CONSCIENTIZAÇÃO DE ALUNOS DO ENSINO FUNDAMENTAL DE URUGUAIANA SOBRE O USO DE FOTOPROTETORES(1) Renata Bem dos Santos(2), Roberto Pires Porto(3), Fernanda Barreto Rogia(4), Sandra Elisa Haas(5) (1) Trabalho executado com recursos do Edital PBDA, da Pró-Reitoria de Extensão; Estudante bolsista; Universidade Federal do Pampa; Uruguaiana; RS; [email protected]; (3) Estudante; Universidade Federal do Pampa; Uruguaiana, RS; [email protected]; (4) Estudante; Universidade Federal do Pampa; Uruguaiana, RS; [email protected]; (5) Orientadora; Universidade Federal do Pampa; (2) Palavras-chave: Câncer de pele, fotoprotetor, conscientização. INTRODUÇÃO O câncer de pele está entre os mais incidentes no Brasil, sendo o Rio Grande do Sul o estado com maior número de casos. Isso ocorre devido a grande parte da população ser de origem europeia, apresentando pele clara e maior pré-disposição à doença (FERREIRA; NASCIMENTO, 2016). O principal causador de câncer de pele do tipo melanoma e não melanoma é a exposição excessiva à radiação solar. O tipo não melanoma se torna mais frequente com a idade, atingindo com maior intensidade pessoas de pele clara. Outros fatores também são facilitadores, tais como o bronzeamento artificial (especialmente em jovens) e a presença de sardas espalhadas pelo corpo. O desenvolvimento dessa doença pode ser por exposição cumulativa e/ou intensa ao sol (SILVA; FRANÇA-BOTELHO, 2011). A infância é um período de grande exposição solar, devido ao desenvolvimento de atividades recreativas ao ar livre. Isso aumenta consideravelmente as chances de desenvolver um câncer de pele no futuro, por isso os hábitos de proteção devem começar quando ainda jovens (SILVA; FRANÇA-BOTELHO, 2011). De acordo com o INCA (Instituto Nacional do Câncer) esperam-se 80.850 novos casos de câncer de pele não melanoma nos homens e 94.910 nas mulheres no Brasil, em 2016. Esses valores correspondem a um risco estimado de 81,66 casos novos a cada 100 mil homens e 91,98 para cada 100 mil mulheres. Quanto ao melanoma, por mais que tenha uma incidência consideravelmente menor quando comparado ao não melanoma (3 mil casos novos em homens e 2.670 casos novos em mulheres), sua letalidade é bastante alta (cerca de um quarto dos casos resultando em óbito no mundo). Quando incentivados desde cedo a tomar cuidados preventivos, a probabilidade desses hábitos se estenderem ao longo da vida é muito maior. Com esse objetivo foi aplicado um questionário aos alunos de uma escola de Uruguaiana e ministrada uma palestra mostrando os riscos da exposição sem proteção às radiações solares, sanando assim dúvidas acerca do tema. METODOLOGIA Foi realizado um estudo visando avaliar o conhecimento quanto ao uso de fotoprotetores e os riscos da exposição ao sol entre crianças, promovendo medidas de prevenção do câncer de pele. O alvo do estudo eram crianças com idades entre 10 e 14 anos, estudantes do 5º ano da Escola Municipal Rui Barbosa localizada na cidade de Uruguaiana. A coleta foi realizada através de questionários aplicados por alunos dos cursos de Farmácia e Medicina no mês de setembro do presente ano. Coletaram-se dados de características fenotípicas, conhecimento acerca dos riscos da exposição solar e quantos aos hábitos de fotoproteção. Os dados foram tabulados e analisados através de cálculos de média, porcentagem e desvio padrão utilizando o programa Exel. Após coleta de dados, foi ministrada uma palestra explicando os temas: o que é câncer de pele, medidas de prevenção e proteção ao sol, regra ABCDE entre outros assuntos. Foi aberto espaço para questionamentos após término da apresentação. RESULTADOS E DISCUSSÕES O questionário foi aplicado para uma amostra de 52 alunos, com média de idade de 10,5±0,69, variando entre 10 e 14 anos. Mais da metade eram do sexo feminino (57,7%). Quanto às características de tom de pele, 51,9% era branca, 42,3% parda e 5,8% negra. Grande parte não apresentava sardas no rosto ou espalhadas pelo corpo (82,7%). Quando questionados quanto aos riscos de exposição ao sol, mais de 80% considerava perigoso e citava alguns malefícios, como queimaduras, câncer de pele, desidratação, feridas no corpo, insolação e mal estar. Mas também citaram benefícios, como o fortalecimento dos ossos, aumento na produção de vitamina e o bronzeamento. A maioria achava que o uso de chapéu e camiseta protegia do sol, mas quando questionados se usavam óculos de proteção solar, apenas 36,5% disseram que sim. Cerca de 40% sabia que o horário mais adequado para se expor ao sol era antes das 10 e após as 16h e quase metade deles já havia tido queimaduras solares (48,1%). Apesar de 80,8% saber o que é filtro solar, 88,5% considerarem importante o uso do mesmo e 59,6% considerar que devemos usar sempre, apenas 28,8% o fazia diariamente e 55,8% aplicava só no verão, desconsiderando a radiação a qual estão expostos em outras estações do ano. Isso ocorre talvez por boa parte deles não saberem o que é a radiação ultravioleta (61,5%) e não saber os reais riscos oferecidos por tal. Quando questionados se costumavam se bronzear 23,1% respondeu que sim, sendo que 32,7% consideravam estar bronzeado saudável e apenas 25% prejudicial à saúde. Dentre eles, 69,2% sabia o que era câncer de pele, e uma pequena parcela tinha algum parente que teve ou tem a doença (7,7%). Em um estudo realizado na cidade Porto Alegre (BONFÁ, et. al., 2014), o conhecimento sobre o que é filtro solar é muito próximo aos resultados obtidos aqui, cerca 88,7%. Mas quando comparada a importância do uso, os alunos de Uruguaiana detinham um conhecimento muito menor, apesar de uma parcela maior usar diariamente o fotoprotetor. Esses resultados indicam que por mais que eles saibam que é necessário fazê-lo, não existe o hábito diário. Isso demonstra que deve haver um incentivo, tanto da parte dos pais, quanto campanhas de conscientização ressaltando os riscos oferecidos por essa exposição inadequada e a proteção devida. Quando a palestra foi apresentada, os alunos demonstraram muito interesse e curiosidades. Foi demonstrado como se faz a utilização de filtro solar e aqueles alunos que ainda não tinham passado naquele dia aproveitaram para fazê-lo. CONCLUSÃO Os resultados apresentados acima nos dão dimensão do problema, sendo os jovens os principais afetados pela exposição solar devido a atividades ao ar livre, sem que sejam tomados os devidos cuidados. Por mais que eles tenham conhecimento do quão importante é o uso de fotoprotetores e demais medidas de proteção, a maioria deles não o faz, o que pode acarretar em problemas cutâneos no futuro. O nosso próximo objetivo é a realização de atividades recreativas com esses mesmos alunos, para que outras dúvidas sejam sanadas através de jogos e brincadeiras, aplicando outro questionário para que possamos saber se o trabalho realizado teve resultados. REFERÊNCIAS ASHTON-PROLLA, P; BAKOS, L; JUNIOR, G. J; GIUGLIANI, R; AZEVEDO, S. J; HOGG, D. Clinical and Molecular Characterization of Patients at Risk for Hereditary Melanoma in Southern Brazil. Journal of Investigative Dermatology, 128, 421–425, 2008. BALOGH, T. S; PEDRIALI, C. A; BABY, A. R; VELASCO, M. V. R; KANEKO, T. M. Proteção à radiação ultravioleta: recursos disponíveis na atualidade em fotoproteção. Anais Brasileiros de Dermatologia, 86, 732-742, 2011. BONFÁ, R; MARTINS-COSTA, G. M; LOVATO, B; REZENDE, R; BELLETINI, C; WEBER, M. B. Avaliação do conhecimento e hábitos de fotoproteção entre crianças e seus cuidadores na cidade de Porto Alegre, Brasil. Surgical & Cosmetic Dermatology, 6, 148-153, 2014. CRIADO, P. R; MELO, J. N; OLIVEIRA, Z. N. P. Topical photoprotection in childhood and adolescence. Jornal de Pediatria, 88, 203-210, 2012. FERREIRA, F. R; NASCIMENTO, L. F. C. Mortality due to cutaneous melanoma in south region of Brazil: a spatial approach. Anais Brasileiros de Dermatologia, 91, 437-441, 2016. INCA, Instituto Nacional do Câncer José Alencar Gomes da Silva. Estimativa 2016: incidência de câncer no Brasil. Disponível em <http://www.inca.gov.br/estimativa/2016/>. Acesso em 28 set. 2016. SILVA, L. R.; FRANÇA-BOTELHO, A. C. Proteção solar para crianças: estudo preliminar sobre conhecimento e atitude dos pais. Revista Ciência &Saúde, 4, 2-6, 2011.