Manejo de casos suspeitos de Dengue no Estado de Santa

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GOVERNO DE SANTA CATARINA
Secretaria de Estado da Saúde
Sistema Único de Saúde
Superintendência de Vigilância em Saúde
Diretoria de Vigilância Epidemiológica
PROTOCOLO
Manejo de casos suspeitos de Dengue no Estado de Santa
Catarina.
Santa Catarina
14 de abril de 2015
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1 INTRODUÇÃO
A
dengue
no
Brasil
caracteriza-se
por
um
cenário
de
transmissão
endêmica/epidêmica em grande parte do País, determinada principalmente pela
circulação simultânea de vários sorotipos virais e presença disseminada do Aedes
aegypti.
Esse cenário de intensa transmissão tem contribuído para a mudança no perfil
da doença no país. Entre as principais mudanças na epidemiologia da doença,
destaca-se a ocorrência cada vez maior de suas formas graves e de óbitos.
De acordo com Eric Martinez (2006), “tão importante como evitar a transmissão
da dengue é a preparação dos serviços de saúde para atender adequadamente os
pacientes suspeitos e evitar os óbitos. Um bom gestor de saúde é capaz de salvar
mais vidas durante uma epidemia de dengue que os médicos”.
Em Santa Catarina, os primeiros casos de dengue autóctones (transmitidos
dentro do próprio estado) ocorreram em 2002, quando foram registrados dois casos
isolados no município de Bombinhas. Em 2011, outros dois casos de dengue foram
assim classificados, sendo um em Joinville e outro em São João do Oeste. Em 2012,
um único caso autóctone foi registrado em Joinville. Em 2013, pela primeira vez, o
estado de Santa Catarina registrou dois surtos da doença, em Chapecó, na região
Oeste, com quinze casos e Itapema, na região da Foz do Rio Itajaí, com três casos.
Nesse primeiro surto registrado no estado o sorotipo de dengue circulante foi o DENV
1.
No ano de 2014 houve a detecção de 03 casos de dengue com autoctonia em
Itajaí. Esses casos, juntamente com condições favoráveis de proliferação do Aedes
aegypti (transmissor da doença), tem contribuído para a manutenção da transmissão
de dengue no município de Itajaí em 2015. O sorotipo circulante no município também
é o DENV 1.
Diante do exposto, associado à existência de fluxo de pessoas provenientes de
áreas de transmissão e a população do estado susceptível a todos os sorotipos virais,
tem-se a necessidade de detecção precoce dos casos de dengue, manejo adequado,
bem como ações de controle vetorial em tempo oportuno.
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Com o intuito de orientar e normatizar o atendimento de todos os casos
suspeitos de dengue, a DIVE atualizou o presente Protocolo, baseado nas orientações
do Guia de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, atualizado no ano de 2014.
2 MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
A infecção por dengue pode ser assintomática ou causar doença cujo espectro
inclui desde formas oligossintomáticas até quadros graves com choque, com ou sem
hemorragia, podendo evoluir para o óbito.
Normalmente, a primeira manifestação da dengue é a febre alta (39 a 40°C) de
início abrupto que geralmente dura de 2 a 7 dias, acompanhada de cefaléia, mialgia,
artralgia, prostração, astenia, dor retro-orbital, exantema e prurido cutâneo. Anorexia,
náuseas e vômitos são comuns. Nessa fase febril inicial da doença, pode ser difícil
diferenciá-la de outras doenças febris, por isso uma prova do laço positiva aumenta a
probabilidade de dengue (Figura 1). Cabe salientar que outras enfermidades podem
ter prova do laço positiva.
Figura 1: Orientações para a realização da prova do laço.
Fonte: Ministério da Saúde. Dengue: diagnóstico e manejo clínico Adulto e Criança, Brasília – DF, 2013.
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Manifestações hemorrágicas leves, como petéquias e sangramento de
membranas mucosas, podem ocorrer. Observa-se geralmente um aumento e maior
sensibilidade do fígado depois de alguns dias da febre.
No período de desfervescência da febre, geralmente entre o 3º e o 7º dia da
doença, pode ocorrer o aumento da permeabilidade capilar, em paralelo com o
aumento dos níveis de hematócrito. Isto marca o início da fase crítica da doença.
Leucopenia progressiva seguida por uma rápida diminuição na contagem de plaquetas
precede o extravasamento de plasma. Derrame pleural e ascite podem ser
clinicamente detectáveis, de acordo com o grau do extravasamento e o volume de
fluidos infundidos. O grau de aumento do hematócrito acima da linha de base
geralmente reflete a gravidade do extravasamento de plasma (Figura 2). O choque
ocorre quando um volume crítico de plasma é perdido através do extravasamento, o
que geralmente ocorre entre os dias 4 ou 5 (com intervalo entre 3 a 7 dias) de doença,
geralmente precedido por sinais de alarme (quadro abaixo). Os sinais de alarme
devem ser rotineiramente pesquisados, bem como os pacientes devem ser orientados
a procurar a assistência médica na ocorrência deles.
SINAIS DE ALARME:
• dor abdominal intensa e contínua, ou dor à palpação do abdome;
• vômitos persistentes;
• acumulação de líquidos (ascites, derrame pleural, derrame pericárdico);
• sangramento de mucosa ou outra hemorragia;
• letargia e/ou irritabilidade;
• hipotensão postural e/ou lipotímia;
• diminuição da diurese;
• hepatomegalia maior do que 2 cm;
• aumento progressivo do hematócrito;
• queda abrupta das plaquetas;
• desconforto respiratório.
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Figura 2: Evolução clínica e laboratorial da dengue.
Fonte: Adaptado da Organização Mundial da Saúde, 2009.
O choque caracteriza-se por pulso rápido e fraco, diminuição da pressão de
pulso (diferença entre as pressões sistólica e diastólica, ≤ 20mmHg em crianças; em
adultos, esse valor indica choque mais grave), extremidades frias, demora no
enchimento capilar, pele pegajosa e agitação. Alguns pacientes podem ainda
apresentar manifestações neurológicas, como convulsões e irritabilidade. O choque é
de curta duração, e pode levar ao óbito em um intervalo de 12 a 24 horas ou à
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recuperação rápida, após terapia antichoque apropriada. O choque prolongado e a
consequente hipoperfusão de órgãos resulta no comprometimento progressivo destes,
bem como em acidose metabólica e coagulação intravascular disseminada. Isso, por
sua vez, leva a hemorragias graves, causando diminuição do hematócrito e choque
grave. Além disso, comprometimento grave de órgãos, como hepatites, encefalites ou
miorcardites e/ou sangramento abundante (gastrointestinal, intracraniano) pode
também ocorrer sem extravasamento de plasma ou choque óbvio.
SINAIS DE CHOQUE:
• pressão diferencial convergente (Pressão arterial diferencial <20mmHg);
• hipotensão arterial (Diferença entre duas pressões sistólicas aferidas em duas
posições com valor igual ou maior que 20mmHg);
• extremidades frias, cianose;
• pulso rápido e fino;
• enchimento capilar lento (>2 segundos).
2.1 Confirmação Laboratorial
Exames específicos
•
Pesquisa de anticorpos IgM por testes sorológicos (ELISA);
•
Pesquisa de vírus (tentativa de isolamento viral);
•
Pesquisa de genoma do vírus dengue (RT-PCR);
•
Pesquisa de antígeno NS1;
•
Estudo anatomopatológico seguido de pesquisa de antígenos virais por
imunohistoquímica.
Exames inespecíficos
Hematócrito, contagem de plaquetas e dosagem de albumina são os mais
importantes para o diagnóstico e acompanhamento dos pacientes com dengue,
especialmente os que apresentarem sinais de alarme, sangramento, e para pacientes
em situações especiais, como crianças, gestantes, idosos (>65 anos), portadores de
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hipertensão
arterial,
diabetes
mellitus,
asma
brônquica,
alergias,
doenças
hematológicas ou renais crônicas, doença grave do sistema cardiovascular, doença
ácido-péptica ou doença autoimune.
O hemograma tem como finalidade principal avaliar o hematócrito, para
identificação de hemoconcentração, que indica provável alteração de permeabilidade
capilar (extravasamento plasmático), associado à gravidade, além de definir a
necessidade de hidratação e resposta a terapia de reposição instituída. Queda do
hematócrito pode sugerir hemorragias (Tabela 1).
Tabela 1: Eritrograma: valores de referência (média ± 2 desvios padrões); eritrócitos: M/µL;
hemoglobina: g/dL; hematócrito: % e VCM*: fL.
Fonte: Ministério da Saúde. Dengue: diagnóstico e manejo clínico Adulto e Criança, Brasília – DF, 2013.
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2.2 Diagnóstico Diferencial
A Dengue tem um amplo espectro clínico, podendo manifestar variados sinais e
sintomas, além de ser uma doença dinâmica, podendo expressar, em determinado
momento, sinais de gravidade e choque diferenciados. Devido a essas características,
pode-se destacar seu diagnóstico diferencial em síndromes clínicas:
a) síndrome febril: enteroviroses, influenza e outras viroses respiratórias, hepatites
virais, malária, febre tifóide e outras arboviroses (oropouche);
b) síndrome exantemática febril: rubéola, sarampo, escarlatina, eritema infeccioso,
exantema
súbito,
enteroviroses,
mononucleose
infecciosa,
parvovirose,
citomegalovirose, outras arboviroses (Mayaro), farmacodermias, doença de Kawasaki,
doença de Henoch-Schonlein etc;
c) síndrome hemorrágica febril: hantavirose, febre amarela, leptospirose, malária
grave, riquetsioses e púrpuras;
d) síndrome dolorosa abdominal: apendicite, obstrução intestinal, abscesso hepático,
abdome agudo, pneumonia, infecção urinária, colecistite aguda etc;
e) síndrome do choque: meningococcemia, septicemia, meningite por influenza tipo B,
febre purpúrica brasileira, síndrome do choque tóxico e choque cardiogênico
(miocardites);
f) síndrome meníngea: meningites virais, meningite bacteriana e encefalite.
ATENÇÃO! Dengue é uma doença dinâmica, em que o paciente pode evoluir de uma
fase para outra rapidamente.
ATENÇÃO! Todo paciente com suspeita de dengue deve receber soro de reidratação
oral, de imediato, em sua chegada à unidade de saúde, mesmo enquanto aguarda
atendimento.
ATENÇÃO! Os sinais de alarme e o agravamento do quadro clínico costumam ocorrer
na fase de remissão da febre (entre o 3º e 7º dia da doença).
ATENÇÃO! Apesar de ser uma doença que pode evoluir gravemente, seu tratamento,
quando
oportuno,
é
relativamente
simples
e
barato,
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sendo
necessário
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acompanhamento atento das manifestações clínicas, sinais vitais e sinais de gravidade
da doença.
2.3 Tratamento
Baseia-se principalmente em hidratação adequada, levando em consideração o
estadiamento da doença (grupos A, B, C e D), segundo os sinais e sintomas
apresentados pelo paciente, para decidir condutas, bem como o reconhecimento
precoce dos sinais de alarme (Figuras 3 e 4).
Figura 3: Classificação de risco da dengue.
Fonte: Ministério da Saúde. Diretrizes nacionais para prevenção e controle de epidemias de dengue.
Brasília-DF, 2009.
É importante reconhecer precocemente os sinais de extravasamento plasmático
para correção rápida com infusão de fluidos. É imprescindível o envolvimento dos
profissionais que atendem os casos suspeitos, na busca de sinais de gravidade e na
orientação dos casos encaminhados para residência quanto à hidratação, analgesia
adequada e a presença de sinais de alarme, em que há necessidade de retorno
precoce à Unidade de Saúde. Atentar para os grupos especiais, pelo maior risco de
complicação, bem como pacientes com história prévia de dengue.
A Estratégia de Saúde da Família (ESF) deve acompanhar e monitorar os
pacientes suspeitos que estiverem em casa, para reintervenção em caso de sinais de
alarme. O Cartão de Acompanhamento do Paciente com Suspeita de Dengue (Anexo
01) deve ser utilizado para monitoramento e classificação e/ou reclassificação deste.
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Figura 4: Classificação de risco da dengue e manejo do paciente.
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Os serviços de atendimento precisam garantir o acesso aos exames
laboratoriais iniciais, quando necessários, conforme fluxograma de classificação de
risco, bem como, sua liberação em tempo adequado.
Quanto ao tipo de unidade de saúde para o atendimento dos pacientes de
dengue, deve-se levar em consideração o estadiamento da doença, seguindo a
classificação de risco e o fluxograma de atribuições das atenções primária, secundária
e terciária (Figura 5).
Figura 5: Fluxograma de atribuições das atenções primária, secundária e terciária.
Fonte: Ministério da Saúde. Diretrizes nacionais para prevenção e controle de epidemias de dengue.
Brasília-DF, 2009.
3 CARACTERÍSTICAS EPIDEMIOLÓGICAS
3.1 Vigilância Epidemiológica
Compete à vigilância epidemiológica acompanhar sistematicamente a evolução
temporal da incidência de casos em cada área da cidade, comparando com os índices
de infestação vetorial. Organizar discussões conjuntas com equipes de controle de
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vetores, assistência e todas as instâncias envolvidas na prevenção e controle da
dengue, visando à adoção de medidas capazes de reduzir (impedir) a circulação viral.
A vigilância epidemiológica tem como objetivos:
• Reduzir a magnitude de ocorrência de dengue por meio da identificação
precoce de áreas com maior probabilidade de ocorrência de casos, visando
orientar ações integradas de prevenção, controle e organização da assistência;
• Realizar monitoramento para detecção precoce da circulação viral e mudança
no padrão dos sorotipos;
• Construir, manter e alimentar sistema(s) de informações sobre dengue, visando
o
acompanhamento
de
tendência
e
à
construção
de
indicadores
epidemiológicos, com o objetivo de orientar ações, avaliar efetividade dos
programas de prevenção e controle, bem como apoiar estudos e pesquisas
voltadas ao aprimoramento da vigilância e controle;
• Reduzir a ocorrência de óbitos evitáveis por dengue mediante identificação dos
seus possíveis determinantes e definição de estratégias para aprimoramento da
assistência aos casos;
3.2 Definições e classificação dos casos de dengue
A partir de janeiro de 2014, o Brasil adotou a nova classificação de caso de
dengue revisada pela Organização Mundial de Saúde: dengue, dengue com sinais de
alarme e dengue grave.
A classificação é retrospectiva e, para sua realização, devem ser reunidas todas
as informações clínicas, laboratoriais e epidemiológicas do paciente conforme
descritas a seguir:
a) Definição de caso suspeito de dengue
Pessoa que viva em área onde se registram casos de dengue, ou que tenha
viajado nos últimos 14 dias para área com ocorrência de transmissão de dengue (ou
presença de A. aegypti). Deve apresentar febre, usualmente entre 2 e 7 dias e duas ou
mais das seguintes manifestações:
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•
mialgias, artralgias;
•
cefaleia, dor retro-orbital;
•
náuseas, vômitos;
•
exantema;
•
petéquias;
•
prova do laço positiva;
•
leucopenia.
Também pode ser considerado caso suspeito toda criança proveniente de (ou
residente em) área com transmissão de dengue, com quadro febril agudo, usualmente
entre 2 e 7 dias, e sem foco de infecção aparente.
b) Caso suspeito de dengue com sinais de alarme
É todo caso de dengue que, no período de defervescência da febre, apresenta
um ou mais dos seguintes sinais de alarme:
• dor abdominal intensa e contínua, ou dor a palpação do abdome;
• vômitos persistentes;
• acumulação de líquidos (ascites, derrame pleural, derrame pericárdico);
• sangramento de mucosa ou outra hemorragia;
• letargia ou irritabilidade;
• hipotensão postural e/ou lipotimia;
• hepatomegalia maior do que 2cm;
• aumento progressivo do hematócrito;
• queda abrupta das plaquetas.
c) Caso suspeito de dengue grave
É todo caso de dengue que apresenta um ou mais dos resultados abaixo.
• Choque devido ao extravasamento grave de plasma evidenciado por
taquicardia, extremidades frias e tempo de enchimento capilar igual ou maior a
3 segundos, pulso débil ou indetectável, pressão diferencial convergente
≤20mmHg; hipotensão arterial em fase tardia, acumulação de líquidos com
insuficiência respiratória;
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• Sangramento grave, segundo a avaliação do médico (exemplos: hematêmese,
melena, metrorragia volumosa, sangramento do sistema nervoso central);
• Comprometimento grave de órgãos, tais como: dano hepático importante
(AST/ALT>1.000), sistema nervoso central (alteração da consciência), coração
(miocardite) ou outros órgãos.
3.3 Notificação e Investigação
Todo caso suspeito de dengue deve ser notificado à Vigilância Epidemiológica
(VE) municipal, conforme rotina de notificação de doenças, e, concomitantemente ao
Programa de Controle da Dengue (PCD) municipal para que as ações de controle
vetorial sejam realizadas em tempo oportuno.
Essa notificação, realizada em papel no momento da suspeição, precisa ser
digitalizada no SINAN ONLINE em até 7 dias, com intuito de agilizar as rotinas
epidemiológicas e acompanhamento de casos.
A investigação é realizada concomitantemente à suspeição com intuito de se
verificar autoctonia e tomar medidas eficazes de impedir ou reduzir a transmissão.
Ressalta-se a importância da investigação com informações de deslocamentos entre
os períodos de incubação e período de viremia, que respectivamente fornecem
informações sobre o Local Provável de Infecção (LPI) e indica risco de possíveis casos
na área (Figura 6). É importante que a definição da autoctonia dos casos, ocorra em
parceria entre o município, a Gerência Regional de Saúde e a Diretoria de Vigilância
Epidemiológica (DIVE).
Todos os casos de óbitos por dengue devem ser investigados imediatamente
após a notificação, seguindo Protocolo de Investigação específico do Ministério da
Saúde (MS). As orientações completas do protocolo de investigação de óbito e
questionário estão disponíveis em Diretrizes Nacionais para a Prevenção e Controle
de Epidemias de Dengue, 2009.
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Figura 6: Esquema de investigação de casos de dengue.
Início dos
sintomas
Período de incubação*
14 13 12 11 10 9
8
7
Investigar LPI
6
Ações de
controle vetorial
e investigar
novos casos na
área
5
4
3
2
1
2
3
4
5
6
Coleta
oportuna de
amostra para
sorologia
Período de viremia*
* Período de incubação: média de 5 a 6 dias, porém a investigação precisa ser retroativa aos 14 dias
anteriores do início dos sintomas;
* Período de viremia: período em que o vírus está na corrente sanguínea sendo passível de infectar o
mosquito - geralmente um dia antes do aparecimento da febre até o 6º dia da doença.
Fonte: DIVE, 2015
3.4 Diagnóstico Laboratorial
Em caso de suspeita, proceder com a coleta de amostra biológica para
sorologia de dengue a partir do 6º dia após o início dos sintomas. Novas amostras
poderão ser solicitadas pelo LACEN em virtude de problemas com a amostra, período
oportuno de detecção de IgM para dengue, entre outros.
É necessário um volume de 2 a 5 ml de sangue em crianças e 10 ml em adultos
que devem ser acondicionados em tubo estéril de plástico sem anticoagulante (tubo
seco) para realização de sorologia (ELISA IgM para dengue). Usar preferencialmente
tubo com gel separador de coágulo (6 ml). Caso não haja, deve-se aguardar a retração
do coágulo, centrifugar e aspirar o soro para outro tubo. Identificar a amostra com
nome completo e legível com caneta resistente à água. Enviar a amostra
acompanhada de ficha específica de coleta de exame para dengue (Anexo 2) ao
LACEN. A amostra deve ser encaminhada ao LACEN no primeiro dia útil após a
coleta, sendo necessária refrigeração se enviada em até 48h, ou congelamento a
-20ºC, se enviada após 48h. O transporte deve ser em caixa térmica com gelo
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reciclável e a amostra guarnecida em saco plástico. Maiores informações sobre coleta,
acondicionamento e transporte de amostras biológicas estão disponíveis no site do
Lacen: http://lacen.saude.sc.gov.br/arquivos/MCT01.pdf.
Em caso de óbito, o diagnóstico é histopatológico seguido de pesquisa de
antígenos virais por imuno-histoquímica em tecidos coletados através de punção ou
necropsia. Para mais informações sobre os procedimentos citados, consultar o Guia
de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, 2014.
Nota
Se o atendimento do paciente for anterior ao sexto dia de sintomas, agendar a coleta para data
oportuna.
Caso o paciente esteja em trânsito, deverá ser feito o encaminhamento deste a Unidade de
Saúde de destino, orientando-o quanto a suspeita e necessidade de realizar a coleta para
sorologia a partir do sexto dia de início de sintomas.
Não aguardar o diagnóstico sorológico da dengue para iniciar as medidas adequadas de manejo
clínico do paciente, bem como as ações de controle vetorial.
a) Caso confirmado de dengue
É todo caso suspeito de dengue confirmado laboratorialmente por sorologia
IgM, detecção de NS1, isolamento viral, PCR ou imunohistoquímica (Figura 7). Em
uma área até então sem transmissão, a confirmação dos primeiros casos deve ocorrer
por critério laboratorial. Se a transmissão na área se mantiver por no mínimo 2
semanas consecutivas, a confirmação passa a ser realizada por critério clínicoepidemiológico. Nestas situações, 10% dos casos notificados devem realizar a coleta
para confirmação laboratorial e monitoramento da circulação viral.
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Figura 7: Fluxograma de coleta de amostras laboratoriais e confirmação dos casos.
*Vínculo
epidemiológico:
relação
temporal
e
espacial
com
caso
de
dengue
confirmado
laboratorialmente.
Fonte: Guia de Vigilância em Saúde, MS, 2014.
Nota
Os casos graves devem ser preferencialmente confirmados por laboratório (sorologia IgM, NS1
teste rápido ou ELISA, isolamento viral, PCR, imuno-histoquímica). Na impossibilidade de
realização de confirmação laboratorial específica, considerar confirmação por vínculo
epidemiológico com um caso confirmado laboratorialmente.
b) Óbito
Todo paciente que cumpra os critérios da definição de caso suspeito ou
confirmado que morreu como consequência da dengue. Pacientes com dengue e
comorbidades que evoluírem para óbito durante o curso da doença, a causa básica do
óbito deverá ser considerada a dengue.
c) Descartado
Todo caso suspeito de dengue que possui um ou mais dos critérios a seguir:
• Diagnóstico laboratorial negativo (sorologia IgM). Deve-se confirmar se as
amostras foram coletadas no período oportuno;
• Tenha diagnóstico laboratorial de outra entidade clínica;
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• Seja um caso sem exame laboratorial, cujas investigações clínica e
epidemiológica são compatíveis com outras doenças.
3.5 Estratégias diferenciais para municípios infestados sem transmissão de
dengue
A situação entomo-epidemiológica de Santa Catarina em relação à dengue tem
se modificado ao longo dos anos. Há um crescente número de focos de Aedes
aegypti, assim como de municípios considerados infestados por este vetor. Além disso,
o estado enfrenta uma epidemia de dengue, no município de Itajaí.
Neste cenário, a detecção precoce de casos de dengue é importante, para que
as ações de controle entomo-epidemiológicas sejam desencadeadas de forma ágil,
reduzindo as chances de um surto/epidemia da doença.
Nos municípios infestados, Unidades Sentinela para dengue devem ser
implantadas visando aumentar a sensibilidade da rede e detectar precocemente a
circulação viral. A implantação dessas unidades deve ocorrer após discussão entre
munícipio, Gerências Regionais de Saúde e a Diretoria de Vigilância Epidemiológica
(DIVE).
As Unidades Sentinelas para dengue deverão ser implantadas em centros de
saúde que possuam demanda espontânea de atendimentos à população. O fluxo de
atendimento destes centros de saúde não difere em nada, exceto nos pacientes que
se enquadrem na definição de caso suspeito de dengue. Nestes pacientes, a coleta de
amostra deve ocorrer no momento do atendimento para a realização do teste para
detecção de NS1 (se até o 5º dia do início dos sintomas) ou sorologia Elisa IgM (se a
partir do 6º dia do início de sintomas), respeitando o fluxograma da Figura 8.
As orientações para estas unidades são:
Enviar, ao LACEN, 2 ml de soro, sob refrigeração (+2 a +8º c), acompanhado
da ficha específica de solicitação de exame (Anexo 2 ou 3 conforme período da
coleta);
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A ficha de notificação/investigação dos casos suspeitos de dengue se procederá
igualmente, independente do resultado laboratorial, bem como as ações de
controle do vetor.
Figura 8: Fluxograma de coleta de amostras laboratoriais e confirmação de casos em Unidades
Sentinela
Notificação e investigação no
SINAN.
Caso suspeito atendido
em Unidade Sentinela
Coleta de amostra – até 5º
dia de início de sintomas.
Coleta de amostra – a partir
6º dia de início de sintomas.
Investigação
Epidemiológica –
verificar
autoctonia.
LACEN – Florianópolis/SC
Amostra
NS1 Não
Reagente
Amostra
NS1
Reagente
Realizar nova coleta de
amostra para sorologia a
partir do 6º dia do início dos
sintomas.
Sorologia Não
Reagente
Caso
descartado
Caso confirmado
Amostra
Elisa IgM
Não
Reagente
Caso
descartado
Sorologia
Reagente
Caso confirmado
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Amostra
Elisa IgM
Reagente
Caso confirmado
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4 TELEFONES ÚTEIS
Diretoria de Vigilância Epidemiológica - DIVE: (48) 3664-7400
o GEZOO/DIVE - Programa de Controle da Dengue: (48) 3664-7490
o DIVE - Sobreaviso: (48) 9105-5450 (durante a semana das 19h às 7h e
sábados, domingos e feriados)
LACEN: (48) 3251-7800
o Imunologia/LACEN: (48) 3251-7827
Hospital Nereu Ramos: (48) 3216-9300
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DIVE/SUV/SES/SC
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5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Diretrizes
nacionais para prevenção e controle de epidemias de dengue. Brasília: MS, 2009.
_____. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Guia de Vigilância
em Saúde. Brasília: MS, 2014.
_____. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Dengue: diagnóstico
e manejo clínico Adulto e criança. 4ed. Brasília: MS, 2013.
_____. Ministério da Saúde. Dengue: Manual de Enfermagem. 2ed. Brasília: MS,
2013.
_____. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Diretrizes para a
organização dos serviços de atenção à saúde em situação de aumento de casos
ou de epidemia de dengue. 1 ed. Brasília: MS, 2013.
TORRES, Eric Martinez. La prevención de la mortalidad por dengue: un espacio y
un reto para la atención primaria de salud. Rev Panam Salud Publica [online]. 2006,
vol.20, n.1, pp. 60-74. ISSN 1020-4989.
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6 ANEXOS
Anexo 1 - Cartão de Acompanhamento do Paciente com Suspeita de Dengue
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Anexo 2 - Formulário de Requisição para Dengue - LACEN
O Formulário abaixo pode ser acessado pelo link:
http://lacen.saude.sc.gov.br/arquivos/requisicoes/DENGUE.pdf
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Anexo 3 - Formulário de Requisição para Unidades Sentinela LACEN
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