Dissertação - Renovação

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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS
Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciências e Matemática
Albina Carvalho de Oliveira Nogueira
ELABORAÇÃO DE CURSO DE FITOTERAPIA
PARA O ENSINO DE BOTÂNICA, COM BASE NAS
PLANTAS MEDICINAIS SELECIONADAS PELO
MINISTÉRIO DA SAÚDE DE INTERESSE PARA O SUS
Belo Horizonte
2012
Albina Carvalho de Oliveira Nogueira
ELABORAÇÃO DE CURSO DE FITOTERAPIA
PARA O ENSINO DE BOTÂNICA, COM BASE NAS
PLANTAS MEDICINAIS SELECIONADAS PELO
MINISTÉRIO DA SAÚDE DE INTERESSE PARA O SUS
Dissertação apresentada ao Programa de
Pós-graduação em Ensino de Ciências e
Matemática da Pontifícia Universidade
Católica de Minas Gerais, como requisito
parcial para obtenção do título de Mestre
em Ensino de Biologia.
Orientadora: Profª. Drª. Cláudia de
Vilhena Schayer Sabino.
Coorientadora: Profª. Drª Andréa Carla
Chaves.
Belo Horizonte
2012
Albina Carvalho de Oliveira Nogueira
ELABORAÇÃO DE CURSO DE FITOTERAPIA
PARA O ENSINO DE BOTÂNICA, COM BASE NAS
PLANTAS MEDICINAIS SELECIONADAS PELO
MINISTÉRIO DA SAÚDE DE INTERESSE PARA O SUS
Dissertação apresentada ao Mestrado em
Ensino de Ciências e Matemática da Pontifícia
Universidade Católica de Minas Gerais, como
requisito parcial para a obtenção do título de
Mestre em Ensino de Ciências e Matemática.
_____________________________________________________________
Profª. Drª. Cláudia de Vilhena Schayer Sabino (Orientadora) – PUC Minas
_____________________________________________________________
Profa. Dra. Andréa Carla Leite Chaves (Coorientadora) – PUC Minas
_____________________________________________________________
Prof. Dr. David Pereira Neves- Faseh
_____________________________________________________________
Prof. Dr. Wolney Lobato – PUC Minas
Belo Horizonte, 07 de agosto de 2012.
Para Hugo José de Oliveira (in memoriam)
e Alice Ezequiel de Carvalho Oliveira,
meus honrados e queridos pais,
exemplos de amor e dedicação.
Para Marco Antonio,
meu querido esposo,
companheiro de jornada e aprendizado.
Para Ricardo e André,
meus queridos e amados filhos,
alegrias de minha vida.
Para Maria Francisca,
Hugo e Manoel,
meus queridos irmãos.
AGRADECIMENTOS
Foram várias as pessoas que me auxiliaram no desenvolvimento deste
trabalho. No apoio ao curso, nas discussões teóricas, nos trabalhos de campo, na
amizade, no carinho ou na paciência. Cada um, à sua maneira, contribuiu de forma
imensurável para a minha formação como pessoa ou como profissional. Agradeço a
todos que foram fundamentais nesta etapa de minha vida.
À Dra. Profª. Drª. Cláudia de Vilhena Schayer Sabino, que aceitou o desafio
de
me
orientar,
sempre
apoiando
e
aperfeiçoando
com
competência
o
desenvolvimento do meu trabalho. Agradeço, principalmente, por sua confiança,
amizade e disponibilidade de sempre.
À Dra. Andréa Carla Chaves, pelas sugestões, correções, incentivo e apoio.
À Fundação Zoobotânica, na pessoa do seu presidente, Sr. Evandro Xavier
Gomes, e da diretoria executiva, por liberarem parte da minha carga horária de
trabalho no Jardim Botânico (JB) para a realização do mestrado.
À assessoria de comunicação da Fundação Zoobotânica de Belo Horizonte
(FZB-BH), pela divulgação do curso no Diário Oficial do Município.
À Prefeitura de Belo Horizonte (Empresa de Informática e Informação do
Município de Belo Horizonte S/A. - PRODABEL), pela impressão do material didático
distribuído aos alunos do curso de Fitoterapia.
Ao Jardim Botânico da FZB-BH, na pessoa do seu diretor Gladstone Correa
Araújo, por disponibilizar suas instalações e funcionários para as aulas no jardim de
plantas medicinais, ervanário, herbário e produção de mudas.
Ao Conselho Regional de Biologia, na pessoa do seu presidente, Sr.
Gladstone Correa Araújo, por disponibilizar as instalações e funcionários do
Conselho Regional de Biologia (CRBio) para a aplicação do curso.
À Prefeitura de Belo Horizonte (Diário Oficial do Município), Conselho
Regional de Biologia, Sociedade dos Amigos da Fundação Zoobotânica de Belo
Horizonte e à Rede Fito-Cerrado (Ministério da Saúde), por divulgarem o curso
“Fitoterapia para profissionais da saúde”.
Aos coordenadores, professores, funcionários e colegas do mestrado que
conviveram comigo nesse período, pela troca de experiências, informações e
sugestões. Destaco aqui Mariana, pelo carinho, disponibilidade e principalmente por
sua amizade de sempre.
Aos alunos do curso de Fitoterapia não devo agradecer apenas por terem
participado e avaliado o curso, mas também por me terem permitido aprender um
pouco mais sobre o uso das plantas medicinais em várias localidades de Minas
Gerais (Brasil) e em outros países, como a Bolívia e Guiné Bissau.
Especialmente a meus pais, Hugo e Alice, aos quais faço de cada conquista
um instrumento de gratidão e reconhecimento por tudo que recebi deles,
principalmente a confiança necessária para realizar meus sonhos.
Ao meu marido, Marco Antonio, sempre paciente e disponível aos meus
apelos profissionais durante o mestrado e sua participação nos trabalhos de
informática e layout do material didático.
A meus filhos, Ricardo e André, sempre disponíveis nos finais de semana
para fotografarem as atividades durante o curso e, principalmente, pela paciência,
carinho e compreensão nos meus momentos mais difíceis.
À Carolina, minha sobrinha, que muito me ajudou na primeira etapa do curso
como fotógrafa e com suas críticas.
Ao meu irmão, Manoel Domingos, sempre me incentivando, por sua gentileza,
afeto e disponibilidade de sempre, nas minhas dúvidas na elaboração e execução do
meu mestrado.
Aos meus irmãos, Maria Francisca e Hugo, por suas presenças afetivas, pelo
apoio e incentivo constantes.
À minha maravilhosa família Carvalho Oliveira e Nogueira, meus cunhados e
sobrinhos, pelo amor, partilha e alegria que me proporcionam sempre.
Aos colegas do Jardim Botânico, Gladstone Araújo, Marina Torres, Márcia
Bacelar, Miriam Pimentel, Maria Guadalupe Carvalho, Ines Ribeiro, Juliana Ordones,
Fernando Fernandes, Sérgio André, Gustavo Nassif, Rodrigo
Moreira, Carla
Daniela, Magna Lemos e Humberto Espirito Santo (Zoo) pelo apoio, amizade e
contribuição técnica durante o desenvolvimento do meu trabalho.
E, finalmente, agradeço a Deus, a todos meus amigos e àqueles que neste
momento fogem à minha memória, mas que, de alguma forma, deram a sua
contribuição e fazem parte da minha história...
Muito agradecida!
No final, conservaremos somente o que amamos,
amaremos somente o que compreendemos,
compreenderemos somente o que nos é ensinado. (DIOUM).
RESUMO
Baseando-se na importância da capacitação de profissionais da saúde para a
Fitoterapia, a proposta deste trabalho foi elaborar um curso utilizando uma
sequência didática para o ensino de Botânica, tendo como base a Relação Nacional
de Plantas Medicinais de interesse do Sistema Único de Saúde. Na graduação,
extensão e na pós-graduação, em que a Fitoterapia faz parte do conteúdo
programático, a Botânica, quando é enfocada, é quase sempre teórica,
desestimulante, fundamentada em repetição e fragmentação. Utilizam-se métodos
que distanciam o estudo dos vegetais da relação com os outros conteúdos
integrados ao tema. Este trabalho apresenta um conjunto de unidades didáticas
sobre a “Fitoterapia”, com o propósito de focalizar o conteúdo botânico com
sugestões de estratégias para orientar e subsidiar o professor para que ele tenha
mais segurança em abordar a Botânica nos cursos de Fitoterapia para profissionais
da área de saúde. Para a elaboração do curso, foi feito inicialmente um
levantamento sobre o conteúdo de 10 cursos de Fitoterapia. A sequência, elaborada
a partir do modelo proposto por Zaballa, teve como referência as plantas medicinais
indicadas
no
Sistema
Único
de
Saúde
para
a
produção
de
fitofármacos/fitomedicamentos, configurando-se no produto educacional desta
pesquisa. As unidades didáticas foram experimentadas em sala de aula (atividades
teóricas) e no Jardim Botânico da Fundação Zoobotânica de Belo Horizonte
(atividades práticas) com 26 profissionais da área de saúde. Para cada atividade
didática elaborada foram indicados título, objetivos, tempo de duração, material
necessário e desenvolvimento. Foi elaborado material didático para o aluno e para o
professor, com sugestões e direcionamento das aulas, resultando em ferramenta
complementar para capacitar, facilitar e desencadear o processo ensinoaprendizagem na formação dos profissionais da saúde no tocante à Botânica ligada
à Fitoterapia. A partir da apresentação de trabalhos desenvolvidos pelos alunos,
evidenciaram-se mudanças de conceitos, procedimentos e posição mais criteriosa
em relação ao uso das plantas medicinais. Finalizando, os alunos avaliaram o curso,
apresentando suas sugestões e críticas.
Palavras-chave: Sequência didática. Ensino-aprendizagem de Botânica. Fitoterapia.
Sistema Único de Saúde.
ABSTRACT
Based on the importance of training health professionals for Phytoterapy, the
purpose of this study was to develop a course using a didactic sequence for teaching
Botany based on the National List of Medicinal Plants of interest to the Unified Health
System. In extent and in graduate school where Phytoterapy is part of the curriculum,
the focus on botany is often theoretical, unexciting, based on repetition and
fragmentation. They use methods that separate the study of plants from the
relationship with other content integrated into the theme. This research presents a
set of teaching units on the " Phytoterapy " in order to focus on botanical content with
strategies suggestions that guide and subsidize the teacher giving him more
confidence to approach botany in Phytoterapy courses for Health professionals. In
order to prepare the course, initially, a research of the contents and how they are
developed was made in ten courses in Phytoterapy. The sequence, drawn from the
model proposed by Zaballa, had by reference the medicinal plants listed in the
Unified Health System for the production of Phytochemicals / Phytomedicine, setting
up the educational product in this dissertation. The teaching units were tested at the
classroom (theoretical activities) and at the Botanical Garden of the Fundação
Zoobotânica from Belo Horizonte (practical and field activities) with twenty-six health
professionals. For each didactic activity produced, was nominated title, objectives,
duration, required material and development. Teaching material for the student and
the teacher with suggestions and guidance lessons was prepared, resulting in a
complementary tool to enable, facilitate and initiate the teaching / learning process in
the training of health professionals regarding the Botany related to Phytoterapy.
Through the presentation of works developed by students changes in concepts,
procedures and more careful position in relation to the use of medicinal plants were
evidenced. Finally, students evaluated the course by presenting their suggestions
and criticisms.
Keywords: Sequence teaching. Teaching-Learning of Botany. Phytoterapy. Unified
Health System.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
FIGURA 1 – Jardim de plantas medicinais do Jardim Botânico..................... 39
FIGURA 2 – Bauhinia forficata.......................................................................
48
FIGURA 3 - Participantes do curso de fitoterapia: aula expositiva................
58
FIGURA 4 - Participantes do curso em trabalho de grupo............................. 60
FIGURA 5 - Participantes do curso utilizando a apostila...............................
62
FIGURA 6 – Aula expositiva: metabolismo secundário.................................. 64
FIGURA 7 – Aula expositiva: cultivo..............................................................
64
FIGURA 8 – Espécies in
66
natura......................................................................
FIGURA 9 – Aula prática: critérios de utilização............................................
66
FIGURA 10 - Aula prática: formas farmacêuticas..........................................
68
FIGURA 11 - Estufa de cultivo e jardim de plantas medicinais...................... 70
FIGURA 12 - Aula de campo no jardim de plantas medicinais......................
72
FIGURA 13 - Aula de campo no Jardim Botânico (jardim de plantas .
.
medicinais)................................................................................ 72
FIGURA 14 - Coleções secas: herbário e ervanário......................................
73
FIGURA 15 - Aula prática: ervanário.............................................................. 73
FIGURA 16 - Aula prática no Jardim Botânico (ervanário)............................
74
FIGURA 17 – Apresentação dos alunos........................................................
75
FIGURA 18 – Apresentação dos alunos........................................................
75
FIGURA 19 – Entrega de
76
certificados.............................................................
FIGURA 20 – Entrega de
76
certificados.............................................................
FIGURA 21 - Alunos respondendo o questionário.........................................
77
FIGURA 22 – Parte da turma do curso de Fitoterapia...................................
82
16
LISTA DE GRÁFICOS
GRÁFICO 1 - Avaliação do conteúdo programático de 10 cursos de .
.
Fitoterapia para profissionais da área de saúde...................... 50
GRÁFICO 2 - Profissionais da saúde participantes do curso........................
78
LISTA DE QUADROS
QUADRO 1 - Lista de plantas medicinais de interesse do SUS - Relação
Nacional de Plantas Medicinais de Interesse ao SUS (RENISUS)..........
37
QUADRO 2 - Exemplo da caracterização de plantas medicinais no material
.
didático....................................................................................
48
QUADRO 3 - Espécies de plantas medicinais com dados insatisfatórios...... 54
QUADRO 4 - Questionário de avaliação do curso.........................................
77
QUADRO 5 - Avaliação dos alunos em relação ao curso.............................. 78
LISTA DE SIGLAS
CEME - Central de Medicamentos
CRBio - Conselho Regional de Biologia
DAF - Departamento de Assistência e Farmacêutica
DOM - Diário Oficial do Município
FZB - Fundação Zoobotânica
JB - Jardim Botânico
MS - Ministério da Saúde
OMS - Organização Mundial de saúde
PMNPC - Política Nacional de Medicina Natural e Práticas Complementares
PNPI - Política Nacional de Práticas Integrativas
PPPM - Programa de Pesquisas de Plantas Medicinais
PRODABEL – Processamento de dados de Belo Horizonte
RENISUS - Relação Nacional de Plantas Medicinais de Interesse ao SUS
SCTIE - Secretaria de Ciência e Tecnologia e Insumos Estratégicos
SEA - Serviço de Educação Ambiental
SUS - Sistema Único de Saúde
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO............................................................................................
1.1 Justificativa.............................................................................................
1.2 Objetivos.................................................................................................
1.2.1 Objetivo geral......................................................................................
1.2.2 Objetivos específicos.........................................................................
27
29
32
32
32
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA E REVISÃO DA LITERATURA...............
2.1 A Botânica como diretriz nos cursos de Fitoterapia..........................
2.2 Fitoterapia no SUS/ Ministério da Saúde.............................................
2.3 O Jardim Botânico da Fundação Zoobotânica de Belo Horizonte....
2.4 Concepção construtivista e a sequência didática..............................
33
33
35
38
40
3 METODOLOGIA.........................................................................................
3.1 Fase exploratória....................................................................................
3.1.1 Levantamento sobre o ensino de Fitoterapia em instituições de
ensino superior............................................................................................
3.1.2 Pesquisa bibliográfica: sequência didática, ensino de Botânica e
fitoterapia no SUS........................................................................................
3.1.3 Levantamento e seleção dos aspectos mais importantes da teoria
de Zabala para direcionamento da elaboração da sequência didática e do
material didático....................................................................
3.1.4 Levantamento bibliográfico sobre as espécies medicinais indicadas
pelo SUS para a produção de fitomedicamentos/
fitofármacos..................................................................................................
3.1.5 Levantamento fotográfico das espécies medicinais (SUS) no Jardim
Botânico...........................................................................................
3.2 Elaboração do produto..........................................................................
3.2.1 Seleção dos conteúdos importantes para os profissionais da saúde
relativos à Fitoterapia.......................................................................
3.2.2 Elaboração das unidades didáticas que constituirão a sequência
didática do curso com os conteúdos selecionados e as plantas
indicadas.......................................................................................................
3.2.3 Revisão bibliográfica sobre os temas abordados nas atividades..
3.3 Teste do produto....................................................................................
3.4 Coleta de dados......................................................................................
3.5 Análise dos dados..................................................................................
43
43
4 RESULTADOS............................................................................................
4.1 Fase exploratória....................................................................................
4.1.1 Levantamento das instituições de ensino........................................
4.1.2 Cursos diagnosticados/ estrutura.....................................................
4.1.3 Pesquisa bibliográfica: sequência didática, ensino de Botânica e
Sistema Único de Saúde..............................................................................
4.1.4 Levantamento e seleção dos aspectos mais importantes da teoria de
Zabala para a elaboração da sequência didática e do material didático a
ser produzido...............................................................................
43
44
44
45
45
45
46
46
47
47
49
49
50
50
50
50
51
51
4.1.5 Levantamento bibliográfico sobre as espécies medicinais indicadas
pelo SUS para a produção de fitofármacos e/ou
fitomedicamentos.........................................................................................
4.1.6 Levantamento fotográfico das espécies medicinais (SUS) no Jardim
Botânico da Fundação Zoobotânica de Belo Horizonte..............
4.2 Elaboração do produto..........................................................................
4.2.1 Seleção dos conteúdos relativos à Fitoterapia, importantes para os
profissionais da saúde...........................................................................
4.2.2 Elaboração das unidades da sequência didática do curso com os
conteúdos e plantas selecionados........................................................
4.3 Teste do produto....................................................................................
4.3.1 Aplicação do curso.............................................................................
4.4 Coleta de dados......................................................................................
4.5 Análise dos dados..................................................................................
55
56
57
77
78
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS........................................................................
81
REFERÊNCIAS..............................................................................................
83
52
54
55
55
APÊNDICES......................................................................................................... 85
ANEXOS............................................................................................................... 147
27
1 INTRODUÇÃO
O tradicionalismo, a falta de investimentos e estudos são fatores que podem
tornar as atividades de ensino enfadonho e desinteressante. A Botânica, uma
ciência tão rica e fácil de ser apresentada não foge a essa regra. Assim “Atividades
práticas, em sua maioria, apresentam limitações, em decorrência de insegurança
muitas vezes demonstrada pelo professor” (ALMEIDA et al., 2008, p.10). À medida
que se desprende das práticas tradicionais e percebe-se a educação como processo
mais dinâmico, em que professores e alunos desenvolvem o ensino e aprendizagem
de maneira participativa, passa-se a investir em metodologias que ampliam esse
processo.
O ensino de Botânica, hoje, é marcado por diversos obstáculos e tem sido
alvo da preocupação de vários pesquisadores.
As dificuldades em se ensinar e, consequentemente, em se aprender
Botânica tornam a “cegueira Botânica” mais evidente, tanto entre os
estudantes quanto professores. A aquisição do conhecimento em Botânica
é prejudicada não somente pela falta de estímulo em observar e interagir
com as plantas, como também pela precariedade de equipamentos,
métodos e tecnologias que possam ajudar no aprendizado (CECCANTINI,
2006, p. 335).
“O atual currículo nos cursos voltados para a área de saúde vem sendo
motivo de questionamentos e análises de forma sistemática por profissionais e
educadores, bem como a questão dos seus conceitos e sua duração” (ESTEFAN,
1986,p.505). Esses problemas podem ser resolvidos buscando-se uniformidade,
mantendo-se, entretanto, possibilidades de inovação em cada curso, visando
atender às peculiaridades do ensino.
Problemas de saúde derivam geralmente de fatores sociais, econômicos e
políticos e poderão ser modificados com a participação coletiva. Nesse sentido,
urgem o incremento e o estímulo a projetos de educação que se dediquem à
manutenção e à proteção da saúde nos quais se devem incluir atores dos
segmentos tanto da saúde como da educação. Há reconhecimento internacional da
necessidade de mudança na educação em áreas da saúde frente à inadequação do
aparelho formador em responder às demandas sociais.
Na perspectiva desenvolvida por Cunha (2001), a inovação pode contribuir
para a ruptura com o paradigma dominante, fazendo avançar em diferentes âmbitos,
28
formas alternativas de trabalhos que quebrem com a estrutura tradicional. O
processo de mudança na educação traz inúmeros desafios, entre os quais: romper
com estruturas cristalizadas e modelos de ensino tradicional e formar profissionais
da saúde com competências que lhes permitam conhecer novos conceitos e adaptar
esses conceitos à profissão. Um conceito milenar e que hoje tem sido foco de
estudo na área da saúde é a Fitoterapia.
Fitoterapia é a terapêutica caracterizada pelo uso das plantas medicinais em
suas diferentes formas farmacêuticas, sem a utilização de substâncias ativas
isoladas, ainda que de origem vegetal (LUZ NETTO, 1998).
O uso das plantas medicinais não é isento de efeitos colaterais, interações
medicamentosas ou contraindicações. Apresentam substâncias que podem ser
tóxicas,
desencadeando
reações
adversas.
São
necessárias
medidas
de
conscientização da população e educação dos profissionais de saúde para que o
uso racional das plantas medicinais seja disseminado.
A Botânica, nos cursos de Fitoterapia das áreas de saúde, com base no
levantamento feito pela autora em alguns conteúdos programáticos, está sempre
ligada à farmacognosia, fitoquímica e farmacobotânica. As disciplinas em questão
enfocam muito mais a química do que a identificação e os critérios de utilização dos
vegetais. O estudo taxonômico ou as relações entre famílias botânicas e a
constituição química (quimiotaxonomia) são pouco focalizados. Analisando algumas
disciplinas ligadas à fitoterapia para profissionais da saúde, observou-se acentuada
deficiência no conteúdo relacionado às plantas.
Disciplinas clássicas no currículo de Farmácia, como a Botânica e a
Farmacognosia, estão em franco abandono. É necessário retomá-las,
fortalecê-las, como forma de implementar a pesquisa na área de produtos
naturais. Recentemente tem-se ressaltado a importância da Botânica não
apenas no conhecimento de plantas medicinais, mas em outros problemas
relacionados com a saúde ambiental (ESTEFAN, 1986, p.507).
O relatório final da Conferência Nacional de Saúde (1996), realizada no
Brasil, delibera que a Fitoterapia seja incentivada na assistência farmacêutica e
elabora normas para sua utilização nos programas de saúde. Para isso, os
profissionais da área deverão conhecer as plantas medicinais nos cursos de
graduação, extensão e/ou pós-graduação (CONFERÊNCIA NACIONAL DE SAÚDE,
1996).
29
A partir da minha experiência desenvolvendo projetos voltados para plantas
medicinais e educação junto a prefeituras, universidades públicas e privadas e
ministrando cursos nessas instituições e no Jardim Botânico da Fundação
Zoobotânica de Belo Horizonte, foi possível observar a dificuldade do público em
conhecer e estudar Botânica. Tanto para os leigos como para os profissionais em
saúde que usam ou trabalham com plantas medicinais, conhecer o vegetal é
indispensável para lidar corretamente com este assunto.
Considerando os processos de mudança na educação e a demanda por
novas formas de trabalhar com o conhecimento, buscou-se com este trabalho uma
inovação na área da saúde com o estudo dos vegetais na Fitoterapia. O curso aqui
apresentado foi estruturado em unidades didáticas, inseridas num método
construtivista com ênfase em Botânica.
Um curso de Fitoterapia, no qual a prioridade é estudar o vegetal, foi objetivo
e incentivo para a elaboração do meu trabalho final no Mestrado em Ensino de
Ciências e Matemática. O curso Fitoterapia para profissionais da saúde tendo como
base as plantas medicinais indicadas no SUS pode ser uma ferramenta a mais no
programa nacional de saúde e nas instituições de ensino que formam ou
especializam profissionais da área de saúde.
1.1 Justificativa
O uso das plantas como medicamento é um fator marcante na cultura popular
e tão antigo quanto o próprio homem. Antes de aparecer qualquer forma de escrita,
o ser humano já usava as plantas como alimento e remédio. Experimentando e
passando adiante, através da tradição oral, firmou-se o hábito de usar certas ervas
para determinados males (GUIÃO et al., 2004 p.45). A história do uso das ervas
também está associada às lendas, práticas mágicas e ritualísticas.
A utilização das plantas medicinais (fitoterapia) nos programas de atenção
primária, como recomenda a Organização Mundial da Saúde, pode se constituir
numa forma muito útil e econômica de alternativa terapêutica.
Segundo
Guião
et al.
(2004.p.78),
associar o
avanço
tecnológico,
conhecimento popular e desenvolvimento sustentável e implementar uma política de
assistência farmacêutica eficaz, abrangente e humanizada para as populações de
baixa renda passa a ser uma das grandes metas do Sistema Único de Saúde (SUS).
30
Em 1986, o relatório final da 8ª Conferência Nacional da Saúde, realizado em
Brasília, refere-se à introdução de práticas alternativas no SUS e ao acesso
democrático de escolher a terapêutica preferida. Na 10ª Conferência Nacional da
Saúde de 1996, gostaria de destacar duas das deliberações:
a) Incorporar ao SUS, em todo o país, as práticas de saúde como a
fitoterapia, acupuntura e homeopatia, contemplando as terapias
alternativas e práticas populares.
b) O Ministério da Saúde deve incentivar a fitoterapia na Assistência
Farmacêutica Pública e elaborar normas para sua utilização, amplamente
discutidas com os trabalhadores em saúde e especialistas, nas cidades
onde existir mais participação popular com gestores mais empenhados
com a questão da cidadania e dos movimentos populares
(CONFERÊNCIA NACIONAL DA SAÚDE, 1996 p.50).
Desde 1996 sou curadora das coleções de Etnobotânica e Plantas Medicinais
Aromáticas e Tóxicas do Jardim Botânico de Belo Horizonte e a partir de 2008
passei a fazer parte do conselho gestor do Fito Cerrado das Redes Fito (Programa
Nacional de Plantas Medicinais do Ministério da Saúde). Em minha experiência
como participante e ministrante de cursos de Fitoterapia percebo a complexidade
desse conteúdo e a importância em detalhar os critérios de utilização dos vegetais,
principalmente em relação à identificação botânica, para a manutenção e eficácia da
fitoterapia.
Simões et al. (2004) enfatizam que a primeira etapa do estudo de um
fitoterápico é a seleção do material a ser testado. Garantir a uniformidade e a
estabilidade do produto a ser utilizado durante todo ensaio é essencial para a
qualidade de todo o processo. A identificação da planta medicinal oferece
dificuldades já na fase preliminar. “É comum a confusão botânica entre espécies
afins e exemplares de uma mesma espécie colhidos em épocas diferentes ou locais
diferentes, não tendo necessariamente a mesma atividade” (SIMÕES et al.,
2004,p.78). A maioria dos cursos de graduação e/ou extensão mostra muito pouco
ou nada sobre a identificação do vegetal que é indicado na terapia medicinal.
A Política Nacional de Medicina Natural e Práticas Complementares (PMNPC)
(BRASIL, 2006a) tem como uma de suas diretrizes a formação e educação
permanente dos profissionais de saúde em plantas medicinais e fitoterapia. Para
tanto, deverão ser adotadas medidas que possibilitem:
31
1.
Definir localmente, em consonância com a Política Nacional de
Educação Permanente em Saúde, a formação e educação permanente
em plantas medicinais e fitoterapia para os profissionais que atuam nos
serviços de saúde. A educação permanente de pessoas e equipes para
o trabalho com plantas medicinais e fitoterápicos, pactuada junto aos
polos de educação permanente, dar-se-á nos níveis:
1.1. Básico interdisciplinar comum a toda equipe: contextualizando a Política
Nacional de Medicina Natural e Práticas Complementares (PMNPC),
contemplando os cuidados gerais com as plantas medicinais e
fitoterápicos;
1.2. específico para profissionais de saúde de nível universitário: detalhando
os aspectos relacionados à manipulação, uso e prescrição das plantas
medicinais e fitoterápicos;
1.3. especifico para profissionais da área agronômica: detalhando os
aspectos relacionados à cadeia produtiva de plantas medicinais.
2. Estimular a elaboração de material didático e informativo visando apoiar
os gestores do SUS no desenvolvimento de projetos locais de
formação e educação permanente.
3.
Estimular estágios nos serviços de fitoterapia aos profissionais das
equipes de saúde e estudantes dos cursos técnicos e graduação.
4.
Estimular as universidades a inserir nos cursos de graduação e pósgraduação, envolvidos na área, disciplinas com conteúdo voltado para
as plantas medicinais e fitoterapia (BRASIL, 2006a, p.18).
Baseando-se nessa diretriz e considerando os processos de mudança na
educação e a demanda por novas formas de trabalhar com o conhecimento, buscouse com este trabalho uma inovação na área da saúde com o estudo dos vegetais na
Fitoterapia. A elaboração de um curso utilizando uma sequência didática promove a
integração de conteúdos conceituais aos procedimentais e atitudinais, podendo
viabilizar o conteúdo “Botânica”, que geralmente é sinônimo de dificuldade. Utilizar o
Jardim Botânico da Fundação Zoobotânica de Belo Horizonte como laboratório das
aulas de campo pode ser uma estratégia diferenciada e motivadora, transformando
um fato abstrato, o que concerne à identificação das plantas a processos concretos,
visuais, interpretativos e dinâmicos. O estudo diferenciado dos vegetais nos cursos
de graduação ou extensão é de extrema importância e esse conhecimento passa a
ser um diferencial na Fitoterapia.
Com a demanda do Ministério da Saúde (PMNPC e SUS) para a formação de
especialistas nessa área, este estudo foi uma iniciativa de priorizar o conhecimento
botânico nos cursos de Fitoterapia para profissionais da área de saúde com
estratégias que motivem e facilitem o ensino-aprendizagem dos conteúdos
abordados.
32
1.2 Objetivos
O objetivo primordial dessa dissertação foi a elaboração de um curso de
Fitoterapia para profissionais da saúde tendo a Botânica como diretriz a seguir é
exposto os obejtivos gerais e específicos.
1.2.1 Objetivo geral
O objetivo geral deste trabalho foi elaborar e testar um material didático para
um curso de Fitoterapia tendo como base as plantas medicinais selecionadas pelo
Ministério
da
Saúde
de
interesse
para
o
SUS
na
produção
de
fitofármacos/fitomedicamentos.
1.2.2 Objetivos específicos
a) Levantar os princípios básicos do estudo de Botânica nos cursos de
Fitoterapia para profissionais de saúde.
b) Inserir as espécies de plantas medicinais selecionadas no SUS como
modelo no ensino de Botânica em cursos de Fitoterapia para profissionais
da área de saúde.
c) Elaborar sequência didática e material educativo, voltado para professores
e alunos, visando aprimorar o processo ensino-aprendizagem de botânica.
d) Ministrar curso de Fitoterapia direcionado para profissionais da saúde,
abordando as espécies medicinais selecionadas no SUS e usando a
sequência didática elaborada como método de ensino.
e) Utilizar o Jardim Botânico da Fundação Zoobotânica de Belo Horizonte
como espaço educacional no ensino de Botânica nos cursos de Fitoterapia
direcionados para profissionais de saúde.
f) Avaliar o curso e o material educativo produzido.
33
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA E REVISÃO DE LITERATURA
Esta dissertação fundamentou-se na Botânica como diretriz nos cursos de
fitoterapia, a relação nacional de plantas medicinais de interesse para o SUS, o
Jardim Botânico como espaço de aprendizagem e a sequência didática como
método de ensino.
2.1 A Botânica como diretriz nos cursos de Fitoterapia
O conhecimento botânico é indispensável na terapia medicinal, para evitar
que muitas espécies sejam utilizadas de maneira incorreta, pois a identificação da
planta é determinante para o seu uso. A qualidade e eficácia da fitoterapia começam
com a identificação científica do vegetal.
Como primeiro critério para a utilização das plantas medicinais, a identificação
botânica é um dos aspectos mais delicados na fitoterapia e se traduz como a
identidade dos vegetais. Por ser baseada em nomes vernaculares, a verdadeira
identidade de uma planta recomendada pode variar significativamente de região
para região. Plantas completamente distintas podem ter o mesmo nome popular,
algumas acumulam um grande número deles para a mesma espécie (LORENZI;
MATOS, 2002). A espécie Chenopodium ambrosioides L. conta com 27 nomes
populares. As interpretações taxonômicas errôneas podem não só induzir o usuário
a utilizar plantas sem o princípio ativo desejado, como também induzi-lo a fazer uso
de outra espécie que pode ser perigosa.
Outro critério importante a ser considerado é relativo à parte da planta
medicinal a ser usada como remédio, uma vez que os princípios ativos não são
distribuídos igualmente em todos os órgãos da planta.
Na maioria das vezes, somente se emprega uma parte da planta para fins
medicinais, sendo as demais consideradas inertes, ou mesmo substâncias
tóxicas. Como exemplo desta situação pode ser citado a Lantana camara que suas folhas são indicadas para afecções do sistema respiratório ao
passo que seus frutos são considerados tóxicos (GUIÃO et al., 2004, p. 45).
O uso das plantas medicinais vem crescendo devido ao baixo custo,
facilidade de obtenção e a crença popular de que tudo que é natural é inofensivo.
Para conhecer as plantas medicinais, é importante entender que os vegetais são
34
constituídos de substâncias químicas, logo, dizer que é natural, portanto, não faz
mal é um erro. Pouco se sabe sobre a constituição química dos vegetais e o risco
que pode acarretar à saúde o seu uso indiscriminado sem o respaldo científico.
O homem primitivo, ao procurar plantas para seu sustento, foi descobrindo
espécies com ação tóxica ou medicinal, dando início a uma sistematização empírica
dos vegetais, de acordo com o uso que podia fazer deles. Indícios do uso de plantas
medicinais e tóxicas foram encontrados nas mais antigas civilizações.
A grande diversidade de formas vegetais tornou necessária uma
sistematização, muitas vezes artificial, com base em critérios de mais fácil
utilização, agrupando aquelas formas com mais semelhança externa e
interna em níveis hierárquicos, dependentes do grau de uniformidade de
suas características. A hierarquização e a caracterização dos diferentes
grupos de vegetais originaram os sistemas de classificação. Os sistemas
mais antigos baseavam-se em características morfológicas externas,
agrupando as espécies em divisões naturais, tais como algas, briófitas,
pteridófitas, gimnospermas e angiospermas. Os sistemas artificiais dos
quais o mais conhecido foi o de Lineu, baseavam-se apenas em algumas
características morfológicas, utilizando como regra a teoria da imutabilidade
das espécies (SIMÕES et al., 2004 p.75).
Com Wallace e Darwin, os sistemas filogenéticos foram baseados na teoria
da evolução que reflete a história evolutiva dos táxons, arranjando-os de acordo com
afinidades existentes entre eles (BEZERRA; FERNANDES, 1984, p. 100). Desses
sistemas, o que alcançou mais divulgação na primeira metade do século XX foi o de
Engler, em várias edições modificadas. Os sistemas de classificação são sempre
aperfeiçoados, sofrendo alterações a cada nova descoberta.
Atualmente,
os
sistemas
usuais,
elaborados
com
base
em
dados
morfológicos, fitoquímicos, micromorfológicos, isto é, ultraestruturais, entre outros
(como, por exemplo, para angiospermas, os de Cronquist, 1988), estão sendo alvo
de novas propostas de modificações, baseadas principalmente no conhecimento da
biologia molecular, cujos dados são obtidos a partir do sequenciamento de porções
do genoma de cada táxon (BEZERRA; FERNANDES, 1984, p. 100).
Domingues(1973,p.281) conceitua a quimiotaxonomia como um ramo da
ciência que usa as características químicas, em particular os metabólitos
secundários (alcaloides, terpenoides, flavonoides, entre outros) de um conjunto de
organismos, para determinar uma classificação hierárquica dos seres vivos. A
biologia molecular é considerada uma boa ferramenta para a formulação e o
entendimento de hipóteses e teorias evolutivas, proporcionando consciência aos
35
sistemas ultimamente propostos. De acordo com Daly, Cameron e Stevenson
(2001,p.1329), essa nova metodologia não exclui todas as outras ferramentas
clássicas utilizadas na caracterização dos táxons, como os caracteres morfológicos
comparativos, externos e internos, os embriológicos, os paleontológicos, entre
outros.
Simões et al. (2004) complementam que as características morfológicas
externas possibilitam, via de regra, a classificação de uma espécie vegetal em
qualquer nível hierárquico. No entanto, algumas vezes são necessárias observações
complementares da organização interna, estudos embriológicos e/ou análise dos
metabólitos secundários para estabelecer fidedignamente tal classificação.
A atenção ao conhecimento botânico em cursos de Fitoterapia é base para
todo o processo de utilização das plantas medicinais. Desde o cultivo, a prospecção
fitoquímica até testes clínicos, é indispensável, em primeiro lugar, identificar
corretamente o vegetal estudado e/ou utilizado.
2.2 Fitoterapia no SUS/ Ministério da Saúde
As plantas medicinais vêm sendo utilizadas pelos humanos ao longo da
história da humanidade no tratamento e cura de enfermidades.
O uso das plantas medicinais nasceu provavelmente na Pré-História,
quando, a partir da observação do comportamento dos animais na cura de
suas feridas e doenças, os homens descobriram as propriedades curativas
das plantas e começaram a utilizá-las, levando ao acúmulo de
conhecimentos empíricos que foram passados de geração para geração
(FERRO, 2006, p.114).
No Brasil, a adoção da Política Nacional de Práticas Integrativas e
complementares (PNPI) no SUS abriu um novo acesso ao conhecimento das plantas
medicinais brasileiras e ao emprego correto para recuperação e manutenção da
saúde. Foi um avanço no processo de fusão do saber do povo com o saber do
técnico, conhecido por Programa de Pesquisas de Plantas Medicinais (PPPM). Esse
programa, desenvolvido por pesquisadores brasileiros apoiados pelo Ministério da
Saúde por meio do setor de pesquisas da antiga Central de Medicamentos (CEME),
foi uma inovação na área da saúde. A Política Nacional de Plantas Medicinais
(Ministério da Saúde) visa garantir o acesso a plantas medicinais, fitoterápicos e
36
fitomedicamentos, com serviço eficaz e de qualidade. Conhecer o vegetal é
fundamental para obter essa qualidade desejada.
A Fitoterapia é uma palavra que une dois radicais gregos: phyton, que
significa planta, e therapia, tratamento. É a terapêutica caracterizada pelo
uso de plantas medicinais em suas diferentes formas farmacêuticas, sem a
utilização de substâncias ativas isoladas, ainda que de origem vegetal
(BRASIL, 2006b, p. 46).
A fitoterapia é uma terapêutica popular milenar, com reconhecimento pela
Organização Mundial de Saúde (OMS). O uso de fitoterápicos com finalidade
profilática, curativa, paliativa ou com fins de diagnóstico passou a ser oficialmente
reconhecido pela OMS em 1978, quando foi recomendada a difusão mundial dos
conhecimentos necessários para o uso de vegetais na Medicina. Considerando-se
as plantas medicinais importantes instrumentos da assistência farmacêutica, vários
comunicados e resoluções da OMS expressam a posição do organismo a respeito
da necessidade de valorizar o uso desses medicamentos, no âmbito sanitário.
É sabido que 80% da população mundial dependem das práticas
tradicionais no que se refere à atenção primária à saúde, e 85% dessa
parcela utiliza plantas ou preparações à base de vegetais. Ressalte-se aí
que 67% das espécies vegetais medicinais do mundo são originadas dos
países em desenvolvimento (ALONSO, 1999, p. 21).
Em seu papel institucional, o Ministério da Saúde desenvolve diversas ações
junto a outros órgãos governamentais e não governamentais para a elaboração de
políticas públicas voltadas para a inserção de plantas medicinais e da fitoterapia no
SUS e para o desenvolvimento do setor. A cadeia produtiva de plantas medicinais e
fitoterápicos tem interface com diversas áreas do conhecimento e demanda,
portanto, ações multidisciplinares. Nesse sentido, os resultados esperados, no
âmbito da saúde, dependem das normas que regulam todas as etapas e das ações
dos parceiros responsáveis.
Para buscar ações conjuntas e complementares, o Ministério da Saúde
reuniu as várias iniciativas no setor. Entre as iniciativas: a Proposta de
Política Nacional de Plantas Medicinais e Medicamentos Fitoterápicos
(2001), o Seminário Nacional de Plantas Medicinais, Fitoterápicos e
Assistência Farmacêutica (2003), o Diagnóstico Situacional de Programas
de Fitoterapia no SUS (2004/05), a Política Nacional de Práticas Integrativas
e Complementares no SUS (2003/05) e, mais recentemente, em 2005, a
criação, por decreto presidencial, do Grupo de Trabalho Interministerial para
elaborar a Proposta de Política Nacional de Plantas Medicinais e
Fitoterápicos (BRASIL, 2006, p. 60).
37
A aplicação das plantas medicinais pelo SUS disciplina o emprego da
fitoterapia por populações que têm como única opção para o tratamento de seus
males o uso empírico dos vegetais. Valoriza a cultura popular e regulariza, a partir
de estudos científicos, a validade e comprovações para o uso das plantas.
Várias espécies medicinais foram estudadas e submetidas a pesquisas
relativas a ensaios pré-clínicos, clínicos, atividade biológica e toxicidade, resultando
em 71 espécies na Relação Nacional de Plantas Medicinais de Interesse do SUS
(BRASIL, 2009). As 71 plantas medicinais (QUADRO 1) foram abordadas neste
trabalho entre as inúmeras utilizadas pela população brasileira.
Quadro 1 - Lista de plantas medicinais de interesse do SUS - Relação Nacional
de Plantas Medicinais de Interesse ao SUS (RENISUS)
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
15
16
17
18
19
20
21
22
23
Espécies vegetais
Achillea millefolium
37 Lippia sidoides
Allium sativum
38 Malva sylvestris
Aloe spp* (A. vera ou A. barbadensis) 39 Maytenus spp* (M.aquifolium ou M.ilicifolia)
Alpinia spp* (A.zerumbet ou
40 Mentha pulegium
A.speciosa)
Mentha spp* (M.crispa, M. piperita ou M.
Anacardium occidentale
41
villosa)
Ananas comosus
42 Mikania spp* (M. glomerata ou M. laevigata)
Apuleia ferrea = Caesalpinia ferrea *
43 Momordica charantia
Arrabidaea chica
44 Morus sp*
Artemisia absinthium
45 Ocimum gratissimum
Baccharis trimera
46 Orbignya speciosa
Bauhinia spp* (B. affinis, B. forficata ou
Passiflora spp* (P. alata, P. edulis ou P.
47
B. variegata)
incarnata)
Persea spp* (P. gratissima ou P.
Bidens pilosa
48
americana)
Calendula officinalis
49 Petroselinum sativum
Phyllanthus spp* (P. amarus, P.niruri, P.
Carapa guianensis
50
tenellus e P. urinaria)
Casearia sylvestris
51 Plantago major
Chamomilla recutita = Matricaria
52 Plectranthus barbatus = Coleus barbatus
chamomilla = Matricaria recutita
Polygonum spp* (P. acre ou P.
Chenopodium ambrosioides
53
hydropiperoides)
Copaifera spp*
54 Portulaca pilosa
Cordia spp* (C. curassavica ou C.
55 Psidium guajava
verbenacea) *
Costus spp* (C. scaber ou C. spicatus) 56 Punica granatum
Croton spp(C.cajucara ou C.zehntneri) 57 Rhamnus purshiana
Curcuma longa
58 Ruta graveolens
Cynara scolymus
59 Salix alba
38
24
25
26
27
28
29
30
31
32
33
34
35
Dalbergia subcymosa
Eleutherine plicata
Equisetum arvense
Erythrina mulungu
Eucalyptus globulus
Eugenia uniflora ou Myrtus brasiliana*
Foeniculum vulgare
Glycine max
Harpagophytum procumbens
Jatropha gossypiifolia
Justicia pectoralis
Kalanchoe pinnata = Bryophyllum
calycinum*
36 Lamium album
60
61
62
63
64
65
66
67
68
69
70
71
Schinus terebinthifolius = Schinus aroeira
Solanum paniculatum
Solidago microglossa
Stryphnodendron barbatimão
Syzygium spp* (S.jambolanum ou S.cumini)
Tabebuia avellanedeae
Tagetes minuta
Trifolium pratense
Uncaria tomentosa
Vernonia condensata
Vernonia spp* (V.ruficoma ou V.polyanthes)
Zingiber officinale
Fonte: BRASIL, 2009
2.3 O Jardim Botânico da Fundação Zoobotânica de Belo Horizonte
Os jardins botânicos mantêm coleções de plantas vivas ou secas. Uma
coleção de plantas vivas é um conjunto de plantas cultivadas para um propósito
definido. Entre as várias coleções, o Jardim Botânico da Fundação Zoobotânica de
Belo Horizonte possui um jardim de plantas medicinais aromáticas e tóxicas com
aproximadamente 200 espécies usadas pela população brasileira. A Fundação
Zoobotânica é um órgão da administração indireta da Prefeitura de Belo Horizonte,
capital do estado de Minas Gerais. “A missão da FZB-BH é contribuir para a
conservação da natureza, realizando ações de educação, pesquisa e lazer que
sensibilizem as pessoas para o respeito à vida” (NOGUEIRA et al., 2011, p. 109).
A coleção de plantas medicinais e tóxicas no Jardim Botânico da FZB-BH
2
está distribuída em um jardim de 1.000 m e tem como propósito a
identificação das plantas usadas na medicina popular e a investigação de
dados sobre a toxicidade e propriedades medicinais das mesmas. Esses
dados retornam à população através de cursos, atendimentos a pesquisas e
interpretação da coleção. Este jardim foi definido de maneira a abordar
didaticamente a diversidade das espécies medicinais distribuindo-as em
canteiros identificados de acordo com as seguintes categorias: tóxicas,
suculentas, frutíferas, nativas, místicas, condimentos, herbáceas,
ameaçadas de extinção e medicina dos signos (COSTA, 2004, p. 23-24).
De acordo com Nogueira et. al.(2011) o jardim de plantas medicinais do
Jardim Botânico da FZB-BH foi planejado em forma de cocar indígena e é disponível
à visitação pública estimada 1 milhão/ano.
39
A coleção de plantas medicinais tem o objetivo de mostrar a importância do
uso dessas espécies no contexto da preservação. Reforça, também, os aspectos
culturais e a avaliação crítica, baseada em informações científicas quanto ao uso
terapêutico das plantas expostas.
A coleção de plantas secas é uma forma de armazenar, por mais longo prazo,
o material botânico que deve ser devidamente desidratado para, posteriormente,
servir de referência. As coleções de plantas secas compreendem um herbário com
cerca de 9.000 exsicatas, um ervanário com 140 amostras de partes de plantas
citadas na farmacopeia e uma coleção carpológica com 1.533 amostras de frutos e
sementes. As coleções temáticas dos jardins botânicos são organizadas para fins
educacionais e científicos e para exibição pública.
O Jardim Botânico (JB) oferece ao público cursos regulares sobre plantas
medicinais, abordando aspectos históricos, botânicos, fitoquímicos e de uso dos
vegetais.
Com o objetivo de introduzir uma metodologia que facilite o ensino de
Botânica nos cursos de Fitoterapia para profissionais da saúde, neste trabalho
utilizou-se o Jardim Botânico da Fundação Zoobotânica de Belo Horizonte como
espaço de aprendizagem. Isso permitiu o reconhecimento das espécies medicinais
indicadas no SUS, o que foi muito importante no desenvolvimento das atividades
práticas e de trabalho de campo do curso aqui proposto.
Figura 1- Jardim de plantas medicinais do Jardim Botânico
Fonte: Acervo do Jardim Botânico/Fundação Zoobotânica-BH.
40
2.4 Concepção construtivista e a sequência didática
De acordo com Zabala (2010), os processos educativos são suficientemente
complexos para que não seja fácil reconhecer todos os fatores que os definem. Para
obter resultados satisfatórios no ensino-aprendizagem do tema fitoterapia, é
necessário conhecer vários conteúdos que se completam. Para tanto, o método de
sequência didática possibilita a ordenação dos conteúdos dentro da complexidade
do tema.
A sequência didática apresenta desafios cada vez maiores aos alunos,
permitindo a construção do conhecimento. Utiliza-se um processo no qual o
planejamento, execução e avaliação devem assegurar um sentido integral às
variáveis metodológicas que caracterizam as unidades de intervenção pedagógica.
As sequências didáticas ou sequências de atividades do ensino-aprendizagem são,
segundo Zabala (2010), “um conjunto de atividades ordenadas, estruturadas e
articuladas para a realização de certos objetivos educacionais, que têm um princípio
e um fim conhecidos tanto pelos professores como pelos alunos” (ZABALA, 2010
p.50).
Zabala (2010) explicita que a ordenação articulada das atividades seria o
elemento diferenciador das metodologias e que o primeiro aspecto característico de
um método é o tipo de ordem em que se propõem as atividades. O autor ressalta
que o parcelamento da prática educativa tem certo grau de artificialidade, explicável
pela dificuldade em encontrar um sistema interpretativo adequado, que deveria
permitir o estudo do conjunto de todas as variáveis incidentes nos processos
educativos.
A sequência considera a importância das intenções educacionais na definição
dos conteúdos de aprendizagem e o papel das atividades que são propostas. Alguns
critérios para análise das sequências reportam que os conteúdos de aprendizagem
agem explicitando as intenções educativas, podendo abranger os conteúdos nas
seguintes dimensões:
a) Conceituais: em que a aprendizagem nunca pode ser considerada acabada,
uma vez que sempre existe a possibilidade de ampliação ou aprofundamento
já apropriados (ZABALLA, 2010, p.81).
41
b) Procedimentais: apresentam um conjunto de ações ordenadas e com um fim,
ou seja, dirigidas para a realização de um objetivo. Apresenta-se o modelo, o
aluno é conduzido por meio da pratica guiada a assumir de forma progressiva
o controle, a direção e a responsabilidade na execução do conteúdo
(ZABALLA, 2010, p.82).
c) Atitudinais: englobam uma série de conteúdos que, por sua vez, podem ser
agrupados nas categorias, atitudes e normas. Para que esse conhecimento
se transforme em referência de atuação, é preciso mobilizar todos os recursos
relacionados ao componente afetivo. A atividade de ensino necessária se
traduz na “cooperação”. Ao longo do curso e em todas as unidades haverá
vivências ou experiências cruciais para a aprendizagem do conteúdo
(ZABALLA, 2010, p.83).
Partindo do princípio de que a Fitoterapia é constituída de vários conteúdos,
tanto conceituais quanto procedimentais, o conteúdo atitudinal passa a ser essencial
na sequência didática. Desse modo, o aluno se torna atuante e deixa de ser um
mero ouvinte, pois nesse método utilizam-se o diálogo, o debate, o trabalho em
grupo e o trabalho de campo, o que favorece a socialização, implicando o aprender
a ser, existindo aí uma consciência educativa. A concepção construtivista promove
atividades mentais do aluno e permite estabelecer relações entre os novos
conteúdos e os conhecimentos prévios.
A concepção construtivista partindo da natureza social e socializadora da
educação escolar e do acordo construtivista que desde algumas décadas se
observa nos âmbitos da Psicologia do desenvolvimento e da aprendizagem
reúne uma série de princípios que permitem compreender a complexidade
dos processos de ensino-aprendizagem e que articulam em torno da
atividade intelectual implicada na construção de conhecimentos (ZABALA,
2010, p.40).
A sequência didática permite o levantamento de problemas que possibilitam
intervenções (ações educativas), em conjunto com os participantes na tentativa de
buscar caminhos para a resolução de problemas. O planejamento de uma unidade
didática, conforme Zabala (2010), configura-se como uma sequência de atividades.
As atividades que formam uma sequência didática podem restringir-se
apenas a conteúdos conceituais, mas Zabala (2010) chama a atenção para a
necessidade de ampliação dos objetivos de ensino para abranger, também,
42
conteúdos procedimentais e atitudinais. Os conteúdos assim classificados envolvem
variadas dimensões da formação do aluno, porque articula esses conteúdos.
Os temas utilizados nos cursos de Fitoterapia são geralmente conteúdos
conceituais. A sequência didática possibilita introduzir as vivências ou experiências
cruciais para a aprendizagem dos conteúdos.
43
3 METODOLOGIA
Na execução deste trabalho foram elaboradas unidades didáticas de uma
sequência didática desenvolvida como pesquisa-ação para alunos de um curso de
Fitoterapia. Como base e modelo, foram usadas as plantas medicinais selecionadas
pelo
Ministério
da
Saúde,
de
interesse
na
produção
de
fitofármacos/
fitomedicamentos no SUS.
O curso foi direcionado para profissionais e/ou estudantes da área de saúde
que utilizam as plantas medicinais como objeto de trabalho.
A metodologia foi dividida em cinco etapas:
3.1 Fase exploratória
Constituiu-se do levantamento sobre o ensino de Fitoterapia em instituições
de ensino superior, pesquisa bibliográfica sobre sequência didática, ensino de
Botânica e fitoterapia no (SUS), pesquisa bibliográfica sobre a metodologia a ser
aplicada na produção de um curso de Fitoterapia para profissionais da saúde e
levantamento fotográfico das espécies de Plantas medicinais indicadas no SUS .
3.1.1 Levantamento sobre o ensino de Fitoterapia em instituições de ensino
superior
Trata-se de pesquisa na internet e em curso de especialização para médicos,
em que a autora participou como ministrante.
Com o objetivo de conhecer o conteúdo programático dos cursos de
Fitoterapia ministrados na área de saúde e, principalmente, como a Botânica é
enfatizada nesses cursos, inicialmente foi feito levantamento em 10 instituições de
ensino superior, que oferecem cursos de Fitoterapia na graduação e/ou pósgraduação na área de saúde.
Como as plantas medicinais são foco desses cursos, é importante o estudo
sobre a Biologia e, principalmente, a identificação dos parâmetros indispensáveis na
definição e manutenção do uso das plantas como remédio.
Assim, podem-se resumir os objetivos dessa etapa como:
44
a) Conhecer a estrutura de alguns cursos aplicados a profissionais da saúde
no tocante ao conhecimento biológico e taxonômico das plantas
medicinais.
b) Identificar as espécies citadas nos cursos e compará-las com as espécies
indicadas no SUS.
c) Observar e analisar o ensino de Botânica relacionado aos critérios de
utilização das plantas medicinais nos cursos citados.
3.1.2 Pesquisa bibliográfica: sequência didática, ensino de Botânica e
fitoterapia no (SUS)
Após a avaliação dos cursos pesquisados e tendo como embasamento o
conhecimento botânico, selecionaram-se os conteúdos que seriam contemplados no
curso de Fitoterapia para profissionais da saúde. Para direcionar, utilizou-se a
metodologia de unidades didáticas, propondo uma sequência de atividades
favoráveis ao professor e ao aluno, e a autonomia referida e explicitada por Zabala
(2010).
A partir da pesquisa bibliográfica foi estruturado o curso de Fitoterapia para
profissionais da saúde, abordando as espécies medicinais indicadas no SUS
(BRASIL, 2009).
3.1.3 Levantamento e seleção dos aspectos mais importantes da teoria de
Zabala para direcionamento da elaboração da sequência didática e do
material didático
A distribuição dos conteúdos teve como base a organização sistemática de
conteúdos conceituais em que a aprendizagem nunca pode ser considerada
acabada, uma vez que existe sempre a possibilidade de ampliação ou
aprofundamento de conteúdos já apropriados e a importância da interação entre
aluno e professor na perspectiva de melhorar a prática educativa.
Para a elaboração das unidades didáticas, este estudo apoiou-se em
pesquisas referentes ao uso das plantas medicinais, a quimiotaxonomia, a
identificação botânica, a história e curiosidades sobre cada planta.
45
As atividades foram planejadas de acordo com a sequência didática
recomendada por Zabala (2010), na qual o aluno apresenta questionamentos,
pesquisas pessoais e, no presente caso, o uso mais criterioso das plantas
medicinais como terapia medicamentosa.
3.1.4 Levantamento bibliográfico sobre as espécies medicinais indicadas pelo
SUS para a produção de fitomedicamentos/fitofármacos
Para as pesquisas sobre as características botânicas e a fitoquímica, foram
usados periódicos, dissertações de mestrado e doutorado, livros e revistas
científicas das áreas de Botânica (taxonomia e plantas medicinais), Química,
Farmacognosia e Ensino de Botânica.
Entre as 71 espécies medicinais (BRASIL, 2009), foram selecionadas as que
possuem mais complexidade nos estudos e pesquisas para serem inseridas no
material didático (baseando-se desde a identificação botânica até os testes clínicos).
3.1.5 Levantamento fotográfico das espécies medicinais (SUS) no Jardim
Botânico
Com o objetivo de identificar morfologicamente as espécies medicinais
indicadas no SUS foi feito levantamento fotográfico no acervo do JB e do Centro de
Documentação da Fundação Zoobotânica de Belo Horizonte.
Na pesquisa identificou-se a maioria das espécies medicinais que constam da
lista do SUS (BRASIL, 2009).
No acervo do Jardim Botânico e Centro de Documentação da FZB-BH foram
identificadas e selecionadas as fotos das espécies de plantas medicinais da
RENISUS. Algumas espécies que não constam no acervo foram fotografadas
durante o trabalho.
3.2 Elaboração do produto
Para a elaboração do produto (curso de Fitoterapia para profissionais da saúde)
foi necessário selecionar conteúdos, elaborar unidades didáticas e fazer um
46
levantamento bibliográfico em literatura especializada. Cada tópico será detalhado a
seguir.
3.2.1 Seleção dos conteúdos importantes para os profissionais da saúde
relativos à Fitoterapia
Objetivando facilitar o ensino-aprendizagem e inserir itens importantes e
relevantes ao estudo dos vegetais, optou-se por distribuir os conteúdos
programáticos nos seguintes itens:
a) Plantas medicinais e história.
b) Taxonomia
vegetal:
a
diversidade
biológica
(reinos
e
espécies
medicinais).
c) Metabolismo secundário/quimiotaxonomia.
d) Identificação botânica.
e) Critérios de utilização das plantas medicinais.
f)
Formas de preparo das plantas medicinais: formas farmacêuticas.
g) Cultivo das plantas medicinais.
Baseando-se no conteúdo e planejamento do curso, foi elaborada uma
apostila para acompanhamento das aulas pelos alunos.
3.2.2 Elaboração das unidades didáticas que constituirão a sequência didática
do curso com os conteúdos selecionados e as plantas indicadas
Na elaboração da sequência utilizou-se como exemplo a unidade quatro do
livro de Zaballa (2010, p. 61), no qual, nas atividades que formam a sequência,
aparecem conteúdos conceituais, procedimentais e atitudinais. Os alunos controlam
o ritmo da sequência atuando através do diálogo, discussão e trabalho em grupos.
Para a elaboração da sequência foram feitas pesquisas sobre cada item
citado anteriormente a fim de explicitar o estudo referente à Fitoterapia. Resultaram
8 unidades didáticas de acordo com o conteúdo, acrescentando-se a visita ao
Jardim Botânico da FZB-BH. Cada unidade apresentou a seguinte estrutura: título,
47
objetivos, duração, número de participantes, material utilizado, desenvolvimento e
considerações.
3.2.3 Revisão bibliográfica sobre os temas abordados nas atividades
Consistiu-se na definição dos itens de maior relevância na elaboração das
unidades didáticas introduzida no material didático para o acompanhamento das
atividades pelos alunos e direcionamento do professor.
3.3 Teste do produto
A aplicação do curso teve várias etapas, que incluíram:
Programação do curso:
a) Definição do local, carga horária e data (aulas teóricas e de campo). Foi feito
levantamento sobre locais mais adequados levando-se em conta o acesso
mais fácil para o aluno e a infraestrutura para a aplicação do curso.
b) Material necessário: levantamento de todos os materiais necessários para a
elaboração do curso e sua aplicação.
c) Divulgação: levantamento e contato em vários órgãos de divulgação.
d) Aplicação do curso de Fitoterapia para profissionais da saúde.
e) Avaliação
f) Certificados
As aulas foram direcionadas utilizando-se as plantas indicadas no SUS.
Foram caracterizadas 25 entre as 71, com os seguintes itens: identificação botânica,
nomes populares, família botânica, origem, usos, constituição química, partes da
planta a serem usadas, como usar, curiosidades, toxicidade e fotos para a
identificação. Um exemplo está apresentado no QUADRO 2.
48
Quadro 2 - Exemplo da caracterização de plantas medicinais no material
didático
Exemplo: Bauhinia forficata
Nomes populares: pata de vaca, bauínia, miriró, capa de bode, pata de boi, pata
de veado, unha de vaca.
Família: Fabaceae (Leguminosae)
Origem: Brasil
Usos: antidiabético, diurético, purgante e usado no tratamento da cistite e do
diabetes.
Constituição química: esteroides, flavonoides livres e glicosilados, alcaloides
(trigonelina), antocianidinas, sistosterol, mucilagens, saponinas, taninos,
triterpenoides.
Partes usadas: toda a planta.
Como pode ser usada: folhas, flores e cascas.
Curiosidade: os primeiros estudos que confirmaram a atividade hipoglicemiante
foram refutados por um estudo mais recente, publicado em 1990. A árvore
apresenta espinhos, as flores são brancas com folhas coriáceas com aspecto de
pata de vaca. Gênero dedicado aos irmãos Bahuin, botânicos suíços do século
XVI.
Observação: atividade mutagênica induzindo a formação de tumores e
bócio.
Fonte: Elaborado pela autora.
Figura 2 - Bauhinia forficata
Fonte: Acervo da Fundação Zoobotânica
As unidades didáticas foram testadas com os participantes do curso.
Inicialmente, os alunos foram informados sobre os objetivos e a intenção de utilizar
os dados obtidos durante o desenvolvimento do curso nesta dissertação de
mestrado.
49
3.4 Coleta de dados
Foi aplicado um questionário visando avaliar o curso “Fitoterapia para
profissionais da saúde (abordando as espécies medicinais indicadas no SUS)”,
considerando-se quatro aspectos fundamentais: treinamento, material didático,
instrutor e aplicabilidade do curso.
3.5 Análise dos dados
Para a organização e análise, os dados coletados sobre a avaliação e
impressão dos alunos sobre o curso “Fitoterapia para profissionais da saúde”
(abordando as espécies medicinais indicadas no SUS) foram apresentados na forma
de quadro.
50
4 RESULTADOS
Os resultados foram descritos de acordo com as etapas metodológicas e teve
como produto o Curso de Fitoterapia para profissionais da saúde abordando relação
das plantas medicinais de interesse do SUS .
4.1 Fase exploratória
A fase exploratória resultou no levantamento dos 10 cursos (de Fitoterapia)
pesquisados em instituições de ensino de nível superior .
4.1.1 Levantamento das instituições de ensino
Para este estudo foram pesquisados 10 cursos, apresentados no ANEXO A.
Os dados coletados estão apresentados no GRÁF. 1.
4.1.2 Cursos diagnosticados/ estrutura
Gráfico 1 - Avaliação do conteúdo programático de 10 cursos de Fitoterapia
para profissionais da área de saúde
Fonte: Elaborada pela autora
51
Observa-se que os cursos em geral não focalizam o estudo dos vegetais,
citando as plantas medicinais de forma simples e empírica. Geralmente o vegetal é
identificado pelo nome popular, o que pode causar erros na utilização. Nos cursos
avaliados o estudo dos vegetais faz parte do conteúdo, mas não contempla a
biologia da planta, a relação das famílias botânicas com a produção de metabólitos
secundários (quimiotaxonomia) e, principalmente, a importância da identificação
científica da planta.
Constatou-se, também, que nenhum dos cursos analisados aborda todas as
espécies medicinais indicadas no SUS (BRASIL, 2009). Geralmente, as espécies
referenciadas são exóticas (não são nativas do Brasil) e as informações fornecidas
ao aprendiz são ultrapassadas ou baseadas apenas no conhecimento popular.
4.1.3 Pesquisa bibliográfica: sequência didática, ensino de Botânica e Sistema
Único de Saúde
A partir da pesquisa bibliográfica foi estruturado o curso de Fitoterapia para
profissionais da saúde, abordando as espécies medicinais indicadas no SUS
(BRASIL, 2009).
4.1.4 Levantamento e seleção dos aspectos mais importantes da teoria de
Zabala para a elaboração da sequência didática e do material didático a
ser produzido
A sequência considera a importância das intenções educacionais na definição
dos conteúdos de aprendizagem e o papel das atividades que são propostas.
Objetivando explicitar as intenções educativas, foi desenvolvido o conteúdo de
acordo com as dimensões conceituais, procedimentais e atitudinais. Enfocaram-se,
também, observação, associação e expressão. Ao colocar os alunos em contato
com os fatos e os acontecimentos por meio de experimentação, expressão oral,
dados empíricos e o conhecimento prévio, eles identificaram o problema a partir da
observação. Ao relacionarem o que observaram com as ideias novas, pesquisas,
práticas e realização de exercícios, puderam associar o conhecimento prévio ao fato
novo (associação). Uma vez observado o que conheciam e associado o
conhecimento prévio à ciência, os alunos puderam expressar, por intermédio de
52
questionamentos e expressões orais, suas pesquisas e os trabalhos desenvolvidos
(expressão).
4.1.5 Levantamento bibliográfico sobre as espécies medicinais indicadas pelo
SUS para a produção de fitofármacos e/ou fitomedicamentos
Entre as 71 espécies medicinais (BRASIL, 2009), as que apresentaram mais
complexidade nos estudos e pesquisas (baseando-se desde a identificação botânica
até os testes clínicos), foram inseridas no material didático.
Encontrou-se que: 25 espécies constam no material didático impresso
(APÊNDICE A) e 36 foram apenas citadas nas aulas teóricas. Depois de elaborados
os textos e editadas as fotos, todo o material utilizado nas aulas (APÊNDICE B –
Apresentação multimídia) foi enviado aos alunos pelo correio eletrônico.
Na diversidade de espécies medicinais, a escolha das 71 indicadas pelo SUS
(BRASIL, 2009) teve como objetivo o conhecimento das espécies que terão
prioridade na produção de fitofármacos/medicamento, pois, para isso, é necessário o
conhecimento dessas plantas.
Foram utilizados os seguintes itens de organização para cada espécie:
a) Identificação botânica;
b) nomes populares;
c) origem;
d) usos populares;
e) comprovação científica;
f) constituição química;
g) a parte da planta a ser usada, como usar e cultivo;
h) curiosidades sobre essas espécies.
As plantas foram divididas da seguinte forma:
a) Espécies de plantas medicinais abordadas no material impresso:
Achilea millefolium L., Aloe vera (L.) Bum. F., Artemisia absintium L.,
Baccharis trimera (Less) D.C., Bauhinia forficata Bink, Bidens pilosa L.,
Bryophyllum pinnatum Kurz, Calendula officinalis L., Chamomilla recutita
53
(L.) Rauschert, Chenopodium ambrosioides L., Cynara scolymus L.,
Equisetum hiemale L., Foeniculum vulgare Mill., Malva sylvestris L.,
Maytenus ilicifolia Reissek, Mentha pulegium L., Ocimum gratissimum L.,
Passiflora alata Curtis, Phyllanthus niruri L., Plantago major L., Plectranthus
barbatus Andrews, Ruta graveolens L., Solidago chilensis Meyen,
Stryphnodendron adstringens Mart, Tabebuia avellanedae Lor. Ex Griseb.
b) Plantas medicinais abordadas no material enviado por correio
eletrônico (APÊNDICE B): Achilea millefolium L., Aloe vera (L.) Bum. F,
Artemisia absintium L., Allium sativum L., Alpinia zerumbet (Pers.) B.L.
Burtt& R.M.Sm, Anacardium occidentale L., Ananas comosus (L.) Merr.,
Baccharis trimera (Less) D.C., Bauhinia forficata Bink, Bidens pilosa L.,
Bryophyllum pinnatum Kurz, Calendula officinalis L., Vernonia condensata
Baker, Libidibia ferrea (Mart.ex Tul.)L.P. Queiroz, Arrabidaea chica
(Bonpl.)B. Verl., Bauhinia forficata Link, Bidens pilosa L., Copaifera
langsdorffii Desf, Cordia verbenacea D.C., Costus spicatus (Jacq.) Sw.,
Croton cajucara Benth, Curcuma longa L., Erythrina mulungu Mart. Ex.
Benth, Lippia sidoides, Plectranthus barbatus Andrews, Mikania glomerata
Spreng., Momordica charantia L., Orbignya speciosa (Mart.), Persea
americana Mill., Petroselinum crispum (Mill.) A.W.Hill, P. crispum (Mill.)
Mansf., Polygonum hydropiperoides Michx, Psidium guajava L., Punica
granatum L., Rhamnus purshiana D.C., Salix alba, Schinus terebinthifolius
Raddi, Solanum paniculatum, Tagetes minuta L., Syzygium cumini (L.)
Skeels
Os nomes abreviados são os autores das espécies citadas (FORZZA, 2011).
Os nomes científicos foram confirmados ou corrigidos de acordo com a referência
citada.
Ressalta-se que algumas espécies constam no material impresso e no
material enviado eletronicamente, porque essas espécies são muito usadas
popularmente e foi necessário acrescentar às características itens de relevância
para o conhecimento dos profissionais participantes do curso.
Das 71, durante a pesquisa detectou-se que os dados de 12 espécies
(QUADRO 3) estão incompletos ou insatisfatórios quanto à fitoquímica ou testes
clínicos, por isso elas não foram inseridas no material didático. Durante as aulas
54
(teóricas ou práticas), essas espécies foram citadas e apresentadas aos alunos no
ervanário, herbário e no jardim de plantas medicinais do Jardim Botânico da FZBBH.
Quadro 3 - Espécies de plantas medicinais com dados insatisfatórios
Carapa guianensis
1
2
Casearia sylvestris
3
Morus sp
4
Dalbergia subcymosa
5
Eleutherine plicata
6
Eucalyptus globulus
7
Eugenia uniflora
8
Glycine max
9
Harpagophytum procumbens
10
Lamium album
11
Trifolium pratense
12
Uncaria tomentosa
Fonte: Elaborada pela autora
4.1.6 Levantamento fotográfico das espécies medicinais (SUS) no Jardim
Botânico da Fundação Zoobotânica de Belo Horizonte
As fotos foram editadas e caracterizadas com o nome científico e popular. As
plantas que não constam nos arquivos da Zoobotânica e JB foram fotografadas no
jardim de plantas medicinais e na área de visitação da FZB-BH. Como critério para
fotografar as plantas levou-se em conta principalmente a floração e/ou frutificação,
que são itens determinantes na identificação botânica das espécies.
As fotos foram utilizadas nas aulas expositivas e apresentações e inseridas
no material impresso distribuído aos alunos.
55
4.2 Elaboração do produto
O produto resultou no curso de Fitoterapia para profissionais da saúde
abordando as espécies medicinais de interesse para o SUS.
4.2.1 Seleção dos conteúdos relativos à Fitoterapia, importantes para os
profissionais da saúde
Nos cursos avaliados foram detectadas deficiências no estudo dos vegetais,
por exemplo: a identificação botânica e a relação da fisiologia vegetal com a
produção de metabólitos secundários. E em nenhum desses cursos foram
abordadas todas as 71 espécies medicinais indicadas no SUS. Os conteúdos
programáticos selecionados foram abordados nas aulas e no material didático
produzido. A seleção foi estruturada da seguinte forma:
a) Plantas medicinais e história.
b) Taxonomia
vegetal:
a
diversidade
biológica
(reinos
e
espécies
medicinais).
c) Metabolismo secundário/quimiotaxonomia.
d) Identificação botânica das espécies de plantas medicinais indicadas pelo
SUS como fitofármacos/fitomedicamentos.
e) Critérios de utilização das plantas medicinais.
f)
Formas de preparo das plantas medicinais: formas farmacêuticas.
g) Cultivo das plantas medicinais.
h) Aula de campo (visita técnica ao Jardim Botânico da Fundação
Zoobotânica de Belo Horizonte).
4.2.2 Elaboração das unidades da sequência didática do curso com os
conteúdos e plantas selecionados
Os tópicos foram distribuídos de acordo com o conteúdo planejado:
a) Plantas medicinais e história.
b) Taxonomia vegetal: a diversidade biológica (reinos e espécies medicinais).
c) Metabolismo secundário. Quimiotaxonomia.
56
d) Identificação botânica das espécies de plantas medicinais indicadas pelo
SUS como fitofármacos/fitomedicamentos.
e) Critérios de utilização das plantas medicinais
f) Formas de preparo das plantas medicinais: formas farmacêuticas.
g) Cultivo das plantas medicinais.
h) Características de 25 espécies medicinais indicadas no SUS para
produção de fitomedicamentos/fitoterápicos (APÊNDICE A).
i) Elaboração de certificados emitido pela prefeitura de Belo Horizonte
(Jardim Botânico da Fundação Zoobotânica de Belo Horizonte) e
Conselho Regional de Biologia (CRBio) (APÊNDICE C).
O APÊNDICE A compreende o material impresso com as unidades da
sequência didática.
4.3 Teste do produto
Curso: Fitoterapia para profissionais da saúde (abordando as espécies
medicinais indicadas pelo SUS para a produção de fitomedicamentos e ou
fitofármacos).
Público-alvo: o curso aplicado teve como público 26 profissionais das
seguintes áreas: Biologia, Enfermagem, Terapia holística, Psicologia, Nutrição,
Fisioterapia e Educação (pedagogo e educador qualificante).
Programação do curso: definição do local, carga horária e data (aulas
teóricas e de campo).
Considerando-se a facilidade de acesso dos participantes ao curso, definiu-se
o local para a aplicação no centro de Belo Horizonte, optando-se pelo Conselho
Regional de Biologia para as aulas teóricas. Conhecendo a importância do JB na
preservação, conservação e complexidade da flora medicinal, esse local foi sugerido
para a as aulas práticas. No JB foram ministradas as aulas de campo e algumas
práticas.
Baseando-se no conteúdo, foi definida a carga horária de 25 horas/aula e a
data da realização do curso foi de 25 e 26 de março, 1o e 02 de abril de 2011.
O curso teve divulgação em diversos órgãos : Diário Oficial do Município
(DOM), Sindicato dos Farmacêuticos do Estado de Minas Gerais, site da Sociedade
57
de Amigos da Fundação Zoobotânica de Belo Horizonte, site do CRBio (Biologia em
rede) e Portal das redes fito – Fito Cerrado (Programa Nacional de Saúde) (ANEXO
B). Foi feita também divulgação a alguns profissionais da saúde interessados na
área de Fitoterapia.
4.3.1 Aplicação do curso
Para acompanhamento das aulas pelos alunos, foi elaborado material didático
contendo as unidades didáticas, fotos com características das plantas e glossário.
A seguir, faz-se a descrição das unidades didáticas e o relato de experiência
da sua aplicação no curso.
UNIDADE DIDÁTICA 1 - Plantas medicinais e história
Objetivos:
Identificar e localizar o uso das plantas medicinais ao longo da história;
Promover aprofundamento conceitual sobre o tema;
Relacionar a importância do uso das plantas medicinais na saúde a partir de 3000
a.C;
Identificar algumas espécies usadas desde a Antiguidade até a atualidade.
Duração: 100 minutos (2 horas-aula)
Número de participantes: 25 alunos
Material:
Textos e fotos ilustrativas sobre o uso das plantas medicinais ao longo da história;
Computador e multimídia.
Desenvolvimento: distribuição dos textos, leitura individual. Discussão em grupo. O
curso contou com 26 inscritos. Após prévia apresentação dos participantes, a
ministrante do curso sugeriu que a turma formasse cinco grupos (quatro de cinco
integrantes e um grupo de seis). Os grupos receberam textos e fotos de plantas
medicinais e seus usos em diferentes épocas. Os textos e fotos utilizados referem-se
ao uso de determinadas espécies de plantas medicinais ao longo da história, por
exemplo: babosa (Aloe vera) - usada como cicatrizante e cosmético desde a
Antiguidade pelos egípcios (CUNHA, 2007). Os participantes tiveram 30 minutos
para a leitura, discutiram entre si sobre a identidade da planta, seu uso, substâncias
ativas e como é usada atualmente. A partir de quadro comparativo os alunos
58
resumiram características das plantas citadas no texto de referência constando a
época, o local e o uso. Relacionaram o uso das plantas na Antiguidade com o uso
atual. Após discussão, os grupos se uniram formando grupo único. Escolheram seu
representante para apresentar as características da espécie que receberam para
trabalhar. Para concluir, a ministrante do curso apresentou em multimídia espécies
medicinais da lista do SUS (BRASIL, 2009) muitas das quais desde a Antiguidade
são utilizadas na terapia medicinal e são consagradas até hoje. Os alunos tiveram
oportunidade de intervir, questionar e acrescentar informações.
Considerações sobre a unidade 1
Relacionar o uso das plantas medicinais usadas atualmente com o passado é
sempre muito curioso e estimulante. Voltar ao passado, conhecer um pouco a
história da Medicina e como as plantas, desde a Pré-História, têm papel fundamental
na saúde física da espécie humana foi importante no envolvimento dos participantes.
A atenção dos alunos foi maior, principalmente quando foram relacionadas as
plantas medicinais aos mitos, lendas e curiosidades desde a Grécia e Egito Antigos,
passando pela Idade Média até chegar-se aos ritos de magia dos Pagés indígenas e
ao candomblé.
Figura 3 - Participantes do curso de fitoterapia: aula expositiva
Fonte: Acervo da autora.
59
UNIDADE DIDÁTICA 2 - Taxonomia vegetal (Espécies medicinais)
Objetivos:
Diferenciar os vários seres vivos com atividades medicinais e erroneamente
chamados “plantas”;
Diferenciar as espécies medicinais quanto a morfologia e taxonomia;
Conhecer as principais espécies medicinais e divisão taxonômica.
Duração: 200 minutos (4 horas-aula)
Número de participantes: 25 alunos
Material: exemplares de bactérias, algas, fungos e plantas (vivos ou secos), fotos e
textos complementares caracterizando cada grupo taxonômico e livros de Botânica,
sistemática vegetal e plantas medicinais.
Desenvolvimento:
Distribuição dos materiais (exemplares) aos grupos;
Caracterizar cada exemplar distribuído;
Apresentação dos grupos;
Grupo de discussão.
Foi sugerido pela ministrante que os alunos mudassem de grupo. Foram
distribuídos textos e os seguintes exemplares aos alunos.
a) Bactérias (microfotografia), algas (herborizadas) e fungos (fotos).
b) Pteridófitas e Briófitas (fotos, herbário e exemplares vivos).
c) Gimnospermas e Angiospermas(fotos, herbário e exemplares vivos).
Tomando como base os textos e os elementos de cada grupo, por meio dos
exemplos, foram identificadas as características determinantes de cada divisão
taxonômica.
Os grupos apresentaram as características dos exemplares existentes a partir
de desenhos ou esquemas. Depois de 20 minutos foi sugerido aos grupos que
trocassem os materiais, repetindo-se os procedimentos anteriores, acrescentando
itens não observados pelo grupo anterior.
O reino Plantae foi separado como objeto de estudo (planta medicinal). Foi
feito um grupo de discussão em que a ministrante fez questionamentos sobre as
diferenças entre as divisões. Como fechamento, os alunos relacionaram as
60
diferenças identificadas e citaram as características semelhantes e antagônicas das
divisões taxonômicas.
Considerações sobre a unidade 2
Essa unidade permitiu aos alunos aprofundar na identificação botânica das
espécies medicinais e possibilitou diferenciar e comparar essas espécies
focalizando o reino Plantae, onde está inserido o mais alto número de famílias com
atividades terapêuticas.
O resultado foi ampliar a conscientização por parte dos alunos no cuidado ao
dar nome e indicação medicinal às plantas. Conhecer o vegetal apenas pelo nome
popular pode gerar erros no uso, podendo levar o usuário a doenças graves,
chegando à morte em decorrência de efeitos colaterais e toxidade da planta usada
erradamente.
Figura 4 - Participantes do curso em trabalho de grupo
Fonte: Acervo da autora
61
UNIDADE DIDÁTICA 3 - Identificação botânica das 71 espécies de plantas
medicinais indicadas pelo SUS como fitofármacos/fitomedicamentos
Objetivos:
Identificar as principais famílias botânicas que constituem as 71 espécies de plantas
medicinais;
Conhecer características básicas das famílias que caracterizam as 71 espécies de
plantas medicinais;
Conhecer as famílias consideradas mais tóxicas para o organismo humano entre as
que constituem as 71 plantas estudadas;
Conhecer a importância das famílias em relação à produção de metabólitos
secundários.
Duração: 200 minutos (4 horas-aula)
Número de participantes: 25 alunos
Material: apostila (material didático produzido pelo professor) (APÊNDICE A),
bibliografia complementar.
Desenvolvimento:
Cada grupo pesquisou sobre duas famílias botânicas representadas nas 71 plantas
do SUS;
Os grupos identificaram os constituintes químicos que caracterizam essas famílias;
Cada grupo apresentou as plantas sugeridas e os respectivos constituintes
químicos;
Discussão e fechamento.
O material usado para a aula foram a apostila (produzido pela autora) e o
material impresso complementar (textos e livros referentes à Botânica, plantas
medicinais e quimiotaxonomia).
Cada grupo ficou responsável por pesquisar duas famílias botânicas
representadas nas 71 plantas indicadas pelo SUS. Os grupos identificaram os
constituintes químicos que caracterizam as famílias pesquisadas. Após a pesquisa e
discussão nos grupos, os participantes tiveram cinco minutos para a apresentação
das
plantas
sugeridas
e
respectivos
constituintes
químicos.
Depois
das
apresentações houve discussão geral sobre a relação família botânica/ substâncias
ativas. Como fechamento, foi feita exposição em data show, pela ministrante, sobre
a relação taxonômica com a química.
62
Considerações sobre a unidade 3
Na unidade 3 direcionou-se o foco, entre as milhares de espécies medicinais,
para as plantas indicadas no SUS na produção de fitomedicamentos e/ou
fitofármacos (BRASIL, 2009). Além disso, foi introduzida a quimiotaxonomia, que é a
relação da identificação botânica com a produção de metabólitos secundários. As 71
espécies medicinais foram separadas de acordo com a família. O estudo que
caracteriza cada família e sua constituição química foi surpresa para todos os
participantes do curso. Os alunos comprovaram como a ação do ambiente e
diferentes formas de cultivo podem mudar a constituição química dos vegetais,
interferindo nas propriedades medicinais. Observaram, também, que alguns grupos
químicos são mais frequentes em determinadas famílias botânicas, por exemplo:
flavonóides caracterizam Asteraceae; por outro lado, óleos essenciais são mais
constantes em Lamiaceae. Mesmo os alunos que têm mais experiência e
conhecimento na área identificaram os problemas ao indicarem a fitoterapia, “por ser
natural, pode, sim, fazer mal”.
Essa unidade proposta mostrou aos alunos que não existe planta medicinal
sem efeito colateral. Mesmo não tendo referência de toxicidade, quando usadas sem
os devidos critérios podem levar o usuário a problemas graves ou complicações em
sua saúde.
Figura 5 - Participantes do curso utilizando a apostila
Fonte: Acervo da autora
63
UNIDADE DIDÁTICA 4 - Metabolismo secundário
Objetivos:
Conhecer os mecanismos de produção de substâncias ativas pelas plantas;
Identificar os principais grupos químicos resultantes do metabolismo secundário;.
Identificar a ação no organismo humano dos alcaloides, flavonoides, terpenos,
antraquinonas, glicosídeos cardioativos, taninos e óleos essenciais.
Duração: 100 minutos (2 horas-aula)
Número de participantes: 25 alunos
Material: computador, multimídia.
Desenvolvimento: exposição do professor sobre o assunto, explicação e discussão.
Quando citado o metabolismo secundário como tema da aula, os alunos
manifestaram-se negativamente sobre esse assunto. Foi importante esclarecer que,
para conhecer as plantas medicinais, é necessário que se tenha conhecimento do
processo de produção das substâncias responsáveis pelas alterações de cura ou
toxidade no organismo humano. Foram feitas a exposição do metabolismo
secundário e as diferentes rotas metabólicas nos vegetais e a origem e a função das
substâncias ativas produzidas por eles. Os alunos questionaram sobre as
interferências ambientais no metabolismo vegetal, o que provocou discussão e
interação entre os participantes.
Considerações sobre a unidade 4
Nessa unidade a estratégia utilizada foi aula expositiva objetivando
acrescentar conceitos importantes no processo fitoquímico. Como a maioria dos
alunos teve contato com a bioquímica na graduação, interagiram questionando e
acrescentando elementos à aula. Os alunos tiveram liberdade de interromper a
exposição sempre que necessário e a participação deles foi ativa e dinâmica.
Ao final da aula os alunos relacionaram as famílias botânicas com
substâncias ativas, a importância do cultivo e/ou ecologia da planta na produção de
metabólitos secundários e o valor da química nos processos biológicos dos vegetais.
64
Figura 6 - Aula expositiva: metabolismo secundário
Fonte: Acervo da autora
FIGURA 7 - Aula expositiva: cultivo
Fonte: Acervo da autora.
65
UNIDADE DIDÁTICA 5 - Critérios de utilização das plantas medicinais
Objetivos:
Conhecer critérios para o uso das plantas medicinais: identificação da
doença, a escolha correta da planta (identificação botânica), o método de
preparação adequada das formas farmacêuticas e a dose.
Duração: 50 minutos (1 hora-aula)
Número de participantes: 25 alunos
Desenvolvimento: aula expositiva. Foram separados vários vegetais (in natura) da
lista do SUS (BRASIL, 2009). Como o primeiro critério é a identificação botânica, foi
sugerido aos alunos que identificassem as plantas com os nomes populares. Como
nem todos apresentavam flores, mostrou-se como a identificação botânica (a partir
do material reprodutivo) é importante, vegetais com folhas e/ou flores muito
parecidas poderiam ser de famílias e espécies diferentes. Outro critério importante a
ser considerado é relativo à parte da planta medicinal a ser usada como remédio,
uma vez que os princípios ativos não são distribuídos igualmente em todos os
órgãos da planta. Para cada planta mostrada foi perguntado aos alunos que órgão é
utilizado na terapia medicinal, como é a forma farmacêutica e a dose. A maioria dos
alunos não soube a sequência correta. Para cada planta foram citados os critérios e
a importância de conhecê-los. As formas farmacêuticas foram citadas em aula
expositiva e alguns exemplos de manipulações erradas também. A aula teve
continuidade no herbário e ervanário. No herbário os alunos puderam identificar
cientificamente o vegetal. No ervanário identificaram as partes das plantas onde
ocorre mais produção de princípios ativos, portanto, é a parte usada. As formas
farmacêuticas foram enfocadas em um momento pontual e em outra unidade
didática.
Considerações sobre a unidade 5
Essa unidade foi, a princípio, muito questionada. A maioria dos alunos
acredita que as plantas medicinais podem ser usadas para qualquer doença e de
qualquer forma.
No início do curso verificou-se que os alunos estavam muito preocupados em
conhecer o maior número de espécies medicinais e quais as doenças curáveis por
66
meio delas. Critérios como a identificação botânica, a parte usada na planta, as
formas farmacêuticas e a dose não seriam importantes. Essa unidade é importante
para que os participantes tenham ações mais críticas e utilizem as plantas
medicinais com critério, mais estudo e consciência. Ao terminar essa unidade os
alunos começaram a pesquisar os critérios de utilização para as várias espécies de
que eles fazem uso em seu trabalho de rotina.
Figura 8 - Espécies in natura
Fonte: Acervo da autora
Figura 9 - Aula prática: critérios de utilização
Fonte: Acervo da autora
67
UNIDADE DIDÁTICA 6 - Formas farmacêuticas
Objetivos:
Conhecer os mecanismos de extração dos princípios ativos das plantas
medicinais.
Identificar as formas farmacêuticas de algumas plantas entre as 71 estudadas
como as substâncias ativas agem no organismo humano.
Conhecer os efeitos prejudiciais no organismo humano, resultado da
manipulação e/ou formas farmacêuticas erradas.
Conhecer a legislação sobre quem pode manipular, registrar, prescrever e
formular produtos fitoterápicos. Anexo E: Portaria 6 de 31 de janeiro de 1995
(ANVISA)- Institui e normatiza o registro de produtos fitoterápicos junto ao Sistema
de Vigilância Sanitária. Portaria 123 de 19 de outubro de 1994 (M.S.)- Normas para
o registro de produtos fitoterápicos. Portaria 22 de 30 de outubro de 1967(M.S)
Normas para o emprego de preparações fitoterápicas
Duração: 100 minutos (2 horas-aula)
Número de participantes: 25 alunos
Material: textos, ebulidor, vasilhame de vidro, álcool de cereais, água, folhas de
Foeniculum vulgare, Kalanchoe pinnata, Plantago major.
Desenvolvimento:
Preparo de infusão com as folhas de Foeniculum vulgare.
Preparo de decocção com as folhas de Plantago major.
Macerado de alcanfor Artemisia camphorata.
Preparo de extração aquosa com folhas de Kalanchoe pinnata.
Utilizando o material didático impresso foi solicitado aos alunos que lessem a
unidade 5 da apostila “Formas de preparo”.
Foi feita a infusão do funcho (Foeniculum vulgare), decocção de tranchagem
(Plantago major), extração aquosa de saião (Kalanchoe pinnata) e macerado de
alcanfor (Artemisia camphorata).
Enfatizou-se aos alunos que formas farmacêuticas são manipulações
executadas por profissionais da área. Os exemplos citados foram formas de preparo
usualmente feitas pela população. As preparações executadas são citadas
popularmente como chás. Outros aspectos a serem observados são a parte da
planta a ser usada e a dose. O objetivo é mostrar que as formas de extração de
68
substâncias ativas podem ser muitas e que a maneira errada pode acarretar danos
ao organismo.
Considerações sobre a unidade 6
Os alunos puderam comprovar diferenças na forma de preparo para extração
de princípios ativos. Após questionamentos sobre as diferentes formas de extração
dos princípios ativos, os alunos relataram a importância de conhecer os critérios
para a utilização das plantas medicinais. Exemplo de observação feita por um dos
alunos: os chás podem ser benéficos ou não, vai depender da parte da planta, forma
de preparo e a dose. Nunca pensei nisso. Qualquer chá, pra mim, não faria mal
algum.
Aulas práticas são importantes para comprovar a teoria e fixar o
conhecimento. As formas de preparo mais utilizadas pela população são as infusões
e decocções denominadas chás. Essa atividade foi realizada no JB e o material
coletado no jardim de plantas medicinais aromáticas.
Figura 10 - Aula prática: formas farmacêuticas
Fonte: Acervo da autora
69
UNIDADE DIDÁTICA 7 - Cultivo das plantas medicinais
Objetivos:
Conhecer os métodos de cultivo das plantas medicinais;
Conhecer o controle de doenças e pragas das plantas medicinais.
Duração: 100 minutos (2 horas-aula)
Número de participantes: 25 alunos
Material: computador/ Jardim Botânico
Desenvolvimento:
Aula expositiva e de campo.
Discussão.
Cultivo de plantas medicinais:
Foi feita a apresentação em multimidia sobre o cultivo de plantas medicinais,
tendo como itens: determinação da espécie, escolha do local, preparo da
sementeira, preparação do solo, plantio, controle de pragas e doenças e os fatores
que influenciam na produção de metabólitos secundários.
A parte prática sobre o cultivo foi complementada na visita técnica ao JB,
onde os alunos tiveram a oportunidade de conhecer as etapas de produção de
mudas, enfocando alternativas naturais de controle de pragas e doenças. Chamouse a atenção dos alunos para os métodos de manutenção e conservação de
espécies nativas do Brasil, priorizando os biomas de Minas Gerais.
Na aula teórica foi acrescentada apresentação em multimídia dos mitos e
verdades sobre as plantas medicinais. O objetivo foi chamar a atenção dos alunos
sobre o que a população acredita: as curiosidades e o misticismo envolvendo as
plantas. A “doutrina dos signos” também foi citada e exemplificada nessa aula.
Considerações sobre a unidade 7
O desenvolvimento dessa unidade possibilitou reflexão sobre a importância
de cultivar as espécies medicinais, tomando o cuidado da manutenção saudável e
dentro das possibilidades ambientais que cada uma exige.
Os alunos perceberam a diferença entre os mitos e a verdade (ciência).
Evidenciaram-se os riscos na utilização de plantas medicinais quando não há
preocupação com a origem e como foram produzidas. Para os produtores, os
70
métodos de cultivo e produção de plantas medicinais são determinantes no
metabolismo secundário que direciona todo o arranjo produtivo do fitomedicamento
e/ou fitofármaco.
Figura 11 - Estufa de cultivo e jardim de plantas medicinais
Fonte: Acervo da autora
71
UNIDADE DIDÁTICA 8 - Aula de campo
(visita técnica ao Jardim Botânico da FZB-BH) e apresentação dos alunos
Objetivos:
Identificar no Jardim Botânico in natura as espécies medicinais da lista do
SUS.
Pesquisa e apresentação dos alunos sobre critérios e utilização das plantas
medicinais
Duração: 400 minutos (8 horas-aula)
Etapa I: Visita técnica ao Jardim Botânico da FZB-BH
Duração: 200 minutos (5 horas-aula)
Número de participantes: 25 alunos
Material: coleção de plantas medicinais, herbário e ervanário da FZB-BH.
Etapa II: Apresentação dos alunos
Duração: 200 minutos (5 horas-aula)
Número de participantes: 25 alunos
Material: livros de sistemática vegetal, farmacognosia e plantas medicinais, artigos
científicos, periódicos e teses.
Visita técnica ao Jardim Botânico Nessa unidade inseriu-se a parte prática do
cultivo de plantas medicinais. Após rápida apresentação do JB, a história e
disposição dos canteiros, a ministrante sugeriu aos alunos que, de acordo com o
que fora estudado nas aulas anteriores, cada um identificasse pelo menos cinco
espécies medicinais da lista do SUS (BRASIL, 2009) no jardim de plantas medicinais
do JB. Os alunos tiveram oportunidade de sentir os aromas, diferenciar algumas
famílias botânicas e diferenciar espécies semelhantes de diferentes famílias. Foi
uma aula prática de identificação botânica. No ervanário, os alunos manipularam e
conheceram as partes das plantas usadas como medicamento e no herbário, com
base nas exsicatas, eles conheceram as espécies que foram identificadas no jardim,
mas não estavam férteis (determinantes na identificação botânica).
72
Figura 12 - Aula de campo no jardim de plantas medicinais
Fonte: Acervo da autora
Figura 13 - Aula de campo no Jardim Botânico (jardim de plantas
medicinais)
Fonte: Acervo da autora.
73
Figura 14 - Coleções secas: herbário e ervanário
Fonte: Acervo do Jardim Botânico da Fundação Zoobotânica
Figura 15 - Aula prática: ervanário
Fonte: Acervo da autora
74
FIGURA 16 - Aula prática no Jardim Botânico (ervanário)
Fonte: Acervo da autora
Apresentação dos alunos
Após questionamento de um aluno sobre como eles poderiam dar
continuidade à pesquisa em plantas medicinais, foi sugerido pela ministrante do
curso que cada um escolhesse uma planta e dissertasse sobre todas as suas
características, constando os seguintes itens: nome científico, sinonímia, nomes
populares, família, origem, usos, constituição química, parte usada, forma
farmacêutica, toxidade e curiosidades.
Foram distribuídos, aos alunos, periódicos, livros e artigos científicos. A
ministrante orientou e tirou dúvidas sobre a apresentação.
A apresentação foi individual, sendo que os ouvintes puderam intervir
acrescentando conhecimentos oriundos de suas pesquisas. Discutiu-se sobre as
plantas estudadas, em que houve integração e troca de conhecimentos. Ao final, a
ministrante apresentou em multimídia todas as espécies da lista do SUS,
acrescentando dados e completando os trabalhos.
Considerações sobre a unidade 8
Percebeu-se que as atividades desenvolvidas nessa unidade didática
possibilitaram o desenvolvimento da capacidade de observar e criticar dos alunos. O
contato com as plantas e o JB como laboratório foram muito importantes, pois os
alunos observaram, experimentaram e comprovaram vários fatos duvidosos
75
relacionados à identificação botânica e produção de metabólitos secundários
referentes à adaptação ambiental dos vegetais.
A reclamação geral é de que o tempo para as aulas de campo no JB foi curto:
“A aula no Jardim poderia ter tido carga horária maior”, sugestão de uma aluna, ou
“seria necessário mais tempo no Jardim Botânico”, proposto por outro aluno.
Essa unidade foi muito compensadora. Os alunos tiveram a oportunidade de
pesquisar e apresentar o resultado da pesquisa para os outros participantes. Nesse
momento houve também troca de conhecimento, discussão, críticas e envolvimento
de todos.
FIGURA 17 - Apresentação dos alunos
Fonte: Acervo da autora
Figura 18 - Apresentação dos alunos
Fonte: Acervo da autora
76
Após a apresentação dos alunos, foram entregues certificados de conclusão
do curso. Foi um momento de agradecimento e carinho tanto por parte da
ministrante quanto dos alunos.
O interesse demonstrado pelos alunos durante as atividades certifica a
importância do tema e a curiosidade dos profissionais em aprender sobre essa
terapia milenar, suas bases terapêuticas e tóxicas. Além disso, a troca de
conhecimento sobre um assunto tão complexo (sempre há o que acrescentar) é
essencial para desenvolver o trabalho de rotina com mais qualidade e eficácia.
Figura 19 - Entrega de certificados
Fonte: Acervo da autora
Figura 20 - Entrega de certificados
Fonte: Acervo da autora
77
4.4 Coleta de dados
Os alunos responderam ao questionário apresentado no QUADRO 4.
Quadro 4 - Questionário de avaliação do curso
A. Treinamento
a). Objetivos foram informados de forma clara?
b). O conteúdo atendeu às expectativas dos alunos?
c). Carga horária foi suficiente?
B. Material didático possibilitou a compreensão do conteúdo?
C. O instrutor teve disposição em esclarecer dúvidas?
D. Aplicabilidade do curso e possibilidade de realização do trabalho mais eficiente
E. Profissão dos participantes e local de trabalho
Fonte: Elaborada pela autora
Figura 21 - Alunos respondendo o questionário
Fonte: Acervo da autora
Entre os alunos que participaram do curso, apenas dois não trabalham com
fitoterapia. Os demais são profissionais da saúde e/ou estudantes de graduação ou
pós-graduação que fazem pesquisa na área de plantas medicinais. O GRÁF. 2
mostra a relação de profissionais que participaram do curso.
78
Gráfico 2 - Profissionais da saúde participantes do curso
Fonte: Elaborada pela autora
O QUADRO 5 mostra os dados obtidos na avaliação dos alunos em relação
ao curso.
Quadro 5 - Avaliação dos alunos em relação ao curso
Ótimo Bom Regular Insatisfatório
Avaliação de reação dos alunos
Os objetivos foram informados de forma clara?
24
02
00
00
O conteúdo atendeu às expectativas?
18
07
01
00
A carga horária foi suficiente?
05
15
05
01
O material didático possibilitou a compreensão
do conteúdo?
13
13
00
00
O instrutor esteve sempre disposto a esclarecer
as dúvidas?
22
03
01
00
Esse curso possibilitará que você realize um
trabalho mais eficiente?
17
07
01
01
Os objetivos foram informados de forma clara?
24
02
00
00
O conteúdo atendeu às expectativas?
18
07
01
00
Fonte: Elaborada pela autora
4.5 Analise dos dados
A análise do QUADRO 5 revela que a avaliação do curso pelos alunos foi
muito positiva e que o conteúdo atendeu, para a maioria, às expectativas. Na
avaliação de reação, quando perguntado aos alunos se os objetivos foram
informados de forma clara, a maioria opinou que não tinha muita afinidade com a
Botânica, mas a partir da maneira como foi abordada tiveram mais possibilidade de
conhecer e gostar do conteúdo. Alguns alunos não conheciam o estudo dos vegetais
e fizeram algumas observações:
79
Senti dificuldade por não ter familiaridade com Botânica, mas a instrutora
foi muito clara nas suas explicações.
Material autoexplicativo e como todo curso de bom nível, com bastante
conhecimento adicional [...].
O conteúdo atendeu às minhas expectativas, apesar de ter informações
muito complexas para mim, que sou leiga, não sou bióloga.
O conteúdo superou minhas expectativas.
Fonte: Dados da pesquisa.
A maioria dos participantes de cursos de Fitoterapia conhece muito das
indicações medicinais, mas desconhece a complexidade que é a biologia da planta e
a sua relação com a produção de substâncias ativas e sua atividade biológica.
A carga horária foi muito questionada, a maioria dos participantes queria mais
tempo: “Por serem 25 horas, gostaria de mais horas para aprender mais, porque o
curso é muito interessante”. O aluno que achou a carga horária insatisfatória
justificou da seguinte forma: “Muita informação! Seria necessário pelo menos o
dobro da carga horária entre atividade in loco [horto] e teórica”.
O material didático distribuído recebeu boa avaliação: “O material didático
com fotos foi excelente para ajudar na identificação das espécies”; “Excelente
impressão, faltou completar as plantas do SUS”. Outro aluno complementou: “O
material foi bem formulado, sugiro que mais imagens possam ser enviadas por
email”. Salienta-se que, por ser impresso com fotos coloridas, ficou inviável colocar
as 71 espécies de plantas medicinais da lista do SUS (BRASIL, 2009). Foram
impressas apenas 25 espécies no material impresso distribuído. As espécies
restantes foram citadas e apresentadas em multimídia durante as aulas expositivas.
E, devido à avaliação feita pelos alunos sobre o material, as espécies restantes (com
as características botânicas e químicas, indicações, curiosidades e fotos) foram
enviadas aos alunos pela ministrante por correio eletrônico.
Quanto à avaliação do instrutor, um participante avaliou-o como regular e não
justificou a sua opção. Para a maioria, a avaliação sobre a instrutora foi boa,
conforme: “A instrutora sempre ouviu todos e explicou com clareza”; “muito tranquila,
sempre atendeu a todos com atenção e boa vontade. É uma excelente instrutora”. “É
realmente invejável sua capacidade de atender a um grupo tão heterogêneo.
Parabéns!”
Na aplicabilidade do curso foi interessante a análise da maioria dos
participantes quanto à importância de adequação do curso à prática deles, indicando
80
plantas medicinais como se não houvesse problema. Exemplos de frases escritas
pelos alunos: “Terei que retomar para adequar o conteúdo às experiências que
tenho”; “estou colocando em prática com meus alunos [público da assistência
social], muitos ingerem ervas sem saber dos efeitos colaterais, o que aprendi posso
repassar”.
Um aluno conceituou como regular a possibilidade de aplicar o curso no seu
trabalho e justificou: “O curso foi o início dos meus estudos sobre plantas medicinais.
Preciso estudar muito para realizar um bom trabalho na área”.
Alguns participantes atendem a pacientes (como enfermeiros) em postos de
saúde e indicam plantas medicinais. Após o curso, houve mudanças na ação dos
alunos, conforme a citação de um participante: “Com a noção que adquiri neste
curso, vai facilitar no atendimento aos usuários”.
A Fitoterapia é importante na manutenção da saúde, desde que usada com
critério. O curso mostra principalmente esses critérios e a importância da Botânica
como um dos principais itens da utilização das plantas medicinais. Foi importante
chamar a atenção dos praticantes da fitoterapia para os efeitos tóxicos do uso
indiscriminado de plantas. Neste sentido, houve avanço quanto à conscientização
desses profissionais.
81
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Esta dissertação descreveu a elaboração e aplicação de um curso de
Fitoterapia objetivando contribuir com a prática e uso das plantas medicinais por
profissionais da área de saúde. A aprendizagem de conteúdos relacionados à
identificação dos vegetais, à química, farmacologia e, especialmente, ao uso
criterioso objetiva também a manutenção da saúde por meio das plantas.
Profissionais da saúde que utilizam a fitoterapia no cotidiano do seu trabalho
geralmente não aprofundam o estudo sobre a identificação correta do vegetal e
principalmente a relação dos processos ambientais e biológicos na produção de
metabólitos secundários que interferem diretamente na atividade farmacológica da
planta.
Estruturou-se esse curso na expectativa de serem inscritos médicos,
dentistas, veterinários, biólogos, nutricionistas e farmacêuticos, pois esses
profissionais estão mais ligados à saúde. Não foi o que ocorreu. O grupo que
participou do curso foi constituído principalmente de terapeutas, educadores e
biólogos, acrescentado de enfermeiros, psicólogos, fisioterapeutas e nutricionista. A
maioria trabalha em centros de saúde municipais, o que propicia mais contato com
os usuários da fitoterapia.
Foram abordados temas que geralmente não são oferecidos nos cursos de
Fitoterapia, por exemplo, a quimiotaxonomia e a relação ambiental com a produção
de substâncias ativas dos vegetais que poderão ser úteis ou tóxicas ao ser humano.
A escolha por utilizar como método a sequência didática, proposta por Zabala
(2010), possibilitou organizar os conteúdos abordados com estratégias nas quais o
aluno participa efetivamente da produção do conhecimento. Outro fator que
diferenciou a metodologia usada no curso ministrado da de outros foi a participação
ativa dos alunos em toda etapa, questionando e introduzindo novos conhecimentos.
As possibilidades de pesquisa, movimento e intervenção do aluno na produção e
assimilação do conhecimento tornaram o trabalho mais dinâmico e significativo. A
metodologia usada estimulou a ação e reflexão dos participantes, possibilitando
mais compromisso e empenho, proporcionou-lhes apresentar suas vivências
experimentando a oportunidade de posicionarem-se como detentores do saber e
transmissores do mesmo.
82
Considera-se que a sequência didática é válida para conteúdos diferentes e
facilita a organização e estruturação de temas complexos como a fitoterapia.
Como única executora e ministrante desse curso, acredita-se que cada
unidade apresentada na sequência didática, produto desta dissertação, pode ser
complementada e enriquecida pela participação de profissionais de outras áreas
ligadas à Fitoterapia, devido à multidisciplinaridade deste tema.
Esse curso continuará sendo oferecido no Jardim Botânico da Fundação ZooBotânica de Belo Horizonte e poderá ser utilizado em projetos de capacitação das
Redes Fito (Ministério da Saúde), devendo ser submetido a alterações e
aperfeiçoamento, de acordo com a demanda. Espera-se que o material de apoio
didático seja proveitoso para o professor na sua prática e para a aprendizagem dos
alunos, contribuindo para a construção do conhecimento, desenvolvimento de
habilidades e competências na área de ensino de botânica, sendo útil nos processos
de atualização e capacitação dos profissionais da área de saúde que utilizam as
plantas medicinais em seu trabalho.
Figura 22 - Parte da turma do curso de Fitoterapia
Fonte: Acervo da autora
83
REFERÊNCIAS
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de alunos do ensino médio em atividades práticas laboratoriais. Departamento
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92 p. (Série B. Textos Básicos de saúde) ISBN 8533412088
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84
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5.ed. Florianópolis: UFSC, 2004. 1102p. ISBN 8570256825
ZABALA, Antoni. A prática educativa: como ensinar. Porto Alegre: Artmed, 1998.
224p. (Biblioteca ArtMed. Fundamentos da educação) ISBN 8573074264
85
APÊNDICE A - MATERIAL DIDÁTICO IMPRESSO (APOSTILA)
INTRODUÇÃO
Como falar da terapia medicinal utilizando as plantas sem de fato conhecê-las?
Diferenciar o veneno do remédio está relacionado aos critérios de utilização das
plantas medicinais. A identificação correta (científica) do vegetal é um dos critérios
mais importantes para o uso eficaz. Justifica-se aí a elaboração de um curso
direcionado à Botânica das espécies medicinais.
Considerando os processos de mudança na área de educação para
profissionais da saúde e a demanda por novas formas de trabalhar com o
conhecimento, busca-se com este curso uma inovação com o estudo dos vegetais
na Fitoterapia.
No Brasil a adoção da Política Nacional de Práticas Integrativas e
complementares no Sistema Único de Saúde (SUS), abriu um novo acesso ao
conhecimento das plantas medicinais brasileiras e ao emprego correto para
recuperação e manutenção da saúde. Foi um avanço no processo de fusão do saber
do povo com o saber do técnico conhecido pela sigla PPPM (Programa de
Pesquisas de Plantas Medicinais). Esse Programa desenvolvido por pesquisadores
brasileiros apoiados pelo Ministério da Saúde, por meio do setor de pesquisas da
antiga Ceme (Central de Medicamentos), foi muito importante na padronização do
uso das plantas medicinais.
Sua aplicação pelo SUS dá início ao disciplinamento do emprego da
fitoterapia de base científica extraída do conjunto de plantas colecionadas por
gerações sucessivas de uma população que às vezes tem como única opção para o
tratamento de seus males o uso empírico das plantas medicinais de fácil acesso em
cada região do país.
Várias espécies de plantas medicinais foram estudadas e submetidas a
pesquisas relativas a ensaios pré-clínicos, clínicos, atividade biológica e toxicidade,
resultando em 71 espécies. Essas espécies serão priorizadas no curso em questão.
Com o objetivo de facilitar o estudo das plantas medicinais, este curso mostra
características botânicas, químicas, atividades biológicas e formas de uso das
espécies medicinais indicadas no SUS para a produção de fitomedicamentos e ou
fitofármacos.
86
RENISUS – Relação Nacional de Plantas Medicinais de Interesse ao SUS
Espécies vegetais
Quadro 1 - Lista de plantas medicinais de interesse do SUS
Espécies vegetais
1 Achillea millefolium
37 Lippia sidoides
2 Allium sativum
38 Malva sylvestris
3 Aloe spp* (A. vera ou A. barbadensis)
39 Maytenus spp* (M.aquifolium ou M.ilicifolia)
4 Alpinia spp* (A.zerumbet ou A.speciosa)
40 Mentha pulegium
5 Anacardium occidentale
41 Mentha spp* (M.crispa, M. piperita ou M. villosa)
6 Ananas comosus
42 Mikania spp* (M. glomerata ou M. laevigata)
7 Apuleia ferrea = Caesalpinia ferrea *
43 Momordica charantia
8 Arrabidaea chica
44 Morus sp*
9 Artemisia absinthium
45 Ocimum gratissimum
10 Baccharis trimera
46 Orbignya speciosa
Bauhinia spp* (B. affinis, B. forficata ou B.
Passiflora spp* (P. alata, P. edulis ou P.
11
47
variegata)
incarnata)
12 Bidens pilosa
48 Persea spp* (P. gratissima ou P. americana)
13 Calendula officinalis
49 Petroselinum sativum
Phyllanthus spp* (P. amarus, P.niruri, P. tenellus
14 Carapa guianensis
50
e P. urinaria)
15 Casearia sylvestris
51 Plantago major
Chamomilla recutita = Matricaria
16
52 Plectranthus barbatus = Coleus barbatus
chamomilla = Matricaria recutita
17 Chenopodium ambrosioides
53 Polygonum spp* (P. acre ou P. hydropiperoides)
18 Copaifera spp*
54 Portulaca pilosa
Cordia spp* (C. curassavica ou C.
19
55 Psidium guajava
verbenacea) *
20 Costus spp* (C. scaber ou C. spicatus)
56 Púnica granatum
21 Croton spp(C.cajucara ou C.zehntneri)
57 Rhamnus purshiana
22 Curcuma longa
58 Ruta graveolens
23 Cynara scolymus
59 Salix alba
24 Dalbergia subcymosa
60 Schinus terebinthifolius = Schinus aroeira
25 Eleutherine plicata
61 Solanum paniculatum
26 Equisetum arvense
62 Solidago microglossa
27 Erythrina mulungu
63 Stryphnodendron barbatimão
28 Eucalyptus globulus
64 Syzygium spp* (S.jambolanum ou S.cumini)
29 Eugenia uniflora ou Myrtus brasiliana*
65 Tabebuia avellanedeae
30 Foeniculum vulgare
66 Tagetes minuta
31 Glycine max
67 Trifolium pratense
32 Harpagophytum procumbens
68 Uncaria tomentosa
33 Jatropha gossypiifolia
69 Vernonia condensata
34 Justicia pectoralis
70 Vernonia spp* (V.ruficoma ou V.polyanthes)
35 Kalanchoe pinnata = Bryophyllum
71 Zingiber officinale
calycinum*
36 Lamium album
Fonte: BRASIL, 2009
87
O conhecimento botânico é indispensável na terapêutica medicinal, para
evitar que muitas espécies sejam utilizadas de maneira incorreta.
O primeiro critério para a utilização das plantas medicinais é a identificação
botânica. Um dos aspectos mais delicados na fitoterapia está na identidade das
plantas. Por ser baseada em nomes vernaculares, a verdadeira identidade de uma
planta recomendada pode variar enormemente de região para região. “Plantas,
completamente distintas, podem ter o mesmo nome popular, algumas acumulam
elevado número deles para a mesma espécie” (LORENZI; MATOS, 2002). A espécie
Chenopodium ambrosioides L., por exemplo, conta com 27 nomes populares. As
interpretações taxonômicas errôneas podem não só induzir o usuário a utilizar uma
planta sem o princípio ativo desejado, como também induzi-lo a fazer uso de uma
espécie perigosa.
Outro critério importante a ser considerado é relativo à parte da planta
medicinal a ser usada como remédio, uma vez que os princípios ativos não são
distribuídos igualmente em todos os órgãos da planta.
Na maioria das vezes, somente se emprega uma parte da planta para fins
medicinais, sendo as demais consideradas inertes ou mesmo substâncias
tóxicas. Como exemplo dessa situação pode ser citada a Lantana câmara que suas folhas são indicadas para afecções do sistema respiratório, ao
passo que seus frutos são considerados tóxicos (GUIÃO et al., 2004, p. 45).
De acordo com a Política Nacional de Plantas Medicinais, o Ministério da
Saúde tem como objetivo garantir o acesso às plantas medicinais e fitoterápicos,
com serviços eficazes e de qualidade. Conhecer o vegetal é fundamental para obter
essa qualidade desejada. O estudo taxonômico ou as relações entre famílias
botânicas e a constituição química são pouco focalizados nos cursos de graduação
em saúde.
A utilização do Jardim Botânico da Fundação Zoobotânica de Belo Horizonte
como laboratório das aulas de campo é uma estratégia diferenciada e motivadora,
pois transforma um fato abstrato, o que concerne à identificação das plantas a
processos concretos, visuais, interpretativos e dinâmicos. A Botânica nos cursos de
graduação ou extensão é de extrema importância e esse conhecimento passa a ser
um diferencial na Fitoterapia.
O assunto do curso é ministrado com base em unidades didáticas, pois a
fitoterapia é extremamente abrangente e a metodologia aplicada pode ordenar e
88
facilitar o ensino-aprendizagem. Com a demanda no SUS de especialistas nessa
área, esse material é uma iniciativa que prioriza a Botânica nos cursos de
Fitoterapia, mostrando os critérios de utilização das plantas medicinais, seu cultivo e
um pouco do misticismo que envolve a manutenção do homem nesse universo
natural.
Vale salientar que, do mesmo modo que as plantas curam, podem matar. Na
maioria das vezes, conhece-se o efeito medicinal popular, mas, como todos os
remédios, existem contraindicações. Portanto, o uso das plantas deve ser controlado
e conhecê-las é indispensável.
A atenção dada às plantas talvez seja o início de uma nova visão do mundo,
um despertar para nossa capacidade de entender a evolução da vida.
89
UNIDADE DIDÁTICA 1
Plantas medicinais e História
Objetivos:
Identificar e localizar o uso das plantas medicinais ao longo da história.
Promover aprofundamento conceitual sobre o tema.
Relacionar a importância do uso das plantas medicinais na saúde a partir de
3000 a.C.
Identificar algumas espécies usadas desde a Antiguidade até a atualidade.
ESPÉCIES MEDICINAIS
Histórico
A utilização das plantas como medicamento é tão antiga quanto o próprio
homem. Muito antes de aparecer qualquer forma de escrita, o homem já usava as
plantas como alimento e remédio. É difícil delimitar as etapas que marcaram a
evolução da arte de curar, já que a Medicina esteve por muito tempo associada a
práticas mágicas, místicas e ritualísticas.
O conhecimento histórico do uso de plantas medicinais mostra ao longo da
história da humanidade que, pela própria necessidade humana, as plantas foram os
primeiros recursos terapêuticos usados.
A história da terapêutica começa provavelmente por Mitrídates, rei de Ponto,
de 120 a 63 a.C., o primeiro farmacologista experimental. A lenda conta que,
procurando imunizar-se contra um eventual envenenamento, tomava doses
crescentes (mas nunca letais) dos venenos de que tinha conhecimento, até que
fosse capaz de tolerar até mesmo a dose letal. Prática do mitridatismo. Após ser
derrotado por Pompeu, Mitrídates tentou o suicídio por envenenamento, sem efeito,
devido à sua imunidade. Teria então, forçado um de seus servos a matá-lo com a
espada (Peça Mitrídates, 1673, Racine e na ópera Mitrídates, di Ponto 1770, de
Mozart).
Consideradas ou não seres espirituais, as plantas, por suas propriedades
terapêuticas ou tóxicas, adquiriram fundamental importância na medicina popular.
90
Todos os médicos e feiticeiros antigos eram herboristas e nesse campo a Botânica e
a magia se confundiam.
Os mais antigos documentos médicos datam do ano 3700 a.C. e vêm da
China. Atualmente, a China mantém laboratórios de pesquisa e cientistas
trabalhando exclusivamente para desenvolver produtos farmacêuticos com ervas
medicinais de uso popular.
Em 2300 a.C., egípcios, assírios e hebreus cultivavam diversas ervas e
traziam de suas expedições tantas outras. Criavam purgantes, vermífugos,
cosméticos e especiarias para a cozinha, além de líquidos e gomas utilizados no
embalsamento de múmias.
Na Babilônia (600 a.C.), Nabucodonosor mandou plantar em seus jardins,
além de flores e árvores, alecrim cheiroso e açafrão.
Na Grécia (460-377 a.C.), Hipócrates, “Pai da medicina”, resumiu em sua
obra, “Corpus Hipocratium”, a síntese dos conhecimentos médicos de seu tempo,
indicando para cada enfermidade o remédio vegetal e o tratamento adequado.
No começo da Era Cristã, Dioscórides, ao acompanhar os exércitos romanos
na Península Ibérica, no norte da África e na Síria, recolheu abundante informação
sobre plantas dessas regiões. Escreveu o tratado “De Matéria Médica”, que
representa um marco histórico no conhecimento de numerosos fármacos, muitos dos
quais são usados ainda hoje. Nele foram descritos cerca de 600 produtos de origem
vegetal com indicações sobre seu emprego terapêutico. Essa obra foi escrita no ano
78 da nossa era e passou a ser usada como guia de ensino, no mundo romano e
árabe. Em vigor até finais da Idade Média, ainda no século XV eram feitas cópias em
latim dessa obra.
Na Idade Média, o estudo das plantas medicinais estagnou por longo período.
Com a queda do Império Romano e o fortalecimento da Igreja Católica, os tratados
sobre o poder das plantas foram esquecidos ou mesmo perdidos e foram
parcialmente recuperados no início do século XVI.
Os mosteiros tornaram-se centros de estudos e os monges, que se
apoderaram do saber antigo, cultivavam ao redor dos conventos e igrejas
maravilhosos jardins de ervas que eram utilizadas como alimento, bebidas e
medicamentos.
91
No século XVI, Theophrastus (Paracelso) viajou por toda a Europa à procura
de plantas e minerais. Ouviu feiticeiros, curandeiros e parteiras e comparava estudos
médicos com a sabedoria popular.
No reinado de Elizabeth I (1558-1603) o saber das ervas pertencia a seres
sobrenaturais (fadas, príncipes, duendes e bruxas) que habitavam pântanos e
florestas.
Na América, o primeiro registro data de 1552, quando o médico mexicano de
origem índia, Juan Badianus, escreveu seus estudos que eram procurados por
muitos estudiosos.
De 1790 a 1850 predominava na Europa e nos Estados Unidos a chamada
“medicina heroica”. Um dos arautos dessa modalidade terapêutica foi exatamente
Willian Cullen, que recomendava, contra a febre, o chamado “antiflogístico”, à base
de sangria e purgativos. Postulava-se a “unidade das doenças”, todas as doenças
deveriam ter um único tipo de tratamento.
A “medicina heroica” preconizava como terapêutica a eliminação dos venenos
internos pelo aumento das excreções do organismo. Assim, durante mais de meio
século a venissecção - “abertura de veias para a drenagem de sangue” - era
ensinada praticamente em todas as escolas médicas americanas e europeias. Não
havia limites para a quantidade de sangue a ser retirada.
Além da sangria, usavam purgativos, eméticos para a eliminação das
impurezas que tomariam o corpo. O uso do calomelano (cloreto de mercúrio) era
obrigatório para quase tudo. E a posologia era pródiga: devia-se aumentar a dose
até que o paciente salivasse profundamente, o que sabemos, hoje, ser o primeiro
sinal de envenenamento pelo cloreto de mercúrio.
Foi nesse contexto histórico da Medicina oficial que surgiu a Homeopatia.
Utilizada em 1848 nos Estados Unidos na grande epidemia de cólera, um número
muito mais alto de pacientes tratados com a Homeopatia sobreviveu em comparação
com a Medicina tradicional. Na Homeopatia, além de plantas são usadas estruturas
animais e minerais.
No século XVIII, Lineu (naturalista sueco) criou a nomenclatura e a sinonímia
botânica dividindo as plantas em 24 classes, o que permitiu estudo mais completo e
abrangente.
No século XIX, com a Revolução Industrial, tornou-se ridículo acreditar no
poder curativo das plantas.
92
Hoje, depois de tanto tempo, na busca de melhor qualidade de saúde física e
mental, o mundo está tentando redescobrir os verdadeiros valores da vida por meio
das plantas.
93
UNIDADE DIDÁTICA 2
Taxonomia vegetal (espécies medicinais)
Objetivos:
Diferenciar os vários grupos de seres vivos com atividades terapêuticas,
erroneamente, chamados ”plantas”.
Caracterizar morfolologicamente espécies com atividades medicinais.
Conhecer as principais espécies medicinais de cada divisão taxonômica.
A DIVERSIDADE BIOLÓGICA
O homem primitivo, ao procurar plantas para seu sustento, foi descobrindo
espécies com ação tóxica ou medicinal, dando início a uma sistematização empírica
dos seres vivos, de acordo com o uso que podia fazer deles. Indícios do uso de
plantas medicinais e tóxicas foram encontrados nas mais antigas civilizações.
A
grande
diversidade
de
formas
vegetais
tornou
necessária
uma
sistematização, muitas vezes artificial, com base em critérios de mais fácil utilização,
agrupando aquelas formas com mais semelhança externa e interna em níveis
hierárquicos, dependentes do grau de uniformidade de suas características. A
hierarquização e a caracterização dos diferentes grupos de vegetais originaram os
sistemas de classificação. Os sistemas mais antigos baseavam-se em características
morfológicas externas, agrupando as espécies em divisões naturais, tais como algas,
briófitas, pteridófitas, gimnospermas e angiospermas. Os sistemas artificiais dos
quais o mais conhecido foi o de Lineu baseavam-se apenas em algumas
características morfológicas, utilizando como regra a teoria da imutabilidade das
espécies (SIMÕES et al., 2004, cap. 4).
Com Wallace e Darwin, os sistemas filogenéticos foram baseados na teoria da
evolução e refletem a história evolutiva dos táxons, arranjando-os de acordo com
afinidades existentes entre eles (BEZERRA; FERNANDES,1984, p. 100). Desses
sistemas, o que alcançou mais divulgação na primeira metade do século XX foi o de
Engler, em várias edições modificadas. Os sistemas de classificação são sempre
questionados, sofrendo alterações a cada nova descoberta. Atualmente, os sistemas
usuais,
elaborados
com
base
em
dados
morfológicos,
fitoquímicos,
micromorfológicos, isto é, ultraestruturais, entre outros (como, por exemplo, para
94
angiospermas, os de Cronquist (1988) e outros autores estão sendo alvo de novas
propostas de modificações, baseadas principalmente no conhecimento da biologia
molecular, cujos dados são obtidos do sequenciamento de porções do genoma de
cada táxon. A biologia molecular é considerada uma boa ferramenta para a
formulação e o entendimento de hipóteses e teorias evolutivas, proporcionando
consciência aos sistemas ultimamente propostos. Essa nova metodologia não exclui
todas as outras ferramentas clássicas utilizadas na caracterização dos táxons, como
os caracteres morfológicos comparativos, externos e internos, os embriológicos, os
paleontológicos, entre outros (DALY; CAMERON; STEVENSON, 2001, p. 13281333). As características morfológicas externas possibilitam, via de regra, a
classificação de uma espécie vegetal em qualquer nível hierárquico. No entanto,
algumas vezes são necessárias observações complementares da organização
interna, estudos embriológicos e/ou análise dos metabólitos secundários, para
estabelecer fidedignamente tal classificação (SIMÕES et al., 2004).
O mundo vivo é constituído por significativa variedade de organismos. Para
estudar e compreender tamanha variedade, foi necessário agrupar os indivíduos de
acordo com suas características comuns. Utilizando a evidência molecular, o sistema
de classificação adotado neste curso reconhece os três domínios: Bactéria, Archaea
e Eukarya.
Protistas, fungos, plantas e animais são agora vistos como reinos dentro do
domínio Eukaria. Portanto domínios, não reinos são categorias taxonômicas mais
elevadas.
Para facilitar a identificação, é necessário caracterizar cada organismo
diferenciando plantas de outros seres vivos que também apresentam substâncias
ativas usados nas terapias para a saude.
Principais características que distinguem os três Domínios
Características
Bactéria
Archaea
Eukarya
Tipo de célula
Procariota
Procariota
Eucariota
Envotório nuclear
Ausente
Ausente
Presente
Organelas (mitocôndria e plastídios )
Ausente
Ausente
Presente
Citoesqueleto
Ausente
Ausente
Presente
Fotossíntese baseada em clorofila
Presente
Ausente
Presente
Fonte: Raven, 2010
95
I. Bactéria e Archaea
Seres mais simples de todos os seres vivos, unicelulares que não
apresentam carioteca (membrana nuclear), dotados de parede celular rígida,
reprodução assexuada por divisão transversal ou por esporos. Reprodução sexuada
a partir de recombinação genética.
Exemplo de bactéria utilizada na terapêutica médica: Streptomyces bactérias produtoras de antibióticos como a actinomicetina e a aureomicina.
II. Eukarya
Incluem todos os eucariotos.
Reino Fungi, Reino Protista, Reino Plantae
Seres unicelulares eucariontes (apresentam membrana nuclear), pluri ou
unicelulares, autótrofos (algas) ou heterótrofos (protozoários), não possuem tecidos.
Constituintes: algas e protozoários.
Exemplos de protistas utilizados na terapêutica medicinal:
Laminaria - alga parda
Sargassum, Fucus vesiculoso - alga parda
Indicação: escrofulismo, obesidade e gota.
Composição: Iodo
Indicação: dilatação de vasos sanguíneos.
Chondrus crispus - musgo da Irlanda - alga vermelha rica em mucilagem.
Indicação: emoliente e laxante.
III. Reino Fungi:
Eucariontes, uni ou pluricelulares, heterotróficos, membrana de celulose ou
quitina, corpo vegetativo formado por hifas.
Fungos usados na medicina: Penicillium notatum (antibiótico)
Saccharomyces cerevisiae (tônico regulador do intestino, laxante suave)
IV. Reino Vegetal:
Eucariontes, autotróficos, pluricelulares.
IV.1 Divisão Bryophyta
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Criptógamas (plantas sem sementes, sem flores, sem frutos, sem vasos
condutores).
Musgos: Marchantia polymorpha (utilizada para problemas hepáticos).
IV.2 Pteridophyta
Criptógamas (plantas sem sementes, flores, sem frutos, com vasos
condutores).
Lycopodium clavatum (combater catarros e inflamações das vias urinárias).
Selaginella denticulata (virtude: anti-helmíntica).
Equisetum arvense (diurético).
IV.3 Divisão Spermathophyta
IV.3.1 Gimnospermas
São plantas que possuem flores carpelares e sementes, não possuem frutos.
Cupressus sempervirens (resina utilizada nas prisões de ventre e
hemorroidas).
Pinus silvestris (reumatismo e dores).
IV.3.2 Angiospermas
São vegetais que apresentam flores, frutos e sementes.
UNIDADE DIDÁTICA 3
Metabolismo Secundário
Objetivos:
Conhecer os mecanismos de produção de substâncias ativas pelas plantas.
Identificar os principais grupos químicos resultantes do metabolismo
secundário.
Identificar a ação no organismo humano dos alcalóides, flavonóides, terpenos,
antraquinonas, glicosídeos cardioativos, taninos e óleos essenciais.
PLANTA MEDICINAL
Conceitos
Plantas - constituem o reino vegetal (Plantae). São elas: briófitas, pteridófitas,
gimnospermas e angiospermas.
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Medicinal - É a planta que possui um ou mais de um princípio ativo,
conferindo-lhe atividade terapêutica.
Princípio ativo - as plantas sintetizam compostos químicos a partir dos
nutrientes da água e luz que recebem. Esses compostos podem provocar reações
nos organismos, são os princípios ativos. São compostos sintetizados a partir do
metabolismo secundário.
A síntese dos compostos essenciais para a sobrevivência das espécies faz
parte do metabolismo primário → fotossíntese.
Os compostos sintetizados por outras vias e que aparentam não ter grande
utilidade na sobrevivência das espécies fazem parte do metabolismo secundário, por
isso são chamados compostos secundários.
De acordo com Mann, os pontos de origem e produção dos compostos
secundários diferenciados são:
a) Ácido shiquímico → precursor de compostos aromáticos.
b) Aminoácidos → fonte de alcaloides peptídeos.
c) Acetato malonato → origina poliacetilenos, terpenos, esteroides e outros.
Síntese dos metabólitos secundários → compostos ativos.
CO2 + H2O (Fotossíntese)
↓
Glicose
Eritrose
Piruvato
Shiquimato + Policetídeos =Flavonoide
↑
Shiquimato - Outros compostos Aromáticos (lignanas)
↓
Ciclo do Ác. Cítrico
Aminoácidos Aromáticos
98
Aminoácidos - Alcaloide
Policetídeos
Acetato malonato
↓
Ac. Graxos
Mevalonato - Terpenos, esteroides e carotenos
↓
Policetilenos e Antibióticos
Alcaloides e terpenos são as classes químicas com mais potencialidades de
fornecer compostos com atividade farmacológica.
Alcaloides: nicotina, pilocarpina, vincristina, vimblastina, emetina, morfina,
beberina, catequina, dopamina, efedrina, etc.
Terpenos: citral, linalol, cânfora, carvacrol, carotenoides.
Flavonoides: flavus → amarelo das flores (atração de polinizadores). São
exclusivos de plantas superiores. Anti-inflamatório, fortalecem vasos capilares,
antibacterianos, diuréticos, etc.
Taninos: proteção da planta contra herbívoros, são adstringentes, provocam
a contração de vasos capilares, cicatrização de queimaduras e antidiarreico.
Óleos essenciais: substâncias voláteis conhecidas pelo aroma que
caracteriza certas plantas, ex: mentol, eucaliptol. Propriedades: bactericida,
antivirótico, antiespasmódico, analgésico, cicatrizante, expectorante, relaxante,
vermífugo, etc.
Cumarinas: gramíneas
e umbelíferas são
particularmente ricas
em
cumarinas, podem apresentar odor. Propriedades: antibacteriano, estimulam a
pigmentação da pele.
Antraquinonas: são purgativos, estimulam os movimentos peristálticos.
Ácidos orgânicos: málico, cítrico, tartárico, oxálico, tartárico. Os ácidos têm
ação laxativa, outros aumentam o fluxo de saliva, contribuindo para reduzir o número
de bactérias que causam cáries. Geralmente os ácidos são laxativos e diuréticos. O
ácido oxálico estimula o surgimento de cálculos renais e reduz a proporção de cálcio
no sangue, afetando o coração.
Mucilagens: laxativos, aumentam a secreção de muco.
99
Substâncias amargas: estimula no organismo o funcionamento das
glândulas, produzindo vários efeitos: Aumenta a secreção de sucos digestivos,
aguçando o apetite, e a produção e fluxo da bílis.
Saponinas: formam espuma em água. Ação anti-inflamatória, laxativo suave,
diurético e expectorante.
Compostos fenólicos: originam diversos outros, como os taninos Ex: ácido
salicílico, que tem ação antisséptica, analgésica e anti-inflmatória.
Compostos inorgânicos: sais de cálcio e potássio → diuréticos.
Cálcio → Formação da estrutura óssea.
Sais de silício → Fortalecimento do tecido conjuntivo.
100
UNIDADE DIDÁTICA 4
Identificação botânica das espécies de plantas medicinais indicadas
pelo SUS como fitofármacos/fitomedicamentos
Objetivos:
Identificar as principais famílias que caracterizam as 71 espécies de plantas
medicinais indicadas pelo SUS.
Conhecer as famílias consideradas mais tóxicas para o organismo humano
entre as que constituem as plantas medicinais estudadas.
Conhecer a importância das famílias em relação à produção de metabólitos
secundários.
Conhecer características básicas das famílias que caracterizam essas
espécies de plantas medicinais.
CRITÉRIOS DE UTILIZAÇÃO DAS PLANTAS MEDICINAIS
As plantas podem ser usadas como remédio desde que utilizadas com critério.
Esses critérios referem-se à identificação da doença, à escolha correta da planta
(identificação botânica) a ser utilizada e à preparação adequada.
Na medida do possível, devem-se utilizar plantas cujos efeitos tóxicos sejam
bem conhecidos, evitando-se os excessos. É importante tomar cuidados quanto à
forma de uso (banhos, infusão, etc.) das plantas a serem usadas. Outro critério que
deve ser levado em conta é a dose. O uso contínuo de determinada planta, mesmo
sem referência toxicológica, deve ser evitado. Sempre procurar orientação de um
profissional de saúde.
Famílias
botânicas
Caesalpiniaceae(Leguminosae),
(Labiatae),
Myrtaceae,
estudadas:
Compositae
Fabaceae(Leguminosae),
Zingiberaceae,
Euforbiaceae,
(Asteraceae),
Lamiaceae
Anacardiaceae,
Umbeliferae (Apiaceae), Phyllanthaceae.
Asteraceae (Compositae)
Características botânicas: ervas ou subarbustos, menos frequente arbustos,
pequenas árvores ou lianas, látex às vezes presente; espinhos presentes em
algumas espécies. Folhas alternas, simples, sem estípulas, margem inteira ou mais
101
frequente serreada. Inflorescência do tipo capítulo envolvido por brácteas. Flores
todas iguais entre si ou diferenciadas em flores do raio (as mais externas) e flores do
disco (as mais internas). Corola geralmente pentâmera, gamopétala, estames cinco,
ovário ínfero, bicarpelar. Fruto geralmente aquênio, com papilo normalmente
persistente, auxiliando na dispersão.
Características químicas: principais constituintes - flavonóides, lactonas,
terpenos, sesquiterpenos e substâncias amargas.
Fabaceae (Leguminosae)
Características botânicas: ervas, arbustos, árvores ou lianas, folhas
alternas, raramente opostas, geralmente compostas, com estípulas às vezes
transformadas em espinhos. Inflorescência geralmente racemosa; flores vistosas ou
não,
geralmente
bissexuadas,
zigomorfas,
diclamídeas
ou
raramente
monoclamídeas (copaíba). Cálice pentâmero, dialissépalo ou gamossépalo. Estames
geralmente em número duplo ao das pétalas, ocasionalmente em número menor,
iguais ou numerosos (neste caso frequentemente vistoso), livres ou unidos entre si.
Ovário súpero. Fruto legume.
Características químicas: Esteróis, flavonoides, glicosídeos, antraquinonas,
taninos, saponinas e alcaloides.
Lamiaceae (Labiatae )
Características botânicas: ervas, arbustos ou árvores, folhas simples
opostas ou verticiladas com limbo inteiro, denteado, lobado ou partido, revestidas de
pelos glandulares que normalmente secretam essências aromáticas. Flores
pequenas ou grandes, geralmente vistosas, reunidas em inflorescência derivada de
ramos cimosos. São hermafroditas, diclamídeas, pentâmeras, bilabiadas com
marcante zigomorfia (que em alguns casos é pouco pronunciada, ex: lavandula e
mentha. Cálice tubuloso apresentando geralmente diferenciado em lábio superior
(labrum) e inferior (labíolo). Androceu formado por dois a quatro estames. Fruto
geralmente baga ou esquizocapo.
Características químicas: óleos essenciais, terpenos e esteróis, flavonoides
e raramente alcaloides.
102
Myrtaceae
Características botânicas: árvores ou arbustos, raramente subarbustos,
tronco geralmente com córtex esfoliante; folhas opostas ou menos frequente
alternas, raramente verticiladas, simples, margem inteira geralmente coriácea.
Inflorescência geralmente cimosa, às vezes reduzida a uma única flor; flores
vistosas, geralmente de coloração branca, bissexuada, raramente unissexuada,
actinomorfa, diclamídea. Estames em geral em número duplo ao das pétalas. Fruto:
baga, drupa, cápsula ou núcula.
Características químicas: taninos, flavonoides, óleos essenciais, vitaminas B
e C.
Zingiberaceae
Características
botânicas:
ervas
rizomatosas;
folhas
alternas,
peniparalelinérveas; bainha geralmente aberta. Inflorescência cimosa; flores
vistosas, bissexuada, zigomorfa, diclamídea, heteroclamídea; cálice trímero,
gamossépalo, corola trímera com uma pétala maior que as demais. Fruto: cápsula
com semente com arilo ou baga.
Características químicas: óleos essenciais, flavónoides, ácido oxálico,
taninos e mucilagens.
Euphorbiaceae
Características botânicas: ervas, arbustos, árvores ou lianas geralmente
com látex; folhas alternas, raramente opostas ou verticiladas, simples ou menos
frequente opostas, com estípulas, margem geralmente inteira, frequentemente com
nectários extraflorais no pecíolo ou na face abaxial. Inflorescência cimosa ou
racemosa, às vezes reduzida, formando uma estrutura semelhante à única flor.
Flores não vistosas, unissexuada, actinomorfa, aclamídea às vezes envolvidas por
brácteas vistosas. Cálice geralmente 3-6 mero, dialissépalo ou gamossépalo. Corola
dialissépala ou gamopétala, ovário súpero. Fruto geralmente cápsula, raramente
baga, drupa ou sâmara.
Características químicas: aminoácidos, di e triterpenos, óleos essenciais,
taninos, alcalóides, esteróis.
103
Phyllanthaceae
Características botânicas: ervas, arbustos, árvores não latescentes; folhas
alternas geralmente trifoliadas, com estipulas, margem geralmente inteira, sem
nectários extraflorais. Inflorescência racemosa, às vezes uniflora. Flores não
vistosas, unissexuada(plantas monóicas ou dióicas), actinomorfa, monoclamídea ou
raramente diclamídea. Cálice geralmente 2-8(12)-mero, geralmente gamossépalo,
perfloração valvar ou umbricada. Corola 5-mera, dialipétala; estames 2-14
frequentemente unidos entre si, anteras rimosas; ovário supero
. Corola
dialissépala ou gamopétala, ovário súpero. Fruto cápsula, com deiscência elástica
(tricoca) semente sem carúncula. Ausência de latex e nectários extraflorais nas
folhas.
Características químicas: óleos essenciais, taninos, alcalóides, esteróis.
Anacardiaceae
Características botânicas: árvores ou arbustos, raramente lianas ou ervas
aromáticas; folhas geralmente alternas, compostas ou menos frequente simples, sem
estípulas, margem inteira ou serreada. Flores pouco vistosas, geralmente
unissexuada,
actinomorfa,
diclamídea.
Cálice
pentâmero,
dialissépalo
ou
gamossépalo; corola pentâmera, dialipétala ou gamopétala. Fruto: em geral drupa ou
sâmara.
Características
químicas:
compostos
fenólicos
(taninos,
chalconas,
flavonóides), esteroides, vitamina C.
Apiaceae (Umbelifareae)
Características botânicas: ervas, muito raramente arbustos ou árvores
geralmente aromáticos; folhas alternas, simples ou compostas. Inflorescência do tipo
umbela, mais frequentemente composta. Flores não vistosas, bissexuadas ou
raramente unissexuadas, actinomorfa, diclamídea ou raramente monoclamídea.
Cálice pouco desenvolvido e pentâmero, dialissépalo; corola em geral pentâmera
dialipétala. Fruto: esquizocárpicos com mericarpos semelhantes a aquênios.
Características químicas: óleos essenciais, alcaloides, flavonoides, ácidos,
tanino, mucilagens, esteroides, vitaminas do complexo B.
104
UNIDADE DIDÁTICA 5
Formas farmacêuticas
Objetivos:
Conhecer os mecanismos de extração dos princípios ativos das plantas
medicinais.
Identificar as formas farmacêuticas de algumas plantas entre as 71 estudadas
como as substâncias ativas agem no organismo humano.
Conhecer os efeitos prejudiciais no organismo humano, resultado da
manipulação e/ou formas farmacêuticas erradas.
Conhecer a legislação sobre quem pode manipular, registrar, prescrever e
formular produtos fitoterápicos.
Vide Anexo E : Portaria 6 de 31 de janeiro de 1995 (ANVISA)- Institui e normatiza o
registro de produtos fitoterápicos junto ao Sistema de Vigilância Sanitária. Portaria
123 de 19 de outubro de 1994 (M.S.)- Normas para o registro de produtos
fitoterápicos. Portaria 22 de 30 de outubro de 1967(M.S) Normas para o emprego
de preparações fitoterápicas
105
UNIDADE DIDÁTICA 6
Prática de identificação
Objetivos:
Identificar no Jardim Botânico in natura as espécies medicinais da lista do
SUS.
Material: livros, textos, data show, computador, coleção de plantas medicinais
(jardim), herbário e ervanário da FZB-BH.
106
PLANTAS MEDICINAIS
Achilea millefolium L.
Fonte: Acervo da Fundação Zoobotânica
Nomes populares: mil folhas, macelão, milefólio, erva dos carpinteiros,
atroveram, aquiléa.
Família: Asteraceae (Compositae).
Origem: Europa.
Usos: diurético, anti-inflamatório, antiespasmódico, cicatrizante, carminativo,
antidiarreico, no tratamento de hemorroidas, contusões, doenças da pele, feridas e
dores musculares.
Constituição química: óleo essencial com terpenos (cineol, cânfora,
pinenos), taninos, mucilagens, resinas, saponinas, esteroides, flavonoides e
cumarinas.
Partes da planta a serem usadas: folhas e inflorescências.
Como pode ser usada: infusão, decocção, suco, emplasto e pomadas.
Curiosidade: da mitologia grega Aquiles foi ferido no calcanhar por uma
flecha envenenada atirada por Páris. Afrodite usou essa planta para estancar a
hemorragia. Também chamada de erva-do-carpinteiro. De acordo com a lenda, São
José, trabalhando como carpinteiro, um dia feriu-se e o Menino Jesus foi buscar uma
erva para curá-lo e trouxe a mil folhas.
107
Aloe vera (L.) Bum. F.
Fonte: Acervo da Fundação Zoobotânica
Nomes populares: erva-babosa, aloe-do cabo, babosa, babosa grande.
Família: Aloeaceae (Liliaceae).
Origem: sul da África.
Usos: cicatrizante nos casos de queimaduras e ferimentos superficiais da
pele, pela aplicação local do sumo fresco. Hemorroidas, contusões e dores
reumáticas. Usado pelas mulheres no tratamento dos cabelos para dar brilho e força.
Indicação confirmada: tratamento de queimaduras (1º e 2º graus) e de radiação.
Constituição química: antraquinonas, aloinas e mucilagem constituída do
polissacarídeo aloeferon.
Partes usadas: gel mucilaginoso das folhas.
Como pode ser usada: sumo fresco, alcoolatura e in natura. Uso tópico.
Curiosidade: esta é uma das plantas de uso tradicional mais antigo que se
conhece, inclusive pelos judeus, que costumavam envolver os mortos em lençol
embebido no sumo de aloe, para retardar a putrefação, e no extrato de mirra, para
encobrir o cheiro da morte. A babosa foi um dos ingredientes secretos da beleza de
Cleópatra.
Obs: ingerida em altas doses pode provocar nefrite aguda.
108
Artemisia absintium L.
Fonte: Acervo da Fundação Zoobotânica
Nomes populares: losna, absinto, erva-dos-vermes, erva-santa, alvina,
gotas-amargas.
Família: Asteraceae (Compositae).
Origem: Ásia, Europa e Norte da África.
Usos: estimulante, tônico, vermífugo, distúrbios digestivos causados pelo mau
funcionamento do fígado.
Constituição química: óleo (tujona), sesquiterpenos (absintina), ácidos
graxos, vitaminas B e C, flavonoides.
Partes usadas: folhas.
Como pode ser usada: infusão e maceração das folhas, compressas e
decocção.
Curiosidade: seu nome vem do grego e significa: “privado de doçura”. Essa
planta é citada num papiro egípcio que data de 1600 a.C. Os celtas e árabes
aconselhavam seu uso e os médicos da Antiguidade tinham-na como símbolo das
dificuldades e tristezas da vida.
Obs: gestantes e crianças não podem usar. Pode causar (em altas
doses) convulsões, perda de consciência, câimbras e alucinações.
109
Baccharis trimera (Less) D.C.
Fonte: Acervo da Fundação Zoobotânica
Nomes populares: carqueja, carqueja-do-mato, carqueja amarga, vassoura,
tiririca-de-barbado.
Família: Asteraceae (Compositae).
Origem: Brasil.
Usos: confirmado - dispepsias. Outros usos: tônico, estomáquico, afecções
estomacais, intestinais e do fígado.
Constituição química: polifenóis (proantocianinas), flavonoides, lactonas
sesquiterpênicas, alcaloides, óleos voláteis, taninos, saponinas.
Partes usadas: caule alados.
Como pode ser usada: infusão.
Curiosidade: cresce em terras secas, pedregosas, à beira das estradas. Há
séculos é usada pelos índios para o tratamento de várias doenças. O primeiro
registro sobre seu uso data de 1931, para o tratamento de esterilidade feminina e
impotência masculina.
Obs: não é recomendado o uso durante a gravidez. O uso constante
pode causar diminuição do potássio no organismo.
110
Bauhinia forficata
Fonte: Acervo da Fundação Zoobotânica
Nomes populares: pata de vaca, bauínia, miriró, capa de bode, pata de boi,
pata de veado, unha de vaca.
Família: Fabaceae (Leguminosae).
Origem: Brasil.
Usos: antidiabético, diurético, purgante e usado no tratamento da cistite e do
diabetes.
Constituição química: esteroides, flavonoides livres e glicosilados, alcaloides
(trigonelina),
antocianidinas,
sistosterol,
mucilagens,
saponinas,
taninos,
triterpenoides.
Partes usadas: toda a planta.
Como pode ser usada: folhas, flores e cascas.
Curiosidade:
os
primeiros
estudos
que
confirmaram
a
atividade
hipoglicemiante foram refutados por um estudo mais recente, publicado em 1990. A
árvore apresenta espinhos, as flores são brancas com folhas coriáceas com aspecto
de uma pata de vaca. Gênero dedicado aos irmãos Bahuin, botânicos suíços do
século XVI.
Obs: atividade mutagênica induzindo a formação de tumores. O
consumo crônico pode levar ao hipotiroidismo e à formação de bócio.
111
Bidens pilosa
Fonte: Fernando Fernandes.
Nomes
populares:
erva-picão,
picão-do-campo,
carrapicho,
guambu,
cuambu, carrapicho de duas pontas, carrapicho-agulha, piolho de padre.
Família: Asteraceae (Compositae).
Origem: América tropical (Brasil: Pampa e Mata Atlântica).
Usos: problemas hepáticos (icterícia e hepatite). Propriedades diuréticas e
depurativas. Bactericida, anti-inflamatório e externamente no tratamento de micoses.
Constituição
química:
flavonoides,
esteróis
ácidos
graxos,
taninos,
poliacetilenos, fenilheptatrina (antibiótico citotóxico através da fotosensibilização).
Partes usadas: toda a planta.
Como pode ser usada: infusão e banho.
Curiosidade: o picão é um tipo de carrapicho comum de terrenos baldios e
estradas. Para disseminar suas sementes, tem a estratégia de grudar nos animais.
O extrato bruto inibe a síntese da protaglandina, que é parte de um processo
metabólico ligado à dor de cabeça e doenças inflamatórias.
112
Bryophyllum pinnatum Kurz.
Fonte: Acervo da Fundação Zoobotânica
Nomes populares: folha grossa, roda-da-fortuna, fortuna, folha-da-costa.
Família: Crassulaceae.
Origem: Ilhas Maurício ou África.
Usos: emoliente, cicatrizante e anti-inflamatório (uso externo). Usado também
no tratamento de úlceras gástricas e gastrite.
Constituição
química:
hidrocarbonetos,
álcoois,
triterpenos,
esteróis,
flavonoides livres: quercetina.
Partes usadas: folhas.
Como pode ser usada: cataplasma e suco.
Curiosidade: a espécie Kalanchoe brasiliensis pode ser confundida com a
Bryophyllum pinnatum, K. brasiliensis pode causar hipotiroidismo, por isso a
importância da identificação correta da planta. Dizem que a folha da fortuna traz
dinheiro a quem possuí-la. Mas seu valor está mesmo nas indicações medicinais,
não há dinheiro que pague a saúde.
113
Calendula officinalis L.
Fonte: Fernando Fernandes.
Nomes populares: calêndula, malmequer e maravilha-dos-jardins, maravilha
dos jardins.
Família: Asteraceae (Compositae).
Origem: Europa.
Usos: ação cicatrizante e antisséptica (uso externo), sudorífica, analgésica,
anti-inflamatória e tonificante da pele (contra acne), manchas da pele, queimaduras.
Constituição química: óleos essenciais, carotenoides, flavonoides (rutina e
heperidina, mucilagens, saponinas, resinas e princípio amargo).
Partes usadas: flores e folhas.
Como pode ser usada: pomadas e tintura das flores e folhas, cataplasma e
infusão.
Curiosidade: na Espanha era considerada uma planta mágica. Para obter
proteção contra todos os perigos, os feiticeiros aconselhavam a usar um talismã de
calêndulas colhidas quando o sol estivesse entrando no signo de virgem,
embrulhadas junto com um dente de lobo e várias flores de louro. Uma guirlanda de
calêndulas na porta impede à entrada de qualquer tipo de mal. A menina que andar
descalça em cima das pétalas de calêndula vai conseguir entender a linguagem dos
pássaros.
Obs: o uso interno dessa planta é proibido nos Estados Unidos e
Europa.
114
Chamomilla recutita (L.) Rauschert
Matricaria chamomilla L.
Fonte: Acervo da Fundação Zoobotânica.
Nomes populares: camomila, maçanilha, matricária, camomila- verdadeira.
Família: Asteraceae (Compositae).
Origem: Europa.
Usos:
sedativo,
carminativo,
carminativo,
antiespasmódico,
digestivo,
cicatrizante, antivirótico (herpes), antisséptico, como cosmético (clareador dos
cabelos).
Constituição química: óleo essencial azul (abisabolol), polissacaridios,
ésteres, flavonoides.
Partes usadas: capítulos florais.
Como pode ser usada: infusão, pomadas, cremes, loções e xampus.
Curiosidade: os egípcios dedicavam a camomila ao sol e adoravam-na mais
do que qualquer outra erva, pelas suas propriedades curativas. O nome “Matricaria”
deriva do latim, “Mater”, ou talvez de “Matrix”, útero, por ser utilizada em doenças
femininas. "Olho gordo".
Obs: pode provocar dermatite de contato.
115
Chenopodium ambrosioides L.
Fonte: Acervo da Fundação Zoobotânica.
Nomes populares: ambrosina, mentruz, erva formigueira, mastruz, mastruço,
erva-de-santa-maria, quenopódio.
Família: Chenopodiaceae.
Origem: América Central e América do Sul (Brasil).
Usos: estomáquica, diurética, vermífuga, sudorífera, infecções pulmonares,
cicatrizante.
Constituição química: óleo essencial (ascaridol), proteínas, compostos
flavônicos, vitamina C, ácidos e carotenoides.
Partes usadas: folhas e flores.
Como pode ser usada: infusão, sumo, cataplasma.
Curiosidade: Chenopus - que tem os pés espalmados como de ganso. A
estrutura da planta inteira é de pé de ganso, explicando a etimologia da planta.
Colocar ramos da erva de santa maria debaixo dos colchões ou varrer a casa
utilizando suas folhas como vassoura elimina e repele pulgas e percevejos.
Obs: o óleo essencial da planta pode causar vômitos, lesões hepáticas e
renais. A dose letal em ratos é de 0,075 mg/kg.
116
Cynara Scolymus L.
Fonte: Acervo da Fundação Zoobotânica.
Nomes populares: alcachofra, cachofra.
Família: Asteraceae (Compositae).
Origem: Mediterrâneo.
Usos: depurativa do sangue, colagoga, hipoglicemiante, laxante, ativa a
vesícula biliar, abaixa os níveis de colesterol (HDL) e açúcar do sangue e facilita a
digestão
Constituição química: flavonoides livres e glicosilados, óleos essenciais,
cinarina e ácido cafeico.
Partes usadas: folhas.
Como pode ser usada: decocção, tintura, vinho e extrato.
Curiosidade: a alcachofra não é só uma planta alimentícia, mas uma erva
medicinal que recebeu dos médicos árabes o nome de “al-kharsaf”. O nome genérico
“cynara” vem do latim “canina” e refere-se à semelhança dos espinhos que a
envolvem com os dentes de cachorro. As folhas devem ser colhidas antes da
floração.
117
Equisetum hiemale L.
Fonte: Fernando Fernandes.
Nomes populares: cavalinha, milho-de-cobra, erva-canudo.
Família: Equisetaceae.
Origem: América do Sul.
Usos: problemas renais e obesidade.
Constituição química: alcaloides piridínicos, nicotina, palustrina, flavonoides
glicosilados, tiaminase.
Partes usadas: hastes estéreis e folhas.
Como pode ser usada: infusão.
Curiosidade: a cavalinha é um dos seres vivos mais antigos do planeta. É
mais antiga que as baratas que apareceram na Terra há 300 milhões de anos. No
Paleozoico as cavalinhas gigantes mediam até 10 metros de altura e 2 metros de
diâmetros. A magia também está presente na história da cavalinha. Com ela os
pastores construíam pequenas flautas para espantar serpentes e encantar o ser
amado...
Obs: em excesso pode provocar carência de vitamina B.
118
Foeniculum vulgare Mill.
Fonte: Acervo da Fundação Zoobotânica.
Nomes populares: funcho, fiolho, fiolho-doce, erva-doce, falso anis.
Família: Apiaceae (Umbeliferae).
Origem: Mediterrâneo.
Usos: carminativo, digestivo, galactagogo, diurético, antiespasmódico, tônico.
Constituição química: óleo essencial (anetol, funchona, foeniculina),
proteínas, carboidratos, ácidos, cumarinas, flavonoides e esteroides.
Partes usadas: folhas, frutos e raízes.
Como pode ser usado: infusão, vinho medicinal, decocção.
Curiosidades: em uso concomitante com substâncias anticancerígenas
evitou o aparecimento das reações secundárias próprias da quimioterapia. Seu lado
mágico: um saquinho perto do coração afasta o “olho gordo” e atrai bons fluidos. É
uma proteção segura contra todos os ataques das feiticeiras, que fogem quando
sentem o cheirinho doce e gostoso que busca o amor eterno e verdadeiro.
Obs: o uso de mais de 20 g/L dessa erva pode ser convulsionante.
119
Malva sylvestris L.
Fonte: Fernando Fernandes.
Nome popular: malva.
Família: Malvaceae
Origem: África do Sul.
Usos: emoliente, laxante, anti-inflamatória, béquico.
Constituição química: ácido D-galacturônico, D-galactose, glucose, taninos e
vitaminas.
Partes usadas: folhas e flores.
Como pode ser usada: gargarejo, infusão.
Curiosidade: seus poderes mágicos são considerados imensos. Os vasos de
malva protegem e melhoram a saúde e a fertilidade. Vasos dentro de casa perfumam
o ambiente, evitam discussões e aumentam o carinho, o amor e a paz na família.
120
Maytenus ilicifolia Mart. ex Reissek
Fonte: Fernando Fernandes.
Nomes
populares:
espinheira-santa,espinho-de-deus,salva-vidas,cacrosa,
cancerosa, maiteno.
Família: Celastraceae.
Origem: Brasil.
Usos: gastrite, úlceras gástricas e duodenais, antitumoral, dispepsia e
laxante.
Constituição
química:
glicosídeos,
alcaloides,
polifenois,
diterpenos,
triterpenos e sesquiterpenos.
Partes usadas: folhas.
Como pode ser usada: infusão, decocção e emplasto.
Curiosidade: a espinheira santa tornou-se conhecida no mundo médico em
1922, quando o professor Aluízio França, da Faculdade de Medicina do Paraná,
relatou o sucesso obtido com essa planta no tratamento da úlcera. Era usada como
antitumoral pelos índios. No Paraguai, a população usava como contraceptivo; e na
Argentina, como antiasmático e antisséptica
121
Mentha pulegium L.
Fonte: Acervo da Fundação Zoobotânica.
Nomes populares: erva-de-São-Lourenço, poejo-das-hortas, poejo real.
Família: Lamiaceae (Labiatae).
Usos: mucolítico, anticatarral, bronquite, coqueluche, leucorreia, afecções da
pele.
Constituição química: óleo essencial (pulejona, mentona, isomentona),
flavonoides, ác. rosmárico.
Parte usada: folhas
Como pode ser usada: infusão.
Curiosidade: o poejo é uma planta anual, rasteira e verdinha. Além da
beleza, tem a qualidade de repelir os insetos. Evita enjoos nas viagens, devendo ser
colocado nos sapatos. É uma erva de paz e, quando plantada perto de casa, acaba
com as brigas do casal. Traz saúde e alegria às famílias.
Obs.: sua administração em doses equivalentes a 5 g do óleo essencial
tem ação abortiva e hepatotóxica, Nos EUA e Europa seu uso oral não é
recomendável.
122
Ocimum gratissimum L.
Fonte: Fernando Fernandes.
Nomes populares: alfavaca, alfavaca-cravo, alfavacão.
Família: Lamiaceae (Labiatae).
Origem: Brasil.
Usos:
carminativo,
sudorífico,
diurético,
expectorante,
bactericida
e
analgésico.
Constituição química: óleos essenciais (eugenol, cineol), b-cariofileno,
ocimeno e princípio balsâmico
Partes usadas: folhas.
Como pode ser usada: infusão, xarope.
Curiosidade: dentre as ações biológicas experimentadas, essa planta age
como larvicida e repelente de insetos. Por seu sabor e odor semelhantes ao cravoda-índia, é usado como condimento na culinária.
123
Passiflora alata Curtis
Fonte: Acervo da Fundação Zoobotânica.
Nome popular: maracujá.
Família: Passifloraceae.
Origem: Brasil.
Usos: tranquilizante, miorrelaxante, calmante.
Constituição química: alcaloide (passiflorina), glicossídios, flavonoides totais
expressos na forma de isovitexina ou vitexina e flavonoides glicosilados.
Partes da planta: folhas.
Como pode ser usada: decocto e tintura.
Curiosidades: o maracujá é originado da América tropical, que necessita de
temperaturas elevadas e só se aclimata bem nas regiões temperadas. É uma
trepadeira perene, que floresce na primavera e dá seus frutos no início do verão.
Suas flores lembram os instrumentos utilizados na crucificação de Cristo, daí ser
conhecida em outros idiomas como “flor-da-paixão”, e são de grande efeito
ornamental. A polpa dos frutos é comestível, contém sementes que servem para
preparar bebidas refrescantes. É rica em vitamina C.
124
Phyllanthus niruri L.
Fonte: Acervo da Fundação Zoobotânica.
Nomes populares: arranca- pedra, erva-pomba, quebra-pedra, saxifraga,
conami, saudade -da- mulher.
Família: Phyllanthaceae
Origem: região tropical (Brasil).
Usos: diurético, analgésico, litíase renal (pedra nos rins), antivirótico (hepatite
b).
Constituição
química:
flavonoides,
lignanas,
triterpenoides,
alcaloide
pirrolizidínico.
Parte usada: toda a planta.
Como pode ser usada: decocto e cápsula.
Curiosidade: várias espécies de Phyllantus são usadas na medicina popular,
mas das plantas conhecidas como quebra-pedra o Phyllanthus niruri é a mais ativa.
Por causa da toxicidade, devido à presença de um tipo de alcaloide, não deve ser
usado em altas doses e é conveniente interromper o uso do chá por uma semana
após cada período de três semanas. Sua ação antiviral na hepatite B já é patente de
um laboratório americano.
125
Plantago major L.
Fonte: Acervo da Fundação Zoobotânica.
Nomes populares: trançagem, tranchagem, trançage.
Família: Plantaginaceae.
Origem: Europa.
Usos:
expectorante,
antidiarreica,
cicatrizante,
emoliente,
depurativa,
inflamações bucofaringeanas, dérmicas, gastrintestinais e das vias urinárias.
Constituição
química:
flavonoides,
esteroides,
mucilagens,
taninos,
saponinas, ác. orgânicos e alcaloides.
Parte usada: toda a planta.
Como pode ser usada: infusão, gargarejo, cataplasma.
Curiosidade: a trançagem exige muito sol, algumas espécies são usadas
como hortaliças. Como dizem os raizeiros, é um ‘’santo remédio’’ para inflamações
da garganta. As sementes funcionam também como laxantes. O gênero Plantago
não apresenta referência alguma de toxicidade.
126
Plectranthus barbatus Andrews
Fonte: Fernando Fernandes.
Nomes populares: boldo, boldo-do-reino, malva-santa, boldo peludo, falso
boldo.
Família: Lamiaceae (Labiatae).
Origem: Nova Guiné
Usos: dispepsia, azia, mal-estar gástrico, ressaca, como amargo estimulante
da digestão e do apetite, ação hipossecretora gástrica.
Constituição química: óleo essencial rico em guaieno e fenhona, triterpenos,
esteroides.
Partes da planta usada: folhas frescas.
Como pode ser usada: sumo e tintura.
Curiosidade: essa planta é extremamente comum nos quintais mineiros. Às
vezes leva o nome de boldo-do-chile, o que é incorreto, pois o referido boldo é uma
árvore com características morfológicas diferentes. Além disso, o boldo-do-chile é da
família Monimiaceae.
Obs: em altas doses pode causar irritação gástrica e aumentar a pressão
arterial.
127
Ruta graveolens L
Fonte: Acervo da Fundação Zoobotânica.
Nome popular: arruda, erva-arruda, ruta-fedorenta, ruta de cheiro.
Família: Rutaceae.
Origem: Europa e Ásia.
Usos: reumatismo, flebite e vermífugo. Também usada para facilitar a
menstruação. Eficiente na eliminação de piolhos e sarnas.
Constituição química: óleo essencial (rico em metilcetonas), flavonoides
(rutina), saponinas, alcaloides.
Parte usada: folhas.
Como pode ser usada: sumo e infusão.
Curiosidade: na Idade Média, era considerada uma proteção poderosa contra
as feiticeiras; e nos tribunais ingleses do séc. XVII ramos de arruda eram colocados
nos bancos para evitar as doenças de cadeira. A arruda é usada em banhos para
combater todos os tipos de mau-olhado. Leonardo da Vinci e Michelângelo
afirmaram que graças aos poderes metafísicos da arruda, seu sentido criativo e a
sua visão interior melhoraram consideravelmente. Os ladrões que roubavam as
vítimas da peste negra protegiam-se com o chamado ”vinagre dos quatro ladrões”,
que tinha em sua composição a arruda.
Obs: pode provocar queimaduras na pele e morte em mulheres
grávidas.
128
Solidago chilensis Meyen
Solidago microglossa D.C.
Fonte: Fernando Fernandes.
Nomes populares: arnica, arnica brasileira, erva-lanceta, arnica-silvestre,
espiga-de-ouro.
Família: Asteraceae (Compositae).
Origem: Sul e Sudeste do Brasil.
Usos: estomáquica, adstringente, cicatrizante, traumatismos e contusões.
Constituição química: quercitina, flavonoide glicosídico, taninos, saponinas,
óleos essenciais e ácidos.
Partes usadas: folhas, rizomas e flores.
Como pode ser usada: tintura ou maceração em álcool.
Curiosidade: as inflorescências são apícolas. Suas atividades não foram
ainda comprovadas cientificamente quanto à eficácia. Sua utilização vem sendo feita
com base na tradição popular. No aspecto mágico: as asteraceas absorvem muita
energia do sol, transmutando essa energia às pessoas que as cultivam.
Obs: seu uso interno é considerado tóxico.
129
Stryphnodendron adstringens (Mart.) Coville
Fonte: Fernando Fernandes.
Nomes populares: barbatimão, paricarana, uabatimo, barba de timão.
Família: Fabaceae (Leguminosae).
Origem: Brasil.
Usos: leucorreia, hemorragias, diarreia, conjuntivite, cicatrizante.
Constituição química: taninos gálicos, mucilagens, flavonoides, corante
vermelho, açúcar solúvel e alcaloides.
Partes da planta a serem usadas: casca do tronco.
Como pode ser usada: decocto, banhos. Uso tópico
Curiosidades: antigamente as prostitutas usavam como adstringente, daí o
nome de “casca da virgindade”. No Hospital do Câncer ,em Jaú, São Paulo, está
sendo utilizado um medicamento feito com o decocto do barbatimão para prevenir
queimaduras resultantes da radioterapia.
130
Handroanthus impetiginosus (Mattos)
Tabebuia avellanedae Lor. Ex Griseb
Fonte: Acervo Fundação Zoobotânica.
Nomes populares: ipê-roxo, ipê-preto, lapacho, piúva, pau-d’arco-rosa.
Família: Bignoniaceae.
Origem: América no Brasil desde o Amazonas até o Rio Grande do Sul .
Usos:
anti-infeccioso,
antifúngico,
diurético,
adstringente,
antitumoral,
psoríase, inflamações da pele.
Constituição química: naftoquinonas (lapachol, lapachona), quercetina e AC.
hidroxibenzoico.
Partes usadas: casca.
Como pode ser usada: extrato aquoso, decocção, banhos.
Curiosidade: várias substâncias isoladas dessa planta, principalmente o
lapachol, têm apresentado nos ensaios farmacológicos atividade antineoplásicas,
atividade antibacteriana (bactérias do gênero Brucella), atividade contra penetração
de larvas de Shistossoma mansoni e, ainda, ação anticoagulante.
Obs: seu uso em doses elevadas pode levar a perda de peso, anorexia e
diarreia.
131
Glossário
Abscesso
Inchação causada por formação de pus ou acúmulo deste numa
cavidade.
Adstringente
Agente que diminui ou impede a secreção ou absorção,
causando sensação de secura e aspereza na boca.
Afecção
Doença
Amenorreia
Ausência de menstruação
Analgésico
Agente que acalma ou impede a dor
Anestésico
Agente que abranda ou tolhe a sensibilidade
Antiácido
Que neutraliza a ação dos ácidos
Antidiarreico
Agente que evita diarreia
Antiemético
Que previne o vômito
Antiespasmódico Que age contra espasmos e dores agudas
Antiescorbútico
Agente que combate o escorbuto
Antisséptico
Que age contra infecções, destruindo ou inibindo a proliferação
de microrganismos patogênicos
Antitérmico
Febrífugo
Aperiente
Que estimula o apetite
Arteriosclerose
Degeneração
distúrbios
e
endurecimento
circulatórios
e
das
alterações
artérias,
nos
produzindo
órgãos,
com
enfraquecimento das artérias cerebrais e decadência psíquica
Bacteriostático
Antisséptico, que impede o desenvolvimento da bactérias
Béquico
Que combate a tosse (antitussígeno)
Calmante
O mesmo que sedativo
Cardiotônico
Que estimula e regula as contrações cardíacas
Carminativo
Agente que favorece e provoca a expulsão de gases intestinais
Catártico
Purgante mais enérgico que o laxante e menos drástico
Cirrose
Endurecimento de um órgão, em consequência a aumento de
tecido conjuntivo
Cistite
Inflamação da bexiga
Colagogo
Que provoca e favorece a expulsão da bílis
Depurativo
Medicamento que libera o organismo e o sangue de substâncias
tóxicas através da urina, das fezes ou do suor
132
Desobstruente
Agente que combate as obstruções intestinais e hepáticas
Diurético
Que provoca a eliminação abundante da urina
Eczema
Doença de pele, com avermelhamento e prurido
Edema
Acúmulo patogênico de líquido proveniente do sangue
Emenagogo
Que restabelece o fluxo menstrual
Emético
Que provoca vômito
Emoliente
Substância capaz de amolecer ou abrandar uma rigidez local
Enterite
Inflamação intestinal
Escorbuto
Doença que ocorre em virtude de carência de vitamina C
Estimulante
Excita a atividade nervosa e vascular
Estomáquico
Agente que estimula a atividade secretora do estômago
Expectorante
A ação exercida sobre as vias respiratórias, ajudando a expulsar
o catarro dos canais bronquiais
Febrífugo
Antipirético
Flatulência
Acúmulo de gases no tubo digestivo
Galactagogo
Agente que provoca ou aumenta a secreção do leite
Hemostático
Agente que auxilia no controle de hemorragias
Hidropisia
Acúmulo de líquido sérico nas células ou numa cavidade do
corpo
Hipoglicemiante
Que diminui a taxa de glicose no sangue
Hipotensor
Que diminui a pressão arterial
Histeria
Psiconeurose que pode se manifestar por reações exteriores de
agitação ou simulação de sintomas orgânicos diversos
Laxativo / laxante Vide purgativo
Leucorreia
Secreção branca, vaginal ou uterina
Mucilagem
Substância amorfa de natureza polissacarídica que, na presença
de água, origina soluções viscosas e não adesivas
Peitoral
Que cura doenças no aparelho respiratório
Purgativo
Substância que causa forte evacuação intestinal
Resolutivo
Que faz cessar uma inflamação
Sedativo
Agente tranquilizante do sistema nervoso central, sem provocar
sono
Terçol
Pequeno abscesso na borda das pálpebras
133
Tônico
Medicamento que excita a atividade orgânica, diminuindo a
fadiga
134
REFERÊNCIAS
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vegetal. Universidade Federal do Ceara. Brasília: PROED, 1984.150p.
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Caderno de Farmácia, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, v. 4, n. 1/2, p.
1988. 76p
136
APÊNDICE B - QUESTIONÁRIO DE AVALIAÇÃO DO CURSO DE FITORERAPIA
Curso “Fitoterapia para profissionais da saúde (abordando as espécies medicinais
indicadas pelo SUS)”
Aluno ____________________________________
Data: ___/___/____
Data do curso: 25, 26/03 e 1o,02/04/2011
Carga horária: 25 horas
Avaliação de Reação
Esse instrumento pretende avaliar o curso, considerando quatro
aspectos fundamentais:
1. No treinamento; 2. Os materiais didáticos; 3. O instrutor; 4. A aplicabilidade do
conteúdo em seu trabalho, dessa forma, auxiliando no aperfeiçoamento de nosso
trabalho. Ao preencher, expresse sua opinião verdadeira, não havendo
necessidade de assinar a folha ou identificar-se. Assinale com um “X” a resposta
que estiver mais próxima de sua opinião.
No treinamento
Os objetivos foram informados de forma clara:
☺ ótimo
bom
regular
insatisfatório
Comentários: __________________________________________
_____________________________________________________
O conteúdo atendeu suas expectativas:
☺ ótimo
bom
regular
insatisfatório
Comentários: __________________________________________
_____________________________________________________
A carga horária foi suficiente:
☺ ótimo
bom
regular
insatisfatório
Comentários: __________________________________________
_____________________________________________________
O material didático
Possibilitou a compreensão do conteúdo:
☺ ótimo
bom
regular
insatisfatório
Comentários: __________________________________________
_____________________________________________________
137
O instrutor
Esteve sempre disposto a esclarecer as dúvidas que surgiram:
☺ ótimo
bom
regular
insatisfatório
Comentários: ___________________________________________
______________________________________________________
A aplicabilidade
Esse curso possibilitará que você realize um trabalho mais eficiente:
☺ ótimo
bom
regular
insatisfatório
Comentários: ___________________________________________
______________________________________________________
Sugestões:
______________________________________________________
6. Sua profissão e local de trabalho:
_____________________________________________
138
APÊNDICE C – EXEMPLOS DE QUESTIONÁRIOS RESPONDIDOS
Fig. 1 folha 1 do questionário
Fonte: Dados da pesquisa
139
Fig. 2 folha 2 do questionário
Fonte: Dados da pesquisa.
140
APÊNDICE D - APRESENTAÇÃO MULTIMÍDIA UTILIZADA NO CURSO DE
FITOTERAPIA
Histórico e critérios de utilização das plantas medicinais
Sistemática vegetal
Metabolismo secundário
Formas de preparo
Famílias tóxicas
141
142
143
144
145
146
APÊNDICE E – CERTIFICADO ENTREGUE AOS PARTICIPANTES DO CURSO
DE FITOTERAPIA
Certificado
Certificamos que
Carolina Carvalho Oliveira S ilva
participou do Curso “ Fitoterapia para profissionais da saúde no
Conselho Regional de Biologia e Jardim Botânico da Fundação ZooBotânica de Belo Horizonte, nos dias 25 e 26 de março, 1 e 2 de abril
totalizando 25 horas
Belo Horizonte, 2 de abril de 2011
_________________________
Albina Carvalho O. Nogueira
Instrutora
______________________
Gladstone C. Araújo
Presidente do CRBio-04
_______________________
Evandro X. Gomes
Presidente da FZBBH
147
ANEXO A - CURSOS DE FITOTERAPIA PESQUISADOS E ANALISADOS
Curso 1 (FACULDADE EFICAZ E CENTRO EDUCACIONAL DE MARINGÁ ),2009
Nível: Pós-graduação em Fitoterapia
Carga horária: 360 h
Ano: 2009
Conteúdo: Introdução à educação à distância. Metodologia de pesquisa.
Introdução à fitoterapia. Métodos extrativos de princípios ativos e validação de
métodos analíticos. Cultivo Orgânico de plantas medicinais e manipulação de
fitoterápicos. Plantas medicinais tóxicas. Plantas que agem no sistema digestivo e
geniturinário. Fitoterapia na atenção básica à saúde. Plantas que agem no sistema
cardiovascular. Respiratório, nervoso central e sistema imunológico.
Fitoterapia
oriental. Fitoterapia no Brasil. Organização de serviços de fitoterapia em unidades
de saúde. Importância das plantas na cosmetologia e
Curso 2 – (CENTRO UNIVERSITÁRIO BARRIGA VERDE), 2007
Fitoterapia Médica
Ano: 2007
Nível – Pós-graduação lato sensu Carga horária: 360 h
Conteúdo: Bases conceituais da fitoterapia. Aspectos históricos, legais e éticos.
Mercado de fitoterápicos. Botânica e etonobotânica aplicadas à fitoterapia. Visita ao
horto de plantas medicinais com aula de campo. Fitoquímica, farmacologia e clínica.
Estudo das ações farmacológicas, mecanismos de ação das principais drogas e
extratos, suas aplicações clínicas com 8 horas de atendimento ambulatorial por mês.
Monografias. Didática do curso superior. Curso de especialização exclusivo para
médicos (em que ministrei aulas de botânica e etnobotânica)
Curso 3 – (COLÉGIO BRASILEIRO DE ACUPUNTURA), 2009
Formação de especialistas em Fitoterapia
Nível – Pós-graduação latu sensu Carga horária: 360 h
148
Ano: 2010
Conteúdo: História e fundamentos de Fitoterapia.
Botânica.
Tópicos da
relação entre classes de produtos naturais. Farmacologia aplicada. Fitoquímica.
Controle de qualidade de plantas medicinais. Farmacognosia. Toxicologia préClínica. Fitoterapia clínica. Farmacotécnica (noções). Seminários de monografias.
Atividades.
Curso 4 – (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE FITOTERAPIA),2009
Plantas Medicinais e fitoterápicos para médicos e farmacêuticos
Nível – Extensão carga horária: 60 h
Ano: 2009
Conteúdo: Aspectos históricos, de mercado, legais e éticos. Fitoquímica e
farmacologia. Noções de farmacotécnica aplicadas. Aspectos tradicionais em
Fitoterapia. Parâmetros e técnicas de formulação e prescrição. Aspectos de
segurança e interações no uso de fitoterápicos e alimentos funcionais. Orientação e
preparação caseira de fitoterápicos e alimentos funcionais. Fitoterápicos e doenças
do sistema respiratório, digestório, sistema desintoxicante, sistema imune, sistema
músculo-esquelético, antioxidante, da carcinogênese e do envelhecimento
Curso 5 – (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE FITOTERAPIA),2009
Plantas Medicinais e fitoterápicos em nutrição (semipresencial)
Nível – Extensão carga horária: 60 h
Ano: 2009
Conteúdo: Aspectos históricos, de mercado, legais e éticos. Fitoquímica e
farmacologia. Noções de farmacotécnica aplicadas. Aspectos tradicionais em
Fitoterapia. Parâmetros e técnicas de formulação e prescrição. Aspectos de
segurança e interações no uso de fitoterápicos e alimentos funcionais. Orientação e
preparação caseira de fitoterápicos e alimentos funcionais dos sistemas
Curso 6 – ( CONSELHO BRASILEIRO DE FITOTERAPIA),2011
Curso Multidisciplinar de Fitoterapia
149
Nível – Extensão carga horária: 60 h
Ano: 2011
Conteúdo:
Como
prescrever
fitoterápicos
e
plantas
medicinais.
Etnofarmacologia. Uso e aplicações de plantas medicinais. Farmacognosia e
farmacobotânica. Insumos fitoterápicos e formas de uso. Agronomia, biotecnologia e
plantas orgânicas. Fitoquímica, fitocomplexos e marcadores em plantas medicinais e
fitoterápicos. Farmacologia básica e clínica. Uso e aplicação de plantas medicinais
(sistema digestório). Sinergismo entre plantas medicinais, fitocosméticos e
fitocosmescêutica. Plantas medicinais e fitoterápicos na nutrição. Fito-hormônios.
Síndrome metabólica, uso e aplicação de plantas medicinais - veterinária e
odontologia. Vigilância sanitária. Aplicação de plantas medicinais na dor.
Curso 7- (INSTITUTO DE ESTUDOS CULTURAIS E AMBIENTAIS),2010
Fitoterapia e Fitocosmética
Nível – Complementar carga horária: 12 h
Conteúdo: Saúde e beleza com as plantas medicinais. Pronto-socorro verde.
Reconhecimento das espécies medicinais. Principais ativos vegetais. Sucos de
clorofila. Ervas para o rejuvenescimento. Manipulação: extrato, xarope, tônicos,
óleos de massagem, creme e loção. Atividades programadas
Curso 8 – (ENSINO NACIONAL DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA),20010
Legislacao dos fitoterápicos
Nível – Complementar carga horária: 60 h
Ano: 2010
Conteúdo: Introdução sobre fitoterapia e seu histórico. Estudo das plantas
medicinais. Exemplo de plantas medicinais. Princípio ativo. Aplicações terapêuticas
das plantas medicinais. Uso correto das plantas medicinais. Do saber popular e
científico. Diferentes formas de uso popular. Fitoterapia: do saber popular. Ilustração
de algumas plantas. Uso e preparo de algumas plantas medicinais: manjericão,
girassol, alecrim de jardim, angélica, aroeira, avenca, maracujá, alfafa e agrião.
Dicas
de
utilização
e
benefícios.
Toxicidade
das
plantas.
Mercado
dos
150
medicamentos fitoterápicos. Plantio, cultivo e utilização das plantas. Legislação dos
fitoterápicos.
Curso 9 – (CARRARA),2011
Projeto Pedagógico do Curso de Fitoterapia
Nível – Complementar Carga horária: 12 h
Ano: 2010
Conteúdo: Breve resumo histórico sobre a experiência popular no tratamento
das doenças. Indígenas. Negros. Europeus. Técnicas de herborização. Técnicas de
coleta de insumos para fitoterapia. Noções de Antropologia. Introdução à botânica
sistemática. Estudo geral sobre as principais divisões do reino vegetal. Início do
estudo sobre as angiospermas. Estudos das principais diferenças entre a classe das
dicotiledôneas e das monocotiledôneas. Estudo da morfologia externa das
angiospermas (monocotiledôneas e dicotiledôneas) com a análise das diversas
características das raízes, caules, folhas, flores, frutos e sementes. Excursão ao
Jardim Botânico, com o objetivo de identificar espécies medicinais, recolher
amostras para o herbário da turma e identificar as principais classes e famílias.
Estudo das principais plantas medicinais utilizadas no Brasil. História terapêutica das
plantas medicinais mais importantes e reconhecidamente ativas, tais como a quina,
o guaraná, a ipeca, a sapucainha, a noz de cola, o quebra-pedra, a erva-de-Santa
Maria, o saião, o mastruço ou a espinheira-santa. Biopirataria. Estudo das principais
doenças tratadas pelos praticantes da medicina popular no Brasil: bronquite, câncer,
pneumonia, dermatoses, reumatismo, dores, espinhela-caída, quebrante, mauolhado. História da fitoterapia no Brasil. Plantas africanas e europeias introduzidas
no Brasil. Cultivo e comercialização. Fitoterapia francesa, ayurveda e chinesa
Curso 10 – (BARROS), 2006
Curso de Fitoterápicos UFMG
Nível – Extensão carga horária: 24 h
Ano: 2006
Conteúdo: Preparo e identificação botânica de plantas medicinais. Cultivo e
produção de mudas de plantas medicinais. Referenciamento da matéria-prima
151
vegetal. Selo verde: controle de qualidade. Farmacognóstico de plantas medicinais e
matéria-prima vegetal. Introdução aos métodos na pesquisa etnobotânica. Preparo
de extratos e extração de óleos essenciais de plantas medicinais. Controle de
qualidade farmacotécnica. Educação ambiental em plantas medicinais. Pós-colheita
e comercialização das plantas medicinais. Critérios de qualidade e segurança na
preparação e utilização de remédios caseiros com plantas medicinais.
152
ANEXO B - DIVULGAÇÃO DO CURSO
Foto da publicação do Diário Oficial do Município em que foi publicado a oferta
do curso de Fitoterapia para profissionais da saúde.
Fonte: Diário Oficial do Município,2011
Publicação do site do Sindicato dos farmacêuticos do Estado de Minas Gerais
em que foi divulgado o curso de Fitoterapia.
153
Fonte: Sindicato dos farmacêuticos do Estado de Minas Gerais,2011.
Publicação do site do Conselho Regional de Biologia em que foi divulgado o
curso de Fitoterapia.
154
Fonte: Biologia em rede, 2011
155
ANEXO C – LEGISLAÇÃO VIGENTE SOBRE FITOTERÁPICOS
Segundo Panizza(2010) a Assistência Nacional de Vigilância Sanitária institui e
normatiza o registro de produtos fitoterápicos junto ao Sistema de Vigilância
Sanitária.
Panizza(2010) cita as portarias que estabelecem normas para o emprego de
preparações fitoterápicas, registro e estabelece quais são os profissionais que
podem prescrever e os que são habilitados a recomendar fitoterápicos.
Plantas que necessitam de prescrição médica (tarja vermelha):
● Arctostaphylos uva-ursi (uva-ursina);
● Cimicifuga racemosa (cimicífuga);
● Echinacea purpurea (equinácea)'
● Ginkgo biloba (ginkgo);
● Hypericum perforatum (hipérico);
● Piper methysticum (kava-kava);
● Serenoa repens (saw palmeto);
● Tanacetum parthenium (tanaceto);
● Valeriana officinalis (valeriana).
OBS: na forma de droga seca para fazer infusão e decocção (chá) ou como
fitoterápicos manipulados (isentos de registro na ANVISA) essas plantas podem ser
recomendadas por profissionais não-médicos.
Plantas que podem ser manipuladas com recomendação de terapeuta
● plantas constantes em edições da Farmacopéia Brasileira;
● plantas constantes no Formulário Nacional;
● plantas constantes em obras equivalentes, a saber, as farmacopéias alemã,
americana, argentina, britânica, européia, francesa, japonesa, mexicana e
portuguesa.
No bloco de recomendação terapêutica para plantas medicinais ou fitoterápicos
deverá ter: nome do profissional, profissão e especialidade, número do registro de
conselho de classe, nome popular seguida de nome científico, modo de preparo com
quantidade s específicas, posologia e tempo de uso, data, assinatura ou carimbo
profissional, endereço e telefone do profissional.
156
REFERÊNCIAS
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE FITOTERAPIA. Introdução a plantas medicinais
e
fitoterapia.
Rio
de
Janeiro,
2009.
Disponível
em
<www.abfit.org.br/eventosecursos.shtml>. Acesso em 15 de junho de 2010.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE FITOTERAPIA. Plantas Medicinais e
fitoterápicos em nutrição (semipresencial). Rio de Janeiro,2009. Disponível em
<www.abfit.org.br/eventosecursos.shtml>. Acesso em 15 de junho de 2010.
BARROS, Ana Maria. Curso de Fitoterápicos. Disciplina do mestrado em Ciências
Farmacêuticas Universidade Federal de Minas Gerais. Belo Horizonte, 2006.
CARRARA, Douglas. Projeto Pedagógico do Curso de Fitoterapia. 2011.
Disponível em <www.recantodasletras.com.br/artigos/2204296>. Acesso em 5
março de 2011.
CENTRO UNIVERSITARIO BARRIGA VERDE. Fitoterapia Médica Pos graduação
Latu
sensu.
Santa
Catarina,
2007.
Disponível
em
<www.fitomedica.com.br/fitoterapia medica.htm> . Acesso em 2 de julho de 2010.
COLEGIO BRASILEIRO DE ACUPUNTURA. Formação de especialistas em
Fitoterapia.
Belo
Horizonte,
2009.
Disponível
em
<www.portaleducação.com.br/fitoterapia>. Acesso em 21 de julho de 2010.
CONSELHO BRASILEIRO DE FITOTERAPIA. 16º Curso Multidisciplinar de
Fitoterapia.
São
Paulo,
2011.
Disponível
em
<www.fitoterapia.com.br/portal/images/Congrefito 2011>. Acesso em 15 março de
2011.
CONSELHO REGIONAL DE BIOLOGIA. Divulgação do curso de Fitoterapia. 14
de fevereiro de 2011. p. 1. Disponível em < http://bionarede.blogspot.com.br/ >.
Acesso em 14 de mar. de 2011.
DIÁRIO OFICIAL DO MUNICÍPIO. Publicação da oferta do curso de Fitorerapia
para profissionais da saúde, 24 de fev. de 2011. p. 20.
ENSINO
NACIONAL
DE
EDUCAÇÃO
A
DISTÂNCIA.
Legislação dos fitoterápicos. 2010. Disponível em <bravacursos.com.br/curso-defitoterapia>. Acesso em 25 de julho de 2010.
FACULDADE EFICAZ E CENTRO EDUCACIONAL DE MARINGÁ. Importância das
plantas na cosmetologia e dermatologia. Paraná, 2009. Disponível em
< www.bravacursos.com.br>. Acesso em 13 de junho de 2010.
INSTITUTO DE ESTUDOS CULTURAIS E AMBIENTAIS. Fitoterapia e
Fitocosmética. Belo Horizonte, 2011. Disponível em <www.iecam.org.br>. Acesso
em 25 de março de 2010.
157
PANIZZA, Sérgio Tinoco. Como prescrever ou recomendar plantas medicinais e
fitoterápicos. Editora do CONBRAFITO, 2010.
SINDICATO DOS FARMACÊUTICOS DO ESTADO DE MINAS GERAIS.
Divulgação do curso de Fitoterapia. 10 de mar. de 2011. p. 5. Disponível em
<www.sinfarmig.org.br>. Acesso em 12 de abril de 2011.
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