Empacotamento de Esferas MM 440 Curvas Algébricas | 01 /2008 Allan de Oliveira Moura , IMECC-UNICAMP, Universidade Estadual de Campinas 13081-970, Campinas, SP E-mail: [email protected]. 30 de junho Empacotamentos Empacotamento Esférico: Um clássico problema é empacotar esferas de raios iguais não sobrepostas no espaço Rn . Seja P os centros destas esferas e seja d = d (P) = infu,v∈P,u6=v ku − vk d é a distância mínima de empacotamento, o qual é igual ao maior diâmetro possível para esferas não sobrepostas com centros em P . A densidade de P é a parte de Rn coberta pelas esferas, mas precisamente, ∆ (P) = lim supr→∞ onde S= v (S ∩ Br ) , v (Br ) x ∈ Rn ; ∃y ∈ P, kx − yk < d 2 Br = {x ∈ Rn ; kxk < r} e v (.) é o volume padrão em Rn . Reticulados: Se P é um subgrupo aditivo de Rn , chamamos o empacotamento P de empacotamento de reticulado(ou reticulado, neste caso usamos a letra L ao invés de P ). Supomos adicionalmente que o posto de L é n caso contrário ∆ (L) = 0. Se L é um reticulado então qualquer escolha de uma base {e1 , · · · , en } em L dene uma aplicação Zn → Rn sua matriz é chamada matriz geradora do reticulado. As denição de ∆ (L) não depende da escolha da origem e também da substituição da bola Br por um cubo. O volume da região fundamental ( F = n X ) xi ei ; 0 ≤ xi ≤ 1 i=1 1 ⊆ Rn é igual ao valor absoluto do determinante da matriz geradora. Esse volume é chamado determinante do reticulado e é denotado por det L. Denimos o discriminaste discr L de L como o determinante da matriz de produtos internos(chamada de matriz de Gram) k(ei , ej )k , i, j = 1, · · · n. Observamos que 2 discr L = (det L) e ∆ (L) = n volume de uma esfera d (L) vn = n , volume da região fundamental 2 det L onde vn = π n/2 /Γ (n/2 + 1) é o volume da bola unitária em Rn . Nosso interesse será o empacotamento tal que as esferas tenham raio máximo. Para a determinação deste raio, observamos que xado k > 0, a intersecção do conjunto compacto {x ∈ Rn ; kxk < k} com o reticulado L é um conjunto nito de onde segue que d = d (L) = infu,v∈L,u6=v ku − vk = minv∈L−{0} kvk , ou seja, a distância mínima é determinada pelo vetor não nulo de norma mínima do reticulado. Densidade de empacotamento: ∆ (n) = supP⊆Rn ∆ (P) . Um problema natural de encontrar possíveis densidades de empacotamento em uma dada dimensão pode ser composta de dois problemas: A. Encontrar precisamente o valor de ∆ (n). B. Encontrar um empacotamento P com ∆ (P) = ∆ (n). Esse problemas estão completamente resolvidos nos casos n = 1 e n = 2. Para n = 1, observamos que segmentos iguais cobrem a reta, e assim para esse empacotamento L1 temos ∆ (L1 ) = 1. Para n = 2, o problema não é simples, mas π ∆ (2) = √ ≈ 0, 90687. 2 3 E o reticulado L2 ⊆ R2 = C gerado por 1 e √ 1+ −3 2 é o reticulado que atinge ∆ (2). Densidade de Reticulado: Para empacotamento de reticulados conhecemos um pouco mais. Seja ∆l (n) = supL⊆Rn ∆ (L) , claramente, ∆l (n) ≤ ∆ (n) . Um reticulado é chamado unimodular se e somente se det L = 1. O reticulado dual L⊥ = {x ∈ Rn | (x, l) ∈ Z para qualquer l ∈ L} 2 e ele é nesse caso também unimodular. Exemplo 1: Construiremos famílias L ⊆ Rn e daremos os valores de d (L) e det (L). Uma simples família é Zn ⊆ Rn , para estes reticulados d (Zn ) = 1, det (Zn ) = 1. Exemplo 2: Consideraremos em Rn+1 o seguinte reticulado An de posto n: An = (n+1 X ) ai .ei | ai ∈ Z, X ai = 0 , i=1 {ei } é a base canônica do Rn+1 . Esses reticulados são gerados pelos vetores α1 = e1 − e2 , α2 = e2 − e3 , ..., αn = en − en+1 , e obtemos d (An ) = √ 2, det An = √ n + 1. Teoria dos números algébricos Sejam K e L subcorpos dos números complexos C. Se L é um subcorpo de K , dizemos que o corpo K é uma extensão de corpo L, o qual denotaremos por K/L. Denição: Dizemos que e α é um inteiro algébrico se for raiz de um polinômio mônico com coecientes em Z. O conjunto dos inteiros algébricos de K é um anel, chamado anel dos inteiros algébricos de K , e denotado por OK . Teorema: O anel OK é nitamente gerado Z-módulo. Traço: Sejam Σ = {σ1 , ..., σn }o conjunto de mergulhos distintos de K sobre C. Para qualquer mergulho σi tal que σi (K) não está em R o mergulho σi não coincide com σi , esses mergulhos aparecem no conjunto Σ em pares (σi , σi ). Então se s é o número de mergulhos σi : K ,→ C com σi (K) ⊂ R (tal mergulhos são chamados mergulhos reais) e t é o número de pares (σi , σi ) onde σi 6= σi (tal mergulhos são chamados complexos) então s + 2t = n. Vamos denir n T r (x) = T rK/Q (x) = X σi (x) . i=1 T r (x) é chamado o (K/Q)-traço de x. Observamos que a forma bilinear T r (x.y) é não-degenerada. 3 Discriminante: Seja K o corpo de números algébricos de grau n e seja {w1 , ..., wn }sua base fundamental. O inteiro DK = det (T r (wi .wj )) é chamado o discriminante de K . Teorema: Se n > 1, isto é K 6= Q, então |DK | > 1. Seja s o número de mergulhos reais σi e t o número de pares conjugados (σj , σj ) de mergulhos complexos de K . Seja A = Rs × Ct a R-álgebra comutativa de posto n = s + 2t, e seja σ o seguinte mergulho de anéis → Rs × Ct σ : OK 7→ (σ1 (a) , ..., σs (a) ; σs+1 (a) , ..., σs+t (a)) . σ:a Teorema: |det σ (OK )| = 2−t |DK |. p √ Exemplo: hConstruiremos o reticulado algébrico obtido Ko = Q 5 . O anel dos inteiros algébricos sobre n de √ √ i √ √ 1+ 5 1+ 5 K é OK = Z , e uma base integral para OK é 1, 2 . Os mergulhos canônicos são σ1 5 = 5 2 √ √ e σ2 = 5 = − 5 e a matriz geradora do reticulado é M= σ1 σ1 (1) √ 1+ 5 2 σ2 σ2 (1) √ 1+ 5 2 ! = 1 √ 1+ 5 2 1 ! √ 1− 5 2 e o discriminante é √ T r (1.1) T r 1. 1+2 5 √ √ √ = det = det 1+ 5 1+ 5 Tr .1 T r . 1+2 5 2 2 DK 2 1 1 3 ! = 5. √ √ O volume de do reticulado σ (OK ) é 5 e a distância mínima é 2. Assim a densidade de empacotamento √ π é 10 5 ≈ 0, 70246. Até aqui, o ingrediente chave para a construção de reticulados algébricos tem sido a existência de uma Z-base livre em K . Como sabemos que OK tem tal base, pois OK é um Z-módulo livre de posto n, podemos mergulhá-lo em Rn para obter um reticulado algébrico. Porém, existem outros subconjuntos de OK que também têm esta estrutura de Z-módulo livre de posto n. São os idéias de OK . Códigos e empacotamentos Entre códigos e empacotamentos existem um sistema bonito de analogias. De fato, podemos considerar um [n, k, d]q -código C ⊆ Fnq como um conjunto de centros de uma empacotamento(de raio t = d−1 ) na métrica 2 de Hamming. A distância mínima de um código corresponde ao diâmetro d (P) de um empacotamento. Códigos lineares correspondem a reticulados. De fato, um código linear é um subconjunto em Fnq o qual é fechado para adição e multiplicação por elementos de Fq , e reticulados é fechado sobre adição e multiplicação por inteiros. A densidade de um empacotamento corresponde a densidade de empacotamento na métrica de Hamming. Note que a densidade de um reticulado é igual ao volume da bola de raio d dividido por det L. 4 Referências [1] J. H. Conway, N. J. A. Sloane, [2] T. B. Carlos, , 3rd ed. Springer ,1998. Sphere Packings, Lattices and Groups , IMECC-Tese de Doutorado, 2007. Abordagem Algébrica e Geométrica de Reticulados [3] F. J. MacWilliams and N. J. A. Sloane, Holland, 1977. [4] Tsfasman, M.A. and Vl dut, S.G, [5] Zong, C., The Theory of Error-Correcting Codes , Kluwer, 1991. Algebraic-Geometric Codes , Springer 1999. Sphere Packings 5 , Amsterdam: North-