Pecuária de Corte

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Balanço 2016 | Perspectivas 2017
Pecuária de Corte
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Perspectivas 2017
RETOMADA ECONÔMICA DEVE MELHORAR A DEMANDA POR CARNE BOVINA
RECUPERAÇÃO DA ECONOMIA COMBINADA COM A PREFERÊNCIA DO CONSUMIDOR
PELA CARNE BOVINA E O PROVÁVEL CRESCIMENTO DAS EXPORTAÇÕES PODEM
FAVORECER A CADEIA DA BOVINOCULTURA.
A expectativa de queda de inflação e a do Risco Brasil, aliadas à retomada da confiança de
empresários e consumidores, são sinais de que a economia brasileira começa a se recuperar. Segundo o Boletim Focus do Banco Central, o produto interno bruto (PIB) brasileiro de
2017 deve voltar a crescer em 1,3%.
Ainda que tímida, a projeção de crescimento do PIB é positiva para a economia favorecendo um discreto aumento no poder de compra do brasileiro, porém o consumo interno
de carne bovina deverá continuar retraído, não caindo mais na preferência do brasileiro
pela carne bovina. Em 2016, a disponibilidade de carne bovina indica um consumo interno
semelhante ao de 2015, em torno de 33 kg/habitante/ano, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). No entanto, com a recuperação da economia, é provável
que possamos reverter a queda observada na última década e retomar o crescimento no
consumo, que já chegou a 40 kg/habitante/ano.
Outro ponto positivo é que a produção nacional de carne bovina vem crescendo a taxas
maiores do que nos anos anteriores, em decorrência do aumento da produtividade. Nos
últimos 13 anos (2003 a 2015), a produção teve um incremento de 57%, analisando o rebanho no mesmo período, nota-se alta de 19 milhões de cabeças. Os dados sobre abate
bovino do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), referentes ao primeiro
trimestre de 2016, indicam aumento no volume de carne a ser produzida da ordem de
2% comparativamente a 2015, após dois anos seguidos de queda. Contudo, considerando
que a demanda aumenta sazonalmente no segundo semestre do ano, estima-se que o
aumento supere 3%.
Do lado da produção, a safra de bezerros deverá dar suporte à oferta de gado para engorda, com uma perceptível melhora na disponibilidade das categorias jovens. As vendas
de boi gordo deverão ser maiores no próximo ano, enquanto os pesos das carcaças deverão aumentar com boas condições de forragens e menores custos dos alimentos. Para o
próximo ano, os preços do boi gordo deverão ficar abaixo das cotações de 2016, já que a
oferta de animais terminados deverá ser maior.
Na conjuntura internacional, a demanda pela carne bovina continua aquecida. Há expectativa de aumento dos embarques brasileiros para Ásia em 2017, especialmente para
Hong Kong e China. Estes países costumavam comprar carne bovina da Austrália, mas,
considerando a diminuição do abate bovino naquele país e o dólar cotado entre R$ 3,10 e
R$ 3,50, nosso produto tornou-se competitivo e bastante acessível ao mercado asiático,
permitindo ao Brasil continuar exportando volumes expressivos.
Entre os principais destinos da carne bovina brasileira, destaca-se Hong Kong, que lidera o
ranking, apresentando um faturamento de US$ 750 milhões e um volume de 214 mil toneladas
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exportadas no acumulado de janeiro a setembro de 2016 (gráfico 1). A China também se
destaca entre os principais destinos devido a seu potencial de compra. Segundo a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), o consumo de carne
bovina na China deverá atingir, neste ano, a marca recorde de 3,86 Kg por habitante, ante
3,03 Kg há uma década. De janeiro a setembro, as compras chinesas aumentaram 14% em
comparação ao mesmo período do ano passado.
A recente abertura do mercado norte-americano para a carne bovina in natura do Brasil
também é outro motivo de boas expectativas, não pelo volume exportado no primeiro
mês de embarque, que atingiu apenas 126 toneladas, mas por contribuir com a visibilidade
da carne brasileira no exterior, o que pode ajudar na formação do preço do nosso produto
e pela abertura de novos mercados. Países como Japão, Canadá, México e Coreia do Sul,
seguem os Estados Unidos como referência em exigências sanitárias e negociam com os
mesmos exportadores.
Gráfico 1. Principais destinos das exportações brasileiras de carnes e miudezas
bovinas, de janeiro a setembro de 2016 (volume)
5%
10%
37%
11%
16%
21%
Outros Países
Fonte: MDIC Elaboração: CNA.
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Hong Kong
Egito
China
Rússia
Chile
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Balanço 2016
MARGENS DE COMERCIALIZAÇÃO APERTADAS PELA OFERTA E DEMANDA RESTRITA
No mercado interno, a crise econômica brasileira reduziu a demanda por carne bovina,
cenário que elevou o estoque de carne dentro do país. Em tempos de crise e desemprego
em alta, a substituição da carne vermelha por carne de frango e suína fica ainda mais
pressionada.
Refletindo o ambiente econômico desfavorável, as indústrias tiveram dificuldades para escoar a produção causando uma pressão pela queda de preços do boi gordo. Em contrapartida, a baixa oferta de animais terminados limitou uma desvalorização ainda maior da arroba
nos últimos meses (gráfico 2). O período de entressafra e o confinamento menor do que no
ano passado são alguns dos fatores que sustentaram, também, o valor da arroba.
Gráfico 2. Indicador Esalq à Vista –jan./2014 a set./2016 em Reais (R$/@)
180,00
170,00
160,00
161,28
R$/@
150,00
157,75
153,56
140,00
130,00
120,00
set-16
jul-16
mai-16
mar-16
jan-16
nov-15
set-15
jul-15
mai-15
mar-15
jan-15
nov-14
set-14
jul-14
mai-14
mar-14
100,00
jan-14
110,00
Fonte: Esalq/Usp; FVG; •BM&F BOVESPA – Deflator: IGP-DI. Elaboração: CNA.
Ao analisar os valores nominais do boi gordo, deflacionados para valores reais, eles mostram o impacto que o acúmulo da inflação tem provocado ao longo dos anos sobre os
preços do animal. Baseado nos índices do IGP-DI da Fundação Getulio Vargas ( FGV), realizando-se a comparação entre os anos de 2015 e 2016, vislumbra-se que o preço médio
real do boi gordo caiu cerca de 4,5%, na comparação anual. O preço do boi gordo atingiu
o maior valor real da série histórica em 2015, quando atingiu R$ 167,67 a arroba. A inflação
pode criar uma ‘’ilusão’’ de que os preços pagos em anos anteriores são menores que os
valores atuais. No entanto, retirando-se a inflação, é possível visualizar que, em anos anteriores, o valor chega a ser mais alto que nos dias atuais, devido ao acúmulo da inflação.
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As altas registradas ao longo dos últimos meses são devido à oferta restrita, em decorrência da seca nos estados de maior produção, o que limitou a recuperação das pastagens,
e, em consequência, a engorda dos animais. Além disso, o salto nos preços do milho para
o mercado interno fez o pecuarista repensar a estratégia de nutrição, uma vez que o grão
é um dos principais ingredientes da alimentação na pecuária. Na comparação entre 2015
e 2016, o preço do milho registrou aumento de 67% de acordo com os dados do Centro de
Estudos Avançados em Economia Aplicada Esalq-USP (Cepea).
Diante de um ano marcado por inúmeras tribulações de mercado, algumas análises, como
custo da reposição, cotação da arroba do boi gordo e o preço do milho, reduziram o confinamento na ordem de 18% em 2016, quando comparado ao abate de animais confinados
em 2015, segundo a Associação Nacional de Confinadores (Assocon).
Entre os reflexos desse cenário, o preço do bezerro, que sofreu ampla valorização nos
últimos dois anos, caiu 2% em outubro de 2016 na comparação com o mesmo mês em
2015. Isso se justifica pelo ligeiro aumento da oferta de animais para reposição, filhos das
matrizes retidas a partir 2014. O recuo no preço da categoria indica que a virada do ciclo da
pecuária já está acontecendo, impulsionada pela retenção de fêmeas em 2015.
Embora a Índia venha liderando as exportações mundiais, é importante ressaltar que aquele país não compete diretamente com o Brasil, uma vez que os mercados supridos pelos
indianos são menos exigentes em questões sanitárias. A qualidade da carne é inferior à
brasileira, portanto, possui preços bem menores. Assim, o Departamento de Agricultura dos
Estados Unidos (USDA) estima que o Brasil poderá terminar 2016 com um volume exportado de cerca de 1.850 toneladas, 8,5% a mais que o volume exportado em 2015 (1.705 mil
toneladas). Mesmo modesto, este aumento foi fundamental para regular a oferta de carne
bovina no mercado interno e garantir preços sustentáveis ao pecuarista brasileiro.
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