Artes visuais, educação, estética e visualidade

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Artes visuais, educação, estética e visualidade: O pensamento sobre a cultura
artística cemiterial do Cemitério São José, na cidade de Ponta Grossa - Paraná
Joselene Althaus Manosso Jandrey1
Nelson Silva Junior2
Resumo: A morte sempre serviu de inspiração para a arte em suas várias
expressões. O próprio termo arte cemiterial ou arte funerária é utilizado para
designar as obras feitas com a finalidade de serem expostas em cima dos túmulos
nos cemitérios ou nas igrejas. Este tipo de manifestação artística é uma
representação da finitude da existência humana, não estando lá apenas por uma
questão estética, mas, a obra em si, está cercada de toda uma simbologia, uma
significação. Com base nestes pressupostos, a presente Pesquisa foi idealizada
para apresentar a comunidade escolar os aspectos de valor artístico, estético e
educacional do cemitério São José, na cidade de Ponta Grossa - Estado do Paraná local que ainda conserva acervos artísticos, históricos e culturais. Para tanto,
estamos utilizando material fotográfico como suporte para o mapeamento e
catalogação da estatuária tumular, bem como, o levantamento dos artistas-artesãos
que ali deixaram seu legado, procurando estabelecer um roteiro artístico-pedagógico
como apoio para visitas educacionais ao referido local.
Palavras-chave: Arte; visualidade; cemitério.
Historicamente, os cemitérios se constituíram como um sinal de
posição social das famílias que necessitavam de auto-afirmação pessoal e
individual, necessitando levar para seus jazigos familiares, um caráter monumental
expressando-se a riqueza e a abastança, se valendo do trabalho artístico para
alcançar para suas capelas, um espelho do seu nível cultural e intelectual dentro da
sociedade.
Ao longo da história, os cemitérios e suas alegorias artísticas,
constituem a idéia de eternidade, de superação da própria vida, perpetuando a
família daquele que se foi. De acordo com PIACESKI e BELLOMO (2000, p.16), “a
arte funerária passou a ser um elemento diferenciador das classes sociais”,
reproduzindo nos túmulos, a habitação dos vivos. A arte cemiterial, neste sentido,
vem ao encontro da estética que encontramos nos túmulos, as quais são as
expressões externas da dor do luto.
1
JOSELENE ALTHAUS MANOSSO JANDREY é formanda do curso de Licenciatura em Artes Visuais
–UEPG/PR, Graduada em Bacharelado em Direito – UEPG /PR. E-MAIL: [email protected]
2
NELSON SILVA JUNIOR (professor - orientador). Coordenador do Curso de Licenciatura em Artes
Visuais e Música – UEPG. E-MAIL: [email protected]
Neste sentido, as imagens visuais da morte, bem como suas
simbologias e representações, as atitudes perante o fim da existência humana
variam de acordo com a época da história mundial, que vão desde a familiaridade
com a morte, da insensibilidade, da compreensão de uma existência que findou, da
visão romântica em relação ao moribundo, do medo do desconhecido. Estas
imagens são culturais e representativas de convenções em alguns períodos
históricos, delimitadas por certas compreensões religiosas ou mágicas acerca do
evento morte, cercada de uma aura de significações.
Para o processo de trabalho pedagógico desenvolvido a partir
destas reflexões e, com a observação das obras construídas no cemitério São José
localizado na região dos Campos Gerais, na cidade de Ponta Grossa, Estado do
Paraná, foi desenvolvida uma catalogação e classificação de maneira pedagógica
das imagens presentes nas sepulturas com o objetivo de estimular o (a) aluno (a) a
refletir sobre a diversidade da arte nos cemitérios e, através das imagens, auxiliar o
professor em sala de aula, contribuindo com esta iniciativa para uma educação que
valorize a conscientização ambiental e proporcionando uma reflexão voltada para a
apreciação do acervo escultural e arquitetônico.
As imagens que fazem parte integrante da pesquisa foram
colhidas no cemitério São José, utilizando-se de máquina digital e da planta do
referido local. Após a análise do material, foi realizada uma seleção por categorias
estéticas compostas pela estatuária presente nos túmulos. Realizada a primeira
etapa, e selecionadas as imagens, buscou-se a reunião das imagens repetidas em
categorias pré-estabelecidas na primeira seleção.
Com uma explicação da localização dos túmulos nos quais
contém obras de valor artístico, visamos estimular a visitação tendo em vista a
gratuidade de acesso a esses locais, atentando sempre para a questão da
segurança, discutindo atividades que envolvam a educação patrimonial e a arte
funerária como exercício de cidadania e inclusão. Durante o processo de pesquisa
verificamos a coexistência dos mausoléus suntuosos do início do século passado
com jazigos simples e quase sem ornamentos, construídos a partir da década de
1900, são as características principais deste campo santo.
Conforme preceitua ARGAN (1998, p. 13) “para quem trata de
coisas artísticas, estas têm um valor intrínseco, que o especialista reconhece a partir
de certos sinais, ocorrendo uma solidariedade de princípio entre a ação artística e a
ação histórica”. A análise da obra de arte deve prevalecer à matéria estruturada e ao
processo de estruturação. Ainda segundo o autor, no objeto artístico percebemos as
ligações que o artista possui com a sociedade de que é parte integrante, segundo a
qual são compreendidas as preferências e as idéias artísticas.
Para analisarmos a composição do conteúdo artístico cemiterial
presente no Cemitério São José, tomamos como base os processos de estruturação
da estatuária cemiterial presente nos túmulos do cemitério São José, demonstrando
o ordenamento por movimentos artísticos e as várias tendências que pautaram a
produção dos artistas.
Todo o trabalho de observação do cemitério São José aconteceu
com vários instrumentos de coleta de dados tais como, fotos, análise documental,
entrevistas, entre outros, o qual permitiu em certo espaço de tempo, reunir uma
produção científica na temática proposta. Através da análise de algumas esculturas
erigidas pelos artistas como Eugênio Pratti, Roque de Mingo e Gildo Zampol e das
Marmorarias Bergamo, Tavolara, Pontagrossense, Varassin entre outras, foi
almejada a identificação das transformações e dos aspectos da arte cemiterial no
referido cemitério. Através dos levantamentos e a análise dos jazigos e das esculturas,
identificamos a autoria das obras e a produção artística dos escultores dentro do
espaço do cemitério São José, o que possibilitou fazer apontamentos sobre os
movimentos artísticos presentes no campo santo. Como auxílio à observação das
obras, as mesmas foram registradas através de material fotográfico devidamente
catalogado e classificado de acordo com categorias artísticas definidas pela
pesquisadora. Dentro destas categorias, foram escolhidas as obras com maior
potencialidade artística, outras fronteiriças entre a arte e a técnica.
Referências
GRASSI, Clarissa. Um olhar... A arte no silêncio. Copyright© 2006 by Calrissa
Grassi, Curitiba, 2006.
PIACESKI, Tiago Resza e Harry Rodrigues Belomo. Pesquisa cemiterial no estado
de Goiás. Porto Alegre, 2006, 1ª edição.
REZENDE, Eduardo Coelho Morgado. O céu aberto na terra: uma leitura dos
cemitérios de São Paulo na geografia urbana. São Paulo, 2006
MADERS, Martha Thorman Von. Arte Cemiterial.
http://marthacorreaonline3.blogspot.com. Acesso em 26/05/2009.
Disponível
em
ARIÈS, Philippe. História da morte no ocidente. Rio de Janeiro: EDIOURO, 2003.
CANTO JR., AUGUSTO. WEBER, Alcione Lüne. Menina dos meus olhos. Ponta
Grossa: Imprensa Universitária UEPG, 1985.
ARGAN, Giulio Carlo, História da arte como história da cidade. São Paulo:
Editora Martins Fontes, 1998.
FISCHER, Ernst. A necessidade da arte. Tradução Leandro Konder. 9. Ed. – Rio
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http://www.cemiteriosp.com.br/escultores_e_obras.htm - Acessado em 02/08/2010
http://www.cemiteriosp.com.br/escultores_e_obras.htm#ROQUE - Acessado em:
02/08/2010.
http://www.taboaoonline.com.br/zampol.htm - Acessado em 03/08/2010
http://www.grandebrasil.com.br/Brasil/PR_Parana/?Cidade_Ponta_Grossa+6471
Acessado em 14/07/2010.
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KASPRZAK, Cristina Célia, Turismo em Cemitérios: a possibilidade turística do
Cemitério São José de Ponta Grossa – Pr. Ponta Grossa: Monografia de Conclusão
de Curso, 2004.
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