CONCEITOS BÁSICOS da Sociologia e Antropologia – Ferramentas para pensar SOCIEDADE: organização humanamente fundada ou sistema de inter-relações que articula indivíduos numa mesma cultura. Todos os produtos da interação humana, a experiência de viver com outros em torno de nós. Os humanos criam suas interações e, uma vez criados os produtos dessas interações, têm a capacidade ou o poder reverter sobre os humanos a fim de determinar ou limitar ações. Com freqüência, experimentamos a sociedade (organização humanamente fundada) como algo externo aos indivíduos e às interações que a fundam. PRODUTOS DA INTERAÇÃO HUMANA – COMPONENTES DA SOCIEDADE CULTURA: conjunto de tradições, regras e símbolos que dão forma a, e são encenados como, sentimentos, pensamentos e comportamentos de grupos de indivíduos. Referindo-se principalmente ao comportamento adquirido, por oposição ao dado pela natureza ou pela biologia, a cultura tem sido utilizada para designar tudo o que é humanamente criado (hábitos, crenças, artes e artefatos) e passado de uma geração a outra. Nessa formulação, a cultura distingue-se da natureza e distingue uma sociedade da outra. LINGUAGEM: um sistema de símbolos verbais através dos quais os seres humanos comunicam idéias, sensações e experiências. Por meio da linguagem estes podem ser acumulados e transmitidos através das gerações. A linguagem não é somente um instrumento ou um meio de expressão, ela também estrutura e molda nossas experiências do mundo e o que observamos ao nosso redor. VALORES: idéias que as pessoas compartilham sobre o que é bom, mau, desejável e indesejável. Normalmente eles são muito gerais, abstratos e transcendem variações situacionais. NORMAS: regras comportamentais ou padrões de interação social. Em geral derivam dos valores, mas podem também contrapor-se a eles, e servem como guias para julgamento dos comportamentos individuais. As Normas estabelecem expectativas que dão forma às interações. “Cultura. Aqueles padrões de significado que qualquer grupo ou sociedade utiliza para interpretar e avaliar a si próprio e sua situação.” Bellah e outros, Habits of the Heart 1985:333 “Cultura. Um sistema adquirido e duradouro de esquemas de percepção, pensamento e ação, produzidos por condições objetivas, mas tendendo a persistir mesmo após uma alteração dessas condições.” Bourdieu, The Inheritors. 1979. “Hábitos. Um conjunto de relações históricas ‘depositadas’ no interior dos corpos individuais sob a forma de schemata mentais e corpóreos de percepção, apreciação e ação.” Bordieu “Cultura. O que significa agir segundo a própria cultura é, de modo geral, seguir as próprias inclinações assim como foram desenvolvidas pela aprendizagem com outros membros da própria comunidade. Hannerz, Soulside, 1969:177. “Cultura. Refere-se ao repertório aprendido de pensamentos e ações, exibidos por membros de grupos sociais – repertórios [transmitidos] independentemente da hereditariedade genética de uma geração à outra.” Harris, Cultural Materialism, 1979:47 “Cultura. Veículos simbólicos de significado, incluindo crenças, práticas rituais, formas de arte, cerimônias, bem como práticas ... informais, tais como a linguagem, a fofoca, histórias e rituais da vida diária.” Swidler, “Culture in Action”, 1986:273 “Cultura. O cultural é a elaboração criativa, variada, potencialmente transformadora de algumas relações sociais/estruturais fundamentais da sociedade.” Willis, Learning to Labor. 1977:137 ORGANIZAÇÃO SOCIAL: O arranjo das partes constituintes da sociedade, a organização de posições sociais e a distribuição de indivíduos nessas posições. STATUS: nichos e posições socialmente definidos (aluno, professor, administrador). PAPEL: cada status porta um feixe de comportamentos esperados: como uma pessoa naquele status deve pensar, sentir, assim como as expectativas sobre como devem ser tratadas por outras. O feixe de de deveres e comportamentos esperados que se fixou num padrão de conduta consistente e reiterado. GRUPO: duas ou mais pessoas interagindo regularmente com base em expectativas comuns sobre o comportamento dos outros; status e papéis interrelacionados. INSTITUIÇÕES: padrões de atividade reproduzidos através do tempo e espaço. Práticas repetidas de forma regular e contínua. As instituições tratam com freqüência dos arranjos básicos de vivência que os humanos elaboram nas interações uns com os outros e por meio dos quais a continuidade através das gerações é alcançada. Os blocos básicos de construção das sociedades. As instituições sociais são como edifícios que vão sendo constantemente reconstruídos pelos próprios tijolos de que são feitos. ESTRUTURA SOCIAL: A estrutura refere-se ao padrão numa cultura e a organização através da qual a ação social tem lugar; arranjos de papéis, organizações, instituições e símbolos culturais que são estáveis ao longo do tempo, muitas vezes despercebidos, cuja mudança é quase invisível. A estrutura tanto permite quanto restringe o que é possível na vida social. Se um edifício fosse uma sociedade, as fundações, as colunas de suporte e as vigas seriam a estrutura, que tanto constrangem quanto permitem os vários arranjos espaciais e os tipos de ambiente (papéis, organizações e instituições). Schemata e recursos (materiais e humanos) através dos quais as ações sociais tem lugar, são padronizados e institucionalizados. Incorporam tanto a cultura quanto os recursos da organização social. Estrutura social. O conjunto organizado de relações sociais no qual os membros da sociedade ou do grupo estão diferentemente implicados. Comportamento e relações padronizados. “Arranjos padronizados de conjuntos de papéis, conjuntos de status e seqüências de status podem ser mantidos para compreender a estrutura social.” Merton, Social Theory and Social Structure, pág. 370. “Estrutura Social. Arranjos padronizados de conjuntos de papéis, conjuntos de status e seqüências de status conscientemente reconhecidos e em operação sistemática numa determinada sociedade, intimamente ligados às normas, políticas e sanções legais.” Turner. Drama, Fields and Metaphors, 237. “Estrutura Social. Sistemas relativamente estáveis de relações sociais e oportunidades nas quais os indivíduos se encontram e por meio das quais são vitalmente afetados, mas sobre as quais a maioria não tem controle e cuja natureza exata normalmente desconhece.” Greenfield. Nationalism, pág. 2. DESIGUALDADE: ESTRATIFICAÇÃO SOCIAL: a divisão sócio-econômica da população em camadas ou estratos. Quando falamos em estratificação social, chamamos atenção para as posições desiguais ocupadas pelos indivíduos na sociedade. Na s sociedades tradicionais de grande porte e nos países industrializados de hoje, há estratificação em termos de riqueza, propriedade e acesso aos bens materiais e produtos culturais. RAÇA: um grupo humano que se define e/ou é definido por outros grupos como diferente...em virtude de características físicas inatas e imutáveis. Um grupo socialmente definido com base em critérios físicos. ETNIA: práticas culturais e pontos de vista de uma determinada comunidade, pelos quais se diferenciam de outras. Os membros de grupos étnicos vêem a si mesmos como culturalmente distintos de outros grupos da sociedade e são vistos como tal pelos outros grupos. Muitas características diferentes podem distinguir os grupos étnicos uns dos outros, porém, as mais comuns são a linguagem, a história ou a ancestralidade – real ou imaginada, a religião e os estilos de vestuário. As diferenças étnicas são completamente adquiridas.