0 JULIANA FERNANDES MENDES DA SILVA INTERVENÇÕES PARA AUMENTAR A ADESÃO AO EXAME CITOPATOLÓGICO DO COLO DO ÚTERO NA ESF MORADA DO SOL EM NOVA ANDRADINA/MS. Nova Andradina – MS 2011 1 JULIANA FERNANDES MENDES DA SILVA Intervenções para aumentar a adesão ao exame citopatológico do colo do útero na ESF Morada do Sol em Nova Andradina/MS Projeto de Intervenção apresentado à Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, como requisito para conclusão do curso de Pós Graduação à nível de especialização em Atenção Básica em Saúde da Família. Orientadora: Profª Drª Marisa Dias Rolan Loureiro Nova Andradina – MS 2011 2 LISTA DE ILUSTRAÇÕES Gráfico 1- Demonstrativo da meta pactuada e alcançada de exames citopatológicos de colo de útero realizados em Nova Andradina/MS no período 2008 a 2010. Gráfico 2- Demonstrativo da meta pactuada e alcançada de exames citopatológicos do colo do útero realizados na ESF Morada do Sol de Nova Andradina/MS no período 2008 a 2010. Gráfico 3 - Distribuição de exames citopatológicos de colo de útero realizados na ESF Morada do Sul de Nova Andradina, nos anos de 2010 e 2011. 3 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ACS Agente Comunitário de Saúde ESF Estratégia Saúde da Família HPV Papiloma vírus Humano IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística INCA Instituto Nacional do Câncer MS Mato Grosso do Sul SMS Secretaria Municipal de Saúde UMG Unidade Móvel Ginecológica UBSF Unidade Básica de Saúde da Família 4 RESUMO O câncer do colo do útero é o segundo tipo de câncer mais comum entre as mulheres, a prevenção dessa doença está baseada no rastreamento da população feminina por meio da detecção precoce de lesões pré-cancerosas, no diagnóstico exato do grau da lesão e no tratamento. O exame de citopatológico do colo de útero é um método de rastreamento sensível, seguro e de baixo custo que torna possível a detecção de lesões precursoras e de formas iniciais da doença. Neste trabalho desenvolvemos um projeto de intervenção junto à população feminina da Estratégia Saúde da Família Morada do Sol de Nova Andradina, com o objetivo de elaborar Intervenções para aumentar a adesão ao exame citopatológico do colo do útero, bem como sensibilizar os profissionais de saúde quanto à importância da realização do referido exame; colaborar para a realização do diagnóstico precoce do câncer do colo do útero; promover ações de educação em saúde; aumentar a meta pactuada pelo município. As ações multidisciplinares foram desenvolvidas no ano de 2011, onde utilizou estratégias para a realização dos exames, como: horário ampliado na unidade de saúde, unidade móvel de colheita, ampla divulgação e ações de educação em saúde. As mesmas resultaram em um aumento significativo no número de exames realizados. Palavras-chaves: Exame de citopatológico de colo de útero, Saúde da família, Prevenção do câncer. 5 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ............................................................................................... 6 2. ANÁLISE SITUACIONAL ............................................................................... 8 2.1 CARACTERIZAÇÃO GERAL DE NOVA ANDRADINA..................................8 2.2 ORGANIZAÇÃO DOS SERVIÇOS DE SAÚDE..............................................8 2.3 ESTRATÉGIA SAÚDE DA FAMÍLIA MORADA DO SOL...............................9 3. REFERENCIAL TEÓRICO............................................................................. 11 3.1 CÂNCER COLO DE ÚTERO .........................................................................11 4. OBJETIVOS ................................................................................................... 13 4.1 GERAL ......................................................................................................... 13 4.2 ESPECÍFICOS ............................................................................................. 13 5. REFERENCIAL METODOLÓGICO ............................................................... 14 6. RESULTADOS/DISCUSSÃO ........................................................................ 17 7. CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................... 21 8. REFERÊNCIAS .............................................................................................. 22 6 1. INTRODUÇÃO O câncer do colo do útero é o segundo tipo de câncer mais comum entre as mulheres, com aproximadamente 500 mil casos novos por ano no mundo sendo responsável pela morte de 230 mil mulheres por ano. No Brasil, para 2010, são esperados 18.430, com um risco estimado de 18 casos a cada 100 mil mulheres (BRASIL, 2009). Para Coelho (2009) a prevenção do câncer do colo do útero está baseada no rastreamento da população feminina por meio da detecção precoce de lesões précancerosas, no diagnóstico exato do grau da lesão e no tratamento. Sendo que esse modo, a cobertura da população feminina em relação à prevenção é um elemento primordial no controle deste tipo de câncer. O Instituto Nacional do Câncer (INCA) estima uma redução de até 80% na mortalidade por este câncer a partir do rastreamento de mulheres na faixa etária de 25 a 65 anos com o exame de citopatológico de colo de útero e tratamento das lesões precursoras com alto potencial de malignidade ou carcinoma "in situ". Para tanto é necessário garantir a organização, a integralidade e a qualidade do programa de rastreamento, bem como do tratamento das pacientes (BRASIL, 2010). Em Nova Andradina, a baixa adesão ao exame citopatológico do colo de útero resultou na dificuldade em alcançar a meta de cobertura proposta anualmente para o município. A idéia do presente estudo foi a fim de melhorar este importante indicador do Pacto pela Saúde, que consta na Portaria Nº 399/GM de 22 de fevereiro de 2006, tendo em vista a necessidade de aumentar a oferta deste exame. O trabalho na ESF Morada do Sol permitiu desvelar uma grande dificuldade, em alcançar a meta pactuada pelo município de Nova Andradina, tendo em vista, várias tentativas de sensibilizar as mulheres frente à importância da prevenção do câncer de colo uterino, que se dá por meio de exame preventivo. Partindo do estudo da meta do ano anterior (2010), surgiu a indagação “O que eu como Enfermeira de saúde pública posso fazer para melhorar a adesão das mulheres de minha unidade ao exame citopatológico do colo do útero?” Entendendo a necessidade do trabalho de prevenção do câncer de colo de útero, resolveu-se montar um plano de intervenção a fim de melhorar este indicador e conseqüentemente a saúde da mulher da ESF Morada do Sol em Nova Andradina/MS. 7 Os objetivos deste trabalho são de elaborar Intervenções para aumentar a adesão ao exame citopatológico do colo do útero, bem como sensibilizar os profissionais de saúde quanto à importância da realização do referido exame; colaborar para a realização do diagnóstico precoce do câncer do colo do útero; promover ações de educação em saúde; aumentar a meta pactuada pelo município. 8 2. ANÁLISE SITUCIONAL 2.1 CARACTERIZAÇÃO GERAL DE NOVA ANDRADINA Possui uma localização privilegiada, pela proximidade com os estados do Paraná e São Paulo. Encontra-se situado no sul da região Centro-Oeste do Brasil, no leste de Mato Grosso do Sul (MS). Distante 280 Km da capital estadual Campo Grande. É a sétima maior cidade e nono maior produto interno bruto (PIB) do estado, sendo o principal centro urbano e econômico da região sudeste de MS ato Grosso do Sul. Popularmente denominada de "Capital do Vale do Ivinhema", a cidade tem como destaque principal a criação e abate de bovinos, o que também lhe rendeu o título de capital do boi, pela importância de ser um dos principais polos pecuários do Brasil. Destacam-se 01 frigorifico de médio porte, 01 usina de produção de etanol, 01 fábrica de fios de cobre, 01 fecularia, 01 fábrica de móveis, e diversas outras de médio e pequeno porte nos mais variados ramos. Segundo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2010), Nova Andradina conta com 44.170 mil habitantes, sendo que a cidade exerce influência sobre os municípios de Anaurilândia, Ivinhema, Angélica, Bataiporã e Taquarussu. 2.2 ORGANIZAÇÃO DOS SERVIÇOS DE SAÚDE Na área da saúde possui dois hospitais, destes um é público. A Secretaria Municipal de Saúde (SMS) é responsável pela saúde pública de Nova Andradina, Atualmente o município conta com nove ESF, destes oito encontram-se localizadas na área zona urbana, sempre que todas possuem a equipe multidisciplinar completa (agentes comunitários de saúde (ACS), médicos, enfermeiros, odontólogos) e outros profissionais da área de saúde, levando a cada cidadão, o atendimento de que necessita. O município conta também com o Centro de Especialidades Odontológicas e um Centro de Reabilitação Regional, que oferece atendimento especializado em diferentes áreas da saúde como: doenças ocupacionais e respiratórias, trauma, ortopedia, oncologia, entre outros. 9 2.3 ESTRATÉGIA SAÚDE DA FAMÍLIA MORADA DO SOL Foi implantada em 2001, com equipe mínima de um médico, um enfermeiro, uma auxiliar de enfermagem, um odontólogo, um auxiliar de consultório dentário e oito ACS. A Estratégia Saúde da Família (ESF) Morada do Sol situa-se a Rua Espírito Santo n.1945 na cidade de Nova Andradina, Mato Grosso do Sul. Esta unidade abrange os bairros Durval Andrade Filho, Argemiro Ortega, Bela Vista I, Bela Vista II, Ulisses Pinheiro, Azuma e Orfeu Francisco, sendo estes os mais carentes da área urbana de nossa cidade. Em nossa área contamos com duas escolas municipais, uma creche, o Hospital Regional que está em fase de instalação, posto do DETRAN, igrejas, mercados, bares e salões de beleza. A população adscrita, conta hoje segundo relatório do SIAB com 1.256 famílias cadastradas, totalizando 4.651 pessoas, sendo a área dividida em 9 microáreas com 9 ACS. Na fase de vida adulta existem categorias de acompanhamento por meio de indicadores da saúde pactuados com o município. As ações da ESF frente a saúde da mulher, são de identificar situações de vulnerabilidade social, imunizações, realização de diagnóstico precoce nos diversos processos saúde-doença (hanseníase, tuberculose, câncer), atividades de grupo, promoção da saúde, hipertensão arterial e diabetes mellitus, sexualidade, DST/AIDS. Para nossas mulheres são oferecidos trabalhos de exames preventivos de câncer do colo do útero e mamas, além do horário da rotina de atendimento da unidade, temos horários alternativos duas vezes no mês para atender as mulheres que trabalham e tem dificuldades de realizar o exame, por falta de colaboração de seus empregadores. Juntamente com os exames são realizadas rodas de conversas com as mulheres para estabelecer vínculos. 10 Para as gestantes têm um projeto denominado girassol, que traz uma equipe multidisciplinar para apoiar os profissionais da ESF, as reuniões são realizadas mensalmente e é oferecido um kit com fraldas que é fornecido pela Secretaria Municipal de Saúde. As consultas de pré-natal são iniciadas pela enfermeira e realizadas mensalmente pelo médico até o puerpério. A enfermeira realiza visita puerperal, assim que a ACS detecta a alta hospitalar, tem por finalidade observar e orientar quanto aos cuidados nesta fase, tanto para ela quanto para seu bebê. Mulher no climatério é atendida a livre demanda por todos os profissionais. 11 3. REFERENCIAL TEÓRICO 3.1 CÂNCER DO COLO DO ÚTERO É o segundo tumor mais frequente na população feminina, atrás apenas do câncer de mama, e a quarta causa de morte de mulheres por câncer no Brasil. Por ano, faz 4.800 vítimas fatais e apresenta 18.430 novos casos. Prova de que o país avançou na sua capacidade de realizar diagnóstico precoce é que na década de 1990, 70% dos casos diagnosticados eram da doença invasiva. Ou seja: o estágio mais agressivo da doença. Atualmente 44% dos casos são de lesão precursora do câncer, chamada in situ. Esse tipo de lesão é localizada. Mulheres diagnosticadas precocemente, se tratadas adequadamente, têm praticamente 100% de chance de cura (INCA, 2010). Segundo a mesma instituição o câncer do colo do útero origina-se tanto do epitélio escamoso da ectocérvice como do epitélio escamoso colunar do canal cervical. O carcinoma epidermóide representa 90% dos casos, e o adenocarcinoma, 10%. Outros tipos histopatológicos de menor freqüência são o adenoescamoso, de células linfocitóides, sarcomas e linfomas. Segundo Rama (2008), a infecção persistente pelo Papilomavírus Humano (HPV) tem papel importante no desenvolvimento do câncer do colo do útero. Estudos demonstram que o vírus está presente em mais de 90% dos casos de câncer cervical. A prevenção pode ser feita usando-se preservativos durante a relação sexual, evitando assim o contágio. Os principais fatores de risco estão relacionados ao início precoce da atividade sexual, multiplicidade de parceiros e promiscuidade, baixo nível socioeconômico, multiparidade e baixo consumo de vitamina A e C. Deve-se evitar o tabagismo (diretamente relacionado à quantidade de cigarros fumados e o início do vício cada vez mais jovem) e o uso prolongado de pílulas anticoncepcionais, hábitos também associados ao maior risco de desenvolvimento deste tipo de câncer (INCA, 2002; SILVA, 2010; INCA, 2010). 12 O exame citopatológico do colo de útero, também denominado “Papanicolaou” é o exame que previne o câncer do colo uterino, foi criado pelo Dr. George Papanicolaou em 1940. Trata-se de um exame simples de baixo custo, que além de diagnosticar a doença, serve também para identificar o risco da mulher desenvolvê-lo. Sendo detectado no início, tem a chance de cura em 100% (GREENWOOD, 2006). Durante muitos anos, a realização do exame preventivo (Papanicolaou), método de rastreamento sensível, seguro e de baixo custo que torna possível a detecção de lesões precursoras e de formas iniciais da doença, ocorreu fora do contexto de um programa organizado. Na rede de saúde, a maioria dos exames citopatológicos são realizados em mulheres com menos de 35 anos, provavelmente naquelas que comparecem aos postos para cuidados relativos à natalidade. Isto leva a subaproveitar-se a rede, uma vez que não estão sendo atingidas as mulheres da faixa etária de maior risco. Esse fato provavelmente tem contribuído para não se ter alcançado, nos últimos 15 anos, um impacto significativo sobre a mortalidade por esse tipo de câncer (INCA, 2002). O Ministério da Saúde, por meio do rastreamento realizado pelo exame em estudo neste trabalho, preconiza uma cobertura de 80% da população feminina de 25 a 59 anos de idade, tendo em vista ao período de maior incidência do câncer de colo de útero. A meta do município é obtida por meio de pactuação com a Secretaria de Estado e Saúde, levando em conta a série histórica de resultados obtidos em anos anteriores (BRASIL, 2004). 13 4. OBJETIVOS 4.1 GERAL Aumentar a adesão ao exame preventivo de Câncer de colo de útero da ESF Morada do Sol em Nova Andradina/MS. 4.2 ESPECÍFICOS Sensibilizar os profissionais de saúde quanto à importância da realização do referido exame; Colaborar para a realização do diagnóstico precoce do câncer do colo do útero; Promover ações de educação em saúde; Realizar cálculo de meta de exames por ACS; Aumentar a meta pactuada pelo município. 14 5. REFERENCIAL METODOLÓGICO Tipo de estudo Trata-se de um projeto de intervenção, com objetivo de aumentar a adesão das mulheres ao exame Intervenções exame citopatológico do colo do útero na ESF Morada do Sol de Nova Andradina/MS. Período de Realização As ações foram desenvolvidas de dezembro de 2010 a novembro de 2011. Local de Realização ESF Morada do Sol de Nova Andradina/MS. Projeto de Intervenção: Promovendo a maior adesão ao exame citopatológico do colo do útero. Ações Sensibilizar equipe multidisciplinar o gestor Sensibilizar o usuário Justificativas a e Agregar forças Como foi feito Mês/Ano Reuniões semanais agendadas, Dezembro realizando a 2010 retroalimentação Sensibilização, -Rodas de levamos a cliente conversas; ao desejo de se cuidar -Palestras na USF preventivamente -Durante as Promoção do Consultas autocuidado médicas, de enfermagem e Prevenção da odontológicas doença -Visitas Divulgação de domiciliares informações em saúde Redução da morbimortalidade Dezembro 2010 Responsável -Especializanda do Curso Atenção Básica em Saúde da Família.* Especializanda do Curso Atenção Básica em Saúde da Família.* -Equipe da ESF 15 Auxilia no cálculo da meta, para ações programáticas. Realizar levantamento por micro-área, do número de mulheres de 25 a 59 anos de idade Por meio de listas por micro-área com o nome e dados de colheita de exame por ano Permite conhecer a realidade e as necessidades de saúde da população Janeiro 2011 Especializanda do Curso Atenção Básica em Saúde da Família.* ACS Planejamento das ações e de insumos Realizar cálculo da meta mensal por ACS, tendo como base a pactuada anualmente pelo município. Facilitar o trabalho da ACS, com metas a cumprir e incentivos pelo alcance das mesmas. Implantar horário alternativo para realização do exame na ESF em parceria com a UMG. Tendo em vista o perfil epidemiológico da população em que a maioria das mulheres trabalha e têm dificuldades em receber liberação de seus empregadores (frigoríficos, usinas e comércio) Promoção da saúde A prevenção dos fatores e risco Educação em Saúde Incentivo ao autocuidado Estabelecimento de vínculo com o serviço Detecção precoce da doença O número de exames será obtido pelo número da população feminina alvo (25 a 59 anos) vezes a razão anual Por meio de plantões noturnos e finais de semana Janeiro 2011 Especializanda do Curso Atenção Básica em Saúde da Família.* ACS SMS ESF UMG Março 2011 Especializanda do Curso Atenção Básica em Saúde da Família.* Abordagens por meio de: Rodas de conversas Palestras com vistas à prevenção dos fatores de riscos e incentivo aos fatores protetores Escuta ativa Relacionamento terapêutico Março 2011 Especializanda do Curso Atenção Básica em Saúde da Família.* Equipe ESF 16 Busca ativa de casos Cumprimento de metas Avaliação Números alcançados *Enfermeira Juliana Visita domiciliar A avaliação da intervenção irá ser realizada semestralmente por meio de cálculo da meta atingida contrapondo a meta pactuada, dentro do ano. Novembro 2011 Especializanda do Curso Atenção Básica em Saúde da Família.* Equipe da ESF 17 6. RESULTADOS/DISCUSSÃO O Programa Nacional de Controle do Câncer do Colo do Útero, cujo objetivo é diminuir a incidência e a mortalidade da doença, por meio da implementação de ações estruturadas para a detecção precoce da doença e de suas lesões precursoras, garantia do tratamento adequado e monitoramento da qualidade do atendimento à mulher. A Figura 01 demonstra a meta pactuada e alcançada de exames citopatológicos de colo de útero, realizados em Nova Andradina no período de 2008 a 2010. Figura 01 Demonstrativo da meta pactuada e alcançada de exames citopatológicos de colo de útero realizados em Nova Andradina/MS no período 2008 à 2010. Fonte: SISPACTO Para 2011, a pactuação do município foi de 0,36, que frente ao resultado do ano anterior há um aumento significativo. Com o trabalho da Unidade Móvel Ginecológica (UMG), percebeu o aumento da adesão das mulheres para colheita de exames citopatológicos do colo de útero, e as mesmas verbalizam que a facilidade encontrada está no horário diferenciado de atendimento. A população feminina da faixa etária é economicamente ativa, não disponibilizando de tempo e dispensa do trabalho, 18 devido a empregos em usinas de álcool, frigoríficos e comércio que são os maiores empregadores do município. Normalmente no horário de funcionamento da Unidade Básica de Saúde da Família (UBSF), elas estão exercendo suas funções trabalhistas. Na faixa etária preconizada pelo Ministério da Saúde, que é de 25 a 59 anos, na ESF Morada do Sol, por meio do livro de registro da unidade, foi levantada baixa cobertura do exame citopatológico nas mulheres, que impede detecção precoce do câncer de colo de útero, foram obtidas nos últimos três anos 2008, 2009 e 2010, respectivamente as seguintes razões 0,22, 0,25 e 0,17, ficando explícita pouca adesão das mulheres no ano de 2010 que ficou muito abaixo da pactuada pelo município de Nova Andradina/MS que era de 0,36 para este mesmo ano. A Figura 02 apresenta a meta pactuada e alcançada na ESF Morada do Sol, nos anos de 2008 a 2010. Figura 02 Demonstrativo da meta pactuada e alcançada de exames citopatológicos do colo do útero realizados na ESF Morada do Sol de Nova Andradina/MS no período 2008 a 2010. Após o desenvolvimento do projeto de intervenção na ESF estudada, percebe o aumento de exames realizados, conforme demonstrado pela Figura 03. 19 Figura 03 Distribuição de exames citopatológicos de colo de útero realizados na ESF Morada do Sul de Nova Andradina, nos anos de 2010 e 2011. Fonte: Livro de registro da ESF e UMG. Segundo o INCA (2002), os programas de rastreamento desorganizados podem resultar em desigualdade e no uso ineficiente de recursos escassos, concordando com essa informação, ressaltamos a importância de ações de saúde, embasadas no conhecimento da realidade da população, embasadas em conhecimento científico e planejadas de forma a cumprir não só as metas pactuadas, mas também oferecer população feminina acesso a informação e qualidade no atendimento. Segundo a mesma instituição, o controle do câncer do colo do útero no Brasil representa, atualmente, um dos grandes desafios para a saúde pública. Assim sendo é necessário a articulação das diferentes etapas de um programa (recrutamento/busca ativa das mulheres-alvo, colheita, citopatologia, controle de qualidade e tratamento dos casos positivos) de forma equitativa em todo o território nacional, assim como uma avaliação adequada dos resultados obtidos. A Figura 05 aponta uma proposta da organização dessa atenção à saúde. 20 Figura 05 Diretrizes e estratégias a serem aplicadas na prevenção e controle do câncer do colo de útero (INCA, 2002, p.22). 21 7. CONSIDERAÇÕES FINAIS O estudo demostra um excelente resultado frente às intervenções realizadas na área da saúde da mulher, tendo em vista não somente o aumento no número de exames citopatológico do colo do útero, mas também na mudança de hábito das mulheres, em que após a sensibilização, elas procuram pela unidade para realizar seus exames preventivos com finalidade de obter melhor qualidade de vida, reforçando. Deve-se atender esta clientela com assistência de qualidade, para que cada vez mais o exame possa ser realizado e compreendido como medida de prevenção. A enfermagem é uma profissão que nos dá uma visão holística do ser humano, isto facilita o atendimento à cliente, então se deve utilizar a consulta de enfermagem como forma de estreitar laços, criar vínculos com as mulheres e despertar o autocuidado, promovendo a educação em saúde. Este trabalho teve como apoiador o gestor municipal, que é de extrema importância, para o desenvolvimento das ações na saúde pública, pois sem este apoio não seria possível à realização das intervenções propostas neste estudo. Além de tudo o presente estudo permitiu que a pesquisadora refletisse sobre sua própria trajetória profissional e a forma como desempenha seu papel junto às mulheres que presta assistência. O enfermeiro que atua na saúde pública deve buscar desenvolver ações que priorizam o despertar da sociedade frente aos cuidados com sua própria saúde e construir o saber a partir dos saberes de todos. 22 8. REFERÊNCIAS BRASIL, Ministério da Saúde. Instituto Nacional de Câncer (INCA): Plano de Ação para Redução da Incidência e Mortalidade por Câncer do Colo do Útero. Rio de Janeiro, RJ. 2010. _________. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Rastreamento / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Básica. – Brasília: Ministério da Saúde, 2010. ________ Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção a Saúde. Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Mulher: princípios e diretrizes. Brasília; 2004. ______ Ministério da Saúde. Secretaria Nacional de Assistência à Saúde. Instituto Nacional de Câncer. Coordenação de Prevenção e Vigilância (Conprev) Falando sobre câncer do colo do útero. – Rio de Janeiro: MS/INCA, 2002. 59 págs. _______. Ministério da Saúde. Portaria nº 399 de 22 de fevereiro de 2006: Divulga o pacto pela saúde 2006 – Consolidação do SUS e aprova as Diretrizes Operacionais do referido pacto. Disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/prtGM399_20060222.pdf acesso em 10 mai. 11 COELHO, S.Y. FRANCO, P. Saúde da mulher-- Belo Horizonte: Nescon/UFMG, Coopmed,2009. 115p. : il., 22x27cm. INSTITUTO NACIONAL DO CÂNCER. Ministério da Saúde. Secretaria Nacional de Assistência à Saúde. Estimativas de incidência e mortalidade por câncer no Brasil 2005. Rio de Janeiro: INCA; 2005. GREENWOOD, Suzana de Azevedo; MACHADO, Maria de Fátima Antero Sousa; SAMPAIO, Neide Maria Vieira. Motivos que levam mulheres a não retornarem para receber o resultado de exame Papanicolau. Ribeirão Preto, v. 14, n. 4, Aug. 2006. MINAYO MCS. O desafio do conhecimento: pesquisa qualitativa em saúde. São Paulo: Hucitec; 2004. NOVA ANDRADINA. In: WIKIPÉDIA, a enciclopédia livre. Flórida: Wikimedia Foundation, 2011. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Nova_Andradina&oldid=27384429>. Acesso em: 25 out. 2011. RAMA, C. H. et al . Prevalência do HPV em mulheres rastreadas para o câncer cervical. Rev. Saúde Pública, São Paulo, v. 42, n. 1, fev. 2008. 23 SILVA, Marília Gabriela Dias. Percepção e atitudes das mulheres em relação à prevenção do câncer do colo uterino. 2010/ Marília Gabriela Dias Silva; orientador: Rosalba Cassuci Arantes – 2010. Trabalho de Conclusão de Curso – Faculdade Tecsoma.