Programa Evidência em Diabetes

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Programa Evidência em Diabetes
Ciência em Educação Médica Continuada
Diabetes mellitus do tipo 2 e nefropatia
Prof. Dr. Artur Beltrame Ribeiro (CRM-SP 14.793)
Tratamento do paciente com diabetes do tipo 2
e doença renal crônica
Profa. Dra. Maria Teresa Zanella (CRM-SP 21.098)
Realização:
Organização:
Prof. Dr. Artur Beltrame Ribeiro
CRM-SP 14.793
• Professor Titular de Nefrologia da Universidade Federal de São Paulo
(Unifesp), Diretor-Presidente da Fundação Oswaldo Ramos, Hospital do Rim
e Hipertensão
Profa. Dra. Maria Teresa Zanella
CRM-SP 21.098
• Professora Titular de Endocrinologia da Escola Paulista de Medicina da
Universidade Federal de São Paulo
O Programa de Educação Continuada Evidência em Diabetes é um evento de educação médica a distância, dividido em quatro
módulos compostos cada um por uma aula apresentada via web e um fascículo impresso. O evento está cadastrado na Comissão
Nacional de Acreditação (CNA) sob o número 67.142 e oferece 08 créditos para obtenção do Certificado de Atualização Profissional
(CAP) nas especialidades de Endocrinologia, Cardiologia, Clínica Médica e Nefrologia. Cada módulo possui uma prova on-line com
questões de múltipla escolha. Para acessá-la, será necessário entrar no site www.evidenciaemdiabetes.com.br e cadastrar-se.
Lembrando: para a obtenção da pontuação total, o participante deve acertar 70% ou mais nos testes apresentados, somando-se
todos os fascículos do Programa de Educação Médica Continuada Evidência em Diabetes.
Diabetes mellitus do tipo 2
e nefropatia
Objetivos de Aprendizagem
Apresentar dados sobre a frequência da doença renal crônica (DRC) no diabetes
do tipo 2 (DM2).
Atualizar a metodologia de avaliação da função renal e excreção de albumina nos
pacientes com DM2.
Descrever o impacto sobre a ocorrência de eventos cardiovasculares no DM2
quando ocorre DRC.
Reavaliar a importância do controle glicêmico sobre os eventos macro e
microvasculares.
Descrever o impacto de DRC na ocorrência de hipoglicemia nos pacientes com DM2.
Rever o uso de agentes antidiabéticos no paciente com DM2 e DRC.
I
nicialmente, ao se tratar um paciente com diabetes tipo 2 (DM2), deve-se ter em conta
que a probabilidade de este desenvolver doença renal crônica (DRC) é muito grande,
havendo um intenso paralelismo com a fisiopatologia da doença cardíaca. Além do
Pontos-chave
• O comprometimento
renal deve ser avaliado
através da função e da
determinação da excreção urinária de albumina.
• A função renal deve ser
avaliada através da taxa
de filtração glomerular
estimada.
• Entre 20 e 30% dos pacientes diabéticos apresentam redução da TFG
sem apresentar albuminúria.
aumento da glicemia per se, que lesa o rim, por, entre outros mecanismos, ativar o
sistema renina-angiotensina, aumentar o estresse oxidativo e promover glicação de
proteínas, os diabéticos apresentam pelo menos um ou mais fatores de risco adicionais
para desenvolver nefropatia, assim como doença cardíaca.
Dentre esses fatores, destacam-se a hiperglicemia, a hipertensão arterial, o tabagismo, a obesidade, a dislipidemia, assim como fatores de risco genéticos e adquiridos
pelo estilo de vida. Assim, em um levantamento na população de diabéticos no Brasil,
encontrou-se que a hipertensão arterial estava presente em 87,5% dos pacientes, o
controle glicêmico era inadequado em 73%, 20% a 30% dos pacientes apresentavam
microalbuminúria, e 80,8%, dislipidemia. A somatória de tantos fatores de risco torna a
DRC muito frequente no paciente com DM2. Assim, cerca de 40% dos pacientes com
DM2 apresentam DRC, comparando-se a uma taxa de cerca de 15% na população de
não diabéticos.
A DRC pode ser definida em cinco estágios: (1) a DRC se caracteriza pela presença
de albuminúria, porém a taxa de filtração glomerular (TFG) é normal (acima de 90 mL/
min); (2) a TFG está diminuída em até 60 mL/min; (3) a TFG chega a 30 mL/min; (4) a
TFG chega a 15 mL/min; (5) a TFG é inferior a 15 mL/min ou o paciente necessita diálise.
3
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ciência em educação médica continuada
No Brasil, a hipertensão arterial e o DM2 são
Para a mulher, a taxa de filtração estimada (TFGe)
responsáveis por cerca de 50% dos pacientes
será de 34 mL/min/1,73 m2, e para o homem será de
em diálise, de acordo com o censo da Sociedade
75 mL/min/1,73 m2. A medida da função renal através
Brasileira de Nefrologia. A ocorrência de DRC dobra
da TFG foi até recentemente um grande problema para
o risco de mortalidade no paciente com DM2, sendo
os médicos e pacientes em geral porque era baseada
maior nos estágios mais avançados desta. Diante
em determinação da depuração da creatinina, que exigia
desses dados torna-se imperativo que o médico que
coletas de urina em procedimentos que requeriam muito
trata de pacientes diabéticos monitore a função renal
tempo e resultavam em valores não muito confiáveis.
regularmente. Como fazer isso?
Primeiramente é preciso lembrar que tanto a diminui-
Atualmente, no entanto, o melhor método, universalmente usado, é determinar a TFGe. Esta pode ser cal-
ção da filtração glomeru-
culada por várias equa-
lar quanto o aparecimen-
No Brasil, a hipertensão arterial e o DM2
ções, e uma das mais
to da microalbuminúria
são responsáveis por cerca de 50% dos
tradicionais é a do estu-
são fatores preditivos independentes da perda
progressiva da função
pacientes em diálise, de acordo com o censo
da Sociedade Brasileira de Nefrologia.
do MDRD, que leva em
conta os níveis de creatinina, sexo, idade, raça e
renal. Embora a maioria
A ocorrência de DRC dobra o risco de
dos pacientes diabéticos
mortalidade no paciente com DM2, sendo
evoluam com perda de
maior nos estágios mais avançados desta.
importante para monitorar
albumina na urina, cerca
Diante desses dados torna-se imperativo que
o comprometimento renal
de 15% a 20% perdem
função renal sem apresentar microalbuminúria
o médico que trata de pacientes diabéticos
monitore a função renal regularmente.
ou proteinúria. Portanto,
dimensões corporais.
Outro
procedimento
no diabético é determinar
a excreção de proteínas
na urina. Como se sabe, a
lesão na membrana basal
a vigilância sobre o comprometimento renal deve ser fei-
do paciente diabético leva inicialmente à perda de pequenas
ta através da avaliação da função e também da determi-
quantidades de albumina na urina, quando então se fala de
nação da excreção urinária de albumina.
microalbuminúria. A evolução da lesão renal leva à macro-
Inicialmente se deve lembrar que a creatinina
albuminúria e posteriormente à proteinúria, em que outras
plasmática não reflete a função renal com precisão. Por
proteínas, além da albumina, passam a sair na urina, contri-
exemplo, uma mulher de 70 anos de idade e um homem
buindo para a perda progressiva da função renal. Também
de 28 anos, com 100 kg de peso e creatinina plasmática
aqui houve uma simplificação importante na determinação
de 1,5 mg/dL, terão filtração glomerular estimada
da perda urinária de proteínas.
completamente diferentes.
4
Tradicionalmente se considerava normal a excreção
de albumina até 300 mg em urina de 24 horas, e
Quando determinamos a TFG e a relação A/Cr nos
posteriormente esse valor normal foi redefinido em 30
mesmos pacientes veremos que a maioria apresenta a
mg/24 horas, considerando-se microalbuminúria os
combinação de redução da TFG e aumento da relação
valores entre 30 e 299 mg/24 horas, e macroalbuminúria,
A/Cr. Porém, um número considerável, entre 20 e 30%,
valores maiores ou iguais a 300 mg/24 horas.
Mais recentemente, porém, validou-se a metodologia
apresentará somente redução da TFG sem albuminúria.
que identifica os valores de albumina em amostra isolada
Em resumo, a DRC, por este duplo critério, ocorre
de urina, através da relação albumina/creatinina (A/Cr), de-
em praticamente 50% dos pacientes com DM2.
vendo-se dar preferência à coleta da primeira urina do dia.
Pelo exposto, ao se tratarem pacientes diabéticos, em
Define-se microalbuminúria os valores entre 26 mg/g
de creatinina até 300 mg/g de creatinina quando então
risco de desenvolver ou já com nefropatia estabelecida,
estaremos falando de macroalbuminúria. Alguns labo-
é fundamental seguirem-se os indicadores de lesão
ratórios exprimem os valores em mg de albumina/por
renal: TFGe e relação albumina-creatinina. Além do DM2
milimol (mmol) de creatinina quando se obtêm os res-
aumentar o risco vascular, tanto em homens quanto em
pectivos valores, definindo-se microalbuminúria com va-
mulheres, a superimposição de DM2 e DRC também o faz
lores acima de 3,5 mg de albumina/mmol de creatinina.
Essa determinação é muito importante porque a partir da
de forma acentuada, de tal sorte que a ocorrência de DM2
constatação da microalbuminúria têm-se riscos aumen-
e DRC dobra o risco de mortalidade. Além disso, na DRC
tados de falência renal progressiva, e aumentos dessa
existe risco aumentado de hipoglicemia, especialmente
relação orientam a intensificação da conduta terapêutica.
no paciente diabético em tratamento, por influir na
A microalbuminúria decorre fundamentalmente de al-
farmacocinética dos medicamentos e também por diminuir
terações da barreira glomerular. No paciente com DM2,
a albuminúria ocorre em grande frequência ainda com
a neoglicogênese renal. Assim, a ocorrência de DRC no
TFG normal, enquanto que no tipo 1 está mais correla-
paciente com DM2 muda a conduta convencional para o
cionada à redução da TFG.
uso de drogas destinadas ao controle dos níveis glicêmicos.
Gráfico 1. DRC aumenta o risco de hipoglicemia em DM2
9
N = 243.222 pacientes
2.040.206 medidas de glicemia em 1 ano
Risco de hipoglicemia
8
7
6
5
4
3
2
1
0
DRC +
DM +
Adaptado de Moen M, et al. Clin J AM Soc Nephorol 2009;4:112-27.
DRC DM +
DRC +
DM -
DRC: TFG < 60ml/min/1,73m2 (MDRD)
DRC DM -
Hipo: Glicemia <70 mg/dL
5
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referências
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Tratamento do paciente com
diabetes do tipo 2 e doença
renal crônica
Objetivos de Aprendizagem
Ao final do programa na Web:
O aluno deverá estar bem informado sobre o grau de ocorrência de DRC no
paciente com DM2.
Deverá saber como avaliar a função renal e a albuminúria.
Deverá saber qual o nível de HbA1 deve orientar o tratamento do DM tipo 2.
Deverá saber como melhor controlar o uso de antidiabéticos nos pacientes
com DRC.
A
ocorrência de diabetes mellitus tipo 2 (DM2), tanto no homem quanto na
mulher, reduz a expectativa de vida, sendo a doença cardiovascular a principal
causa de mortalidade. Assim, o principal objetivo no tratamento do diabetes é
a redução do risco cardiovascular.
É de conhecimento geral que o controle glicêmico inadequado associa-se à maior
Pontos-chave
• O risco de hipoglicemia pode comprometer
os benefícios do controle
glicêmico sobre o risco
cardiovascular.
• Na doença renal crônica existe risco aumentado de hipoglicemia.
• A linagliptina é um inibidor da DPP-4 que pode
ser administrada em pacientes com insuficiência
renal leve, moderada e
grave sem redução de
dose.
incidência de complicações micro e macrovasculares nos pacientes diabéticos. Em
contrapartida, o controle mais rígido dos níveis de glicemia reduz as chances de lesões vasculares, como demonstrado nos estudos UKPDS, em pacientes com DM2,
e DCCT em pacientes com diabetes tipo 1 (DM1). Entretanto, na dependência dos
agentes antidiabéticos utilizados, a ocorrência de hipoglicemias pode reduzir os benefícios de um bom controle glicêmico.
No estudo UKPDS, os benefícios obtidos com a utilização de sulfonilureias e/ou insulina
foram nitidamente menores do que aqueles obtidos com o uso da metformina em um
grupo de pacientes diabéticos obesos, embora o número de pacientes estudados não
permitisse uma conclusão definitiva quanto ao melhor tipo de tratamento a ser utilizado.
Outros estudos como o ADVANCE, o ACCORD e o VADT, nos quais se objetivou a
obtenção de níveis glicêmicos mais próximos da faixa normal, sugerem, da mesma forma,
que o risco de hipoglicemia pode comprometer os benefícios do controle glicêmico sobre
o risco cardiovascular.
Tem sido amplamente demonstrado que o declínio da função renal está associado
7
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às complicações macrovasculares e ao maior risco
são excretadas de forma inalterada na urina. Assim, os
cardiovascular. No paciente com DM2 portador de doença
pacientes com disfunção renal em uso da metformina
renal crônica (DRC), o controle glicêmico torna-se mais
são mais suscetíveis ao acúmulo do fármaco e à acidose
difícil. Embora a insuficiência renal promova aumentos na
láctica. Apesar de se mostrar uma complicação rara,
resistência à ação da insulina, ocorre também aumento
a acidose láctica associa-se à alta mortalidade, que
na chance de ocorrência de hipoglicemias. Isso decorre
atinge taxa de até 50%. A metformina deve ser evitada
da menor degradação renal da insulina e da redução de
em pacientes do sexo masculino com níveis séricos de
sua metabolização hepática bem como da diminuição
creatinina superiores a 1,5 mg/dL e em pacientes do sexo
da neoglicogênese renal e da menor eliminação renal de
feminino, com níveis superiores a 1,4 mg/dL, segundo
determinados antidiabéticos orais.
recomendações da FDA. Entretanto há quem recomende
Por outro lado, como demonstrado na metanálise
utilizá-la com cautela em doses reduzidas se a taxa de
de sete grandes estudos, o controle glicêmico intensi-
filtração glomerular (TFG) for inferior a 45 mL/min e
vo reduz o risco de progressão da DRC em pacientes
suspender seu uso se a TFG for inferior a 30 mL/min.
com
Sulfonilureias — A admi-
microalbuminúria
e também naqueles já
com macroalbuminúria.
Inclusive, nos pacientes
em diálise já se demonstrou que a sobrevida au-
A linagliptina é o único medicamento dessa classe
que, além de apresentar todas as vantagens dos
inibidores do DPP-4, no que se refere à eficiência e à
tolerabilidade, pode ser administrada em pacientes
com insuficiência renal moderada a grave sem
necessidade de redução de dose.
nistração de sulfonilureias
em estágio final da DRC
exige muita atenção para
a dosagem e as vias de
eliminação. As sulfonilureias são fortemente liga-
menta com melhor controle glicêmico. Assim, deve-se atentar para a via de
das às proteínas, principalmente à albumina. Assim, essas
eliminação dos diversos agentes antidiabéticos para
drogas no plasma não podem ser eficientemente elimina-
se obter um bom controle glicêmico sem aumentar o
das por hemodiálise. O uso de sulfonilureias na DRC tem
risco de hipoglicemia.
sido associado a hipoglicemias prolongadas que podem
requerer administração endovenosa de glicose por vários
Terapia medicamentosa do diabetes na
doença renal crônica (DRC)
dias, com taxas de mortalidade variando entre 5% e 7%.
As sulfonilureias mais antigas (acetoexamida, clor-
Antidiabéticos orais — O conhecimento do metabolismo
propamida, tolazamida, tolbutamida) foram ao longo
desses agentes em pacientes com disfunção renal é
das últimas décadas, em grande parte, substituídas
essencial, uma vez que toxicidade significativa, incluindo
por novos agentes, tais como a glibenclamida, a gli-
hipoglicemia prolongada, pode ocorrer com o uso de
pizida e a glimepirida.
algumas das drogas.
Metformina — Biguanidas, tais como a metformina,
8
Os princípios básicos do metabolismo de sulfonilureia
são resumidos como se seguem:
• A glibenclamida tem fracos metabólitos ativos que são
rins. Hipoglicemia pode ocorrer na DRC grave e assim
excretados na urina e se acumulam em pacientes com
recomenda-se redução de dose nessa situação. O início
função renal comprometida. Não é recomendada para
do tratamento deve ser com 0,5 mg, com monitoramento
pacientes com TFG inferior a 50 mL/min.
diário e cuidadoso dos níveis de glicose no sangue.
• A glimepirida é metabolizada pelo fígado, com excreção
Inibidores da alfaglicosidase — Com o uso da acarbose
renal de metabólitos ativos. Não é recomendada para
ou miglitol, a absorção de carboidratos pelo trato
pacientes com TFG inferior a 50 mL/min.
gastrointestinal é mais lenta e com isso os picos de
• A glipizida é metabolizada pelo fígado e excretada
açúcar pós-prandiais no sangue se reduzem. Aumento
principalmente na urina como metabólitos inativos,
dos níveis da acarbose e seus metabólitos são
podendo ser utilizada até mesmo com TFG inferior a 30
observados na insuficiência renal, mas não tem sido
mL/min. Assim, a glipizida é a sulfonilureia de escolha em
documentado aumento do risco de hipoglicemia.
pacientes com DRC.
Em pacientes com TFG inferior a 25 mL/min os níveis
Tiazolidinedionas — Aumentam a sensibilidade dos tecidos
de acarbose se elevam de cinco a seis vezes havendo
à insulina e suprimem a produção hepática de glicose atra-
nessa condição risco de hepatotoxicidade, sendo assim
vés de ligação ao PPAR-gama. Rosiglitazona e pioglitazona
um agente contraindicado na DRC grave.
se ligam fortemente às proteínas, principalmente à albumi-
Insulina — A DRC está associada à redução dos
na, e são quase completamente metabolizadas pelo fígado.
metabolismos hepático e renal de insulina. Se a TFG é
Com ambos os agentes, a acumulação do fármaco original
superior a 50 mL/min não há necessidade de ajuste de
ou dos principais metabólitos não ocorre no caso de DRC.
dose. Esta deve ser reduzida a 75% do basal quando a
A hemodiálise também não afeta a farmacocinética des-
TFG encontra-se entre 10 e 50 mL/min. A dose deverá ser
sas drogas. No entanto, estão associadas à insuficiência
reduzida a 50% quando a TFG for inferior a 10 mL/min.
cardíaca, à formação de edema e maior risco de fraturas,
Nos pacientes em diálise, ocorre redução da resistência à
o que pode trazer certa preocupação no caso de coexis-
insulina e aumento da degradação de insulina. Dessa forma,
tir doença óssea. Assim devem ser evitadas em pacientes
as quantidades de insulina a serem administradas variam
com insuficiência renal avançada, especialmente se tiverem
de paciente para paciente, e o esquema a ser utilizado deve
insuficiência cardíaca coexistente.
ser individualizado. Podem ser utilizadas insulinas de ação
Meglitinidas — A nateglinida e a repaglinida são agentes
intermediária ou de longa duração associadas à insulina
que estimulam a secreção de insulina. A nateglinida
regular, antes das principais refeições.
é metabolizada pelo fígado, com excreção renal de
Inibidores da DPP-4 — São agentes que estimulam a
metabólitos ativos. Com a diminuição da função renal, o
produção de insulina e reduzem a produção de glucagon
acúmulo de metabólitos ativos e hipoglicemias têm sido
na dependência dos níveis de glicose e, assim sendo,
descritos. A repaglinida é principalmente metabolizada
não se associam ao risco de hipoglicemia. A sitagliptina,
pelo fígado, com menos de 10% excretados pelos
a saxagliptina, a vildagliptina e a alogliptina são de
9
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ciência em educação médica continuada
excreção renal e necessitam de ajuste de dose em
que existe pouca experiência com o uso dessa droga
indivíduos com DRC.
na DRC. Com TFG inferior a 30 mL/min existe aumento
As doses de sitagliptina e alogliptina devem ser
reduzidas a 50% se a TFG cair abaixo de 50 mL/min e
de efeitos colaterais, incluindo náuseas e vômitos, o que
pode levar à desidratação e à piora da função renal.
a 25% se a TFG estiver abaixo de 30 mL/min. A dose
Em resumo, a redução da hiperglicemia é importante
da saxagliptina deve ser reduzida em 50% se a TFG cair
para evitar as complicações do diabetes. Entretanto, a
abaixo de 50 mL/min, assim como é recomendado para
maioria dos medicamentos disponíveis para tratamento do
a vildagliptina, embora em nosso país não haja ainda
DM2 causa hipoglicemia (sulfonilureias, glinidas e insulina),
aprovação da Anvisa para o uso dessa droga na DRC. A
ganho de peso e/ou retenção de líquido (sulfonilureias,
linagliptina é eliminada, quase em sua totalidade, intacta
glinidas, insulina e tiazolidinedionas), apresentam efeitos
nas fezes após ser excretada pela bile. Assim, é a única
colaterais (metformina) ou não podem ser utilizadas em
que pode ser utilizada em todas as fases da DRC sem
pacientes com insuficiência renal moderada ou grave
necessitar ajuste de dose.
sem restrições (sulfonilureias, glinidas, tiazolidinedionas,
Análogos do GLP-1 — A exenatida e a liraglutida
metformina e análogos do GLP-1).
são agentes que atuam aumentando a produção de
Os inibidores da DPP-4 são medicamentos eficientes
insulina e reduzindo a produção de glucagon também
para a redução da glicemia por aumentar os níveis de
na dependência dos níveis da glicemia. A exenatida é
insulina e reduzir os níveis de glucagon. Não causam
eliminada pelo rim e pode ser utilizada na DRC se a TFG
ganho de peso ou hipoglicemia, são bem tolerados, mas
estiver acima de 50 mL/min. Em pacientes com TFG
a maioria necessita de ajustes de dose na insuficiência
entre 30 e 50 mL/min, a dose deve ser reduzida e não
renal moderada a grave.
deve ser utilizada quando a TFG estiver abaixo de 30
A linagliptina é o único medicamento dessa classe que,
mL/min, segundo recomendação da FDA. A liraglutida
além de apresentar todas as vantagens dos inibidores do
não necessita ajuste de dose, mas deve ser utilizada
DPP-4, no que se refere à eficiência e à tolerabilidade, pode
com cuidado com TFG inferior a 60 mL/min, uma vez
ser administrada em pacientes com insuficiência renal
Gráfico 2. Recomendações no tratamento dos pacientes diabéticos com DRC com inibidores da DPP-4
Linagliptina
Redução de dose (1/2)
50mg
Redução de dose (1/4)
25mg
Redução de dose (1/2)*
50mg
Redução de dose (1/2)*
25mg
Redução de dose (1/2)
2,5mg
Redução de dose (1/2)
2,5mg
Redução de dose (1/2)
12,5mg
Redução de dose (1/4)
6,25mg
Sitagliptina
Vildagliptina
Saxagliptina
Alogliptina
>60
60 - 30
Declínio TFG
Adaptado de: Masanori A, et al. Current Drug Metabolism, 2011, 12, 57-69
10
<30
e bulas dos produtos
Hemodiálise
*ainda não recomendado em bula
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severe hypoglycaemia among users of insulin but not glyburide: a population-based nested case-control study. Nephrol Dial Transplant.
2011 Jun;26(6):1888-94.
Uma evolução no
tratamento do DM24, 5
Eficácia significativa com redução
de até 1% em monoterapia e até
3,7% em associação com metformina1, 2
Eficácia sustentada por 2 anos3
Praticidade e conveniência: único inibidor da DPP-4
SEM AJUSTE DE DOSE para uma ampla gama de
pacientes com DM24, 5
Referências Bibliográficas:
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Diabetes Obes Metab. 2010;12:648-658.
Contraindicação: TRAYENTATM é contraindicado para pacientes com hipersensibilidade à
linagliptina ou aos excipientes da fórmula.
Interações medicamentosas: TRAYENTATM não teve efeito clinicamente relevante sobre
a farmacocinética de metformina, glibenclamida, sinvastatina, pioglitazona, varfarina,
digoxina ou contraceptivos orais.
BULA RESUMIDA - TRAYENTATM Comprimidos revestidos de 5mg - Linagliptina - Uso adulto - Indicações: tratamento de diabetes mellitus tipo 2 para
melhorar o controle glicêmico em conjunto com dieta e exercícios, como monoterapia ou como associação a metformina, sulfonilureias, tiazolidinedionas
ou metformina mais sulfonilureias. Dosagem e Administração: Um comprimido de 5mg uma vez ao dia, a qualquer hora do dia, com ou sem alimentos.
Não há necessidade de ajuste de dose em pacientes com insuficiência renal, com insuficiência hepática ou idosos. Contra-indicações: Pacientes com
hipersensibilidade à linagliptina ou aos excipientes da fórmula. Precauções: TRAYENTATM não deve ser usado em pacientes com diabetes mellitus
tipo 1 ou para o tratamento da cetoacidose diabética. Cautela com uso de TRAYENTATM em combinação com agentes que são conhecidos por causar
hipoglicemia, como sulfonilureias; uma redução na dose da sulfonilureia pode ser considerada. O uso de TRAYENTATM em combinação com insulina não
foi adequadamente estudado. Interações Medicamentosas: TRAYENTATM não teve efeito clinicamente relevante sobre a farmacocinética de metformina,
glibenclamida, sinvastatina, pioglitazona, varfarina, digoxina ou contraceptivos orais. Eficácia de TRAYENTATM pode ser reduzida quando administrada
em combinação com fortes indutores da glicoproteína P, como rifampicina. Gravidez e Lactação: Categoria B de risco na gravidez. Não deve ser utilizado
por mulheres grávidas sem orientação médica ou do cirurgião-dentista. Reações Adversas: Na análise agrupada dos estudos controlados por placebo,
a incidência global de eventos adversos nos pacientes tratados com placebo foi similar à da linagliptina 5 mg (53,8% versus 55,0%). Reação incomum(>
1/1.000 e < 1/100): tosse, nasofaringite. Reações com frequência desconhecida: hipersensibilidade, pancreatite. Nº de registro: 10 comp MS 1.0367.0167.0017 30 comp: MS 0367.0167.002-5. Se persistirem os sintomas, o médico deverá ser consultado. Venda sob prescrição médica.
Este material é destinado exclusivamente a profissionais de saúde habilitados a prescrever e/ou dispensar medicamentos.
BILLY 505548
2 2012
2012
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TRAYENTAVOL
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2012 /- JULHO
JUNHO/2012
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