CONSERVAÇÃO DE Victoria amazonica (NYMPHEACEAE) NO

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64º Congresso Nacional de Botânica
Belo Horizonte, 10-15 de Novembro de 2013
CONSERVAÇÃO DE Victoria amazonica (NYMPHEACEAE) NO JARDIM
BOTÂNICO PLANTARUM
José A. V. Monteiro1,2 *, Antonio Campos-Rocha1, Edgar F. Souto1, Harri Lorenzi1
1
Jardim Botânico Plantarum *[email protected]
2
Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (PPGPDS)
Victoria amazonica
Introdução
Victoria amazonica (Poepp.) J.C. Sowerby – NYMPHEACEAE é uma
planta herbácea rizomatosa, aquática emersa, robusta, anual, nativa
do Norte do Brasil, Bolívia e Guianas (rios amazônicos). As folhas
são flutuantes, gigantes (até 2,2 m de diâmetro), em número de até
24 por planta, peltadas, com margens levantadas e avermelhadas,
a face inferior com uma rede de nervuras e compartimentos cheios
de ar e totalmente cobertos de espinhos muito pungentes, sobre
pecíolos de 1-4 m e também espinhentos. Flores formadas no verão
e outono, uma a cada 2 - 3 dias e que duram apenas dois dias, muito
perfumadas e brancas quando se abrem no início da noite [1].
No Jardim Botânico Plantarum (JBP), situado em Nova Odessa
(SP), a espécie é cultivada em lagos impermeabilizados e situados
a pleno sol, com 40-80 cm de profundidade, preenchidos por água
turva e parada.
Os lagos são povoados por pequenos peixes – que se alimentam
de algas, moluscos e larvas – os quais evitam a proliferação de
mosquitos, além de fertilizar a água.
Por ter ciclo de vida com duração em torno de dez meses, fora
do ambiente natural a planta deve ser replantada todos os anos, no
início da primavera.
Como não há registro de polinizadores para a espécie no interior
do estado de São Paulo, sua polinização é realizada mecanicamente
pela equipe técnica do Jardim Botânico Plantarum, objetivando a
obtenção de frutos e sementes viáveis para a sua conservação e
intercâmbio.
Resultados e Discussão
Os melhores resultados foram obtidos
dentro das seguintes condições de manejo:
- As sementes devem ser recolhidas enquanto
flutuam e plantadas no mesmo dia, a uma
profundidade de 02 cm, 03 sementes por vaso
de Ø15cm preenchido por substrato organoargiloso;
- Os vasos já semeados devem ser submersos
em reservatório situado dentro de estufa,
preenchido por água mantida a 28°C, com uso
de termostato e aquecedor;
- O nível de insolação deve ser de
aproximadamente 75%;
- O período de luminosidade ideal é de ≥08 h/
dia;
- A emergência ocorre em média após 30 dias;
- A taxa de germinação atinge a média de 60%;
- Deve ser efetuado o desbaste quando houver
mais de uma muda por vaso, deixando-se a
mais vigorosa.
- As plântulas estarão prontas para o plantio
nos lagos quando tiverem 03 folhas e as raízes
estiverem saindo dos furos de drenagem do
vaso.
Estudos complementares a este podem
elucidar se há viabilidade na utilização de
técnicas diferentes das aqui apresentadas, em
outras regiões do país.
a
b
(a) - Flor;
c
Victoria amazonica em
floração no JBP.
(b) - Corte vertical da flor;
(c) - Semente.
Metodologia
Anualmente, em meados de setembro as mudas de vitória-régia são plantadas no fundo
dos lagos, em substrato organo-argiloso e com lâmina d’água entre 40-60 cm.
À medida que as folhas se desenvolvem, mais água vai sendo adicionada até que o lago
atinja 80 cm de profundidade.
A partir de meados de dezembro cada planta apresenta em média 10-14 folhas
contemporâneas, quando tem início o período de floração, que se estende até o fim de maio.
É então selecionada uma flor bem formada, a qual é cortada no segundo dia de abertura
(quando o pólen está maduro) e conservada em embalagem plástica, mantida em refrigeração
a 10°C.
Cada nova flor que desabrocha recebe em seu estigma, pinceladas de pólen da flor
conservada em geladeira, ocasionando a fecundação da flor recém-aberta.
O processo de fecundação antrópica tem de ser realizado, impreterivelmente, logo que
a flor se abre e antes do fechamento da câmara estigmática (pelos rígidos estaminódios) o
que ocorre em poucos minutos.
Os frutos que se sucedem amadurecem por um período médio de 50-60 dias e então liberam
centenas de sementes envoltas em mucilagem, que as fazem flutuar por aproximadamente
15 horas, prazo em que devem ser recolhidas por peneiramento e plantadas em seguida.
Conclusões
Por meio da modalidade de conservação ex situ o Jardim Botânico Plantarum cria
condições para promover intercâmbio de material propagativo de espécies vegetais
com outras instituições e Jardins Botânicos do Sudeste, além de proporcionar
a milhares de pessoas o contato com esta espécie que é um dos ícones mais
representativos da cultura relacionada à flora brasileira.
Agradecemos à organização do 64º Congresso Nacional
de Botânica e à equipe do Jardim Botânico Plantarum.
Referências Bibliográficas
[1] Lorenzi, H. 2013. Plantas para jardim no Brasil. 1 ed. Nova Odessa, Instituto Plantarum.
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