Semana de Pedagogia da UEM

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Anais da
Semana de Pedagogia da UEM
ISSN Online: 2316-9435
XX Semana de Pedagogia da UEM
VIII Encontro de Pesquisa em Educação / I Jornada Parfor
EDUCAÇÃO INFANTIL: RELATO DE EXPERIÊNCIAS
BORTOT, Camila Maria
[email protected]
CAMPOS, Gabriela Rodrigues
[email protected]
CHICARELLE, Regina de Jesus (Orientadora)
[email protected]
Universidade Estadual de Maringá (UEM)
Formação de professores e intervenção pedagógica
INTRODUÇÃO
O Estágio Supervisionado em Educação Infantil, do Curso de Pedagogia da
Universidade Estadual de Maringá (UEM), é integrante da estrutura curricular e têm como
objetivos: propiciar a formação profissional do acadêmico, integrar a teoria e a prática por
meio de experiência, como aproximar situações reais e propiciar maior contato com a área da
educação.
As normas para a Educação Infantil – fundamentada pela Constituição Cidadã
Brasileira (1988), Estatuto da Criança e do Adolescente (1990), Lei de Diretrizes e Bases da
Educação (1996) e Referenciais e Parâmetros de Qualidade Nacional, que asseguram a
criança o direito a educação e o bem-estar – tem como objetivo instrumentalizar os
educadores infantis a concretizarem seu trabalho educativo conjuntamente com as crianças,
buscando a articulação com o educar e o cuidar. Assim, visa-se o desenvolvimento integral
para a formação da identidade e de cidadania ativa, além de propiciar a socialização e
aprendizagem dos conhecimentos da realidade social e cultural.
Partindo destas ideias que abrangem a prática na Educação Infantil, desenvolvemos o
presente artigo a fim de compartilhar nossas experiências no que compete à prática
pedagógica vivenciada no Estágio Supervisionado em um Centro Municipal de Educação
Infantil de Maringá, localizado na periferia, embasadas em teorias estudadas na disciplina de
Formação Docente e para a elaboração do relatório final da disciplina de Estágio. Partindo
deste pressuposto, averiguamos alguns problemas presentes na Educação Infantil, e buscamos
articular a teoria e a prática com o intuito de compreender a situação real na prática de ensino
e aprendizagem das crianças, visto que muitas coisas podem ser refletidas e melhoradas.
Também propiciamos que outros educadores tomem ciência de nossas ideias e reflexões
acerca das intervenções, enfoques e fundamentações teóricas da realidade vivida.
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Desta forma, necessita-se que o acadêmico compreenda a importância do Estágio
Obrigatório Supervisionado em Educação Infantil nos currículos do curso de Pedagogia.
Braga (1999) entende que o estágio tem por finalidade envolver os conhecimentos adquiridos
com competência e habilidade à aplicação na realidade social, isto é, na experiência do
estágio. Enfatiza ainda o intuito é formar um profissional capaz de promover o avanço
simultâneo da prática pedagógica, a fim de favorecer a reflexão acerca sobre a própria prática
e construção coletiva, seja ela social ou política.
Este relato de experiências tem como objetivo descrever o desenvolvimento do
processo de formação docente com fundamentações teóricas e a prática exercida no Centro de
Educação Infantil, ao qual fizemos nosso estágio desde as observações livres ou direcionadas,
bem como as ações a partir de nossas intervenções com as crianças do Infantil IV A.
Realizaremos exposição de pensamentos e concepções de autores que refletem acerca da
Educação Infantil, relacionando-os com a prática vivenciada.
METODOLOGIA
A partir da elaboração do relatório final do primeiro semestre, sendo um dos requisitos
necessários da disciplina de Estágio Curricular Supervisionado em Educação Infantil, é que
deu a origem do presente artigo. Portanto, a metodologia deste tem caráter bibliográfico, no
entanto, apresenta os resultados do processo do Estágio. Buscamos informações em autores,
aos quais nos possibilitaram fundamentação teórica, para abordar reflexões sobre nossas
experiências da melhor maneira possível para que fossem apresentadas de forma clara e
objetiva.
Os autores selecionados foram elencados de acordo com os subtítulos presentes nos
resultados, ou seja, foram expostas ideias de acordo com a atividade desenvolvida. Destarte, o
item Considerações sobre o trabalho e a Educação Infantil, conta com as ideias de Ferreira
(2002), Sternberg e Lubart (1995) Vygotsky (2009) para fundamentar aspectos relevantes à
criança, estimular aspectos psicomotores, sócio afetivos, cognitivos e linguísticos por meio da
Arte, criatividade e interações com o meio social que contribuem na sua imaginação, esta
construída por experiências. O segundo item Intervenções: execução e reflexão, conta ideias e
resultados das intervenções por nós elaboradas, descrevendo o trabalho desenvolvido com as
crianças. E por fim, o terceiro item denominado Um olhar direcionado para a Educação
Infantil conta com os enfoques acerca da Educação Infantil, a criança, os recursos
pedagógicos, a relação professor e aluno, uma curiosidade da dupla de estágio e uma lei
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regida agora sobre a Educação Infantil. Com base nas vivências, buscamos nos embasar em
Pimentel e Araújo (2007), Oliveira-Formosinho (2007), Martins e Arce (2010), Leontiev
(1978), Piaget (1974), Souza (2007), Vygotsky (1998), Freire (1996), Lei número 12.796
(BRASIL, 2013) citando as exposições feitas pelo ministro da Educação atual Aloizio
Mercadante. Estes são teóricos que argumentam sobre cada aspecto direcionado à observação
que permite o desenvolvimento da Educação Infantil.
Assim, obtivemos resultados e discussões das vivências no Centro de Educação
Infantil de modo a expressarem nossas ideias e concordâncias a autores da Educação Infantil,
considerando todos os elementos chaves para o desenvolvimento infantil: criatividade,
imaginação, interação, afetividade, ludicidade, intencionalidade, descobertas, fantasias,
autonomia, direitos, condições de trabalho a partir dos recursos e o envolvimento da família e
escola para a formação integral da criança.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Após estudarmos por algumas aulas teóricas realizadas na Universidade Estadual de
Maringá, fomos à prática, assim, podendo vivenciar a tão importante articulação de teoria e
prática, ou seja, a fundamental práxis. Quando iniciamos a prática do Estágio Curricular
Supervisionado, conversamos com a equipe pedagógica do Centro de Educação Infantil,
conhecendo o histórico do estabelecimento e a importância do cuidar e do educar. Em
segundo momento, as duplas de trabalho fizeram um rodízio entre as turmas a partir de
observações breves realizadas em um período de estágio, a fim de decidir qual sala seria fixa
para o estágio. Assim, conseguimos ter uma visão de proximidade com a sala de aula, tendo
contato direto com a rotina e as atividades dos pequenos, considerando desde já a importância
da dependência das crianças sob os educadores, exercendo influências para que a prática do
ensino-aprendizagem seja a cada passo aprimorada somando positivamente na formação das
crianças. Depois de consideradas estas primeiras informações sobre a trajetória de
conhecimento do Centro e escolha da turma a ser observada, elencamos subtítulos para
melhor orientar este artigo.
CONSIDERAÇÕES SOBRE O TRABALHO E A EDUCAÇÃO INFANTIL
Escolhemos o Infantil IV A, turma esta composta por crianças entre três e quatro anos
de idade. Deparamo-nos com a divisão das disciplinas de Arte e Educação Física, com elas as
diferenças da prática de ensino. Destacamos a importância do planejamento, já que
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observamos que o sistema apresentado poderia ser um pouco melhor, porque o que víamos
eram atividades improvisadas sem nenhuma intencionalidade prévia. Logo, nas próximas
observações averiguamos que as atividades não foram diferentes, era aula de arte e havia um
pouco de organização em relação à prática. Sempre brincam com pecinhas de montar, e criam
de forma fantasiosa com relação ao meio em que vivem, desenvolvem a coordenação motora
e assim seu cogito, expressando a sua fase e que esta precisa de inovações para aprimorar-se,
que cada coisa se desenvolve em seu tempo, cada criança desenvolve-se em seu período.
Quando podem brincam pelo parque da escola. São muito agitados e falantes, porém, muito
inteligentes. Nesta fase, são egocêntricos, brigam muito, mas como destacamos anteriormente
que cada fase tem suas especificidades e precisam ser construídas e ultrapassadas. Depois de
algum tempo, a professora efetiva da sala começa a trabalhar com a turma, ao qual tem
planejamento e faz atividades e brincadeiras lúdicas de forma direcionada, e até nos mostra
seus planejamentos e os conteúdos que foram trabalhados.
Segundo Ferreira (2002) a Educação Infantil visa estimular aspectos psicomotores,
sócio afetivos, cognitivos e linguísticos, ao mesmo tempo em que garante a aquisição de
novos conhecimentos. Configura-se como uma instância do procedimento de sociabilização
da criança. Assim, ela precisa se expressar, e essa característica pode ser desenvolvida a partir
da música, sendo fonte de estímulos e equilíbrio aos pequenos por meio dos sons e gestos.
Para Sternberg e Lubart (1995) a criatividade tem de ser algo novo e apropriado ao que se
pede em sua direção. Esta “novidade” (diferente do usual) tem de ser útil e adequada para
determinada situação. Reforçamos que de acordo com Vygotsky (2009) a atividade de
imaginação criativa depende das experiências que as crianças já têm, assim, quanto mais ricas
forem às experiências sua imaginação será maior, pois o individuo só cria se tiver condições
para se criar. É um processo complexo da subjetividade do homem que se constrói a partir dos
espaços sociais, no caso a escola, que utilizaremos recursos psicológicos lúdicos que
permitirão ações criativas.
INTERVENÇÕES: EXECUÇÃO E REFLEXÃO
Em nossas intervenções, iniciamos trabalhando o poema “As borboletas”, de Vinicius
de Moraes, ao qual o objetivo era analisar as cores e suas diferentes tonalidades a partir da
poesia, desenvolvendo a criatividade para o desenho e a pintura, a fim de melhorar a
motricidade fina de controle dos movimentos usando o lápis fomentando o desenvolvimento
infantil. O nome da atividade “Cores: montando nosso jardim” em que discutimos brevemente
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sobre quem foi Vinicius de Morais, e se gostavam de borboletas enfatizando dentre elas a
importância da existência das cores que estão presentes em qualquer coisa que vemos, ou seja,
tudo que possui luz. O trabalho foi de forma verbal e ao final produzimos um jardim em que
as crianças desenharam suas borboletas, retratando o nível de desenvolvimento que se
encontra, e as colocamos no painel. Na segunda intervenção demos continuidade ao tema de
cores, mas agora associando ao corpo, já que já trabalharam com a professora da turma esta
temática. Denominamos como “Cores e corpo: associando a nós”, em que podemos
desenvolver através da leitura da história “Menina bonita do laço de fita”, de Ana Maria
Machado, a associação das cores existentes em nosso corpo e também mostrando a valoração
da diversidade cultural, em que nós somos iguais independentes das diferenças. Discutimos a
história envolvendo as questões das cores associado ao corpo, ressaltando pontos culturais. A
atividade acerca desta intervenção fora de pintar a sua “menina bonita do laço de fita” (que já
estava impresso para pintura) da forma que quiseram, com as cores que gostam. O que nos
chamou a atenção foi que uma criança da turma se identificou com a menina e todos ficaram
satisfeitos em “presenciar uma menina bonita do laço de fita”, negra, em seu convívio e que
ninguém é igual a ninguém. Finalizando este trabalho na terceira intervenção trabalhamos as
cores e o corpo, ao qual chamamos o trabalho de “Cores e corpo: a dança do corpo e as
cores”, em que queríamos perceber nas crianças os membros do corpo e as cores a partir da
música “Cabeça, ombro, joelho e pé”, para que identifiquem e associem os comandos da
canção e façam os gestos, possibilitando uma aprendizagem divertida. Objetivamos assim,
desenvolver de maneira lúdica a coordenação motora e o raciocínio com dinamicidade.
Inicialmente projetamos o data show na sala para a melhor visualização e desempenho da
criança ao dançar. Logo, para enfatizar a cor utilizamos tinta para a atividade em que
estampamos em uma folha a mão de cada aprendiz, mostrando a ela um membro que compõe
nosso corpo que utilizamos para estudar, comer, brincar, pegar algo, ou seja, um membro
importante que compõe nosso corpo.
UM OLHAR DIRECIONADO PARA EDUCAÇÃO INFANTIL
Alguns dias a observação eram livres e outros com um foco objetivo, pois com eles
temos uma visão mais atenta acerca dos aspectos que integram a Educação Infantil. O
primeiro olhar direcionado fora a criança. Ao longo da história houve várias concepções de
criança e para com um sentimento de infância e hoje sabemos que a criança é um ser ingênuo,
de pouca idade, é o período em que temos de formar para criar uma identidade no cidadão que
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irá se desenvolver, um ser infantil. Segundo Pimentel e Araújo (2007) têm o senso comum,
nos expressamos a esta personalidade ingênua e que ainda pouco sabe nos adultos que se
comportam com características desta fase, exemplo “Você está se comportando como uma
criança está sendo infantil”. A partir disso, a nosso ver, nós educadores precisamos entender
que na infância estamos em desenvolvimento continuo, uma nova descoberta, em que o lúdico
se faz muito presente, e a imaginação e fantasia são elementos essenciais em sua formação.
Na infância se aprende brincando, e cabe ao professor criar maneiras e métodos com que ele
sinta prazer e ao mesmo tempo cresça intelectualmente. Tivemos a observação da atividade
com um olhar voltado para analisar a sua fantasia que expressariam ao montar, a sua relação
com o meio onde vive. Vemos e escutamos a atividade, entregamo-nos a este momento,
concentrados nas características da criança.
Para nós, as crianças são seres ingênuos, reproduzem o que lhe faz sentir prazer, que
faça sair de uma realidade e viajar para o que vai lhe fazer feliz. Esses comportamentos nos
faz cada vez mais concordar com a ideologia que a autora Oliveira-Formosinho (2007), em
que devemos nos contrapor a uma herança histórica de que as crianças só devem ser vistas, e
não ouvidas. Devemos dar voz à criança, ouvir suas dúvidas, apresentar a ela o certo e o
errado, mostram o carinho para com o educar e cuidar de fato, salientando que estamos
formandos cidadãos para o exercício do bem, pois todos nós somos conjunto da obra
participativa que precisa renovar-se para melhorar a educação, transmitir valores, desenvolver
com a brincadeira marcos que signifiquem o seu interior. Já Martins e Arce (2010, p. 44),
enfatizam a orientação de Leontiev (1978, p. 235) que mostra que “o desenvolvimento
efetivamente humano com o desenvolvimento dessas novas formações, decorrentes da
atividade individual historicamente condicionada, afirmando-as mais decisivas”, assim, que as
condições psíquicas própria do ser humano produzem-se por um processo de apropriação de
aquisição. O meio que a criança vive direciona o seu desenvolvimento. A família dá
condições de lidar com o ambiente, e que na Educação Infantil vai aprimorando estas
condições, promovendo a ampliação das visões necessárias para a formação. Vemos isso
presentemente nas crianças, ao expressar sua imaginação comentando sobre seus pais e sua
casa, por exemplo.
Crianças de uma mesma idade podem apresentar características de
desenvolvimento bastante distintas [...] e, [...] implica [...] da emergência do
novo. [...] A qualidade da construção da atividade infantil é consequência
social, não decorre de propriedades naturais dispostas na criança nem da
convivência social espontânea. (ARCE, A; MARTINS, L.M, 2010, p. 4445).
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Considerando o desenvolvimento e a organização das próprias crianças com elas
mesmas, é dinamizar o olhar. São cooperativas, mas apresentam uma identidade muito forte.
Agarram o que determinam como seu não tem ideia de quanto tem e que podem dividir.
Quando mediadas, vão entendendo tudo isso. Faz sentido a tudo o que estudamos, pois
observar com enfoque na criança exige entender a prática que a ela é imposta, e que sua
criatividade, fantasia, autonomia, afetividade, criam sua identidade, e que precisam ser
instigadas. Em sua cognição, expressando a fase que vive e que esta precisa de inovações para
aprimorar-se, que cada coisa se desenvolve em seu tempo, cada criança desenvolve-se em seu
período, devemos considerar isso e buscar melhores maneiras para a prática do ensinoaprendizagem. São pequeninos descobridores de sua realidade, abordando sempre o que
Piaget (1974) diz como componentes essenciais com o desenvolvimento intelectual o
cognitivo e o afetivo.
Outro enfoque fora os recursos pedagógicos. Apontado por Souza (2007, p. 111),
“recurso didático é todo material utilizado como auxilio no ensino - aprendizagem do
conteúdo proposto para ser aplicado pelo professor a seus alunos”. Então, tudo aquilo que
podemos colocar a disposição do processo educativo, e ainda Souza se refere a estes como
“auxilio no ensino”. Podemos destacar também o relacionamento do recurso didático e
conteúdo, pois não é todo recurso que pode ser trabalhado para determinado assunto, sendo
papel de o professor analisar quais são os materiais que a escola disponibiliza e quais podem
ser manuseados, de forma que oriente e efetive o desenvolvimento. Ao buscar e produzir os
materiais para nossa primeira intervenção (que foi também o dia do enfoque sobre os
recursos), vimos uma infinidade de objetos (materiais para desenho e pintura, revistas, livros,
tesouras, cola, um estojo para cada aluno, entre outros), mostrando que há possibilidades para
desenvolver na criança a proposta que a escola tem educar e cuidar. Nós, educadores,
precisamos ter criticidade acerca de todo material fornecido a nossa prática de ensinoaprendizagem, e estes devem ser usados visando algo que desenvolva e supere a concepção
que possui, dando continuidade aos saberes e sendo possibilidades de aprimoramento de
técnicas, marcando no ser algo que os motive a conhecer e descobrir tais possibilidades. Ao
pensar sobre recursos didáticos, devemos ter a concepção de tudo que é didático tem a função
educativa, possibilitando as atividades de trabalho ser mais dinâmicas e interessantes, por
exemplo, o aprender brincando ou criando.
Outro olhar direcionado foi a relação professor e aluno. Segundo Vygotsky (1998) na
relação educador-educando deve-se observar cuidado, respeito e de desenvolvimento, e não
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uma relação em que o professor de impõe autoritariamente. O aprendiz deve ser um sujeito
ativo e que interaja com o processo de construção de seu conhecimento, e o educador possui o
papel fundamental a isto, mostrando sua empatia a ele e experiências, considerando a
bagagem cultural que a criança já possui, para edificação da aprendizagem. Esta construção
dá-se coletivamente, em que os colegas e mediadores das tarefas estimulem seu
desenvolvimento real e potencial da mentalidade (inteligência). Já Piaget (1974) diz que a
criança é um sujeito ativo e precisa ser adaptada para as informações relativas ao objeto de
estudo, como irá se organizar e agir acerca destas atividades. O mediador é o professor. É pelo
diálogo em que o pequeno perceberá o que precisa ser mudado para o seu desenvolvimento, e
isto é feito em seu interior. Percebe-se assim, entre os dois autores a diferença em que
Vygostsky (1998) diz que o aprendizado é coletivo, Piaget (1974) ressalta que ele é
individualizado. Mesmo com estas distinções, o professor tem papel fundamental de
incentivar o estudante, e que professor-aluno deve ser um processo de cooperação.
A partir das informações obtidas, cabe citar Freire (1996) que defende a
intercomunicação em um relacionamento de respeito, ressalvando a afetividade e também que
a autoridade é condicionada de forma que o professor é o direcionador do processo e a criança
a construtora. Ele também argumenta que o bom professor é aquele que traz o aluno até sua
intimidade e desenvolve o seu raciocínio, enfrentando com as crianças os desafios, tanto de
transmissão quanto na construção do novo na criança, de maneira divertida e significativa.
Compreendemos que a afetividade, empatia, cooperação e respeito são fundamentais
para que se efetive o desenvolvimento da criança. Estabelecer vínculo com os pequenos é a
maneira de convidá-los a integrar ativamente da prática de ensino formadora da moral, cultura
e intelecto. Quando orientadas fazem um ótimo trabalho, são atenciosas e bem receptivas,
construtoras de seus conhecimentos, e mediadas por um professor comprometido com o
processo o método caminha em uma direção mais efetiva.
Houve como enfoque uma curiosidade que temos para com o espaço educacional. O
que nos chama muito a atenção seria a questão do condicionamento comportamental, pois
observamos que as escolas estabelecem regras e leis internas e externas, e como elas são
criadas e até que ponto isso favorece o desenvolvimento cognitivo e social da criança, já que
esta prática é realizada para educar os pequenos conforme o que a sociedade impõe, e também
se há uma concordância com a família sobre tais aspectos regidos pela educação. Temos essa
curiosidade de “até que ponto isso é construído” porque vemos muitos “Cantinhos de
pensamento” ou que se “bagunçou não faz tal atividade ou passeio”, que por mais que seja
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pouco tempo para nós adultos, o tempo da criança que espera é imenso, e ela são enérgicos,
brinca constantemente e precisa de atividades que a envolva e interesse. Questionamos até
que ponto tal condicionamento pode virar chantagem.
E o último tema se estabeleceu sobre buscar uma lei regida agora sobre a Educação
Infantil. Por nós escolhida foi à lei número 12.796 que altera a lei que oferece as diretrizes e
bases da educação em que é dever dos pais de matricular seus filhos a partir dos 4 anos, não é
mais uma opção e sim obrigação. Esta nova lei abrange a Educação Infantil e estabelece as
suas normas, em que o currículo para a faixa etária deverá ter uma base nacional comum que
respeita as diversidades culturais regionais, como feito para o ensino fundamental e médio.
Terá registro do acompanhamento do desenvolvimento dos pequenos, e terão “avaliação
mediante acompanhamento e registro do desenvolvimento das crianças, sem o objetivo de
promoção, mesmo para o acesso ao ensino fundamental”. Esta nova sobre a obrigatoriedade
para a Educação Infantil ressalta que a presença das crianças desta faixa etária na Educação
Infantil atende a exigências pedagógicas para o aprendizado e a póstuma alfabetização,
prevendo assim um salto na qualidade do ensino-aprendizagem, trazendo significativos
benefícios.
Sabemos também que a Educação Infantil é a base estrutural para moldar as crianças
para a iniciação de suas capacidades cognitivas e sociais. A obrigatoriedade desta lei, temos
um ponto de vista meio contraditório, pois ao mesmo tempo em que adiantamos e preparamos
nossos pequenos para receber os conhecimentos, e sendo a escola um dos principais lugares
para que isso se efetive, às vezes tiramos o sentido da infância, do brincar e conhecer o
mundo, e que a formação familiar é importante e o contato de uma educação moral também,
então nós ficamos pensando: “quem educa a criança?”. Família e escola devem andar juntas,
unidas para permitir uma formação que contemple todos os aspectos, é isto que nos referimos
ao contraditório. É necessário também refletir: Será que há condições e espaços para atender a
tantas crianças nos centros infantis de educação a partir dos quatro anos? Há vagas para as
existentes para atender essa grande demanda? Como ficará o currículo daqui por diante? Será
que o país invés de gastar com ampliações de centros, investisse em melhores condições de
trabalho para a educação, como a formação continuada dos professores, o espaço físico, a
estrutura escolar, entre tantos outros aspectos que poderiam ser repensados? Pensamos que
para inserir crianças de quatro anos na educação básica não é preciso só pensar acerca desta
nova lei, mas sim analisar a partir de então todo o sistema educacional de nosso país,
possibilitando condições positivas para a constante práxis existente nas escolas.
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Após todas as observações, enfoques e intervenções feitas no Centro, construímos este
relatório final para apresentação para nossa turma de Estágio na Universidade Estadual de
Maringá, considerando todas nossas vivências, como fora relatado em nosso relatório.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Considerando o que vivenciamos na teoria e na prática, de forma positiva e também
negativa para a construção de nossa identidade, como educadores compromissados com a
formação de nossas crianças, salientamos a importância do Estágio e a partilha de vivências
com os demais a fim de possibilitar reflexões quando falamos em educação, pois por meio de
estudos bibliográficos à melhor compreender a prática a partir da realidade em que
presenciamos.
Mesmo com pouca experiência, corroboramos que o cuidar e o educar sempre estarão
à frente na Educação Infantil, ao qual se interpreta a questão do cuidado e educação conforme
os direitos e deveres da criança, de maneira a desenvolver a formação de valores. O
compromisso com a criança exige entender que sua criatividade, fantasia, autonomia,
afetividade, criam sua identidade, e que as atividades pedagógicas norteiam tais avanços. As
intervenções foram essenciais à nossa formação acadêmica e profissional ao qual tivemos a
oportunidade de aprender sobre como fazer o planejamento de forma intencional, quais
autores embasarem-se para desenvolver de forma lúdica cada aspecto. O planejamento é de
suma importância para uma organização do que fazer e de como fazer diante ao processo
pedagógico, em que destacando os objetivos, a construção para o desenvolvimento que
queremos atingir facilita o nosso trabalho. A efetividade entre professores e crianças, bem
como a empatia, cooperação e respeito, são fundamentais para que se efetive o
desenvolvimento criança.
Um ponto de reflexão é que educadores e comunidades devem ter o compromisso a
uma formação compromissada, pensando sobre que urgência demanda pressa, que estamos na
corrida contra o tempo para um pleno desenvolvimento, que se inicia lá na Educação Infantil,
momento essencial para a vida da criança pelas descobertas e inicio do aprendizado que terá
para se exercer sob o mundo, e que agindo singularmente e coletivamente, nós educadores
precisamos de autonomia para exercer um modelo pedagógico de uma pedagogia efetiva
construída por uma constante práxis.
A Educação Infantil tem se revelado primordial para uma aprendizagem ativa. Ela
socializa e desenvolve habilidades, sendo o verdadeiro alicerce da aprendizagem, aquela que
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deixa a criança pronta para aprender. É importante brincar e viver a infância, e que tais
atividades sejam mediadas de forma lúdica pelo professor, possibilitando o desenvolvimento e
descobertas. É o período da construção de valores e identidades.
Estas foram nossas conclusões acerca de toda prática vivenciada neste semestre,
fazendo-se mister este estágio para a formação do acadêmico do curso de Pedagogia. Todas as
observações ocorridas ao longo desse semestre contribuíram para nossa formação
profissional, vendo os prós e os contras na educação, mesmo que tendo uma visão de um
Centro de Educação Infantil e uma sala da mesma. Tais experiências, com certeza,
internalizaram em nós algo progressivo para nossa atuação como formadores de homens, e
queremos cada vez mais nos aperfeiçoar para melhorar as condições a uma formação de
qualidade e emancipadora de sujeitos.
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