I. FONÉTICA 1- Fonema: é a unidade sonora mínima da fala

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I. FONÉTICA
1- Fonema: é a unidade sonora mínima da fala. Classificamos os fonemas em vogais, consoantes e semivogais.
2- Letra: é a representação gráfica do fonema; cada letra pode representar mais de um fonema, como, por exemplo a
letra s: em casa, ela representa o fonema /zê/; em sapo, o fonema /sê/.Na palavra passo, temos cinco letras e apenas
quatro fonemas, pois as letras ss representam, juntas, apenas um fonema: /sê/. Assim, aprendemos que os dígrafos, que
estudaremos a seguir, formam apenas um fonema.
3- Vogal: é a representação do som que não encontra obstáculo quando da sua passagem pelo aparelho fonador. São
vogais as letras a, e, i, o, u.
4- Semivogal: ocorre quando as letras e, i, o e u formam sílabas com uma vogal, em posição anterior ou posterior a
esta.
5- Consoante: diferentemente da vogal, a consoante é a representação do som que encontra algum obstáculo (lábios,
dentes, língua, palato) na sua passagem pelo aparelho fonador.
6- Ditongo: chama-se ditongo o encontro de uma vogal e uma semivogal em uma mesma sílaba; é decrescente aquele
em que a vogal está posicionada antes da semivogal: caixa, boi, fui, seu (orais); mãe, pão, põe (nasais). É crescente
quando a semivogal antecede a vogal: goela, quase, mágoa, cílios (orais); frequente, muito (nasais). São abertos os
ditongos em que há uma considerada abertura da boca ao emitir o som vocal: céu. Os ditongos em que há uma
abertura mínima da boca ao se emitir o som são chamados fechados: seu.
7- Hiato: é a consequência de vogais em sílabas diferentes: Saara, voo, caatinga, continua, teor, fiel, ruim.
8- Tritongo: ocorre quando há a sequência semivogal-vogal-semivogal em uma mesma sílaba. Exs.: Paraguai,
saguão, iguais.
9- Encontro Consonantal: é qualquer encontro de consoantes em um vocábulo. Há a ocorrência de encontro de
consoantes em sílabas diferentes, os disjuntos (≠ de conjunto): co-nec-tar, dor-mir. Quando em conjunto numa mesma
sílaba, formam um grupo consonantal, e são eles: pr, pl, br, bl, tr, tl, cr, cl, fr, fl, gl, gr, dr e, também, gn, mn, pn, ps,
pt, tm, que, quando iniciam sílabas, são inseparáveis. Ainda, há um encontro consonantal fonético, chamado de dífono,
quando o x é pronunciado como o encontro ks: táxi.
10- Dígrafo: ocorre quando duas letras se encontram para representar apenas um som. Os dígrafos são ss, rr, qu, gu,
ch, lh , nh, sc, sç, xc, xs. Não ocorre ditongo no encontro do dígrafo gu ou qu com as letras e e i. Exs.: passo, carro,
quieto, guerra, chave, malha, ganho, nascimento, desço, exceção, exsudar. Constitui erro de prosódia a pronúncia do s
nos dígrafos sc e sç e do x em xc e xs; então, para nascer, lê-se naSSer.
11- Sílaba: é o som (fonema) ou conjunto de sons emitidos em uma só vez; o seu centro é sempre uma vogal, donde
se deduz que não há sílaba sem vogal. As palavras, quanto ao número de sílabas, dividem-se em monossílabas (uma só
sílaba- pai), dissílabas (duas- país), trissílabas (três- países) – e polissílabas (quatro ou mais sílabas- cidadela).
12- Separando sílabas: há algumas regras para se separar as sílabas.
a- a consoante inicial não seguida de vogal permanece na sílaba que a segue: pneu-má-ti-co, gno-mo.
b- no interior da palavra, a consoante não seguida de vogal fica na sílaba que a precede: nup-ci-al, op-ção, e´t-ni-co.
c- não se separam os elementos consonantais iniciais de sílabas nem os dos dígrafos nh, lh, ch: a-bra-sar, fi-lho, manhã.
d- forma sílaba com o prefixo antecedente o s que precede consoantes: ins-pe-ção, pers-pi-caz, abs-tra-ir.
e- as vogais idênticas e as letras sc, cc, cç, rr e ss separam-se ficando uma na sílaba que as precede e outra na sílaba
seguinte: ca-a-tinga, fri-ís-si-mo, sec-ção, res-sur-gir, car-ro, a-do-les-cen-te, des-cer, pis-ci-na.
13- Ortoépia: ocupa-se da boa pronunciação das palavras no ato da fala. A ortoépia está relacionada com a perfeita
emissão das vogais, a correta articulação das consoantes e a ligação de vocábulos dentro de contextos. Erros
cometidos contra a ortoépia são chamados de cacoepia.
a-pronunciar erradamente vogais quanto ao timbre: pronúncia correta, timbre fechado (ô)- alcova, crosta; pronúncia
errada, timbre aberto (ó): alcova,crosta.
b- omitir fonemas:
reivindicar/revindicar.
cantar/
canta,
trabalhar/trabalha,
amor/amo,
abóbora/abóbra,prostrar/
prostar,
c- acréscimo de fonemas: pneu/peneu, freada/ freiada,bandeja/ bandeija.
d- substituição de fonemas: cutia/cotia, cabeçalho/ cabeçário, bueiro/ boeiro.
e- troca de posição de um ou mais fonemas: caderneta/ cardeneta, bicarbonato/ bicabornato, muçulmano/ mulçumano.
f- nasalização de vogais: sobrancelha/ sombrancelha, mendigo/ mendingo, bugiganga/ bungiganga ou buginganga.
14- Prosódia: parte da fonética que tem por objetivo a exata acentuação tônica das palavras.
a- são oxítonas: condor, obus, mister, recém, novel, refém, Nobel, ureter.
b- são paroxítonas: alcácer, decano, índex, algaravia, dúplex, látex, avaro, filantropo, maquinaria, aziago, fluído (fluido), misantropo, barbaria, fortuito (tui), necropsia, batavo, gratuito (tui), caracteres, gúmex, pudico, celtibero, ibero,
quiromancia.
c- são proparoxítonas: ádvena, azáfama, ínterim, ágape, bátega, lêvedo, álacre, bávaro, monólito, alcíone, bímano,
ômega, álibi, biótipo, ômicron, amálgama, cáfila, périplo, antífrase, cotilédone, pródromo, areópago, crisântemo,
protótipo, aríete, éolo, quadrúmano, arquétipo, ímprobo, zênite.
Observações
a- palavras com ditongo crescente, que gramáticos antigos incluem entre as proparoxítonas: barbárie, boêmia,
estratégia, homonímia, sinonímia, paronímia. É mais apropriado considerá-las paroxítonas terminadas em ditongo.
b- têm dupla prosódia: acrobata ou acróbata; anidrido ou anídrido; hieróglifo ou hieroglifo; nefelibata ou nefelíbata;
Oceânia ou Oceania; ortoépia ou ortoepia; projétil ou projetil; réptil ou reptil; sóror ou sóror; xerox ou xérox; zangão
ou zângão.
15- Sílaba tônica: chama-se sílaba tônica aquela que tem a maior força, entonação, dentro da palavra. Algumas dessas
sílabas são acentuadas graficamente, e, para tal, há algumas regras que veremos a seguir.
16- Monossílabos Tônicos: serão acentuados quando terminarem em a, e, o, seguidos ou não de s. Ex: pá, pás, má,
más, vá, lá, já, pé, pés, mês, rês, Zé, pó, pós, dó, cós. Diferenciam-se os monossílabos dos oxítonos em quaisquer
questões que se confrontem as regras: uma é a regra daqueles, outras são as regras destes.
17- Oxítonas: são as que têm a maior inflexão de voz na última sílaba. São acentuadas quando terminarem em a, e, o
seguidos ou não de s, e em em e ens. Ex.: Corumbá, maracujás, maná, Maringá, rapé, massapê, filé, sapé, filó,
mocotó, jiló, amém, armazém, também, Belém, parabéns, armazéns, nenéns.
18- As formas verbais oxítonas terminadas em a, e, o acompanhadas dos pronomes oblíquos átonos lo, la, los, las
devem ser acentuadas. O mesmo ocorre com as formas verbais terminadas em i, formando hiato tônico com a vogal
anterior. Ex.: Iremos contratá-lo. Não quero comprometê-lo. O dinheiro, vou repô-lo. A casa, iremos construí-la em
breve.
19- Paroxítonas: são as que têm a maior inflexão de voz na penúltima sílaba. São acentuadas quando terminarem em
r, u, x, i, n, l, ei, ão, ã, ps, um, uns, ditongo crescente (as vogais seguidas ou não de s). Ex. álbum, factótum, médiuns,
ágil, flexível, volátil, fórceps, bíceps, tríceps, tórax, xérox (também pode ser xerox), fênix, pônei, vôlei, jóquei, órgão,
órfãos, sótão, ônus, bônus, Mário, secretária, hífen, pólen, gérmen, táxi, júris, fêmur, âmbar, revólver, ímã, órfãs.
20- Não se acentuam os prefixos paroxítonos terminados em i, nem em r: semi, anti, arqui, super, hiper, inter.
21- Não se põe acento agudo na sílaba tônica das formas verbais terminadas em que, quem: apropinque, delinquem.
Põe-se, porém, acento agudo na sílaba tônica das formas verbais terminadas em gue, guem: águem, enxágue,
deságuem.
22- Proparoxítonas: são as que têm a maior inflexão de voz na antepenúltima sílaba. Todas as proparoxítonas são
acentuadas: síndrome, ínterim, lêvedo, lâmpada, sândalo.
23- Acentos Diferenciais: por, preposição, pôr, verbo (Menino, vá pôr uma blusa, antes de sair por aí); que,
pronome, advérbio, conjunção ou partícula expletiva, quê, substantivo, interjeição ou pronome em final de frase (Essa
menina tem um quê de mistério. Quê? você não trouxe o que lhe pedi? Está rindo de quê?)
24- Hiato: as letras i e u serão acentuadas, independente da posição na palavra, quando surgirem formando hiato
tônico com a vogal anterior, sem consoante na mesma sílaba, exceto s, e sem nasalização (til, nh e ressoo nasal)saída, ataúde, miúdo, balaústre, juízes, mas sairmos, juiz, rainha. Exceção: xiita.
25- Ortografia: é responsável pela escrita correta das palavras (orto: correto, grafia: escrita).
26- Usa-se o ç nas palavras derivadas de vocábulos terminados em -to, -tor, -tivo, -ter, -ce. Ex.: erudito, erudição;
exceto, exceção; setor, seção; intuitivo, intuição; redator, redação; ereto, ereção; educar, educação; exportar,
exportação; repartir, repartição; manter, manutenção; reter, retenção; deter, detenção; conter, contenção; alcance,
alcançar; lance, lançar.
27- Usa-se o s nas palavras derivadas de verbos terminados em -nder, –ndir, -erter, -ertir, -ergir, –pelir, -curs-, correr. Exs.: pretender, pretensão; defender, defesa, defensivo; despender, despesa; compreender, compreensão;
fundir, fusão; expandir, expansão; perverter, perversão; converter, conversão; reverter, reversão; divertir, diversão;
aspergir, aspersão; imergir, imersão; expelir, expulsão; impelir, impulso; compelir, compulsório; concorrer,
concurso; discorrer, discurso; percorrer, percurso.
28- Os sufixos determinadores de abundância que são afixados à substantivos, escrevem-se -oso e -osa: gostosa;
glamorosa; saboroso; horroroso.
29- Escrevem-se com s todas as palavras terminadas em -ase, -ese, -ise e -ose, com exceção de gaze e deslize.
Exs.: fase; crase; tese; osmose.
30- Usa-se o s nas palavras femininas terminadas em -isa. Exs.: poetisa; profetisa; Heloísa; Marisa.
31- Toda a conjugação dos verbos pôr, querer e usar é grafada com s. Exs.: Eu pus; Ele quis; Nós usamos; Eles
quiseram; Quando nós quisermos; Se eles usassem.
32- Após ditongo, escreve-se com ç, quando houver som de s; escreve-se com s, quando houver som de z.
Exs.: eleição; traição; Neusa; coisa.
33- Escreveremos com s as palavras terminadas em ês e esa que indicarem nacionalidades, títulos ou nomes
próprios.Exs.: português; norueguesa; marquês; duquesa; Inês; Teresa.
34- Escreveremos com s os verbos terminados em isar, quando a palavra primitiva já possuir o s. Exs.: análise,
analisar; pesquisa, pesquisar; paralisia, paralisar.
35- Escreveremos com z os verbos terminados em izar, quando a palavra primitiva não possuir s. Exs.: economia,
economizar; terror, aterrorizar; frágil, fragilizar. Excetuam-se: catequese, catequizar; síntese, sintetizar; hipnose,
hipnotizar; batismo, batizar.
36- Escreveremos com z as palavras terminadas em ez e eza, substantivos abstratos que provêm de adjetivos, ou seja,
palavras que indicam a existência de uma qualidade. Exs.: embriaguez; limpeza; lucidez; nobreza; acidez; pobreza.
37- Diminutivos:
a- Escreveremos com s os diminutivos terminados em sinho e sito, quando a palavra primitiva já possuir o s no final
do radical. Exs.: casinha; asinha; portuguesinho; camponesinha; Teresinha; Inesita.
b- Escreveremos com z os diminutivos terminados em zinho e zito, quando a palavra primitiva não possuir s no final
do radical. Exs.: mulherzinha; arvorezinha; alemãozinho; aviãozinho; pincelzinho; corzinha.
38- Usa-se ss nas palavras derivadas de verbos terminados em ceder, primir, gredir, meter. Exs.: anteceder,
antecessor; exceder, excesso; conceder, concessão; imprimir, impressão; comprimir, compressa; deprimir,
depressivo; agredir, agressão; progredir, progresso; transgredir, transgressor; comprometer, compromisso;
intrometer, intromissão; prometer, promessa; remeter, remessa.
39- Escreveremos com ção se apenas retirarmos a desinência de infinitivo r dos verbos terminados em tir. Ex.: curtirr+ção=curtição.
40- Escreveremos com são quando, ao retirarmos toda a terminação tir, a última letra for consoante. Ex.: divertirtir+são=diversão.
41- Escreveremos com ssão quando, ao retirarmos toda a terminação tir, a última letra for vogal. Ex.: discutirtir+ssão =discussão.
42- Escreveremos com j as palavras derivadas dos verbos terminados em jar e de vocábulos terminados em ja, e,
também, as palavras de origem tupi, africana ou popular. Exs.: trajar, traje, eu trajei; encorajar, que eles encorajem;
viajar, que eles viajem; loja, lojista; gorja, gorjeta; canja, canjica; jeca; jibóia; jiló; pajé.
43- Escreveremos com g todas as palavras terminadas em ágio, égio, ígio, ógio, úgio, gem. Exs.: pedágio; colégio;
sacrilégio; prestígio; relógio; refúgio; a viagem; a coragem; a personagem; a vernissagem; a ferrugem; a penugem.
Excetuam-se pajem, lambujem e a conjugação dos verbos terminados em -jar (viajem).
44- Usamos o x nas palavras iniciadas por mex-(com exceção de mecha), enx (com exceção das derivadas de
vocábulos iniciados por ch e da palavra enchova) e após ditongo (com exceção de recauchutar e guache) . Exs.:
mexilhão; mexer; mexerica; México; mexerico; mexido; enxada; enxerto; enxerido; enxurrada; ameixa; deixar;
queixa; feixe; peixe; gueixa. Mas deve-se atentar para: cheio, encher, enchente; charco, encharcar; chiqueiro,
enchiqueirar.
45- Verbos terminados em uir, oer, uar, oar. Os terminados em uir e oer terão as 2ª e 3ª pessoas do singular do
Presente do Indicativo escritas com i. Exs.: tu possuis; ele possui; tu constróis; ele constrói; tu móis; ele mói; tu róis;
ele rói. Os terminados em uar e oar terão todas as pessoas do Presente do Subjuntivo escritas com e. Exs.: Que eu
efetue; Que tu efetues; Que ele atenue; Que nós atenuemos; Que vós entoeis; Que eles entoem.
46-Homônimos (do grego homo, mesmo, e nimos, nome): são palavras iguais na forma e diferentes na significação.
Há três tipos de homônimos: os perfeitos, os homófonos e os homógrafos.
47- Homônimos perfeitos: possuem a mesma grafia e o mesmo som: cedo (advérbio) e cedo (verbo ceder); meio
(numeral), meio (adjetivo) e meio (substantivo).
48-Homônimos homófonos: possuem mesmo som (fonos) e grafias diferentes: sessão (reunião), seção (repartição) e
cessão (ato de ceder); concerto (harmonia) e conserto (remendo).
49- Homônimos homógrafos: possuem a mesma grafia e sons diferentes: almoço (refeição) e almoço (verbo
almoçar); sede (vontade de beber) e sede (residência).
50- Parônimos: são palavras de significação diferente, mas de forma parecida, paralela: retificar e ratificar; emergir e
imergir.
51- Alguns erros de homonímia e paronímia são frequentes no cotidiano. Verfiquemo-los:
a- na indicação de tempo, emprega-se há para indicar tempo passado – estrutura equivalente a faz -. Ex.: Há dois
meses que não aparece. Para indicar tempo futuro, emprega-se a preposição. Ex.: Daqui a três anos, voltarei a revêla.
b- usa-se senão como sinônimo de do contrário, mas sim, a não ser; já o se não, uma construção condicional, usa-se
como sinônimo de caso não, ou. Exs.: Se não vierem (caso não venham) todos, como será? Não grite, senão (do
contrário) você apanha.
c- emprega-se aonde com os verbos que dão ideia de movimento. Equivale sempre a para onde. Ex.: Aonde você vai?
Aonde nos leva com tanta pressa?. Com os verbos que não dão ideia de movimento emprega-se onde: Onde estão os
livros?
d- em final de frase, a palavra que deve ser sempre acentuada: Ele chorou por quê?
e- por que (separado) equivale a pelo qual (e flexões) e quando depois dele vier escrita ou subentendida a palavra
razão. Se ocorrer no final da frase, deverá o que ser acentuado: Por que razão você não compareceu?
f- porque ocorre quando se trata de uma conjunção causal ou explicativa. Geralmente equivale a pois:Você tirou uma
nota boa porque estudou muito.
g- Porquê é substantivo. Neste caso, virá precedido de artigo ou de outra palavra determinante: Nem o governo sabe o
porquê da inflação.
52- Hífen: novas regras para a utilização do hífen estão em vigor. Verificaremo-las a seguir enfatizando, para melhor
entendimento, a grafia anterior de algumas palavras.
53- O hífen não é mais utilizado em palavras formadas de prefixos (ou falsos prefixos) terminados em vogal +
palavras iniciadas por r ou s, sendo que essas devem ser dobradas: antessala, extrasseco, autorregulamentação,
ultrassonografia, semissintético etc. Em prefixos terminados por r, permanece o hífen se a palavra seguinte for
iniciada pela mesma letra: hiper-realista, hiper-requintado, hiper-requisitado, inter-racial, inter-regional, interrelação, super-racional, super-realista, super-resistente etc.
54- O hífen não é mais utilizado em palavras formadas de prefixos (ou falsos prefixos) terminados em vogal +
palavras iniciadas por outra vogal: autoafirmação, autoescola, contraindicação, extraoficial, semiautomático,
semiárido, ultraelevado etc. Esta regra não se encaixa quando a palavra seguinte iniciar por h: anti-herói, antihigiênico, extra-humano, semi-herbáceo etc.
55- Agora se utiliza hífen quando a palavra é formada por um prefixo (ou falso prefixo) terminado em vogal + palavra
iniciada pela mesma vogal. Antes: antiibérico, antiinflamatório, antiinflacionário, antiimperialista, arquiinimigo,
arquiirmandade, microondas, microônibus, microorgânico; depois: anti-ibérico, anti-inflamatório, antiinflacionário,
anti-imperialista, arquiinimigo, arqui-irmandade, micro-ondas, micro-ônibus, micro-orgânico etc.
a- esta regra foi alterada por conta da regra anterior: prefixo termina com vogal + palavra inicia com vogal diferente =
não tem hífen; prefixo termina com vogal + palavra inicia com mesma vogal = com hífen.
b- uma exceção é o prefixo co. Mesmo se a outra palavra inicia-se com a vogal o, NÃO se utiliza hífen: coordenar.
56- Não usamos mais hífen em compostos que, pelo uso, perdeu-se a noção de composição. Antes: manda-chuva,
pára-quedas, pára-quedista, pára-lama, pára-brisa, pára-choque, pára-vento; depois: mandachuva, paraquedas,
paraquedista, paralama, parabrisa, párachoque, paravento.
a- o uso do hífen permanece em palavras compostas que não contêm elemento de ligação e constituem unidades
sintagmáticas e semânticas, mantendo o acento próprio, bem como naquelas que designam espécies botânicas e
zoológicas: ano-luz, azul-escuro, médico-cirurgião, conta-gotas, guarda-chuva, segunda-feira, tenente-coronel, beijaflor, couve-flor, erva-doce, mal-me-quer, bem-te-vi etc.
57- Usa-se o hífen em palavras formadas pelos prefixos ex, vice, soto: ex-marido, vice-presidente, soto-mestre.
58- Usa-se o hífen em palavras formadas pelos prefixos circum e pan + palavras iniciadas em vogal, m ou n: panamericano, circum-navegação.
59- Em palavras formadas com prefixos pré, pró e pós + palavras que tem significado próprio, usamos o hífen: prénatal, pró-desarmamento, pós- graduação.
60- Em palavras formadas pelas palavras além, aquém, recém, sem, usamos o hífen: além-mar, além-fronteiras,
aquém-oceano, recém-nascidos, recém-casados, sem-número, sem-teto.
61- Não ocorre mais hífen em locuções de qualquer tipo (substantivas, adjetivas, pronominais, verbais, adverbiais,
prepositivas ou conjuncionais): cão de guarda, fim de semana, café com leite, pão de mel, sala de jantar, cartão de
visita, cor de vinho, à vontade, abaixo de, acerca de etc. Exceções: água-de-colônia, arco-da-velha, cor-de-rosa,
mais-que-perfeito, pé-de-meia, ao-deus-dará, à queima-roupa.
II. MORFOLOGIA
1- Renovação do léxico, ou Processo de Formação de Palavras: neste item, analisam-se as formas de inclusão –
criação – de novas palavras na língua, formadas através da anexação de afixos a uma palavra original (ao seu radical:
raiz), o que chamamos de derivação, ou formadas pela junção de duas palavras (melhor, dois radicais), que, quando
juntas, dão origem a um terceiro significado, distinto dos outros dois, mas que relembra aqueles.
Considerando que muitas palavras como justiça vieram diretamente do latim, a nomenclatura formação por
derivação prefixal pela anexação de –iça ao radical justo é errônea diacronicamente, pois temos um caso legítimo de
transferência direta do latim justitia. Assim como a palavra televisão: é um caso de “empréstimo” do inglês television,
este de tele, do grego (à distância), e do francês vision, que, por sua vez, adveio do latim Visio. Estas questões
demonstram uma das pequenas falhas da Norma Gramatical Brasileira e do ensino da língua: mas, por enquanto,
continuaremos a estudar os processos de formação de palavras como explicados a seguir.
2- Derivação Prefixal ou Prefixação: acréscimo de um prefixo à palavra primitiva, normalmente verbos e adjetivos;
quando anexado um prefixo a um substantivo, este, geralmente, é um deverbal (des-respeito, re-torno). Exemplos:
refazer, inquieto, reescrever.
Embora pró
sou pré-jatopropulsão
o que me faz um própréprô.
Termo que não ocorreria a meu avô. Millôr Fernandes
3- Derivação Sufixal ou Sufixação: acréscimo de um sufixo à palavra primitiva. A sufixação pode formam
substantivos, adjetivos, advérbios e verbos, estes pelo bom número de sufixos verbais na nossa língua (ejar, ear, izar,
escer, itar etc.). Para formar advérbios, há somente o sufixo –mente, que se liga à forma feminina do adjetivo:
lindamente, rapidamente. Exemplos outros: igualdade, mortal, armamento, purpurejar, canalizar, florescer, palpitar.
Poeminha Fulminante
Relampa?
Relampadeja?
Relampeja?
Relampagueia?
Relampeia?
Relampadeia?
E, enquanto a luz
não esclarece asletras,
o raio que me parta
chega.
Brunhilde Laurito
4- Derivação Prefixal e Sufixal: quando se agregam, em tempos diferentes, prefixo e sufixo a um único radical.
Exemplos: infelizmente, desigualdade, reflorescer.
5- Derivação Parassintética ou Parassíntese: acréscimo de um prefixo e de um sufixo, simultaneamente;
também chamado de parassíntese. Por exemplo: envernizar, enrijecer, anoitecer.
Obs.: a maneira mais fácil de se estabelecer a diferença entre Derivação Prefixal e Sufixal e Derivação Parassintética é
a seguinte: retira-se o prefixo; se a palavra que sobrou existir, será Derivação Prefixal e Sufixal; ou, retira-se, agora, o
sufixo: se a palavra que sobrou existir, também será Derivação Prefixal e Sufixal; caso contrário, será Derivação
Parassintética. Por exemplo, retire o prefixo de envernizar: não existe a palavra vernizar; agora, retire o sufixo:
também não existe a palavra enverniz. Portanto, a palavra foi formada por Parassíntese.
6- Derivação regressiva: é a retirada da parte final da palavra primitiva, obtendo, por essa redução, a palavra
derivada. Por exemplo: do verbo debater, retira-se a desinência de infinitivo -r: formou-se o substantivo debate.
7- Derivação Imprópria ou Conversão: é a formação de uma nova palavra pela mudança de classe gramatical. Por
exemplo: a palavra gelo é um substantivo, mas pode ser transformada em um adjetivo: camisa gelo.
8- Composição por Justaposição: na união, os radicais não sofrem qualquer alteração em sua estrutura. Por exemplo:
ao se unirem os radicais ponta e pé obtém-se a palavra pontapé. O mesmo ocorre com mandachuva, passatempo,
guarda-pó.
9- Composição por aglutinação: na união, pelo menos um dos radicais sofre alteração em sua estrutura. Por
exemplo: ao se unirem os radicais água e ardente, obtém-se a palavra aguardente, com o desaparecimento do a. O
mesmo acontece com embora (em boa hora), planalto (plano alto).
10-Hibridismo: é a formação de novas palavras a partir da união de radicais de idiomas diferentes. Por exemplo:
automóvel, sociologia, sambódromo, burocracia.
11- Onomatopéia: consiste em criar palavras, tentando imitar sons da natureza. Por exemplo: zunzum, cricri, tiquetaque, pingue-pongue.
12- Abreviação Vocabular: consiste na eliminação de um segmento da palavra, a fim de se obter uma forma mais
curta. Por exemplo: de extraordinário forma-se extra; de telefone, fone; de fotografia, foto; de cinematografia,
cinema ou cine.
13- Siglominização: as siglas são formadas pela combinação das letras iniciais de uma seqüência de palavras que
constitui um nome: Por exemplo: IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística); IPTU (Imposto Predial,
Territorial e Urbano).
14- Neologismo: qualquer processo de formação de palavras que apresente novas palavras ao léxico trata-se de
neologismo. As palavras formadas pelos processos anteriormente vistos são palavras já enraizadas na língua, não se
tratando, necessariamente, de palavras novas. Entretanto, quando a situação requer, por necessidade de aplicação ou
por desejo estilístico, uma palavra para aplicação imediata, recorre-se a mecanismos já existentes na língua para a
formar, sendo, o mais comum, o acréscimo de desinências do infinitivo para formação de verbos, principalmente de 1ª
conjugação.
15- Neologismo léxico: mouse, site, infovia etc.
16- Neologismo semântico: azular, pistolão etc. Nesse aspecto, enquadram-se significantes novos em conceitos já
existentes, como inverdade, imexível; também o contrário, quando se nomeiam novos conceitos com significantes já
existentes como grampear, turbinar, zebra etc.
17- Ocorrem neologismos, também, através de prefixação e sufixação. Prefixação: e-business, sem-terra, e-music etc.
Sufixação: natureba, mistureba, repeteco, propinoduto etc.
Guimarães Rosa introduziu alguns vocábulos novos em seus textos, como coraçãomente, descreviver,
enxadachim, imitaricar etc.
18- Classes de Palavras ou Classes Gramaticais: são entidades gramaticais diferentes de funções; esta define a
relação de um vocábulo com os demais da frase da qual faz parte. Classe é uma propriedade de um vocábulo fora do
contexto. Estudaremos, pois, a seguir, as diferentes classes de palavras do nosso léxico.
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