DESAFIO À REVOLUÇÃO IRANIANA: A GUERRA IRÃ

Propaganda
DESAFIO À REVOLUÇÃO IRANIANA: A GUERRA IRÃ-IRAQUE
Tiago Valêncio de Melo(1), Eduardo Caldeira de Lima e Silva(2), Renatho Costa(3)
(1)Estudante;
Universidade Federal do Pampa; Santana do Livramento, RS, [email protected]
Universidade Federal do Pampa; Santana do Livramento, RS, [email protected]
(3)Orientador: Renatho Costa; Universidade Federal do Pampa
(2)Estudante;
RESUMO: O presente trabalho tem por objetivo compreender a inserção do Irã no sistema internacional bipolar do
período da guerra fria após a queda da monarquia encabeçada pela dinastia Pahlavi e ascensão de um regime
teocrático ao poder, assumindo um caráter autônomo em relação às potenciais ocidentais e visando afirmar seu
posicionamento como uma potencia regional no oriente médio, utilizando-se para tal a análise de dois eventos centrais
na história do pais persa, a Revolução Islâmica em 1979, como ponto de partida para o processo e o desfecho a partir
dos resultados da Guerra contra o Iraque como marco de consolidação.
Palavras-Chave: Irã, Revolução Iraniana, Guerra Irã-Iraque
INTRODUÇÃO
A Revolução Iraniana ocorrida no ano de 1979 foi a responsável pela derrubada de um regime
monárquico autoritário alinhado às potências do ocidente que vigorava desde 1925 – sob a Dinastia Pahlavi.
Tal evento, crucial para a compreensão das dinâmicas políticas internas e externas que moldam as
diretrizes tomadas pelo governo de Teerã, no âmbito político pode ser compreendido como um momento de
ruptura na política externa iraniana, uma vez que as linhas adotadas pelo governo deposto contrastam com
aquelas adotadas pelo regime teocrático.
Frente a tal cenário, a guerra contra o Iraque, que estendeu-se de 1980 a 1988, pode ser
compreendida como uma possibilidade de expansão da revolução islâmica, uma vez que assim como o Irã,
a população iraquiana apresenta uma maioria seguidora do xiismo em seu território, e, incitada por parte do
governo de Teerã a se rebelar contra o governo sunita do partido Baath, grande parte do período da guerra
lutou contra Saddam Hussein. Não obstante a tal fato, podemos também analisar que a não capitulação
frente ao Iraque – apoiado pelos EUA – no conflito configurou-se com mais um elemento para a
consolidação da posição de autonomia em relação as potencias ocidentais. O Irã, pós-revolução, emergiu
como uma potência regional capaz de definir os rumos das políticas do Oriente Médio e a guerra iniciada
pelo seu vizinho iraquiano criaria, em uma eventual vitória, um possível cenário para a irradiação da
revolução islâmica e o pan-islamismo, em substituição ao modelo pan-arabista, predominante no Oriente
Médio no período. "Com o descrédito sofrido pelo nacionalismo árabe durante a década de 1970, as
sociedades muçulmanas assistiram, gradualmente, à substituição do pan-arabismo pelo pan-islamismo
como ideologia política de massas. Depois de tomar o poder, Khomeini pregou ‘a revolução islâmica
universal’’ (COGGIOLA, 2008, p. 90).
Além disto, deve-se também considerar os interesses das duas grandes potências do sistema
bipolar (Estados Unidos e União Soviético) e o papel delas como motivadoras do conflito para a contenção
do islamismo-político iraniano. Mediante tais constatações, o objetivo de tal trabalho é compreender o papel
de tais eventos na inserção do novo governo islâmico no sistema internacional.
METODOLOGIA
O método utilizado para o desenvolvimento deste estudo será o histórico-analítico, utilizando-se
documentação indireta, através de, principalmente, fontes secundárias (bibliográficas), como livros, notícias
e documentários.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A respeito dos resultados obtidos ao longo da pesquisa, pode-se notar primeiramente os impactos
da revolução islâmica na política iraniana. O governo do Xá Reza Pahlavi portou-se ao longo de 3 décadas
como um forte aliado dos interesses ocidentais no Oriente Médio, priorizando a secularização para a
definição dos rumos políticos do pais. Em contraste, com a ascensão do governo xiita liderado pelo aiatolá
Khomeini, que visava pautas de caráter e religioso e pan-islamista, severas críticas às posturas ocidentais e
seus aliados regionais passaram a guiar a política externa iraniana.
Em 1980, com a invasão iraquiana, apoiada simultaneamente pelas potências ocidentais e pela
União Soviética, pode-se notar que as potências defensoras de sistema de governo secular identificaram o
novo regime de Teerã como um “espécime hostil” em uma de suas mais importantes áreas estratégicas.
Anais do VII Salão Internacional de Ensino, Pesquisa e Extensão – Universidade Federal do Pampa
Assim, a vitória do pais no conflito possibilita esforços para a consolidação de sua posição de atuação de
caráter autônomo em relação às potências. O "Irã passa a ser um dos grandes inimigos do Ocidente, de
modo que a sua capacidade de influência – o processo revolucionário deveria criar uma onda de
islamização no Oriente Médio, segundo os seus idealizadores – é temida. Nesse contexto, então, potências
ocidentais articularam políticas de contenção, visto que almejavam ‘isolar’ os valores da Revolução Islâmica,
mantendo práticas de dominação, através dos seus aliados da região" (CHAISE, 2014. p. 8).
CONCLUSÕES
Ao fim da pesquisa foi possível concluir que o processo iniciado em 1979 com a Revolução Iraniana
representa, de fato, um momento de ruptura em relação a política interna e ao posicionamento do Irã no
sistema internacional, uma vez que ao assumir um governo com um posicionamento autônomo, e com um
sistema de governo de caráter religioso e teocrático, o país passava a representar uma ameaça a grande
parte dos demais atores regionais que alinhavam-se com as potências ocidentais, como era o caso do
Iraque.
Mediante tais constatações é possível inferir, também, o papel do conflito com o Iraque entre 1980 e
1988 como fundamental para a sobrevivência do novo governo de Teerã e consolidação do papel do Irã
como uma potencia regional de atuação autônoma no oriente médio, sendo essencial para a compreensão
das dinâmicas de poder na região.
REFERÊNCIAS
COGGIOLA, Osvaldo, A Revolução Iraniana, Brasil, UNESP, 2008.
DEMANT, Peter, O Mundo Muçulmano, Brasil, Contexto, 2013.
KARSH, Efraim, The Iran Iraq War 1980-1988, Reino Unido, Osprey Publishing, 2002.
CHAISE, J.E ; ADAM, G. P. A GUERRA IRÃ-IRAQUE: Instrumento de consolidação iraniana no Oriente
Médio. 3º SEMINARIO DE INICIAÇÃO CIENTIFICA DA ESPM , 2014, São Paulo, Anais do terceiro
seminário de iniciação cientifica da ESPM, p. 1 - 19, Disponível em:
<http://www2.espm.br/sites/default/files/pagina/artigo_juliaescobar_sul.pdf>. Acesso em: 12 ago 2015
WORKMAN, Thom. THE SOCIAL ORIGINS OF THE IRAN-IRAQ WAR. Centre for International and
Strategic StudiesYork University, Ontario, mar 199, Disponível em:
<http://yciss.info.yorku.ca/files/2012/06/WP05-Workman.pdf>. Acesso em: 10 ago 2015
.
Anais do VII Salão Internacional de Ensino, Pesquisa e Extensão – Universidade Federal do Pampa
Download