LZT 520 Plantas Forrageiras e Pastagens Aspectos de Função em Plantas Forrageiras FISIOLOGIA DA PRODUÇÃO E O MANEJO DE PASTAGENS Princípios da produção e perenidade das plantas forrageiras VIGOR DE REBROTAÇÃO Área foliar Meristemas Reservas orgânicas Já vimos FORMA (morfologia, ou como a planta é) FUNÇÃO (fisiologia, ou como a planta funciona) Introdução: • Plantas correspondem a 99% da biomassa da Terra • Dominância é resultado da habilidade de transformar energia luminosa em energia química – fotossíntese • Fotossíntese assegura a vida no planeta Terra, pois além da energia fornece O2 a partir de CO2 e água Fotossíntese: • Folhas são os principais órgãos fotossintetizantes – requisitos básicos: Devem oferecer grande área foliar para captura da energia luminosa Devem ser finas para assegurar troca gasosa eficiente para favorecer a fixação de CO2 e maximizar a interceptação de luz por unidade de material investido na estrutura da folha Necessitam de uma forma para transportar os produtos da fotossíntese para outros tecidos heterotróficos Fotossíntese: • Esses requerimentos determinam a forma básica das folhas, mas o formato das diferentes espécies varia consideravelmente e não existe formato ótimo • Diferenças anatômicas entre plantas de clima temperado e tropical (plantas C3 e C4) – diferenças de funcionamento para realizar fotossíntese Anatomia C3 Anatomia C4 Cloroplastos: locais da fotossíntese • Fotossíntese acontece nos cloroplastos • Todas as partes verdes das plantas possuem cloroplastos e realizam fotossíntese • As folhas possuem a maior concentração de cloroplastos • A cor verde vem da clorofila no cloroplasto • Pigmentos absorvem energia luminosa Parede celular Folha Célula clorofilada Núcleo Vacúolo Cloroplasto Tilacóide Membrana externa Membrana interna Complexo antena Tilacóide DNA Estroma Granum Cloroplasto Granum Membrana do tilacóide Esquema da molécula de clorofila ESPAÇO INTER-CELULAR CÉLULA FOTOSSINTÉTICA (MESÓFILO) Ácido 3-fosfo glicérico (PGA) 3 carbonos ATMOSFERA RuBP carboxilase ATP CO2 NADPH Ciclo de Calvin CO2 CO2 estômato aberto Ribulose 1,5-bisfosfato (RuBP) CARBOIDRATO ATP Cloroplasto Epiderme (Folha) ESPAÇO INTER-CELULAR CÉLULA FOTOSSINTÉTICA (MESÓFILO) Glicolato ATMOSFERA RuBP carboxilaseoxigenase RUBISCO O2 O2 O2 estômato aberto X CARBOIDRATO ? Ribulose 1,5-bisfosfato (RuBP) epiderme Cloroplasto Ciclo do Glicolato nas células fotossintetizantes CLOROPLASTO Fosfato PEROXISSOMO GLICERATO GLICINA O2 MITOCÔNDRIA GLICINA PGA Ciclo de Calvin GLICOLATO CO2 GLICOLATO PIRUVATO GLICERATO FOTO-RESPIRAÇÃO SERINA ESPAÇO INTER-CELULAR CÉLULA DA BAINHA VASCULAR célula fotossintética ATMOSFERA CÉLULA DO MESÓFILO Ácido oxalo-acético (OAA) 4 carbonos CARBOIDRATO Ciclo de Calvin Malato Aspartato Rubisco RuBP CO2 PEP carboxilase CO2 M ou A ATP + NADPH Fosfoenol piruvato (PEP) CO2 CO2 estômato aberto Parâmetros metabólicos, fisiológicos e agronômicos de espécies C3 e C4 Parâmetro 1. Foto-respiração C3 C4 25-30% da fotossíntese Ausente 3- PGA OAA 2. Primeiro produto estável 3. Ponto de compensação CO2 Alto (50-150 ppm) Baixo (menor que 10 ppm) C4 Balanço fotossíntese x respiração (+) C3 0 [CO2] Fotossíntese = respiração (-) Parâmetros metabólicos, fisiológicos e agronômicos de espécies C3 e C4 Parâmetro 1. Foto-respiração C3 C4 25-30% da fotossíntese Ausente 3- PGA OAA 2. Primeiro produto estável 3. Ponto de compensação CO2 Alto (50-150 ppm) Baixo (menor que 10 ppm) 4. Anatomia foliar Bainha vascular ausente ou rudimentar Bainha vascular funcional 5. Enzima 1ária de carboxilação Rubisco (Km = 20 micromol CO2) PEP-carboxilase (Km = 5 micromol CO2) 6. Efeito do O2 sobre fotossíntese inibição nenhum Parâmetros metabólicos, fisiológicos, e agronômicos de espécies C3 e C4 Parâmetro 7. Relação CO2 : ATP : NADPH 8. Resposta à luz C3 C4 1:3:2 1:5:2 Saturação a ~ 65% da luz solar máxima Não satura em condições naturais Parâmetros metabólicos, fisiológicos, e agronômicos de espécies C3 e C4 Parâmetro 7. Relação CO2 : ATP : NADPH 8. Resposta à luz 9. Temp. ótima para fotossíntese C3 C4 1:3:2 1:5:2 Saturação a ~ 65% da luz solar máxima ~ 25 oC Não satura em condições naturais ~ 35 oC Parâmetros metabólicos, fisiológicos, e agronômicos de espécies C3 e C4 Parâmetro 7. Relação CO2 : ATP : NADPH 8. Resposta à luz 9. Temp. ótima para fotossíntese C3 C4 1:3:2 1:5:2 Saturação a ~ 65% da luz solar máxima ~ 25 oC 15 - 35 mg CO2 10. Taxa de fotossíntese líquida sob saturação de luz por dm2 por h 11. Consumo de H2O para prod. MS 450 – 1000 g H2O por g MS 12. Concentração de N na folha 4 – 6% peso seco para fotossíntese ótima Não satura em condições naturais ~ 35 oC 40 - 80 mg CO2 por dm2 por h 250 – 350 g H2O por g MS 2 – 4% peso seco Uso de fotoassimilados • Os solutos mais importantes transportados pelo floema são os produtos da fotossíntese • Como somente algumas partes da planta fazem fotossíntese, o transporte no floema é essencial para que todos os órgãos do vegetal sejam supridos • Floema também é importante no caso de solutos inorgânicos Uso de fotoassimilados • Em função da principal força para absorção de solutos inorgânicos ser a transpiração, os nutrientes provenientes do solo tendem a se acumular nos órgãos que transpiram mais, como folhas maduras, em detrimento dos que transpiram menos, como brotos novos e frutos • Para corrigir isso vegetais redistribuem os nutrientes de um órgão para outro por meio do floema • Esse processo de redistribuição de nutrientes entre partes da planta é denominado partição Uso de fotoassimilados • Partição de assimilados é feita pelo floema no sentido fonte dreno • Drenos mais “fortes” recebem mais nutrientes que drenos mas “fracos” • Fonte: órgãos cujo grau de desenvolvimento permite absorver quantidades adequadas de água e nutrientes pela corrente transpiratória e ter fotossíntese capaz de torná-los autotróficos como folhas expandidas e fotossinteticamente ativas, e órgãos de reserva na época de exportação de nutrientes Uso de fotoassimilados • Dreno: tecidos vegetativos que estão em crescimento (ápices radiculares e folhas jovens), tecidos de armazenamento (raízes e caules) na fase em que estão importando assimilados, e unidades de reprodução e dispersão das plantas (frutos e sementes) Força dos drenos: • Proximidade da fonte - folhas da porção superior costumam translocar nutrientes para folhas novas e caules em crescimento e folhas da porção basal tendem a exportar para o sistema radicular • Desenvolvimento – Durante a fase vegetativa os maiores drenos são raízes e ápices caulinares. Na fase reprodutiva os frutos se tornam dominantes • Conexão vascular – Fontes translocam assimilados preferencialmente para drenos com os quais possuem conexão vascular Uso de fotoassimilados • O transporte no floema compreende três etapas principais: carregamento da fonte transporte de longa distância nos tubos crivados descarregamento no dreno Uso de fotoassimilados 1) Carregamento do floema (simplástico) - A sacarose sintetizada pela fotossíntese migra das células do mesófilo para a vizinhança dos tubos crivados (TC, que são as células do floema) nas nervuras terminais das folhas, passando pelas células companheiras (CC). 2) Carregamento do floema (apoplástico) Os açúcares presentes no espaço intercelular e na parede celular (apoplasto) devem ser transportados ativamente (com gasto de ATP) para atravessarem a membrana citoplasmática e entrarem no complexo CC-TC. Bomba de prótons e gasto de ATP no carregamento apoplástico Apoplasto Fluxo de pressão é gerado pelo gradiente de potencial de pressão Ψp Ψp é alto na fonte e baixo no dreno Carregamento de sacarose no TC abaixa o potencial osmótico Ψs e o potencial hídrico ΨH Corrente transpiratória Carregamento do floema e a translocação Ψ Isso leva à entrada de água vinda do xilema fazendo aumentar Ψp Sentido da translocação depende da FORÇA-DRENO (tamanho x atividade) Ψ O descarregamento no dreno leva ao processo inverso provocando a diminuição de Ψp Tipicamente, em plantas forrageiras ... Folhas (expandidas e fotossinteticamente ativas) são FONTES de fotoasssimilados. Raízes são DRENOS. Mas pode acontecer... Folhas (em expansão) serem DRENOS e raízes serem FONTES de fotoasssimilados se estes estiverem sendo mobilizados a partir de reservas previamente armazenadas após uma desfolhação para suprir energia. Respiração: manutenção vs. crescimento RESPIRAÇÃO DE MANUTENÇÃO É aquela que fornece energia (ATP) para os processos que não resultam em aumento da massa seca (crescimento), tais como o transporte de moléculas orgânicas, manutenção das estruturas de membranas e troca de solutos. RESPIRAÇÃO DE CRESCIMENTO É aquela que inclui: I) O carbono realmente incorporado (produção de esqueletos de carbono para a formação de parede celular, macromoléculas, etc.) II) O carbono respirado para produzir energia sob a forma de ATP e poder redutor (NADH, NADPH e FADH2), necessários para as reações de biossíntese e para o crescimento Fotossíntese (menos fotorrespiração) Respiração de manutenção SUCROSE* Respiração de crescimento CRESCIMENTO folhas colmos raízes sementes Armazenado Frutana (C3) Amido (C4) * Também conhecida como sacarose O que importa? - Fisiologia interage com morfologia e ambiente Alfafa e gramíneas cespitosas de porte alto (baixa área foliar após qualquer desfolhação: - papel dos carboidratos de reserva (mobilização) Gramíneas porte baixo e rasteiro (sempre "alguma" área foliar após a maioria das desfolhações: - papel da área foliar residual para interceptação de luz e fotossíntese imediatamente após o pastejo Área foliar residual = quantidade de “verde” ALTA Luz incidente é interceptada completamente Acúmulo de MS é retomado de imediato via fotossíntese Pouca chance de competição para as invasoras BAIXA Uso incompleto da luz incidente Baixo potencial fotossintético imediatamente após a desfolhação Invasoras têm melhor oportunidade - Manejo deve idealmente: - Respeitar a fisiologia e a morfologia da planta - Ser baseado no conhecimento dos limites da espécie ou cultivar, conhecendo-se o potencial de manipulação de fatores de meio. - Procurar explorar o recurso forrageiro como a base de uma pecuária eficiente e sustentável dos pontos de vista biológico, ecológico e econômico. Mensagem: • Plantas sofrem modificações de forma e função para se adaptar ao pastejo • Estas correspondem a respostas de curto e médio/longo prazos associadas com a partição de nutrientes e hábito de crescimento/porte, respectivamente • Integração dessas alterações determinam o grau de resistência ao pastejo e a plasticidade fenotípica das plantas forrageiras • Limites de utilização e manejo das plantas forrageiras sob pastejo (sub e super-pastejo).