1 FACULDADE ALFREDO NASSER INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO CURSO MATEMÁTICA CONTEXTUALIZANDO A AVALIAÇÃO DO ENSINO E SEUS PONTOS POSITIVOS E NEGATIVOS Cinthia Rejane Camargo Cardoso APARECIDA DE GOIÂNIA 2010 2 CINTHIA REJANE CAMARGO CARDOSO CONTEXTUALIZANDO A AVALIAÇÃO DO ENSINO E SEUS PONTOS POSITIVOS E NEGATIVOS Monografia apresentada ao Instituto Superior de Educação da Faculdade Alfredo Nasser, sob orientação da Prof.ª Ms. Ana Paula Faria Machado como parte dos requisitos para a conclusão do curso de Matemática. APARECIDA DE GOIÂNIA 2010 3 FOLHA DE AVALIAÇÃO DA PRODUÇÃO DO TRABALHO Aparecida de Goiânia, __________de_____________de 2010 EXAMINADORES Orientadora – Professora Ms. Ana Paula Faria Machado – Nota: _____/70 Primeiro(a) examinador (a) ( _________________________) – Nota: ____/70 Segundo(a) examinador (a) ( _________________________) – Nota: ____/70 Média parcial – Avaliação da Produção do Trabalho: _______/70 4 Dedico esta monografia a todas as pessoas que contribuíram para minha vitória, sempre me apoiando nos momentos difíceis que permearam essa caminhada no curso de Matemática. 5 AGRADECIMENTOS A Deus, primeiramente, que deu-me força e me possibilitou chegar até esse momento ímpar de minha vida. Aos meus pais Leila Camargo Cardoso e Valter Borges Cardoso, ao meu marido Fernando César Camargo da Silva. Aos meus filhos amados Júlio César Camargo e Geovanna Camargo e sobrinhas Maria Vitoria e Bruna, minha irmã Cinara. A minha cunhada Tânia Cristina Camargo da Silva e aos meus sogros Aparecido Camargo Nunes e Aurora Florêncio da Silva também a todos os meus colegas do curso, Fabricio, Jardel e Roberto e aos professores, em especial a minha orientadora Prof.ª Ms. Ana Paula Faria Machado pelo carinho e dedicação. 6 “O conhecimento matemático e a avaliação só tem resultados positivos quando se pensa nesses caminhos interligados.” Aparício Torelli, o Barão de Itacaré. 7 SUMÁRIO INTRODUÇÃO ........................................................................................................08 CAPÍTULO I: FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA.......................................................12 1.1 Contexto histórico sobre a Avaliação ............................................................13 1.2 Concepções sobre Avaliação ........................................................................17 CAPÍTULO II: CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO ........................................................21 2.1 Critérios de Avaliação do Ensino Fundamental.............................................22 CAPÍTULO III: O MAU USO DA AVALIAÇÃO E AS POSSÍVEIS SUGESTÕES QUE PODEM VIABILIZAR ESSE PROCESSO ..............................................................28 CONSIDERAÇÕES FINAIS ....................................................................................34 REFERÊNCIAS .......................................................................................................36 8 INTRODUÇÃO A avaliação sempre foi um enfoque que preocupou pesquisadores e educadores no meio escolar, por ser um assunto que demanda diferentes discussões para o aprimoramento de métodos no que se refere ao saber como avaliar o aluno. De um modo em geral, a avaliação sempre foi vista por educadores e alunos como um processo difícil e tortuoso, haja vista, que não é fácil avaliar e nem tão pouco ser avaliado. Nessa perspectiva, conhecer algumas das características que são inseridas neste contexto torna-se fundamental para que equívocos que se referem ao ato de avaliar não sejam mais cometidos no meio escolar. Portanto, partindo do ponto de vista em que a avaliação é tida como ampla e complexa, tenta-se com este estudo, abordar algumas das teorias e concepções que permeiam este assunto, bem como enfatizar os critérios que são utilizados pelos professores para avaliar mais precisamente os alunos do Ensino Fundamental e Médio quanto ao rendimento qualitativo na disciplina de Matemática. Diante das expectativas que visam melhorar a situação da avaliação em termos de aprendizagem, percebe-se que tal processo, é muitas vezes imposto pelo sistema de ensino vigente nas escolas, deixando neste caso, a desejar quanto ao que avaliar e como avaliar os alunos. Deste modo, o questionamento que se faz é quanto a aplicabilidade de processos de avaliações na aprendizagem e quais os seus reflexos no cotidiano escolar de professores e alunos. Levando-se em conta as práticas educativas nas escolas, vê-se que a avaliação é ineficaz e causa muitas vezes, frustrações nos alunos, principalmente quando se trata da disciplina de matemática. Embora, haja diferentes modalidades de avaliação, nem sempre tais modalidades são empregadas de forma adequada por boa parte dos educadores. Com base na atual situação do emprego da avaliação escolar e repensando a prática de muitos educadores no que se refere a melhorias no ato de avaliar, o presente estudo tem como objetivo geral ou principal abordar as principais características da avaliação em termos do que vem a ser avaliação, quais os critérios mais usados para se avaliar e como o mau uso deste processo pode interferir na aprendizagem de forma positiva ou negativa. E como objetivos específicos, contextualizar a avaliação escolar, mencionar suas principais 9 características, identificar os critérios de avaliação e reconhecer o mau uso da avaliação do meio escolar, sugerindo possíveis soluções para a obtenção de resultados mais significativas ao processo de ensino e aprendizagem dos alunos. Dentro deste contexto, este estudo visa ainda, especificar qual é o papel do professor diante do ato de avaliar e como, os componentes curriculares associados a prática na sala de aula de forma consistente redimensionando os resultados esperados. Ou seja, os métodos de ensino devem ser adequados a realidade dos alunos e deste modo, contemplar a aprendizagem como um todo no meio escolar. Faz-se imprescindível também, abordar a problemática que se insere no tocante a avaliação. Já se arrasta há muito tempo e poucas são as mudanças verificadas neste sentido. Portanto, a pergunta que se faz é como o educador a frente de sua realidade na escola e com alunos de diferentes níveis de aprendizagem se desdobrará para avaliar sem medo de errar? Obviamente, ao se levantar um problema como este o que se pretende é investigar as possíveis saídas que tem o educador para tentar desmitificar a avaliação, seja essa escrita (por meio de provas, testes, exames), ou até mesmo oral (gincanas, tabuadas, etc.), o certo é que o problema existe e o comodismo em adotar os antigos critérios de avaliação impostos pelo sistema, ainda persistem no âmbito escolar. Diante da problematização e da justificativa do tema apresentado surgem algumas considerações importantes, entre elas, a avaliação enquanto um processo amplo e complexo, não deve ser mascarado ou ignorado pelos educadores, em verdade, que tal processo é difícil e cheio de questionamentos, como então, melhorar este processo no cotidiano escolar, mais precisamente, na sala de aula com práticas educativas que possam fazer a diferença na hora de avaliar o conhecimento adquirido pelos alunos no decorrer de um mês, bimestre, trimestre ou outros períodos. A busca incessante por melhorias no aspecto de avaliar com objetivos claros e definidos tem instigado em educadores, o interesse em aprimorar técnicas de ensino e inovar o contexto educacional. E por esta razão há investigações de dados que possibilitem esse avanço, tornando se assim relevante ao entendimento do eixo temático delimitado. A estrutura do estudo foi organizada em três capítulos, no primeiro abordaremos a avaliação em suas teorias e concepções, apontando as definições 10 que habitualmente são conhecidas e usadas pelos educadores. Neste capítulo também, são auferidas ainda, questões sobre como as propostas curriculares e os currículos escolares tratam a avaliação em meio a realidade vigente nas escolas neste aspecto. No segundo capítulo tem-se uma abordagem concisa dos critérios de avaliação utilizados para avaliar os alunos no Ensino Fundamental e Médio. Neste capítulo, destacam-se as formas de se avaliar os alunos, especificando o que se espera com tal avaliação em ciclos ou séries sequenciadas, ou seja, em cada série em que o aluno cursa. Com base nos critérios de avaliação, foram enfatizadas as formas de avaliar do professor em termos de teoria (contextos, conteúdos, prática e como o aluno concebeu cada conteúdo explanado). Portanto, neste capítulo é dada ao professor a oportunidade de verificar o que o aluno aprende e como é possível fazer intervenções quando necessário. No terceiro capítulo, procurou-se delimitar o mau uso da avaliação e neste sentido, tentou-se sugerir algumas alternativas que viabilizasse esse processo. No decorrer do capítulo foram discorridas também, sobre algumas práticas educativas que podem subsidiar o ato de avaliar, dentre essas, foram mencionadas práticas como a pedagógica, construtivista e libertadora, ambas inseridas em contextos próprios sobre a aplicação da avaliação. Portanto, os capítulos discorrem de maneira contundente a avaliação em todas as acepções, permitindo o leitor conhecer a realidade eminente deste enfoque nas escolas de um modo geral. Quanto às sugestões de propostas que viabilizam o processo de avaliação nas escolas, todas as indicações feitas a esse respeito, abordam expectativas que contemplam a realidade vivenciada em muitas salas de aula. Quanto a metodologia aplicada é importante frisar as etapas seguidas. Em um primeiro momento, fez-se a escolha do tema a ser delimitado, depois foi escolhido quais os pressupostos teóricos a serem utilizados. Em sequência foram realizadas leituras prévias de livros, dos quais destaco: Avaliação Educação de Soeiro & Aveline (1982); Avaliação: mito & desafio de Hoffman (1991; O nó da Avaliação: novos contextos diferentes paradigmas, extraídos da Revista Pátio – Revista Pedagógica (2009); As três funções da Avaliação em uma escolaridade organizada em ciclos, de Perrenoud (1999); O livro Matemática e Educação: alegorias, tecnologias e temas afins de Machado (2001); 11 Avaliação da Excelência à Regulação das Aprendizagens: entre duas lógicas, Perrenoud (1999) e a Avaliação da Aprendizagem na escola do autor Luckesi (2005). Então, de posse de toda essa bagagem textual, as expectativas para o êxito do estudo se dá através das análises e premissas apontadas no decorrer da monografia e por esta razão, acredita-se que o tema seja interessante e relevante a prática de muitos professores. 12 CAPÍTULO I: CONTEXTO HISTÓRICO SOBRE AVALIAÇÃO A avaliação é um processo antigo num contexto geral de se medir o conhecimento a respeito de algo ou de algum assunto. Desde muito tempo, a avaliação abrange processos seletivos de aprendizagem em diferentes esferas da sociedade e múltiplas dimensões. Em seus primórdios, a forma predominante de tais processos era, naturalmente, a oral. A Bíblia registra, no Velho Testamento, um episódio com todas as características de um exame oral, quase tão “objetivo” e massacrante quanto os vestibulares atuais. Na disputa entre os homens de Gileade e os de Efraim, os gileaditas tomaram os vaus do Rio Jordão, que conduzem a Efraim e quando um fugitivo não correspondia as expectativas dos gileaditas, os mesmos o matavam como forma de punição por não ter dado a resposta correta em um exame oral. (JUÍZES, 12:5) Contrário a questão de disputas ou desavenças entre os homens surge uma controvérsia neste sentido, [...] naturalmente, não seria necessário ir tão longe para buscar exemplos. Cerca de quatro séculos antes de Cristo, Sócrates construiu um processo pedagógico – a maiêutica – onde as múltiplas perguntas e respostas, diligentemente arquitetadas, funcionavam como motor da aprendizagem, impregnada em todos os momentos, da correspondente avaliação. (MACHADO, 2001, p.61). O advento da imprensa pode ter favorecido a convivência e a complementaridade entre os exames orais e escritos. Com a evolução dos tempos, acentuou-se o predomínio dos exames escritos, restringindo-se a forma oral a algumas situações específicas ou às etapas finais de processos seletivos mais amplos. Com o alavancar de novos tempos, a evolução das Ciências acontecia de forma ordenada e condizendo com as perspectivas de cada acontecimento, como o que caracterizou a segunda metade do século XIX, que entre outras coisas, assinala que: [...] a partir da segunda metade do séc. XIX, em decorrência, sobretudo, do vendaval positivista, as velas da nau científica inflaram-se, deslocando-a numa orientação caricatamente quantitativa antiantropocêntrica, tendo um paradigma exclusivo as ciências da natureza, pós-galilenas. As ciências humanas – entre elas, a Educação. (MACHADO, 2001 apud GINZBURG 1989, p.178) 13 Com a acirrada era da globalização e consequente era tecnicista, a avaliação ganha novos sentidos e significados no âmbito escolar e por esta razão, a mescla de critérios para avaliar surgem a cada dia, com modalidades inovadoras e uma variedade muito grande de alternativas para avaliar o conhecimento obtido pelo aluno. Portanto, a avaliação em educação já vem sendo averiguada de longa data e neste sentido Machado (2001, p.69), esclarece que, [...] decididamente, as questões fundamentais relativas á avaliação em educação não resultam senão tangenciadas quando se subordina a mesma à ideia de medida em sentido físico ou matemático, com o agravante que tal concepção ignora pelo menos os fatos mais significativos no âmbito da Física ou da Matemática nos últimos 80 ou 90 anos. (MACHADO, 2001, p.69) Dentro de uma concepção pedagógica atual, tem-se uma perspectiva, de que, se é possível usar a avaliação da aprendizagem, no verdadeiro significado da avaliação, que em outras palavras refere-se: [...] ao ato pelo qual qualificamos a realidade, a partir de dados relevantes, para uma tomada de decisão sobre o que está ocorrendo, na perspectiva de proceder a uma intervenção e melhorar os resultados dessa situação. (LUCKESI, 2005, p. 84) Neste contexto, a avaliação é vista como um ato dinâmico e serve à prática pedagógica, que também é dinâmica. Dessa forma, pedagogia e avaliação da aprendizagem estão num mesmo compasso, ou seja, a avaliação da aprendizagem constitui-se de conceitos e práticas que só podem existir se estiverem articulados com uma Pedagogia Construtivista1, isso quer dizer que, o ser humano é um ser em movimento, em construção permanente, entre outras especificações. 1.1 Concepções sobre Avaliação Para uma delimitação mais detalhada sobre avaliação é preciso, antes de tudo, entender o significado desta palavra. Dentre os vários conceitos de avaliação, o dicionário Aurélio (2004), traz o seguinte: 1 É articulada como uma pedagogia que esteja atenta ao ser humano como um ser em movimento, em construção permanente, através de seus movimentos internos (motilidade) e de seus movimentos externos (mobilidade). A Pedagogia Construtivista possibilita o verdadeiro uso da Avaliação. 14 Avaliação é um ato ou feito de avaliar é uma apreciação, uma análise, valor determinado pelos avaliadores. Avaliar determina a valia ou o valor de apreciar ou estimar o merecimento de calcular, estimar e computar. Fazer ideia de; [...]. (p.77). A partir do momento em que se pensa em avaliação da aprendizagem escolar, remete-se à noção de fazer uma reavaliação da avaliação, ambas estão ligadas a valores morais, éticos, sociais, culturais, entre outros. A avaliação da aprendizagem é uma tarefa didática necessária e permanente para os professores, sendo considerada uma dinâmica complexa onde é preciso acompanhar os percursos individuais que constituem no espaço coletivo. Segundo Hoffman (1991) a dicotomia educação e avaliação, é uma grande falácia. É necessária a tomada de consciência e a reflexão a respeito desta compreensão equivocada de avaliação como julgamento de resultados porque ela veio se transformando numa perigosa prática educativa. Neste contexto, a autora nos remete ao seguinte pensamento: A avaliação é essencial à educação. Inerente e indissociável enquanto concebida como problematização, questionamento, reflexão sobre a ação. Enquanto que o educar é fazer ato de sujeito, é problematizar o mundo em que vivemos para superar as contradições, comprometendo-se com esse mundo para recriá-lo constantemente. (HOFFMAN apud GADOTTI, 1984, p.17) Em consonância com a citação anterior, percebe-se que o educar e o avaliar tem pontos em comum, levando-se em conta, que o sujeito é o elemento fundamental para a engrenagem do processo de ensino e aprendizagem de forma contundente. Portanto, nessa tarefa de reconstrução da prática educativa, deve-se observar que: A avaliação é reflexão transformadora em ação. Ação essa que nos impulsiona para novas reflexões. Reflexão permanente do educador sobre a realidade e acompanhamento, passo a passo do educando, na sua trajetória de conhecimento. (HOFFMAN, 1991, p.18). De acordo com a autora em referência, mais do que avaliar é preciso que o educador inove em métodos e técnicas e principalmente que contemple a ação, a interação do educando com o meio e acima de tudo que o acompanhamento do seu processo avaliativo aconteça de forma gradativa, ou seja, passo a passo. 15 Em algumas escolas é muito comum utilizarem a avaliação unicamente como ato de aplicar provas, atribuir notas e classificar os alunos, uma vez que esta deveria contribuir para o desenvolvimento intelectual, social e moral dos alunos, visando diagnosticar como a escola e o professor estão contribuindo para isso, levando em consideração que os alunos não são todos iguais, possuem níveis sócio-econômicos diferentes assim como características individuais. A avaliação é uma forma de ajudar todos os alunos a desenvolverem suas capacidades cognitivas e intelectuais. Ela deve perder as características de “transmitir-verificar-registrar”, evoluindo para uma avaliação reflexiva e desafiadora do educador no sentido de contribuir para que haja troca de ideias entre alunos e professores e entre alunos e alunos. A avaliação da aprendizagem é uma tarefa didática necessária e permanente para os professores, sendo considerada uma dinâmica complexa onde é preciso acompanhar os percursos individuais que constituem no espaço coletivo. Avaliar não pode se deter em apenas ditar regras, estar a serviço do autoritarismo. [...] educador deve rever sua forma de avaliação, levando sempre em consideração as informações, os conhecimentos trazidos a partir da família, religião, cultura entre outros. Assim sendo, o educando propicia um maior crescimento para o seu desenvolvimento e construção de sua personalidade. A prática de avaliar deve ser revista, dar notas, fazer provas, avaliar. (LUCKESI, 2005, p.48) Neste contexto, percebe-se que a prática de avaliar do professor deve ser revista em termos de dar notas, ou seja, na aplicação dos critérios para avaliar melhor o aluno. Ainda no tocante ao rever as formas de avaliar, é preciso que o professor atente-se ao conhecimento prévio ou de outra origem que o aluno já possui e aproveitá-lo em diversas situações cotidianas na sala de aula. Jussara Hoffman, em seu livro “Avaliação, Mito e Desafio”, defende que o conhecimento deve ser construído entre duas partes: professor-aluno, exigindo do educador uma concepção de criança, jovens e adultos, como sujeitos de desenvolvimento inserido no contexto social e político, um cidadão capaz de construir sua opinião com confiança, colocando o aluno para produzir e não ter as perguntas e respostas prontas. Na história da avaliação educacional brasileira nota-se que educando e educadores frequentemente tem sido alvo de interesse de avaliadores, sobre várias 16 perspectivas. Muitas lutas vem sendo assumidas por educadores como forma de denunciar a função seletiva e discriminatória das notas. Conforme explicita Luckesi (2005) “a avaliação da aprendizagem no ensino escolar se faz presente na vida de todos nós que, de alguma forma, estamos comprometidos com atos e práticas educativas” (p.38). A educação dos alunos parte de uma tarefa incluindo pais, educadores, gestores públicos e particulares da educação, especialistas em educação, todos trabalhando juntos para construir o conhecimento de cada um, com seus valores e culturas respeitadas, não podendo ser tirana, seletiva e cruel. Para romper os limites desta prática de avaliação educacional a serviço de um entendimento teórico e conservador da sociedade é preciso colocar a avaliação a serviço de uma pedagogia que esteja preocupada com a educação voltada para uma transformação social, cultural, intelectual, psicológica, entre outros. O ato de avaliar está presente em todos os momentos na vida de cada um. A todo instante é necessário tomar decisões que, na maioria das vezes são momentâneas ou duradouras. Portanto os profissionais da educação precisam de compromisso e preocupar com o ensino aprendizagem, refletir sobre as controvérsias, polêmicas e discussões que surgem em torno da avaliação. Diante deste contexto de profundas transformações no sistema educacional, a escola precisa repensar sua prática, porém atualmente a maioria das avaliações utiliza métodos tradicionais, não diagnosticando onde e quando necessita de uma intervenção adequada, ao contrário, classificam, tendo em vista os resultados de aprová-los ou reprová-los. O que se quer dizer é que o essencial não é mais saber se o educando merece esta ou aquela nota, é fazer da avaliação um instrumento auxiliar de um processo de conquista do conhecimento ou um instrumento que contribui para a melhoria da aprendizagem. O ato de avaliar implica sobretudo em oportunizar aos alunos alternativas que viabilizem a aquisição de conhecimento sem causar frustrações futuras na vida dos mesmos. Portanto, o ato de avaliar está muito além do quantitativo, visa a obtenção de resultados de forma inovada e com qualidade. “[...] é preciso entender que para avaliar precisamos diagnosticar, o mesmo que constatar, qualificar o objeto da avaliação. É muito mais que aplicar conteúdos, uma prova, fazer uma observação”. (LUCKESI, 2005, p.42) 17 Neste contexto entende-se que a avaliação é um processo contínuo, envolvendo, não só o aspecto quantitativo, mas sim e, principalmente, informações para o processo de ensino e aprendizagem. Enfim, deve-se julgar o grau de acertabilidade do que foi escrito no ambiente escolar, ou seja, ela é um controle de qualidade, medindo a efetividade, ou não, do processo, para que mudanças possam ser feitas. De acordo com Luckesi (2005) o foco de toda avaliação jamais deve ser centrado no conteúdo trabalhado, mas na capacidade de contextualização revelada pelo educando em aplicar conceito, ou seja, através da participação efetiva nas aulas (atividades orais e escritas), a interação professor-aluno e também por meio de dinâmicas em grupo. A avaliação é como investigação, se apresenta como forma de obtenção de dados sobre a realidade que permitam, qualificá-la em seu desempenho, ou seja, a avaliação contribui para o educador levando-o a refletir continuadamente sobre a prática ou criação de novos instrumentos de trabalho. A prática da avaliação é conduzir ao melhor resultado possível, daí a importância de investigar a situação com a intenção de tomar e executar à decisão mais adequada a cada situação. 1.2 Propostas Curriculares e Currículos Escolares sobre a Avaliação Neste tópico, o enfoque abordado volta-se as Propostas Curriculares e Currículos Escolares sobre a avaliação. Por esta razão é preciso antes de mais nada compreender como as propostas curriculares e currículos escolares são entendidos no processo educativo. Segundo os PCN’s (1997, p.56) as propostas curriculares atuais, bem como a atual legislação, concebe uma grande importância à avaliação, reiterando que esta deve ser: contínua e formativa, sendo mais um elemento do processo de ensino e aprendizagem, o qual nos permite conhecer o resultado de nossas ações didáticas e, por consequência poder melhorá-las. O ato avaliativo não deve, portanto se restringir ao julgamento do sucesso ou do fracasso dos alunos, pois necessita ser entendida como um conjunto de atuações que tem função de alimentar, sustentar e orientar a intervenção pedagógica. (PCN, 1997, p.81). 18 Os currículos escolares tem sido um importante componente para discernir as propostas que se desejar alcançar em sala quando se trata de avaliar os educandos. No entanto, com a massificação do ensino, é pouco provável que em salas lotadas os resultados a serem atingidos sejam satisfatórios, pois os níveis de aprendizagem entre os alunos são diferentes e nem sempre existe a preocupação se esse ou aquele educando aprendeu de fato. A verdade que assusta a muitos educadores é o fato de que, embora haja o planejamento, sabe-se que numa hierarquia de valores sociais, culturais e até mesmo socioeconômicos, cada aluno enfrenta uma realidade e fica difícil agregar a determinados alunos essa ou aquela proposta curricular. Essas ideias precisam sair do papel e do discurso de alguns educadores e realmente integrarem de uma educação inovadora que traga um aumento da qualidade de ensino. Alguns educadores defendem uma avaliação com as características voltadas para provas, exercícios, testes, trabalhos dentre outras formas. Não compreendendo como um amplo processo de aprendizagem, que envolvam responsabilidades do educador e do educando. Tratando a avaliação desta forma, afasta o verdadeiro propósito de sua relação com o ensinamento. Ao agir desta forma a avaliação serve para classificar, castigar, definir o destino dos alunos de acordo com as normas das escolas. Podendo afirmar que a avaliação tem assumido uma função seletiva, uma função de exclusão daqueles que costumam serem rotulados como menos capazes, com problemas familiares, sem vontade de estudar, dentre outros termos. A Lei de Diretrizes e Bases (LDB 9394/96) em seu título I, Da Educação, traz que: [...] a educação deve abranger os processos formativos que se desenvolvem na vida familiar, na convivência humana, no trabalho, nas instituições de ensino e pesquisa, nos movimentos sociais e organizações da sociedade civil e nas manifestações culturais. (1996) Portanto, entende-se que por esta lei o que o papel da educação ou sistema educacional é um processo que se inicia no ambiente familiar e se estende na escola e, que este deve levar em consideração a realidade do educando. Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN’s) em seu título “Promoção, repetência e evasão”, mostra que a repetência e a evasão constituem um dos 19 problemas do quadro educacional em nosso país. Assim, acrescenta que os educandos passam em média cerca de cinco anos na escola antes de evadirem, ou levam até onze anos para concluir as oitos séries. Cita ainda os PCN’s (1996, p.83) que a causa da evasão e das altas taxas de repetência, são oriundas dos fatores socioeconômicos dos quais, boa parte das pessoas em idade precoce começam a trabalhar. As dificuldades econômicas os obrigam a deixar a escola. Para o procedimento de como avaliar, os Parâmetros Curriculares Nacionais (1997) trazem uma aprendizagem, da função da avaliação no processo educativo e das orientações didáticas postas em prática. Torna-se, portanto, para uma ação avaliativa recorrer á utilização de diferentes códigos como verbal, o escrito, o numérico, o pictórico, a fim de considerar as diferentes aptidões dos alunos. Do ponto de vista das práticas educativas os Parâmetros Curriculares Nacionais traduzem as propostas curriculares e currículos de modo que a realidade nas salas de aula é propícia ao que se implanta como metas na teoria, no entanto, sabe-se que na prática a realidade é outra devido aos diferentes níveis de aprendizagem que se agrupam em um mesmo espaço, a sala de aula. E neste contexto, nem sempre as perspectivas traçadas pelos PCN’s vão ao encontro do que se espera do professor enquanto mediador do conhecimento, e a avaliação passa a ser uma preocupação de muitos professores no que concerne o avaliar de forma clara e com objetivos definidos. No entanto, as propostas curriculares assim, como os currículos escolares, não estão totalmente adequados à realidade vivenciada nas escolas, uma vez que, os aspectos que permeiam essa realidade como, alunos com dificuldades de aprendizagem, condição socioeconômica inferior aos outros colegas de sala, alunos sem estrutura familiar, ou ainda que seja “jogado” de uma série para outra apenas porque já tem a faixa etária dessa ou daquela série causam sérios danos a aprendizagem e interferem de forma direta no processo de avaliação destes alunos. A realidade posta no papel é uma, a vivenciada em sala de aula é outra bem diferente. Se fôssemos analisar cada caso da não obtenção de resultados ao avaliar o aluno, com certeza, muito do que se escreve como proposta curricular e no currículo escolar deveria ser adequado conforme a realidade de sala de aula. Porém, apesar das constantes mudanças no contexto educacional, onde fala-se em construtivismo 20 frequente, é visível a prática tradicional de muitos ao avaliar o seu, não permitindo que o mesmo, alce diferentes modos de obter resultados significativos ao seu processo de ensino aprendizagem. O medo de abandonar métodos tradicionais e acreditar em métodos inovadores é uma das prerrogativas que amarram a prática educativa de muitos professores e neste contexto, vê-se que a avaliação não avança como deveria, conforme especifica a seguinte citação: Talvez seja exatamente isto, afinal de contas, que dá medo e garante a perenidade de um sistema de avaliação que não muda muito, ao passo que, há décadas vem-se denunciando suas falhas no plano docimológico e seus efeitos devastadores sobre a autoimagem, o estresse, a tranquilidade das famílias e as relações entre professores e alunos. (PERRENOUD, 1999, p.76). Diante do exposto na citação percebe-se que as propostas curriculares, assim como o currículo escolar ainda não são os ideiais, pois mesclam de diferentes formas de avaliar, mas não viabilizam tal processo de maneira clara. Deste modo, tem-se que considerar alguns aspectos que interferem na maneira de avaliar, dentre esses estão as relações família-escola, professor-aluno, o corre corre do dia-a-dia e também os efeitos positivos ou negativos que culminam no sistema de ensino,haja vista que uma grande maioria de professores tem jornada de trabalhos excessivos, o que causa um desgaste muito grande quanto ao propor inovações, adequar-se a tais inovações e, principalmente, acertar nos critérios que devem ser adotados para se avaliar os alunos. 21 CAPÍTULO II: CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO Ao se abordar os critérios de avaliação é preciso considerar que existem uma infinidade de modalidades do professor avaliar seu aluno, dentre essas, destacam-se: atividades escritas, testes, simulados, interação professor-aluno e aluno com aluno, entre outros. No entanto, o professor deve ficar atento as peculiaridades contidas em sala. Muitas vezes o educando não domina a escrita suficientemente para que exponha um raciocínio de maneira mais complexa, entretanto pode fazê-lo através da oralidade. Assim, levando em consideração essas preocupações, o educador deve avaliar por meio de: a) Observação sistemática – em que o processo de aprendizagem dos alunos através de diversos instrumentos em tabelas, lista, diário de classe, entre outros. b) Análise das produções dos alunos – o professor deve considerar a variedade de produção realizada pelo aluno, para que possa ter um quadro real das aprendizagens conquistadas. c) Atividades específicas para a avaliação – os alunos necessitam ter objetivos ao expor um tema qualquer, como responder um questionário e o professor deve esclarecer o que se pretende avaliar e deve garantir que as situações de aprendizagem estruturas em sala não diferem das atividades que já foram realizadas. (PCN’s, 1997, p.85) Como se observa, as formas de avaliar não se resumem a uma só modalidade, abrange diferentes situações nas quais, os alunos estão inseridos no contexto escolar e devem ser aproveitadas em todas as suas etapas. Deste modo, os critérios para avaliar devem ser coerentes com a realidade vivenciada na sala de aula, para que assim a obtenção dos resultados seja coerente aos conteúdos explanados. Quanto mais os alunos tenham clareza dos conteúdos e do grau de expectativa da aprendizagem que se espera, mais terão condições de desenvolver com a ajuda de professor, estratégias pessoais e recursos para vencer dificuldades. (PCN’s, 1997, p.85) Desta forma, os critérios avaliativos relacionam-se diretamente com as atividades de ensino-aprendizagem. Neste sentido, “avaliar a aprendizagem implica avaliar o ensino oferecido se, por exemplo, não há aprendizagem esperada significa que o ensino não cumpriu com sua finalidade – a de aprender”. (PCN’s, 1997, p.84). 22 Como a avaliação da aprendizagem deve ser amorosa, inclusiva, dinâmica e construtiva na visão de Luckesi (2005, p.39), a avaliação deve ser um ato diagnóstico de função inclusiva e não de exclusão ou seleção, sobretudo, os PCN’s acrescentam a importância de refletir sobre a repetência, pois de acordo com os PCN’s (1997, p.89): Os altos índices de repetências em nosso país tem sido objeto de muita discussão, uma vez que explicitam o fracasso do sistema público de ensino, incomodando demais tantos educadores quanto políticos. No entanto, muitas vezes se cria uma falsa questão em que a repetência é vista como um problema em si e não como um sintoma de má qualidade do ensino, e consequentemente, da aprendizagem, que de forma geral o sistema educacional não tem conseguido resolver. Como resultado, ao reprovar os alunos que não realizam as aprendizagens esperadas, cristaliza-se uma situação em que o problema é do aluno e não do sistema educacional. Como se nota, embora hajam critérios de avaliação próprios a cada série, nem sempre estes surtem o efeito esperado e acabam por culminar com casos de repetência em altos índices nas escolas, o que acarreta no professor uma responsabilidade ainda maior quanto ao avaliar alunos que possuem dificuldades de aprendizagem. Portanto, em situações que ocorrem repetências, o professor deve atenuar ainda mais os critérios utilizados para avaliar, visando deste modo que os alunos repetentes avancem para a série posterior. 2.1 Critérios de Avaliação do Ensino Fundamental e Médio Os critérios de avaliação explicitam as expectativas de aprendizagem, considerando objetivos e conteúdos propostos para a área e para o ciclo, a organização lógica e interna dos conteúdos, as particularidades de cada momento da escolaridade e as possibilidades de aprendizagem decorrentes de cada etapa do desenvolvimento cognitivo, afetivo e social em uma determinada situação, na qual os alunos tenham condições de desenvolvimento de ponto de vista pessoal e social. Deste modo, os critérios de avaliação apontam as experiências educativas a que os alunos devem ter acesso e que são consideradas as essenciais para os eu desenvolvimento e socialização. Nesse sentido, eles devem refletir de forma equilibrada os diferentes tipos de capacidades e as dimensões de conteúdo (conceitos, procedimentos e atitudes), e servir para encaminhar a programação e as atividades de ensino e aprendizagem. 23 É importante assinalar que os critérios de avaliação, expressos nos Parâmetros Curriculares Nacionais, representam as aprendizagens essenciais ao final do ciclo e possíveis a maioria dos alunos submetidos às condições de aprendizagem propostas. Portanto, os critérios de avaliação expressam em sentido estrito que: Os conteúdos que foram trabalhados no ciclo, apenas aqueles que são fundamentais para que se possa considerar o que um aluno desenvolveu nas capacidades previstas é o que pode continuar aprendendo no ciclo seguinte, sem que seu aproveitamento seja comprometido. (PCN’s, 1998, p.81). Entende-se então, que os critérios de avaliação presumem-se em enfatizar nos ciclos os conteúdos de forma sequencial, ou seja, o conteúdo que foi estudado em um dado ciclo tiver continuidade em outro ciclo, é aproveitado de modo a desenvolver ainda mais as capacidades dos alunos. Na tentativa de mudar os rumos que habitualmente acontece nas avaliações em matemática, alguns professores têm procurado elaborar instrumentos para registrar observações sobre os alunos. Um exemplo são as fichas para o mapeamento do desenvolvimento de atitudes como: interação, professor-aluno, comportamento, participação efetiva nas aulas, entre outros. Os PCN’s de Matemática do 3° e 4° ciclos, incorporam a avaliação como parte fundamental do processo ensino-aprendizagem. Sendo assim, consideram que a avaliação deve ser vista de forma ampla, “...ou seja, fundamentalmente em sua dimensão diagnóstica, para que se possa detectar problemas, corrigir rumos, apreciar e estimular projetos bem-sucedidos”. Deste modo, alguns critérios de avaliação que constam nos PCN’s que servirão como indicadores das expectativas de aprendizagem possíveis a serem desenvolvidas pelos alunos, de acordo como cada ciclo. Nessa perspectiva, os PCN’s fornecem ao professor, elementos para que se “possam fazer reorganizações sistemáticas da atividade pedagógica de modo a garantir a aprendizagem dos aspectos”. Assim, a avaliação é parte do processo de ensino e aprendizagem. São por meio dela que vários aspectos relativos ao desempenho dos alunos, a aquisição de conceitos, ao domínio de procedimentos e ao desenvolvimento de atitudes são diagnosticadas. Mas, também devem ser avaliados aspectos como seleção e 24 dimensionamento dos conteúdos, práticas pedagógicas, condições em que se processa o trabalho escolar e as próprias formas de avaliação. No 3° ciclo, ou melhor, dizendo no 6° e 7° ano do Ensino Fundamental, os critérios de avaliação utilizados pelos professores conforme dos PCN’s de Matemática (1998, p.65-67) se resumem a: Buscar procedimentos matemáticos para construir soluções num contexto de resolução de problemas numéricos, geométricos ou métricos – com base neste critério o professor verifica se o aluno é capaz de interpretar uma situação-problema, distinguir informações pertinentes das supérfluas, planificar a resolução, identificar informações que necessitam ser levantadas, estimar soluções possíveis, decidir sobre procedimentos de resolução a serem utilizadas, investigar, justificar, argumentar e comprovar a validade de resultados e apresentá-los de forma organizada e clara; Utilizar os diferentes significados e representações dos números naturais, inteiros, racionais e das operações envolvendo esses números, para resolver problemas, em contextos sociais, matemáticos ou de outras áreas do conhecimento – com base neste critério o professor verifica se o aluno é capaz de comparar e ordenar números naturais, inteiros e racionais, reconhecendo suas diferentes formas de expressão como fracionária, decimal e percentual; representar na forma decimal um número racional expresso em notação fracionária; efetuar cálculos envolvendo adição, subtração, multiplicação, divisão e potenciação; escolher adequadamente os procedimentos de cálculo em função dos contextos dos problemas, dos números e das operações envolvidas. Utilizar a linguagem algébrica para representar as generalizações expressas em tabelas e gráficos em contexto numérico e geométrico. Com base neste critério o professor verifica se o aluno é capaz de observar as relações em variações de grandeza, generalizá-las e expressá-las por meio da linguagem algébrica. Obter e expressar resultados de medições utilizando as principais unidades padronizadas de medida de comprimento, capacidade, massa, superfície, volume, ângulo e tempo. Com base neste critério o professor verifica se o aluno é capaz de obter resultados de diferentes medições, escolhendo e utilizando unidades de medida padronizadas, instrumentos apropriados e expressar os resultados em função de grau de precisão desejável e indicado pelo contexto da situação-problema. Utilizar as noções de direção, sentido, ângulo, paralelismo e perpendicularismo para representar num sistema de coordenadas à posição e a translação de pontos no plano. Com base neste critério o professor verificar se o aluno é capaz de utilizar as noções geométricas como paralelismo, perpendicularismo, ângulo, direção, sentido, distância, para descrever a representação, a posição e o deslocamento de um ponto no referencial cartesiano. Analisar, classificar e construir figuras geométricas bidimensionais e tridimensionais, utilizando as noções geométricas como ângulos, paralelismo, perpendicularismo, estabelecendo relações e identificando propriedades. Com base neste critério o professor verifica se o aluno é capaz de identificar figuras planas e espaciais, descrever elementos das figuras bidimensionais e tridimensionais, construírem modelos dessas figuras, interpretar e obter representações planas de figuras tridimensionais, bem como realizar classificações utilizando-se das noções de paralelismo, de perpendicularismo e de ângulo. Construir, ler e interpretar tabelas e gráficos e escolher o tipo de representação gráfica mais adequada para expressar dados estatísticos. Com base neste critério o professor verifica se o aluno é capaz de recolher 25 dados e organizá-los em tabelas e gráficos, escolhendo a representação mais apropriada. (PCN’s, 1998, p.65-67) Dentre alguns critérios de avaliação empregados no Ensino Fundamental no 8° e 9° ano, ou seja, o 4° ciclo vale especificar, que estes, tem como objetivos: a) Buscar os procedimentos matemáticos adequados para construir soluções num contexto de resolução de problemas numéricos, geométricos ou métricos. b) Usar diferentes significados dos números naturais, inteiros, racionais e das operações envolvendo esses números, para resolver problemas, em contextos sociais, matemáticos ou de outras áreas do conhecimento. (PCN’s MATEMÁTICA, 1998, p.65) Como se percebe, no 4° ciclo, os critérios de avaliação vão ao encontro de objetivos que procuram agregar a aprendizagem dos alunos significações aos conteúdos explorados. Portanto, é explorado os conteúdos que são predominantemente próprios para o ciclo e espera-se que a devolutiva neste sentido contemple o processo de ensino e aprendizagem como um todo. No segundo, o professor verifica as potencialidades por meio de averiguações sobre o aprendizado adquirido e neste sentido são levados em conta os conteúdos trabalhados em sala de aula. Outro critério de avaliação adotado em matemática do 8° e 9° ano é o de resolver situações-problema por meio de equações e sistema de equações do 1° grau com duas incógnitas. Com base neste critério o professor verifica o seguinte: “Se o aluno é capaz de resolver situações-problema por meio de equações, aplicando com compreensão as propriedades da igualdade para determinar suas soluções”. (PCN’s MATEMÁTICA, 1998). Quanto a resolver situações-problema que envolve a variação de duas grandezas direta ou inversamente proporcional e representar em um sistema de coordenadas cartesianas essa variação, o professor deve ficar atento a: Verificar se o aluno é capaz de resolver situações-problema que envolvam a variação de grandezas direta ou inversamente proporcional, utilizando estratégias como as regras de três; de representar em um sistema de coordenadas cartesianas a variação de grandezas envolvidas em um fenômeno, analisando e caracterizando o comportamento dessa variação em diretamente proporcional, inversamente proporcional ou não proporcional. (PCN’s MATEMÁTICA, 1998). 26 Assim, como no 3° ciclo, o 4° ciclo da aprendizagem possui critérios próprios para se avaliar os alunos, dentre estes, destacam-se: Estabelecer relações de congruências e de semelhança entre figuras planas e identificar propriedade dessas relações. Com base neste critério o professor verifica se o aluno é capaz de perceber que por meio de diferentes movimentos de uma figura no plano (translações, reflexões, retas e rotações) obtêm-se figuras congruentes, e por meio de ampliações e reduções obtêm-se figuras semelhantes além de aplicar as propriedades da congruência e as da semelhanças em situações-problema. Obter e expressar medidas de comprimento, massa, tempo, capacidade, superfície, volume, ângulo, densidade e velocidade e fazer cálculos com essas medidas. Com base neste critério o professor verifica se o aluno é capaz de obter medidas de grandezas, utilizando unidade e instrumentos convenientes, representarem essas medidas, fazer cálculos com elas e arredondar resultados; bem como resolver situações que envolvem grandezas determinadas pela razão de duas outras (com por exemplo, densidade demográfica , densidade e velocidade). Construir, ler e interpretar tabelas e gráficos e escolher o tipo de representação gráfica mais adequada para expressar dados estatísticos. Com base neste critério o professor verifica se o aluno é capaz de recolherem dados e organizá-los em tabelas e gráficos, escolhendo a representação mais apropriada. (PCN’s, 1998, p.48) Como se observa, a cada critério de avaliação estabelecido, o professor tem que fazer uma certa sondagem do que o aluno é ou não capaz de aprender. Sendo assim os conteúdos voltam-se mais a praticidade do que a teoria e embasado no que aprenderam os alunos, o professor pode visualizar qual é o melhor critério para se avaliar, ou seja, escrito, oral, interação com o conteúdo, entre outros. Segundo Hoffman (1995, p.44) é preciso repensar certas ideias que predominam sobre o significado da avaliação de matemática, ou seja, que concebem como prioritários avaliar apenas se os alunos memorizam as regras e esquemas, não verificando a compreensão dos conceitos, o desenvolvimento de atitudes os procedimentos e a criatividade nas soluções, que, por sua vez, se refletem nas possibilidades de enfrentar situações-problema e resolvê-las. Na atual perspectiva de um currículo de matemática para o ensino fundamental, novas funções são indicadas à avaliação, na qual se destacam uma dimensão social e uma dimensão pedagógica, enfoque esse que requer uma atenção especial por parte dos professores. Ao sair do Ensino Fundamental, o aluno cria toda uma expectativa quanto ao que vai encontrar no Ensino Médio. Toda via, os critérios de avaliação seguem a mesma estrutura, o que muda são os conteúdos que vão estar adequados a maturidade dos alunos que ingressarem para essa etapa. 27 As perspectivas que são criadas pelos alunos ao ingressar no 3° ano do Ensino Médio no que se refere ao seu ingresso no mercado de trabalho, ou até mesmo, para enfrentar uma Faculdade, faz com que muitos deles busquem com maior ênfase obter melhores resultados nas avaliações propostas. É neste período que são aflorados nos alunos toda uma expectativa com relação a exames nacionais, concursos públicos e processos seletivos em diferentes instituições. Levase em conta também, que o perfil do aluno de Ensino Médio já é mais preparado no que concerne aos critérios que são utilizados para avaliá-lo. Dentro deste contexto, surge então o ENEM (Exame Nacional do Ensino Médio) que dentre os seus objetivos, tem como propósito encaminhar às universidades aqueles estudantes que tirarem as melhores notas. Portanto, a avaliação do ENEM, além de somativa prescreve a chance dos alunos de garantirem uma vaga na faculdade. Segundo Soeiro & Aveline (1982, p.39) a avaliação somativa é também chamada de classificatória ou tradicional. Como a avaliação restrita, seu propósito é o de classificar os alunos e ao final de uma unidade, semestre ou curso, segundo níveis de aproveitamento. Os resultados são traduzidos em notas ou conceitos. No caso do ENEM essa avaliação é focada no quantitativo adquirido em cada disciplina e curso que o aluno deseja seguir, desta forma, há uma seleção prévia de que tipos de profissionais estarão formando para o mercado de trabalho. Porém, se sabe que o problema da avaliação já não tem dado trégua, nem mesmo nos exames nacionais, pois a eficácia na elaboração e aplicação de exames como o ENEM, estão a cada ano sendo colocada em evidência, ou seja, este tipo de exame é pautado nas escolas como um requisito para quem desejar entrar na faculdade e nem sempre atende as expectativas dos alunos que se preparam o ano todo, esperando o momento de realizar este tipo de exame. Portanto, mais uma vez recai sobre o sistema a culpa de organizar e estruturar o ensino, pois casos como fraudes em exames, elaborações mal feitas não são interessantes para o cidadão que busque expandir seu conhecimento, ao contrário em situações como as vivenciadas nos dois últimos anos, faz com que haja uma degradação muito grande no sistema de ensino implantado no Brasil. 28 CAPÍTULO III: O MAU USO DA AVALIAÇÃO E AS POSSÍVEIS SUGESTÕES QUE PODEM VIABILIZAR ESSE PROCESSO Quando se coloca em foco o mau uso da avaliação pelos professores na escola, há de se considerar o contexto no qual se insere as formas usadas para avaliar os alunos. Ao contrário de outros períodos, o avaliar hoje, ganha um outro sentido, se antes as notas mantinham todo um poder de julgar o aluno por métodos tradicionais, com o passar dos anos vê-se algumas mudanças no quesito avaliar. Há bem pouco tempo, professores deixaram de avaliar seus alunos apenas pelo que sabiam quantitativamente, ou seja, houve época em que o aluno tinha apenas uma alternativa de ser avaliado, ou seja, uma prova valia pontuação máxima (10 pontos) e acertando um número significativo de questões tinha sua nota favorável ao contrário, ficaria com nota baixa, o que configuraria nota vermelha. Em tempos de pós-modernidade a realidade em termos quantitativos mudou um pouco, pois já se fala em avaliação paralela, contínua, por meio de trabalhos, testes, simulados, entre outros. No entanto, nem sempre os professore fazem uso de forma adequada das alternativas que lhes são oferecidas como saída viável para a obtenção de notas e consequente avaliação dos alunos. Talvez os altos índices de repetência nas escolas sejam o indicativo de que a avaliação no contexto escolar anda muito mau e com isso, percebe-se que a qualidade de ensino vai aos poucos se degradando. Uma das preocupações eminentes dos pais são boletins escolares, isto é, é por meio destes, que os mesmos sabem se o conhecimento adquirido foi bom ou ruim. Sobre este aspecto Perrenoud (1997) em artigo publicado na Revista Pátio – Revista Pedagógica, afirma que: [...] o apego às notas, além da familiaridade com esse sistema, tem a ver antes de tudo com o sentimento de que são indicadores claros e precisos das chances de êxito escolar: se as notas são boas, é porque ‘as coisas vão bem’, mas mesmo assim é preciso manter-se atentos; se elas baixam, há contatos com os professores, vigilância mais estrita das saídas, das diversões, dos deveres, chantagem com a mesada ou outras formas de pressão. Como se percebe na citação do autor em referência, mesmo com a evolução das didáticas apresentadas na sala de aula no que concerne a avaliação, muitos pais ainda veem no resultado obtido a única forma de saber se os filhos vão bem ou 29 mal na escola e muitas vezes, deixam de rever questões também importantes, como a interação professor-aluno, a qualidade do aprendizado de seus filhos, a melhoria de aspectos sociais, culturais e afetivos que moldam o bom andamento na construção da aprendizagem. Ou seja, é colocado em pauta pelos pais a quantidade e não a qualidade dos critérios avaliativos adotados pelos professores. Ainda com relação a dicotomia família e escola, é importante que se estabeleça um paralelo entre ambas e sendo assim, convém abordar que: A escola infelizmente, inverteu a ordem das coisas. Ela avalia antes de tudo para informar aos pais. Assim, muitos professores satisfazem-se com o que poderão colocar no boletim ou traduzir em notas. Isso leva a crer que se todos os alunos fossem órfãos, a escola poderia deixar de avaliar! (PERRENOUD, 1997, p.11). Deste modo, nota-se que há um entrave entre o ato de avaliar e o papel que este ato provoca na vida dos alunos e pais de alunos. Então, se coloca em evidência, que o mau uso da avaliação reflete não só no ambiente escolar, mas também no âmbito familiar de forma direta e conclusiva. Como se percebe, o mau uso da avaliação pode proporcionar efeitos irreversíveis na vida do aluno e por consequente o fracasso escolar será inevitável. Tentando delimitar as formas do uso adequado da avaliação ou do seu mau uso, convém citar a aplicação dos exames nas escolas, que na concepção de alguns autores não correspondem as perspectivas almejadas para a aprendizagem. O predomínio de exames na sala de aula nem sempre é a maneira mais correta de argüir os alunos acerca de determinados assuntos, pois a medida que se lançam perguntas a título de concurso, os resultados nem sempre são aqueles esperados pelos professores. Assim, deve-se levar em conta que: Na sala de aula, os exames não fazem sentido, devido, nesse espaço, nem a classificação nem a certificação serem necessárias, a medida em que esse é um espaço de aprendizagem e não de demonstração do que já se sabe [...] (LUCKESI, 2005, p.35) Na concepção do autor em referência a sala de aula é o lugar onde se aprender e não lugar onde se concorre à alguma coisa. Então, em termos de acompanhamento da aprendizagem do educando, na sala de aula, deve predominar o diagnóstico, pois que ele subsidia a reorientação da aprendizagem, que garante 30 um processo construtivo, ao invés de predominar o exame como recurso classificatório, próprio de situações de concorrência ou de demonstração de saber. Diante da contextualização do mau uso da avaliação surgem práticas educativas diferentes no ambiente escolar, destas destacam-se a prática hierárquica e a pedagógica que se divergem no tocante aos objetivos e métodos e a respeito da prática hierárquica, vale salientar que: [...] a prática hierárquica – o educador, nas situações escolares como representante do sistema, decide que vai examinar, o conteúdo, a forma de examinar, as questões, corrige o que o estudante escreveu, atribui nota, aprova ou reprova o educando. Usualmente, mais exclui do que inclui. (LUCKESI, 2005, p.27). No que se refere a prática pedagógica, esta nem sempre é a mais indicada por denotar diferentes aspectos no sentido de que o professor é colocado como o centro das atenções ao invés do aluno. Portanto, é relevante citar que na prática pedagógica: O professor pratica muitos outros atos, onde o autoritarismo pode se manifestar facilmente. É ele quem planeja, quem escolhe os conteúdos, as técnicas de trabalho pedagógico, etc. Neste contexto, só interessam as práticas de acompanhamento da aprendizagem; na qual o professor se vê em lugar especial de exercício exacerbado do poder. (LUCKESI, 2005, p.27). No entanto, as práticas educativas não se resumem apenas a hierarquia, ao pedagógico, abrangem outras especificações. Contudo, sabe-se que embora, o modo de avaliar o aluno seja uma preocupação constante nas escolas, existe sim professores que adotam práticas que não condizem com a realidade de seus alunos. Mesmo com o uso de práticas inadequadas sabe-se que nem sempre os educandos aceitam essa situação de forma pacífica. Eles resistem como podem as formas autoritárias e desordenadas de corrompê-los. É bem verdade, que mesmo eles se contrapondo, o que vale no final de tudo é o que a nota que lhes foi atribuída. Diante de práticas educativas, percebe-se o que o mau uso da avaliação acontece com certa frequência, porém a culpa não é do professor. Assim sendo, é preciso olhar a resistência do professor, de pais de alunos, dos administradores da educação e dos políticos, que legislam sobre educação, quanto a prática da avaliação, como um resultado de um emaranhado histórico-social longo, amplo e 31 consistente. Ou seja, o educador não pode ser visto como o vilão desse fato, mas como condicionado por esse processo. Para tentar reverter um pouco do histórico sobre avaliação que persiste no âmbito escolar, é importante enfocar algumas sugestões que podem viabilizar esse processo, considerado por muitos professores como sistêmico, criterioso, amplo e algumas vezes contraditório a realidade dos alunos. [...] dentro da perspectiva pedagógica, é possível usar a avaliação da aprendizagem, no verdadeiro significado de avaliação, como o ato pelo qual qualificamos a realidade a partir de dados relevantes, para uma tomada de decisão sobre o que está ocorrendo, no intuito de proceder a uma intervenção e melhorar os resultados dessa situação. (LUCKESI, 2005, p.84) No que se refere as provas aplicadas anualmente, como a Prova Brasil, que tem como propósito refinar a avaliação do Educação Básica de alunos cursando 5° ano e o 9° ano, percebe-se que os resultados não são aqueles esperados pelo Ministério da Educação e Cultura, pois o grau de insatisfações nos testes aplicados é visível a cada ano, o que culminou com a tomada de decisões que possam a vir melhorar esse aspecto. De acordo com a reportagem da Revista Nova Escola (2007, p.33) para que os resultados da Prova Brasil surtam efeito positivo, é preciso usá-los para reforçar o ensino dos itens que estão ruins, afirmam todos os especialistas. Portanto, devem ser avaliadas as possibilidades de aprendizagem dentro do contexto em que os alunos se inserem e não através de provas miraculosas ou que frustram os alunos. Para colocar cada aluno o mais frequentemente possível nas situações didáticas mais fecundas para ele, importa que o professor saiba o que o aluno compreendeu no que ele tropeça como aprende, o que o auxilia ou o perturba, interessa-o ou o aborrece. Em consonância com o que determina a avaliação formativa em termos de viabilizar o processo de avaliação, é importante frisar que: [...] A avaliação formativa participa, da construção de uma representação precisa, não só dos conhecimentos do aluno, mas de seu modo de aprender, de sua relação com o saber, de seu projeto, de seus recursos. É com essa condição que o professor poderá dar uma resposta satisfatória ao aluno. (PERRENOUD, 1999, p.115) 32 Diante de alternativas de uma avaliação formativa como um incremento ao processo de aprendizagem, pode-se destacar também o uso de uma avaliação prognóstica, ou seja, aquela que o ensino fundamental realiza, antes da passagem ao ensino médio. Cabe a esse tipo de avaliação a decisão de reprovação, não que as outras modalidades de avaliação não tenham esse fim, mas é através da avaliação prognóstica que se deve ou não conceber a passagem de ciclo de aprendizagem ao seguinte. Contrário ao ideia de avaliação prognóstica, ou melhor, a uma prática pedagógica mais condizente com a realidade dos alunos, está a avaliação na perspectiva de uma pedagogia libertadora. Neste concepção a melhoria no ato de avaliar é entendida como uma prática coletiva que exige a consciência crítica e responsável de todos na problematização das situações. (HOFFMAN, 1991, p.112). Como podemos perceber, avaliar nesse novo paradigma é dinamizar oportunidades de ação-reflexão, num acompanhamento permanente do professor e este deve propiciar ao aluno seu processo de aprendizagem, reflexões acerca do mundo, formando seres críticos libertários e participativos na construção de verdades formuladas e reformuladas. Dentre algumas das sugestões que podem viabilizar o uso da avaliação na sala de aula, está o processo de interação professor-aluno, onde metas podem ser traçadas visando apenas um fim, avaliar o aluno diante de um contexto não obstante a realidade vivenciada na sala de aula. Por interação, entende-se que é uma ação que se exerce mutuamente entre duas ou mais pessoas e no meio escolar, essa concepção não é diferente, principalmente na relação professor-aluno, pois tal interação é acometida de uma série de fatores de ordem pessoal, intelectual, social, cultural, ética e também moral. Portanto, ao passo que se estabelece uma relação de interação, o que se espera é que haja reciprocidade entre ambas as partes. Assim também, pode ser definida a relação do professor com o seu aluno no momento de avaliá-lo, entra em cena, o chamado bom senso que pontua o que o aluno consegue realizar e não o que tem que mascarar para ser considerado bom, diante do sistema de ensino imposto. Uma outra forma de se conseguir resultados significativos quando o assunto for o ato de avaliar, seria o diálogo, cria-se toda uma afinidade entre as partes envolvidas e fica fácil discernir o certo do errado. Não que o diálogo deve ser um 33 componente que avalie ou justifique somente, pelo contrário, é porque se houver diálogo, o processo de ensino e aprendizagem torna-se menos tortuoso entre professor e alunos. Portanto, a sugestão mais viável ao processo educativo de crianças, jovens e adultos seria uma equiparação de valores qualitativos e quantitativos, onde se levam em conta diferentes aspectos que permeiam o meio escolar, tais como: o que o aluno sabe, o que ele é capaz de assimilar, como ele concebe o ensino e apreende o conhecimento, os fatores que interligam alunos a professor, o contexto (ou conteúdos) explorados, interação em grupos, dentre tantos outros aspectos. Em meio a essas perspectivas de melhorar o uso da avaliação nas escolas, é importante que os professores reavaliem suas práticas educativas e busquem cada vez mais alternativas de como avaliar melhor seus alunos, sem jamais esquecer que, ao avaliar não se deve pautar apenas o quantitativo, e sim os demais aspectos que podem contribuir para o processo de construção do conhecimento e conseqüente êxito no contexto educacional. 34 CONSIDERAÇÕES FINAIS Visto que a avaliação tem sido nos últimos anos uma preocupação eminente em meio a professores que buscam através dos critérios avaliativos as mais variadas formas de avaliar seus alunos. No entanto, o que pesa neste sentido não é saber as formas que se deve avaliar os alunos, mas, como muitos professores tem feito isso, haja vista os altos índices de resultados negativos em exames nacionais, como a Prova Brasil e o ENEM (Exame Nacional do Ensino Médio), que comprovam a cada ano a ineficácia da aplicação da avaliação nas escolas. Com isso a avaliação é vista por muitos professores como desafiadora e requer que os mesmos, repensem as formas de avaliar e como avaliar. Neste sentido, salienta que, dentre as formas de avaliação, estão, testes, atividades avaliativas bimestrais, trabalhos, interação em duplas, grupos, entre outros, ou seja, da avaliação prognóstica, formativa até as mais inovadoras práticas. Tem surgido o problema que, na prática, o sistema é falho e muito ultrapassado. Portanto, mesmo existindo as alternativas, incide sobre os professores a responsabilidade de saber avaliar o seu aluno de forma clara e com objetivos definidos. A presente monografia teve como objetivo geral caracterizar a avaliação quanto a sua estrutura organizacional nas escolas, abordando desde concepções, métodos e critérios que tem o professor de avaliar os seus alunos e como objetivos específicos conhecer o contexto histórico sobre a avaliação; delimitar algumas teorias e concepções sobre o que é avaliação; apresentar alguns critérios de Avaliação do Ensino Fundamental ao Ensino Médio e estabelecer um paralelo entre o mau uso da avaliação e as possíveis sugestões que viabilizam esse processo. Diante do exposto com relação aos objetivos elaborados, percebeu-se que o objetivo geral do estudo foi alcançado assim como, os objetivos específicos. Ou seja, a medida que foram realizados os levantamentos pertinentes ao enfoque, as premissas sobre a temática pesquisada foram sendo esclarecidas com precisão. O estudo foi elaborado de forma que o leito pudesse compreender como funciona os critérios de avaliação nas escolas, e principalmente como os professores costumam avaliar seus alunos e porque eles avaliam. Deste modo foi possível analisar e compreender os discursos dos pressupostos teóricos pesquisados, conhecer a verdadeira etimologia do termo avaliar e acima de tudo, entender como é difícil para o professor avaliar o seu aluno com uma demanda 35 muito grande de problemas: falta de compromisso dos alunos, estrutura familiar fracassada, um sistema que impõe as regras, falta de condições adequadas para se desenvolver um trabalho digno e promissor, entre outros. O estudo pôde salientar como é importante o uso dos critérios de avaliação conforme cada série ou ciclo, pois só assim, o aluno será argüido naquele conteúdo(s) que estudou. Embora, se sabia que muitos professores a frente da sala de aula, nem sempre seguem o que predominantemente e correto e coerente para o desenvolvimento do processo de ensino e aprendizagem dos alunos. Em suma, vale ressaltar que o mau uso da avaliação em sala de aula é um problema antigo, pois nem sempre o professor está apto a colaborar para que esse processo seja menos tortuoso e complexo, não que seja culpa só do professor, pelo contrário é a soma de uma série de fatores. No entanto, se cada um buscar alternativas que viabilizassem esse processo, com certeza, a realidade nas escolas brasileiras neste aspecto seria outra totalmente diferente. E depende da colaboração de todos envolvidos neste contexto, ou seja, dos professores, alunos, coordenadores, assistentes educacionais, pais de alunos, das secretarias de educação, enfim, de todos que acreditam que é através da educação que a formação da ética, moral e cidadania contribui para a construção do sujeito e possibilita ao mesmo agregar o conhecimento de forma significativa no seu processo de ensino e aprendizagem. Por fim, diante do exposto no decorrer do presente estudo, reitero meu ponto de partida ao fato de que a avaliação é muito além do quantitativo, o avaliar pode ser mesclado em todas as suas formas, ou seja, por meio do que o aluno desenvolve no cotidiano escolar, seja de forma individual, ou grupo, na linguagem oral ou escrita, construindo ou reinventando, pois acredito que só assim as possibilidades para se avaliar um aluno seria menos frustrante para a prática educativa do professor em sala de aula. Nesta perspectiva espera-se que os dados levantados no estudo possam a contribuir na prática de muitos professores e enalteça pesquisas futuras neste sentido, levando a contextualização sobre a avaliação adiante e com novos paradigmas ao que se refere avaliar os alunos de forma sensata e sem juízo de valores. 36 REFERÊNCIAS BRASIL, Ministério da Educação. Parâmetros Curriculares Nacionais. Matemática. Secretaria da Educação. Educação Fundamental 5ª a 8ª série. Brasília: MEC/SEF, 1997. FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Dicionário de Língua Portuguesa. 5ed. Rio de Janeiro: Fronteira, 2004. GINZBURG, C. Mitos, Emblemas, Sinais. São Paulo: Cia das Letras, 1989. HOFFMAN, Jussara Maria Lerch. Avaliação: mito e desafio. Porto Alegre: Mediações, 1991. LUCKESI, Cipriano Carlos. Avaliação da aprendizagem na escola: reelaborando conceitos e recriando a prática. 2ed. Rev. Salvador: Malabares, Comunicação e Eventos, 2005. MACHADO, Nilson José. Matemática e Educação: alegorias, tecnologias e temas afins. São Paulo: Cortez, 2001. PERRENOUD, Philippe. Avaliação: da excelência a regulação das aprendizagens – entre duas lógicas. Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 1999. _____________. As três funções da avaliação em uma escolaridade organizada em ciclos. Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 1997. NOVA ESCOLA, Revista. A avaliação como a Prova Brasil, um texto nacional pode ajudar a melhorar a qualidade da Educação. Ministério da Educação FNDE. São Paulo: Abril, 2007. P.30. SOEIRO, Leda Ribeiro; AVELINE, Suelly. Avaliação Educacional. Sulena, 1982.