Trabalho

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XIII JORNADA DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO – JEPEX 2013 – UFRPE: Recife, 09 a 13 de dezembro.
CARACTERIZAÇÃO DENDROLÓGICA DE Rhizophora mangle L.,
RECIFE – PE
Joselane Príscila Gomes da Silva1, Roseane Karla Soares da Silva 2, Rosival Barros de Andrade Lima 3
Valdemir Fernando da Silva 4, Ana Lícia Patriota Feliciano 5

Introdução
O manguezal é um ecossistema costeiro, de transição entre os ambientes terrestre e marinho, característico de
regiões tropicais e subtropicais, sujeito ao regime das marés (Schaeffer-Novelli, 1995). No Brasil, o ecossistema
manguezal distribui-se por cerca de 6.800 km da costa do Oceano Atlântico, desde o estado do Amapá até o estado de
Santa Catarina (Tsuji et al., 2006). Caracteriza-se ecossistema associado ao Bioma Mata Atlântica, classificado como
Área de Preservação Permanente e protegido pela Lei 12.651/2012 (Brasil, 2012).
Os manguezais apresentam vegetação composta por espécies do tipo halófila, denominadas de mangue, as
principais espécies arbóreas encontradas são: Rhizophora mangle L. (mangue vermelho), Aviccenia schaueriana Stapf
& Leechm. ex Moldenke (siriúba ou mangue preto) e Laguncularia racemosa (L.) C. F. Gaertn. (mangue branco)
(Correia & Sovierzoski, 2005).
A identificação correta das espécies arbóreas é de fundamental importância, tendo em vista que uma mesma
espécie pode ser conhecida por diferentes nomes vulgares, variando de região para região, de acordo com o uso da
árvore ou da madeira (Saueressig et al., 2009).
A dendrologia considera alguns caracteres valorizados pela Botânica Sistemática, tidos como secundário, tais
como: cor e aspecto da casca, tronco, forma da copa, presença de exsudações, presença de odores peculiares nas folhas,
e outras partes do vegetal, permitindo que pessoas ou profissionais leigos em Botânica possam reconhecer as principais
espécies arbóreas de uma determinada área geográfica (Marchiori, 2004).
No Brasil, ocorrem apenas três gêneros pertencentes a família Rhizophoraceae e cerca de 15 espécies, entre elas a
Rhizophora mangle conhecida popularmente por mangue-vermelho (Souza & Lorenzi, 2005).
O presente trabalho teve como objetivo descrever dendrologicamente a espécie Rhizophora mangle a fim de
auxiliar o reconhecimento em seu habitat.
Material e métodos
A. Descrição da área de estudo
A área de estudo foi o manguezal localizado as margens do rio Pina, na antiga Comunidade da Xuxa, no bairro de
Boa Viagem, Recife, Pernambuco.
De acordo com a classificação climática de Köppen, a cidade do Recife apresenta o clima do tipo As`, quente e
úmido. A temperatura média oscila entre 24 e 27ºC, e período chuvoso outono-inverno com precipitações máximas
ocorrendo em maio, junho e julho (CPRH - PE, 2001).
B. Metodologia
A descrição dendrológica da espécie arbórea baseou-se em uma ficha dendrológica descritiva e que continha o
nome vulgar, nome científico, família, local, tipologia, e as seguintes características dendrológicas: tipo de copa e
densidade foliar; forma, ramificação e esgalhamento; presença, cor e velocidade do fluxo de exsudação; quanto à
folha: filotaxia, tipo, tamanho, base, bordo e ápice; fruto; flor; terminais de ramos; casca morta; casca viva.
Para descrição da espécie selecionou-se um indivíduo adulto, com características morfológicas em bom estado de
conservação.
Para a caracterização dendrológica e identificação da espécie, foram coletados material botânico fértil,
posteriormente prensados e utilizando cinco exemplares da espécie preparou-se exsicatas (Fig. 1 A e B), com
utilização de literaturas fez-se a identificação taxonômica da espécie baseado em APG II, para confirmação
1
Estudante do curso de graduação em Engenharia Florestal. Departamento de Ciência Florestal. Universidade Federal Rural de Pernambuco, Rua Dom
Manoel de Medeiros s/n, Recife – PE. CEP 52171-900. E-mail: [email protected]
2 Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Ciências Florestais. Universidade Federal Rural de Pernambuco. Rua Dom Manoel de Medeiros s/n,
Recife – PE. CEP 52171-900.
3 Doutorando do Programa de Pós-Graduação em Ciências Florestais. Universidade Federal Rural de Pernambuco. Rua Dom Manoel de Medeiros s/n,
Recife – PE. CEP 52171-900.
4 Estudante do curso de graduação em Engenharia Florestal. Departamento de Ciência Florestal. Universidade Federal Rural de Pernambuco. Rua Dom
Manoel de Medeiros s/n, Recife – PE. CEP 52171-900.
5 Professora do Departamento de Ciência Florestal. Universidade Federal Rural de Pernambuco. Rua Dom Manoel de Medeiros s/n, Recife – PE. CEP
52171-900.
XIII JORNADA DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO – JEPEX 2013 – UFRPE: Recife, 09 a 13 de dezembro.
taxonômica, as exsicatas foram levadas ao Herbário Dárdano de Andrade Lima, pertencente ao Instituto Agronômico
de Pesquisa (IPA), localizado no bairro do Bongi, Recife - PE, recebendo a Ficha de Identificação Botânica nº 11/2013
e número de tombamento 88143.
Resultados e Discussão
Descrição dendrológica da espécie a partir da ficha descritiva:
Nome vulgar: mangue vermelho, mangue gaiteiro, mangue de raiz
Nome científico: Rhizophora mangle L.
Família: Rhizophoraceae
Local: Antiga Comunidade da Xuxa, no bairro de Boa Viagem, Recife, Pernambuco.
Características dendrológicas:
Árvore com, aproximadamente, 8 m de altura; copa simples, com densidade foliar intermediária, com ramificação
racemosa e esgalhamento alterno, tronco inclinado, com 0,59 m de circunferência a altura do peito, e presença de
raízes fúlcreas.
Folhas simples, opostas, aglomeradas nos terminais de ramos, com pecíolo de 0,6 a 1,0 cm; bordo inteiro, com
ápice obtuso e base cuneada, coriácea, glabras em ambas as faces, de 5 a 10 cm de comprimento e de 3 a 5 cm de
largura.
Flores de cor branca-amarelada, pequenas.
O fruto é carnoso, uma baga, medindo de 2 a 3 cm de comprimento, com uma única semente, apresentando
viviparidade em que a germinação ocorre com o fruto ainda preso a própria árvore, formando os propágulos, que ao se
desprenderem fixam-se no sedimento ou solo lamoso, ou ainda pode ser disperso pela água corrente até se fixarem em
outro local.
A casca morta é fina e rugosa, de coloração acinzentada, com estrias, coberta por inúmeras lenticelas pequenas;
casca viva de coloração marrom-claro, com mudança para avermelhado, devido a presença de taninos (Fig. 2A).
O mangue vermelho apresenta rizóforos (Fig. 2B), que são expansões do caule e produzem raízes adventícias ao
longo do seu crescimento, possuem inúmeras lenticelas. Os rizóforos possuem a parte interna de cor amarelo-claro
(Fig. 3A), e ao serem cortados mudam para avermelhado, em decorrência da presença de taninos (Fig. 3B). Devido
essa coloração avermelhado em que apresenta a casca viva e os rizóforos tem-se um dos nomes populares mangue
vermelho.
Referências
Brasil. Presidência da República. Lei Federal nº 12.651 de 25 de maio de 2012. Dispõe sobre: Proteção da vegetação
nativa e dá outras providências. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato20112014/2012/Lei/L12651.htm.>. Acesso em: 11 out. 2013.
Correia, M. D.; Sovierzoski, H. H. Ecossistemas marinhos: recifes, praias e manguezais. (Série: Conversando sobre
ciências em Alagoas). Maceió: Edufal, 2005. 55p.
CPRH-PE. Diagnóstico socioambiental do litoral sul de Pernambuco. Recife. 2001. p. 87. Disponível em:
<http://www.cprh.pe.gov.br/downloads/2diagnostico_ambiental.pdf>. Acesso em: 11out. 2013.
Marchiori, J. N. C. Elementos de dendrologia. 2. Ed. Santa Maria: Ed. UFSM. 2004. 176p.
Saueressig, D.; Saueressig, A.; Inoue, M. T. Sistema de identificação dendrológica on-line.
Ambiência – Revista do Setor de Ciências Agrárias e Ambientais, Guarapuava, Paraná, v. 5 n. 1. Jan./abr. 2009.
Schaeffer-Novelli, Y.; Manguezal: Ecossistema entre a terra e o mar. Caribbean Ecological Research. São Paulo.
1995. 64p.
Souza, V. C.; Lorenzi, H. Botânica sistemática: guia ilustrado para identificação das famílias de angiospermas da flora
brasileira, baseado em APG II. Nova Odessa SP: Instituto Plantarum, 2005. 341p.
Tsuji, T.; Fernandes, M. E. B.; Oliveira, F. O.; Domingues, D. Vivendo e Aprendendo com os Manguezais Bragança
– PA. 2006. 49p. Disponível em: < http://www.ufpa.br/lama/pub/livros/livro2.pdf >. Acesso em: 11 out. 2013.
XIII JORNADA DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO – JEPEX 2013 – UFRPE: Recife, 09 a 13 de dezembro.
A
B
Figura 1. Fig. 1A, material botânico fértil coletado para identificação da espécie Rhizophora
mangle. Fig. 1B, exsicata da Rhizophora mangle.
A
B
Figura 2. Fig. 2A, tronco da espécie Rhizophora mangle fissurado com coloração vermelha
devido a presença de tanino. Fig. 2B, rizóforos da Rhizophora mangle.
A
B
Figura 3. Fig. 3A, rizóforo da Rhizophora mangle cortado apresentado cor clara. Fig. 3B,
rizóforo cortado apresentando coloração avermelhada.
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