5B quinta A GAZETA CUIABÁ, 13 DE SETEMBRO DE 2012 saúde & ciência [email protected] Índice de mortalidade do câncer de boca chega a 59% dos casos no Brasil quando o diagnóstico é tardio CÂNCER DE BOCA Biópsia por congelação é exame mais avançado e consegue detectar com precisão se tumor é maligno ou benigno Doença é 5ª mais comum AMANDA ALVES DA REDAÇÃO A ções de prevenção e exames diagnósticos do câncer também devem passar pela boca. Apesar da pouca atenção dada a este lugar do corpo, o tumor na cavidade oral é o quinto mais comum entre os homens no Estado. Segundo estimativa do Instituto Nacional do Câncer (Inca), 160 mato-grossenses vão contrair algum tipo de tumor de boca até o final do ano. O exame de biópsia por congelação, mais avançado hoje no país, é realizado na rede privada de Mato Grosso e tem a eficiência de detectar com precisão se o câncer é maligno ou benigno e quanto atinge os tecidos. Cento e vinte homens e 40 mulheres deverão descobrir este ano algum tipo de tumor na cavidade oral. Trinta das pessoas do sexo masculino são da Capital, conforme estimativa do Inca. A taxa de incidência é de 7,56 casos para o grupo de 100 mil habitantes entre os homens e 2,47 entre o sexo feminino. O público masculino está mais exposto aos tumores de boca do que em locais como laringe, sistema nervoso central (SNC), esôfago e bexiga. Em todo Brasil são esperadas a detecção de 14.170 novos casos de tumores de boca, sendo 70,5% em homens. Uso de cigarros e ingestão excessiva de bebidas alcoólicas destiladas podem acelerar a pré-disposição genética ao tumor na boca. As lesões provocadas por tumores benignos ou não podem levar à destruição da maxila, estrutura da região frontal da cabeça que sustenta os dentes superiores, e a mandíbula, componente móvel que forma a parte inferior da cabeça. Ao longo da vida até 60% da população mundial pode contrair algum tipo de lesão simples à complexa na boca. Estas alterações, que aparecem em forma de bolinhas na gengiva, inflamações e cáries podem ter origem em tumores, explica o dentista e doutor em patologista bucal Arlindo Aburad. O carcinoma epidermóide é um tumor maligno mais comum, sendo responsável por cerca de 95% das lesões na boca. Ele tem origem no tecido de revestimento da boca. Segundo artigo científico de 4 especialistas de Minas Gerais, a maioria dos pacientes em que foi detectado estágio avançado da lesão (3 ou 4) os fatores externos mais associados à doença eram o tabagismo, álcool e radiação solar. Cerca de 90% dos indivíduos com diagnóstico de carcinoma consumiam tabaco sob a forma de cigarro, charuto, cachimbo ou mascado. O risco de desenvolvimento do câncer em fumantes de cigarro industrializado é 6,3 vezes maior do que em não-fumantes. O artigo cita um estudo em que foi verificado o hábito de beber álcool em 81,2% dos doentes. O efeito simultâneo do álcool e do tabaco pode aumentar em até 100 vezes o risco de se desenvolver um câncer bucal. Marcus Vaillant Doutor em patologista bucal, Arlindo Aburad diz que diagnóstico pode ser decisivo para garantia de vida do paciente A contaminação pelo papiloma vírus humano (HPV) também pode causar o carcinoma epidermóide na boca. Este tipo de vírus é transmitido pelo beijo ou contato entre os órgãos genitais durante a relação. Nestes casos o uso do preservativo é fundamental para a prevenção. Prevenção - Escovação após cada refeição e principalmente antes de dormir são essenciais para manter a higiene bucal e prevenir lesões. A limpeza durante as consultas, a cada 6 meses, também é recomendada para retirar as placas que se acumulam nos dentes com a alimentação. Consulta com o dentista é importante para acompanhar possíveis sinais de lesão. Uma cárie pode levar à detecção de tumores e, por isso, a avaliação clínica periódica é fundamental. Mas, apesar dos cuidados e do acompanhamento, Arlindo diz que a prevenção em fatores genéticos se torna nula. Mesmo pacientes sem vício ao fumo ou álcool podem desenvolver. O diagnóstico pode ser decisivo para a garantia de vida do paciente. Cânceres graves podem levar à perda de voz, prejudicar outros órgãos se não combatido, deformar o rosto e chegar a provocar aborto. O comprometimento estético costuma ser a base para a busca de ajuda aos dentistas e causa perda de autoestima por parte dos pacientes. A realização do exame de biópsia por congelação em Cuiabá permite o diagnóstico e avaliação de possíveis lesões bucais. Mais avançado que exames comuns como a radiografia, ele permite diagnosticar se o tumor é maligno ou benigno e qual o tamanho da lesão a ser retirada. O procedimento é realizado no momento anterior à cirurgia. O especialista retira fragmentos de vários pontos da boca, depois congela com substância e analisa microscopicamente. A inovação do exame, que está se sendo realizado nos últimos 2 anos em Mato Grosso, é que ele fica pronto na hora, sendo que uma biópsia comum leva cerca de 3 dias. Até o momento o exame por congelação é realizado somente na rede privada e tem valor médio de R$ 1 mil. Em casos de parceria com o cirurgião-dentista ou convênio com o Sistema Único de Saúde (SUS) o custo é alterado. Diagnóstico por este tipo de processo se torna essencial quando os tumores se originam dentro do osso, por exemplo. Além da avaliação do tipo de tumor o tamanho da destruição nos tecidos da boca são fundamentais para tornar a cirurgia menos invasiva. Sabendo o tamanho do comprometimento na gengiva, osso, língua, a retirada é feita de forma mais precisa. Após a cirurgia os tecidos voltam a se regenerar. João Vieira/Arquivo Cânceres graves na cavidade bucal podem levar à perda de voz, prejudicar outros órgãos, deformar rosto e chegar a provocar aborto