Modelagem de um Sistema de Distribuição de Energia

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Modelagem de um Sistema de Distribuição de Energia
Considerando a Aplicação em Redes Inteligentes
Smart Grids )
(
Jonas Fernando Schreiber
Dissertação de Mestrado submetida ao Programa de Pós-Graduação
em Modelagem Matemática da Universidade Regional do Noroeste
do Estado do Rio Grande do Sul - Unijuí - como parte dos requisitos necessários para a obtenção do Grau de Mestre em Modelagem
Matemática.
Paulo Sérgio Sausen, D.sc.
Orientador
Airam Teresa Zago Romcy Sausen, D.sc.
Co-Orientadora
Ijuí, RS, Brasil
c Jonas
Fernando Schreiber, Setembro de 2013
Modelagem de um Sistema de Distribuição de Energia
Considerando a Aplicação em Redes Inteligentes
Smart Grids )
(
Jonas Fernando Schreiber
Dissertação de Mestrado apresentada em Setembro de 2013
Paulo Sérgio Sausen, D.sc.
Orientador
Airam Teresa Zago Romcy Sausen, D.sc.
Co-Orientadora
Alexandre Cunha Oliveira, D.sc.
Componente da Banca
Manuel Martín Pérez Reimbold, D.sc.
Componente da Banca
Ijuí, RS, Brasil, Setembro de 2013
Dedicatória
Ao meu lho Miguel
por ser o bem mais precioso que tenho na vida.
i
Agradecimentos
Agradeço a toda minha família pelo apoio.
A minha esposa por me dar o maior presente que eu poderia ganhar, meu Miguel.
Aos orientadores, obrigado pela paciência em minhas dúvidas.
Aos professores do mestrado pelos ensinamentos.
A todas as pessoas envolvidas do GAIC, em especial ao Prof. Maurício por ter me
dado o apoio técnico e conhecimentos necessários e aos bolsistas por todo o esforço nas
medições.
A UNIJUI pela estrutura física.
Aos servidores do DEMEI pela disponibilidade quando precisamos das instalações na
rede elétrica.
A CAPES, pela bolsa, que me permitiu realizar mais uma etapa importante na minha
vida.
A todos que, de uma forma ou de outra, me apoiaram e me deram forças para continuar.
E a minha inesquecível vó Ana, que sempre tinha uma mensagem de otimismo. Esteja
onde estiver Vó, muito obrigado...
ii
"Creo en la amistad que no pide, da.
Creo en el amor sin condición.
Creo en la humildad del que sabe ganar,
Creo en el honor sin uniformes ni Dios.
No creo en un altar que salve mi fé,
ser honesto es mejor que un cielo
lleno de himnos.
No creo en un líder que dirija mis pies,
mi rey es mi voluntad, mi patria mi hogar."
Txus Di Fellatio, Creo (La Voz Dormida - Parte II)
iii
Resumo
A presente dissertação tem como objetivo principal a validação do modelo matemático PI a partir da avaliação do seu desempenho tanto a nível de representação elétrica,
como também nas transmissões de sinal de comunicação em alta frequência, usualmente
utilizadas em tráfego conhecido como
Power Line Communication
(PLC). Para atingir
este objetivo, inicialmente, foi realizado o estudo e avaliação dos modelos matemáticos
utilizados para representar um segmento de distribuição de energia. Depois foi utilizado
um emulador em escala de potência reduzida, validado para baixa frequência, objetivando
avaliar o modelo matemático escolhido. Como o foco do trabalho é a rede de distribuição
em baixa tensão, foi realizada a construção de um circuito elétrico representativo de um
trecho real de uma concessionária de energia, no caso deste trabalho o DEMEI, que foi
implementado computacionalmente utilizando a ferramenta matemática
Matlab
e sica-
mente em um dos laboratórios do Grupo de Automação Industrial e Controle (GAIC).
Foi realizado um conjunto signicativo de medições, de corrente e tensão, no circuito real
e os resultados foram comparados com os dados obtidos a partir das simulações computacionais do modelo escolhido para representar o circuito real utilizando uma transmissão
PLC, no caso o modelo PI. A partir da análise dos resultados reais com os obtidos das
simulações computacionais foi possível comprovar que o modelo PI representa satisfatoriamente o trecho simulado em relação a transmissão em altas frequências, uma vez que o
sinal PLC transmitido no trecho simulado no
erro inferior a
Matlab
em relação ao trecho real teve um
1%.
Palavras-chave:
power line communications, plc, modelos matemáticos, modelo pi.
iv
Abstract
This master thesis is focused on the validation of a mathematical model able to satisfactorily represent a power distribution network, evaluating their performance both in
terms of electrical representation, but also in high frequency transmissions usually used
in trac called
Power Line Communication
(PLC). Initially we used an emulator on
power reduced scale, previously validated for low frequency. As the focus of the study is
the distribution network at low voltage, was builded a circuit representing a real power
network, in the case of this study, of DEMEI, which was implemented using the mathematical tool
Matlab
and physically in one of the laboratories of the Grupo de Automação
Industrial e Controle (GAIC). We conducted a signicant number of measurements of
current and voltage in real circuit and the results were compared with data obtained from
computational simulations of the model chosen to represent the actual circuit using a PLC
transmission, the PI model. From the analysis of real results with those obtained from
computer simulations was possible to prove that the PI model represents satisfactorily
the simulated power line regarding the transmission at high frequencies, since the PLC
signal transmitted in the line simulated in
less than
Matlab
in relation to real line had an error of
1%.
Keywords:
power line communications, plc, mathematical models, pi model.
v
Lista de Abreviaturas e Siglas
BT
- Baixa Tensão
P LC
Power Line Communication
-
MT
- Média Tensão
MG
- Minas Gerais
M AT
AT
- Muito Alta Tensão
- Alta Tensão
N BR
- Norma Brasileira
ABN T
CA
- Associação Brasileira de Normas Técnicas
- Condutor de Alumínio puro
All Aluminum Conductor
AAAC - All-aluminum-alloy conductors
AAC
CAA
-
(Condutor de liga de alumínio pura)
- Condutor de alumínio com alma de aço
ACSR - Aluminum Conductor Steel Reinforced
ACAR
-
Aluminum conductor, Alloy-reinforced
(Condutor de alumínio com alma de
liga de alumínio)
LT
SI
- Linhas de transmissão
- Sistema Internacional
M KS
d.d.p.
RS
- Metro, quilograma e segundo
- diferença de potencial
- Rio Grande do Sul
DEM EI
- Departamento Municipal de Energia de Ijuí
AM R - Automatic Meter Reading
Automatic Meter Management
AM I - Advanced Metering Infrastructure
W AN S - Wide Area Sensor Networks
AM M
-
EP RI
- Electric Power Research Institute
Energy Management System
DM S - Distribution Management System
SCADA - Supervisory Control And Data Acquisition
EM S
-
vi
UT M
- Unidade Terminal Mestre
UT R
- Unidade Terminal Remota
IHM
- Interface Homem Máquina
TI
- Tecnologia da Informação
RJ
- Rio de Janeiro
CEEE
- Companhia Estadual de Distribuição de Energia Elétrica do Rio Grande do
Sul
IP
-
Internet Protocol
CEM IG
SP
(Protocolo de Internet)
- Companhia Energética de Minas Gerais
- São Paulo
KEP CO
- Korea Electric Power Corporation
AN EEL
- Agência Nacional de Energia Elétrica
OP LAT
- Onda Portadora em Linhas de Alta Tensão
BP L - Broadband Over Power Line
CRE
- Comunicação pela Rede Elétrica
EDF
- Électricité de France
EDP
- Electricidade de Portugal
EEF
- Entreprises Électriques Fribourgeoises
PPC
- Power Plus Communications
SSE
- Scottish Southern Electric
DS2
- Design of Systems on Silicon
Copel
- Companhia Paranaense de Energia
Escelsa
Celg
SE
- Espírito Santo Centrais Elétricas
- Companhia Energética de Goiás
- Subestação de distribuição
W AN
- Wide Area Network
OF DM
-
Orthogonal Frequency Division Multiplex
(Multiplexação Ortogonal por Di-
visão de Frequência)
Gaussian Minimum Shift Keying
F DM - Frequency Division Multiplex
GM SK
-
CEN ELEC
RM S
GAIC
-
- European Committee for Electrotechnical Standardization
Root Mean Square
- Grupo de Automação Industrial e Controle
vii
Lista de Símbolos
Hz
V
- Hertz, unidade de frequência que equivale a ciclo por segundo
- Volt, unidade de tensão elétrica
kg
- Quilograma
m
- Metro
s
- Segundo
m
- Metro, unidade de medida
km
- Quilômetro, mil metros
H
- Henry
F
- Farad
S
- Siemens
kV
N
- Mil volts
- Newton
m
- Aceleração
s2
v
- Tensão
−e
- Elétron
+e
- Próton
q
- Carga de um condutor
A
- Ampère
i
- Corrente instantânea
p
- Potência elétrica
t
- Tempo
T
- Período
W
- Energia transferida
R
- Resistência
L
- Indutância
C
- Capacitância
Z
- Impedância
Y
- Admitância
r
- Resistência dos condutores
viii
l
- Comprimento
Is
- Corrente nas barras de transmissão
Ir
- Corrente nas barras receptoras
α
- Constante de atenuação
β
- Constante de fase
sen
- Seno
cos
- Cosseno
tanh
- Tangente hiperbólica
cosh
- Cosseno hiperbólico
sinh
- Seno hiperbólico
g
- Condutância
Ω
- Ohms
R1
- Resistência de sequência positiva
R0
- Resistência de sequência negativa
L1
- Indutância de sequência positiva
L0
- Indutância de sequência zero
C1
- Capacitância de sequência positiva
C0
- Capacitância de sequência zero
Zres
- Impedância do resistor
XLres
π
- Reatância Indutiva do resistor
- Proporção numérica na relação entre o perímetro de uma circunferência e seu
diâmetro
Lres
- Indutância do resistor
Zsist
- Impedância do resistor + cabo
XLsist
Lsist
- Reatância Indutiva do resistor + cabo
- Indutância do resistor + cabo
XLcabo
Lcabo
- Indutância do cabo
Lmetro
f
- Reatância Indutiva do cabo
- Indutância por metro do cabo
- Frequência
mm
- Milimetro
r1
- Raio do cabo
D
- Distância entre os cabos
Diametro1
- Diâmetro do cabo
cabo1
- Diâmetro do primeiro cabo
cabo2
- Diâmetro do segundo cabo
ix
ode45
- Método utilizado para resolver as Equações Diferenciais Ordinárias no
tlab/Simulink
R6
- Resistência de
XLR6
6, 6Ω
- Reatância indutiva do resistor de
6, 6Ω
Vi
- Tensão da fonte de entrada do circuito
V0
- Tensão no resistor do circuito
Ii
Zi
- Corrente do circuito
- Impedância do circuito
Rcabo
- Resistência do cabo
Zcabodia01
- Impedância do cabo do dia 01
XLcabodia01
Lcabodia01
- Indutância do cabo do dia 01
Lmetrodia01
Zcabodia02
- Indutância por metro do cabo do dia 01
- Impedância do cabo do dia 02
XLcabodia02
Lcabodia02
- Indutância por metro do cabo do dia 02
- Impedância do cabo do dia 03
XLcabodia03
Lcabodia03
- Indutância por metro do cabo do dia 03
- Impedância do cabo do dia 04
XLcabodia04
Lcabodia04
- Indutância por metro do cabo do dia 04
- Impedância do cabo do dia 05
XLcabodia05
Lcabodia05
- Indutância por metro do cabo do dia 05
- Impedância do cabo da media dos dias
XLcabomedia
Lcabomedia
- Reatância Indutiva do cabo do dia 05
- Indutância do cabo do dia 05
Lmetrodia05
Zcabomedia
- Reatância Indutiva do cabo do dia 04
- Indutância do cabo do dia 04
Lmetrodia04
Zcabodia05
- Reatância Indutiva do cabo do dia 03
- Indutância do cabo do dia 03
Lmetrodia03
Zcabodia04
- Reatância Indutiva do cabo do dia 02
- Indutância do cabo do dia 02
Lmetrodia02
Zcabodia03
- Reatância Indutiva do resistor + cabo do dia 01
- Reatância Indutiva da media dos dias
- Indutância da media dos dias
Lmetromedia
- Indutância por metro da media dos dias
x
Ma-
Lista de Tabelas
Smart Grid
3.1
Comparação entre rede elétrica existente e
. . . . . . . . . . .
33
6.1
Parâmetros dos cabos para o trecho estudado
. . . . . . . . . . . . . . . .
69
7.1
Resultados das medições com e sem o transformador
7.2
Parâmetros da linha de cabos Coopernu CA
8.1
Medições realizadas em laboratório no primeiro dia
. . . . . . . . . . . . .
94
8.2
Medições realizadas em laboratório no segundo dia
. . . . . . . . . . . . .
96
8.3
Medições realizadas em laboratório no terceiro dia . . . . . . . . . . . . . .
98
8.4
Medições realizadas em laboratório no quarto dia
. . . . . . . . . . . . . . 100
8.5
Medições realizadas em laboratório no quinto dia
. . . . . . . . . . . . . . 102
8.6
Média das medições realizadas em laboratório
8.7
Resultados obtidos com as medições e simulações
. . . . . . . . . . . .
84
. . . . . . . . . . . . . . . . .
85
. . . . . . . . . . . . . . . . 103
. . . . . . . . . . . . . . 108
Lista de Figuras
2.1
Cadeia de valores da energia elétrica [1]
2.2
Distribução das Fontes Primárias no Brasil em 2010. Adaptado de [2]
2.3
Distribução das Fontes Primárias no Mundo em 2007. Adaptado de [2]
2.4
Componentes de um cabo condutor de energia elétrica [3]
2.5
Tipos de cabos elétricos para baixa tensão [3]
2.6
Fio elétrico [3]
2.7
Condutor Encordoado Compactado [3]
2.8
Condutor Encordoado [3]
2.9
Condutor Flexível [3]
2.10
Fio isolado [4]
2.11
Condutor isolado [4]
2.12
Cabo unipolar com um único condutor [4]
2.13
Cabo multipolar com três condutores isolados [4]
. . . . . . . . . . . . . . . .
19
2.14
Componentes das linhas aéreas de transmissão [5]
. . . . . . . . . . . . . . . .
20
2.15
Sentido da corrente positiva [6]
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
22
2.16
Potência Elétrica
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
22
2.17
Resistor .
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
23
2.18
Indutor
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
24
2.19
Capacitor
2.20
Circuito em série [6]
2.21
Circuito em paralelo [6] .
2.22
Admitância em Circuito Paralelo [6]
3.1
Sistema de Fornecimento de Energia no Brasil [7]
3.2
Sistema de Energia Integrado [7]
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
14
. . . . . .
15
. . . . .
16
. . . . . . . . . . . .
16
. . . . . . . . . . . . . . . . . .
16
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
17
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
17
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
18
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
18
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
18
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
18
19
24
25
26
26
. . . . . . . . . . . . . . . .
32
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
32
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
35
3.3
Smart Grids em camadas [8]
3.4
Medidor Inteligente de Energia Elétrica [9]
3.5
Medidor Inteligente de Combustíveis [9]
3.6
Medidor Inteligente de Água [9]
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
38
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
38
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
39
2
Lista de Figuras
3.7
Medidor Inteligente de Gases [9]
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
39
3.8
Funcionamento de um Relé [10]
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
41
3.9
Esquema de instalação de medidores [11]
3.10
(a) Religador com o PLC. (b) Equipe instalando os equipamentos [12]
3.11
Modelo Conceitual de um Smart Grid [13]
4.1
Topologia básica de uma rede PLC [12]
4.2
Topologia PLC
4.3
Topologia PLC para acesso na última milha [14]
4.4
Indoor [14]
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
42
. . . . . .
42
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
45
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
49
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
50
. . . . . . . . . . . . . . . . .
50
Topologia PLC para acesso WAN [14]
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
51
4.5
Subportadoras de um sinal OFDM [15]
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
53
4.6
Comparação de espectros entre FDM convencional e o OFDM [15]
. . . . . . .
53
5.1
Modelo PI . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
57
5.2
Circuito Equivalente PI . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
58
5.3
Representação por quadripolos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
58
5.4
Modelo PI Nominal .
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
59
5.5
Modelo de linha longa
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
60
5.6
ABCD Constantes
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
62
5.7
Modelo PI Equivalente
5.8
Rede equivalente para linhas com perdas [16]
5.9
Rede equivalente de meia-linha [16]
5.10
Modelo Bergeron [16]
6.1
Árvore de decisão para a escolha de um modelo [16]
6.2
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
63
. . . . . . . . . . . . . . . . . .
63
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
64
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
64
. . . . . . . . . . . . . . .
66
Circuito PI para linhas curtas
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
67
6.3
Trecho a ser utilizado no modelo
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
68
6.4
Circuito utilizado para a simulação
6.5
Sinal de alta frequência obtido no Matlab
6.6
Emulador com analisador instalado .
6.7
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
70
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
71
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
72
Gráco da tensão no Emulador
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
72
6.8
Gráco Simulação x Emulador
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
73
7.1
Multímetro de bancada Agilent HP 34401A [17]
7.2
Osciloscópio Agilent DSO-X 2014A iniciando .
7.3
. . . . . . . . . . . . . . . . .
74
. . . . . . . . . . . . . . . . . .
75
Resistor de 3, 3Ω utilizado
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
75
7.4
Resistor de 6, 6Ω utilizado
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
76
7.5
Condutor utilizado
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
77
7.6
Ângulo de defasagem para condutor com resistor de 3, 3Ω
. . . . . . . . . . . .
78
3
Lista de Figuras
7.7
Dados da placa do transformador
7.8
Sinais no resistor de 3, 3Ω sem estar ligado ao transformador
. . . . . . . . . .
80
7.9
Sinais no resistor de 3, 3Ω conectado ao transformador em BT
. . . . . . . . . .
81
7.10
Sinais no resistor de 3, 3Ω conectado ao transformador em MT
. . . . . . . . .
82
7.11
Sinais no resistor de 6, 6Ω sem estar ligado ao transformador
. . . . . . . . . .
82
7.12
Sinais no resistor de 6, 6Ω conectado ao transformador em BT
. . . . . . . . . .
83
7.13
Sinais no resistor de 6, 6Ω conectado ao transformador em MT
. . . . . . . . .
83
7.14
Topologia utilizada nas medições
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
84
7.15
Condutores acondicionados em carretéis de madeira [18]
7.16
Rede montada no textitMatlab/Simulink
7.17
Bloco da fonte PLC
7.18
Equipamento PLC
7.19
Circuito montado em laboratório
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
89
7.20
Circuito montado em laboratório
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
90
7.21
Condutores em paralelo
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
90
7.22
Isoladores xando os condutores
7.23
Resistor de 6, 6Ω acoplado ao circuito
7.24
Mesmo Resistor de 6, 6Ω acoplado ao circuito
8.1
Equipamentos Agilent e PLC em funcionamento
8.2
Equipamento Agilent em funcionamento
8.3
Tensão e corrente do Dia 01, medidos na fonte transmissora
8.4
Tensão do Dia 01, medida no resistor .
8.5
Tensão e corrente do Dia 02, medidos na fonte transmissora
8.6
Tensão do Dia 02, medida no resistor .
8.7
Tensão e corrente do Dia 03, medidos na fonte transmissora
8.8
Tensão do Dia 03, medida no resistor .
8.9
Tensão e corrente do Dia 04, medidos na fonte transmissora
8.10
Tensão do Dia 04, medida no resistor .
8.11
Tensão e corrente do Dia 05, medidos na fonte transmissora
8.12
Tensão do Dia 05, medida no resistor .
8.13
Bloco PI com dados de fábrica do cabo
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 105
8.14
Bloco da carga com um resistor de 6, 6Ω
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 105
8.15
Dados de fábrica: tensão no resistor
8.16
Dados de fábrica: corrente obtida
8.17
Dados de fábrica: tensão inicial, nal e corrente
. . . . . . . . . . . . . . . . . 106
8.18
Bloco PI com dados da medição no laboratório
. . . . . . . . . . . . . . . . . 107
8.19
Dados de laboratório: tensão no resistor
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
80
. . . . . . . . . . . . .
85
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
87
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
87
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
88
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. . . . . . . . . . . . . . . . . .
90
91
91
. . . . . . . . . . . . . . . . .
92
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
93
. . . . . . . . . . .
93
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
94
. . . . . . . . . . .
95
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
96
. . . . . . . . . . .
97
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
98
. . . . . . . . . . .
99
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 100
. . . . . . . . . . . 101
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 102
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 106
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 106
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 107
4
Lista de Figuras
8.20
Dados de laboratório: corrente obtida
8.21
Dados de laboratório: tensão inicial, nal e corrente
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 108
. . . . . . . . . . . . . . . 108
Sumário
1 Apresentação
8
1.1
Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
8
1.2
Motivação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
8
1.3
Objetivos
9
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
1.3.1
Objetivo Geral
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
9
1.3.2
Objetivos Especícos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
9
1.4
Contribuições
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
10
1.5
Estrutura do Documento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
10
2 Conceitos Básicos
2.1
2.2
2.3
Energia Elétrica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
12
2.1.1
Histórico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
12
2.1.2
Cadeia de valores da Energia Elétrica . . . . . . . . . . . . . . . . .
13
Condutores
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
16
2.2.1
Características Básicas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
17
2.2.2
Condutor de Alumínio
19
. . . . . . . . . . . . . . . . . .
19
Linhas de Transmissão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
20
2.4
Unidades de Medida
2.5
Resistor, Indutor e Capacitor
2.6
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
Redes de Distribuição de Energia Elétrica
2.3.1
3
12
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
21
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
23
2.5.1
Resistência
R
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
23
2.5.2
Indutância
L
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
24
2.5.3
Capacitância
C
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
24
Circuitos em série e em paralelo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
25
Smart Grid
28
3.1
Conhecendo a tecnologia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
29
3.1.1
Características de Funcionamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
31
3.1.2
Tecnologias utilizadas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
35
5
6
Sumário
3.1.3
4
Aplicações Residenciais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
40
3.2
Projetos no Brasil . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
41
3.3
Estado da Arte
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
43
3.4
Futuro da Tecnologia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
43
Power Line Communication
46
4.1
Histórico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
46
4.2
Funcionamento
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
48
4.2.1
Modulação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
51
4.2.2
Aplicações . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
54
4.2.3
Desaos
54
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
5 Modelos Matemáticos de Linhas de Transmissão
5.1
5.2
Linhas de Transmissão
56
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
56
5.1.1
Modelagem através de parâmetros concentrados
. . . . . . . . . . .
57
5.1.2
Modelagem através de parâmetros distribuídos . . . . . . . . . . . .
60
Conclusão
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
6 Modelo PI
65
66
6.1
Escolha do Modelo Matemático
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
66
6.2
Simulação em Escala Reduzida
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
69
6.2.1
Trecho Escolhido
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
69
6.2.2
Modelo Simulado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
70
6.2.3
Modelo em Escala Reduzida . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
71
6.2.4
Considerações Sobre a Escala Reduzida . . . . . . . . . . . . . . . .
72
7 Aplicação do Modelo PI na LT usando Comunicação PLC
7.1
7.2
7.3
74
Caracterização dos componentes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
74
7.1.1
Resistores
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
75
7.1.2
Condutor
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
77
Inuência do transformador para um sinal PLC
. . . . . . . . . . . . . . .
79
7.2.1
Medições com resistor de
3, 3Ω
sem o transformador . . . . . . . . .
80
7.2.2
Medições com resistor de
3, 3Ω
conectado ao transformador em BT
81
7.2.3
Medições com resistor de
3, 3Ω
conectado ao transformador em MT
81
7.2.4
Medições com resistor de
6, 6Ω
sem o transformador . . . . . . . . .
82
7.2.5
Medições com resistor de
6, 6Ω
conectado ao transformador em BT
82
7.2.6
Medições com resistor de
6, 6Ω
conectado ao transformador em MT
83
7.2.7
Resultados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
Topologia
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
84
84
7
Sumário
7.4
Dados de fábrica do cabo utilizado
7.4.1
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
Cálculo da indutância do condutor
. . . . . . . . . . . . . . . . . .
86
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
87
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
88
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
89
MATLAB/Simulink
7.5
Modelo no
7.6
Equipamento PLC
7.7
Laboratório
8 Resultados
8.1
8.2
92
Medição em laboratório . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
92
8.1.1
Medições Dia 01
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
93
8.1.2
Medições Dia 02
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
95
8.1.3
Medições Dia 03
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
97
8.1.4
Medições Dia 04
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
99
8.1.5
Medições Dia 05
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 101
8.1.6
Médias . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 103
Simulação com dados de fábrica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 105
8.2.1
8.3
85
Simulação com dados do laboratório
. . . . . . . . . . . . . . . . . 107
Comparativo dos resultados obtidos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 108
9 Conclusão
Referências Bibliogracas
109
111
Capítulo 1
Apresentação
1.1 Introdução
A energia elétrica representa, de forma muito consistente, a capacidade de evolução do
ser humano, se caracteriza como fundamental e exerce uma importante função na sociedade, pois contribui com o crescimento e bem estar de todos. Os sistemas de distribuição
de energia elétrica utilizados atualmente foram desenvolvidos na década de 40 do século
passado, e com o passar dos anos vários aperfeiçoamentos foram sendo realizados, sempre objetivando garantir o bom desempenho deste sistema.
Neste sentido, em função
do grande avanço da tecnologia da informação e da automação, alguns novos conceitos
foram surgindo, entre eles, destaca-se o conceito de Redes Inteligentes (
Smart Grids ).
As Redes Inteligentes caracterizam-se por novas tecnologias quem vêm sendo empregadas
para tornar o sistema elétrico uma rede moderna integrando fontes de energia renováveis,
automação, iluminação e telemetria para gerenciamento de recursos (e.g., água, gás e eletricidade). A partir do uso destas novas tecnologias (i.e.,
Smart Grid
e
Smart Metering )
os modelos tradicionais utilizados para representar as redes de distribuição de energia necessitam sofrer alterações para representar, corretamente, sinais elétricos com frequência
diferente de 60Hz. Um exemplo, destas novas tecnologias, é a transmissão
Communication
Power Line
(PLC).
1.2 Motivação
A transmissão de dados utilizando a rede elétrica possui diversos desaos, dentre eles
pode-se destacar o problema da atenuação.
Ocasionados, principalmente, pela utiliza-
ção de diversos tipos de aparelhos elétricos conectados na rede, o que atenua o sinal de
transmissão.
A aceitação dos modelos matemáticos atualmente utilizados para simular
linhas de distribuição, visando aplicá-los ao teste destas novas tecnologias (i.e., transmis-
8
Capítulo 1.
9
Apresentação
são PLC), é algo a ser vericado. Para alcançar este objetivo é necessário realizar testes
computacionais a partir de simulações e compará-los a resultados reais como forma de
vericar se os modelos atuais conseguem representar coerentemente este ambiente com
as novas tecnologias que vem surgindo, no caso deste trabalho será dado maior ênfase na
tecnologia de transmissão de dados PLC.
1.3 Objetivos
Nesta seção são apresentados os objetivos do presente trabalho.
Para facilitar a com-
preensão, optou-se em dividí-los em Objetivo Geral e Objetivos Especícos, os quais são
detalhados na sequência.
1.3.1 Objetivo Geral
A presente dissertação tem como objetivo principal o estudo e validação de um modelo
matemático que represente, adequadamente, um segmento de uma rede de distribuição
de energia elétrica, avaliando o seu desempenho tanto em nível de representação elétrica,
como também do ponto de vista de transmissões de sinais de dados a partir do uso da
tecnologia Power Line Communications (PLC).
1.3.2 Objetivos Especícos
•
Realizar uma revisão bibliográca que contemple os principais modelos matemáticos
usados para representar o sistema elétrico. Em um primeiro momento, esta revisão
cará restrita a modelos que possam representar apenas um segmento de distribuição
de energia em BT.
•
Estudar o ambiente computacional (i.e., Ferramenta Computacional Matlab) utilizado para implementar os modelos matemáticos utilizados neste trabalho.
•
Seleção do modelo de linha de transmissão entre aqueles discutidos na da literatura
que melhor represente o sistema a ser estudado.
•
Validar o(s) modelo(s) escolhido(s), anteriormente, em uma rede de média tensão a
partir da utilização de um emulador especialmente desenvolvido para esta nalidade.
•
Realizar uma revisão bibliográca da tecnologia
Power Line Communication, obje-
tivando sua avaliação em uma rede de baixa tensão.
•
Construir um circuito que represente uma linha de transmissão de energia elétrica
em baixa tensão, realizando medições para comparar com os resultados simulados.
Capítulo 1.
•
10
Apresentação
Realizar um estudo por simulação objetivando a avaliação do comportamento da
comunicação PLC, a partir da utilização do modelo selecionado.
1.4 Contribuições
Este trabalho faz uso de dados reais e simulações para realizar uma análise comparativa
de modelos matemáticos de linhas de transmissão de energia elétrica. É fato que os modelos hoje existentes representam satisfatoriamente o sistema real para operação em 60Hz,
porém há uma carência na avaliação do comportamento desses modelos para frequências
maiores. A principal contribuição deste trabalho é de realizar uma série de comparativos,
vericando qual modelo matemático consegue representar, de forma satisfatória, o comportamento de uma rede de distribuição de energia tanto para frequências baixas, como
para frequências mais elevadas utilizadas na comunicação PLC. Estes comparativos serão
realizados a partir de simulações computacionais e experimentos práticos utilizando uma
rede de energia elétrica de baixa tensão.
1.5 Estrutura do Documento
Nesta dissertação é proposto o estudo e validação de um modelo matemático que represente, de forma satisfatória, o comportamento da rede elétrica de distribuição em baixa
tensão para sinais de alta frequência. Para tanto, este trabalho está organizado da seguinte
forma:
•
No Capítulo 2 serão revisados os conceitos básicos, referentes a energia elétrica,
necessários para o entendimento desta dissertação;
•
No Capítulo 3 será apresentado o conceito de
Smart Grid,
mostrando as caracte-
rísticas da tecnologia, bem como aplicações e projetos no país, e uma previsão do
futuro da mesma;
•
No Capítulo 4 é introduzida a tecnologia PLC, alvo principal deste estudo;
•
No Capítulo 5 serão apresentados os modelos matemáticos utilizados atualmente
para modelagem de linhas de transmissão de energia elétrica;
•
No Capítulo 6 será apresentado o modelo matemático adequado para os testes de
PLC, de acordo com as características da rede escolhida;
•
No Capítulo 7 será realizada a caracterização dos componentes utilizados, bem como
da aplicação do modelo matemático escolhido na linha de transmissão de baixa
tensão;
Capítulo 1.
•
Apresentação
11
No Capítulo 8 serão apresentados os resultados dos experimentos em laboratório.
Estes resultados serão comparados com os resultados obtidos a partir das simulações
computacionais.
•
E, nalmente, no Capítulo 9 serão apresentadas as conclusões deste estudo.
Capítulo 2
Conceitos Básicos
Nesta seção serão apresentados alguns conceitos básicos necessários para o correto entendimento e compreensão desta dissertação. Será apresentado, inicialmente, um histórico
do surgimento e da evolução dos sistemas elétricos, posteriormente serão apresentadas as
principais unidades de medida, denições de circuitos, energia elétrica e redes de distribuição de energia.
2.1 Energia Elétrica
Energia é a capacidade de realizar trabalho ou de transferir calor. Nas sociedades humanas, a energia teve origem na forma endossomática, ou seja, aquela que chega através de
cadeias ecológicas, que possui como fonte primária de energia o sol, ao iluminar, aquecer,
transferir energia para as águas, formando nuvens e chuvas, e fornecer energia aos vegetais, através da fotossíntese. Para satisfazer suas primeiras necessidades, basicamente
alimentação, fonte de iluminação noturna e aquecimento, o homem apropriou-se do uso
do fogo e desenvolveu a agricultura e a pecuária, armazenando energia excedente nos
animais e alimentos [19]. Atualmente a energia elétrica é indispensável, se tornando um
item essencial no cotidiano.
2.1.1 Histórico
A primeira aplicação da eletricidade se deu no campo das comunicações, com o telégrafo e o
telefone elétrico. O caráter econômico de energia elétrica data de 1870, aproximadamente,
época em que as máquinas elétricas (dínamos e motores de corrente contínua) atingiram
o estágio que permitiu seu uso na geração e na utilização da energia elétrica como força
motriz em indústrias e nos transportes.
A iluminação pública, com lâmpadas a arco
voltaico, apresentava-se como uma alternativa à iluminação pública a gás [5].
12
Capítulo 2.
13
Conceitos Básicos
Em 1882, Thomas Edison construiu as primeiras usinas geradoras em corrente contínua, para a iluminação. A rede de distribuição subterrânea abrangia uma área de 1600
metros de raio em torno da usina, gerando uma energia de 110V em corrente contínua.
Com esta tensão de 110V para seu sistema, Edison praticamente iniciou uma padronização das tensões de energia elétrica a nível de consumidor, utilizada até hoje. As técnicas
do transporte a distâncias maiores constituía-se em uma limitação ao uso da energia elétrica, que o potencial energético hidráulico estava fora do alcance como fonte primária de
energia.
Em 1886, ocorreu a primeira transmissão de energia elétrica em corrente alternada
por George Westhinghouse. O uso da corrente alternada e dos sistemas polifásicos desenvolvidos por Nikola Tesla, em conjunto com o transformador eciente de Willian Stanley,
proporcionaram a transmissão a grandes distâncias e o uso doméstico da energia elétrica.
Em maio de 1888, Nicole Tesla, na Europa, apresentou um artigo descrevendo motores
de indução e motores síncronos bifásicos. O sistema trifásico seguiu-se com o desenvolvimento de geradores síncronos e motores de indução. As vantagens sobre os sistemas de
corrente continua zeram com que os sistemas de corrente alternada passassem a ter um
desenvolvimento muito rápido.
A energia elétrica se tornou o principal insumo, devido a facilidade de transporte e de
conversão direta em qualquer outro tipo de energia [20]. Isto pode ser comprovado pelo
fato de países mais industrializados duplicarem seu consumo de energia elétrica a cada
dez anos. Atualmente, a produção de eletricidade é responsável por aproximadamente um
terço do consumo de energia primária mundial.
No Brasil, a primeira linha de transmissão de que se tem registro foi construída por
volta de 1883, em Diamantina/MG. Tinha por m transportar a energia produzida em
uma usina hidrelétrica, constituída por duas rodas d'água e dois dínamos a uma distância
de 2km. Esta energia transportada acionava bombas hidráulicas em uma mina de diamantes. Entre 1945 e 1947 foi construída a primeira linha de 230kV no Brasil, com um
comprimento de 330km, destinada a interligar os sistemas Rio Light e São Paulo Light,
operando inicialmente em 170kV, passando a 230kV em 1950 [5].
2.1.2 Cadeia de valores da Energia Elétrica
Basicamente, a cadeia de valores da energia elétrica divide-se em quatro etapas:
transporte, distribuição
e
produção,
comercialização, que são interligadas conforme Figura 2.1.
Capítulo 2.
14
Conceitos Básicos
Figura 2.1:
Cadeia de valores da energia elétrica [1]
De acordo com [1], a cadeia de valor da energia elétrica começa com a
energia.
fonte de
A produção elétrica envolve a geração de potência elétrica, através de turbinas
ligadas a geradores elétricos. As turbinas em questão são movidas pela ação de um uido,
podendo ser:
a)
Vapor
- Resultado do aquecimento da água pela ssão nuclear ou pela queima de
combustíveis fósseis (carvão, gás natural ou óleo). Algumas centrais também usam o
sol como fonte de aquecimento, através de painéis solares;
b)
Água - Através das usinas hidrelétricas;
c)
Vento - A energia eólica é a energia obtida pelo movimento do ar, e pode ser transformada em energia mecânica e elétrica.
Das energias renováveis a energia eólica é
de maior interesse na atualidade [14]. É uma abundante fonte de energia, renovável,
limpa e disponível em todos os lugares;
d)
Gases quentes - As turbinas são movidas diretamente pela combustão de gases naturais. Existem turbinas movidas simultaneamente pela ação do vapor e gás. Nestes
casos, a energia é gerada pela queima do gás natural numa turbina de gás, usando o
calor residual para gerar eletricidade pelo vapor.
A matriz energética do sistema elétrico brasileiro é baseada principalmente em ener-
gias renováveis, com predominância de usinas hidrelétricas, com o transporte da energia
possuindo proporções continentais. Quando as fontes de energia estão indisponíveis em
uma região, ela é compensada por outra região. Adicionalmente, para complementar a
oferta de energia, foram construídas novas usinas termoelétricas que podem ser acionadas,
aumentando a quantidade de pontos de interconexão e a complexidade no gerenciamento
do sistema [7].
Capítulo 2.
15
Conceitos Básicos
Depois de produzida, é necessário fazer o
transporte da eletricidade em Muito Alta
Tensão (MAT) dos centros produtores até os centros de consumo. A rede de transporte
assegura a interface entre as centrais de produção e as redes de distribuição.
A função da rede de
distribuição é levar a energia até os consumidores nais (domés-
ticos, empresariais ou industriais). Utilizam três níveis de tensão: Alta Tensão (AT) que
fornece energia às subestações, Media Tensão (MT) que alimenta os postos de transformação e Baixa Tensão (BT) a qual estão ligados diretamente os aparelhos nas residências.
Finalmente, as empresas que
comercializam
a eletricidade gerem as relações com
os consumidores nais, particulares ou empresas, incluindo o faturamento e o serviço ao
cliente.
Genericamente o sistema elétrico é formado por geradores, transformadores, linhas
de transmissão e alimentadores de distribuição.
Geralmente os geradores transformam
energia mecânica em elétrica, sendo que a energia mecânica é fornecida por turbinas
hidráulicas ou a vapor. No caso do vapor, a energia térmica pode ter diversas origens:
carvão, gás, nuclear, óleo entre outros [10]. No Brasil, é predominante o uso do potencial
hidráulico (74%) conforme Figura 2.2, já no resto do mundo este perl é alterado, devido
à diculdade da obtenção de uma geração hidráulica, como observa-se através da Figura
2.3.
Figura 2.2:
Distribução das Fontes Primárias no Brasil em 2010. Adaptado de [2]
Capítulo 2.
16
Conceitos Básicos
Figura 2.3:
Distribução das Fontes Primárias no Mundo em 2007. Adaptado de [2]
2.2 Condutores
Um condutor, também conhecido como cabo de transmissão, é um produto metálico,
geralmente cilíndrico, utilizado para transportar a energia elétrica ou transmitir sinais
elétricos [4]. Os principais componentes de um condutor de energia elétrica são o
tor, a isolação e a cobertura [3], como observa-se na Figura 2.4.
Figura 2.4:
condu-
Componentes de um cabo condutor de energia elétrica [3]
Os cabos também podem ser constituídos apenas de condutor e isolação (condutores
isolados) além de uma cobertura (cabos unipolares ou multipolares), conforme Figura 2.5.
Figura 2.5:
Tipos de cabos elétricos para baixa tensão [3]
Capítulo 2.
17
Conceitos Básicos
Inicialmente eram utilizados apenas condutores de cobre, atualmente já houve sua
substituição pelos de alumínio, tendo em vista o menor custo e peso. Por ser mais leve,
o condutor de alumínio tem um diâmetro maior que o equivalente em cobre o que faz
com que a densidade do uxo elétrico no condutor de alumínio seja menor para a mesma
tensão [21].
2.2.1 Características Básicas
Para uma melhor compreensão dos termos utilizados na identicação dos tipos de condutores existentes, serão apresentadas algumas caraterísticas básicas dos cabos. De acordo
com a NBR 6880 [22], os condutores são denidos em seis classes de encordoamento (da
menor para a maior exibilidade):
•
Classe 1 - Fio sólido:
produto composto por um único elemento condutor, com
reduzida exibilidade, conforme pode ser observado na Figura 2.6.
Figura 2.6:
•
Fio elétrico [3]
Classe 2 - Condutor encordoado compactado, representado na Figura 2.7, consiste
em uma série de os dispostos helicoidalmente em formato de corda na qual foram
reduzidos os espaços entre os componentes, resultando em um menor diâmetro e
menor exibilidade que um não compactado.
Figura 2.7:
•
Condutor Encordoado Compactado [3]
Classe 3 - Condutor encordoado não compactado, apresentado na Figura 2.8, uma
série de os elementares que são torcidos entre si, como uma corda. Apresenta uma
melhor exibilidade que o o, tendo como formações padronizadas com 7 os (1+6),
19 os (1+6+12), 37 os (1+6+12+18) e assim por diante.
Capítulo 2.
Figura 2.8:
•
18
Conceitos Básicos
Condutor Encordoado [3]
Classe 4, 5 e 6 - Condutores exíveis, apresentados na Figura 2.9, obtidos através
do encordoamento de os com diâmetro reduzido.
Figura 2.9:
Condutor Flexível [3]
O cabo é constituído por um conjunto de os encordoados [4] podendo ser isolado ou
não.
Um o chamado de nu é um o sem revestimento ou cobertura, e um cabo nu é
um cabo sem isolação ou cobertura constituído por os nus.
No caso da isolação, um
material isolante é aplicado sobre o condutor com a nalidade de isolá-lo eletricamente
do ambiente ao redor. Nas Figuras 2.10 e 2.11 são apresentados um o isolado e um cabo
isolado, respectivamente.
Figura 2.10:
Figura 2.11:
Fio isolado [4]
Condutor isolado [4]
No caso dos condutores isolados, temos o cabo unipolar, constituído por um único
condutor isolado e dotado de cobertura, ou o cabo multipolar, constituído por dois ou
mais condutores isolados com uma cobertura. Estes cabos multipolares podem conter 2, 3
e 4 veias chamados, respectivamente, de bipolares, tripolares e tetrapolares. Nas Figuras
2.12 e 2.13 são apresentados um cabo unipolar e um multipolar, respectivamente.
Capítulo 2.
Conceitos Básicos
Figura 2.12:
Figura 2.13:
19
Cabo unipolar com um único condutor [4]
Cabo multipolar com três condutores isolados [4]
2.2.2 Condutor de Alumínio
Para as medições e simulações desta dissertação foi levado em conta a característica do
cabo de alumínio nu, comumente instalado nas redes de transmissão de baixa tensão. A
identicação dos cabos de alumínio nu é feita a partir dos tipos de condutores construídos,
onde podem ser:
a)
CA: Condutor de alumínio puro (ou AAC, all aluminum conductor );
b)
AAAC: Condutor de liga de alumínio pura (all-aluminum-alloy conductors );
c)
CAA: Condutor de alumínio com alma de aço (ou ACSR, aluminum conductor steel
reinforced ;
d)
ACAR: Condutor de alumínio com alma de liga de alumínio (aluminum conductor,
alloy-reinforced );
2.3 Redes de Distribuição de Energia Elétrica
Uma rede de transmissão ou de distribuição de energia elétrica é constituída por grandes
extensões de cabos elétricos e de equipamentos que interligam as fontes de geração ao consumo. Para garantir qualidade no fornecimento de energia, com segurança e continuidade
do serviço, é necessária uma gestão eciente de comunicação com as centrais de controle,
supervisão e medição das empresas distribuidoras [7].
Capítulo 2.
Conceitos Básicos
20
Geralmente a geração de energia, principalmente de fonte hidráulica, se encontra longe
dos centros consumidores, por isso a energia elétrica utiliza as linhas de transmissão para
alcançar o consumidor nal, ocorrendo perdas de energia nos condutores destas linhas
de transmissão, que são diretamente proporcionais ao comprimento dos condutores e ao
quadrado do valor da corrente. Por outro lado, a potência transmitida pela rede elétrica
é proporcional ao produto da tensão pela corrente, através da combinação dos valores de
ambos é possível diminuir as perdas, utilizando tensões mais altas e correntes mais baixas
para uma mesma potência transmitida pela linha [10].
2.3.1 Linhas de Transmissão
Resumidamente, uma linha de transmissão é composta por cabos condutores de energia,
estruturas isolantes, estruturas de suporte, fundações, para-raios, aterramentos e acessórios diversos, ilustrados através da Figura 2.14.
Figura 2.14:
Componentes das linhas aéreas de transmissão [5]
O desempenho das linhas está diretamente relacionado com as características e conguração geométrica de seus componentes. O transporte de energia elétrica pelas linhas de
transmissão tem o caráter de prestação de serviço, ou seja, deverá ser eciente, conável
e econômico. No caso desta dissertação, serão levadas em conta apenas as características
das linhas aéreas de transmissão, já que é o padrão da rede analisada, objeto deste estudo.
Para transportar uma determinada quantidade de energia a uma distância preestabelecida há um número muito grande de soluções possíveis, em função do grande número de variáveis associadas a uma linha, como o valor da tensão de transmissão, o
número/tipo/bitola dos cabos condutores por fase, o número e tipo dos isoladores e distâncias de segurança, materiais estruturais e a forma dos suportes resistirem aos esforços
[5].
Conforme detalhado em [12, 23] as LT são comumente encontradas em nosso dia a dia,
sendo que elas podem ser classicadas, basicamente, em dois tipos:
Capítulo 2.
•
21
Conceitos Básicos
Linhas de transmissão de energia:
São responsáveis pelo transporte de grandes
blocos de energia elétrica, às vezes possuindo grandes extensões, operam em altas
tensões e baixa frequência;
•
Linhas de transmissão de sinais: São responsáveis pelo transporte de informações
e pequena quantidade de energia elétrica, possuindo distâncias menores, operando
em baixas tensões e altas frequências, como as linhas telefônicas, as trilhas de um
circuito impresso, redes de computadores, entre outros.
As linhas de transmissão de energia elétrica podem ser categorizadas através do seu tamanho, podendo ser classicadas como
80km e 240km) e
linhas curtas (até 80km), linhas médias (entre
linhas longas (acima de 240km) [24].
As diferenças e equações carac-
terísticas referentes a modelos matemáticos de cada categoria das linhas de transmissão
será abordado em outro capítulo especíco.
2.4 Unidades de Medida
A engenharia elétrica possui por padrão o Sistema Internacional (SI) [25] para unidades
de medida. O SI por sua vez, é derivado do sistema M.K.S. racionalizado, que tem como
letras iniciais as unidades metro (m) para comprimento, quilograma (kg ) para massa e
segundo (s) para o tempo. A partir destas unidades básicas, outras são criadas. A unidade
de força derivada, newton (N), é a força que produz uma aceleração de
de
na massa
1kg :
Força(newtons)
= massa(quilogramas)
Portanto, a medida de energia e trabalho é
Tendo o
=
1m/s2
2
x aceleração(m/s )
newton−metro, também chamado de joule.
joule obtém-se a unidade de potência joule/segundo, ou watt (1newton − metro
1joule, 1joule/segundo = 1watt).
A diferença de potencial
v
entre dois pontos é medida pelo trabalho necessário a
transferência da carga unitária de um ponto para o outro. O
volt é a diferença de potencial
(d.d.p.) entre dois pontos quando é necessário o trabalho de
de uma carga de
O
coulomb
1coulomb
de ponto ao outro, sendo
1joule
para a transferência
1volt = 1joule/coulomb.
pode ser denido como a quantidade de carga que colocada a um metro
de distância de uma carga igual e do mesmo sinal, no vácuo, repele-a com uma força
de
9x109 newtons.
A carga transportada por um elétron (−e) ou por um próton (+e) é
e = 1, 602x10−19 coulombs.
O material que contém elétrons livres, que se deslocam de um átomo para outro, é um
condutor.
Aplicando-se nele uma diferença de potencial, os elétrons se deslocam. Quando
Capítulo 2.
uma carga
22
Conceitos Básicos
q se transfere de um ponto para outro de um condutor, existe nele uma corrente
elétrica. Se a carga é transferida na razão constante de
existente é
1ampère
instantânea
i
(ou
1A),
ou seja,
1coulomb/s,
1ampère = 1coulomb/s.
a corrente constante
Em geral, a corrente
num condutor é:
i(ampères) =
dq(coulomb)
dt(segundos)
O sentido da corrente positiva é, por convenção, oposto àquele em que se deslocam os
elétrons, demonstrado na Figura 2.15.
Figura 2.15:
A potencia elétrica
p
Sentido da corrente positiva [6]
é o produto da tensão aplicada
v
pela corrente resultante
i,
ou
seja,
p(watt) = v(volts)
x
i(ampères)
Por denição, a corrente positiva tem a direção da seta na fonte de tensão, saindo da
fonte pelo terminal
+, como mostra na Figura 2.16.
Quando
p é positivo, a fonte transfere
energia para o circuito.
Figura 2.16:
Se a potência
p
Potência Elétrica
é uma função periódica do tempo
1
P =
T
Z
T
p dt
0
t,
de período
T,
a potência média é
Capítulo 2.
23
Conceitos Básicos
Como a potência é a taxa de transferência da energia em função do tempo,
dω
p=
dt
onde
W
Z
e
t2
p dt
W =
t1
é a energia transferida durante o intervalo de tempo considerado.
2.5 Resistor, Indutor e Capacitor
Um elemento de circuito pode tratar a energia elétrica das seguintes formas:
a) a energia é consumida - este elemento é um
resistor puro;
b) a energia é armazenada num campo magnético - este elemento é um
c) a energia é armazenada num campo elétrico - este elemento é um
indutor puro;
capacitor puro.
2.5.1 Resistência R
A diferença de potencial
porcional à corrente
v(t)
entre os terminais de um resistor puro é diretamente pro-
i(t) que nele circula.
A constante de proporcionalidade
resistência do resistor e é expressa em volts/ampères ou ohms.
R
é chamada
Na Figura 2.17 é mostrado
um resistor simples:
Figura 2.17:
v(t) = Ri(t)
e
Resistor
i(t) =
v(t)
R
As letras minúsculas (v, i, p) em geral indicam funções do tempo.
(V, I, P ) indicam quantidades constantes.
As maiúsculas
Capítulo 2.
24
Conceitos Básicos
2.5.2 Indutância L
Se a corrente em um circuito varia, o uxo magnético que o envolve também varia. A
variação de uxo
v
é proporcional à taxa de variação da corrente em relação ao tempo,
desde que a permeabilidade seja constante. A constante de proporcionalidade é chamada
auto-indutância
ou
indutância do circuito.
Na Figura 2.18 é apresentado um indutor
simples:
Figura 2.18:
di
v(t) = L
dt
Com
v
em
volts
e
di/dt
onde
em ampères/s,
auto-indutância de um circuito é de
Indutor
1
i(t) =
L
L
Z
vdt
é expressa em
1henry (1H )
volt/ampère
ou
henrys.
A
quando a corrente varia a razão de
1ampère/segundo.
2.5.3 Capacitância C
A diferença de potencial
v
entre os terminais de um capacitor é proporcional a carga
nele existente. A constante de proporcionalidade
Figura 2.19:
C
é chamada
capacitância
Capacitor
dq
dv
1
q(t) = Cv(t), i =
= C , v(t) =
dt
dt
C
Z
idt
q
do capacitor.
Capítulo 2.
Com
q
em
coulombs
e
v
em
capacitor terá a capacitância de
volt
25
Conceitos Básicos
volts, C
é obtida em
1f arad (1F )
coulombs/volt
se adquirir a carga de
ou
f arads.
1coulomb
Um
para cada
de diferença de potencial aplicada entre seus terminais.
2.6 Circuitos em série e em paralelo
Geralmente um
apresentado um
de Kirchho
circuito
contém elementos em série e em paralelo.
Na Figura 2.20 é
circuito em série com uma fonte de tensão e três impedâncias.
para as
tensões
A
lei
estabelece que a soma das elevações de potencial é igual à
soma das quedas de potencial, ao longo de qualquer circuito fechado.
Figura 2.20:
Circuito em série [6]
V = V1 + V2 + V3 = Z1 I + Z2 I + Z3 I = (Z1 + Z2 + Z3 )I = Zeq I
onde
I=
V
Zeq
e
Zeq = Z1 + Z2 + Z3
A queda de tensão em uma impedância é dada pelo produto do fasor corrente
impedância complexa
Z , então no circuito da Figura 2.20, V1 = IZ1 , V2 = IZ2
e
I
pela
V3 = IZ3 .
A seta estabelece um sentido de referencia para essas tensões e aponta para o terminal por
onde entra o fasor corrente
I.
A impedância equivalente
Zeq ,
para qualquer número de
impedâncias em série, é igual à soma das impedâncias individuais,
No
Zeq = Z1 + Z2 + Z3 + ...
circuito em paralelo da Figura 2.21(a) uma única fonte de tensão está aplicada
a três impedâncias ligadas em paralelo.
O circuito em 2.21(b) salienta para o fato de
que a fonte e as três impedâncias tem dois terminais comuns (nós). Em um desses nós
aplica-se a
lei de Kirchho para as correntes, ou seja, a soma das correntes que chegam
a um nó é igual à soma das correntes que dele saem.
Capítulo 2.
26
Conceitos Básicos
Figura 2.21:
Circuito em paralelo [6]
O potencial constante da fonte aparece diretamente nos terminais de cada uma das
impedâncias em paralelo. As correntes de cada braço podem ser calculadas independentemente,
IT = I1 + I2 + I3 =
então,
IT =
V
V
V
1
1
1
V
+
+
=V( +
+ )=
Z1 Z2 Z3
Z1 Z2 Z3
Zeq
V
Zeq
e
1
1
1
1
=( +
+ )
Zeq
Z1 Z2 Z3
Portanto a impedância equivalente de qualquer número de impedâncias em paralelo é
1/Zeq = 1/Z1 + 1/Z2 + 1/Z3 + ...
A
e a
impedância de um elemento ou de um circuito completo é a relação entre a tensão
corrente :
Impedância =
Função Tensão
Função Corrente
A relação entre a tensão e a corrente mostra que a impedância é um número complexo
com uma parte real
R
e uma parte imaginária
v(t)
Z=
=
i(t)
ω
L:
Vm ejωt
= R + jωL
Vm
ejωt
R+jωL
O inverso do complexo impedância é o complexo
V /I , Y = I/V . Y
é expressa em
siemens (S )
ou
admitância Y
mhos.
= 1/Z .
Z=
O conceito de admitância é
muito conveniente em circuitos paralelos, conforme visto na Figura 2.22:
Figura 2.22:
Como
Admitância em Circuito Paralelo [6]
Capítulo 2.
27
Conceitos Básicos
IT = I1 + I2 + I3 = Y1 V + Y2 V + Y3 V = (Y1 + Y2 + Y3 )V = Veq V
e
Veq = Y1 + Y2 + Y3
Portanto, a admitância equivalente de qualquer número de admitâncias em paralelo é
igual à soma das admitâncias individuais.
Capítulo 3
Smart Grid
O desenvolvimento do sistema elétrico de potência desde o nal do século XIX fundamentouse em esquemas pouco exíveis e reservas de capacidade instalada, onde a geração é
controlada de forma centralizada e a potência ui somente no sentido das cargas, com
o despacho e o consumo bem ajustados, tanto nas condições normais, como de emergência. Instabilidades e faltas, são sanadas isolando-se as partes defeituosas do sistema,
consistindo no desligamento, para afetar o menor número possível de consumidores, e seu
religamento após reparo da origem do problema. Desenvolvimentos tecnológicos realizados em muitas décadas foram direcionados a novos materiais e equipamentos, recursos
de simulação, supervisão e controle, tendo contribuído para o avanço técnico e redução
dos custos, essencialmente, não provocando alterações na concepção original do sistema
elétrico de potência. Mesmo assim, fatores tecnológicos, econômicos e sócio-ambientais
fomentam discussões para outro modelo de rede elétrica [26].
Entretanto, este é um setor que tem se mantido praticamente inalterado por quase cem
anos, mesmo com avanços extraordinários das telecomunicações, computação e eletrônica
[26]. A infra-estrutura elétrica atual caminha para o limite da sua capacidade. Embora
a continuidade do serviço não esteja comprometida, os riscos associados a utilização de
uma rede elétrica cada vez mais envelhecida crescem diariamente [1]. Além disso, no Brasil existem problemas de perdas comerciais, segurança patrimonial nas grandes cidades,
furtos de cabos elétricos de distribuição, e população de baixa renda vivendo em conglomerados urbanos de difícil acesso. Diante disso, a implementação de uma tecnologia que
forneça a gestão e controle da rede de distribuição de energia elétrica se torna um desao
[7].
Países desenvolvidos e emergentes trabalham para desenvolver um sistema elétrico
mais eciente, conável, exível e otimizado tanto em custos como em recursos [26]. Os
sistemas elétricos de potência, em especial os sistemas de distribuição, estão passando
por uma mudança radical em seu conceito e projeto, impulsionando pesquisas que vi-
28
Capítulo 3.
Smart Grid
sam adicionar uma
29
camada de informação
à rede de distribuição [8].
Funcionalidades
que auxiliem no gerenciamento do sistema, tornando-o mais conável e transparente para
os operadores, além de permitir que o próprio sistema execute tarefas de reconguração, acompanhamento da demanda e do consumo, redução das perdas, entre outras são
características das
redes inteligentes ou Smart Grids.
3.1 Conhecendo a tecnologia
Uma rede elétrica depende de recursos materiais e das operações técnicas, representando
um custo para a sociedade, sendo que é distribuído entre os consumidores na forma de
fatura mensal. Pressões pela manutenção da qualidade do serviço fazem com que as redes
elétricas passem a trabalhar em condições mais restritas, aumentando a exigência de
desempenho econômico e diminuição das perdas nas redes, onde entram as
Smart Grids,
que devem coexistir com as redes elétricas, não as substituindo, mas adicionando novas
capacidades e funcionalidades, gerando assim, uma evolução no ramo de energia elétrica
[10, 13].
Os processos de fabricação atuais necessitam cada vez mais de monitoramento, visando
fornecer agilidade e exibilidade ao planejamento da produção, possibilitando respostas
rápidas a alterações, tornando possível diagnosticar problemas durante um processo e
corrigi-los de modo fácil e rápido, otimizando a produção e diminuindo o tempo de máquina parada [14]. A
Smart Grid
possui um conceito de interoperabilidade de sistemas,
que pode ser denido como a capacidade de dois ou mais dispositivos ou sistemas trocarem
informações de forma transparente, atingindo inteiramente suas nalidades, permitindo
a execução de ações de controle sobre a rede [9].
Esta é uma característica marcante
que aponta o grande diferencial entre as redes inteligentes e as redes elétricas convencionais, que não possibilitam a comunicação entre equipamentos sem oferecer subsídios
para a tomada de decisão e automação na reconguração ou gerenciamento do sistema de
distribuição [8].
A
Smart Grid
consiste na modernização das tecnologias de geração, transformação,
transmissão, distribuição e uso nal da energia, onde elementos de telecomunicação agregam à tradicional infraestrutura de rede elétrica uma capacidade de gerenciar, monitorar
e supervisionar este sistema mediante a incorporação de infraestruturas de comunicação
digital e processamento de dados nos diversos setores do sistema elétrico, transformando-o
em um sistema mais inteligente [9]. Esta rede inteligente interliga diversos dispositivos
como medidores, sensores, controladores e equipamentos micro processados instalados nos
sistemas elétricos. A rede elétrica inteligente executará continuamente o seu próprio diagnóstico, estabelecendo condições adequadas de balanço de energia da rede, analisando,
Capítulo 3.
Smart Grid
30
localizando e respondendo em tempo real às necessidades de operação do sistema, adequando ou restabelecendo os componentes de rede ou das áreas afetadas por alguma
condição incomum com um mínimo de intervenção humana [7]. Esta rede auto recuperável ajudará a manter a conabilidade, a segurança, a qualidade da energia e a eciência
da rede elétrica, se caracterizando por uma estrutura de tecnologia da informação de alto
nível, que pode transmitir energia e informação no modo bidirecional, do usuário para o
sistema e vice-versa [10].
Considerando a análise da implantação da rede inteligente nos Estados Unidos, na
Europa e no Brasil, observa-se que existem diferentes motivações em cada região [7]. No
caso americano, trata-se dos esforços do setor de distribuição de energia em garantir a
conabilidade no abastecimento.
Na Europa, há um grande comprometimento com a
redução de carbono e de gases causadores do efeito estufa.
No Brasil, busca-se uma
estratégia para melhorar aspectos técnicos da distribuição, diminuir as perdas técnicas,
reduzir ou eliminar o roubo de energia e ajustar a oferta de energia com o crescimento
urbano e industrial, aprimorando a regulamentação sobre o setor.
A primeira abordagem às
Smart Grids
realizou-se há mais de uma década, tendo como
foco apenas a telecontagem, tecnologia denominada como
ading )
AMR (Automatic Meter Re-
[1, 13]. Este conceito trazia a vantagem de substituir as leituras manuais, de alto
custo, evitando também a utilização de medidas estimadas, as quais não dão aos clientes
a informação exata sobre o seu consumo, tornando imprecisa a indução de alterações de
comportamento associado ao consumo de energia. Existe a comunicação de transmissão
de dados unidirecional somente do medidor para o sistema central de gestão de dados. Por
essa tecnologia é possível realizar a leitura à distância, contudo não é possível enviar informação para o medidor ou alterar remotamente quaisquer parâmetros desse equipamento
[27].
A geração seguinte de equipamento, correspondeu à tecnologia
AMM (Automatic
Meter Management ), que além da telecontagem, permitia ligar e desligar o fornecimento
de energia e modicar a potência máxima disponibilizada ao cliente. A tecnologia AMM
possibilita, igualmente, a monitorização das falhas e da qualidade da energia. Caracterizase pela transmissão bidirecional de dados e, assim, é possível realizar leitura à distância
e ainda congurar remotamente os parâmetros do medidor e enviar algum tipo de informação ao consumidor.
Mesmo a tecnologia AMR se mostrando atrativa, ela não tem por objetivo resolver
ou controlar a demanda e, portanto, não representa um requisito básico para uma rede
inteligente. Estudos sugerem que as concessionárias, antes de investir na tecnologia AMR,
realizem investimento diretamente na
AMI (Advanced Metering Infrastructure ), que per-
mite uma comunicação bidirecional com o sistema de medidores e fornece um conjunto
Capítulo 3.
Smart Grid
31
maior de informações e serviços para o consumidor [7]. Essa tecnologia atende tanto a
oferta quanto a demanda de energia. O contato com o consumidor, em uma relação bidirecional, pode fornecer imediatamente um maior retorno sobre os investimentos, facilitando
a prestação de serviços diferenciados e a integração do cliente com o sistema elétrico, fornecendo dados individuais de cada cliente, caracterizando-os como uma função de vários
parâmetros [9].
Segundo Caires [10], a base do que se conhece por
Smart Grid
não é necessariamente
algo novo, mas sim a aplicação inteligente de vários componentes e sistemas existentes,
visando a automação e o controle remoto da rede de distribuição, coordenando suas atividades energéticas, o que pode permitir a otimização do aproveitamento da capacidade
disponível em função do tempo. Sup [9], em seu trabalho, relata que os centros de controle
devem monitorar, atuar e interagir em tempo real sobre os dispositivos elétricos remotos,
empregando novas tecnologias para melhorar a qualidade da energia e as subestações inteligentes devem coordenar os seus dispositivos locais com a principal nalidade de prever,
detectar e corrigir falhas; gerenciando a geração e a demanda do sistema elétrico. Cada
funcionalidade dessas pode ser vista como um objetivo a ser atingido, como por exemplo,
redução das perdas, recuperação do sistema, gerenciamento da demanda, entre outras.
Os equipamentos instalados observarão o estado da rede, comunicar-se-ão entre si caso
necessário e executarão uma ação am de alcançar seu propósito [8].
De acordo com Mantovani et al [28] o problema da reconguração de redes de distribuição consiste em buscar uma estratégia ótima de operação para minimizar as perdas
nos alimentadores propiciando um balanceamento adequado das cargas no sistema trifásico. Saraiva [8] arma que essa realidade está cada vez mais perto de ser mudada, caso
as promessas da nova geração dos sistemas elétricos sejam cumpridas.
A possibilidade
de medição e comunicação de dados na rede elétrica em tempo real, poderá indicar um
ponto de ruptura na maneira como se dá a resolução de problemas em sistemas elétricos
de distribuição convencionais e em sistemas
Smart Grids,
incluindo o gerenciamento e a
reconguração do sistema.
3.1.1 Características de Funcionamento
O sistema de energia deve manter constante o fornecimento de energia, o que acaba obrigando investimentos em grandes usinas de geração, longe dos locais de carga, e em longas
linhas de transmissão, como observa-se na Figura 3.1, comprometendo o meio ambiente e
comunidades, determinando investimento constante para aumentar alternativas de integração e evitar os racionamentos e "apagões" [7].
Capítulo 3.
Smart Grid
Figura 3.1:
32
Sistema de Fornecimento de Energia no Brasil [7]
Na Figura 3.2 é apresentada uma proposta de modelo com gestão da demanda de
energia.
Esse modelo inclui a existência dos
prosumers
(consumidores e produtores de
energia) ao invés de produtores e consumidores. Nesse modelo os consumidores tornam-se
interativos com as redes de transmissão. Caso ocorra falhas no sistema elétrico, o operador deve encontrar alternativas ecientes para a energia direcionada às concessionárias
de distribuição de energia, incorporando novas tecnologias, como sensores para grandes
sistemas (
WANS - Wide Area Sensor Networks )
e equipamentos instalados nas redes
de transmissão de longa distância [7]. O principal desao para a implementação de uma
Smart Grid
é o acoplamento de uma adequada infraestrutura de comunicação ao sistema
elétrico, projetada para suportar operações de controle e interação entre centros de controle e subestações individuais e capazes de integrar monitoramento e controle de diversos
dispositivos e fontes distribuídas [9].
Figura 3.2:
Sistema de Energia Integrado [7]
Capítulo 3.
Smart Grid
33
Na Tabela 3.1 é apresentada uma comparação entre a rede elétrica existente e as redes
inteligentes [13].
Tabela 3.1: Comparação entre rede elétrica existente e
Smart Grid
Rede existente
Smart Grid
Eletro-mecânica
Digital
Comunicação em um sentido
Comunicação em duplo sentido
Geração centralizada
Geração descentralizada
Hierárquica
Não-hierárquica
Poucos sensores
Muitos sensores
Cega
Auto-monitoramento
Restauração manual
Auto-restauração
Falhas e
blackouts
Adaptativa
Controle manual
Controle remoto
Controle limitado
Controle ilimitado
Poucas escolhas para usuário
Muitas escolhas para usuário
Electric Power Research Institute ) [29] em 2005 desen-
O Comitê "Intelligrid"do EPRI (
volveu uma visão pioneira para o fornecimento de energia elétrica no futuro tais características bem como os elementos básicos desta plataforma são apresentados a seguir [10,29]:
•
Interatividade: para a obtenção do melhor desempenho econômico do sistema, é
obrigatório conceder ao usuário ampla visão e pleno acesso as tarifas de energia,
possibilitando a resposta à demanda, representada pela variação dos preços das
tarifas;
•
Capacidade de adaptação: uma rede inteligente deve se adaptar às mudanças do
ambiente circundante, que podem exercer inuência sobre ela, tendo inclusive a
capacidade de auto recuperação pelo re-direcionamento de seus recursos;
•
Previsibilidade: uma rede inteligente não tem somente a capacidade de adaptação e
correção de eventos, mas também é capaz de diagnosticar situações de risco potencial
antes que efetivamente ocorram, ou seja, ser
•
autorecuperativa.
Otimização: no que diz respeito à eciência básica do sistema, a rede inteligente
tem meios para otimizar o nível de utilização da capacidade instalada.
Através
de monitoração contínua, previsibilidade mencionada e controle pela interatividade
o sistema pode racionalizar o uso de seus ativos, reduzindo as perdas de modo a
postergar investimentos destinados à construção de novas plantas;
Capítulo 3.
•
Smart Grid
34
Integração: as redes inteligentes devem reunir sistemas de monitoramento, controle,
Energy Management
proteção e manutenção, além de funções avançadas como EMS (
System ) e DMS(Distribution Management System );
•
Segurança de dados: uma rede inteligente assim como qualquer sistema baseado na
tecnologia da informação, deve garantir a segurança dos dados que por ela trafegam.
Para o funcionamento destes elementos, é necessário uma adequação na estrutura atual
dos sistemas de distribuição, dado as profundas mudanças que os
Smart Grids trarão tanto
para a topologia quanto para a operação das redes. Os atuais métodos computacionais
também deverão ser atualizados para este novo paradigma, além de outros métodos necessitarem ser criados e novas tecnologias para simulação desses sistemas avaliadas [8].
A arquitetura "intelligrid"é planejada para integrar dois sistemas do setor elétrico: a
geração e a distribuição de energia juntamente com os sistemas de informação (comunicação, rede e equipamentos inteligentes) de forma a permitir o seu controle. Estes sistemas
devem ser desenvolvidos para formar uma rede de comunicação com equipamentos inteligentes e algoritmos capazes de suportar a contínua sosticação dos sistemas operacionais.
Os equipamentos devem perceber a falta de uxo de carga nas linhas e enviar esta informação para outros equipamentos da rede. Estes equipamentos, por sua vez, deverão
encontrar uma topologia que envie energia de volta para a linha em falta (se possível),
buscando suprir ainda a redução das perdas [7, 8].
Ainda em 2005 a Comunidade Europeia divulgou o programa
Technology Platform for Electricity Networks of the Future
[30].
Smart Grids European
Este estudo teve por
objetivo formular, a longo prazo, o programa elétrico europeu, sendo o primeiro a estabelecer benefícios ambientais que foram relacionados com o uso otimizado da energia
elétrica e com o emprego de uma rede operando com informações bidirecionais (enviando e
recebendo informações). Ainda nesta pesquisa, a rede inteligente colabora com as demandas sociais e políticas que surgirão na questão da oferta de energia, com novos desaos
e oportunidades no setor, trazendo benefícios para todos os consumidores, acionistas e
companhias [7].
Na Figura 3.3, é apresentada uma
Smart Grid
dividida em camadas: a camada do
consumidor, camada de comunicação e camada da subestação. O uxo de informação ui
nos dois sentidos entre camada do consumidor e a camada da subestação via camada de
comunicação, sendo que cada camada possui equipamentos e tecnologias próprias.
Em
especial, naquela a qual faz parte o consumidor, existem diversos equipamentos componentes de uma rede inteligente [8].
Capítulo 3.
Smart Grid
35
Figura 3.3:
Smart Grids em camadas [8]
Espera-se que, com o contínuo desenvolvimento, pesquisa e implementação desta tecnologia, mais funcionalidades deverão ser imaginadas e posteriormente estudadas para
implementação no
Smart Grid.
Esta linha de estudos é bastante recente e com muitas
possibilidades para pesquisa e inovação.
3.1.2 Tecnologias utilizadas
Sistemas SCADA
Supervisory Control And Data Acquisition ) signica controle supervisor e
A sigla SCADA (
aquisição de dados sendo o nome dado ao sistema que faz a aquisição dos dados em campo,
os supervisiona e permite ao operador controlar ou decidir com base nessa informação. A
evolução dos sistemas computacionais permitiu que a tecnologia SCADA, além do acesso
aos dados dos sensores, também possa executar comandos remotos, vericando os valores
de campo e chamando a atenção para os mais críticos através de alarmes visuais ou sonoros
[10]:
a) Supervisão: função de monitoramento dos dados adquiridos em campo, vericação da
faixa de valores e exibição desses dados, incluindo grácos, tendência, acionamento de
alarmes, relatórios etc;
b) Operação: ação direta sobre elementos em campo tais como relés, atuadores pneumáticos e outros sendo capaz de enviar comandos como ligar, desligar e alterar parâmetros;
Capítulo 3.
Smart Grid
36
c) Controle: rotinas especícas para atuação automática em determinadas situações de
acordo com a necessidade e possibilidade de haver esse tipo de resposta, em princípio
independente do operador.
Ainda de acordo Caires [10] o sistema SCADA é constituído por um computador principal denominado Unidade Terminal Mestre (UTM) que se conecta a várias Unidades
Terminais Remotas (UTR). As UTR são responsáveis pela aquisição dos dados dos sensores em campo e pelo comando de equipamentos. Além disso, as UTR enviam os dados dos
sensores para a UTM, que os processa e emite alarmes ou comandos pré-programados correspondentes caso haja alguma falha. Ainda existe a Interface Homem Máquina (IHM),
onde os dados são apresentados para o operador através do computador. Mesmo com estas
características, o sistema SCADA ainda não é uma solução completa, sendo um sistema
integrado de soluções que ajuda na organização dos vários elementos na medida em que
cria um ambiente comum no qual eles podem interagir como objetos virtuais compatíveis.
Sistemas de Medição
A aplicação exige um bom conhecimento dos conceitos associados aos sistemas de medição,
começando pelas denições básicas sobre a avaliação da demanda até o aspecto relacionado
às tecnologias disponíveis. Para um perfeito controle de processos, surge o monitoramento
remoto, permitindo uma avaliação contínua do processo, além de prover uma redução nos
custos operacionais, já que dispensa a disposição de uma equipe de manutenção para cada
sistema em funcionamento [10, 14].
A lógica do
Smart Grid
se resume em "inteligência", com as novas redes automati-
zadas com medidores de qualidade e de consumo de energia em tempo real, ou seja, as
residências vão conversar com a empresa distribuidora, e até mesmo, geradora de energia
em um futuro próximo. A medição do consumo de energia elétrica e o faturamento, pela
sua importância no negócio de numa concessionária, vem sendo objeto de melhorias e
evoluções para torná-los mais ecientes, rápidos e de menor custo.
Hoje ainda há um
grande número de medidores eletromecânicos, estes vem sendo substituídos através de
sucessivas etapas de atualização, que tem proporcionado a eliminação da mão-de-obra
com a leitura automatizada (AMR), a gestão da medição (AMM) e a medição inteligente
(AMI ou
Smart Metering )
onde contempla tarifas dinâmicas e uma integração com a
infraestrutura de TI, com dados referentes ao consumo, demanda, qualidade da energia
elétrica e tarifação.
como
Assim, pode-se pensar em medição inteligente, também conhecida
Smart Metering,
que consiste em um conjunto composto pelo medidor eletrônico e
por um sistema com transmissão remota e com disponibilização de dados processados aos
consumidores e aos demais agentes [9, 13, 26, 27].
Capítulo 3.
Smart Grid
37
A medição inteligente envolve a instalação do medidor inteligente na residência e a
leitura regular, processamento e realimentação dos dados de consumo para o consumidor.
Um medidor inteligente deve ter as seguintes capacidades [10, 27]:
•
O registro em tempo real do uso da eletricidade e possível geração local (por exemplo,
no caso de células solares);
•
Oferecer a capacidade de leitura local e remota (sob demanda), tornando desnecessário o deslocamento físico de um funcionário da concessionária até a unidade
consumidora;
•
Limitar a energia que passa pelo medidor (em casos extremos cortar a eletricidade
do consumidor), permitindo a atuação, de forma rápida e sem necessidade de deslocamento, em unidades consumidoras que possuem clientes inadimplentes;
•
Interconexão com redes e dispositivos (por exemplo, geração distribuída);
•
Capacidade de se integrar com outros medidores de outras redes (por exemplo, gás,
água).
Cunha [26] arma que a importância da AMI se traduz como uma unidade terminal
remota no cliente e necessariamente é composta, no mínimo, pelos seguintes componentes:
•
Elemento de medição de energia elétrica (opcionalmente em quatro quadrantes, isto
é, energia ativa e reativa em qualquer sentido, além de demanda ou incorporação de
medição do consumo de gás natural);
•
disjuntor para seccionamento e religamento remoto;
•
microprocessamento e memória local de dados;
•
módulo de comunicação bidirecional;
•
interface de visualização ao usuário (IHM) com eventual conexão a eletrodomésticos
inteligentes.
A necessidade de melhorar a eciência energética em função de suas fontes primárias,
escassas, é o principal objetivo em países desenvolvidos, o que não ocorre no Brasil.
Aqui, o maior interesse é o monitoramento do sistema, associado às perdas de receita
por furtos e outros problemas técnicos, pois a simples substituição da leitura manual dos
medidores não justica o investimento.
Entretanto, o custo operacional e o volume de
perdas do sistema de distribuição de energia elétrica brasileiro impõem uma preocupação,
cobrando uma maior efetividade das soluções aplicáveis, principalmente, em baixa tensão
Capítulo 3.
Smart Grid
38
que responde por mais de 90% dos clientes do setor elétrico e onde, proporcionalmente,
encontram-se as condições mais complexas e as maiores perdas [10, 26].
Outra função interessante que o medidor eletrônico pode desempenhar é o alarme
de pouca energia disponível [27], que se utiliza na modalidade de pré-pagamento, sendo
que permite ao consumidor o planejamento necessário para o suprimento de sua unidade
consumidora, com antecedência necessária para que sejam adquiridos novos créditos de
energia. Mas além do consumo, os medidores inteligentes também podem ser implemen-
SensorBus )
tados junto a redes de sensores (
para monitorar e visualizar o consumo de
outros recursos (tais como água, gás, vapor, calor, temperatura ambiente, iluminação
natural, umidade, presença de pessoas nas instalações, entre outras) [9].
Figura 3.4:
Medidor Inteligente de Energia Elétrica [9]
Na Figura 3.4 são ilustrados um conjunto de medidores de energia elétrica fornecidos
por diferentes fabricantes.
A Figura 3.5 apresenta um medidor de vazão, geralmente
utilizado para medir e controlar o uxo de baixa, média e alta viscosidade, como é o caso
de combustíveis líquidos e lubricantes, com capacidade de oferecer diagnóstico de perdas
durante o processo de medição.
Figura 3.5:
Medidor Inteligente de Combustíveis [9]
Um medidor de vazão, utilizado para medição de consumo de água, é apresentado na
Figura 3.6, este medidor disponibiliza informações de uxo e de qualidade, incorporando
um
display
digital para visualização instantânea, assim como também saída analógica e
saída digital de dados para monitoramento remoto.
Capítulo 3.
Smart Grid
Figura 3.6:
39
Medidor Inteligente de Água [9]
Por m, na Figura 3.7 é ilustrado um medidor de vazão térmico para gás, nele é
permitido visualizar as unidades de vazão, o tipo de gás e o uxo totalizado.
Figura 3.7:
Medidor Inteligente de Gases [9]
Uma nova infra-estrutura tecnológica no setor elétrico está sendo constituída através
dos medidores eletrônicos, propiciando diversas vantagens para as redes inteligentes. Esta
automação envolve todos os segmentos (geração, transmissão e distribuição) e os consumidores, onde pode ser incorporada, inclusive, a eletrodomésticos, conhecida como
Appliances
Smart
[26, 27].
Sistemas de Proteção
Conforme Caires [10], todo sistema relacionado a área tecnológica acaba sendo vulnerável
a falhas em decorrência de sabotagens e/ou fatores naturais.
No caso do
Smart Grid
as falhas acabam preocupando mais ainda, pois dependendo da falha uma sequencia de
eventos pode ser desencadeados, tanto em uma automação de subestações quanto de um
simples utensílio doméstico. O aspecto de proteção das redes inteligentes abrange desde
a proteção dos equipamentos, nela conectados, (podendo ser os utensílios dos usuários
ou os dispositivos da rede), até os sistemas de proteção inteligente. Portanto o alcance
é imenso e a quantidade de informações pertinentes e disponíveis também, o que exige o
conhecimento de uma gama maior de produtos, normas e serviços.
Capítulo 3.
Smart Grid
40
3.1.3 Aplicações Residenciais
O conforto através de dispositivos automáticos em residências existe desde que a eletricidade passou a ser um bem indispensável, e dispositivos simples fazem parte da realidade
de residências há muito tempo [10]. Minuterias e sensores foto-elétricos que controlam a
iluminação, sensores de nível para controle de bombas de água, comandos elétricos por
relés e contatores para o controle dos elevadores, termostatos, etc. são alguns exemplos.
Basicamente, estes sensores são responsáveis por converter variações dos fenômenos físicos
(pressão, temperatura, iluminação, tensão, corrente, potência) em sinais elétricos. Alguns
tipos de sensores são conhecidos como transdutores, mesmo podendo converter energia
em outro tipo de sinal, o sensor será formado por um transdutor mais algum dispositivo
que transforme a nova forma de energia em um sinal elétrico.
O sistema interligado de automação residencial é conhecido por
Smart Home,
trolando eletrodomésticos, em especial os eletrônicos, em uma residência.
Smart Home
con-
O sistema
atua sobre iluminação, equipamentos de refrigeração, de aquecimento além
de sistemas relacionados ao conforto e segurança, sendo a atuação do medidor eletrônico
relacionada com eciência energética: controle de demanda, gerenciamento de hábitos de
consumo e informações em tempo real sobre energia elétrica [27].
A base de implantação de um sistema de automação residencial pode ser em um dispositivo eletromecânico denominado relé, auxiliado por interruptores e sensores diversos.
Um relé é um dispositivo composto de um receptor e uma parte executiva que geralmente
é um contato elétrico. O receptor, ao receber a inuência de uma grandeza física (corrente, tensão, temperatura, intensidade luminosa) aciona a parte executiva, mudando seu
estado.
Basicamente a função de um sensor se resume a duas partes: a que interage com o
ambiente possibilitando a medição de algo variável através da alteração sofrida e aquela
que ao receber certo tipo de entrada, transforma-a em uma outra forma de energia. Desta
forma, quando o sensor detecta uma alteração no ambiente monitorado, envia um sinal
ao sistema por meio de sua função de transdutor. A característica de cada relé determina
seu funcionamento, podendo ser, por exemplo, um relé de corrente que é ajustado para
determinado nível aciona seu contato (parte executiva) se esse parâmetro supera o valor
determinado. Um posterior aumento do valor da corrente no receptor não provoca mudança no estado do contato. Por outro lado, se o valor da corrente é diminuído para um
nível abaixo do parâmetro ajustado o estado do contato é alterado, geralmente voltando à
condição inicial [10]. Os valores de operação dos relés e os valores de recuperação (voltar a
condição inicial) não são iguais, mas são geralmente muito próximos, conforme mostrado
na Figura 3.8.
Capítulo 3.
Smart Grid
41
Figura 3.8:
Funcionamento de um Relé [10]
Avanços tecnológicos permitiram o desenvolvimento de relés mais sosticados, com
mais funções, como um componente denominado micro-controlador.
Este componente
agrega funções de um computador, como entrada e saída de dados, controlador lógico
programável, memórias voláteis e permanentes e instruções do sistema operacional básico.
A internet difundiu as redes de computadores nas casas, fazendo com que a inclusão de
uma linha de dados seja uma alternativa cada vez mais acessível, e a automação das
instalações elétricas particularmente importante no contexto de uma rede inteligente de
distribuição de energia.
3.2 Projetos no Brasil
A experiência brasileira em redes inteligentes pode ser considerada recente, pois somente
a partir de 2010 algumas concessionárias de energia, em parceria com universidades, iniciaram projetos de aplicações em
Smart Grid
[7]. Projetos com instalação de medidores
inteligentes começam a ocorrer, devido a fraudes como o roubo de energia, fazendo com
que empresas brasileiras de distribuição substituam o sistema tradicional (medidor individual por cliente) por um concentrador que permite um uxo bidirecional de comunicação
em diversos consumidores. Este novo sistema facilita a leitura e o possível corte por falta
de pagamento [11], pode-se encontrar sistemas com estas características em empresas
situadas na região Sudeste do país, como a Light/RJ.
Na gura 3.9 é mostrado o esquema de instalação de medidores em comunidades de
difícil acesso e com grande incidência de fraude, pode-se observar a existência de um
concentrador que transmite as informações colhidas para o centro de controle a partir
de uma rede de comunicação, seja ela por celular, rádio, satélite ou outra tecnologia de
comunicação.
Capítulo 3.
Smart Grid
42
Figura 3.9:
Esquema de instalação de medidores [11]
Outro exemplo prático que pode ser citado é a rede PLC/BPL implantada pela Companhia Estadual de Distribuição de Energia Elétrica do Rio Grande do Sul (CEEE-D)
no bairro da Restinga, em Porto Alegre/RS. Trata-se de uma rede de média tensão que
realiza a comunicação com a religadora do alimentador onde foi construída a rede de
comunicação. Na Figura 3.10(a) é apresentada uma imagem de uma câmera IP, através
da rede PLC, onde é mostrada a religadora que também utilizava a rede de comunicação
para permitir seu telecomando.
A Figura 3.10(b) apresenta a equipe de linha viva da
concessionária local realizando a instalação dos acopladores na rede de média tensão [12].
Figura 3.10:
(a) Religador com o PLC. (b) Equipe instalando os equipamentos [12]
Em testes realizados pela
Cemig, na implantação de um projeto piloto, o PLC usado
foi de 4,5Mbps para 40 pontos de acesso na cidade de Belo Horizonte/MG, e, em testes
mais recentes, a velocidade foi alterada para 45 Mbps.
A distribuidora Elektro, que
atente cidades dos estados de São Paulo e Mato Grosso do Sul, está testando diferentes
sistemas de comunicação, de acordo com cada local de implantação.
Em Atibaia/SP
Capítulo 3.
Smart Grid
43
e Andradina/SP, por exemplo, os testes são feitos com o PLC de banda estreita, que,
embora mais lento, possui alta penetração e abrangência, podendo ser uma solução para
baixa densidade de unidades consumidoras e de carga [27].
3.3 Estado da Arte
EPRI, Electric Power Research Institute, centro de pesquisa californiano, iniciou em
2001 o projeto IntelliGrid, para criar uma nova infraestrutura de distribuição de energia
A
que integre comunicação, computação e eletrônica.
Projetos da Comissão de Energia
da União Europeia prezam por estudos sobre as perspectivas energéticas daquele bloco
de países até 2020 prevendo investimentos no desenvolvimento das tecnologias de redes
inteligentes como uma forma de atingir a eciência energética com fontes de energia não
poluidoras em redes mais ecientes [31].
Nos Estados Unidos, o projeto DV2010 (
Distribution Vision 2010 )
utiliza redes de
comunicação em alta velocidade e controladores inteligentes para criar uma rede de distribuição à prova de falhas. Na China, com o crescimento da economia, acaba aumentando
também a demanda por energia que deve dobrar até 2020 [32]. O governo chinês aposta
na geração distribuída a partir de fontes renováveis de energia como uma forma de suprir
sua demanda energética neste espaço de tempo, sendo necessária uma rede de distribuição
que integre diferentes tecnologias de geração de energia, garantindo também a eciência
da operação.
O desenvolvimento de redes inteligentes na Coréia do Sul é capitaneado,
entre outras organizações, pela empresa KEPCO,
através do projeto
Korea Electric Power Corporation, que
Power IT [33] utiliza tecnologias de informação e comunicação para
prover o controle e monitoramento do sistema de distribuição.
3.4 Futuro da Tecnologia
Um benefício muito importante alcançado com a implantação das redes inteligentes é o
ganho com um melhor investimentos em geração e distribuição através da modelagem
do fator de carga das redes de distribuição, além da eciência da rede. A rede elétrica
inteligente do futuro será capaz de distribuir, com eciência e segurança, com a mesma
capacidade instalada, mais energia para os consumidores, através de uma melhor administração e por ser invulnerável a violações, desastres naturais e falhas humanas e mecânicas.
Uma possível falha poderá ser detectada antes da ocorrência de forma eciente, melhorando a conabilidade e a qualidade do sistema, minimizando a interrupção do serviço.
Um detalhe importante é que esse funcionamento ca dependente da infraestrutura de comunicação, portanto, além das questões de segurança relacionadas com os ataques físicos,
Capítulo 3.
Smart Grid
44
também ganham importância as questões de segurança de ataques cibernéticos [7, 9].
A adaptação dos métodos comentados anteriormente neste capítulo, ou até mesmo a
utilização de novos métodos, será imprescindível para melhorar a troca de informações
entre os componentes do sistema elétrico, pois o tratamento dos dados deve ser rápido
para a obtenção das soluções para os problemas e as ações nos diferentes equipamentos
para a reconguração da rede [8].
Com a evolução projetada para as redes elétricas
a interação entre concessionárias e consumidores sofrerá mudanças.
É esperado que o
consumidor seja envolvido na cadeia de controle pela chamada rede inteligente que tem
a capacidade de trocar informações e energia de modo bi-direcional [10]. A
Smart Grid
teria a capacidade de coordenar essa troca de energia e informações de modo a otimizar
o aproveitamento das fontes de energia, além de otimizar o desempenho das funções de
proteção minimizando a consequência das falhas, melhorando a conabilidade do sistema.
Os avanço das redes inteligentes poderá gerar a própria conguração da rede, onde em
uma execução de serviço a rede poderá ter autonomia para recongurar a si mesma, a partir de informações como a variação do consumo obtida e transmitida pelos equipamentos
medidores inteligentes [8].
Os desaos atuais são direcionados à construção de cidades mais inteligentes, ecientes e mais sustentáveis. As
Smart Grids
possuem conceitos úteis para atingir as metas
propostas, tais como [1]:
a) Auto-reparação: informações em tempo real para antecipar, detectar e responder a
problemas na rede, possibilitando investigar ou mesmo evitar interrupções ou reduções
da qualidade do serviço;
b) Motivação e envolvimento dos consumidores: consumidores irão controlar equipamentos das suas residências que lhes possibilitem uma gestão energética mais eciente,
reduzindo os custos na fatura de energia, possibilitando a tarifação em tempo real ou
a redução de consumos em períodos de pico;
c) Resistência a ataques ou desastres: informação em tempo real permitirá aos operadores gerir os uxos elétricos de modo a redirecioná-los por percursos alternativos que
garantam o serviço nas zonas afetadas;
d) Acomodação de todas as opções de geração e armazenamento de energia: interconexão
eciente de várias fontes de geração de energia distribuída permitirá que consumidores
residenciais, comerciais e industriais produzam eletricidade que, em excesso, possam
fornecer à rede, melhorando a qualidade da energia, reduzindo os preços da eletricidade
e aumentando as escolhas do consumidor;
Capítulo 3.
Smart Grid
45
e) Maior eciência: minimizará os custos de operação e de manutenção da rede, pois com a
otimização dos uxos de energia os desperdícios energéticos são reduzidos, melhorando
o uso de recursos energéticos de baixo custo.
Na Figura 3.11 é apresentado o modelo conceitual com todos os domínios denidos
para a implantação da
Smart Grid.
A geração pode armazenar energia para posterior
utilização. A transmissão conecta a geração com os centros de distribuição, que por sua
vez conecta os relógios de medição e outros dispositivos inteligentes aos consumidores e ao
resto da rede. Nesta distribuição os dispositivos inteligentes são gerenciados e controlados,
com os consumidores possuindo os relógios de medição inteligentes.
Este relógio terá
informações sobre o uxo de energia que está sendo utilizado, permitindo ao usuário o
controle do consumo e o valor da energia, que varia durante o dia. Com essa informação,
pode haver um planejamento de utilização dos aparelhos em um determinado horário [13].
Figura 3.11:
Modelo Conceitual de um Smart Grid [13]
Ainda apresentando o modelo conceitual da Figura 3.11 a operação gerencia e controla
todo o uxo de energia elétrica, que usa uma rede de comunicação
full duplex
entre
as subestações, as redes de consumo e outros dispositivos inteligentes para o processo
de tomada de decisão dos controladores de redes e nos processos de auto-detecção e
auto recuperação. O mercado coordena as empresas distribuidoras de energia e a troca
de energia entre o consumidor nal e as subestações, podendo haver uma devolução da
energia adquirida através de painéis solares sendo descontado da conta a ser paga.
O
provedor de serviço controla todas as operações de serviços terceirizados, como um portal
de gerenciamento de energia, onde o consumidor terá acesso às informações relativas ao
consumo de energia via
web.
Este conjunto de fatores leva ao desenvolvimento de sistemas
elétricos altamente automatizados e resistentes.
Capítulo 4
Power Line Communication
Segundo a Agência Nacional de Energia Elétrica(ANEEL) [34], o
Power Line Communi-
cation (PLC) é um sistema que permite a transmissão de sinais de internet, voz, vídeo e
comunicação digital e analógica utilizando a rede elétrica como meio físico.
A tecnologia PLC permite a utilização da ação da rede elétrica existente para a
transmissão de dados, fazendo com que a rede de distribuição se comporte como uma
rede de dados onde cada tomada elétrica é um ponto de conexão à rede [9]. O uso das
redes de energia elétrica, como meio de transmissão de sinais de comunicação, é difundido
entre as empresas de energia onde as redes de baixa e de alta tensão vêm sendo utilizadas
desde a década de 20 do século passado para voz, sistema conhecido como
Carrier
Power Line
(Onda Portadora em Linhas de Alta Tensão - OPLAT) [7].
4.1 Histórico
A evolução da tecnologia digital habilitou as redes elétricas, de baixa e média tensão,
para o transporte de sinais de alta velocidade e assim conduziu ao aperfeiçoamento da
Power Line Carrier, deu origem a expressão e os primórdios
tecnologia Power Line Communication (PLC), Broadband Over
tecnologia existente. O termo
do desenvolvimento da
Power Line
(BPL) ou de Comunicação pela Rede Elétrica (CRE). Com esta tecnologia
uma nova alternativa de telecomunicação para as empresas do setor de energia surgiu,
agregando valor aos seus ativos e permitindo uma infraestrutura de comunicações para os
diversos e crescentes serviços que podem ser prestados para a sociedade. Um dos principais
fatores que motivou o desenvolvimento da tecnologia PLC/BPL foi o aproveitamento da
grande capilaridade da rede elétrica [7, 12].
Há aproximadamente trinta anos, foi inventado um dispositivo capaz de modular e
injetar na rede elétrica os sons captados por um microfone, sendo este sinal recuperado
em outro local e convertido novamente em som. Este sistema cou conhecido por Babá
46
Capítulo 4.
Power Line Communication
47
Eletrônica, que permitia o monitoramento da criança por seus pais [35]. A partir deste
evento muitos outros equipamentos, capazes de injetar sinais na rede elétrica, começaram a surgir. O controle da transmissão dos sinais, desde suas frequências até os níveis
de propagação, só foi possível com o avanço das técnicas de
modulação
e
multiplexação
para sinais diferentes sobre um mesmo meio físico, para transmitir dados e informações
utilizando os cabos da rede elétrica.
Na década de 80, do século passado, as comunicações PLC operavam em até 144kbps
e com frequências de até 500 kHz, passando, na década de 90, a ter um avanço signicativo atingindo 10Mbps. No início deste século chegou-se aos 45Mbps, operando agora
com frequências bem mais elevadas, de até 30MHz. No começo da década de 90, o Dr.
Paul Brown da Norweb Communications, de Manchester na Inglaterra, iniciou testes com
comunicação digital de alta velocidade utilizando linhas de energia elétrica, onde entre
1995 e 1997 cou comprovado que era possível resolver os problemas de ruído e atenuar
as interferências às quais as linhas da rede elétrica estão expostas e que a transmissão de
dados a alta velocidade poderia ser viável [9, 14].
Em meados de 2001 algumas operações comerciais começaram a surgir por iniciativa
das operadores de energia que começaram a incorporar a tecnologia PLC em suas linhas
de distribuição de energia.
Na Europa foram lançados serviços comerciais baseados na
Tecnologia PLC de Primeira Geração, empregando Modulação OFDM e controlando a
Électricité de France (EDF), Portugal
com a Electricidade de Portugal (EDP), Suíça com a Entreprises Électriques Fribourgeoises (EEF), Itália com a ENEL, Espanha com a IBERDROLA, a Union Fenosa e a
ENDESA, Áustria com a Linz AG, Alemanha com a Power Plus Communications (PPC)
e a E.On Power and Gas e a Escócia com a Scottish Southern Electric (SSE) [7, 27].
relação sinal-ruído, por exemplo, na França com a
No nal de 2004 houve a inovação tecnológica de transmitir informações, em uma rede
elétrica, utilizando a tecnologia PLC com taxas de 200 Mbps, cando conhecida como
tecnologia PLC de Segunda Geração. A empresa que conseguiu essa inovação foi a
of Systems on Silicon
Design
(DS2), de Valência na Espanha, que não comercializa equipamentos
PLC diretamente, mas licenças e peças para a montagem do equipamento.
A tecnologia PLC de Segunda Geração foi uma alternativa de adequação tecnológica
que disponibilizou as condições técnicas necessárias para a elaboração de modelos de
negócio que integrados com outras tecnologias passou a disponibilizar serviços de voz,
dados e imagens, podendo ser implementada de modo rápido, exível e com o grau de
conabilidade que é exigido pelo mercado de telecomunicação e energia [7].
No Brasil, em projetos pilotos, o PLC tem sido um dos canais de comunicação mais
utilizados para a transmissão de dados, com diferentes distribuidoras realizando testes com
PLC e utilizando equipamentos de diversos fabricantes. Existem várias empresas que já
Capítulo 4.
Power Line Communication
48
passaram do estágio de testes, incluindo a utilização de PLC para exploração comercial e
também focado para as atividades próprias dos serviços de distribuição. Como exemplos
pode-se citar a Eletropaulo, Cemig, Light, Elektro, Copel (Companhia Paranaense de
Energia), Escelsa (Espírito Santo Centrais Elétricas) e Celg (Companhia Energética de
Goiás) [27].
4.2 Funcionamento
Na aplicação comercial do PLC, um ponto de energia pode se tornar uma tomada para
ligação de qualquer eletrodoméstico e, ao mesmo tempo, um ponto de rede de dados
onde pode-se ter acesso a um provedor de internet ou a uma TV por assinatura.
O
PLC também permite que as distribuidoras de energia elétrica incorporem sistemas de
telemedição, supervisão do fornecimento, controle das perdas, monitoramento remoto das
redes de distribuição, leitura remota de medidores, corte e religação à distância e demais
itens relacionados à aquisição, à atuação e à parametrização remota [27].
O funcionamento do PLC consiste em sobrepor um sinal de alta frequência (em MHz)
sobre os 60 Hz existentes na rede elétrica.
A faixa típica de frequências utilizada pela
rede PLC/BLP está entre 1,7 e 30Mhz, com capacidade teórica entre 9kHz a 500MHz
(segundo a ANEEL). O sinal é transmitido nos os das redes de distribuição de baixa
e média tensão, permitindo criar enlaces de comunicação, desde que exista um ponto de
conectividade com a mesma, como qualquer outra tecnologia [12]. A transmissão de sinais
de comunicação sobre as linhas de corrente alternada é uma tarefa não trivial por diversos
fatores, a seguir são relacionados alguns deles [14]:
•
Existência de atenuação e interferências não previsíveis, determinadas pela abertura
e fechamento de circuitos, aparelhos acoplados às tomadas, etc.;
•
Irradiações das frequências transportadas em linhas abertas com alto potencial de
interferência com sistemas que atuam nas mesmas frequências;
•
As características topológicas das linhas de distribuição de energia elétrica (linhas
abertas, de características não lineares, a existência de derivações ao longo de toda
a linha, os transformadores, etc.);
Basicamente, na rede PLC existe um ponto central que determina o início de toda a
rede de comunicação, conhecida como ponto multi ponto (radial).
Capítulo 4.
Power Line Communication
Figura 4.1:
49
Topologia básica de uma rede PLC [12]
Na Figura 4.1 é apresentado um exemplo da topologia de aplicação da tecnologia PLC
nas redes elétricas.
Pode-se vericar, pela Figura 4.1, que a rede PLC/BPL inicia na
subestação de distribuição (SE), onde encontra-se disponível um ponto de conectividade
com a internet.
Na sequência, o sinal PLC segue pela rede primária, ou alimentador,
de média tensão para prover conectividade em toda a extensão da rede. Ao longo deste
alimentador estão os transformadores, interface entre as redes primárias e secundárias de
baixa tensão. O transporte do sinal PLC do alimentador para a rede de baixa tensão pode
ser feito em cada um dos ramais secundários, a partir daí os sinais seguem em direção
às residências. Desta forma, os sinais adentram as residências oferecendo conectividade
com a subestação de distribuição através de qualquer tomada, sendo que os sinais não se
propagam indenidamente através dos alimentadores pois precisam de equipamentos ao
longo da rede para reforçar os sinais [12]. A tecnologia PLC, a nível de topologia, pode
ser classicada em
[14]:
a) Topologia PLC Indoor
É constituído pela rede de distribuição elétrica nas instalações de baixa tensão e pelos
modems
para conexão dos equipamentos que serão interligados.
Inúmeros
modems
podem estar conectados nas tomadas de energia elétrica disponíveis conforme observase na Figura 4.2, onde uma rede interliga estações de trabalho e periféricos:
Capítulo 4.
Power Line Communication
Figura 4.2:
Topologia PLC
50
Indoor [14]
b) Topologia PLC para acesso na última milha
A rede PLC estende seus limites além da rede elétrica interna de um local, gerando
diversas sub-redes. Nesta topologia o sinal PLC é acoplado nas redes de baixa tensão
após o transformador de distribuição, de modo que todos os usuários desta rede, por
meio de
modems,
acessem ao sistema. Na Figura 4.3 é ilustrada esta aplicação, que
será a topologia utilizada nesta dissertação.
Figura 4.3:
Topologia PLC para acesso na última milha [14]
c) Topologia PLC para acesso WAN
Capítulo 4.
Power Line Communication
51
Topologia de acesso rápido a um sinal qualquer proveniente de uma provedora de
serviços através de uma bra óptica, cable modem, ou solução PLC de media tensão
até um equipamento PLC servidor, onde este faz a distribuição do sinal na rede de
baixa tensão a todos os usuários que estiverem conectados a este transformador. Para
receber este sinal é necessário o auxílio do Modem PLC para a ltragem do sinal de
frequências nas tomadas de energia. Devido ao sinal percorrer uma distância maior, a
cada cliente se faz necessário um repetidor, conforme pode ser visto na Figura 4.4:
Figura 4.4:
Topologia PLC para acesso WAN [14]
4.2.1 Modulação
Como mencionado anteriormente existem uma série de problemas que podem prejudicar a
eciência da transmissão de dados na tecnologia PLC. Alguns problemas e restrições podem ser minimizadas através de técnicas de modulação e multiplexação, sendo largamente
utilizadas na aplicação do PLC. Um fator importante para o perfeito funcionamento da
tecnologia é a modulação utilizada, pois para minimizar as distorções introduzidas pelo
canal PLC é preciso implementar processos de codicação que garantam uma redução de
erros para o código usado.
Assim a transmissão de dados passa a ser possível a partir
de frequências mais altas [9]. Existe uma grande variedade de técnicas para acoplar um
sinal contendo informação a um sinal de uma portadora, neste caso trafegando em uma
rede elétrica, cada uma com suas vantagens e desvantagens, a seguir são relacionadas três
delas consideradas mais relevantes [7]:
a) A técnica de modulação de
Espalhamento Espectral (Spread Spectrum ) que consiste
em distribuir a potência do sinal ao longo de uma faixa de frequências muito ampla,
garantindo que a densidade espectral de potência seja bastante baixa, porém a largura
de banda necessária para transmissão de taxas na ordem de Mbits é elevada;
b) A técnica de modulação
Orthogonal Frequency Division Multiplex
(OFDM) ou
Multi-
plexação Ortogonal por Divisão de Frequência que modula um grande número
Capítulo 4.
Power Line Communication
52
de portadoras de banda estreita distribuídas lado a lado, oferecendo grande adaptabilidade, sendo possível suprimir portadoras interferentes ou interferidas ou variar o
carregamento (número de bits) de cada portadora de acordo com a relação sinal/ruído
ou atenuação do enlace;
c) A técnica de modulação
GMSK ou Gaussian Minimum Shift Keying
que é um caso
particular de modulação OFDM, sendo também referido como OFDM de banda larga.
As portadoras são moduladas em fase resultando em um
envelope
constante, de modo
que os amplicadores podem ser mais simples. Robusto contra interferências de banda
estreita, como sinais de rádio de ondas curtas, resultando em um espectro de forma
gaussiana, originando sua denominação.
Frequency
Orthogonal Frequency Division Multi-
Nos sistemas PLC em geral é utilizada, como forma de multiplexação, a
Division Multiplex (FDM) e como modulação a
plex (OFDM) para que a rede elétrica seja conável
a altas taxas de transferência. Um
exemplo da técnica FDM é o aparelho de rádio e/ou televisão, onde cada estação está
associada a uma determinada frequência, utilizada para as transmissões [12].
Em um
sistema convencional de transmissão, os símbolos são enviados em sequência através de
uma única portadora, ocupando toda a faixa de frequências disponível, porém na técnica
OFDM a transmissão paralela ocorre em diversas subportadores com modulação QAM ou
PSK e taxas de transmissão por subportadora tão baixas quanto maior o número destas
empregadas [15].
Mesmo com uma sobreposição espectral, observada na Figura 4.5, a informação conduzida por cada subportadora poderá ser isolada das demais através de um ltro. Com
isto existe uma
ortogonalidade
entre as subportadoras, ou seja, a projeção do sinal OFDM
recebido sobre uma subportadora associada depende apenas da informação conduzida por
ela, fazendo com que as projeções de outras subportadoras sejam nulas. De acordo com
trabalhos recentes [9,36], o método OFDM é uma técnica onde existe um número amplo de
frequências subportadoras, sendo possível suprimir portadoras que interram em outras,
permitindo obter altas velocidades de canal por serem mais imunes às interferências.
Capítulo 4.
Power Line Communication
Figura 4.5:
53
Subportadoras de um sinal OFDM [15]
Como pode-se observar na Figura 4.6, a sobreposição espectral utilizada pela técnica
OFDM produz uma economia signicativa de banda se compararmos com a técnica FDM
tradicional, pois utiliza uma menor faixa de frequências [12] .
Figura 4.6:
Comparação de espectros entre FDM convencional e o OFDM [15]
A largura de faixa dos subcanais na OFDM é dada pela divisão da largura total da
faixa destinada ao sistema pelo número de subportadoras empregada.
A utilização de
canais mais estreitos ao invés de um único canal mais largo traz um grande benefício
em relação à seletividade em frequência [15].
Embora a técnica OFDM leve o termo
multiplexação, não ocorre nenhuma multiplexação, mas sim a transmissão paralela de
uma sequência de bits.
Para a tecnologia PLC/BPL esta divisão em canais estreitos é
fundamental, pois na rede elétrica os parâmetros são variantes no tempo, onde o sistema
é capaz de analisar a quantidade de bits que cada uma das portadoras está transportando
e otimizar quais portadoras estão contribuindo de forma efetiva para a transmissão. Na
técnica OFDM quando uma determinada portadora não esta sendo utilizada pelo sistema
ela não é desligada, apenas ca sem transmitir informações [12].
Capítulo 4.
Power Line Communication
54
4.2.2 Aplicações
Como exemplos do uso da tecnologia PLC pode-se citar sistemas para o controle e comando de chaves religadoras na rede elétrica de distribuição de média tensão. Existem
ainda algumas soluções oferecidas para uso residencial que proveem conexões de internet
utilizando o conceito básico da tecnologia PLC, mas são muito limitadas quanto à taxa de
transmissão e quanto à imunidade a interferências de outros dispositivos elétricos . Como
as taxas de transmissão variam conforme as oscilações na rede elétrica, a taxa máxima
(200 Mbps) é muito difícil de ser alcançada, sendo experimentadas taxas muito menores,
em função das variações existentes nas redes elétricas tanto externas quanto internas [7] .
Existe uma grande gama de aplicações na área de energia para todos os acessórios da
rede elétrica que possuam interface de comunicação, como religadoras, chaves, disjuntores
e medidores diversos, que utilizam a linha de transmissão para interligar com seu respectivo centro de operação. A tecnologia, portanto, é muito útil para sistema de supervisão,
monitoramento e controle das redes elétricas em especial na telemetria [27].
4.2.3 Desaos
Uma das grandes vantagens do PLC é a capacidade de utilizar a infra-estrutura elétrica
existente como meio de comunicação evitando custos associados à construção de novas
redes. Outra característica interessante, citada neste capítulo, é a topologia ponto multi
ponto, a qual permite a conexão de inúmeros usuários a um único ponto de controle da
rede. Pode-se citar que o desempenho da rede de comunicação depende fortemente das
características da rede elétrica, assim como das cargas elétricas conectadas à mesma, uma
vez que tais características e cargas elétricas são variantes no tempo, torna-se relativamente complicada a tarefa de controlar tal ambiente [12].
Os sistemas que utilizam a tecnologia PLC vêm sendo desenvolvidos para aplicações
em redes de distribuição de média e baixa tensão, enfrentando restrições relacionadas
à relação sinal/ruído e à interferência. Estas atenuações externas podem ser corrigidas
com o emprego de repetidores, que recuperam e re-injetam o sinal, sendo instalados em
postes ou em um ponto de entrada do consumidor [7]. Algumas empresas de tecnologia
perceberam que técnicas avançadas de modulação também poderiam minimizar os efeitos
externos na rede elétrica, surgindo, então, as soluções PLC que empregam modulação
OFDM [37].
Outro problema é a atenuação do sinal ao longo da linha de distribuição, que varia de
acordo com sua topologia, quantidade e tipo de derivações e até com o estado de conservação de suas conexões, que acaba afetando diretamente o desempenho de sistemas PLC,
limitando seu alcance, bem como as interconexões dos cabeamentos em trocas de meio
Capítulo 4.
Power Line Communication
55
físico [7, 36]. Pelo fato da tecnologia PLC utilizar a rede elétrica como meio de propagação dos sinais, verica-se que a mesma está sujeita a todo tipo de sinais provenientes de
cargas elétricas, assim como sinais que se acoplam magneticamente à rede, interferindo no
sistema PLC. Existem inúmeras fontes gerando estes ruídos com diferentes intensidades,
como um simples reator eletrônico de lâmpadas uorescentes, além do conteúdo harmônico gerado por cargas elétricas não lineares gerados, principalmente, por reticadores,
inversores e motores universais. Sempre que harmônicos interagem com os sinais PLC,
vericam-se alterações no desempenho da rede de comunicação, mesmo com o sistema
possuindo uma capacidade de adaptação que mantém contínua a transmissão no meio
físico [9, 12].
Por m, deve-se ressaltar que o PLC, por operar em altas frequências, pode gerar sinais de radiofrequência quando injetados em um condutor elétrico, interferindo em outros
equipamentos eletrônicos de radiocomunicação. Para contornar estes problemas, muitas
técnicas foram desenvolvidas e melhoradas, como técnicas de modulação, protocolos de
comunicação e ltros, as quais são amplamente utilizadas quando da implementação da
tecnologia PLC. Outro detalhe é que os próprios equipamentos PLC monitoram automaticamente a qualidade do canal, de modo que se ela for alta o suciente a correção de
erros é desativada e, consequentemente, a capacidade do canal é duplicada.
Capítulo 5
Modelos Matemáticos de Linhas de
Transmissão
Nesta seção será realizada uma revisão bibliográca dos modelos elétricos utilizados para
representar um segmento de distribuição de energia elétrica.
Será explicado o que é
uma Linha de Transmissão (LT), bem como quais os modelos que podem ser utilizados
juntamente com sua caracterização matemática.
5.1 Linhas de Transmissão
Uma rede de transmissão ou distribuição de energia elétrica é constituída por grandes
extensões de cabos elétricos e de equipamentos que interligam as fontes geradoras de
energia aos consumidores nais.
Para o desenvolvimento deste estudo, é necessária a
adoção de modelos que representem o comportamento real de um sistema de transmissão,
ou seja, a representação de linhas de circuitos ideais. Os modelos são escolhidos de acordo
com a extensão, podendo ser caracterizadas como de linhas
longas
curtas, linhas médias ou linhas
[24].
As linhas curtas podem ser representadas apenas por uma resistência e indutância,
desprezando-se o efeito capacitivo por ser de extensão pequena.
As linhas médias são
comumente representadas pelo modelo PI e as linhas longas, devido ao grande comprimento, podem ser representadas por mais de um modelo PI ou pelo modelo a parâmetros
distribuídos.
Os modelos existentes podem ser divididos basicamente quanto aos parâmetros, podendo ser concentrados ou distribuídos. A corrente elétrica, em um determinado instante,
apresenta diferentes valores em diferentes posições em um componente do circuito elétrico,
fazendo com que a corrente seja em função do tempo e da posição. Quando a variação
temporal da corrente é lenta se comparada com o tempo necessário para que se propa-
56
Capítulo 5.
57
Modelos Matemáticos de Linhas de Transmissão
gue dentro do componente, pode-se assumir que a corrente é caracterizada por um único
valor a cada instante de tempo. Isso equivale a considerar o componente como se fosse
concentrado num único ponto do circuito e a corrente que o percorre como sendo função
apenas do tempo [38].
Todo sistema real é distribuído, se as variações espaciais são pequenas, e pode-se
aproximar o comportamento do sistema por um modelo a parâmetros concentrados. Em
sistemas a parâmetros concentrados, a variável dependente é função apenas de uma variável independente, desprezando variações espaciais. Se a variável independente é o tempo
e a variável dependente é a corrente no componente, temos uma equação diferencial ordinária que descreve a variação da tensão
indutor de indutância
v
num capacitor de capacitância
C,
ligado a um
L.
LC
onde
v
é função do tempo
d2 v(t)
+ v(t) = 0
dt2
t.
Num sistema a parâmetros distribuídos, as dimensões dos componentes não são desprezíveis em relação ao comprimento de onda do sinal, onde as variações espaciais são
consideradas no comportamento das variáveis. Portanto o sinal é função do tempo e do
espaço, tendo uma equação a derivadas parciais que representa a variação da tensão
uma linha de transmissão com resistência nula, caracterizada por uma indutância
unidade de comprimento e por uma capacitância
LC
onde
v
é função da posição
x
C
v
L
em
por
por unidade de comprimento.
∂ 2 v(x, t) ∂ 2 v(x, t)
−
=0
∂t2
∂x2
ao longo da linha e do tempo
t.
5.1.1 Modelagem através de parâmetros concentrados
Neste modelo considera-se uma modelagem monofásica ou uma modelagem trifásica com
o efeito do acoplamento entre as três fases. Adotando o modelo PI para exemplicar:
Figura 5.1: Modelo PI
Capítulo 5.
58
Modelos Matemáticos de Linhas de Transmissão
No modelo PI, apresentado na Figura 5.1, os efeitos elétricos e magnéticos são considerados através de capacitâncias e indutâncias concentradas. Neste modelo não é considerada a variação destes parâmetros com a frequência e a variação das grandezas elétricas
ao longo da linha, por este motivo é que este modelo descreve bem o comportamento de
uma
linha de transmissão curta.
Figura 5.2: Circuito Equivalente PI
VS = VR + ZIR
"
VS
IS
#
=
IS = IR
#
"
1 Z
0 1
"
X
VR
#
IR
Para o circuito apresentado na Figura 5.2
Z = (r + jωL)l = R + jX
onde
Z =impedância
das linhas (mH),
de transmissão e
em série (Ω),
l=comprimento
Ir=corrente
r=resistência
dos condutores (Ω),
da linha de transmissão(km),
L=indutância
Is=corrente
nas barras
nas barras receptoras.
Os modelos de Linhas de Transmissão (LT) também podem ser representados através
de quadripolos:
Figura 5.3: Representação por quadripolos
Capítulo 5.
Modelos Matemáticos de Linhas de Transmissão
"
VS
#
"
=
IS
A B
#
C D
"
X
59
#
VR
IR
Representação da linha curta:
VS = VR + ZIR
"
VS
IS
#
=
IS = IR
"
#
1 Z
0 1
"
X
VR
#
IR
A = 1; B = Z; C = 0; D = 1
No caso das
linhas médias, as correntes de carga das capacitâncias são apreciáveis:
Figura 5.4:
Modelo PI Nominal
VS = VR + ZIL → IL = IR +
Y
VR
2
Y
IS = IL + VS
2
ZY
VS = 1 +
VR + ZIR
2
ZY
ZY
IS = Y 1 +
VR + 1 +
IR
4
2
Y = (g + jωC) l
A mesma representação, agora por quadripolos
ZY
VS = 1 +
VR + ZIR
2
ZY
ZY
IS = Y 1 +
VR + 1 +
IR
4
2
Capítulo 5.
Modelos Matemáticos de Linhas de Transmissão
60
sendo
ZY
A= 1+
; B = Z;
2
ZY
ZY
C =Y 1+
;D = 1 +
4
2
Agora as equações para o terminal receptor:
"
VS
IS
"
VR
IR
#
"
=
#
"
=
A
−B
−C
D
A B
C D
# "
X
#
"
X
VS
VR
#
IR
#
→ AD − BC = 1
IS
5.1.2 Modelagem através de parâmetros distribuídos
Modelo PI para linhas longas
No caso das
linhas longas, o efeito dos parâmetros distribuídos [39, 40] deve ser conside-
rado. Podem ser obtidas expressões para a determinação de tensões em qualquer ponto
da LT.
Figura 5.5:
Modelo de linha longa
y = (g + jωC)
z = (r + jωL)
onde, além das variáveis descritas anteriormente,
z
e
y
representam, respectivamente,
a impedância série e a admitância por fase e por unidade de comprimento [41].
Considerando o segmento elementar da Figura 5.5
∆x → 0
V (x + ∆x) = V (x) + z∆xI(x) →
V (x + ∆x) − V (x)
∆x
Capítulo 5.
61
Modelos Matemáticos de Linhas de Transmissão
= zI(x) →
dV (x)
= zI(x)
dx
I(x + ∆x) = I(x) + y∆xV (x + ∆x) →
= yV (x + ∆x) →
I(x + ∆x) − I(x)
∆x
dI(x)
= yV (x)
dx
A partir das equações anteriores:
dV (x)
= zI(x)
dx
dI(x)
= yV (x)
dx
}→
Denindo-se:
d2 V (x)
dI(x)
= zyV (x)
=
z
dx2
dx
d2 V (x)
− γ 2 V (x) = 0
2
dx
γ 2 = zy →
Consequentemente,
V (x) = A1 eγx + A2 e−γx
onde
y
é a constante de propagação
γ = α + jβ =
onde
α
é a constante de atenuação e
√
zy =
β
p
(r + jωL)(g + jωC)
é a constante de fase.
dV (x)
= zI(x)
dx
V (x) = A1 eγx + A2 e−γx
(5.1)
(5.2)
Das equações (5.1) e (5.2) obtém-se
1 dV (x)
γ
I(x)
= (A1 eγx − A2 e−γx ) →
z dx
z
q
Denindo-se
r
y
(A1 eγx − A2 e−γx )
z
z
como impedância característica ou natural, pode-se escrever
y
V (x) = (A1 eγx + A2 e−γx )
1
I(x) = (A1 eγx − A2 e−γx )
zc
como síntese do modelo matemático, tomando-se
V (x) = VR e I(x) = IR para x = 0 → A1 =
Portanto
VR + ZC IR
VR − ZC IR
e A2 =
2
2
VR + ZC IR
VR − ZC IR
γx
V (x) =
e +
e−γx
2
2
!
!
VR
VR
+
I
−
I
R
R
ZC
ZC
I(x) =
eγx +
e−γx
2
2
Capítulo 5.
onde
V (x)
e
Modelos Matemáticos de Linhas de Transmissão
I(x)
podem ser escritas como segue:
VR + ZC IR
VR − ZC IR
γx
V (x) =
e +
e−γx
2
2
γx
γx
e − e−γx
e + e−γx
VR + ZC
IR
V (x) =
2
2
!
!
VR
VR
+
I
−
I
R
R
ZC
ZC
I(x) =
eγx +
e−γx
2
2
γx
e + e−γx
1 eγx − e−γx
VR +
IR
I(x) =
ZC
2
2
ocasionando
V (x) = cosh(yx)VR + ZC sinh(γx)IR
I(x) =
1
sinh(γx)VR + cosh(γx)IR
ZC
Em termos de constantes ABCD, tem ilustrado na Figura 5.6.
Figura 5.6:
ABCD Constantes
Z 0Y 0
VS = 1 +
VR + Z 0 IR
2
0 0
ZY
Z 0Y 0
0
IS = Y 1 +
VR + 1 +
IR
4
2
sinh(γl)
γl
0
Y
1
γl
Y tanh(γl/2)
=
tanh
→
2
ZC
2
2
γl/2
Z 0 = ZC sinh(γl) → Z
VS = cosh(γl)VR + ZC sinh(γl)IR
IS =
1
sinh(γl)VR + cosh(γl)IR
ZC
Utiliza-se o modelo PI Equivalente, representado pela Figura 5.7:
62
Capítulo 5.
63
Modelos Matemáticos de Linhas de Transmissão
Figura 5.7:
tanh
Modelo PI Equivalente
γl
2
=
cosh(γl) − 1
sinh(γl)
Modelo de Bergeron
Este modelo é um método baseado na
teoria das ondas viajantes
[16].
A linha é
tratada como se não existissem perdas, e sua resistência em série distribuída é adicionada
em forma de nó. Embora a resistência possa ser inserida através da linha pela divisão do
seu tamanho total por diversas seções, isso faz pouca diferença, e o uso de apenas duas
seções até o nal é perfeitamente adequada. Este modelo de resistência do nó, mostrado
na Figura 5.8, mostra que
R/4 << Zc ,
onde
Zc
é a impedância. Contudo, este modelo
não é adequado para estudos que trabalham com altas frequências, como é o caso do
Power Line Communications.
Figura 5.8:
Rede equivalente para linhas com perdas [16]
Capítulo 5.
64
Modelos Matemáticos de Linhas de Transmissão
Figura 5.9:
Rede equivalente de meia-linha [16]
Pela marcação de metade do ponto médio de resistência para cada seção, um modelo
de meia-linha é representado na Figura 5.9, onde
ikm (t) =
e
1
vk(t) + Ik (t − τ /2)
ZC + R/4
−1
Ik (t − τ /2) =
vm(t − τ /2) −
ZC + R/4
ZC − R/4
ZC + R/4
im (t + −τ /2)
Para nalizar, agregando duas seções de meia-linha e eliminando as variáveis do ponto
médio, uma vez que apenas os terminais são de interesse, o modelo mostrado na gura
5.10 é obtido.
Figura 5.10:
Modelo Bergeron [16]
Este modelo possui a mesma forma que o anterior, porém a fonte corrente é mais
complexa, contendo condições de ambas as extremidades da linha no tempo (t
Por exemplo, a expressão para a fonte corrente ao nal
k
− τ /2).
é demonstrada pela equação 5.3
Capítulo 5.
65
Modelos Matemáticos de Linhas de Transmissão
Ik0 (t − τ ) =
−ZC
(vm (t − τ ) + (ZC − R/4)imk (t − τ )) +
(ZC + R/4)2
−R/4
(vk (t − τ ) + (ZC − R/4)ikm (t − τ ))
(ZC + R/4)2
(5.3)
Então a linha pode ter uma alta atenuação para frequências altas.
5.2 Conclusão
Neste capítulo foram apresentados os modelos que podem representar as linhas de transmissão de energia elétrica. Todas as classicações existentes são baseadas na frequência
de 60Hz, não havendo diferenciação para frequências maiores.
Como este estudo visa
testar os modelos existentes, será tomada como verdadeira a classicação para baixas
frequências e buscar a validação da mesma.
Futuramente, dependendo dos resultados
obtidos, alternativas podem ser buscadas e outros modelos testados com a inserção de
sinais elétricos de altas frequências.
Capítulo 6
Modelo PI
6.1 Escolha do Modelo Matemático
Para a execução deste projeto, será necessário realizar a escolha de um dos modelos para
linhas de transmissão descritos anteriormente.
A Figura 6.1 apresenta uma árvore de
decisões que auxilia no processo de seleção do modelo de LT apropriada.
Figura 6.1:
Árvore de decisão para a escolha de um modelo [16]
Em síntese, deve-se levar em conta o tempo que as ondas elétricas levam para chegar ao
destino, podendo utilizar como parâmetro a distância da linha de transmissão [16], mesmo
que esta árvore de decisões seja voltada a transmissões em baixa frequência a validação
deste método de escolha será testada em alta frequência. Neste projeto, como serão utilizadas apenas linhas de transmissão menores, será utilizado o
modelo PI equivalente,
caso contrário teria que ser escolhido um dos modelos que tratam da teoria das ondas
66
Capítulo 6.
Modelo PI
67
viajantes, sendo que o melhor seria trabalhar com parâmetros distribuídos do modelo de
Bergeron.
Para avaliar o comportamento elétrico da transmissão destes sinais tanto em baixa
como em alta frequência, será utilizado um modelo computacional e um protótipo em
escala de potência reduzida de uma rede de distribuição de média tensão. O modelo matemático mais utilizado na representação computacional de sistemas deste tipo é conhecido
como modelo PI e sofre alterações de acordo com o comprimento da rede, podendo ser
curto, médio e longo. A Figura 6.2 apresenta o modelo que será utilizado neste projeto.
Figura 6.2: Circuito PI para linhas curtas
Com as novas e modernas tecnologias apresentadas, esta denição pode ser alterada
uma vez que agora altas e baixas frequências trafegando simultaneamente.
Esta dis-
sertação irá utilizar o modelo da forma como é proposta na literatura, ou seja, sem a
capacitância para distâncias curtas. Foi optado realizar a validação do modelo da forma
como é proposto para transmissões em baixa frequência, apenas enviando um sinal com
frequência elevada. Desta forma a revalidação deste modelo é de fundamental importância para simulação computacional em sistemas deste tipo. Para caracterizar o estudo foi
escolhido aleatoriamente um trecho da rede de distribuição da concessionária municipal de
energia elétrica de Ijui/RS (DEMEI), sendo composto por cargas distribuídas ao longo da
rede com os seus devidos parâmetros, alguns detalhados no diagrama unilar apresentado
na Figura 6.3.
Capítulo 6.
68
Modelo PI
Figura 6.3:
No
software
Trecho a ser utilizado no modelo
MATLAB/Simulink será feita a simulação do comportamento da linha
de potência, cuja função de transferência [42], já considerando o circuito PI completo, é
dada por
H(s) =
LCs2
2
+ RCs + 2
Capítulo 6.
69
Modelo PI
6.2 Simulação em Escala Reduzida
Inicialmente foram realizadas medições em um trecho de uma rede de distribuição de
energia elétrica em Média Tensão (MT), porém em escala reduzida. Para isto, foi utilizado um protótipo de bancada em escala reduzida construído especicamente para este
m, recongurado com novos parâmetros, necessários para a simulação proposta nesta
dissertação. Este modelo em escala de potência reduzida, que emula um trecho de rede
de distribuição em MT, será doravante denominado por
Emulador.
Este Emulador con-
templa um sistema de distribuição de energia composto por ramais aéreos e cabos nus,
sendo escolhido um trecho do alimentador 204 localizado na área urbana do município de
Ijuí/RS.
Gasparin [43] validou este Emulador baseado no modelo matemático PI para transmissão de energia elétrica na frequência de 60Hz. Esta validação foi muito importante,
pois assim tem-se uma maneira mais fácil de realizar testes sem a necessidade de deslocamento e utilização de uma rede real com tensão acima de 23kV. Como o objetivo
desta dissertação é a validação do modelo PI para transmissões em alta frequência, será
utilizado o modelo já validado para uma frequência baixa avaliando seu comportamento
com a inserção do sinal PLC.
6.2.1 Trecho Escolhido
A LT de energia escolhida é constituída de em uma subestação transformadora, ponto
inicial de transmissão de energia elétrica, seguindo por três trechos baseados no modelo
PI, até o ponto de entrega da energia, ou seja, localização da leitura e vericação do
sinal, objeto desta simulação. Este trecho contém três cargas que representam parte do
alimentador 204 do DEMEI, localizado na zona urbana da cidade. Os cabos utilizados
neste trecho são de aluminio nu tipos 1/0CAA e 4/0CAA.
Tabela 6.1: Parâmetros dos cabos para o trecho estudado
Cabos
R1 (Ω)
R0 (Ω) L1
1/0CAA
0.691
0.873
0.137934
0.5246
9.6078
1.411
4/0CAA
1.597
1.774
0.13846
0.52494
8.893
1.3945
(mH)
L0
(mH)
C1
(nF)
C0
(nF)
Na Tabela 6.1 são apresentados os parâmetros do trecho em questão [43] onde :
R1 =Resistência de sequência positiva, R0 =Resistência de sequência negativa, L1 =Indutância
de sequencia positiva,
positiva e
L0 =Indutância
C0 =Capacitância
de sequência zero,
C1 =Capacitância
de sequência
de sequência zero.
Para representar o sistema real no Emulador foram consideradas as distâncias do
trecho da rede de distribuição até as referidas cargas e para o cálculo das impedâncias
Capítulo 6.
70
Modelo PI
foram consideradas as impedâncias dos cabos. O circuito a ser simulado é o representado
através do diagrama unilar demonstrado na Figura 6.3.
6.2.2 Modelo Simulado
Foi inserida uma fonte de tensão em alta frequência, típica de uma transmissão PLC
dentro da faixa permitida pela norma CENELEC banda A, 90kHz direto na linha de
transmissão de média tensão, com tensão de 1V. Baseado nestas congurações, e com
base no diagrama unilar utilizado, foi criado o circuito no Matlab Simulink.
Figura 6.4:
Circuito utilizado para a simulação
De acordo com a Figura 6.4 observa-se que foram inseridas as duas fontes de energia,
uma de 60Hz no bloco preto (subestação) e de 90kHz (PLC) nos blocos laranja, sendo
que a alta frequência foi inserida na rede de transmissão trifásica de forma paralela. Para
facilitar, em todas as leituras foi levada em conta apenas a
fase A, mesmo com uma linha
de transmissão trifásica, já que o comportamento das outras fases é similar. Como houve
uma atenuação da tensão na leitura nos três trechos PI em comparação ao sinal inicial,
optou-se por focar o estudo no último segmento da rede ou seja, no terceiro ponto onde,
teoricamente, existira a maior atenuação. Tomando por base a leitura obtida no terceiro
ponto, foi escolhido aleatoriamente quatro ciclos completos de tensão na alta frequência
para demonstrar o sinal, na Figura 6.5 é apresentado este sinal.
Capítulo 6.
71
Modelo PI
Figura 6.5:
Sinal de alta frequência obtido no Matlab
6.2.3 Modelo em Escala Reduzida
Segundo Gasparin [43], um sistema real de uma rede de distribuição de energia pode ser
representada basicamente pelas características dos cabos, e as cargas concentradas do
trecho analisado representadas por um circuito RL, onde em um Emulador as correntes
continuam com os mesmos níveis. Nos cálculos demonstrados, a corrente RMS de linha
cou em
11, 54A,
lador proposto.
alimentado em
onde foi escolhida uma relação de
1 : 11, 54
para ser aplicada no Emu-
A corrente de linha do Emulador foi escolhido de
23, 1V ,
1A,
e o circuito foi
mil vezes menor que a tensão de saída da subestação. Depois de
realizados os cálculos com estes valores e obtidos os componentes da bancada, foi realizada a montagem física do circuito em escala reduzida, reproduzindo de forma idêntica
os trechos de linha e as cargas.
Este Emulador foi desenvolvido para comprovar a validade do experimento. A escala
foi de
em
1 : 1000, ou seja, o transformador comumente com tensão de 23, 1kV
23, 1V .
A corrente RMS da linha de transmissão cou em
11, 54A
foi alimentado
o que diculta
o experimento em laboratório, portanto foi adotada uma escala reduzida na relação de
1 : 11, 54.
Para a montagem do Emulador foram utilizados componentes com as mesmas
congurações da simulação realizada no Matlab/Simulink.
para a frequência de
60Hz
Este protótipo foi validado
onde os resultados são conhecidos [43]. O Emulador construído
é demonstrado através da Figura 6.6.
Capítulo 6.
72
Modelo PI
Figura 6.6:
Emulador com analisador instalado
O Emulador permite a obtenção dos dados de média tensão sem a necessidade, em um
primeiro momento, de se realizar medições na rede real uma vez que isto não se constitui
em uma tarefa simples. Como foi dito anteriormente, os valores de capacitância, indutância, reatância e voltagem sofreram uma redução em escala para permitir a construção do
Emulador. Na Figura 6.7 é apresentada a medição no ponto nal do circuito.
Figura 6.7:
Gráco da tensão no Emulador
Como pode ser observado na Figura 6.7, é visível a interferência do ruido encontrado,
mesmo com a utilização de uma fonte especial para a geração dos sinais.
6.2.4 Considerações Sobre a Escala Reduzida
Conforme pode ser observado nas Figuras 6.5 e 6.7, as formas de onda para o modelo
PI simulado e para o circuito Emulador equivalente são bastante aproximadas, entretanto pode-se vericar que a atenuação, de alguns pontos, no circuito emulado é maior.
Constata-se também que a comparação correta do modelo ca comprometida, pois foram
Capítulo 6.
73
Modelo PI
utilizadas tensão e corrente em escala reduzidas, porém o ruído gerado não se comporta de
forma escalar, o que diculta a correta visualização. Porém, mesmo com estes problemas,
ainda pode-se observar que ambos modelos se comportam de forma muito similar. Neste
caso será realizada uma comparação em sobreposição de sinais, já que assim pode-se ver
claramente as diferenças entre eles.
Figura 6.8:
Gráco Simulação x Emulador
Na Figura 6.8 pode-se observar que o gráco real (i.e., azul) segue a mesma ondulação
do gráco simulado (i.e., vermelho). As distorções que aparecem no gráco são em decorrência dos ruídos presentes no Emulador, especialmente porque no protótipo são usadas
cargas em escala reduzidas, porém os ruídos não seguem este padrão reduzido. Não foram aplicados ltros nos ruídos, pois os mesmos poderiam alterar os resultados já que
foi trabalhado com escala reduzida.
A partir dos resultados preliminares obtidos neste
artigo pode-se concluir que o modelo PI representa, de forma satisfatória, a transmissão
em baixa frequência, porém não é possível armar que este comportamento será mantido
para transmissões em alta frequência.
Objetivando a validação nal do modelo PI para a transmissão em baixa tensão foi
construído um trecho de distribuição de energia elétrica em BT em um dos laboratório do
Grupo de Pesquisa GAIC. Neste trecho serão realizadas transmissões e posterior medições
de sinais PLC. A partir destas medições será possível realizar as considerações necessárias sobre o modelo PI para saber se este é capaz de representar, de forma eciente, a
transmissão tanto de baixa como de alta frequência.
Capítulo 7
Aplicação do Modelo PI na LT usando
Comunicação PLC
Depois de realizar testes com o emulador de uma rede de transmissão MT em escala
reduzida, será vericado e analisado o resultado em uma rede de energia elétrica de baixa
tensão. Para tanto foi montado um circuito de testes em um dos laboratório do grupo de
pesquisa GAIC. Este circuito de teste possui características idênticas (cabos, conectores
e dimensões) de um trecho de distribuição de energia da cidade de Ijuí.
7.1 Caracterização dos componentes
Antes de realizar as medições e cálculos para a vericação da atenuação do sinal PLC,
deve-se caracterizar os componentes que serão utilizados. Todas as medições utilizarão
um resistor de
6, 6Ω
acoplado ao trecho montado a partir de um cabo de alumínio nu
que será melhor descrito posteriormente. Para as medições de resistência será utilizado
um multímetro de bancada Agilent HP 34401A, similar ao apresentado na Figura 7.1 e
a tensão, corrente e ângulo de defasagem serão medidos através do osciloscópio Agilent
DSO-X 2014A, apresentado na Figura 7.2.
Figura 7.1:
Multímetro de bancada Agilent HP 34401A [17]
74
Capítulo 7.
Aplicação do Modelo PI na LT usando Comunicação PLC
Figura 7.2:
75
Osciloscópio Agilent DSO-X 2014A iniciando
7.1.1 Resistores
Para as medições foram utilizados resistores de
3, 3Ω
e de
6, 6Ω,
sendo que para as carac-
terizações foram medidas a resistência e o ângulo de defasagem entre os sinais de corrente
e tensão provenientes do transmissor com os equipamentos descritos anteriormente.
Resistor de 3, 3Ω
Inicialmente será realizada a caracterização do resistor de
3, 3Ω,
para isso foram obtidas
10 amostras do ângulo e realizada a média entre elas para o cálculo. Os valores obtidos
foram:
•
Resistência: 3,274Ω
•
Ângulo médio de defasagem: 21,44
Figura 7.3:
o
Resistor de 3, 3Ω utilizado
A metodologia do cálculo do resistor apresentado na Figura 7.3 é apresentada a seguir:
Capítulo 7.
76
Aplicação do Modelo PI na LT usando Comunicação PLC
3, 274 = Zres ∗ cos(21, 44o )
3, 274
= 3, 52Ω
cos(21, 44o )
Zres =
XLres
Os valores de
2
2
Zres
= R2 + XLres
p
2
2 − R2
XLres
= Zres
p
= 3, 522 − 3, 2742 = 1, 293Ω
XLres = 2 ∗ π ∗ f ∗ Lres
XLres
1, 293
Lres =
=
= 2, 058µH
2∗π∗f
2 ∗ π ∗ 100000
resistência, XLres e Lres serão utilizados para a caracterização
do con-
dutor.
Resistor de 6, 6Ω
Para a caracterização do resistor de
6, 6Ω foram obtidas 10 amostras do ângulo e realizada
a média entre elas para o cálculo. Os valores obtidos foram:
•
Resistência: 6,525Ω
•
Ângulo médio de defasagem: 17,54
Figura 7.4:
o
Resistor de 6, 6Ω utilizado
Como observa-se através da Figura 7.4, foram utilizados dois resistores de
compor nosso resistor de
6, 6Ω,
3, 3Ω
para
o que não implica em nenhum prejuízo comparado à
utilização de um único resistor de
6, 6Ω.
6, 525 = Zres ∗ cos(17, 54o )
Zres =
6, 525
= 6, 843Ω
cos(17, 54o )
2
2
Zres
= R2 + XLres
Capítulo 7.
77
Aplicação do Modelo PI na LT usando Comunicação PLC
XLres
Os valores de
p
2
2 − R2
= Zres
XLres
p
= 6, 8432 − 6, 5252 = 2, 062Ω
XLres = 2 ∗ π ∗ f ∗ Lres
XLres
2, 062
Lres =
=
= 3, 2818µH
2∗π∗f
2 ∗ π ∗ 100000
resistência, XLres e Lres serão utilizados em todas
as simulações do
Matlab/Simulink e para cálculos de indutância posteriores.
7.1.2 Condutor
Agora que tem-se os valores individuais para os resistores de
3, 3Ω
e
6, 6Ω,
será buscada
a caracterização do cabo utilizado. Para não utilizar o cabo montado na rede, e evitar
qualquer interferência, será utilizado um pedaço do mesmo cabo, e será realizada a medição em uma bancada. Estas medições serão realizadas com um resistor de
3, 3Ω acoplado
e, como sabe-se o valor individual do resistor, basta subtrair do valor total encontrado.
Cabo de alumínio nu com resistor de 3, 3Ω
Para não haver interferência atmosférica e alguma possível indução proveniente do circuito
montado, será utilizado um cabo de alumínio nu com tamanho de 3,5 metros para sua
caracterização. O cabo é o mesmo utilizado para a montagem do circuito em laboratório
e do trecho BT e pode ser observado na Figura 7.5
Figura 7.5:
Condutor utilizado
Como comentado, é obtida a reatância indutiva de todo sistema (cabo + resistor),
desprezando a resistência do cabo pela incapacidade da medição e pelo fato da mesma
se mostrar insignicante nos cálculos anteriores realizados em laboratório. A Figura 7.6
mostra uma das medições utilizadas para o cálculo da média do ângulo de defasagem.
Capítulo 7.
Aplicação do Modelo PI na LT usando Comunicação PLC
Figura 7.6:
78
Ângulo de defasagem para condutor com resistor de 3, 3Ω
•
Resistência: 3,274Ω (valor do resistor, já calculado)
•
Ângulo de defasagem: 43,2
o
3, 274 = Zsist ∗ cos(43, 2o )
Zsist =
XLsist
3, 274
= 4, 49Ω
cos(43, 2o )
2
2
Zsist
= R2 + XLsist
q
2
2
− R2
XLsist
= Zsist
p
= 4, 492 − 3, 2742 = 3, 0726Ω
XLcabo = XLsist − XLres = 3, 0726 − 1, 293 = 1, 7796Ω
Zcabo = XLcabo
Lcabo
XLcabo = 2 ∗ π ∗ f ∗ Lcabo
XLcabo
1, 7796
=
=
= 2, 8323µH
2∗π∗f
2 ∗ π ∗ 100000
Foi encontrada a indutância de todo o cabo, descontado o valor do resistor acoplado.
Agora, através da Equação (7.1), será encontrado o valor da indutância por metro do
cabo.
Lcabo = 2, 8323µH
Lmetro =
2, 8323µH
= 0, 8092µH/m
3, 5m
(7.1)
Capítulo 7.
79
Aplicação do Modelo PI na LT usando Comunicação PLC
7.2 Inuência do transformador para um sinal PLC
Em qualquer rede de transmissão de energia elétrica a 60Hz, tem-se como equipamento
básico o transformador acoplado às linhas de transmissão de energia.
De acordo com
Boylestad [44] os transformadores, entre outras aplicações, também são usados para isolar circuitos elétricos, o que signica evitar que haja uma ligação direta entre os circuitos.
No caso da transmissão do sinal PLC, teoricamente o transformador atuaria como parte
isolante, não deixando o sinal passar de um segmento para outro.
Desta maneira, também
teoricamente, o transformador não teria inuência no sinal PLC, podendo ser descartado
dos testes reais. Para comprovar essa teoria, foram realizados testes de transmissão de
um sinal PLC com 100kHz utilizando um transformador trifásico com as seguintes características:
•
Potência nominal: 75 KVA
•
Tensão nominal do primário: 23,1 KV
•
Tensão nominal do secundário: 380/220 V
•
Impedância: 4,19
Outras informações podem ser obtidas através da placa do transformador apresentada
pela Figura 7.7.
Capítulo 7.
Aplicação do Modelo PI na LT usando Comunicação PLC
Figura 7.7:
80
Dados da placa do transformador
7.2.1 Medições com resistor de 3, 3Ω sem o transformador
Para corroborar a teoria da não inuência de um transformador no sinal de alta frequência, serão realizadas alguma medições com e sem o transformador, tendo seus resultados
comparados para a denição do resultado. Inicialmente será feita a medição sem o transformador, utilizando um resistor de
3, 3Ω.
Na Figura 7.8 é apresentado o sinal de corrente,
em amarelo, e o sinal de tensão, em verde, no resistor de
transformador.
Figura 7.8:
3, 3Ω
sem estar ligado ao
Sinais no resistor de 3, 3Ω sem estar ligado ao transformador
Capítulo 7.
81
Aplicação do Modelo PI na LT usando Comunicação PLC
Como observa-se através da Figura 7.8, obteve-se uma medição de
com uma corrente de
1, 024V
de tensão
0, 3715A.
7.2.2 Medições com resistor de 3, 3Ω conectado ao transformador
em BT
Agora será feita a primeira medição com o resistor conectado no lado da Baixa Tensão
(BT) do transformador. Na Figura 7.9 é apresentado o sinal de corrente, em amarelo, e
o sinal de tensão, em verde, no resistor de
Figura 7.9:
3, 3Ω
conectado ao transformador.
Sinais no resistor de 3, 3Ω conectado ao transformador em BT
Como observa-se através da Figura 7.9, obteve-se uma medição de
com uma corrente de
1, 017V
de tensão
0, 3733A.
7.2.3 Medições com resistor de 3, 3Ω conectado ao transformador
em MT
Foram feitas medições com o resistor desconectado e conectado no lado da BT do transformador, agora o resistor será conectado no lado da Média Tensão (MT). A Figura 7.10
apresenta o sinal de corrente, em amarelo, e o sinal de tensão, em verde, no resistor de
3, 3Ω
conectado ao transformador em MT.
Capítulo 7.
Figura 7.10:
Sinais no resistor de 3, 3Ω conectado ao transformador em MT
A Figura 7.10 mostra que obteve-se uma medição de
corrente de
82
Aplicação do Modelo PI na LT usando Comunicação PLC
1, 023V
de tensão com uma
0, 3745A.
7.2.4 Medições com resistor de 6, 6Ω sem o transformador
O próximo cenário de testes é com a utilização de outro resistor, desta vez um de
6, 6Ω.
A Figura 7.11 apresenta o sinal de corrente, em amarelo, e o sinal de tensão, em verde,
no resistor de
6, 6Ω
sem estar ligado ao transformador.
Figura 7.11:
Sinais no resistor de 6, 6Ω sem estar ligado ao transformador
Como observa-se através da Figura 7.11, obteve-se uma medição de
com uma corrente de
1, 60V
de tensão
0, 2933A.
7.2.5 Medições com resistor de 6, 6Ω conectado ao transformador
em BT
Agora será feita a segunda medição com o resistor conectado no lado da Baixa Tensão
(BT) do transformador.
A Figura 7.12 apresenta o sinal de corrente, em amarelo, e o
Capítulo 7.
sinal de tensão, em verde, no resistor de
Figura 7.12:
6, 6Ω
conectado ao transformador.
Sinais no resistor de 6, 6Ω conectado ao transformador em BT
A Figura 7.12 apresenta que obteve-se uma medição de
corrente de
83
Aplicação do Modelo PI na LT usando Comunicação PLC
1, 58V
de tensão com uma
0, 2969A.
7.2.6 Medições com resistor de 6, 6Ω conectado ao transformador
em MT
Agora será feita a segunda medição com o resistor conectado no lado da Média Tensão
(MT) do transformador.
A Figura 7.13 apresenta o sinal de corrente, em amarelo, e o
sinal de tensão, em verde, no resistor de
Figura 7.13:
6, 6Ω
conectado ao transformador em MT.
Sinais no resistor de 6, 6Ω conectado ao transformador em MT
Como observa-se através da Figura 7.13, obteve-se uma medição de
com uma corrente de
0, 2897A.
1, 57V
de tensão
Capítulo 7.
Aplicação do Modelo PI na LT usando Comunicação PLC
84
7.2.7 Resultados
Na Tabela 7.1 é apresentado um resumo de todos os ensaios realizados com e sem o
transformador acoplado a linha.
Tabela 7.1: Resultados das medições com e sem o transformador
Medição
Sem transforma-
Conectado
Conectado
dor
em BT
em MT
Tensão com
3, 3Ω
1,024V
1,017V
1,023V
Tensão com
6, 6Ω
1,60V
1,58V
1,57V
Corrente com
3, 3Ω
0,3715A
0,3733A
0,3745A
Corrente com
6, 6Ω
0,2933A
0,2969A
0,2897A
Pode-se constatar a partir dos dados apresentados na Tabela 7.1 e nos grácos anteriores, que, visivelmente, a curva do sinal da corrente e da tensão acaba por se manter
igual, tanto no caso do acoplamento ao transformador, quanto ao resistor plugado isoladamente no cabo. A comparação dos dados medidos, tanto da tensão quanto da corrente,
corroboram para o fato dos valores se manterem praticamente iguais, não apresentando
diferenças signicativas com o acoplamento ou não do transformador.
Conclui-se, portanto, que o transformador não atua como agente modicador das medições e cálculos nas transmissões PLC em cabos de transmissão de energia elétrica.Neste
contexto, foi construída uma plataforma de testes onde tem-se apenas o transmissor PLC
e a linha de transmissão de energia elétrica sem a necessidade de introduzir um transformador nesta plataforma.
7.3 Topologia
Para realizar as medições da transmissão do sinal PLC, todos os testes serão executados
com a mesma resistência de 6,6Ω, montada na topologia demonstrada através da Figura
7.14.
Figura 7.14:
Topologia utilizada nas medições
Capítulo 7.
85
Aplicação do Modelo PI na LT usando Comunicação PLC
7.4 Dados de fábrica do cabo utilizado
Foi optado trabalhar com os dados padrão do cabo, ou seja, os dados que caracterizam
o cabo quando sai de fábrica.
Para isto, foram utilizadas as informações apresentadas
pela Brascopper [18], empresa fabricante do cabo utilizado nas medições.
De acordo
com a fabricante, o cabo foi feito de um condutor de alumínio tipo redondo compactado,
acondicionado para venda em carretéis de madeira, como observa-se pela Figura 7.15,
indicado para uso em instalações aéreas de baixa, média e alta tensão em sistemas de
transmissão e distribuição de energia elétrica de acordo com a norma NBR 7271 [22].
Figura 7.15:
Condutores acondicionados em carretéis de madeira [18]
O cabo utilizado foi de alumínio sem alma (CA) tipo 2/0, universalmente conhecido
como cabo
Aster
possuindo sete os de alumínio entrelaçados.
A Tabela 7.2 mostra
as características do cabo utilizado, bem como de alguns outros cabos tipo CA para
conhecimento e comparação.
Tabela 7.2: Parâmetros da linha de cabos Coopernu CA
Código
Seção
o
N
de
AWG/KCM os
Diâmetro
(mm)
2
(mm )
Diâmetro
do
cabo
Resistência
a
o
20 C
(mm)
(Ohm/Km)
Peso
total
(Kg/Km)
Rose
4 21,12
7
1,96
5,88
1,36309
58
Iris
2 33,54
7
2,47
7,41
0,85750
92
Pansy
1 42,49
7
2,78
8,34
0,67977
117
Poppy
1/0 53,52
7
3,12
9,36
0,53866
147
Aster
2/0 67,35 7
3,50
10,50
0,42748
185
Phlox
3/0 84,91
7
3,93
11,79
0,33909
233
Oxlip
4/0 107,40
7
4,42
13,26
0,26888
295
Capítulo 7.
Aplicação do Modelo PI na LT usando Comunicação PLC
86
7.4.1 Cálculo da indutância do condutor
Na simulação através do MATLAB serão utiliadas informações referentes ao condutor
utilizado. Para isto, precisa-se calcular a
indutância
do cabo, pois as outras informações
necessárias estão na Tabela 7.2. Para este cálculo, serão utilizados os passos propostos
por Stevenson [21].
L1 = 2 × 10−7 ln
onde
L1
= indutância do cabo;
que o diâmetro do cabo é de
D
D
H/m
r1 −1/4
= distância entre os cabos;
10, 50mm,
ou seja,
0, 0105m,
r1
= raio do cabo. Sabendo
o raio será obtido com
Diametro1
2
0, 0105
r1 =
= 0, 00525m
2
7.14, a distância D entre os cabos
r1 =
De acordo com a Figura
do circuito, será de
20cm
(0, 2m). Agora com todas as variáveis disponíveis, será realizado o cálculo da indutância
do
cabo1 :
L1 = 2 × 10−7 ln
sabendo que a constante
−1/4
equivale a
0, 2
0, 00525−1/4
0, 7788
L1 = 2 × 10−7 ln
obtém-se
0, 2
0, 00525 ∗ 0, 7788
0, 2
0.0040887
−7
L1 = 2 × 10 ∗ 3, 89
L1 = 2 × 10−7 ln
L1 = 7.78 × 10−7 H/m
ou
0.778µH/m
(7.2)
Como o circuito é constituído por dois cabos de alumínio iguais, tanto de tamanho
quanto de características, sabe-se que
cabo1 = cabo2
então utiliza-se
L1 = L2
ou seja
L2 = 0.778µH/m
Capítulo 7.
87
Aplicação do Modelo PI na LT usando Comunicação PLC
7.5 Modelo no MATLAB/Simulink
O circuito apresentado pela Figura 7.14 foi desenhado com as mesmas características da
rede física, de acordo com as informações e cálculos obtidos neste estudo. O trecho da
Figura 7.16 foi montado no
software Matlab/Simulink
através de blocos que simulam uma
rede real, com as características do resistor que será acoplado nos circuitos físicos e com
a inserção do sinal em alta frequência PLC.
Figura 7.16:
Rede montada no textitMatlab/Simulink
Neste circuito, observa-se a fonte inicial, onde é injetada a frequência de
os dois trechos PI (formado pelo bloco
RLC Branch
setado para
100kHz,
RL pois considera-se a
capacitância inexpressiva devido à pequena distância), sendo um trecho PI considerado
como
neutro
e aterrado, a resistência inserida e os componentes de leitura de tensão
e corrente. A fonte PLC foi parametrizada de acordo com as características básicas do
bloco no Simulink, sendo mantida a tensão e frequência em todos os testes simulados.
Figura 7.17:
Bloco da fonte PLC
Serão realizadas diversas simulações com base no modelo da Figura 7.16, sendo al-
Capítulo 7.
88
Aplicação do Modelo PI na LT usando Comunicação PLC
teradas as congurações do cabo de acordo com o propósito, além de utilizar, em cada
mudança de característica do cabo, uma simulação com o resistor de
o sistema por
delimitando o
0, 001s
no modo
max step size
em
Normal,
com o parâmetro
solver
6, 6Ω,
executando
setado para
ode45
e
1e − 9 para uma melhor visualização do gráco da tensão.
7.6 Equipamento PLC
Os testes nos circuitos, tanto em laboratório quanto na Plataforma, deverão ser feitos
através da inserção de um sinal elétrico em alta frequência. Para este m foi montado
um equipamento PLC especíco para esta função, cujo
hardware
pode ser visto na Figura
7.18.
Figura 7.18:
Equipamento PLC
Este equipamento funciona com uma alimentação de 220V, onde a energia é drenada
para uma placa de comando que gera os sinais com frequência de 100kHz, sendo que
esta placa é responsável pela manutenção da frequência neste valor. Outra placa possui
componentes responsáveis pela geração de informações em tempo real da tensão e corrente
aplicadas no circuito em que o equipamento está acoplado. Por m, tem-se uma terceira
placa, que não foi utilizada nos testes desta dissertação, onde consta um dispositivo capaz
de armazenar as medições e envios/recebimentos de pulsos através da rede energizada.
Resumidamente, este equipamento é o responsável pelos testes que serão realizados
neste estudo. Através dele é que pode-se gerar a frequência desejada, no caso de 100kHz,
inserindo as ondas de alta frequência no circuito montado em laboratório. O equipamento,
por gerar uma tensão utuante, faz necessário sempre realizar as medições na fonte de
Capítulo 7.
Aplicação do Modelo PI na LT usando Comunicação PLC
89
entrada da tensão para comparar com o resultado obtido através da medição no outro
ponto do trecho.
Esta diferença de tensão, entre a fonte transmissora e a obtida no
resistor, nos dará a porcentagem de atenuação sofrida no sinal.
7.7 Laboratório
Como o objeto deste estudo é a validação de um modelo matemático, com base em simulações e medições de um sinal em alta frequência, foi realizado o teste prático com
um circuito real montado no laboratório. O laboratório será utilizado para a montagem
do circuito objetivando um ambiente controlado em relação a alterações climáticas, atmosféricas e interferências das frequências diversas que existem no ar. De acordo com as
demonstrações realizadas nesta dissertação através de medições, foi dispensável a instalação de um transformador, visto que este não afeta o resultado das tensões e correntes,
sendo apenas um isolador de circuitos.
Foi criado um ambiente controlado para realizar medições e testar o funcionamento
da transmissão PLC. Para tanto foi construído um circuito em laboratório, com exatamente as mesmas características do simulador. As Figuras 7.19 e 7.20 mostram o circuito
construído.
Figura 7.19:
Circuito montado em laboratório
Capítulo 7.
Aplicação do Modelo PI na LT usando Comunicação PLC
Figura 7.20:
90
Circuito montado em laboratório
O circuito possui dois cabos de alumínio nu com 15m cada, dispostos em paralelo,
conforme mostra a Figura 7.21.
O circuito se localiza a uma altura de 2,5m do chão,
composto por 30 metros de condutores divididos em dois trechos de 15m cada. O circuito
é xado na parede através de sete isoladores por trecho, totalizando quatorze isoladores,
vistos na Figura 7.22.
Figura 7.21:
Figura 7.22:
Condutores em paralelo
Isoladores xando os condutores
Capítulo 7.
Aplicação do Modelo PI na LT usando Comunicação PLC
Figura 7.23:
Figura 7.24:
91
Resistor de 6, 6Ω acoplado ao circuito
Mesmo Resistor de 6, 6Ω acoplado ao circuito
As Figuras 7.23 e 7.24 apresentam o resistor de
6, 6Ω
acoplado no circuito do labora-
tório da mesma forma como está na topologia da Figura 7.14.
Capítulo 8
Resultados
Neste capítulo serão demonstradas e apresentadas as medições realizadas no laboratório,
além das simulações equivalentes que serão feitas para a comparação dos resultados. As
medições serão levantadas através de diversas repetições, com médias e cálculos aproximados, tendo seus resultados comparados com as simulações realizadas.
8.1 Medição em laboratório
Foi construída, em laboratório, uma rede de acordo com o circuito montado no Matlab.
A diferença é que são cabos em um local isolado com temperatura controlada e sem adversidades atmosféricas. Foram realizadas dez medições de indutância, corrente e tensão,
no transmissor e no resistor pois o transmissor PLC utilizado possui variação na fonte de
tensão.
Figura 8.1:
Equipamentos Agilent e PLC em funcionamento
92
Capítulo 8.
93
Resultados
Figura 8.2:
Equipamento Agilent em funcionamento
Na Figura 8.1 é apresentado o osciloscópio Agilent DSO-X 2014A pendurado no condutor e realizando as medições de corrente e tensão, e mostra também o equipamento PLC,
sobre uma bancada, enviando os sinais de alta frequência para o circuito. Na Figura 8.2
também tem-se o osciloscópio e, no início do circuito, a conexão com o equipamento PLC.
Para uma melhor apuração dos resultados, foram realizadas medições em 5 dias diferentes,
utilizando-se uma média de todas as medições diárias para o cálculo.
8.1.1 Medições Dia 01
Para exemplicar, foi escolhida uma das medições realizadas no dia, onde através da
Figura 8.3 tem-se a corrente (em verde) e a tensão (em laranja) medidos na fonte transmissora, e da Figura 8.4 tem-se a tensão medida no transformador. Todas as medições
realizadas neste dia podem ser conferidas na Tabela 8.1.
Figura 8.3:
Tensão e corrente do Dia 01, medidos na fonte transmissora
Capítulo 8.
94
Resultados
Figura 8.4:
Tensão do Dia 01, medida no resistor
Tabela 8.1: Medições realizadas em laboratório no primeiro dia
Medição
Ângulo
Corrente(A) Tensão
fonte(V)
01
77,2
02
76,1
03
76,4
04
76,4
05
76,9
06
77,1
07
76,5
08
76,8
09
76,5
10
75,9
o
o
o
o
o
o
o
o
o
o
na
Tensão
no
resistor(V)
0,120339393 2,6027
1,0405
0,122751515 2,5986
1,0426
0,119842424 2,5906
1,0356
0,119569696 2,5915
1,0364
0,122090909 2,5810
1,0357
0,120236363 2,5513
1,0320
0,118672727 2,5708
1,0292
0,118539393 2,5684
1,0274
0,119593939 2,5871
1,0363
0,121684848 2,5685
1,0290
Com base nos valores constantes na Tabela 8.1 realiza-se o cálculo que resultará no
valor da indutância. Como tem-se dez medições no dia, opta-se por calcular uma média
da tensão e corrente, principais informações necessárias.
•
Resistência
•
Reatância indutiva
•
Média geral da tensão da fonte
•
Média geral da tensão no resistor
•
Média geral da corrente do circuito
R6 :
6,525Ω
XLR6 :
2,062Ω
Vi :
2,58105V
V0 :
1,03447V
Ii :
0,120332121A
Capítulo 8.
•
95
Resultados
Frequência PLC
f:
100kHz
Vi = 2, 58105V
V0 = 1, 08882V
Zcabodia01
Ii = 0, 120332121A
Vi
2, 58105
Zi =
=
= 21, 4494Ω
Ii
0, 120332121
= Zi − R6 − XLR6 = 21, 4494 − 6, 525 − 2, 062 = 12, 8624Ω
Zcabodia01 = Rcabo + XLcabodia01
como tem-se que o valor de
Rcabo
é desprezível,
Zcabodia01 = XLcabodia01
XLcabodia01
12, 8624
=
= 20, 4711µH
2∗π∗f
2 ∗ π ∗ 100000
Como nosso circuito é composto por dois trechos de 15m, o Lcabodia01 calculado equivale
Lcabodia01 =
ao comprimento de cabo de
30m.
Para uma melhor compreensão, calcula-se a indutância
por metro, o que equivale a
Lmetrodia01 =
Lcabodia01
= 0, 68237µH
30
8.1.2 Medições Dia 02
Para exemplicar, foi escolhida uma das medições realizadas no dia, onde através da
Figura 8.5 tem-se a corrente (em verde) e a tensão (em laranja) medidos na fonte transmissora, e da Figura 8.6 tem-se a tensão medida no transformador. Todas as medições
realizadas neste dia podem ser conferidas na Tabela 8.2.
Figura 8.5:
Tensão e corrente do Dia 02, medidos na fonte transmissora
Capítulo 8.
96
Resultados
Figura 8.6:
Tensão do Dia 02, medida no resistor
Tabela 8.2: Medições realizadas em laboratório no segundo dia
Medição
Ângulo
Corrente(A) Tensão
fonte(V)
01
80,3
02
80,6
03
83,2
04
83,6
05
83,0
06
80,0
07
79,4
08
82,0
09
80,2
10
79,7
o
o
o
o
o
o
o
o
o
o
na
Tensão
no
resistor(V)
0,118981818 2,8320
1,0907
0,118242424 2,8263
1,0898
0,119369696 2,7981
1,0895
0,119672727 2,7965
1,0918
0,117278787 2,8247
1,0889
0,118478787 2,7802
1,0826
0,118412121 2,7968
1,0883
0,118357575 2,7924
1,0889
0,119193939 2,8005
1,0883
0,119496969 2,8209
1,0894
Com base nos valores constantes na Tabela 8.2 realiza-se o cálculo que resultará no
valor da indutância. Como tem-se dez medições no dia, opta-se por calcular uma média
da tensão e corrente, principais informações necessárias.
•
Resistência
•
Reatância indutiva
•
Média geral da tensão da fonte
•
Média geral da tensão no resistor
•
Média geral da corrente do circuito
R6 :
6,525Ω
XLR6 :
2,062Ω
Vi :
2,80679V
V0 :
1,08882V
Ii :
0,118748485A
Capítulo 8.
•
97
Resultados
Frequência PLC
f:
100kHz
Vi = 2, 80679V
V0 = 1, 08882V
Zcabodia02
Ii = 0, 118748485A
2, 80679
Vi
=
= 23, 6364Ω
Zi =
Ii
0, 118748485
= Zi − R6 − XLR6 = 23, 6364 − 6, 525 − 2, 062 = 15, 0494Ω
Zcabodia02 = Rcabo + XLcabodia02
como tem-se que o valor de
Rcabo
é desprezível,
Zcabodia02 = XLcabodia02
XLcabodia02
15, 0494
=
= 23, 9519µH
2∗π∗f
2 ∗ π ∗ 100000
Como nosso circuito é composto por dois trechos de 15m, o Lcabodia02 calculado equivale
Lcabodia02 =
ao comprimento de cabo de
30m.
Para uma melhor compreensão, calcula-se a indutância
por metro, o que equivale a
Lmetrodia02 =
Lcabodia02
= 0, 7984µH
30
8.1.3 Medições Dia 03
Para exemplicar, foi escolhida uma das medições realizadas no dia, onde através da
Figura 8.7 tem-se a corrente (em verde) e a tensão (em laranja) medidos na fonte transmissora, e da Figura 8.8 tem-se a tensão medida no transformador. Todas as medições
realizadas neste dia podem ser conferidas na Tabela 8.3.
Figura 8.7:
Tensão e corrente do Dia 03, medidos na fonte transmissora
Capítulo 8.
98
Resultados
Figura 8.8:
Tensão do Dia 03, medida no resistor
Tabela 8.3: Medições realizadas em laboratório no terceiro dia
Medição
Ângulo
Corrente(A) Tensão
fonte(V)
01
80,5
02
79,5
03
78,7
04
79,3
05
78,8
06
79,5
07
79,8
08
78,9
09
78,8
10
79,2
o
o
o
o
o
o
o
o
o
o
na
Tensão
no
resistor(V)
0,122563636 2,8158
1,1056
0,122551515 2,8138
1,1052
0,122551515 2,8138
1,1061
0,124048484 2,8171
1,1061
0,123872727 2,8183
1,1048
0,123357575 2,8176
1,1011
0,123387878 2,8179
1,1063
0,123078787 2,8162
1,1062
0,123096969 2,8180
1,1059
0,122696969 2,8090
1,1042
Com base nos valores constantes na Tabela 8.3 realiza-se o cálculo que resultará no
valor da indutância. Como tem-se dez medições no dia, opta-se por calcular uma média
da tensão e corrente, principais informações necessárias.
•
Resistência
•
Reatância indutiva
•
Média geral da tensão da fonte
•
Média geral da tensão no resistor
•
Média geral da corrente do circuito
R6 :
6,525Ω
XLR6 :
2,062Ω
Vi :
2,81575V
V0 :
1,10515V
Ii :
0,123120606A
Capítulo 8.
•
99
Resultados
Frequência PLC
f:
100kHz
Vi = 2, 815757V
V0 = 1, 10515V
Zcabodia03
Ii = 0, 123120606A
2, 815757
Vi
=
= 22, 8699Ω
Zi =
Ii
0, 123120606
= Zi − R6 − XLR6 = 22, 8699 − 6, 525 − 2, 062 = 14, 2829Ω
Zcabodia03 = Rcabo + XLcabodia03
como tem-se que o valor de
Rcabo
é desprezível,
Zcabodia03 = XLcabodia03
XLcabodia03
14, 2829
=
= 22, 7319µH
2∗π∗f
2 ∗ π ∗ 100000
Como nosso circuito é composto por dois trechos de 15m, o Lcabodia03 calculado equivale
Lcabodia03 =
ao comprimento de cabo de
30m.
Para uma melhor compreensão, calcula-se a indutância
por metro, o que equivale a
Lmetrodia03 =
Lcabodia03
= 0, 75773µH
30
8.1.4 Medições Dia 04
Para exemplicar, foi escolhida uma das medições realizadas no dia, onde através da
Figura 8.9 tem-se a corrente (em verde) e a tensão (em laranja) medidos na fonte transmissora, e da Figura 8.10 tem-se a tensão medida no transformador. Todas as medições
realizadas neste dia podem ser conferidas na Tabela 8.4.
Figura 8.9:
Tensão e corrente do Dia 04, medidos na fonte transmissora
Capítulo 8.
100
Resultados
Figura 8.10:
Tensão do Dia 04, medida no resistor
Tabela 8.4: Medições realizadas em laboratório no quarto dia
Medição
Ângulo
Corrente(A) Tensão
fonte(V)
01
79,8
02
80,1
03
82,1
04
81,2
05
81,7
06
81,7
07
81,2
08
79,0
09
82,1
10
80,1
o
o
o
o
o
o
o
o
o
o
na
Tensão
no
resistor(V)
0,120115151 2,8057
1,1002
0,120012121 2,8026
1,0961
0,120066666 2,8075
1,1015
0,120618181 2,8215
1,1019
0,119593939 2,8011
1,1027
0,120387878 2,8113
1,1006
0,120333333 2,8116
1,1014
0,119872727 2,8086
1,1023
0,116678787 2,7137
1,1006
0,120060606 2,8131
1,1026
Com base nos valores constantes na Tabela 8.4 realiza-se o cálculo que resultará no
valor da indutância. Como tem-se dez medições no dia, opta-se por calcular uma média
da tensão e corrente, principais informações necessárias.
•
Resistência
•
Reatância indutiva
•
Média geral da tensão da fonte
•
Média geral da tensão no resistor
•
Média geral da corrente do circuito
R6 :
6,525Ω
XLR6 :
2,062Ω
Vi :
2,79967V
V0 :
1,10099V
Ii :
0,119773939A
Capítulo 8.
•
101
Resultados
Frequência PLC
f:
100kHz
Vi = 2, 79967V
V0 = 1, 10099V
Zcabodia04
Ii = 0, 119773939A
Vi
2, 79967
Zi =
=
= 23, 3746Ω
Ii
0, 119773939
= Zi − R6 − XLR6 = 23, 3746 − 6, 525 − 2, 062 = 14, 7876Ω
Zcabodia04 = Rcabo + XLcabodia04
como tem-se que o valor de
Rcabo
é desprezível,
Zcabodia04 = XLcabodia04
XLcabodia04
14, 7876
=
= 23, 5352µH
2∗π∗f
2 ∗ π ∗ 100000
Como nosso circuito é composto por dois trechos de 15m, o Lcabodia04 calculado equivale
Lcabodia04 =
ao comprimento de cabo de
30m.
Para uma melhor compreensão, calcula-se a indutância
por metro, o que equivale a
Lmetrodia04 =
Lcabodia04
= 0, 7845µH
30
8.1.5 Medições Dia 05
Para exemplicar, foi escolhida uma das medições realizadas no dia, onde através da
Figura 8.11 tem-se a corrente (em verde) e a tensão (em laranja) medidos na fonte transmissora, e da Figura 8.12 tem-se a tensão medida no transformador. Todas as medições
realizadas neste dia podem ser conferidas na Tabela 8.5.
Figura 8.11:
Tensão e corrente do Dia 05, medidos na fonte transmissora
Capítulo 8.
102
Resultados
Figura 8.12:
Tensão do Dia 05, medida no resistor
Tabela 8.5: Medições realizadas em laboratório no quinto dia
Medição
Ângulo
Corrente(A) Tensão
fonte(V)
01
78,3
02
78,5
03
79,1
04
79,2
05
77,8
06
78,6
07
79,7
08
80,0
09
79,3
10
78,9
o
o
o
o
o
o
o
o
o
o
na
Tensão
no
resistor(V)
0,124745454 2,8116
1,1045
0,125151515 2,8193
1,1053
0,124721212 2,8116
1,1062
0,124636363 2,8087
1,1029
0,124666666 2,8121
1,1061
0,124436363 2,8090
1,1063
0,124430303 2,8106
1,1055
0,124375757 2,8126
1,1054
0,124636363 2,8128
1,1062
0,124533333 2,8097
1,105
Com base nos valores constantes na Tabela 8.5 realiza-se o cálculo que resultará no
valor da indutância. Como tem-se dez medições no dia, opta-se por calcular uma média
da tensão e corrente, principais informações necessárias.
•
Resistência
•
Reatância indutiva
•
Média geral da tensão da fonte
•
Média geral da tensão no resistor
•
Média geral da corrente do circuito
R6 :
6,525Ω
XLR6 :
2,062Ω
Vi :
2,8118V
V0 :
1,10534V
Ii :
0,124633333A
Capítulo 8.
•
103
Resultados
Frequência PLC
f:
100kHz
Vi = 2, 8118V
V0 = 1, 10534V
Zcabodia05
Ii = 0, 124633333A
2, 8118
Vi
=
= 22, 5606Ω
Zi =
Ii
0, 124633333
= Zi − R6 − XLR6 = 22, 5606 − 6, 525 − 2, 062 = 13, 9736Ω
Zcabodia05 = Rcabo + XLcabodia05
como tem-se que o valor de
Rcabo
é desprezível,
Zcabodia05 = XLcabodia05
13, 9736
XLcabodia05
=
= 22, 2397µH
2∗π∗f
2 ∗ π ∗ 100000
Como nosso circuito é composto por dois trechos de 15m, o Lcabodia05 calculado equivale
Lcabodia05 =
ao comprimento de cabo de
30m.
Para uma melhor compreensão, calcula-se a indutância
por metro, o que equivale a
Lmetrodia05 =
Lcabodia05
= 0, 7413µH
30
8.1.6 Médias
No circuito do laboratório foram realizadas cinquenta leituras de tensão e corrente, divididas em cinco dias com dez leituras por dia, sendo a média diária das mesmas listadas
na Tabela 8.6:
Tabela 8.6: Média das medições realizadas em laboratório
Medição
Ângulo
o
Dia 01
76,58
Dia 02
81,20
o
o
Dia 03
79,30
Dia 04
80,90
Dia 05
78,94
o
o
Reatância
Indutância
Corrente(A) Tensão
Indutiva(Ω)
(µH/m)
28,1129
1,3413
0,120332121 2,58105
1,03447
42,6471
2,1265
0,118748485 2,80679
1,08882
35,1373
1,7223
0,123120606 2,81575
1,10515
41,2453
2,0512
0,119773939 2,79967
1,10099
34,0198
1,6619
0,124633333 2,81180
1,10534
fonte(V)
na
Tensão
no
resistor(V)
Como sempre foi utilizado o mesmo resistor, variando a tensão e a corrente, para o
cálculo da indutância, deve ser feita uma média das médias diárias destes valores. A partir
de uma média aritmética simples obtém-se:
Capítulo 8.
104
Resultados
•
Resistência
•
Reatância indutiva
•
Média geral da tensão da fonte
•
Média geral da tensão no resistor
•
Média geral da corrente do circuito
•
Frequência PLC
R6 :
6,525Ω
XLR6 :
f:
2,062Ω
Vi :
2,763012V
V0 :
1,086954V
Ii :
0,1213216968A
100kHz
Vi = 2, 763012V
V0 = 1, 086954V
Zcabomedia
Ii = 0, 1213216968A
2, 763012
Vi
=
= 22, 7743Ω
Zi =
Ii
0, 1213216968
= Zi − R6 − XLR6 = 22, 7743 − 6, 525 − 2, 062 = 14, 1873Ω
Zcabomedia = Rcabo + XLcabomedia
como tem-se que o valor de
Rcabo
é desprezível,
Zcabomedia = XLcabomedia
XLcabomedia
14, 1873
=
= 22, 5798µH
2∗π∗f
2 ∗ π ∗ 100000
foi feito nas médias diárias, tem-se o Lcabomedia
Lcabomedia =
Da mesma forma como
comprimento de cabo de
30m.
equivale ao
Portanto, também tem-se que calcular a indutância por
metro,
Lmetromedia =
Lcabomedia
= 0, 75266µH
30
Para efeito de cálculo de atenuação, serão utilizados os valores médios demonstrados
de tensão e corrente e do cálculo da indutância, todos os valores obtidos a partir do resistor
de
6, 6Ω.
•
Indutância média:
•
Corrente média do circuito:
•
Tensão média medida na fonte:
•
Tensão média medida no resistor:
11, 2899µH(15m)
0, 1213216968A
2, 763012V
1, 086954V
Tendo como base de cálculo os valores obtidos da média das medições, foi vericado
que houve uma atenuação de
60, 66%.
Capítulo 8.
105
Resultados
8.2 Simulação com dados de fábrica
Em primeiro lugar serão realizadas as simulações tendo por base as características de
fábrica do cabo. De acordo com a Tabela 7.2 e a Equação 7.2, tem-se que a resistência do
cabo é de
0, 42748Ω por quilômetro e a indutância foi calculada para 0, 778µH
O trecho é composto por
esta simulação será de
15m (0, 015km)
por metro.
de condutor, então o valor a ser utilizado para
0, 0064122Ω para a resistência e 11, 67µH
para a indutância padrão
do cabo.
Utilizando o mesmo trecho mostrado pela Figura 7.16, será alterado o trecho PI para
R = 0, 0064122Ω
e
L = 11, 67µH ,
Figura 8.13:
conforme pode ser observado pela Figura 8.13:
Bloco PI com dados de fábrica do cabo
O bloco da carga utilizada, de
6, 6Ω,
foi congurado de acordo com os dados obtidos
da medição e cálculo isolado do resistor, demonstrado neste capítulo, como observa-se na
Figura 8.14:
Figura 8.14:
Bloco da carga com um resistor de 6, 6Ω
Utilizando os mesmos parâmetros de execução anteriores, obtém-se a seguinte saída
no osciloscópio para a voltagem e a corrente do circuito:
Capítulo 8.
106
Resultados
Figura 8.15:
Dados de fábrica: tensão no resistor
Figura 8.16:
Figura 8.17:
Dados de fábrica: corrente obtida
Dados de fábrica: tensão inicial, nal e corrente
Aqui houve uma queda de tensão no trecho, utilizando-se os parâmetros de fábrica do
cabo. A tensão obteve um pico máximo de
uma corrente de
0, 0557A.
0, 381V ,
ou seja,
61, 9%
de atenuação, com
Capítulo 8.
107
Resultados
8.2.1 Simulação com dados do laboratório
Foi construída, em laboratório, uma rede com as mesmas características do circuito montado no
Matlab/Simulink.
A diferença é que são condutores em um local com temperatura
controlada e sem interferências climáticas ou adversidades atmosféricas. Foi utilizado o
mesmo cálculo da resistência para o cabo de acordo com os dados fornecidos pelo fabricante, ou seja,
0, 0064122Ω
por trecho de
15m.
Sempre utilizando o mesmo trecho mostrado pela Figura 7.16, será alterado o trecho
PI para
R = 0, 0064122Ω (valor declarado pelo fabricante do condutor) e L = 11, 2899µH
(valor médio calculado com base nas medições de laboratório do ângulo de defasagem),
conforme pode ser observado pela Figura 8.18:
Figura 8.18:
Bloco PI com dados da medição no laboratório
Utilizando o mesmo bloco da carga utilizada, de
6, 6Ω,
demonstrado pela Figura 8.14,
com as mesmas congurações e parâmetros de execução:
Figura 8.19:
Dados de laboratório: tensão no resistor
Capítulo 8.
108
Resultados
Figura 8.20:
Figura 8.21:
Dados de laboratório: corrente obtida
Dados de laboratório: tensão inicial, nal e corrente
Neste caso teve um pico de tensão de
de uma corrente de
0, 3907V ,
ou seja,
60, 93%
de atenuação, além
0, 0571A.
8.3 Comparativo dos resultados obtidos
Agora que tem-se todos os resultados das medições e simulações, pode-se fazer um comparativos dos valores encontrados. A Tabela 8.7 apresenta esta comparação:
Tabela 8.7: Resultados obtidos com as medições e simulações
6, 6Ω
Forma de obtenção
Corrente
Atenuação
Dados do fabricante
0,0557A
61,90%
Dados do laboratório (simulação)
0,05712A
60,93%
Dados do laboratório (medição)
0,12132A
60,66%
6, 6Ω
Capítulo 9
Conclusão
Em função de avanços tecnológicos, houve um crescimento de novos conceitos, como as
Smart Grids.
Estas redes inteligentes se caracterizam por modernizar o antigo sistema
elétrico existente, realizando integrações de automação, iluminação e telemetria para gerenciamentos de diversos recursos.
É por este motivo que os modelos tradicionais que
representam os sinais elétricos necessitam de alterações para representar outros sinais, em
outras frequências. O nosso objetivo foi utilizar, então, sinais de alta frequência, como
as transmissões
Power Line Communication,
realizando testes computacionais e compa-
rando a resultados reais, como forma de vericar se o modelo PI consegue representar
satisfatoriamente estas novas tecnologias de transmissão.
Para os testes foi resolvido realizar medições em alta frequência em um trecho de rede
de distribuição de energia em MT em escala reduzida, onde um Emulador validado em
transmissões com frequência de 60Hz foi utilizado.
Foram estendidos os testes para a
medição em BT, onde foi construído um trecho de distribuição de energia elétrica em
laboratório, sendo instalado um sistema de transmissão PLC para a obtenção dos dados
das medições. Todos os circuitos, tanto em MT quanto em BT, tiveram seus resultados
comparados a simulações computacionais a partir de circuitos montados com as mesmas
características dos reais no
software Matlab/Simulink.
Em um primeiro momento foi utilizado o Emulador onde teve-se as mesmas características, em escala reduzida de um trecho em MT, onde foi inserido um sinal de 90kHz
direto na LT, com tensão escalada em 1V. Neste circuito, replicado no
também foi aplicado o sinal PLC de 90kHz.
Matlab/Simulink,
A leitura do sinal foi obtida no nal do
trecho, aquele com provável maior atenuação. Para comparação foram escolhidos quatro
ciclos completos de tensão, tanto no Emulador quanto na simulação, onde vericou-se que
ambos os grácos seguem a mesma ondulação. Existem diversas distorções no gráco do
Emulador, pois foram utilizadas tensão e corrente reduzidas e os ruídos existentes não
atuam de forma escalar. Não foram aplicados ltros de ruídos para não inuenciar nos
109
Capítulo 9.
110
Conclusão
resultados em escala reduzida.
A partir dos resultado obtidos não foi possível concluir
que o modelo PI representa satisfatoriamente nas transmissões em alta frequência.
Tiveram prosseguimento os testes em uma rede elétrica de baixa tensão. Foi montado
em laboratório um circuito objetivando um ambiente controlado do ponto de vista de
alterações climáticas, atmosféricas entre outras interferências existentes no ar.
Foram
realizados cinco dias de testes, com dez repetições cada dia, onde obteve-se uma atenuação
média de
60, 66%.
simulado no
Depois de realizadas as medições em laboratório, o mesmo circuito foi
Matlab/Simulink.
Primeiramente foi simulado o circuito criado com base nos
valores de fábrica do condutor, onde obteve-ve uma atenuação de
61, 9%.
Na simulação
utilizando os valores obtidos em laboratório, e substituindo as características de indutância
do modelo PI no circuito simulado computacionalmente, obteve-se uma atenuação de
60, 93%.
Neste sentido verica-se que a diferença é inferior a 1 % o que comprova que o
modelo PI pode ser utilizado para simular um trecho de distribuição de energia a partir
da transmissão PLC.
Destaca-se ainda que conforme informações do Datasheet [45] do fabricante do modem
PLC, utilizado neste trabalho, a faixa funcional de um sinal PLC pode ser transmitido
entre
70kHz
e
138kHz ,
a uma tensão de
7V
podendo ser recebido com
700µV ,
isto
através de condutores dedicados. Portanto, de acordo com esta informação, pode-se assumir que um sinal PLC pode ser transmitido e recebido com uma taxa de atenuação de
aproximadamente
99%.
A partir dos resultados parciais apresentados neste trabalho é possível avaliar como
positiva a utilização do Modelo PI para representar a transmissão de um sinal PLC em
uma rede elétrica de baixa tensão. Pretende-se ainda, como trabalhos futuros, estender
o presente trabalho no que se refere a pesquisar o limite de atenuação máximo que um
sinal PLC pode suportar. Ainda como trabalhos futuros pretende-se adicionar ao modelo
simulado variáveis que podem alterar este limite de atenuação como por exemplo ruídos.
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