2_Bloqueio dos Nervos Supraorbitários e Supratroclear

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2. Bloqueio dos Nervos
Supraorbitário e Supratroclear
ANTÓNIO MÁRCIO DE SANFIM ARANTES PEREIRA
Figura 2.1: (1) Nervo Supraorbitário e (2) Nervo supratroclear
Considerações Anatómicas
O nervo oftálmico é o menor dos três ramos do trigêmeo e se divide imediatamente antes de
penetrar na órbita dando origem aos nervos frontal, lacrimal e nasociliar. O nervo frontal é a
maior divisão do nervo oftálmico e entra na órbita, juntamente com os dois outros ramos, pela
fissura orbitaria superior. Prossegue então, anteriormente, pelo teto da órbita, entre o cone
muscular e o periósteo, acima do elevador da pálpebra. Divide-se um pouco antes do ápice da
cavidade orbitaria em um pequeno ramo, o nervo supratroclear e no seu principal ramo, o nervo
supraorbitàrio (Fig. 2.1).
O nervo supratroclear corre para frente, medialmente ao nervo supraorbitàrio, abandonando
a órbita no seu ângulo súpero-interno, entre a tróclea e o músculo oblíquo superior e o forame
supraorbitàrio. Curva-se então, para cima, entre o músculo orbicular e o osso frontal, dividindose em ramos que se espalham pela parte medial e inferior da fronte. Na margem da órbita,
emite filamentos para a pele e conjuntiva da pálpebra superior. Forma ainda um arco
anastomótico com um ramo do nervo infratroclear a nível da região lateral e superior do nariz.
O nervo supraorbitàrio divide-se antes da borda da órbita em dois ramos: o medial e o
lateral. O ramo lateral é maior e sai da cavidade orbitaria pelo forame ou incisura
Figura 2.2: Área de analgesia do bloqueio dos nervos supraorbitário e supratroclear bilateral
supraorbitária, envia ramos para a pálpebra superior, seguindo trajeto ascendente junto com a
artéria supraorbitária. Os dois ramos do nervo supraorbitário distribuem-se pela região frontal
(exceto a parte central e inferior) e couro cabeludo, chegando quase à sutura lambdóide, além
do plano coronário. Fornecem ainda inervaçõo à mucosa do seio frontal e perícrânio.
Área de Analgesia
A área anestesiada pelo bloqueio dos nervos supraorbitário e supratroclear encontra-se
ilustrada na figura 2.2. A região suprida pelo nervo supratroclear engloba a parte medial da
pálpebra superior, incluindo a conjuntiva tarsal.
A área do nervo supraorbitário é bem mais extensa, cobrindo as partes central e medial da
pálpebra superior com sua conjuntiva, a região frontal exceto o triângulo mencionado e o couro
cabeludo até o plano coronário, ou um pouco além.
Figuras 2.3 e 2.4: Bloqueio do nervo supratroclear.
Técnica do Bloqueio
O nervo supratroclear pode ser bloqueado Introduzindo-se uma agulha fina (25x6 ou 13x4,5)
por debaixo da borda da órbita, a nível do seu ângulo súpero-interno, parando-se
imediatamente acima da tróclea do músculo oblíquo superior. Injeta-se neste ponto 1a 1,5 ml
de solução anestésica com vasoconstritor. É
recomendada a compressão digital do local para melhor dispersão da solução anestésica (Fig.
2.3 e 2.4).
Figuras 2.5 e 2.6:
Bloqueio do nervo supra-orbitário.
Para bloqueio do nervo supraorbitário toma-se como ponto de referência o forame do
mesmo nome, que pode ser facilmente palpado na borda superior da órbita, a 2,5 cm da linha
média, sobre um plano vertical que passa pela pupila, estando o paciente olhando para frente.
Introduz-se nesse ponto uma agulha fina, e sem necessidade de se obter parestesias, ínjeta-se
1 a 1,5 ml de solução. A compressão digital da região permite o bloqueio do seu ramo medial
sem nova infiltração (Fig. 2.5 e 2,6),
Os ramos dos dois nervos podem também ser bloqueadas por uma infiltração do campo
pelo subcutâneo seguindo um plano horizontal imediatamente acima da sobrancelha e da raiz
do nariz. Utiliza-se nesse caso 3 a 6 ml ia solução anestésica com vasoconstritor.
Indicações
Incluem procedimentos cirúrgicos na área de analgesia desses nervos, como suturas de
ferimentos, retirada de tumores ou outras lesões. O bloqueio direto dos troncos nervosos é
vantajoso sobre a infiltração do ferimento ou lesão, por ser menos doloroso, exigir menor
quantidade de anestésico local e evitar o entumecimento dos tecidos no local a ser manipulado.
O bloqueio é útil também no diagnóstico de localizarão de "zonas de disparo" no campo de
distribuição do nervo trigêmeo, nos casos de nevralgia.
Contra-Indicações
Pela situação superficial desses nervos nos pontos de bloqueio e pela mínima quantidade
de anestésico local requerida, as contra-indicações são muito poucas, incluindo os casos de
infecção ou lesões nos locais de punção.
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