JACK, O ESTRIPADOR: O SUSPEITO EM FUGA 1 2 LUIZ ROBERTO DA COSTA JÚNIOR JACK, O ESTRIPADOR: O SUSPEITO EM FUGA 3 4 PARTE I 5 6 Em 1887, a Rainha da Grã-Bretanha e Irlanda havia comemorado o Jubileu de Ouro de seu reinado. Se, por um lado, ela fosse tratada como a Rainha Carestia pelos irlandeses. Por outro lado, a aristocracia se orgulhava de que o sol nunca se punha no Império Britânico, pois havia 11 anos que a Rainha Vitória havia sido coroada Imperatriz da Índia. A cidade de Londres tinha centros residenciais, comerciais e administrativos no West End. A região de East End, separada pelo rio Tâmisa, era onde ficavam as indústrias navais e têxteis, cortumes, matadouros, havia prostituição e um alto índice de criminalidade. Apenas no distrito de Whitechapel havia mais de 60 bordéis com mais de mil prostitutas. As mulheres “desafortunadas” (que ficavam sem o marido) não tinham quase outra opção, por falta de qualquer 7 perspectiva de trabalho (além de fazer algum pequeno trabalho eventual), entre escolher morrer de fome ou prostituir-se para ao menos ter algum dinheiro para comer. Enquanto isso, migrantes de diversas partes dirigiam-se a Londres em busca de empregos precários e tentar sobreviver em habitações insalúbres. A Revolução Industrial trouxera prosperidade para a burguesia, mas gerara uma massa desvalida de proletários miseráveis. A migração dos camponeses para as grandes cidades como Londres, Birmingham e Liverpool provocava um aumento dos bolsões de pobreza em cortiços dos bairros industriais. Em decorrência da Guerra de Secessão (1861-1865) nos Estados Unidos, diversas indústrias têxteis britânicas foram à falência por falta de algodão, o que agravava a explosão 8 demográfica e o desemprego nas grandes cidades industriais. A agitação social já se manifestava na imprensa com a infiltração de socialistas. Uma grande manifestação pacífica na Trafalgar Square, convocada para 13 de novembro de 1887, foi violentamente reprimida com elevado número de pessoas mortas, feridas e presas. Charles Warren (comissário da polícia metropolitana), que defendia a militarização da polícia e a centralização do Criminal Investigation Department (CID), deu a ordem para o massacre do Domingo Sangrento. Em dezembro, ele foi condecorado como Cavaleiro da Rainha. Jornais oposicionistas como o Star e o Pall Mall Gazette começaram uma campanha de ataque: War on Warren. 9 Sir Charles Warren, com sua farda pomposa cheia de medalhas, procurava defender o governo contra os cidadãos e não proteger os cidadãos contra os criminosos. A polícia focava a sua ação em reprimir as manifestações de irlandeses antigoverno e também a reivindicação por reformas para combater o desemprego. Em Londres, cerca de 15 mil policiais (munidos apenas de cacetete) patrulhavam a pé as ruas da cidade. A proporção era de um policial para cada 4 mil cidadãos tendo o trabalho de patrulhar cerca de 10 quilômetros de ruas. O número de policiais caía em agosto, em cerca de 2 mil, por causa das férias de verão. As ruas de Londres eram iluminadas com lampião a gás. As casas era aquecidas com carvão de baixa qualidade e isso provocava uma densa fumaça preta 10 sobre a cidade. A chuva contribuía para baixar ainda mais uma cortina negra sobre a cidade. As lamacentas ruas de East End eram infestadas de ratos e lixo. Este é o painel histórico de 1888, quando ocorreu o Outono do Terror: Jack, O Estripador provocou pânico nas ruas de Londres ao matar e mutilar várias prostitutas. 11 12 PARTE II 13 14 Londres, 1888. O livro Strange Case of Dr Jekyll and Mr Hyde do escritor escocês Robert Louis Stevenson (1850–1894) havia sido publicado em 1886. A adaptação para o teatro fazia grande sucesso desde a estreia em 1887. O ator inglês Richard Mansfield (1857-1907) imortalizou-se no duplo papel de médico e monstro no Teatro Lyceum, em Londres, durante a temporada de 1888. Esta adaptação teatral de O Médico e o Monstro como também o livro O Retrato de Dorian Gray de Oscar Wilde (18541900), publicado em 1890, revelavam a dualidade da sociedade vitoriana ao mostrar que pessoas respeitáveis socialmente no convívio do dia-a-dia podiam ter um comportamento totalmente diverso do que aparentavam ser. O desenvolvimento de estudos sobre a loucura, a esquizofrênia e a psicose 15 maníaco-depressiva (e modernamente também o distúrbio bipolar) ganharam força sob a égide de O Médico e O Monstro. Esta peça de teatro capturou como nunca o momento histórico de 1888 ao retratar como um assassino poderia conviver socialmente sem muita desconfiança das demais pessoas. A impressionante atuação do ator Richard Mansfield, com sua transformação de médico em monstro, chegou a causar-lhe problemas inclusive de ser acusado de ter cometido os assassinatos em Whitechapel. Jack, O Estripador provocou pânico nas ruas de Londres ao matar e mutilar várias prostitutas durante o Outono do Terror. O Memorando Macnaghten de 23 de fevereiro de 1894, confidencial e endereçado ao Secretário do Interior, afirma que Jack, O Estripador fez apenas 16 cinco vítimas: Mary Ann Nichols (31/8/1888), Annie Chapman (8/9/1888), Elizabeth Stride e Catherine Eddowes (30/9/1888) e Mary Jane Kelly (9/11/1888). Entretanto, esse Memorando foi devidamente vazado para a imprensa com o único objetivo de combater as matérias do jornal The Sun que indicavam como suspeito um homem que esfaqueou as nádegas de 6 mulheres e que foi internado num manicômio. Essa versão oficial de que Jack, O Estripador fez apenas cinco vítimas foi assinada pelo aristocrata Melville Macnaghten, diretor do CID a partir de 1890, condecorado como Cavaleiro da Rainha em 1908 e que se aposentou em 1913. Embora, na verdade, tenha ocorrido um total de 11 assassinatos em Whitechapel entre 3 de abril de 1888 e 13 de fevereiro de 1891, há uma disputa entre 17 os estudiosos sobre quais assassinatos podem ou não ser atribuídos a Jack, O Estripador. Então, vamos por partes... Ou seja, analisar apenas os assassinatos ditos canônicos por Sir Melville Macnaghten. Em 31 de agosto de 1888, a prostituta Mary Ann Nichols, conhecida como Polly Nichols foi morta na travessa de Buck, perto do Cemitério dos Judeus de Whitechapel. Ela era alcoólatra e separada do marido William Nichols com quem tivera cinco filhos. Por volta de 3h40 da madrugada, ela foi encontrada morta em frente ao portão de uma estrebaria por um carreteiro que saía para o trabalho. O médico-cirurgião Llewellyn, que foi chamado ao local, constatou o óbito e que havia dois cortes profundos que seccionaram a traqueia e a goela. Posteriormente, durante a 18 autópsia foi constatada que ela havia sido estripada com o abdome aberto. O jornal Star deu um grande destaque ao caso e provocou alarde em 1º de setembro ao associar esta morte com a de duas outras prostitutas ocorridas anteriormente (Emma Smith, em 3/4/1888, e Martha Tabram, em 7/8/1888, assassinada com 39 punhaladas), mas no primeiro caso, a vítima fora atacada, roubada e estuprada (por uma gangue de jovens marginais) e morreu de peritonite no Hospital de Londres. Entretanto, a enorme pressão sobre as autoridades policiais fez com que o CID fosse acionado e o inspetor Frederick George Abberline, designado para investigar o caso da morte de Mary Ann Nichols. 19 Em 8 de setembro de 1888, Annie Chapman (filha de militar e que fora casa com John Chapman com quem tivera três filhos) foi encontrada morta, com a garganta cortada e o abdome aberto com vísceras expostas, por um carroceiro que se preparava para sair para trabalhar por volta das 6 da manhã na Rua Hanbury. Pela marca nos dedos, dois anéis de latão haviam sido arrancados de sua mão esquerda. A garganta havia sido seccionada por dois cortes, de acordo com o médico-cirurgião George Bagster Phillips. Ele constatou durante a autópsia que o útero, a vagina e grande parte da bexiga tinham sido retirados e levados pelo assassino, pois não foram encontrados. Durante as investigações, a testemunha Elizabeth Long afirmou que caminhava pela rua Hanbury, às 5h30 da manhã em 20 direção ao mercado, quando viu Annie Chapman (conhecida pelos amigos como Dark Annie: Annie Morena) conversando com um homem moreno com roupa escura e que usava chapéu deerstalker marrom (boné rural com duas palas) em frente ao número 29. Pouco depois, do quintal de sua casa no número 27, um carpinteiro chamado Albert Cadosch ouviu vozes, um grito de mulher (Não!) e algo caindo sobre a cerca de 1,67m de altura, mas como não ouviu mais nada, ele saiu para trabalhar. A equipe liderada pelo investigador Abberline conseguiu identificar o suspeito John Pizer (judeu polonês de 38 anos) que se enquadrava na descrição e que acabou detido. Em seu poder foram encontradas cinco facas que ele alegou usar em seu serviço como sapateiro, daí seu apelido Avental de Couro. Com 21 passagens pela polícia e uma condenação por apunhalar um colega, John Pizer só foi solto porque o álibi para o primeiro crime na madrugada de 31 de agosto era muito sólido: passara a noite num albergue da avenida Holloway e conversara com várias pessoas na rua sobre um incêndio ocorrido nas docas, fato que foi confirmado pelo proprietário do estabelecimento. A polícia, antes criticada por causa da inércia, passou a ser atacada por causa da falta de critério nas investigações e da arbitrariedade na detenção dos suspeitos. Vários suspeitos foram detidos e depois foram soltos quando os álibis mostraram-se sólidos como no caso de John Pizer. Além dele, vale destacar dois que permaneceram como suspeitos até 30 de setembro: um cabeleireiro alemão chamado Charles Ludwig que foi preso, 22 em flagrante, ao ameaçar uma prostituta com uma faca; o suíço Jacob Isenschmid, que era demente, tinha alucinações e ameaçava explodir a rainha no Palácio de Buckingham com dinamite e acabou internado no Hospício Grove Hall, em Bow. O inspetor Abberline escreveu em seu relatório de 18 de setembro que provavelmente este suspeito seria o assassino. Sua expectativa de ter esclarecido o caso dos assassinatos de Whitechapel se esvairia em decorrência do evento duplo ocorrido em 30 de setembro. Após o segundo crime de grande repercussão, a opinião pública começou a pressionar ainda mais para uma solução para o caso. O Comitê de Vigilância de Whitechapel foi criado pela associação dos comerciantes do distrito para patrulhar a região a fim de combater o 23 déficit de policiais. Enquanto isso, o comissário Charles Warren que estava incomodado com a descentralização do CID forçou a demissão de James Monro. Isto indispôs grande parte do departamento que ameaçou se demitir juntamente com o diretor do CID. O nomeado para assumir foi Robert Anderson que, em meio a esta grave crise, simplesmente partiu para a Suíça em férias. Esta disputa na cúpula deixou flagrante não só a inércia da polícia como também a falta de liderança que a desmoralizou para resolver os crimes de Whitechapel. Durante a madrugada de 30 de setembro de 1888 ocorreu o evento duplo quando a sueca Elizabeth Stride (que estava separada do marido John Stride) foi morta na rua Berner com a garganta cortada enquanto Catherine Eddowes foi 24 encontrada, na Praça Mitre à distância de 1,5 Km, com a garganta cortada e várias mutilações na face e no estômago, sendo que o rim esquerdo e o útero foram retirados pelo assassino (sem a mesma precisão cirúrgica do caso Annie Chapman, segundo o Dr. Phillips). O primeiro crime do evento duplo ocorreu por volta da 1 da manhã. Um vendedor de bijuterias entrava com sua carroça puxada por um pônei no pátio Dutfield na Rua Berner, ao lado do Clube Educacional Internacional de Trabalhadores, para descarregar a mercadoria, mas o animal empacou e ficou muito assustado. Após apear, a fim de verificar o que tinha acontecido, o vendedor de bijuterias encontrou (com a ajuda de outras pessoas e uma vela) o 25 corpo de Elizabeth Stride ainda quente, o que indicava que o assassino tinha acabado de fugir. O segundo crime do evento duplo ocorreu na Praça Mitre, área que pertence à City (espécie de cidade dentro da cidade de Londres), sob responsabilidade da Polícia Municipal que não se reportava à Secretaria do Interior ou à Polícia Metropolitana. O policial Edward Watkins havia passado à 1h30 pela Praça Mitre e não havia nada, mas ao retornar na ronda seguinte à 1h45 encontrou o corpo de Catherine Eddowes. O médico George William Sequeira foi chamado ao local e confirmou o horário da morte, fato que foi corroborado posteriormente após a chegada do cirurgião da Polícia Municipal dr. Frederick Gordon Brown. 26 Pouco antes das três da manhã, o pedaço do avental branco ensanguentado de Catherine Eddowes (que havia sido cortado pelo assassino) foi encontrado por um policial no chão da rua Goulston e perto de uma enigmática frase escrita na parede com giz: The Juwes are the men that will not be blamed for nothing. O termo Juwes é de origem maçom e refere-se aos pedreiros Jubelo, Jubela e Jubelum, conhecidos como os Juwes, que assassinaram Hiram Abif, primeiro-grãomestre maçom e arquiteto do Templo de Salomão. Os três receberam a punição de terem a garganta cortada, sendo as vísceras e o coração jogados sobre o ombro esquerdo. A rua Goulston, a dez minutos de caminhada da Praça Mitre, pertencia à 27 jurisdição da Polícia Metropolitana e o fato acabou permitindo que o crime fosse investigado por Sir Charles Warren, em pessoa, por volta das cinco da manhã. O fotógrafo Thomas Dutton foi chamado ao local para tirar fotos da evidência, mas o comissário Charles Warren determinou que tanto a inscrição fosse apagada como posteriormente houvesse a destruição das chapas fotográficas enviadas à polícia. Isto permanece extremamente controverso, pois Charles Warren era maçom e ele foi alvo de pesadas críticas, tanto por parte da imprensa como dentro da própria polícia, por causa da destruição de uma evidência numa importante investigação criminal. Motivo que acabou por ajudar a alimentar a famosa teoria conspiratória sobre o envolvimento da família real no crime e o consequente encobrimento da Scotland Yard: o príncipe Albert (neto da rainha Vitória) teria um suposto 28 envolvimento com a prostituta Mary Jane que, juntamente com outras três prostitutas, estaria chantageando-o e, por isso, o médico da família real Sir William Gull teria sido encarregado de eliminá-las. Sir William Gull estaria acompanhado de um cocheiro numa carruagem para dar carona e oferecer uvas envenenadas(!) para depois matar as prostitutas conforme os rituais maçônicos (sendo que a segunda do evento duplo teria sido morta por engano ao ser confundida com Mary Jane) e, além disso, a culpa recairia sobre um advogado suicida chamado Montague John Druitt que foi encontrado afogado no rio Tâmisa no último dia de 1888. A teoria real-maçônica foi exibida pela TV britânica, em 1973, e para algumas pessoas é mais fácil acreditar nela e não que houve incompetência e negligência por parte da polícia. 29 Durante a investigação do evento duplo, houve vários testemunhos relevantes para a apuração do caso: 1) a testemunha William Marshall descreveu o suspeito como sendo de meia-idade, boné, roupas escuras, bigode sem suíças, fala mansa e educada. O suspeito estava conversando com a vítima na rua Berner às 23h45 da noite de 29 de setembro; 2) o guarda Smith descreveu o suspeito com cerca de 28 anos, 1,70m, aparência respeitável, roupas escuras, de bigode sem suíças e segurava um pacote de cerca de 20 centímetros. O suspeito estava conversando com a vítima por volta de 0h30, da madrugada de 30 de setembro, quando o guarda Smith fazia sua ronda; 3) a testemunha Israel Schwartz descreveu o suspeito como tendo cerca de 30 anos, 1,65m, cabelo castanho, trajando sobretudo escuro, 30 calças escuras e boné de duas palas. Além disso, o imigrante húngaro Israel Schwartz viu o suspeito às 0h45 tentando puxar Elizabeth Stride, na rua Berner, e ao virá-la acabar por jogá-la ao chão. Um segundo homem do outro lado da rua acendia um cachimbo e o primeiro suspeito chamou-lhe de “Lipski” (expressão muito usada na época para insultar os judeus desde que um judeu chamado Lipski fora enforcado pelo assassinato de uma judia em 1887). Tanto a testemunha como o segundo suspeito (descrito como tendo 35 anos, 1,80m, cabelo castanho claro, sobretudo escuro, chapéu preto de aba larga e de cachimbo na mão) correram em direção à ferrovia que ficava próxima ao local, deixando Elizabeth Stride à mercê de seu assassino no quarto de hora seguinte até a uma da manhã de 30 de setembro. 31 No caso do segundo assassinato do evento duplo, a testemunha Joseph Lawende descreveu o suspeito como sendo um homem de cerca de 30 anos; 1,70m, claro, bigode, paletó de cor cinza e boné cinza de duas palas e um lenço vermelho. O caixeiro-viajante Joseph Lawende saía com dois amigos do Imperial Club, na rua Duke, quando viu Catherine Eddowes conversando com o suspeito na Church Passage, rua coberta que vai dar na Praça Mitre, pouco depois de uma e meia da manhã. Dois dias depois do crime, a vítima Catherine Eddowes foi reconhecida pelo seu companheiro John Kelly, havia sete anos, por causa da descrição das roupas e das características da vítima que tinham sido divulgadas pela imprensa, além da tatuagem T.C., no antebraço esquerdo da vítima, que se referia ao antigo companheiro dela: Thomas Conway com 32 quem ela vivera por duas décadas, sem casar, e com tivera três filhos. Em 1º de outubro, manifestações no Victoria Park e no Mile End pediam a cabeça de Sir Charles Warren e também do secretário do Interior Henry Matthews, membro do gabinete do primeiro-ministro conservador Lorde Salisbury. O jornal Daily Telegraph, que apoiava o governo, chegou a escrever: “Já estamos fartos do sr. Secretário do Interior Mattews. Ele nada sabe, nada ouviu, e nada pretende fazer com relação a assuntos sobre os quais deveria estar muito bem informado e pronto para agir com energia e presteza. Já está na hora desse ministro ceder seu lugar a alguém com maior competência” (Schmidt, 2009, p.76). 33 Diante da gravidade do caso, Robert Anderson (diretor do CID) finalmente foi obrigado a retornar de suas férias na Suíça. Ele chegou com uma solução pronta para o caso: as prostitutas que fossem encontradas nas ruas, após a meia-noite, deveriam ser encarceradas para sua própria segurança. Em 09 de outubro, Sir Charles Warren levou dois cães de caça (Barnaby e Burgho), ao Regents Park, para testar como seria a perseguição ao criminoso de Whitechapel (por suas ruas lamacentas e mal cheirosas...) quando da ocorrência de um novo crime. Ambas as ideias não prosperaram por serem totalmente estapafúrdias. Em 25 de setembro, uma carta forjada pelos jornalistas Tom Bulling e Charles Moore foi enviada à Scotland Yard: estava assinada Jack, O Estripador e foi 34 publicada pelo jornal Daily News em 1º de outubro após a ocorrência do evento duplo. Isto deu tanto uma alcunha para o criminoso como provocou uma enxurrada de cartas falsas (cerca de mil por semana) que tumultuavam a apuração do caso. Entretanto, no dia 16 de outubro, uma carta intitulada “Do Inferno”, recebida por George Lusk (presidente do Comitê de Vigilância de Whitechapel), acompanhada de metade de um rim infectado com a doença de Bright (uma forma de uremia, a mesma que acometia Catherine Eddowes) deixou poucas dúvidas sobre a autenticidade da carta que é atribuída ao verdadeiro assassino. A paranóia causada pelo evento duplo começou a ter reflexos no comportamento das pessoas: um açogueiro, constantemente acusado de 35 ser o assassino, matou-se cortando a própria garganta; uma costureira enlouqueceu ao sentir-se perseguida pelas ruas e foi internada num hospício; a esposa de um tecelão enforcou-se por não aguentar viver aterrorizada; na Irlanda, uma mulher entrou em estado de choque e morreu quando um homem agitou uma faca diante dela e disse que era Jack, O Estripador. A esposa do reverendo Barnett, vigário da igreja de São Judas, em Whitechapel, organizou um abaixo-assinado (endereçado à Rainha Vitória) com cerca de 5 mil assinaturas de mulheres pedindo o fechamento das casas de má-reputação. A resposta da rainha foi encaminhar o pedido para que o secretário do interior, Henry Matthews, tomasse as providências cabíveis e resolvesse a questão. 36 Enquanto isso, as investigações prosseguiam e o suspeito Dr. Robert Donston Stephenson chegou a ser interrogado duas vezes. Dr. Stephenson estava internado em decorrência de esgotamento nervoso no Hospital de Londres, em Whitechapel, no período de 26 de julho a 7 de dezembro. Ele se encontrava num local de onde poderia fugir durante a madrugada para cometer todos os cinco assassinatos para depois retornar sem ser descoberto. Ele escreveu para a polícia, após o evento duplo, sobre sua teoria dizendo que o assassino era francês e que na enigmática frase não estava escrito Juwes (o correto em inglês seria Jews, mas sim Juives em francês) e o que os assassinatos envolviam magia negra. Em 1º de dezembro, o Dr. Stephenson escreveu um artigo no jornal Pall Mall Gazette com a mesma versão. Apesar disso, ele apresentou uma outra versão 37 para acusar um próprio médico do hospital, Dr. Morgan Davies, como suspeito de ser Jack, O Estripador porque este descreveu com muita precisão como seria um dos assassinatos. O Dr. Stephenson foi descartado como suspeito por ser mais velho e mais alto do que o suspeito, além do que a sua saúde debilitada por doenças, bebidas e drogas dificilmente permitiria que ele cometesse tais crimes com o vigor necessário principalmente no caso do evento duplo. Sir Charles Warren estava desgastado no cargo de comissário e sua queda já era dada como certa por causa do desprestígio causado pela não captura do assassino de Whitechapel. Robert Anderson começou a fazer reuniões com o ex-diretor James Monro e com o secretário do Interior Henry Matthews a fim de tratar do futuro do CID, sem 38 comunicar o fato ao comissário Charles Warren. O mês de outubro transcorreu sem nenhum crime, mas também sem uma solução para o caso, pois a polícia não conseguia prender o assassino. Vários suspeitos tinham sido presos e depois soltos quando os álibis foram confirmados ou porque ocorrera um novo crime durante o mês de setembro. A posição de Sir Charles Warren ficou insustentável e ele se demitiu em 8 de novembro. Na madrugada de 9 de novembro, a irlandesa Mary Jane Kelly foi brutalmente assassinada e trucidada na cama no Beco de Miller, no quarto nº 13, no crime mais brutal e horrendo que ocorreu em Londres no século XIX. Por volta de 10h45 da manhã, o proprietário do Beco de Miller, John McCarthy, enviou seu empregado da loja de velas da rua 39 Dorset, Thomas Bower, para cobrar o aluguel atrasado de Mary Jane, mas ele encontrou a porta fechada e pela janela constatou que ela havia sido morta. A polícia foi avisada por John McCarthy, o inspetor Abberline isolou o Beco de Miller e telegrafou ao comissário Charles Warren para que os dois cães farejadores (Barnaby e Burgho) fossem enviados imediatamente à cena do crime. Isto demonstrou uma total falta de coordenação de trabalho entre o CID e a Scotland Yard, pois os cães já haviam sido devolvidos ao dono, assim como o comissário Charles Warren já havia se demitido no dia anterior. Este ficara sabendo da conspiração que minava a sua autoridade e, por isso, publicou um artigo numa revista, no início de novembro, no qual insistia em que a direção do CID deveria ser subordinada ao comissário da Polícia Metropolitana. Henry Matthews, secretário do Interior, 40 ficara enfurecido com o comissário Charles Warren e chamara-lhe a atenção por divulgar publicamente assuntos internos da polícia e este decidira finalmente demitir-se em 8 de novembro. Dois dias depois, Henry Matthews decidiu reconduzir James Monro ao cargo de comissário da Polícia Metropolitana. As primeiras suspeitas recaíram sobre Joseph Barnett, ex-companheiro de Mary Jane, que foi interrogado por quatro horas pelo inspetor Abberline. Joseph Barnett era apaixonado pela vítima e tentava sustentar a ambos, mas a perda de seu emprego como limpador de peixes e carregador no mercado, em junho de 1888, levou Mary Jane à prostituição. A hipótese de crime passional, após uma frustrada tentativa de reconciliação na madrugada do crime, foi levantada por 41 Bruce Paley, em 1995, no livro Jack the Ripper: the Simple Truth. Joseph Barnett correspondia à descrição do suspeito e teria tanto o motivo como a oportunidade para matar Mary Jane. Entretanto, várias pessoas próximas a Mary Jane afirmaram que Joseph Barnett era atencioso e dava dinheiro a ela, mesmo eles não estando mais juntos, e que não tinham conhecimento de nenhum ato de violência dele em relação a ela, mesmo estando bêbado. O inspetor Abberline acreditou na inocência de Joseph Bernett e este foi liberado após o interrogatório. O inquérito para apurar a morte de Mary Jane foi aberto às onze da manhã de 12 de novembro e, muito apressado e mal conduzido, foi encerrado após seis horas e meia de duração no mesmo dia. O assassinato ocorrera em Spitalfields, mas o inquérito foi feito em Shoreditch Town 42 Hall porque o corpo foi levado para o necrotério de Shoreditch. O veredito foi de assassinato premeditado, cometido por pessoas ou pessoas desconhecidas. Às seis da tarde, um operário desempregado chamado George Hutchinson apresentou-se na delegacia de polícia da rua Commercial e, posteriormente, foi interrogado pelo inspetor Abberline. George Hutchinson dava algum dinheiro de vez em quando para Mary Jane e, provavelmente, tinha algum grau envolvimento como amigo ou cliente ocasional. Às duas da manhã de 9 de novembro, George Hutchinson encontrara Mary Jane na rua Commercial e ela pedira dinheiro, mas ele afirmara que não tinha para dar-lhe naquele momento porque acabara de chegar de viagem. Em seu depoimento, a testemunha afirmou que, em seguida, viu um suspeito tocar no ombro de Mary Jane e conversar com ela. Os dois 43 atravessaram a rua Commercial e entraram na rua Dorset, ambos seguidos por George Hutchinson até a entrada do beco de Miller. Posteriormente, Mary Jane entrou na casa nº 13 acompanhada do suspeito, enquanto George Hutchinson esperou 45 minutos por ela, mas desistiu e foi embora às três da manhã. O suspeito foi descrito como tendo cerca de 34 ou 35 anos, 1,67m, pestanas e olhos escuros, bigode com ponta para cima, cabelo escuro, paletó escuro, calças escuras, chapéu de feltro, um lenço vermelho no pescoço, gravata preta com broche de ferradura, luvas marrons e carregava um pacote com cerca de 20 centímetros. Elizabeth Prater, a vizinha de cima de Mary Jane, e Sarah Lewis, que passava à noite com uma amiga no quarto em frente ao de Mary Jane, coincidiram em seus depoimentos ao afirmar terem ouvido um grito abafado por volta de 3h30-3h45 da 44 madrugada, provável horário da morte de Mary Jane. No dia 10 de novembro, a pedido do diretor do CID Robert Anderson, o renomado cirurgião da polícia Thomas Bond - com mais de vinte anos de experiência e que realizara a última autópsia – havia entregado um relatório (após estudar as outras quatro autópsias) onde afirmava que o assassino seguia o mesmo método de estrangular e depois cortar a garganta da esquerda para a direita (no último dos cinco casos, o sangue na parede confirmava onde a cabeça da mulher estava deitada). As mutilações tinham as mesmas características e eram feitas por alguém sem conhecimento científico ou anatômico. O instrumento usado era uma faca com pelo menos 15 centímetros de comprimento e 2,5 centímetros de 45 largura (diversos estudiosos sugerem que a arma do crime poderia ser a faca cirúrgica Linston muito usada para realizar amputações no século XIX). O assassino era fisicamente forte, agia com muita frieza e era muito ousado. Um homem sujeito a ataques periódicos de erotomania sendo que as mutilações seriam resultado de uma condição mental vingativa contra as mulheres. Os crimes ocorreram tanto em feriados como em fins de semana, em ambos os casos de madrugada. O assassino tinha aparência de um homem inofensivo, com emprego regular, morava entre pessoas respeitáveis que conheciam seu caráter e hábito de sair à noite e estas podiam suspeitar que ele tivesse uma mente perturbada. A partir dos testemunhos mais confiáveis de Elizabeth Long, William Marshall, 46 guarda Smith, Israel Schwartz, Joseph Lawende e George Hutchinson há a descrição do suspeito como sendo de um homem branco de estatura mediana na faixa de 30 anos de aparência entre “distinta surrada” e “respeitável”. A proximidade dos crimes e a desenvoltura do criminoso sugerem que ele morava em East End (Schmidt, 2009, p.115). Os cinco crimes foram investigados e os inquéritos arquivados pelos mesmos motivos: “assassinato premeditado, cometido por pessoa ou pessoas desconhecidas”. A imprensa na GrãBretanha, em menos de quatro décadas, aumentara o número de jornais de 14 para 168. A pressão social aumentava e a própria Rainha Vitória perdeu a paciência, após o assassinato de Mary Jane (cujo coração nunca foi encontrado), e cobrou providências do 47 primeiro-ministro Lordy Salisbury e enviou várias sugestões ao Secretário do Interior Henry Matthews. Se os assassinatos de Whitechapel não foram esclarecidos, pelo menos a pressão social por mudanças acabou por resultar na aprovação do Housing of the Working Classes Act 1890 e Public Health Amendment Act 1890 que estabeleceram as condições mínimas para as moradias. Estas medidas provocaram tanto a transformação de áreas urbanas degradadas como a demolição de muitas áreas durante duas décadas após os assassinatos de Whitechapel. 48 PARTE III 49 50 O serial-killer (assassino serial) mata para satisfazer suas fantasias, sendo que seus crimes não têm relação direta entre si e ocorrem em períodos de tempo e locais distintos. O serial-killer não tem relação de parentesco com suas vítimas. As vítimas apresentam características comuns e o assassino apresenta o mesmo modus operandi para cometer os crimes. As sete fases ou etapas psicológicas que o serial-killer apresenta são: Fase Aura (afasta-se da realidade, vive no mundo de fantasia, apresenta comportamento anti-social); Fase da Pesca (procura vítimas em locais onde possa encontrálas e estuda o terreno onde pretende agir para ter uma fuga rápida); Fase do Cortejo (identifica a vítima, conquista a confiança dela, atraindo-a para uma armadilha); Fase da Captura (ao fechar a 51 armadilha que armou, trancar ou golpear a vítima indefesa); Fase do Assassinato (clímax emocional que envolve matar a vítima e estripá-la no caso de Jack, O Estripador); Fase Totêmica (coleciona algo relacionado ao crime como recortes, fotos, objetos pessoais da vítima ou mesmo parte do corpo, chegando a comer partes); Fase Depressiva (pode ser interpretada como uma espécie de “depressão pós-homicídio” e retorno ao mundo de fantasia que desse modo reinicia o ciclo). O caso do primeiro serial-killer moderno provocou um frenesi não só na Europa como nos Estados Unidos: um assassino cortava a garganta das vítimas que não ofereciam resistência por causa dos ataques repentinos e letais; utilizava uma faca reta e afiada com cerca de 15 centímetros e provocava lesões que 52 partiam do mesmo ângulo e da esquerda para a direita. Em meados de abril de 1891, uma carta foi enviada para um jornal de Nova Iorque e a notícia foi assim publicada: JACK THE RIPPER KINDLY WRITES THAT BUSINESS IN GOTHAM HE IS READY FOR The following communication, written in a poor hand, was received by Capt. Ryan of East Thirty-fifth street station yesterday afternoon: Capt. Ryan: You think that “Jack the Ripper” is in England, but he is not, I am right here and I expect to kill somebody by Thursday next, and so get ready for me with your pistols, but I have a knife that has done more than your pistols. Next thing you will hear of some woman dead. Yours truly. JACK THE RIPPER 53 Dias depois, por volta da meia-noite do dia 23 para o dia 24 de abril de 1891, a imigrante inglesa chamada Carrie Brown foi morta com a garganta cortada e o corpo mutilado no Hotel East River em Nova Iorque. Em 7 de agosto, uma mulher desconhecida apareceu morta de maneira semelhante, agora no East River. Era o início de 12 crimes, em cinco estados, durante quatro anos (18911895). A imprensa se perguntava se Jack, O Estripador estaria nos Estados Unidos ou se seria apenas um imitador. Em 1891, investigadores da Scotland Yard haviam ido duas vezes a Nova Iorque verificar evidências e comprovar a similaridade da letra com a carta de Londres. Prostitutas com a garganta cortada e que depois eram estripadas demonstravam haver o mesmo modus operandi do assassino de Londres. 54 Alguns suspeitos haviam fugido de Londres e os crimes haviam parado em Londres. Alguns suspeitos chegaram aos Estados Unidos e os crimes começaram nos Estados Unidos. Portanto, seria uma investigação difícil de ser feita numa época em que não havia a Interpol, não havia passaporte com foto e, além disso, as pessoas podiam entrar em outro país usando nomes falsos e também não havia um rigoroso controle de fronteiras. Portanto, um caso insolúvel para o século XIX, mas que ainda pode ser solucionado no século XXI. Ao cruzar a lista de suspeitos que foram para os Estados Unidos, com as características dos assassinatos e os traços levantados pelas testemunhas, são encontradas apenas quatro pessoas que poderiam ter cometido os crimes em ambos os lados do Atlântico Norte. 55 O primeiro suspeito é o escocês Thomas Neill Cream que ficou conhecido como O Envenenador de Lambeth. Nascido na Escócia em 1850, Cream era o mais velho de oito irmãos. A família mudou-se para o Canadá e ele se formou em medicina em 1876. Nesta época, Cream seduziu a filha de um próspero hoteleiro e fez um aborto que a deixou com sequelas para o resto da vida. Cream foi obrigado a se casar com ela mas fugiu para Londres. Ao voltar ao Canadá, o dr. Neill Cream decidiu estabelecer-se nos Estados Unidos como aborteiro, mas várias de suas pacientes morriam na mesa de operação. Preso em Chicago, ele foi libertado por falta provas. Entretanto, ao tornar-se amante da esposa de um ferroviário, acabou por assassiná-lo com uma dose de estricnina. Condenado à prisão perpétua na Penitenciária Estadual de Illinois, Cream acabou tendo a pena comutada 56 para dez anos por bom comportamento e ele foi solto em 31 de julho de 1891. Ao regressar a Londres, Cream começou a envenenar prostitutas em Lambeth, mas acabou preso, condenado à forca e foi executado em 15 de novembro de 1892. A cronologia dos crimes tanto de Londres como dos Estados Unidos não permitem que ele seja Jack, o Estripador. O segundo suspeito é o polonês Klozovski que ficou conhecido como O Envenenador do Burgo. Klozovski, que estudou medicina em Varsóvia, era moreno, tinha olhos azuis, estatura média e usava bigode. Ele chegou à Inglaterra, em 1887, onde conseguiu emprego como cabeleleiro até abrir uma barbearia na rua Whitechapel High, 89. 57 Apesar de já ser casado na Polônia, Klozovski casou-se novamente na Inglaterra com Lucy Baderski, outra polonesa. O casal teve um filho em setembro de 1890 que morreu de pneumonia em março de 1891. Após a tragédia, o casal emigrou para os Estados Unidos. Em Nova Jersey, Klozovski arrumou emprego numa barbearia. Durante uma discussão, Klozovski ameaçou a esposa com uma faca. Horrorizada, ela decidiu voltar a Londres para o nascimento do segundo filho em fevereiro de 1892. Klozovski foi atrás da esposa mas, apesar de uma breve reconciliação, o casal acabou por se separar definitivamente. Posteriormente, Klozovski envolveu-se com uma mulher chamada Annie Chapman (não confundir com a vítima de mesmo nome), mas abandonou-a grávida e envolveu-se com uma mulher rica chamada Mary Spink. Em 1896, o casal mudou-se para Hastings no sul da Inglaterra e passou a viver do dinheiro dela. A esposa morreu no dia de Natal 58 em 1897. Em 1898, Klozovski casou-se com uma garçonete chamada Elizabeth Taylor que morreu três anos depois. Em 1902, sua nova esposa Maud Spink morreu prematuramente aos dezoito anos. Envenenamento por tártaro emético foi detectado nas três mulheres, após a exumação das duas primeiras esposas. Klozovski foi preso em 25 de outubro de 1902. Ele foi condenado à morte e executado na prisão de Wandsworth em 7 de abril de 1903. Antes da execução, o inspetor Abberline deu duas longas entrevistas para o jornal Pall Mall Gazette, em 24 de março e 31 de março, onde afirmou estar convicto de que Klozovski era Jack, O Estripador. Entretanto, a mudança de modus operandi e a diferença das vítimas femininas em idade e classe social tornam Klozovski, também conhecido como George Chapman, um 59 suspeito implausível criminologistas. pelos O terceiro suspeito é Francis Tumblety, o caçula de onze irmãos. A família mudou-se para Rochester, em Nova Iorque. Na adolescência, ele vendia literatura pornográfica e trabalhava numa drogaria. Mudou-se para o Canadá onde se transformou no Príncipe dos Chalatões ao ganhar dinheiro vendendo poções e emplastros. Entretanto, uma prostituta morreu após tomar um medicamento para provocar aborto e um paciente morreu por erro médico. Perseguido pelas autoridades canadenses, Tumblety retornou aos Estados Unidos e adotou o nome de J. H. Blackburn. Tumblety, que se apresentava como médico da União e amigo do presidente Lincoln, vivia em Washington aonde 60 chegou a oferecer um jantar importante para o qual foram convidados apenas homens. Após o assassinato de Lincoln, Tumblety foi confundido com L. P. Blackburn, médico confederado, e ficou preso por três semanas por fazer parte do complô para matar o presidente. Desfeita a confusão, Tumblety preferiu fugir para a Inglaterra onde se estabeleceu em Liverpool. Em 1874, Tumblety iniciou um relacionamento homossexual com o escritor Henry Hall Caine que durou até 1876. Em junho de 1888, Tumblety hospedou-se numa pensão em Whitechapel. Tumblety foi preso por delitos de grave indecência (eufemismo para a homossexualidade que era crime na época) em 7 de novembro e solto sob fiança em 16 de novembro. Uma audiência preliminar ocorreu em 20 de novembro e o julgamento foi marcado para 10 de dezembro. Tumblety não 61 quis esperar pelo pior (a condenação à prisão) e fugiu para a França com o nome falso de Frank Townsend e embarcou no navio a vapor La Bretagne rumo aos Estados Unidos. Tumblety chegou à Nova York em 3 de dezembro e ficou sob constante vigilância da polícia. Inspetores da Scotland Yard foram aos Estados Unidos atrás do suspeito em fuga, mas nada poderia ser feito porque o crime de que ele era acusado não era extraditável. De acordo com o livro Jack the Ripper: First American Serial Killer (pg. 188), Tumblety nasceu Canadá, mas de acordo com livro The Jack the Ripper AZ (pg. 453), ele nasceu na Irlanda. Tumblety morou em várias cidades dos Estados Unidos como Baltimore, Nova Orleans e St. Louis. Em 1893, ele voltou a Rochester onde foi morar com uma sobrinha. Tumblety faleceu em 28 de maio de 1903. As freiras, que cuidavam dele, acharam dois anéis de 62 latão entre os seus pertences, que poderiam ser os que foram retirados da mão esquerda de Annie Chapman. Francis Tumblety é um suspeito que estava em Londres na época dos crimes e nos Estados Unidos na época dos crimes. O grande problema para suspeitar dele é que a descrição do assassino não se enquadra com um homem muito alto para a época, com rosto avermelhado e um enorme bigode. Entretanto, seu ódio contra as prostitutas, sua coleção de úteros (embora tanto nos Estados Unidos como na Inglaterra fosse fácil obter úteros legalmente) e a presença dos anéis de latão entre seus pertences, após sua morte, colocam uma dúvida sobre uma questão extremamente relevante: se os todos os cinco assassinatos ditos canônicos pelo Memorando Macnaghten tenham sido realmente cometidos por Jack, O Estripador. 63 O quarto suspeito é James Kelly que nasceu Preston, Condado de Lancashire (às margens do rio Ribble que deságua no mar entre a Baía de Morecambe e a Baía de Liverpool) em 20 de abril de 1860. Sua mãe Sarah Kelly, de apenas 15 anos, deixou-o aos cuidados da avó Teresa e retornou a Liverpool onde se casou com John Allen. O marido faleceu em 16 de maio de 1874 e ela, muito abalada com a perda, veio a falecer em 29 de julho de 1874. Antes de falecer, em 1876, Teresa Kelly contou a James Kelly que ela era na verdade sua avó e não sua mãe. James Kelly completou seus estudos em 1877 e começou a trabalhar em Liverpool. Entretanto, começou a agir irracionalmente e experimentar mudanças de humor. No final de 1878, ele pediu demissão e foi para Londres. Como tinha experiência como 64 estofador, procurou por um emprego fixo no East London Upholsterer's Trade Society, mas acabou tendo que aceitar fazer trabalhos eventuais para poder sobreviver. No início de 1879, James Kelly foi morar Rua Collingwood, 37, com a família do estofador Walter Lamb. Na companhia de Walter Lamb e do cocheiro John Merritt (35 anos, casado), James Kelly descobriu as bebidas fortes e o sexo pago pelas ruas de East End, enquanto continuava a trabalhar em empregos eventuais em vários lugares do distrito, onde utilizava facas de cerca de 15 centímetros como instrumento de trabalho como estofador. Entre 1879 e 1881, James Kelly viveu por um tempo em Brighton, no sul da Inglaterra, e também serviu a bordo de um navio. Em meados de 1881, ele retornou a Londres e voltou a sair com seus amigos Walter Lamb e John Merritt para bebedeiras de madrugada 65 em Whitechapel e Spitalfields. James Kelly voltou a trabalhar em vários empregos eventuais como também em navios cargueiros que iam para os principais portos da Europa. Em dezembro de 1881, James Kelly conheceu Sarah Brider e ficou enamorado dela. A família de Sarah o aceitou e ele foi morar na casa deles (Cottage Lane, 21) como inquilino, em março de 1882, num quarto alugado que era dividido com outro homem. James Kelly cortou a bebida e suas outras atividades e passava as noites na casa com Sarah e os pais dela. Entretanto, no final de 1882, o comportamento errático e as repentinas mudanças de humor fizeram James Kelly voltar aos velhos hábitos de sua vida no East End. James Kelly começou a ficar muito distante e, como temia perder Sarah Brider, fez uma proposta de casamento em fevereiro de 1883. Ela estava relutante, mas acabou 66 cedendo e aceitou o pedido. Enquanto isso, ele descobriu que tinha uma doença venérea e começou um tratamento por conta própria. Em 1º de abril de 1883, James Kelly finalmente conseguiu um emprego fixo de estofador e a família de Sarah Brider pressionou para ele marcar o casamento que finalmente foi acordado para 4 de junho. Entretanto, ele acabou demitido do emprego em 1º de junho, pois seu patrão percebeu que algo não ia bem com ele, em decorrência de seu comportamento errático e de uma série de dores de cabeça. Em 4 de junho, ele conseguiu um novo emprego perto do Regents Park (pouco mais de 3 Kms de distância de Cottage Lane). No mesmo dia, o casamento foi realizado conforme o programado na igreja Saint Luke’s Parish. 67 Em 11 de junho, James Kelly viajou a Liverpool para levantar uma parte do dinheiro da herança para poder morar sozinho com Sarah Brider. A quantia de mais de 25 mil libras esterlinas havia sido deixada em testamento pela mãe, mas James Kelly só poderia levantar o total do dinheiro ao completar 25 anos. Ele conseguiu levantar uma parte do dinheiro e retornou a Londres. Em 17 de junho, a mãe de Sarah Brider estava limpando o quarto de James Kelly quando encontrou drogas medicinais e uma seringa. Ela contou para a filha e ambas confrontaram James Kelly que, numa explosão de raiva, acusou a esposa de ser prostituta e de ter passado uma doença venérea para ele, além do que o casamento era uma ideia delas para por as mãos em sua herança. 68 Em 18 de junho, aniversário de Sarah Brider, ela retornou uma hora mais tarde do que o horário habitual e foi ameaçada por James Kelly com uma faca. Ela respondeu que fora comprar quinina (alcaloide extraído da casca da quina, de sabor amargo e de uso medicinal) para ele. James Kelly teve um colapso e caiu sentado numa cadeira às lágrimas. Em 21 de junho, após uma nova discussão, Sarah Brider trancou-se no quarto. James Kelly num ataque de fúria quebrou a porta, agarrou a esposa e apunhalou-a no pescoço, após acusá-la de ser uma puta (whore) e ela responder que nunca mais viveria com ele. Sarah Brider morreu às dez e meia da noite de 24 de junho no Hospital São Bartolomeu. James Kelly foi acusado de assassinato. Em seu julgamento, em 1º de agosto, James Kelly foi condenado à morte por enforcamento. Em 2 de agosto, os 69 advogados dele apresentaram um pedido de clemência que foi negado no dia seguinte. A execução da sentença foi marcada para 20 de agosto. James Kelly, entretanto, fez uma sombria previsão: ele não seria enforcado, pois teria que cumprir uma missão de Deus. No dia 7 de agosto, o Dr. W. Orange (superintendente do Hospital Psiquiátrico Broadmoor) examinou James Kelly e o considerou insano. No dia 17 de agosto, sua sentença foi comutada e, no dia 24 de agosto, James Kelly foi levado para cumprir sua pena de internação numa instituição de segurança máxima: o Hospital Psiquiátrico Broadmoor. Em Broadmoor, James Kelly parecia um paciente modelo e conseguiu até um violino para tocar na banda. Entretanto, ele tinha um plano de fuga: modelar uma chave a partir de um pedaço de metal. Em 23 de janeiro de 1888, às seis e meia da tarde, James Kelly 70 pegou seu violino e, aparentemente, ia praticar com seu amigo George Shatton. James Kelly usou a chave para abrir a porta, depois pular o muro e fugir para a liberdade, após ficar preso durante quatro anos e cinco meses. Seu amigo George Shatton trancou a porta, ficou com o violino para seu amigo ganhar tempo e guardou a chave (pois também pretendia usá-la). A fuga de James Kelly só foi notada uma hora depois quando houve a chamada dos pacientes. James Kelly levou quatro dias para chegar a Londres e ficou numa casa de aluguel nas docas onde permaneceu por alguns dias até obter algum dinheiro com amigos e depois foi a pé para Liverpool (evitando o uso de qualquer transporte onde poderia ser reconhecido e preso). Em Liverpool, James Kelly recebeu abrigo de parentes e conseguiu dinheiro e depois voltou 71 para Londres no final de junho de 1888. No final de 1888, James Kelly foi a pé para Dover e cruzou o Canal da Mancha em direção a Dieppe (e não Calais). Não fez a rota mais curta e mais rápida (portanto muito óbvia), mas sim uma rota mais longa e mais demorada (portanto demonstrando astúcia). Depois de ficar na França, foi para Roterdã, na Holanda, onde tomou o navio Zaandam e chegou a Nova York em 7 de outubro de 1890 e, por ser um criminoso procurado, usou o nome falso de John Miller para entrar nos Estados Unidos a fim de começar uma nova vida. A informação sobre o navio pode ser checada no Museu Marítimo Nacional da Inglaterra onde há o registro de todos os navios que cruzaram o Atlântico Norte no século XIX, mas não há lista de passageiros. 72 Nos Estados Unidos, James Kelly ficou em Nova York, depois passou pelos estados da Pensilvânia e de Nova Jersey e seguiu por várias cidades como Baltimore (Maryland), Atlanta (Georgia), Dallas (Texas), Nova Orleans (Luisiana), Los Angeles e São Francisco (Califórnia). Em 27 de janeiro de 1896, James Kelly foi ao Consulado Britânico em Nova Orleans e se entregou afirmando ser foragido e condenado pela morte da esposa. Em 18 de março, James Kelly foi enviado de volta a Inglaterra, a bordo do SS Capella, para ser recebido pelas autoridades policias em Liverpool. Entretanto, o navio Capella chegou em 26 de março, um dia antes do previsto, e não havia ninguém para recebê-lo em custodia. Quando as autoridades policiais chegaram no dia seguinte, James Kelly já havia fugido e, posteriormente, permaneceu em Guildford (ao sul de Londres) trabalhando por cerca de três anos. Depois, ele decidiu viajar para o 73 Canadá e pegou o navio SS Beechdale para Vancouver. Em 1901, ele decidiu se entregar no Consulado Britânico de Vancouver. Dessa vez, as autoridades na Inglaterra não se mostraram interessadas nele e, depois de três meses de espera, ele decidiu voltar por conta própria para a Inglaterra. James Kelly trabalhou por algum tempo em Godalming (próxima a Guildford). Depois continuou cruzando o Atlântico Norte ao longo de um quarto de século. Já com uma surdez em estado muito avançado e em precárias condições de saúde, James Kelly decidiu retornar espontaneamente ao Hospital Psiquiátrico Broadmoor, em 11 de fevereiro de 1927, onde permaneceu até a sua morte em 17 de setembro de 1929. 74 De acordo com os registros do Hospital Psiquiátrico Broadmoor, em 1927, James Kelly era um homem completamente isolado da sociedade e que não se dava bem com as pessoas. Ele afirmou que tinha que lidar o tempo todo com a inveja, o ciúme e a malícia e isso ainda era mais difícil por causa das “vadias” (mulheres de moral questionável). James Kelly afirmou que esteve em combate (warpath) por causa disso o que demonstrava tanto ter delírios como ser paranóico. Considera-se coincidência o fato de ele chegar a Londres antes dos crimes começarem e também coincidência os crimes pararem após ele sair de Londres. Sua chegada a Nova Iorque pode ser questionada, pois não há lista de passageiros e pelo fato dele usar um nome falso muito comum nos Estados Unidos. O fato de passar por vários estados onde ocorreram crimes também pode ser coincidência. 75 O grande problema para solucionar o caso de Jack, O Estripador é que se tenta enquadrar os suspeitos nas evidências dos crimes em Whitechapel em vez de se analisar as evidências dos crimes nos Estados Unidos que levem ao suspeito. James Kelly é um suspeito em fuga (coincide com a descrição do assassino) que ainda não foi investigado sobre o período que esteve na França e na Holanda (1889-1890) e também sobre os períodos em que esteve tanto no Canadá como de volta à Inglaterra. Seria coincidência demais se houvesse um novo assassinato quando James Kelly estivesse novamente na Inglaterra, mas foi exatamente isso o que aconteceu: o misterioso assassinato em Worcestershire (perto de Birmingham). Numa noite de sábado, no início do mês de outubro de 76 1903, um jovem casal de namorados fazia uma romântica caminhada em Worcestershire quando ouviram um grito de mulher vindo da escuridão da noite. Fizeram uma rápida busca no local, mas não encontraram nada e pensaram que pudesse ser outro casal de namorados e foram embora para casa. Na manhã seguinte, um homem levava seu rebanho de ovelhas pela mesma trilha quando se deparou com a aterradora visão do corpo de Mary Swinburne, de 68 anos, (que era de Walsall perto de Birmingham) com a garganta cortada (da esquerda para a direita) e o corpo todo mutilado. Vários suspeitos foram presos e depois soltos em Wolverhampton e Malvern. Vários rumores correram de que Jack, O Estripador teria cometido o crime. Após vários meses, um trambiqueiro de Market Rasen chamado George Fisher foi preso, mas posteriormente absolvido em decorrência da comprovação de seu álibi. O caso nunca foi esclarecido embora, em 77 1914, as autoridades policiais britânicas tenham recebido um telegrama do Canadá com a informação de que um homem preso em Ontário tinha confessado o crime... E, mais uma vez, as autoridades policiais não fizeram nada... As autoridades policiais tampouco compreenderam a enigmática frase The Juwes are the men that will not be blamed for nothing encontrada na rua Goulston que poderia ser interpretada como uma crítica ao sistema bancário que não permitiu que James Kelly levantasse todo o seu dinheiro para viver com a esposa, uma crítica às grandes disparidades sociais da época e à moralidade social da época que preferia camuflar em vez de resolver os problemas. A insanidade do suspeito torna-o inimputável, mas sua fuga e seus prováveis crimes serviram como a abertura da Caixa de Pandora sobre a sociedade vitoriana do século XIX. 78 Em 2009, o Discovery Channel apresentou o programa Jack, The Ripper in America. Uma moderna técnica forense por computador rejuvenesceu, em cerca de 40 anos, a foto de James Kelly tirada em 10 de março de 1927. O resultado apresenta grande semelhança ao retrato falado divulgado por Laura Richards, chefe de análise para crimes violentos da Scotland Yard, num documentário da TV britânica transmitido em 2006. Podem-se elencar vários erros que deixaram o suspeito em fuga: 1) Falha de segurança no Hospital Psiquiátrico Broadmoor que permitiu a um paciente ter acesso a um pedaço de metal e moldar uma chave para a fuga que só foi descoberta uma hora depois; 2) Falta de divulgação na imprensa (principalmente em Londres e 79 Liverpool) de sua foto e o oferecimento de recompensa pela sua recaptura desde a fuga em 23 de janeiro de 1888; 3) No dia 10 de novembro de 1888, houve uma busca em Cottage Lane, 21, e foram interrogados os pais de sua finada esposa por causa do relatório do Dr. Bond, mas novamente não houve a divulgação de sua foto e o oferecimento de recompensa pela sua recaptura; 4) No dia 12 de novembro de 1888, alguém (com as iniciais C.E.T.) colocou uma nota no arquivo de James Kelly na Polícia Metropolitana de Londres para que fossem checados os progressos para a recaptura desde a fuga ocorrida em 23 de janeiro de 1888. Portanto, a ficha de James Kelly não havia sido cruzada com os assassinatos de Whitechapel durante todo o Outono do Terror. 80 5) James Kelly fugiu de Dover para Dieppe. Portanto, as autoridades portuárias não tinham informações suficientes para deter suspeitos com a sua descrição; 6) Os agentes da Scotland Yard que foram a Nova Iorque estavam preocupados apenas com a vigilância sobre Francis Tumblety e não com outros suspeitos; 7) Em 1896, uma desastrada polícia não checou com as autoridades portuárias a informação de quando o navio chegaria a Liverpool e, por isso, deixou novamente o suspeito em fuga; 8) Depois das execuções do Dr. Neill Cream, em 1892, e de Klozovski, em 1903, e da morte de Francis Tumblety em 1903, não havia mais interesse oficial em investigar os assassinatos de Whitechapel. Em 22 de abril de 1907, o Hospital Psiquiátrico Broadmoor deu baixa no prontuário de James Kelly porque 81 as autoridades policiais não conseguiram recapturá-lo. 9) Não houve troca de informações entre as autoridades policiais e diplomáticas dos Estados Unidos e da Grã-Bretanha sobre suspeitos durante a sequência de 12 assassinatos nos Estados Unidos, houve apenas nos casos iniciais ocorridos em Nova Iorque. 10) É inacreditável que (quase 125 anos depois) o suspeito em fuga ainda não tenha sido investigado sobre eventuais crimes que possam ter ocorrido na França, na Holanda, nas idas ao Canadá e nas voltas à Inglaterra. Isto demonstra tanto o etnocentrismo anglo-saxão como a falta de cooperação internacional para solucionar o caso que não se restringe apenas ao ocorrido dentro do perímetro de Whitechapel. 11) O fato de estabelecer apenas a faca cirúrgica Linston, como a 82 provável arma do crime (para mutilações feitas sem precisão cirúrgica!), faz com que suspeitos que não tivessem acesso a ela possam ser descartados na investigação. 12) Havia uma percepção geral no povo de que o assassino só poderia ser um imigrante estrangeiro. (Schmidt, 2009, pp. 42-43). Esta xenofobia inglesa, alimentada pela imprensa, prejudicou a apuração do caso e deixou o suspeito em fuga. 83 BIBLIOGRAFIA BÁSICA SCHMIDT, Paulo Jack: O Estripador – A Verdadeira História, 120 Anos Depois. Geração Editorial, São Paulo, 2009. 2ª edição. TULLY, James Prisoner 1167: The Madman Who Was Jack the Ripper. Carroll & Graf Publishers, Estados Unidos, 1998. BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR Wikipédia Casebook.org 84