Newsletter Maio 2011 Grupo Tabagismo Região Centro EDITORIAL O hábito de fumar (tabagismo) - acto voluntário de inalar o fumo da queima do tabaco - independentemente da qualidade, quantidade ou frequência, é considerado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) a principal causa de morte evitável em todo o mundo. A educação tem um papel importante na prevenção pois o ideal é não começar a fumar. A promoção da saúde deve começar cedo, na escola e nos locais de trabalho. Como é pouco frequente o hábito de fumar começar depois dos 18 anos, a prevenção primária durante a infância e a adolescência será essencial para reduzir o número de fumadores. Os jovens treinados para resistirem à pressão social, os que sabem das dificuldades em deixar de fumar e os que conhecem as consequências do tabagismo para a saúde, têm maior probabilidade de não começarem a fumar. O controlo global do tabagismo inclui a prevenção da iniciação ao hábito de fumar, a eliminação das fontes de exposição involuntária ao fumo do tabaco e o apoio/promoção aos programas de abandono do tabaco. Isto implica que, para além dos profissionais de saúde, têm responsabilidades nesta área as forças culturais, sociais e políticas. O tabaco é um dos maiores inimigos da saúde. Vamos contribuir com o primeiro passo para uma vida sem fumo. Judite Maia Chefe de Serviço de Saúde Pública Departamento de Saúde Pública e Planeamento da ARS Centro IP Como Tirar o Tabaco lá de Casa?! Autores: Dra. Cátia Magalhães, Psicóloga Clínica Escola Superior de Educação de Viseu Dr. Bruno Carraça, Psicólogo Clínico ACES DÃO Lafões II. Hodiernamente, fumar e as suas consequências, são umas das principais causas de morte prematura nas sociedades ocidentais industrializadas. Paradoxalmente, a informação sobre os riscos para a saúde e as consequências negativas do comportamento de fumar têm sido disseminadas activamente pelas sociedades nos últimos anos. O consumo de tabaco pelos adolescentes tem sido objecto de diversos estudos empíricos e científicos. No entanto, as taxas de consumo continuam altas na população, e se tivermos em atenção, a faixa etária da adolescência em Portugal, ainda se torna mais alarmante, pois as taxas de prevalência de consumo diário em indivíduos portugueses entre os 15-24 anos são de 26,2% e nas mulheres entre os 15-24 anos de 14,1% (INS, 2006). Então, porque é que os adolescentes fumam ou porque é que continuam a iniciar o consumo em nº tão significativo? De acordo com o relatório INS (2011), a maior parte da população começou a fumar entre os 15 e os 19 anos (55,6%), com maior evidência na população com menos de 25 anos (65,1%). Segundo ECOSInfotabaco (2010) a idade de iniciação de consumo de tabaco nos fumadores diários e ocasionais de 17,6 anos (16,5; 18,7), revelando, adicionalmente, evidência de que os homens começam a fumar (16,7 anos) um pouco antes das mulheres (19,6 anos). Isto implica que a maioria dos fumadores começou a fumar na adolescência, ou seja, numa altura em que muitos ainda vivem com os pais. Assim, a família representará um papel muito importante na adopção de comportamentos, quer seja na transmissão de comportamentos de risco (ex: fumar), quer seja na promoção de comportamentos saudáveis e resilientes. É claro que existem múltiplos factores de risco que interagem nesta dinâmica, contudo o aumento do consumo nos jovens, leva-nos a pensar que porventura as famílias não estão a ter sucesso no seu papel de agentes de prevenção. A revisão da literatura, centrada principalmente nos factores de risco e protecção familiares face ao consumo de drogas legais e ilegais, atestam a importância dos programas parentais e familiares na prevenção de dificuldades e problemas dos filhos. A qualidade do envolvimento parental interage com várias variáveis, nomeadamente, bem-estar psicológico, stress, suporte social e na previsão de comportamentos anti-sociais e no uso e abuso de substâncias psicoactivas (Yoshikawa, 1994). Logo, quando os factores de risco familiares são mais fortes, surgem comportamentos delinquentes, consumo de drogas, entre outros, sobretudo na fase da adolescência. Apesar da pressão por parte dos pares ter sido apontada de forma consistente como o factor decisivo para o uso ou abuso de drogas, investigações recentes apontam para os processos familiares como mediadores da associação entre uso de drogas e grupo de pares desviantes (CSAP, 2001; Resnick et al., 1997; Kumpfer, Alvarado & Whiteside, 2003). Alguns estudos longitudinais (Brook & Brook, 1992), incluindo o National Longitudinal Adolescent Health Survey (Resnick et al., 1997) que acompanhou pré-adolescentes durante os períodos normalmente associados ao uso de drogas, concluiu que, apesar dos factores associados aos pares se tornarem mais importantes entre a pré-adolescência e a adolescência, os factores parentais não parecem perder a sua importância nesta fase do ciclo. Coombs, Paulson e Richardson (1991) referem que a influência parental foi, de facto, apontada como a mais importante para a influência exercida pelos pares nas razões que os jovens apresentaram para usarem drogas. Outros estudos revelam que a supervisão parental na monitorização dos comportamentos da criança (por exemplo, saber onde a criança está, o que está a fazer…) pode prevenir ou atrasar o uso de drogas. Esta influência pode ser directa, na medida em que a mantém afastada das drogas, ou indirecta, no sentido em que diminui o contacto desta com grupo de pares que consomem. Outros estudos indicam que, níveis elevados de coesão familiar aparentam diminuir os níveis iniciais de uso de álcool, tabaco e marijuana, e podem inclusive atrasar o aumento do consumo de tabaco (Duncan, 1995). Também encontramos evidências de que existe uma relação directa entre o funcionamento familiar, o comportamento de fumar pelos pais e o uso de tabaco pelo adolescente. A interpretação remete para a ideia de que um nível baixo de coesão predispõe o adolescente para comportamentos desviantes, especificamente para os que são modelados através dos pais, e que estes, em famílias com um nível baixo de coesão, não tem influência suficiente para controlar os seus filhos (Doherty, 1994). Neste sentido, o estudo de Welsh (Smith, 1995) revela que o acto de fumar dos pais está relacionado positivamente com a experimentação de tabaco nos rapazes, assim como as mães com as raparigas. Andrews (Andrews, Hops, Ary, Tildesley & Harris, 1993) refere que o comportamento parental influencia significativamente os adolescentes dos 11 aos 15 anos, na iniciação e na continuação do uso de álcool, tabaco e marijuana. Os pais podem influenciar os objectivos a longo-prazo e os valores dos seus filhos. Um estudo longitudinal sobre o comportamento de fumar realizado na Noruega (Oygard, Klepp, Tell & Vellan, 1995) revelou que na baseline e passados dois anos, o acto de fumar nos adolescentes estava fortemente associado ao comportamento de fumar dos amigos e parentes, enquanto que passados 10 anos, o acto de fumar das mães aparece como o factor predictor mais importante do fumar diário dos jovens adultos. Os estudos apontam para um conjunto de práticas parentais que são extremamente importantes para um desenvolvimento positivo e bem sucedido da criança. Na ausência destas práticas, aumenta a possibilidade da adopção de comportamentos de risco, nomeadamente, problemas de comportamento, consumo de drogas e comportamento anti-social. No entanto, os estudos centram as suas pesquisas essencialmente na influência exercida pelos pares, quase negligenciando as influências familiares, apesar de existirem evidências de que a família deve ser considerada como um importante espaço de intervenção (Kumpfer, 2003; Kumpfer, 1990). O que contribui para que a maioria dos programas de prevenção continue a negligenciar a família como alvo principal para veicular mensagens aos jovens acerca do consumo de tabaco, álcool e outras drogas (Stern, 1992). Assim, para aumentar a eficácia dos programas, é importante pensarmos em envolver os pais/família em programas de prevenção que envolvam a intervenção em várias áreas Hawkins, Catalano, Morrison, O’ Donnell, Abbott & Day, 1992) Referências bibliográficas: -Andrews, J, Hops, H., Ary, D., Tildesley, E, & Harris, J. Parental influence on early adolescent substance use: specific and non-specific effects. Journal of Early Adolescence 1993; 13: 285-310. - Doherty WJ, Allen W. Family functioning and parental smoking as predictors of adolescent cigarette use: a six year prospective study. Journal of Family Psychology 1994; 8, 3:347 - 53. - Duncan TE, Tildesley E, Duncan SC, Hops H. The consistency of family and peer influences on the development of substance use in adolescence. Addiction 1995; 90, 12:1647 - 60. - Hawkins, J.D.; Catalano, R.F.; and Associates. Communities That Care. San Francisco: Jossey-Bass, 1992. pp. 84-100. - Hawkins JD, Catalano RF, Miller JY. 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Lisboa: Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge. Departamento de Epidemiologia, 2009. - Smith C, Roberts CC, Moore L. Parents and adolescent smoking. Journal of the Institute of Health Education 1995;33(4):104 -9. - Yoshikawa H. Prevention as cumulative protection: Effects of early family support and education on chronic delinquency and its risks. Psychological Bulletin 1994;115:28 - 54. CIGARRO ELECTRÓNICO, ALTERNATIVA À CESSAÇÃO TABÁGICA? Autora: Maria Manuel Açafrão Coordenadora Regional do tabagismo da ARS Centro IP ACES Pinhal Litoral II O cigarro electrónico foi inventado pela empresa chinesa Golden Dragon Group, é constituído por um inalador, um cartucho, um chip e uma bateria recarregável. Este dispositivo electrónico, em forma de cigarro, liberta vapor e tenta simular o acto de fumar, A FDA (Food and Drugs Administration) em 2009 alertou para a presença, nos vapores, que estes cigarros libertam, de substâncias tóxicas e nocivas para a saúde, sendo identificado em alguns cigarros electónicos ou e-cig, nicotina e nitrosamina, composto cancerígeno, e em outros dietilglienoglicol que é um anticongelante utilizado nos carros. A OMS não tem nenhuma evidência que demonstre a segurança ou a sua eficácia. Embora alguns destes cigarros, tenham na sua composição nicotina, não é aconselhada a sua utilização na cessação tabágica. Alguns fumadores motivados para a cessação, optam pelo cigarro electrónico com o argumento de não ser nocivo à saúde, o que não é a medida mais adequada pois pode vir a adquirir outros hábitos. A publicidade destes cigarros, pode incentivar os jovens e os ex. fumadores a experimentá-lo, atraídos pela falsa imagem de segurança, como também pelo facto de, sendo um cigarro sem fumo, não ser proibido o seu uso nos restaurantes, bares, discotecas etc. A actual legislação de 14 de Agosto de 2007 não abrange estes cigarros. Em 2008 a Austrália proibiu os e-cig. A UE está a preparar uma normativa para regulamentar estes produtos de modo a só serem comercializados se passarem pelo controlo sanitário. Não é aconselhado o seu uso na cessação Tabágica pois os fumadores mantêm o hábito / comportamento de fumar, mantendo assim a dependência, e por outro lado podem adquirir o comportamento gestual. Mindfulness e Cessação Tabágica Autores: Dr. Bruno Carraça, Psicólogo clínico e da Saúde ACES DÃO Lafões II Dra. Catia Magalhães, Psicóloga Clínica Escola Superior de Educação de Viseu O stress da vida quotidiana pode ser um “poderoso gatilho” para o fumador que procura fazer a desabituação tabágica. As situações internas (pensamentos automáticos negativos) ou ambientais (conflitos familiares ou no trabalho) funcionam como condições precipitantes para o fumador acender um cigarro. No entanto, vários estudos defendem que estas questões podem ser resolvidas de outra forma. Neste sentido, acreditam que uma abordagem baseada na atenção à redução do stress pode ser a chave para lidar com os impulsos de consumo tabágico. Neste sentido, surgem técnicas como o Mindfulness Baseado na Redução do Stress e Baseado na Terapia Cognitiva da Consciência - que revelam sucesso na gestão do stress e no rompimento de padrões habituais de consumo. O dependente de tabaco, em vez de voltar a fumar aquando dos primeiros sinais de ansiedade, aprende a utilizar e a implementar técnicas de experienciação da consciência, que fornecem tomadas de decisão alternativas e acessíveis. Desta forma, adquire um conjunto de estratégias de gestão dos “gatilhos do impulso”, sem necessitar de acender um cigarro. Neste sentido, é pertinente conhecer estas técnicas e como funcionam. O Mindfulness – Baseado na Redução de Stress (MBRS): foi desenvolvido por Jon Kabat-Zinn (1979). O autor preconiza que o Mindfulness usa de forma intencional, a consciência do momento presente, para ajudar o fumador a experienciar positivamente o desenrolar da sua vida, sem julgamento ou curiosidade. O processo, com base na meditação oriental, ajuda os indivíduos a tornarem-se mais hábeis e criativos nas suas respostas aos estímulos do mundo real, eliminando padrões de comportamento destrutivo, por exemplo: o tabagismo (Kabat-Zinn, 2004). Este modelo de intervenção é universal e facilmente acessível, permitindo aos fumadores adquirir a capacidade de desenvolver reacções inteligentes e perspicazes para eventos e circunstâncias que lhes estão a acontecer, e para a construção original, de reacções inteligíveis e saudáveis na resposta ao impulso de consumir. Por sua vez, o Mindfulness - Baseado na Terapia Cognitiva: É semelhante ao MBRS, na medida em que combina no momento presente práticas de meditação com as técnicas convencionais da terapia cognitiva. A terapia desenvolvida por Zindel Segal, Mark Williams e John Teasdale, com base no modelo MBSR, permite aos dependentes de tabaco desenvolver no aqui e no agora, a consciência adequado do que está acontecer “dentro deles” quando fumam. O MBTC utiliza uma combinação de técnicas orientais de meditação e terapias cognitivas para ajudar os pacientes a familiarizarem -se com os diferentes focus da mente, que muitas vezes podem caracterizar as dependências, como o tabagismo. Através desta técnica, um fumador abstinente ou em processo de desabituação começa a desenvolver respostas saudáveis aos estímulos indutores de stress que eram anteriormente geridos através do comportamento de fumar. Ao ajudar o fumador a concentrar-se nas crenças cognitivas mais adaptativas, reestrutura os pensamentos relativos a comportamentos com potencial negativo, e que poderiam ser precipitantes ou predictores do acto tabágico. Assim, o MBTC ajuda os utentes a romper com comportamentos nocivos, respostas desadaptativas repetitivas e padrões cíclicos, que podem levar a problemas de saúde e comportamentos dependentes. Deste modo, e uma vez que um nível de stress elevado e intenso, pode ser totalmente disfuncional para o fumador que tenta parar de fumar, a aprendizagem de formas de lidar com estas tensões de forma eficaz e em tempo útil pode ser a chave de sucesso para a cessação tabágica. Assim, cada vez mais será importante que os profissionais de saúde integrados nas equipas multi-profissionais, aprendam e contactem com estas novas formas de intervenção baseadas no Mindfulness, abordando-as com os doentes em sessões estruturadas, ao longo do processo de desabituação tabágica. Com o intuito de conseguirmos alcançar de uma forma consistente uma fase de abstinência mais resiliente e sem recaídas sucessivas. Referências Bibliograficas: Hayes, S. C. (2004). Acceptance and commitment therapy and the new behavior therapies: Mindfulness, acceptance and relationships. Em: S. Hayes; V. Follette & M. Linehan (Orgs.). Mindfulness and Acceptance: Expanding the cognitive behavioural tradition (pp. 1-29). New York: Guildford. Hayes, S. C. & Gregg, J. (2000). Funcional contextualism and the self. Em: J. C. Muran (Org.). Self-relations in the psychotherapy process (pp.291-307). Washington: American Psychological Association. Kabat-Zinn, J. (1982). An outpatient program in behavioral medicine for chronic pain patients based on the practice of mindfulness meditation: Theoretical considerations and preliminary results. General Hospital Psychiatry, 4, 3347. Kabat-Zinn, J.; Lipworth, L.; Burney, R. & Sellers, W. (1986). Four-year follow-up of a meditation-based stress reduction program for the self-regulation of chronic pain: Treatment outcomes and compliance. Clinical Journal of Pain, 2, 159-173. Kabat-Zinn, J.; Massion, A. O.; Kristeller, J.; Peterson, L. G.; Fletcher, K. E.; Pbert, L.; Lenderking, W. R. & Santorelli, S. F. (1992). Effectiveness of a meditation-based stress reduction program in the treatment of anxiety disorders. American Journal of Psychiatry, 149, 936-943. Kabat-Zinn, J.; Wheeler, E.; Light, T.; Skillings, Z.; Scharf, M. J. & Cropley, T. G. (1998). Influence of a mindfulness meditation-based stress reduction intervention on rates of skin clearing in patients with moderate to severe psoriasis undergoing phototherapy (UVB) and photochemotherapy (PUVA). Psychosomatic Medicine, 60, 625-632. Kaplan, K. H.; Goldenberg, D. L. & Galvin, M. (1993). The impact of a meditation-based stress reduction program on fibromyalgia. General Hospital Psychiatry, 15, 284-289. Kohlenberg, R. J.; Tsai, M. & Dougher, M. (1993). The dimensions of clinical behavior analysis. The Behavior Analyst, 16 (2), 271-282. Linehan, M. M. (1987). Dialectical behavior therapy for borderline personality disorder: Theory and method. Journal of the Menninger Clinic, 51, 261-276. Ma, S. H. & Teasdale, J. D. (2002). mindfulness -based cognitive therapy for depression: Replication and exploration of differential relapse prevention effects. Journal of Consulting and Clinical Psychology, 72, 31-40. Roemer, L. & Borkovec, T. D. (1994). 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DIA MUNDIAL SEM TABACO 31 DE MAIO DE 2011 A CONVENÇÃO QUADRO DA OMS PARA O CONTROLO DO TABACO Autora: Maria Manuel Açafrão Coordenadora Regional do tabagismo da ARS Centro IP ACES Pinhal Litoral II A Convenção Quadro para o controlo do tabaco, é uma iniciativa da OMS e é o 1º Tratado Internacional sobre a Saúde Pública. Todos os países que aderiram a esta convenção, têm compromissos. Portugal assinou a sua adesão como Estado Membro em Janeiro de 2004 e rectificou-a em 8 Novembro de 2005 No âmbito desta convenção têm sido desenvolvidas e implementadas Directivas Europeias pelos vários Estados Membros da UE. Todos estes estados têm um compromisso, de adoptar medidas de restrição ao consumo de cigarros. Os compromissos a que os estados membros aderentes conferem são: -Proteger as políticas de saúde e de outros interesses da indústria de tabaco - Proteger as pessoas do fumo de tabaco ambiental - Adoptar medidas fiscais e preços, para reduzir o consumo - Regulamentar o conteúdo dos produtos do tabaco - Regular as embalagens e a rotulagem dos produtos de tabaco - Advertências dos perigos - Proibição da publicidade, promoção e patrocínio - Fornecer ajuda à cessação - Controlar o comércio ilícito dos produtos de tabaco - Proibição de venda a menores O objectivo desta convenção é proteger as gerações presentes e futuras das devastadoras consequências da saúde, social, ambiental e económicas do consumo de tabaco e a exposição ao fumo de tabaco ambiental. Portugal aguarda alterações à legislação do tabaco (lei 37 / 2007 de 14 de Agosto), após relatório dos 3 anos da sua aplicação. Autoras: Helena Paiva e Joana Lopes Enfermeiras ACES DÃO Lafões III UCC de Carregal do Sal. DESABITUAÇÃO TABÁGICA O TABACO é o nome comum dado às plantas do género Nicotiana Tabacum, crê-se originária da América do Sul, onde era utilizada em rituais aborígenes, devido às suas propriedades alucinogénias. Esta espécie foi trazida para a Europa no século XVI, atribuindo-lhe propriedades medicinais curativas. No início do séc. XX, com a publicidade incrementou-se o seu uso e na década de 60 foi considerado um problema de saúde pública. A combustão do tabaco produz inúmeras substâncias nocivas, como gases e vapores, que passam para os pulmões através do fumo, sendo algumas absorvidas pela corrente sanguínea, como o monóxido de carbono, alcatrão, amoníaco entre outras substâncias irritante e agentes cancerígenos. A nicotina é a substância que provoca a dependência. O vício de fumar tem-se revelado difícil de combater. A nicotina provoca dependência por meio de processos semelhantes aos da cocaína, álcool e heroína, tem características que preenchem os critérios das drogas aditivas: uso compulsivo, efeitos psicoactivos e comportamento reforçado pela droga, tolerância e dependência física, manifestada por uma síndroma de abstinência. Os sintomas de privação incluem, entre outros, a necessidade imperiosa de fumar, irritabilidade, agressividade, ansiedade, dificuldade de concentração, dores de cabeça, aumento do apetite, tonturas. Os malefícios do tabaco não justificam nem compensam os seus benefícios, que se traduzem, exclusivamente, no prazer que pode estar associado ao acto de fumar. É sabido que fumar incrementa o risco de padecer de múltiplas doenças como, o cancro, doenças pulmonares obstrutivas crónicas, acidentes vasculares cerebrais e outras. Porque tentamos erradicar o hábito e fracassamos? Em primeiro lugar porque achamos que deixar de fumar é muito difícil e requer um grande esforço ou até mesmo que é impossível. Nestas condições nem sequer tentamos. Outras vezes tentamos e simplesmente, mais tarde ou mais cedo, voltamos a reincidir no hábito. O que está por trás deste fracasso? Vários factores possíveis: desconhecemos porque realmente fumamos e assim mantemos o hábito; verdadeiramente, achamos que não nos apetece; cremos que não somos capazes de passar sem o cigarro; não estamos dispostos a fazer esforço e a “pagar o preço”; sabemos que existem muitos métodos mas não sabemos qual o adequado, etc. Ora, quando se age com base no esforço, ou não se chega a alcançar a meta ou a sua obtenção é quase sempre produto de um processo traumático, com sequelas, pois sentimos que temos de abdicar de algo ou mesmo de partes de nós próprios. A eficácia de um determinado comportamento depende do quanto se acredita em si próprio. Este é o mecanismo mais central do funcionamento humano, partindo para a luta se percepcionarmos que somos capazes de levar a cabo uma acção que conduzirá ao efeito desejado. Caso contrário jamais levará a cabo essa acção ou será perseverante face às dificuldades. O que acontece é que cada vez que tentamos e fracassamos diminuímos a nossa auto-estima e a confiança em nós próprios. A desabituação da nicotina é um processo moroso e necessita muitas vezes, de intervenção e acompanhamento por profissionais de saúde especializados, médicos, enfermeiros, psicólogos, e outros, assim como terapêutica comportamental e/ou farmacológica. Devemos contar sempre com o apoio dos familiares e amigos pois serão uma mais-valia durante o tratamento e manutenção da abstinência. Convém que pense nas consequências positivas que considere poderem motivá-lo a deixar de fumar. Considerar as vantagens de todo o tipo, valorizar adequadamente a sua importância e pensar “por antecipação” nos ganhos que poderá obter. Deixar de fumar trás de forma imediata benefícios importantes para a saúde, melhorando substancialmente a nossa qualidade de vida. Existem diversos benefícios ao deixar de fumar: • Após oito horas, os níveis de monóxido de carbono no organismo baixam e os de oxigénio aumentam; • Passadas 72 horas, a capacidade pulmonar aumenta e a respiração torna-se mais fácil; • Com cinco anos de abstinência do tabaco, o risco de cancro da boca e do esófago é reduzido para metade; • Ao final de dez anos, o risco de cancro do pulmão é já metade do verificado em fumadores, e o de outros cancros diminui consideravelmente. • Após 15 anos de abstinência, o risco de doença cardiovascular é igual ao de um não fumador do mesmo sexo e idade. As mulheres que deixam de fumar antes do primeiro trimestre de gravidez reduzem • significativamente o risco do bebé ser prematuro ou ter peso reduzido em comparação com as que continuam a fumar. Abandonar o consumo de tabaco tem efeitos positivos e saudáveis para todos, social e • individualmente, sem esquecer as pessoas que, de uma forma ou outra, vêem-se obrigadas a respirar o fumo do tabaco (fumadores passivos). Fumar significa estar dependente de uma substância, deixar o consumo é libertarmo-nos dessa • dependência. A cessação de fumar traz benefícios de toda a ordem, ao nível físico (desaparecimento do cheiro a tabaco, aumento do paladar, diminuição do risco de doenças…), psicológico (aumenta a auto-estima reforçando as competências do individuo) e socioeconómico (melhoria do orçamento familiar e socialmente aceite) A aparência renovada, o hálito mais fresco, o travar do envelhecimento precoce e a poupança económica são factores adicionais que podem motivar a sua decisão. É importante ter a percepção de que voltar a ser um indivíduo "não-fumador" não é apenas um simples acto, mas um processo onde se fazem escolha e mudanças que alteram o seu estilo de vida. A Consulta de Desabituação Tabágica pode ser um meio para conseguir esse objectivo que procura -"uma vida sem fumo". Quando as pessoas conseguem deixar de fumar, dá-se um incremento na sua auto-estima e orgulho pessoal, facilitando a prática de actividades mais saudáveis e prazerosas. Aos pais deve ser dirigida uma mensagem especial: • Não permitam, que se fume, em suas casas; • Não fumem (se os pais forem fumadores) em presença dos seus filhos, qualquer que seja o local, onde se encontrem; • Não permitam, que as crianças mexam em objectos associados com o tabaco, como isqueiros, cinzeiros, caixas de tabaco; • Avisem os seus filhos sobre os malefícios do tabaco. Aos jovens: • Devem resistir às pressões para fumar; • Recusar uma oferta é um direito; • Fumar tem um impacto negativo (directo e indirecto) no ambiente. • Não fumar é que está na moda; • São várias as alternativas ao tabaco: conversar, ouvir música, ler, passear, namorar... Os adolescentes que fumam podem deixar de fumar com facilidade e basta parar de fumar para o conseguir, pois não estão verdadeiramente dependentes do tabaco. A luta contra o tabaco atinge todo o País. Se Portugal conseguir sensibilizar a sua juventude, milhares de euros deixarão de ser consumidos anualmente no tratamento de doenças provocadas pelo fumo do cigarro. O jovem de um modo geral começa a fumar por um acto de rebeldia ou afirmação. Hoje, com o desenvolvimento de práticas desportivas, seria mais saudável que a juventude procurasse sua afirmação através do desporto ou de manifestações artísticas, que fazem bem ao organismo, à mente e ao espírito. O Centro de Saúde de Carregal do Sal disponibiliza 1 hora semanal (quinta das 18 ás 19 horas), para esta consulta. A equipa até agora foi constituída por uma médica e uma enfermeira. A equipa deverá ser alargada ainda no ano de 2011, integrando uma psicóloga, uma nutricionista e uma médica dentista. Estes profissionais são oriundos da Unidade de Recursos Assistenciais Partilhados (URAP) do ACES Dão Lafões III. . Se é profissional de saúde ou está ligado, de alguma forma, a esta área. Esta Newsletter é sua. Colabore enviando artigos CONTACTOS: [email protected] [email protected]