento pelas autoridades monetárias pode referir-se às três
seguintes formas de intervenção direta:
1. Controle do volume e da destinação do crédito.
2. Controle das taxas de juros.
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3. Determinação dos prazos, limites e condições dos empréstimos.
Tradicionalmente, à semelhança dos demais instrumentos monetários, o controle e a
seleção do crédito era utilizado para direcionar os recursos captados pelos bancos
comerciais. Gradativamente, porém, esse instrumento passou a ser estendido às
demais instituições financeiras não bancárias, com relação às quais as autoridades
monetárias detêm poderes semelhantes aos aplicados ao sistema bancário. Isto
significa uma forma de extensão do controle das autoridades monetárias sobre os
passivos financeiros (substitutos próximos da moeda) das instituições não bancárias.
Assim, ainda que se entenda deva o conceito de moeda abranger esses passivos, sua
submissão ao controle central se torna possível, ainda que operacionalmente
complexa.
No caso brasileiro, apresenta-se ainda como importante instrumento da Política
Monetária a fixação da taxa de juros básica da economia, a chamada “Taxa Selic”.
“Selic” é a sigla para Sistema Especial de Liquidação e Custódia, criado em
1979 pelo Banco Central e pela Andima - Associação Nacional das Instituições do
Mercado Aberto, com o objetivo de tornar mais transparente e segura a negociação
de títulos públicos. Trata-se de sistema eletrônico que permite a atualização diária
das posições das instituições financeiras, assegurando maior controle sobre as
reservas bancárias.
Atualmente, a “taxa Selic” refere-se à taxa de juros que reflete a média de
remuneração dos títulos federais negociados com os bancos. É considerada como
sendo a taxa de juros básica do mercado financeiro, porque é usada em operações
de empréstimos e resgate de títulos entre os próprios bancos e, com isso, repercute
nas demais taxas de juros da economia. Ressalte-se, porém, que a taxa Selic é
bastante inferior aos juros cobrados ao consumidor final. A diferença corresponde ao
"spread" (diferença entre o custo de captação dos bancos e a taxa efetiva cobrada
dos clientes).
Desde o ano de 1999, quando o governo adotou o sistema de metas de inflação e
o câmbio flutuante (o valor relativo entre as moedas nacional e estrangeiras sendo
definido pelo mercado), a taxa de juros tem sido um dos principais instrumentos
usados para conter a alta de preços.
Quando o Banco Central eleva a taxa Selic, aumenta a atratividade por títulos da
dívida pública do governo, pois eles passam a render mais para seu possuidor.
Conseqüentemente, isso provoca um aumento nas taxas para financiamentos
cobradas pelas instituições financeiras, reduzindo o volume de recursos disponíveis
para a realização de gastos com investimento ou com o consumo (principalmente de
bens duráveis). Com isso o Banco Central restringe a Demanda Agregada por bens e
serviços, reduzindo a pressão sobre os preços.
Essa prática, no entanto, tem trazido outras conseqüências indesejáveis, como por
exemplo, o aumento do volume de recursos necessários para o próprio Governo
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pagar o serviço da dívida (ou seja, os juros da dívida pública). Assim, o Governo se
endivida ainda mais, para rolar os títulos que estão vencendo.
A Demanda por moeda
Assim como existe uma oferta de moeda pelo Banco Central e pelos bancos
comerciais (via mecanismo multiplicador), vamos encontrar a presença de uma
demanda por moeda, por parte das firmas e das famílias.
A demanda por moeda pela coletividade corresponde à quantidade de moeda que o
setor privado não-bancário retém, em média, seja com o público, seja no cofre das
firmas, e em depósitos à vista nos bancos comerciais.
O que faz com que as pessoas e firmas retenham dinheiro que não rende juros, e
não o utilizem na compra de títulos, imóveis, entre outros? Isto é, quais são os
motivos ou razões para a demanda por moeda? São três as razões que a Teoria
Econômica apresenta, pelas quais os agentes econômicos desejam reter moeda:
•
Motivo-Transação os indivíduos precisam de dinheiro para suas transações
do dia-a-dia, para alimentação, transporte, aluguel, etc. Portanto, existe uma
necessidade dos indivíduos portarem moeda para realizar seus negócios
diários. Também as empresas necessitam manter recursos em caixa para
cumprir seus compromissos empresariais habituais.
•
Motivo-precaução: o público e as firmas precisam ter uma certa reserva
monetária para fazer face a pagamentos imprevistos, ou atrasos em
recebimentos esperados. Os agentes econômicos lidam com a incerteza e
dessa forma necessitam ter reservas para tratar com tais acontecimentos.
Essas duas primeiras razões (transações e precaução) dependem diretamente do
nível da renda nacional. Quanto maior a renda nacional, maior será o volume de
negócios e desse modo a quantidade de transações na economia (e também os
riscos), e portanto maior será a necessidade de moeda para transações e por
precaução.
•
Motivo-especulação ou Motivo-Porfólio: Os agentes econômicos decidem
como vão montar suas carteiras (portfolios) de ativos para preservar seu
poder de compra. Nesse sentido, têm que escolher a composição de suas
“cestas” de ativos, distribuindo o valor numa certa proporção entre moeda e
títulos, sabendo que quanto mais moeda tiverem, menor será o rendimento
do seu portfolio, mas em compensação maior será a sua liquidez.
Existe uma relação inversa entre demanda por moeda para especulação e taxa de
juros. Vamos imaginar que existam na economia somente dois tipos de ativos:
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moeda (M) e títulos (B). Os indivíduos podem escolher a composição de seu portfólio
(P) considerando diferentes participações percentuais de moeda e títulos:
P=M+B
Se a taxa de juros for elevada, maior será o rendimento dos títulos, portanto maior
será a quantidade desse ativo na composição da carteira do indivíduo;
conseqüentemente, menor a quantidade de moeda que o aplicador deseja manter
em sua carteira. Assim, quando a taxa de juros aumenta, a demanda por
títulos também aumenta, enquanto que a demanda por moeda pelo motivoespeculação diminui.
Por outro lado, se a taxa de juros for baixa, menor será o rendimento dos títulos,
portanto menor será a quantidade desse ativo na composição da carteira do
indivíduo; conseqüentemente, maior a quantidade de moeda que o aplicador deseja
manter em sua carteira. Assim, quando a taxa de juros se reduz, a demanda
por títulos também diminui, enquanto que a demanda por moeda pelo
motivo-especulação aumenta.
Desse modo, a demanda por moeda depende principalmente de duas variáveis: nível
de renda nominal e taxas de juros, sendo que existe uma relação direta com a
renda, e uma relação inversa com a taxa de juros.
Assim, podemos decompor a demanda por moeda em três partes:
L = Lt(Y) + Lp(Y) + Le(i)
Em que:
L = Demanda por Moeda
Lt= Demanda por Moeda pelo motivo transação, sendo função da renda “Y”
Lp = Demanda por Moeda pelo motivo precaução, sendo também função da renda
“Y”
Le = Demanda por Moeda pelo motivo especulação, sendo função da taxa de juros
“i”
O Equilíbrio no Mercado Monetário
Podemos agora visualizar como se dá o equilíbrio entre a Oferta e a Demanda por
Moeda.
Por um lado, a oferta de moeda é exógena, determinada pelo Banco Central,
e é independente da taxa de juros do mercado, podendo ser considerada
constante. Mesmo admitindo que os banco comerciais tenham o poder de criar
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moeda escritural, diante do mecanismo do multiplicador, ainda assim considera-se
que o Banco Central emprega os instrumentos de Política Monetária para exercer o
controle da Oferta de Moeda.
Por outro lado, a demanda de moeda depende das variáveis renda e taxa de juros,
uma vez que a mesma se compõe dos motivos transação, precaução e especulação.
Os gráficos abaixo ilustram as curvas de oferta e de demanda por moeda:
O gráfico ao lado mostra que a
curva de oferta de moeda (M) é
representada por uma reta vertical,
paralela ao eixo representado pela
taxa de juros (i).
Como a oferta de moeda é uma
variável exógena, qualquer que
seja o nível da taxa de juros, o
valor de “M” é controlado
inteiramente pelo Banco Central,
através dos diversos instrumentos
de
política
monetária
vistos
anteriormente.
Por outro lado, a curva de demanda por moeda
guarda uma relação inversamente proporcional
com a taxa de juros.
Por força do motivo-especulação, quando a taxa
de juros é alta, os indivíduos preferem manter
nas suas cestas de ativos uma proporção maior
de títulos. Assim, a demanda por moeda no
mercado é reduzida.
Mas, quando a taxa de juros é baixa, os
indivíduos preferem manter nas suas cestas de
ativos uma proporção menor de títulos. Assim,
a demanda por moeda no mercado é
aumentada.
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Finalmente, o equilíbrio no mercado
monetário se dá no ponto em que a
oferta de moeda é igual à demanda
por moeda (M=L).
Note que nesse modelo a taxa de
juros é determinada pelo
mercado. Não estamos falando
aqui da taxa Selic; estamos
considerando uma taxa genérica,
trabalhando
com
a
hipótese
simplificadora de que só existe uma
taxa de juros para todas as
operações de empréstimos no
mercado.
Uma vez que a taxa de juros praticada no mercado financeiro resulta das interações
da oferta e da demanda por moeda, veremos nas próximas aulas como o Governo
utiliza a Política Monetária para afetar o nível do produto e da renda. Veremos
também como as mudanças na oferta e na demanda por moeda afetam o valor da
taxa de juros e os impactos que isso tem na economia como um todo.
Questões de Concursos
01. (ESAF) - O impacto de um aumento da base monetária sobre o volume dos meios de
pagamento será tanto maior quanto
a) maior for a relação encaixe/depósitos à vista dos bancos.
b) menor for a relação encaixe/depósitos à vista dos bancos.
c) menor for a proporção dos meios de pagamento mantidos sob a forma de depósitos à
vista nos bancos.
d) maior for a taxa de juros do mercado de capitais.
e) Nenhuma das anteriores
02. (ESAF) - Numere a coluna da direita de acordo com a da esquerda:
1. Criação de meios de pagamento.
( ) Depósito em caderneta de poupança.
2. Destruição de meios de pagamento.
( ) Depósito em Fundo de Investimento.
3. Nem criação e nem destruição de meios de ( ) Saque de conta de depósito à vista.
pagamento.
( ) Conversão de dólares por cruzeiros numa
operação de exportação.
( ) Conversão de cruzeiros por dólares numa
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operação de importação.
A correlação numérica correta está contida na alternativa
a) 2, 2, 3, 1, 2.
b) 1, 3, 2, 2, 1.
c) 2, 3, 1, 3, 2.
d) 3, 1, 1, 2, 3.
e) n.d.a.
03. (ESAF) - Corresponde ao conceito de quase-moeda
a) um depósito a prazo num banco comercial.
b) uma Letra do Tesouro Nacional.
c) um depósito em caderneta de poupança.
d) todas as alternativas estão corretas.
e) Nenhuma das anteriores
04. (ESAF) - É uma medida destinada a contrair os meios de pagamento:
a) Elevação da taxa de depósitos compulsórios dos bancos.
b) Compra de títulos públicos pelo Banco Central.
c) Diminuição da taxa de redesconto.
d) Diminuição da taxa de depósitos compulsórios dos bancos.
e) Nenhuma das anteriores
05. (ESAF) - O que define a moeda é a sua liquidez, ou seja, a capacidade que possui de
ser um ativo prontamente disponível e aceito para as mais diversas transações. Além disso,
três outras características a definem:
a) forma metálica, papel-moeda e moeda escritural.
b) instrumento de troca, unidade de conta e reserva de valor.
c) reserva de valor, credibilidade e aceitação no exterior.
d) instrumento de troca, curso forçado e lastro-ouro.
e) Nenhuma das anteriores
06. (ESAF) - São fatores de expansão da base monetária:
a) vendas de títulos do governo ao público e expansão do redesconto.
b) vendas de títulos do governo ao público e expansão das reservas cambiais.
c) compras de títulos do governo em poder do público e aumento do coeficiente de encaixe
dos bancos.
d) compras de títulos do governo em poder do público e expansão das reservas cambiais.
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e) compras de títulos do governo em poder do público e redução das reservas cambiais.
07. (ESAF) - Acerca do multiplicador monetário em relação aos meios de pagamento, podese afirmar que
a) o multiplicador bancário é sempre menor do que um.
b) quanto maiores os depósitos à vista nos bancos comerciais como proporção dos meios
de pagamento, menor o multiplicador bancário.
c) quanto maiores os encaixes totais em dinheiro dos bancos comerciais como proporção
dos depósitos à vista, maior o multiplicador.
d) quanto maior a proporção do papel-moeda em poder do público em relação aos meios de
pagamento, menor o multiplicador.
e) o multiplicador bancário é sempre um número negativo, não obstante seu valor ser
apresentado em termos absolutos.
08. (ESAF) - A entidade normativa superior do Sistema Financeiro Nacional, responsável
pela fixação das diretrizes da política monetária, creditícia e cambial do Brasil é
a) a Câmara de Comércio Exterior do Conselho de Governo.
b) o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social.
c) o Conselho Nacional de Política Fazendária.
d) o Conselho Monetário Nacional.
e) o Banco Central do Brasil.
09. (ESAF-AFRF 2003) – Considere:
c: papel-moeda em poder do público / meios de pagamentos
d: depósitos a vista nos bancos comerciais / meios de pagamentos
R: encaixe total dos bancos comerciais / depósitos a vista nos bancos comerciais
m = multiplicador dos meios de pagamentos em relação à base monetária
Com base nestas informações, é incorreto afirmar que, tudo o mais constante:
a) Quanto maior d, maior será m
b) Quanto maior c, menor será d
c) Quanto menor c, menor será m
d) Quanto menor R, maior será m
e) c + d > c, se d for diferente de zero
10. (ESAF- AFRF 2003) – Considere:
M/P = 0,2.Y – 15.r
Y = 600 – 1.000 . r
Yp = 500
P=1
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Onde:
M = oferta nominal de moeda;
P = nível geral de preços;
Y = renda real;
Yp = renda real de pleno emprego; e
r = taxa de juros
Com base nessas informações, pode-se afirmar que o valor da oferta de moeda necessária
ao pleno emprego é de:
a) 80,0
b) 98,5
c) 77,2
d) 55,1
e) 110,0
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Gabaritos
I – Macroeconomia e Contabilidade Social
01 – A
02 – C
03 – D
04 – A
05 – C
06 – B
07 – B
08 – D
09 – B
10 – A
II – O Modelo Keynesiano de determinação da Renda
01 – A
02 – D
03 – C
04 – D
05 – B
06 – C
07 – D
08 – C
09 – D
10 – B
11 – E
12 – D
13 – A
14 – D
III – Sistema Monetário – Oferta e Demanda de Moeda
01 -
B
02 -
A
03 -
D
04 -
A
05 -
B
06 -
D
07 -
D
08 -
D
09 -
C
10 -
B
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