Dor Orofacial DOF Dra. Sabrina S Teixeira Lima Instituto de Medicina Física e Reabilitação – IMREA HC FMUSP Centro Integrado de Tratamento da Dor Dor Orofacial Objetivos: - - 2 principais diagnósticos em DOF Sobreposição de sintomas Dificuldade no diagnóstico Abordagem Dor Orofacial São aquelas associadas aos tecidos moles e duros da face, cabeça e pescoço. AAOP, 2013 Inervação pelo Trigêmeo (V par) V1 - Ramo Oftálmico V2 - Ramo Maxilar V3 - Ramo Mandibular Dor Orofacial São as dores na face, incluindo a boca, que têm origem local, regional ou sistêmica. Siqueira, JTT Dor Orofacial IASP – Classificou mais de 600 afecções álgicas crônicas das quais 66 acometem a região cervical e cefálica. - Pode atingir cerca de 12% da população, ficando atrás das lombalgias, cefaleias e dores abdominais Von Korff M et al. Pain. 1988. 32(2):173-83 - Poucos estudos brasileiros Gerontology. 2013. Prevalence of headache and orofacial pain in adults and elders in a Brazilian community: an epidemiological study. de Siqueira SR et al. - 505 adultos e 385 idosos - 45,3% e 56,6%: dor em face ou cabeça (6m) - 48,6% e 58,7%: tinham queixa de prejuízo das atividades diárias devido dor - 10,2% dor de dente - 7,7% dor na face - 32,2% de 267: DOF nos últimos 6 meses - Odontalgia: mais frequente - 66 horas de trabalho perdidos nos últimos 6 meses por DOF Lacerda JT et al., 2011 Arch Intern Med. 2000 Jan 24;160(2):221-7. Overlapping conditions among patients with chronic fatigue syndrome, fibromyalgia, and temporomandibular disorder. Aaron LA1, Burke MM, Buchwald D. Aparentemente, DOF é uma queixa isolada quando em consultório odontológico, porém... - Fibromialgia - Sd Fadiga Crônica - Cefaleia - Sd do Pânico - RGE - Sd Intestino Irritável - Estresse pós-traumático Arch Intern Med. 2000 Jan 24;160(2):221-7. Overlapping conditions among patients with chronic fatigue syndrome, fibromyalgia, and temporomandibular disorder. Aaron LA1, Burke MM, Buchwald D. Aparentemente, DOF é uma queixa isolada quando em consultório odontológico, porém... - Fibromialgia - Sd Fadiga Crônica Sd Somáticas Funcionais - Cefaleia OPPERA: Prospective Evaluation - Sd do Pânico and Risk Assesment - RGE - Sd Intestino Irritável - Estresse pós-traumático J Am Dent Assoc. 1993 Oct;124(10):115-21. Estimated prevalence and distribution of reported orofacial pain in the United States. Lipton JA1, Ship JA, Larach-Robinson D. 45mil americanos - Odontalgia (12,2%) - DTM (5,3%) AVISO! DOR DE DENTE ≠ DOR NO DENTE Dor Orofacial AGUDA CRÔNICA Dor de Dente DTM Dor Orofacial Normalmente não há problemas no diagnóstico diferencial, mas... Afetam algum componente do sistema dentoalveolar. Não Odontogênicas Odontogênicas Odontalgias Fraturas Sensibilidade Dentinária Pulpite Infecção Periapical Pericoronarite Odontalgia Pericementite Odontogênicas Pulpite • Dor Latejante, mas pode variar de acordo com o grau de comprometimento pulpar • Localizada/Difusa • Ativação do sistema muscular, dificuldade diagnóstica • Dor Espontânea/Provocada • Diurna/Noturna • Desencadeada pelo Frio/Calor, alimentos, escovação dentária Uso de anestesia local ajuda na localização da dor e diagnóstico diferencial Tratamento intervencionista. Medicação analgésica/AINE Quando uma dor NO dente não é dor DE dente? - Não responde aos testes térmicos - Não há sinal radiográfico - Não piora quando deita/abaixa da cabeça Cuidado Dentistas: - o paciente com dor pode ser bem convincente - necessidade de resolver o problema Dor de dente referida à face ou ao crânio Doenças parecida neuralgia cefaleias etc. Dores de estruturas no crânio e face referidas ao dente não-odontogênicas que causam dor com dor de dente: sinusopatia maxilar, trigeminal, infarto agudo do miocárdio, primárias, neoplasias, odontalgia atípica, Não Odontogênicas Odontogênicas Odontalgias Dor torácica Infecções Dor sinusal Neuralgia Trigeminal Cefaleia primária Dor miofascial Odontalgia não odontogênica Neoplasias Neuralgia Trigeminal - Dor fortíssima - Paroxística - Fatores desencadeantes bem definidos - Limita-se aos ramos do trigêmeo - Dente pode ser ponto gatilho* (DD: Pulpite) *Iatrogenia Odontológica Dor Orofacial de Origem Cardíaca Pode irradiar-se aos dentes, mandíbula e face em cerca de 18% dos casos, normalmente associada com sintomas de dor ou desconforto no tórax. Ampla representação somestésica da face no córtex e convergência neuronal no núcleo caudal do trigêmeo. Dermátomos Torácicos se sobrepõem aos cervicais Dermátomos cervicais também inervam braço, ombro e inferior da face C2 sobrepõemse ao V de Oliveira Franco AC, Siqueira JTT. JBA. 2005; 5(8):11-4. Kreiner M, Okeson JP, Michaelis V et al. J Am Dent Assoc. 2007; 138(1): 74-9 Dor de Origem Neoplásica Neoplasias podem causar odontalgia primária, como no caso de leucemia, ou secundária, como no caso de tumores de cabeça e pescoço: Os tumores podem simular dor de dente, principalmente quando o dente encontra-se na área da lesão. Dor de Origem Neoplásica Neoplasias de origem hematológica infiltração linfocitária polpa ou periodonto dor e mobilidade dental Dor de Origem Neoplásica Oral Surg Oral Med Oral Pathol Oral Oral Radiol Endod 2006 Jul; 102(1):56-61 Pain complaint as the first symptom of oral cancer: a descriptive study Cuffari L, Siqueira JTT, Nemr K, Rapaport A dente 5,9% palato 41% na deglutição 11,1% ao mastigar 1,1% boca 12,9% ardência bucal 3,3% língua 14% sore throat 37,6% gengival 2,2%’ 19,2% Tu de boca inicia com dor face 0,7% Dor Muscular Referida ao dente Dor Muscular e não ARTICULAR A dor não odontogênica mais comum é Disfunção Temporomandibular (DTM) muscular Disfunção Temporomandibular (DTM) J Craniomandib Disord. 1992 Fall;6(4):301-55. Research diagnostic criteria for temporomandibular disorders: review, criteria, examinations and specifications, critique. Dworkin SF1, LeResche L. Epidemiologia DTM – população geral DTM muscular: 13% DTM Articular não dolorosa: 16% DTM Articular dolorosa: 9% Oral Surg Oral Med Oral Pathol Oral Radiol Endod. 2011 Oct;112(4):453-62. doi: 10.1016/j.tripleo.2011.04.021. Epub 2011 Aug 11. Research diagnostic criteria for temporomandibular disorders: a systematic review of axis I epidemiologic findings. Manfredini D1, Guarda-Nardini L, Winocur E, Piccotti F, Ahlberg J, Lobbezoo F. Nos indivíduos com DTM: DTM muscular: 45% DTM Articular não dolorosa: 41% DTM Articular dolorosa: 34% Doenças Sistêmicas Fraturas de Côndilo Desarranjos Internos da ATM Miosite Tumores da ATM ou músculo Artrite da ATM Infecção Fadiga Muscular Dor Musculoesquelética Dor Miofascial - Diagnóstico feito com base na história clínica e exame físico - Sensibilidade muscular à palpação Áreas mais frequentes de DTM muscular Diagnóstico Manifestação Clínica DTM Muscular -Alteração no movimento mandibular (limitação nem sempre presente) -Dor ao movimento mandibular Características da dor: peso cansaço aperto pressão queimação espasmo (pontada, latejante) Diagnóstico Manifestação Clínica DTM Muscular Tratamento DTM Muscular Dor muscular e limitação de abertura bucal decorrente de cirurgias, traumatismos ou infecções: dor muscular aguda. Tratamento fisioterápico. Quando associado a infecções, a mesma deve ser tratada devidamente. Dor muscular secundária a doenças neurológicas: Normalmente é crônica. Nesses casos o tratamento é voltado para a doença que a originou. Quando isso não é possível, outras medidas locais devem ser tomadas para gerar conforto ao paciente. Dor muscular local e SDM mastigatória: É o modelo clássico da DTM. As opções de tratamento podem incluir educação em dor, placas miorrelaxantes, exercícios físicos, fármacos, acupuntura, TCC, TENS, laserterapia, cuidados integrativos. Tratamento DTM Muscular Dor muscular e limitação de abertura bucal decorrente de cirurgias, traumatismos ou infecções: dor muscular aguda. Tratamento fisioterápico. Quando associado a infecções, a mesma deve ser tratada devidamente. Dor muscular secundária a doenças neurológicas: Normalmente é crônica. Nesses casos o tratamento é voltado para a doença que a originou. Quando isso não é possível, outras medidas locais devem ser tomadas para gerar conforto ao paciente. Dor muscular local e SDM mastigatória: É o modelo clássico da DTM. As opções de tratamento podem incluir educação em dor, placas miorrelaxantes, exercícios físicos, fármacos, acupuntura, TCC, TENS, laserterapia, cuidados integrativos. Dor Articular Deve-se ter muito cuidado para não atribuir à ATM queixas de dor facial difusa, cefaleias ou cervicalgias. Patologias da Articulação Temporomandibular a. Não Inflamatórias (degenerativas) - Osteoartrite/Osteoartrose - Deslocamento de Disco (desarranjo interno da ATM)* b. Inflamatórias - Sistêmicas primárias: artrite reumatoide, artrite psoriática, espondilite anquilosante, etc. - Sistêmicas secundárias: LES, Gota, etc. c. Reabsorção idiopática da cabeça da mandíbula d. Fraturas e. Tumores f. Luxação g. Anquilose h. Hiperplasia i. Infecções Manifestações clínicas sugestivas de DTM articular -Dor articular -Ruidos -Limitação de ADM mandibular -Irregularidade nos movimentos -Travamentos mandibulares -Edema ou inchaço -Alterações na oclusão (surgimento de mordida aberta anterior) -Alterações otológicas Situações Clínicas e condutas: 1. Paciente apresenta dor facial e estalido assintomático: Avaliar função mandibular/ATM e origem da dor. O estalido não sendo causa da dor, deve ser reavaliado periodicamente, principalmente se houver alteração em padrão. 2. Dor no momento do estalido ou ruído: Controlar a dor com medicação e reavaliar o ruído. 3. Limitação de abertura bucal com ou sem estalido: investigar a causa da limitação (DAD s/ Redução, Trismo, Anquilose, Fibrose Muscular). 4. Estalido/Artralgia coincidente com doença sistêmica: se a doença de base estiver ativa, o controle da mesma se faz necessário. Medidas locais devem ser tomadas para controle da dor. Farrar e McCarthy: características radiográficas da ATM em sujeitos que procuravam assistência odontológica identificou 70% com Desl. Disco. Observação Importante sobre DOF Cuidado com as dores que não melhoram com o tratamento convencional ( ) (Doença Periodontal) Bolsas periodontais e infecções crônicas podem gerar queixa de dor difusa, referidas às adjacências, normalmente algum tempo depois da mastigação, sobretudo de alimentos rígidos ou sólidos. (DD: DTM muscular) (Doença Periodontal) Estudos relacionam a doença periodontal crônica e dores crônicas de difícil controle. (Fabri G, Siqueira SRDT, Simione C et al. Arq Neuropsiquiatr. 2009; 67 (2-8):474-9.) (Doença Periodontal) Sintomas -sangramento gengival -mobilidade dental -sensibilidade dental -sensação de dente crescido -halitose -coceira -DOR (embora não seja frequente) Dificuldade no Diagnóstico (2012) C.S.D, gênero feminino, 45 anos: QP: “dor que desce pelo pescoço” (sic) HMA: Dor desde 2000 Vários dentistas Há 1,5 ano: endodontia em 36, com piora da dor Passou a ter sensibilidade dentinária ao frio Encaminhada ao neuro: prescreveu gabapentina (SM) e levantou hipótese de neuralgia trigeminal Dor provocada pelo fio dental, mastigação VAS 7/10 pontada, fisgada paroxística Relata bruxismo do sono Exame Físico: Intra Mordida aberta anterior Hiperemia gengival (36/37) Sensibilidade dentinária em 37 Ausência de dor à percussão vertical horizontal Extra Hiperalgesia em masseter médio esquerdo (1/3) HD dor à esclarecer sensibilidade dentinária mialgia localizada bruxismo do sono Abordagem das Dores Orofaciais Instituto de Medicina Física e Reabilitação HC-FMUSP Centro Integrado de Tratamento da Dor Educação em Dor: Como a dor funciona e Matriz de dor Cuidados Integrativos: Meditação e Hipnose Intensidade e Qualidade Sofrimento Significado TENS: Aplicação semanal Analisa o risco PMR: Ajuste semanal Medidas Físicas Locais (Auto-Cuidado): Calor local , Exercícios mandibulares orientados, Massagem Aspectos Gerais das Dores Orofaciais A dor orofacial pode ser o primeiro sintoma de uma doença sistêmica ou pode ser secundária a ela. Vitória de Samotrácia: Representa a deusa grega Nice. Museu do Louvre Aspectos Gerais das Dores Orofaciais 3,4 3,4 3 1,2 3 3 5 1,2 1. 2. 3. 4. 5. Royal JE, Harris VJ, Sansi PK. Radiology. 1988; 169:529-531. Kaya AD, Aktener BO, Ünsal Ç. Int Endod J. 2004; 37: 602-6. Aliko A, Ciancaglini R, Alushi A, Tafaj A, Ruci D. Int J Oral Maxillofac Surg. 2011 Jul;40(7):704-9. Savioli C, Silva CAA, Ching LH et al. Rev Hosp Clin Fac Med S Paulo. 2004; 59(3): 100-5. Arap A, Siqueira SR, Silva CB, Teixeira MJ, Siqueira JT. Arch Oral Biol. 2010 Jul; 55(7): 486-93. [email protected] f www.facebook/drasabrinalima Referências Bibliográficas • • Dores Orofaciais: Diagnóstico e Tratamento. Siqueira JTT e Teixeira MJ. 2012 Orofacial Pain – Guidelines for Assessment, Diagnosis, and Management. AAOP. 2013