Revista DR

Propaganda
DR!
Revista
Nº 88 | 2016
Publicação do SIMESP
Sindicato dos Médicos de São Paulo
#
Perdemos a guerra?
Mosquito Aedes aegypti - transmissor dos
vírus zika, chikungunya e da dengue - revela
subdesenvolvimento brasileiro e inabilidade
do Estado. No ápice do surto, governos
reduzem investimentos em vigilância
epidemiológica
Páginas Verdes
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Revista DR! • 1
Sumário
87 anos de história
e cada vez mais presente
para facilitar
a defesa do médico
e de seu trabalho
Nº 88 | 2016
janeiro/fevereiro/março
Sustentabilidade
Redes sociais
Cultura
Resíduos
hospitalares
Combate
ao tédio
Casa
do Povo
20
34
36
País avançou na
Canuto Leite tem mais
O esforço na
legislação, mas ainda há
de meio milhão de
recuperação de
muito a melhorar em
seguidores: “É gostoso
importante espaço
infraestrutura
levar humor para a vida
cultural da comunidade
e fiscalização
das pessoas”
judaica em São Paulo
5 Editorial
23 Tecnologia
32 Horas Vagas
35 Artigo
24
Especial
Escolas médicas
2 • Revista DR!
Revista DR! • 3
É mais tranquilo
exercer a Medicina
quando estamos seguros
Condições especiais para os associados ao Simesp
Editorial
Expediente
DIRETORIA
Presidente
Eder Gatti Fernandes
[email protected]
SECRETARIAS
Geral
Denize Ornelas P. S. de Oliveira
Comunicação e Imprensa
Gerson Salvador
Administração
Ederli M. A. Grimaldi de Carvalho
Finanças
Juliana Salles de Carvalho
Assuntos Jurídicos
Gerson Mazzucato
Formação Sindical e Sindicalização
Marly A. L. Alonso Mazzucato
Relações do Trabalho
José Erivalder Guimarães de Oliveira
Relações Sindicais e Associativas
Otelo Chino Júnior
DR!
Revista
Epidemia e a ineficiência
do Estado
Diretoria do Simesp
Diante da tríplice epidemia de ar-
tes se as causas da disseminação
Não é razoável supor que após
boviroses - zika, chikungunya e
de vetores não forem atacadas e,
poucos anos aquelas mesmas
dengue - que o Brasil vem enfren-
infelizmente, observamos a dimi-
instituições estejam qualificadas
tando, o Simesp não poderia se au-
nuição dos recursos destinados à
não só para manterem, mas para
EQUIPE DA REVISTA DR!
sentar de promover amplo debate,
assistência à saúde e à vigilância.
ampliarem a oferta de vagas, na
Diretor
Gerson Salvador
Editora-chefe e redação
Ivone Silva
Reportagem e revisão
Adriana Cardoso
Leonardo Gomes Nogueira
Nádia Machado
Fotos
Osmar Bustos
Relações-públicas
Juliana Carla Ponceano Moreira
Ilustração da capa
Célio Luigi
Redação e administração
Rua Maria Paula, 78, 3° andar
Bela Vista – São Paulo-SP
01319-000
Tel: (11) 3292-9147
[email protected]
www.simesp.org.br
ouvindo especialistas, buscando
Com a publicação da matéria
explicações na história do país e
de Capa e com a entrevista de Pá-
levantando questões no sentido
ginas Verdes, com um dos maiores
Convidamos todos os médicos
de contribuir para uma mudança
especialistas do país, o professor
a contribuírem com nossas publi-
de cenário.
Rivaldo Venâncio da Cunha, da
cações. Se você gosta de escrever
O transmissor dessas doenças,
Fiocruz (MS), esperamos cola-
ou fotografar, pode encaminhar
o Aedes aegypti, encontrou aqui
borar com a compreensão deste
seu material para avaliação da
local adequado para sua proli-
problema que vem se agravando
nossa equipe editorial. Aprovei-
feração devido à precariedade
há décadas, culminando com o
tamos ainda para informar que
na oferta de saneamento básico,
maior número de óbitos em um
nossa revista DR!, assim como
ineficiência de planejamento ur-
único ano por dengue em 2015, e
o Jornal do Simesp, a TV Simesp e
bano e falta de priorização por
da microcefalia atribuída à infec-
nosso programa de benefícios,
parte dos gestores públicos. A dis-
ção congênita pelo vírus zika.
podem ser facilmente acessados
PROJETO GRÁFICO
Med Idea - Design para médicos
Rua Oscar Freire, 2189, Pinheiros
São Paulo/SP 05409-011
Tel: (11) 99897-8787
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Editor de Arte e diagramação
Igor Bittencourt
Todos os artigos publicados terão seus direitos resguardados pela
revista DR! e só poderão ser publicados (parcial ou integralmente) com
a autorização, por escrito, do Simesp. A responsabilidade por conceitos
emitidos em artigos assinados é exclusiva de seus autores.
maioria das vezes em instituições
privadas, com subsídio estatal.
seminação do Aedes aegypti que
A revista DR! também traz à
pelo aplicativo Simesp+ (disponí-
tem impacto tão grave na saúde
discussão a abertura indiscrimi-
vel para android e iOS). É só bai-
pública é também um problema
nada de escolas médicas, que fez
xar no seu celular ou tablet e con-
ambiental, é um problema polí-
do Brasil o segundo país do mun-
tar com seu Sindicato ainda mais
tico. O desenvolvimento de estra-
do com o maior número de facul-
perto. Boa leitura!
tégias de diagnóstico, tratamento
dades, algumas com mensalida-
e imunização são fundamentais,
des acima de 11 mil reais, muitas
mas absolutamente insuficien-
sem estrutura mínima necessária
para a formação adequada de médico. Em momentos anteriores,
após avaliações do próprio MEC,
recomendou-se fechamento de
Cotações e Dúvidas: simesp.org.br/simesp+
vagas e fechamento de escolas.
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Disponível para Android e IOS
4 • Revista DR!
Revista DR! • 5
Rivaldo Venâncio da Cunha
Divulgação
Páginas Verdes
“O problema
(do zika vírus)
está só começando”
O professor e responsável técnico do escritório da Fundação
Oswaldo Cruz do Mato Grosso do Sul (Fiocruz-MS) Rivaldo Venâncio da Cunha, 58 anos, reconhece que, entre dengue, chikungunya e
zika — tríplice epidemia que o país vive hoje, cujos vírus são transmitidos pelo mosquito Aedes aegypti —, a última é a mais grave e
urgente por sua associação a casos de microcefalia em bebês a partir
do ano passado, quando teve início a conexão.
Para ele, o país chegou a esta situação por escolhas equivocadas
feitas no decorrer “dos mais de 500 anos de história do Brasil”, como
falta de saneamento básico e planejamento urbano. Mesmo classificando-se como um “otimista”, quando concedeu a entrevista, em
março deste ano, o médico disse acreditar que o problema está apenas no início. “As lágrimas estão só começando a ser vertidas”, prevê.
Pós-doutor em Medicina Tropical pela Fiocruz do Rio de Janeiro,
com ênfase no estudo das doenças causadas por vírus; membro dos
Grupos Assessores Técnicos para Dengue e para Chikungunya da
Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), e professor titular da
Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Mato Grosso do
Sul (UFMS), Cunha atendeu a reportagem da revista DR! no meio de
uma de tantas viagens que estava fazendo em março para dar palestras sobre a tríplice epidemia em universidades brasileiras.
Adriana Cardoso
6 • Revista DR!
Como chegamos a essa situação que estamos hoje? Em que
o Brasil falhou no controle do
mosquito Aedes aegypti?
Estamos colhendo frutos de várias sementes que foram lançadas ao longo de 500 anos de
desenvolvimento da história do
país. Frutos sociais e econômicos, frutos do desenvolvimento
que optou por esvaziar o campo
e inchar cidades e que não foi
acompanhado com suporte adequado de infraestrutura urbana.
A urbanização foi acelerada, desordenada, não planificada nos
últimos 50 anos, o que fez com
que sobretudo as periferias tenham hoje carências gigantescas
de saneamento básico, coleta de
lixo, no fornecimento de água,
além da violência marcante.
O sr. concorda com a ideia de
que a municipalização do SUS
pode ter prejudicado a qualidade de ações, como o controle do
mosquito?
Fui grande amigo e devo muito de minha formação política,
ideológica e sanitarista ao professor Sérgio Arouca (um dos
principais teóricos e líderes do
chamado ‘movimento sanitarista’,
que mudou o tratamento da saúde pública no Brasil), que achava
que nós deveríamos reinventar o
SUS. E uma das coisas que preci-
saríamos refletir era sobre como
se deu o processo de municipalização, porque, no olhar dele,
muitas das propostas que foram
feitas na implantação do SUS não
deram o resultado que nós esperávamos. Por exemplo, algumas
localidades do país receberam
hospitais terciários, que eram
federais, e a gestão municipal
acabou não dando conta. Eu colocaria o processo de descentralização do controle de vetor como
uma das reflexões sobre se o caminho mais adequado foi esse.
Dentro dessa tríplice epidemia,
qual o sr. acha a mais urgente de
todas, se é que podemos separálas dessa forma?
A zika, se não estivesse associada a essas malformações observadas em bebês, não seria
tão grave ou seria pouco grave.
Mas diante do quadro de alterações congênitas em bebês, cujas
mães foram expostas ao vírus, a
zika é a prioridade número zero
do momento, no sentido de buscarmos alternativas para reduzir o impacto do número de casos e o sofrimento das famílias.
A zika, hoje, quando analisamos
o binômio mãe-filho, é mais
grave, no meu entendimento,
do que a transmissão do HIV da
mãe para a criança. Em 32 anos,
houve mais ou menos 30 mil
casos de transmissão de HIV de
mãe para o bebê e, segundo algumas estimativas, corremos o
risco de ter, em um ano e meio,
15 mil casos de microcefalia, ou
seja, metade do que o HIV levou
30 anos para fazer.
O que já se sabe sobre a conexão
zika vírus e microcefalia?
Foi encontrado material genético do vírus em líquido amniótico de mães que tinham crianças com microcefalia. Também
foi identificada a passagem do
vírus na placenta de mulheres
que tinham abortado, além de
tecidos, como fígado e sistema
nervoso central de crianças que
nasceram com microcefalia e
foram a óbito poucas horas depois. Ainda, foi encontrada a
presença de anticorpos no líquiRevista DR! • 7
Rivaldo Venâncio da Cunha
do cefaloraquidiano de crianças
que nasceram com microcefalia
em Pernambuco (Nordeste) e,
por último, mais recentemente,
foi publicado um estudo da Fiocruz do Rio, em 4 de março, no
jornal The New England Journal
of Medicine, da pesquisadora
Patrícia Brasil (chefe do laboratório de pesquisa clínica em doenças febris), mostrando mulheres
que tiveram diagnóstico de zika
durante a gravidez que foram
acompanhadas e viram, depois,
o aparecimento de microcefalia
e outras malformações congênitas. Comprovadamente essas
mulheres tiveram a exposição
ao vírus, pois os testes foram
positivos para zika e negativos
para outros. Há um conjunto
de evidências que ganha corpo,
mas que, por si só, não é suficiente para dizer que é o zika o
único causador da microcefalia.
Há que se estudar o papel de outros fatores que poderiam estar
associados, potencializando o
papel do zika.
O que falta para isso?
A repetição da observação. Esse
trabalho do Rio é uma contribuição muito importante. Desde 1947, quando o vírus foi descoberto, até 2016, não houve nada
parecido. O Brasil está dando
uma contribuição inimaginável
à saúde pública mundial com
esse e outros estudos.
8 • Revista DR!
“Meu medo é de que
as malformações
congênitas se tornem
algo tão natural no
país, como natural se
transformou a morte
por violência”
No início da crise, o governo
titubeou em dar respostas. Por
que o governo demorou tanto
para agir?
Em linhas gerais, acho que subestimamos o processo. A zika
era uma doença comum como
outra qualquer. Foi identificada
em macacos aprisionados para
pesquisa em 1947, em Uganda (na
Floresta Zika). Até essa crise no
Brasil, havia apenas registros em
ilhotas pouco populosas localizadas no Oceano Pacífico. Para
se ter uma ideia, de 1952, quando houve a primeira publicação
sobre a zika, até dezembro de
2015, havia algo como 215 artigos
publicados em revistas científicas. Para efeitos de comparação,
no mesmo período houve mais
ou menos 2,5 mil sobre chikungunya, 15 mil sobre dengue e
300 mil sobre HIV. A doença estava negligenciada. Um exemplo marcante dessa negligência
ficou evidente no início da epidemia no Brasil: não havia testes diagnósticos disponíveis no
mercado mundial. O mundo in-
teiro não deu atenção, não foi só
o governo brasileiro.
Nesse processo, muitos pesquisadores reclamaram da burocracia, da falta de informação
e de acesso a amostras dos casos
registrados...
Eu entendo essa reclamação,
mas isso está na governabilidade de institutos de pesquisas,
de universidades e governos
locais. As amostras não estavam em poder do ministro da
Saúde (Marcelo Castro). O governo federal não detém a primazia sobre isso. Acho até que,
no mundo globalizado de hoje,
parcerias internacionais sairão
da rotina. Muitos desses artigos
publicados por brasileiros têm,
inclusive, participação de equipes estrangeiras.
O sr. acha que perdemos a guerra contra o mosquito?
Penso que os mecanismos que
usamos nos últimos 30 anos não
deram resultado.
O que o sr. acha que deveria ter
sido feito?
Não sei exatamente o que precisaria. O ideal era que houvesse
saneamento básico, postura da
coletividade de não jogar lixo,
copo, garrafa em qualquer lugar...
Como parâmetro, vou citar a postura de cidadania de um jogo da
seleção japonesa de futebol...
Quando os torcedores japoneses
limparam o estádio (após um
jogo da seleção japonesa de futebol contra a Costa do Marfim,
na Arena Pernambuco, em Recife, durante a Copa do Mundo de
2014)?
É!!! É aquilo! O processo de desenvolvimento histórico nosso é
outro. O componente de saneamento para resolver e amenizar
o problema da coleta e tratamento de resíduos sólidos sempre foi
parte excluída dos planejamentos, restando somente o inseticida. Temos que ter maturidade
e serenidade para reconhecer o
que nós fizemos até agora e que
não deu resultado. Uma prova é
o crescimento do número de casos de dengue na América Latina
e especialmente no Brasil.
Como pode um país que está
entre as maiores economias do
mundo registrar 800 mortes por
dengue em 2015? Não é um contrassenso?
Como pode um país que é uma
das maiores economias do mundo ter mais de 150 mil mortes
violentas por ano? É outro contrassenso. Meu medo é de que
as malformações congênitas se
tornem algo tão natural no país,
como natural se transformou a
morte por violência. São aproximadamente 50 mil mortes por
assassinatos por ano e não nos
comovemos mais; todos os anos,
são registradas cerca de 50 mil
mortes decorrentes de acidentes
de trânsito e não vertemos mais
uma lágrima, a não ser quando
um parente nosso é a vítima.
Sabemos que os casos de microcefalia eram subestimados. O
sr. acha que o SUS está preparado para lidar com todos esses
problemas que o mosquito e
seus vírus escancararam?
Temos carência gigantesca de
especialidades no SUS. Além da
carência numérica temos a carência intrarregional, com especialidades mal distribuídas.
Há também necessidade de envolvimento de outras categorias
profissionais. A saúde é algo
muito complexo para ser entenDivulgação
Páginas Verdes
dida somente por obra e graça
de duas categorias - médicos e
enfermeiros -, que são imprescindíveis, mas não são só elas.
Há outra gama de profissionais,
como fisioterapeutas, fonoaudiólogos e psicólogos, também
necessária, e não só no sistema
público, como no privado. Há
também, do ponto de vista da
atenção primária, baixa resolubilidade de casos, temos o subfinanciamento também...
Em artigos seus publicados em
jornais, o sr. chamou a atenção
para os casos de chikungunya.
Qual a gravidade dessa doença?
O problema é que a chikungunya pode tornar-se crônica,
fazendo a pessoa ficar doente
por seis, oito meses, até um ano.
É extremamente marcante, pois
incapacita pessoas em idade
economicamente ativa, que são
obrigadas a se afastar durante
seis meses ou um ano do trabalho. Algumas das abordagens
terapêuticas estão limitadas por
contraindicações decorrentes da
idade acima dos 40 anos, há também um peso na Previdência (Social). Tudo isso traz implicações
a serem consideradas. A doença
está se disseminando bastante,
em 14, 15 estados, especialmente
no Nordeste, como Pernambuco.
Cabe um alerta adicional: devemos estar atentos para o possível
papel da chikungunya na desRevista DR! • 9
Páginas Verdes
Rivaldo Venâncio da Cunha
+ SIMPLES
+ BENEFÍCIOS
+ INFORMAÇÃO
compensação de doenças previamente existentes, como diabetes
e hipertensão, além da ocorrência de formas graves da doença
que podem provocar a morte de
doentes.
Qual a sua opinião sobre as medidas que o governo tem tomado para minorar a crise?
Acho louvável ter assumido
como emergência nacional e
ter dito isso claramente. Diga-se
de passagem, ninguém estava
acreditando aqui e fora do Brasil sobre o zika poder causar a
microcefalia. Participei de eventos com técnicos estrangeiros
que achavam que estávamos
delirando. Técnicos da Opas/
OMS (Organização Pan-Americana da Saúde/Organização Mundial da Saúde) também duvidaram. Agora, se pudesse decidir,
eu não usaria mais o ‘fumacê’,
porque mostrou-se ineficaz. Não
resolve o problema de matar os
mosquitos adultos, tem custo
que não é baixo, mas, por outro
lado, a sociedade pressiona, os
meios de comunicação fazem
reportagens longas e caudalosas
exigindo o ‘fumacê’. Temos de
entender que, pela magnitude
do problema, a solução não deve
vir só do governo, mas de toda a
sociedade. Os meios de comunicação têm papel fundamental
nesse processo e precisam enxergar isso.
Por conta desse cenário, temas
tabus, como o aborto, começaram a ser discutidos. O que o sr.
pensa sobre isso?
É outro problema que, ou nós
discutimos, ou fingimos que
não existe. Há várias informações que chegam de forma iso-
“A saúde é algo muito
complexo para ser
entendida somente por obra
e graça de duas categorias médicos e enfermeiros -, que
são imprescindíveis, mas
não são só elas”
lada e pontual, mostrando que
os casos de aborto estão aumentando numa velocidade muito
grande. Não se trata de posicionar-se contra ou a favor, mas o
debate está colocado na ordem
do dia e precisamos fazê-lo. Tenho conversado com colegas
que tratam de bebês com microcefalia que são taxativos,
pois em muitos desses casos há
lisencefalia, quando a criança
não tem a menor perspectiva de
sobrevivência, é quase que um
anencéfalo. Temos que entender que o problema existe.
Qual cenário o sr. desenha para
o futuro?
Até por uma questão de formação, de criação, sou um eterno
otimista. Acredito que a humanidade sempre encontrará soluções para os problemas que
ela mesma cria. No entanto,
essas soluções podem demorar
décadas, talvez séculos. Quanto
ao futuro imediato, de meses,
eu diria que o problema está
apenas no início. As lágrimas
estão só começando a ser vertidas e os números apontam para
isso. Quando entendermos que
se trata de uma epidemia de
zika congênita e não só de microcefalia, quando aceitarmos
os casos de crianças nascendo
com cérebro de tamanho normal, porém com microcalcificações cerebrais, com problemas oculares e outros que irão
interferir no seu desenvolvimento psicomotor, veremos
que o problema é muito mais
grave. Ainda, o problema não
chegou ao Sudeste, ao Sul, e a
rede (de saúde) não está preparada para esse tipo de atenção,
seja pública ou privada. !
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10 • Revista DR!
Revista DR! • 11
Epidemias
Célio Luigi
Capa
Aedes aegypti
e o retrato do
subdesenvolvimento
Proliferação do Aedes aegypti e a
associação entre o aumento de casos de
microcefalia com o vírus zika desnuda
nossas mazelas e compromete o futuro de
uma geração de brasileirinhos
Adriana Cardoso
O
12 • Revista DR!
mosquito Aedes aegypti
país subdesenvolvido, ainda que
sobre isso — compromete o hoje e
Água e Esgoto” do Ministério das
a municipalização do Sistema
não trouxe ao Brasil ape-
uma das dez maiores economias
o futuro dos nascidos com a ano-
Cidades, divulgado em fevereiro,
Único de Saúde (SUS) transferiu
nas uma de suas piores
do mundo, com todas as mazelas
malia e o de suas famílias que de-
apontam que pouco mais da me-
grande parte das atividades da
crises de saúde pública e sanitá-
inerentes ao adjetivo —, como
pendem da rede pública de saúde.
tade das residências brasileiras
área de saúde para os governos
ria. Esse pequeno inimigo con-
também desvelou a imperícia do
“A presença do vetor é um
não tinha coleta de esgoto em
municipais, incluindo o controle
tra o qual lutamos agora expôs
Estado brasileiro em agir, respon-
grande indicativo de subdesen-
2014. O gargalo está presente espe-
do vetor. Porém, muitos municí-
muitas de nossas fragilidades,
der rapidamente e até mesmo in-
volvimento. O governo é falho nas
cialmente em cidades do Norte e
pios pequenos não têm condições
lançando uma mancha que deve
formar e educar seus cidadãos.
ações de combate a criadouros do
Nordeste, onde o número de ca-
técnicas nem estrutura para fazer
isso”, aponta Gatti.
perdurar por muitos anos sobre
Não sem lamentar, testemu-
mosquito. A situação se agrava
sos das doenças transmitidas pelo
nós e que comprometerá o futu-
nhamos um festival de trapalha-
com os casos de microcefalia, uma
mosquito é maior.
ro de uma geração de brasileiros
das de agentes públicos e “espe-
doença muito grave, com um im-
A falta de planejamento dos
a situação, os gastos do governo
recém-nascidos ou prestes a nas-
cialistas” de plantão num assunto
pacto social muito grande. É toda
municípios, a presença de favelas,
federal e da maioria dos estados
cer. Embora a batalha ainda não
tão sério, se não o mais sério de
uma geração de crianças que vai
a ausência de água e esgoto enca-
com vigilância epidemiológica
tenha terminado, para muitos, o
todos, que é a saúde. A associação
depender de assistência ao longo
nados e as falhas na destinação do
caíram bem no ápice do surto,
Brasil já pode ser considerado um
entre o vírus zika com o número
da vida”, avalia o infectologista e
lixo são elementos que, somados
segundo levantamento realizado
perdedor.
crescente de casos de microcefalia
presidente do Sindicato dos Mé-
ao clima tropical, transformam-
pelo jornal Folha de S. Paulo e pu-
A proliferação do mosqui-
no país — confirmada pela Orga-
dicos de São Paulo (Simesp), Eder
se no cenário ideal para a repro-
blicado em 6 de fevereiro.
to — transmissor dos vírus zika,
nização Mundial da Saúde (OMS)
Gatti.
dução do Aedes aegypti.
chikungunya e da dengue — em
em abril passado, após autorida-
Nosso subdesenvolvimento é
“O Estado brasileiro está pe-
nômica que vem derrubando as
território nacional não só trouxe
des norte- americanas terem con-
comprovado pelos números. Da-
cando na garantia de condições
receitas, os desembolsos federais
à superfície o que somos — um
firmado não haver mais dúvidas
dos do “Diagnóstico de Serviços de
de vida adequadas. Além disso,
para combater epidemias dimi-
Para piorar um pouco mais
Sob o argumento da crise eco-
Revista DR! • 13
Divulgação
Capa Epidemias
(Da esq. p/ dir.) Para o médico
Luiz Fernando Correia a grave
situação comprova os erros de
condução de políticas públicas
dos governos por décadas.
Já o professor Paolo Zanotto
Em 8 de março, a OMS e a Or-
critica a dificuldade de acesso
ganização Pan-Americana de Saú-
a amostras e informações dos
de (Opas) reconheceram, pela pri-
casos notificados
meira vez, a conexão entre o vírus
No decorrer da crise, muitas
e a microcefalia, usando como
declarações infundadas foram
base mapas comparativos de 2014
dadas pela própria presidente
e 2015, que corroboram a explosão
Dilma Rousseff e pelo então mi-
de casos de microcefalia no Nor-
nistro da Saúde, o psiquiatra Mar-
nuíram 9,2%, somando R$ 4,6 bi-
deste, onde se multiplicaram 20
celo Castro, numa demonstração
gente que realmente pode contri-
com vírus corpos que não tinham
lhões em 2015, ante R$ 5,1 bilhões
vezes no ano passado.
de inabilidade política no trato de
buir para trazer luz à discussão.
imunidade contra essas doenças.
questão tão séria.
“Hoje vemos muita gente virando
Os casos confirmados ocorreram em 435 municípios localiza-
no ano anterior. Nos estados,
Vale ressaltar que os registros de
dos em 22 estados, sendo 733 deles
houve redução de 85% das verbas
microcefalia eram subestimados
“Caímos na armadilha de es-
‘especialista’ no assunto, fazendo
Futuro
somente em Pernambuco, na li-
destinadas à vigilância epidemio-
no país e só começaram a ser feitos
condermos os problemas reais e
análises incorretas e dando infor-
Segundo o mapa de todos os paí-
derança da lista.
lógica entre 2014 e 2015.
corretamente depois do surto.
inventamos um inimigo que não
mações desencontradas, quando
ses e territórios com ativa trans-
Em março, o governo federal
A redução ocorreu justamente
Para o médico Luis Fernando
pode ser combatido. Você tem uma
quem deveria estar falando está
missão do zika vírus, do CDC
anunciou a liberação de R$ 1,2 bi-
em 2015, ano em que os casos de
Correia, comentarista de saúde
situação imediata que é o desco-
proibido de falar”, critica.
Foundation (Centers for Disease
lhão para estudar o zika e outras
dengue bateram recordes, com
da Rádio CBN e da GloboNews, e
nhecimento sobre o vírus zika,
Quando estava se formando
Control and Prevention — Centros
doenças transmitidas pelo Aedes.
mais de 1,6 milhão de registros e
membro brasileiro da Association
para o qual não tem remédio, não
numa universidade do Rio de Janei-
de Controle e Prevenção de Doen-
Os recursos serão liberados até
863 mortes. Este ano não deve ser
of Health Care Journalists (Associa-
tem vacina. O que podemos com-
ro, na década de 1980, o médico Luiz
ças), de 18 de abril, o vírus estava
2018.
muito diferente.
ção de Jornalistas de Saúde), como
bater, seja o Aedes, a dengue, a sí-
Fernando Correia acompanhou o
presente em 35 países das Améri-
Sendo o Brasil o palco principal
o desenvolvimento de vacinas
filis, não combatemos”, avalia a es-
início da epidemia do HIV no país
cas Central e do Sul (Bolívia, Bra-
do surto, Eder Gatti vê aqui poten-
Tempestade perfeita
leva tempo (estão sendo testadas
pecialista em Medicina de Família
e vê muitas semelhanças entre a
sil, Colômbia, Equador, Venezue-
cial para estudar a doença. “O Bra-
No Brasil, as primeiras associa-
algumas no país), o caminho mais
e Comunidade (MFC) e secretária-
crise atual e aquela. “A ciência anda
la e Paraguai) e Caribe; sete na
sil é o único país do mundo que
ções entre o vírus zika e os casos
eficaz que temos é combater o
geral do Simesp, Denize Ornelas.
de maneira errática. Quando apa-
Oceania e Ilhas do Pacífico, e um
pode ter estudos epidemiológicos
de microcefalia ocorreram em
mosquito. Ele classifica como “ab-
Ao mencionar a sífilis, a mé-
rece um vírus novo, até que as in-
na África (Cabo Verde).
do zika vírus, porque a doença está
outubro passado, por médicos dos
surdo” o fato de termos chegado a
dica refere-se a outra questão de
formações sejam consolidadas, até
O boletim de 26 de abril do Mi-
estados da Bahia, Pernambuco e
essa situação, o que comprova os
saúde pública muito grave, que é o
que se comece a entender, é assim
nistério da Saúde reportava 1.198
Paraíba. Muitas pesquisas foram
erros de condução de políticas pú-
crescimento de registros de sífilis
mesmo”, pondera.
casos confirmados de microce-
Os estudos epidemiológicos de
e vêm sendo conduzidas no país
blicas dos governos por décadas.
congênita em mulheres grávidas.
Assim como o vírus da Aids,
falia com transmissão pelo zika.
que trata Gatti permitiriam ter
e no exterior sobre o vírus. No co-
“Oitocentos brasileiros morreram
De 2005 a 2013, conforme dados do
o vírus zika também veio de fora
Dos 7.228 casos da doença repor-
mais clareza sobre como a doença
meço da epidemia, as notícias mu-
de dengue (em 2015) e isso é um
Ministério da Saúde, os casos da
(há registros na Ásia e África).
tados desde o início das investi-
acontece e age no organismo. Há
davam praticamente a cada dia,
absurdo! Essa crise expõe muitas
doença cresceram mais de mil por
Instalou-se no Brasil por ter en-
gações em 2015, 3.710 continuavam
pesquisas sendo conduzidas por
deixando atordoada a população
das nossas fraquezas em termos
cento.
contrado aqui as condições ade-
sob investigação quando esta re-
pesquisadores brasileiros, algu-
com a torrente de informações
de pesquisa e de investimento na
Denize também apontou para
quadas para se proliferar (mui-
portagem foi finalizada e 2.320 ha-
mas delas com a ajuda de especia-
muitas vezes desencontradas.
área da saúde”, critica.
a falta de pronunciamento de
ta água parada e lixo) e infectar
viam sido descartados.
listas estrangeiros.
14 • Revista DR!
aqui, acometendo um número significativo de pessoas”, diz.
Revista DR! • 15
Capa
Epidemias
Alguns deles, no entanto, como
Estranhamente, um boletim da
disponibilizados vídeos com ins-
Paolo Zanotto, professor do Depar-
Secretaria Municipal de Saúde
truções sobre como combater o
tamento de Microbiologia do Ins-
de São Paulo reportava, em mar-
mosquito, além de campanhas
tituto de Ciências Biomédicas da
ço, seis casos de microcefalia li-
na mídia como um todo.
Universidade de São Paulo (ICB/
gados ao zika na capital paulista.
Mil policiais militares, além de
USP), reclamavam, no começo da
Em sua coluna de 15 de março no
agentes de saúde e voluntários, fo-
epidemia, da dificuldade de ter
jornal Folha de S. Paulo, a jornalis-
ram acionados para trabalharem
A urgência da crise de saúde
acesso a amostras e informações
ta Cláudia Collucci questionava a
durante os fins de semana em mu-
pública e sanitária que vivemos
de todos os esquemas de variação
idoneidade dos números.
tirões pelo estado, em municípios
também trouxe à mesa a neces-
considerados prioritários. Serão
sidade de discutirmos assuntos
despendidos R$ 15 milhões para
que, até então, estavam guarda-
tamento adequado. Ademais,
pagamento de horas extras.
dinhos nos recônditos de nosso
essas crianças dificilmente en-
A cidade de São Paulo também
conservadorismo. Entre eles
contrarão uma sociedade que
criou uma operação de guerra con-
está o aborto. “O Brasil precisa
as acolha como merecem.
tra o mosquito. Em março, a cidade
tocar em questões essenciais e
Junto com o aborto, Teresa
registrou o primeiro caso autócto-
dar todo o apoio à mulher, seja
aponta que o Brasil precisa pôr
ne (contraído na própria cidade) do
quando ela decide ter ou quan-
à mesa outras discussões, como
vírus zika, detectado numa mulher
do ela decide não ter um filho”,
o planejamento familiar, o diag-
de 28 anos com 30 semanas de ges-
diz a superintendente do Insti-
nóstico precoce de doenças no
desse tipo de dados é um crime”,
atacou, à época.
No Nordeste, o estouro das notificações começou a acontecer no
segundo semestre do ano passado,
logo após o fim da temporada de
chuvas. Por essa razão, Luis Fernando Correia teme o que está por
Falta de planejamento
dos municípios, presença de
favelas, ausência de água e
esgoto encanados, acúmulo
de lixo e o clima tropical são
cenário ideal para proliferação
do Aedes aegypti
vir no Sul e Sudeste no começo da
João Salomonde
dos casos notificados. “Privar-nos
Ampliar a discussão
é de rotina extenuante, pois a
maioria delas depende da rede
pública de saúde, onde normalmente não encontram tra-
estiagem, quando os casos das do-
A reportagem da DR! procurou
tação. O caso foi notificado em fe-
tuto Brasileiro dos Direitos da
feto e, claro, melhorias na assis-
enças transmitidas pelo mosquito
a Secretaria de Estado da Saúde,
vereiro, mas, após ultrassom mor-
Pessoa com Deficiência (IBDD),
tência a essas mães e crianças.
que disse que a pergunta deveria
fológico, foi detectado que o feto
Teresa Costa d’Amaral.
ser feita ao Ministério da Saúde,
estava normal.
começam a ser notificados.
“Vejo mães com dois, três
Muitas mulheres, lembra
SP: dados desencontrados
que é o responsável pela compila-
Com relação à dengue, a capi-
Teresa, em sua maioria pobres
Mesmo com 269 registros de mi-
ção dos dados. Procurada, a pasta
tal paulista registrou mais de 13
e que, portanto, não têm di-
filhos com deficiências, que
Teresa Costa d’Amaral destaca que
o país precisa tocar em questões
essenciais, como o aborto
tinham problemas genéticos
e, portanto, nem deviam ter
crocefalia em bebês, o estado de
não deu retorno à reportagem até
mil casos da doença de janeiro até
nheiro suficiente para pagar
São Paulo encabeçava, junto com
o fechamento desta edição, assim
a segunda semana de fevereiro,
por uma boa clínica para in-
Acre, Roraima e Santa Catarina,
como a secretaria do município.
sendo quase 2 mil deles confirma-
terromper uma gravidez inde-
dos Unidos anos antes, que gerou
Muitas delas acabam sendo
dos. No mesmo período de 2015,
sejada, acabam morrendo em
uma série de gravidezes com be-
abandonadas pelos maridos e
foram 2.280 registros da doença.
clínicas clandestinas ou em
bês com problemas. Não se trata
têm que cuidar sozinhas dos
consequência de procedimen-
de defender o aborto ou não, pois
filhos”, aponta.
tos malfeitos.
eu lhe afirmo que esta não é uma
A autonomia da mulher so-
a lista de únicos estados do país
O governo do estado, segun-
engravidado, mas não foram
devidamente orientadas antes.
com nenhum caso confirmado
do a assessoria de imprensa da
da doença com conexão com o
secretaria, criou uma Sala de Co-
Procurada pela reportagem, a
zika. Na unidade mais populo-
mando e Controle Estadual das
assessoria de imprensa da Secreta-
sa da federação, 161 notificações
Arboviroses para monitorar a
ria Municipal de Saúde disse que
Ela própria revela ter tido
decisão fácil. Mas, diferentemen-
bre seu corpo é um ponto ne-
te da maioria delas, eu pude ter
vrálgico do debate, assim como
uma boa assistência”, conta.
a moral em torno do modo
continuavam sendo investiga-
presença do mosquito no estado,
está realizando ações de combate
uma experiência na década de
das, conforme o último boletim
bem como a evolução das doen-
ao mosquito Aedes aegypti espe-
1970. “Eu tive rubéola e deci-
epidemiológico do Ministério da
ças transmitidas pelo Aedes. No
cialmente nas residências, onde
di abortar porque houve uma
A vida das mães com filhos
Saúde, de 26 de abril.
site da secretaria, também foram
estão 85% dos focos do mosquito.
epidemia da doença nos Esta-
com microcefalia, enfatiza Teresa,
16 • Revista DR!
como o país trata e acolhe os
portadores de deficiência. !
Revista DR! • 17
Crônica
Célio Luigi
Eu e a Medicina
A uma
criança
Francine Stela Camillo
Camargo é pediatra, formada
pela FMUSP (turma 1987) e
escritora nas horas dispersas
>>
Alguns meses depois, em um novo estágio da re-
gens na madrugada, para fazê-lo sorrir ou minimi-
E
sidência, agarrei-me, — dessa vez voluntariamente
zar sua dor, não o curariam, mas perdi a noção da
u ainda nem sonhava em ser mãe quando
— à sua condição, responsabilizando-me pelo leito
vida escorrendo das mãos, de sua finitude.
devotei minha alma a uma criança pela pri-
em que estava internado na enfermaria. Lembro-me
E acabou. Sete, oito semanas depois, a mãe veio
meira vez. Daquelas vivências secretas que
bem da hesitação ao olhar o quadro de pacientes, do
serena até mim dar a notícia, quando eu já estava
impregnam o coração da gente sem aviso prévio e,
dilema muito maior do que “cuido ou não”, pressen-
em outro estágio. Não sei quem consolou quem, mas
apesar de outras oportunidades, escolhem o exato
tindo o “já estou envolvida, assumo ou não” ou “terei
chorei a tarde inteira e a noite também. E acho que
momento. E você se doa e nem imagina para aonde
algo para oferecer?”.
chorei por dias e dias seguidos; ouso dizer, na ver-
essa fragilidade irá te levar.
18 • Revista DR!
É dispensável mencionar que reclamei o caso
dade, que derramei lágrimas intimamente por anos
Ele chegou sorridente, 7 anos, magricela e peque-
para mim. Mas encontrei outra criança deitada so-
ainda depois de pediatra formada e busquei superar
nino, finos cabelos castanhos, uma lista de doenças
bre a cama: sem riso, sem força, quase sem vontade;
essa perda em tantos outros eventos que culmina-
no bolso e o sorriso mais claro que eu já havia pre-
exausto pelo tempo, medicações, picadas e poréns.
ram em final feliz.
senciado. Era um plantão noturno de pronto-socor-
Temi, inicialmente, não ter acesso a ele, raro era
Essa experiência de dedicação e afeição trazida,
ro e, por várias razões, foi inevitável interná-lo. En-
conseguir um segundo da sua atenção. Mas conquis-
que parecia tão negativa pelo sofrimento deixado,
quanto me dedicava aos labirintos burocráticos de
tei sua confiança e, consequentemente, junto com o
foi uma prévia do que estava por vir. Continuei re-
uma internação, ele ficou ao meu lado, rindo e fa-
prontuário e as visitas diárias, adotei também a sua
petindo os mesmos ‘erros’ sem, contudo, sentir-me
zendo piadas de si mesmo, de mim, do hospital e de
dor e a da família, de modo que, alguns dias depois,
arruinada no depois. E hoje, quase dez anos idos, o
qualquer outra coisa que lhe caísse na mente.
esse pesar já era meu.
que sobrou não foram as lágrimas cansativas, nem
Soube, tempos depois, que ele havia recebido alta.
Privo-me da discussão de que não havia muito a
o olhar partido; o que me lembro mais é coisa que
Ficou resguardado num canto da mente, esperando
ser feito, por mais que gastássemos tempo a buscar
doença nenhuma no mundo é capaz de apagar da
pra ter seu papel preponderante na minha vida. De
soluções. Todos, talvez, soubessem disso, com exce-
memória: o sorriso faceiro, sorriso de criança, pron-
fato, ele já fizera história.
ção de mim. Bem sabia que brincadeiras e massa-
ta pra tudo, sem fazer ideia do quê.
Revista DR! • 19
Sustentabilidade
Brasil ainda
falha no descarte
de resíduo
hospitalar
Serviços de saúde devem gerar cada vez mais resíduos em
função do aumento da expectativa de vida da população.
Apesar de legislação específica, país deixa a desejar nos
quesitos infraestrutura e fiscalização
Adriana Cardoso
H
á quase 30 anos, um
os Sólidos de Saúde (RSS). Desse
segundo Segantini. As tecnologias
equipamento com uma
total, entre 65% a 70% podem ser
mais usadas no Brasil são auto-
Embora tenha avançado no
síduos Sólidos de Saúde, contem-
cápsula contendo Césio
reciclados (papel, papelão etc.). Do
clave, micro-ondas e incineração.
que se refere à legislação, Alessan-
plando todos os critérios técnicos
137 foi encontrado por catadores
restante, de 20% a 25% têm algum
A gestão dos RSS cabe às prefeitu-
dra acredita que, além da cons-
de classificação, segregação, acon-
em uma clínica médica abando-
risco biológico (como os algodões
ras locais (leia box).
cientização sobre a importância
dicionamento, identificação, cole-
nada em Goiânia (GO), provocan-
com sangue, seringas, entre ou-
Na última versão de seu Pa-
do manejo adequado dos resídu-
ta e transporte interno, armaze-
do o maior acidente com material
tros) e/ou químico e radioativo,
norama dos Resíduos Sólidos no
os, falta “providenciar a infraes-
namento temporário, tratamento
radioativo no Brasil. Mais de mil
e cerca de 10% incluem restos
Brasil, de 2014, a Abrelpe faz um
trutura adequada e a fiscalização
preliminar (quando realizado),
pessoas foram afetadas direta-
de medicamentos que, embora
raio x da situação e mostra que o
para que se cumpra os passos do
armazenamento externo, coleta e
mente. Algumas morreram de
não sejam tão perigosos como os
país ainda tem dificuldades para
Plano de Gerenciamento de Resí-
tratamento externo e disposição
enfermidades causadas pela ra-
biológicos, podem causar algum
lidar com a gestão integrada de
duos de Serviços de Saúde”.
final dos resíduos gerados.
diação e outras ainda sobrevivem
dano ao meio ambiente. Os dados
resíduos sólidos de maneira ade-
com sequelas.
são da Associação Brasileira de
quada.
De lá para cá, o Brasil avançou
no quesito legislação, mas ainda
Resíduos Especiais (Abrelpe).
plano de gerenciamento dos Re-
O esquema visa garantir a seEstrutura
gurança de pacientes, funcioná-
“Segundo o Diagnóstico dos
O manejo e descarte dos resídu-
rios, bem como do meio ambiente
Resíduos Sólidos de Serviços de
os de saúde de hospitais, clínicas
e de toda a comunidade.
há muito a melhorar no descarte
“Estamos bem de legislação,
Saúde do Instituto de Pesquisa
médicas, consultórios e laborató-
No Hospital Sírio-Libanês, de
de resíduos hospitalares, que con-
mas é claro que sempre tem al-
Econômica Aplicada (Ipea), feito
rios estão sob o guarda-chuva da
São Paulo, os resíduos são sepa-
tinua sendo feito de modo impró-
guém que quer encurtar o cami-
em 2011, a maioria dos municípios
Resolução 306/2004, da Agência
rados nas seguintes categorias:
prio em muitas regiões do país,
nho (do lixo), pois o descarte gera
brasileiros (61%) encaminha seus
Nacional de Vigilância Sanitária
infectante e perfurocortante; quí-
especialmente no Norte e Nordes-
custos”, diz Odair Segantini, coor-
resíduos de serviços de saúde pú-
(Anvisa), e da 358/2005, do Conse-
mico sólido; químico líquido; ra-
te. Faltam avanços na infraestru-
denador da Abrelpe.
blica para o lixão”, diz Alessandra
lho Nacional do Meio Ambiente
dioativo; comum; reciclado; pape-
(Conama).
lão e plástico.
tura e fiscalização.
20 • Revista DR!
Empresas de Limpeza Pública e
fecção Relacionada (Apecih).
Os custos para tratar esse tipo
Santana Destra, enfermeira con-
Por ano, o país produz, em mé-
de resíduo, excluindo a parte lo-
selheira da Associação Paulista de
Com base nessas leis, os esta-
dia, 270 mil toneladas de Resídu-
gística, saem de R$ 2 a R$ 3 o quilo,
Epidemiologia e Controle de In-
belecimentos devem elaborar um
Os
químicos
sólidos,
por
exemplo, são coletados por uma
Revista DR! • 21
Sustentabilidade
Tecnologia
Aplicativo controla
dosagens de insulina
empresa contratada pela Prefeitura de São Paulo e encaminhado
para tratamento por incineração.
Uma parte do líquido, por sua
Objetivo do App é auxiliar médicos a tratar pacientes
com picos de glicemia durante a internação
vez, é coletada por empresa contratada pelo próprio Sírio e tem
dois destinos, dependendo do
Adriana Cardoso
material: incineração ou coprocessamento.
Para se ter uma ideia do perigo
> Gizelma destaca que Sírio-Libanês está investindo em sistema pneumático de descarte
que representa o material radioativo, este vai para um abrigo blin-
dos, devem gerar cada vez mais
órgãos municipais quando virem
dado onde é monitorado por um
resíduos, na avaliação de Odair
alguma
físico. Após o decaimento da ra-
Segantini, da Abrelpe.
mais agora que estamos vivendo
irregularidade,
ainda
diação, é reclassificado e liberado
“Isso exige que a sociedade
uma epidemia de dengue, e os li-
pelo profissional e encaminhado
fique mais atenta à destinação
xos são criadouros do mosquito
para descarte.
desse resíduo, denunciando aos
(Aedes aegypt)”, alerta.
Sobre os resíduos mais perigosos, Gizelma Simões Rodrigues, gerente de hospedagem do Sírio, diz
São Paulo
que o maior desafio é “não mistu-
por não separar e acondicionar
devidamente os resíduos sólidos.
rá-los, bem como descartá-los em
Na cidade de São Paulo, a coleta
recipientes próprios e específicos”.
e transporte dos RSS são feitos
Tributação
Para o sucesso da operação, o hos-
pela Autoridade Municipal de Lim-
Em março, o prefeito Fernando Ha-
pital investe em treinamento e
peza Urbana (Amlurb), por meio
ddad sancionou projeto de lei que
educação de funcionários.
de contratos de concessão com as
trata da Política de Resíduos Só-
O Sírio mantém parcerias com
empresas Logística Ambiental São
lidos de Serviços de Saúde. A lei
catadores e empresas para recicla-
Paulo (Loga) e Ecourbis Ambiental.
muda a faixa tributária de cobrança
gem de papelão, plástico e demais
A coleta, segundo a assessoria
por resíduos sólidos de estabele-
materiais recicláveis. Agora, está
de imprensa da Amlurb, é reali-
cimentos de saúde que produzem
investindo num sistema pneumá-
zada dentro de todos os estabe-
até 20 quilos de resíduos diários.
tico para transporte do material
lecimentos de saúde situados na
Antes da lei, a menor faixa tri-
— que atualmente fica em abrigos
cidade, que estão obrigados a se
butária de cobrança por resíduos
temporários nos andares e é leva-
cadastrarem no órgão.
sólidos era de R$ 89 para quem
do por funcionários — diretamen-
Os resíduos são encaminhados
produzisse de zero a 20 quilos di-
para unidades de tratamento devi-
ários. Agora, as faixas são de zero
damente licenciadas. Lá, são incine-
a 5 quilogramas (R$ 48,06), de 5
Futuro
rados e as cinzas levadas para ater-
a 10kg (R$ 64,07) e de 10 a 20kg
Com o aumento da expectativa de
ros sanitários também licenciados.
(R$ 96,11.) A prefeitura estima que
te à compactadora.
vida da população, os serviços de
Em 2015, a Amlurb aplicou 201
saúde, sejam públicos ou priva-
multas pela falta de cadastro ou
22 • Revista DR!
27 mil estabelecimentos serão
beneficiados.
o sistema ensina o
Quando pensou em
que fazer e como
criar um aplicativo
tratá-la”, explica o
para controle de doendocrinologista,
sagens de insulina,
que sempre gostou
o objetivo principal
de tecnologia como
do endocrinologishobby.
ta Marcos Tadashi
O
InsulinApp
Kakitani Toyoshima,
auxilia no manejo
37 anos, era incendo paciente com hitivar e ajudar os méperglicemia durante
dicos a controlarem
toda a internação,
melhor a glicemia
mas o endocrinolodos pacientes inter- > Marcos desenvolveu aplicativo em parceria com Márcia e Alexandre
gista ressalta que o
nados.
“Infelizmente, há profissionais de 2012, exatamente no momento direcionamento e a conduta serão
que não medem a glicemia de seus em que o hospital estava organizan- sempre do médico responsável pelo
pacientes internados. Isso é mui- do o controle de protocolo glicêmico. paciente. Daí o seu uso ser direcioto perigoso, pois muitos deles po“Tudo era feito em papel a princí- nado a profissionais de saúde.
Agora, a equipe está trabalhandem apresentar hiperglicemia e o pio, mas era difícil para os médicos
seu quadro de base ser bem mais fazerem os controles olhando para as do no desenvolvimento da mesma
agravado, com risco maior de com- tabelas. Era demorado e sujeito a er- versão do aplicativo, mas que funplicações durante a internação e até ros”, lembra. Na sequência, ele come- ciona sem conexão com a internet.
maior mortalidade, se não houver
controle glicêmico adequado”, alerta o médico.
O InsulinApp foi criado depois
que Toyoshima voltou de uma temporada, como bolsista, na Universidade Emory, nos Estados Unidos.
Coincidentemente, ele foi trabalhar
em seu retorno ao Brasil no Hospital
das Clínicas de São Paulo, no início
çou a organizar os dados em planilhas
do Excel, mas não deu muito certo.
Em parceria com a médica Márcia Nery, que chefiava a equipe, e o
colega residente Alexandre Barbosa
Câmara de Souza, ele desenvolveu
o aplicativo, muito mais fácil, ágil
(todo o processo leva de dois a três
minutos) e que qualquer um pode
ter à mão. “Se a glicemia estiver alta,
InsulinApp
O InsulinApp pode ser baixado
para celulares com sistema Android na Google Play Store. Para
desktop e demais sistemas no
www.insulinaapp.com.br. Mais
informações no Facebook:
www.facebook.com/InsulinAPP
Revista DR! • 23
Especial Abertura de escolas
Ensino médico
comprometido
Entre 2011 e 2015, foram dadas 79
autorizações para novos cursos médicos,
quase a mesma quantidade de faculdades
abertas em 186 anos; especialistas se
preocupam com a qualidade da formação
desses futuros profissionais
Leonardo Gomes Nogueira
> Das 158 cidades que possuem escolas médicas, 89 não têm hospital de ensino habilitado pelo Ministério da Saúde
“O tempo técnico é muito diferen-
com 52 cursos. Os dados são do Con-
vernado”, a formação dos futu-
pectos que não estariam sendo
pansão tem se focado nas insti-
de Indicadores Sociais, de 2015, do
te do tempo da política.” Diz Sigis-
selho Federal de Medicina (CFM).
ros médicos estaria em risco. Foi
observados pelos atores responsá-
tuições privadas. Entre 2003 e 2015,
Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística - IBGE).
fredo Luis Brenelli, presidente da
Atualmente, ainda de acordo
com essa convicção, em agosto do
veis por essa política: como corpo
o número de cursos particulares,
Associação Brasileira de Educação
com o CFM, o país possui 23.283
ano passado, que o Conselho en-
docente qualificado e infraestru-
informa o estudo, “mais do que
Além disso, esses cursos se dis-
Médica (Abem). Brenelli, que não
vagas para estudantes de medici-
trou com ações na justiça contra
tura adequada.
dobrou em relação ao ritmo de
tribuem de forma bastante desi-
é voz isolada, se preocupa com a
na. Boa parte criada nas duas úl-
a abertura de cursos, em 2015, que
abertura de estabelecimentos pú-
gual pelo Brasil. O país, ainda de
rápida expansão na abertura de
timas décadas. De 1808 a 1994, fo-
não teriam condições técnicas e
Radiografia
blicos.”
acordo com o IBGE, possui 5.570
escolas médicas.
ram 9.123. De 1995 até julho de 2015,
legais para funcionar.
Dos 158 municípios do país que
O número de escolas privadas
municípios. E as escolas médicas,
Afinal, entre o início de 2011 e
julho de 2015, foram dadas 79 au-
foram criadas (ou autorizadas) a
abertura de 14.160 vagas.
“Acho que o problema não é
abrigam alguma das 257 escolas
foi de 64 para 154. No mesmo pe-
é importante ressaltar, se concen-
abrir, mas discutir algumas coi-
médicas já em funcionamento,
ríodo, unidades estatais (federais
tram em apenas 158 cidades.
torizações para a abertura de cur-
Em 2015, inserções do governo
sas que vão além de abrir cursos”,
89 não têm nenhum hospital de
e estaduais) passaram de 62 para
Dos 257 cursos em funciona-
sos de medicina no Brasil. Quase
federal no rádio, TV e outras mí-
avaliou Sigisfredo Luis Brenelli,
ensino habilitado pelo Ministé-
103. O valor médio das mensalida-
mento, 69% se localizam nas re-
a mesma quantidade ao longo de
dias anunciavam a abertura de
em maio de 2015, durante debate
rio da Saúde e 74 não dispõem
des dos cursos particulares está
giões Sudeste e Nordeste. Apenas
186 anos. Entre 1808 e 1994, foram
11.400 vagas de medicina até 2017.
sobre o tema realizado na sede do
de leitos na quantidade indicada
em R$ 5.406,91. Mas elas alcançam
os estados de São Paulo e Minas,
abertos 82 cursos.
No site do programa Mais Médi-
Sindicato dos Médicos de São Pau-
por aluno. Os dados fazem parte
até R$ 11.706,15.
no entanto, concentram um terço
Esse processo tem início ainda
cos, a meta apresentada, com uma
lo (Simesp).
de levantamento feito pelo CFM
Um custo impensável para a
no governo FHC (1995-2002), quan-
pequena divergência, é ainda
chamado “Radiografia das Escolas
maioria das famílias, já que a ren-
São Paulo é o estado líder em
do foram criadas 44 escolas, e se
maior: 11.500.
Médicas do Brasil”.
da média da população economi-
número de vagas e escolas médi-
Na mesma ocasião, Brenelli,
professor da Faculdade de Ciên-
dessas instituições.
mantém durante os dois mandatos
Para o CFM, que já classificou
cias Médicas da Universidade de
O levantamento também de-
camente ativa do país está hoje em
cas; respectivamente, 4.380 e 44.
do ex-presidente Lula (2003-2010):
esse crescimento como “desgo-
Campinas (Unicamp), citou as-
monstra que a estratégia de ex-
R$ 1.725 (de acordo com a Síntese
Das 44 escolas no estado, 8 são
24 • Revista DR!
Revista DR! • 25
Especial Abertura de escolas
(Da esq. p/ dir.) “O problema
não é abrir, mas discutir
algumas coisas que vão além
ANO
ESCOLAS CRIADAS
VAGAS CRIADAS
% DO TOTAL
1808 - 1994
82
9.123
32%
1995 - 2002
44
3.707
17%
2003 - 2010
52
4.263
20%
2011 - 2015*
79
6.190
31%
TOTAL
257
23.283
de abrir cursos”, diz Sigisfredo
Luis Brenelli. Já o professor
Milton Arruda Martins avalia
que pelo ritmo de abertura de
escolas, no futuro haverá mais
médicos do que o necessário
*Fonte: CFM — dados até julho de 2015
estatais (federais ou estaduais) e
entre as cinco regiões do país.
o restante privadas (com mensalidade média de R$ 5.833,66).
lhos Regionais de Medicina che-
“bomba relógio”.
gava a 432.870, o que significa 2,11
Outro estudo, chamado De-
médicos por mil habitantes. A
Um novo sistema
de avaliação
“Existe uma desassistência im-
Em maio de 2015, durante debate
mografia Médica no Brasil, refor-
diferença de 33.178 entre o núme-
Na tentativa de contribuir
portante nas periferias das cida-
na sede do Simesp, no centro da
ça esse temor. “O crescimento
ro de médicos e o de registros de
para o aperfeiçoamento do
des, no interior e nas áreas caren-
capital paulista, Milton de Arruda
exponencial do número de mé-
médicos refere-se às inscrições
ensino, o Conselho Federal
tes. Sabe-se também que o perfil
Martins, professor titular da Fa-
dicos no país já se estende por
secundárias de profissionais re-
de Medicina (CFM) e a Asso-
socioeconômico de quem se forma
culdade de Medicina da Univer-
mais de 50 anos. De 1970, quando
gistrados em mais de um estado
ciação Brasileira de Educa-
médico é alto, no sentido de que é
sidade de São Paulo (USP), defen-
havia 58.994 registros, até 2015, o
da federação”, explica o estudo
ção Médica (Abem) criaram,
raro ver o sonho de virar doutor
deu uma moratória na abertura
aumento foi de 633%. No mesmo
que analisa as características e
em junho de 2015, uma espé-
ser atingido pelos filhos dos pe-
de novos cursos.
período, a população brasileira
perfis da população médica no
cie de certificado que apon-
Brasil.
tará quais cursos possuem
dreiros, domésticas, metalúrgicos.
Ideia com a qual a diretora do
cresceu 116%. Ou seja, o total de
A opção prioritária do governo,
Simesp, ao menos em parte, con-
médicos nesses anos aumentou
“Ao longo dos anos, a evolução
entretanto, foi expandir vagas
corda. “Acredito que a moratória
em maior velocidade do que o
da razão médico por mil habitan-
para a boa formação médi-
em escolas privadas do centro sul.
na abertura de cursos privados
crescimento populacional”, diz
tes cresce de forma linear e cons-
ca. A adesão ao Sistema de
Muitas delas caríssimas”, aponta
em regiões centrais é bem-vinda”,
trecho do estudo lançado, desde
tante, passando de 1,15 médico
Acreditação de Escolas Mé-
Diângeli Soares, médica da Estra-
ponderou Diângeli Soares.
2011, a cada dois anos.
os
requisitos
necessários
por mil habitantes em 1980 para
dicas (Saeme) é voluntária.
Martins é um dos autores de
Em outubro de 2015, continua
uma razão de 2,11 em 2015”, diz o
Para Sigisfredo Luis Bre-
estudo, de 2013, no qual projeta,
a pesquisa, o país contava “com
estudo lançado em novembro de
nelli, o Saeme não concorre
As regiões Sul e Sudeste con-
com base no tempo médio de tra-
399.692 médicos e uma população
2015. A intenção do governo fede-
com o tradicional Sistema
centram mais da metade das va-
balho do profissional ao longo da
de 204.411.281 habitantes, o que
ral é a de aumentar o número de
Nacional de Avaliação da
gas. A região Sudeste, sozinha,
vida e nos ingressantes em novos
corresponde à razão de 1,95 médi-
médicos formados no país para
Educação Superior (Sinaes),
abriga 10.577 das 23.283 vagas dos
cursos, que haverá uma quantida-
co por mil habitantes.”
600 mil até 2026. Alcançando, des-
do Ministério da Educação:
futuros médicos. A região Norte,
de maior de médicos no futuro do
“Na mesma data o número de
sa forma, a meta de 2,7 médicos
“Sem dúvida nenhuma eles
com 1.787 vagas, fica em último
que o necessário. O que, no longo
registros de médicos nos Conse-
por mil habitantes.
são complementares.” !
tégia de Saúde da Família e diretora do Simesp.
26 • Revista DR!
Moratória
prazo, ele classifica como uma
Revista DR! • 27
Simesp por dentro
Literatura
Memória
Associado
Primeira diretoria
Pedro Silveira Carneiro
Médico sanitarista
Ex-membro da diretoria da
Associação dos Médicos Residentes do Estado de São Paulo, o médico sanitarista Pedro
Silveira Carneiro, 32 anos, associou-se ao Simesp durante
A doença
do lucro
Leonardo Gomes Nogueira
a cerimônia de posse da atual
gestão (2014-2017), em junho de
2014. “Conheço alguns diretores desde a época da residência
> Legista Flamínio Fávero foi o primeiro presidente do Simesp, em 1929
e venho acompanhando o trabalho sério que estão desen-
Os fundadores do Sindicato dos
Almeida Prado, Paulino Longo,
volvendo na luta em defesa do
Médicos de São Paulo (Simesp)
Enjolras Vampré, Rezende Puech,
trabalho médico”, diz.
eram médicos de grande prestí-
Raul Briquet e José Medina, com-
Carneiro participou do mo-
gio e reconhecimento. Boa parte
punham o Conselho Deliberativo.
vimento dos residentes, inclu-
deles cravou seus nomes na his-
Para se ter uma ideia da im-
sive da bem-sucedida greve
tória da medicina brasileira. Al-
portância desses médicos, Flamí-
nacional, ocorrida em 2009,
guns compuseram, por votação,
nio Fávero é, até hoje, considerado
na qual obtiveram reajuste na
a primeira diretoria da entidade,
um dos maiores legistas brasilei-
bolsa de estudos.
quando esta foi fundada em 1929.
ros, com contribuições teóricas
Ele classifica como extre-
A primeira Comissão Executi-
e metodológicas para a área. Por
mamente importante ser sin-
va do Simesp foi composta por Fla-
sua vez, Rangel Pestana foi dire-
dicalizado, especialmente na
mínio Fávero (presidente), Synesio
tor clínico dos hospitais da Santa
conjuntura atual, quando a
Rangel Pestana (vice-presidente),
Casa (1927-1947), instituição à qual
categoria enfrenta uma série
Rubens Guimarães Rocha (secre-
esteve ligado até a sua morte. In-
de precariedades na carrei-
tário geral), Mesquita Sampaio (1º
clusive, a título de curiosidade, as
ra. “A atual gestão pegou um
secretário), J. Rodrigues Barbosa
reuniões da Comissão Executiva
momento complicado, como
(2º secretário), Schimidt Sarmento
eram realizadas em uma sala da
a crise na Santa Casa e os pro-
(1º tesoureiro) e Mário Ottoni de
Santa Casa, uma vez que o Sindi-
blemas envolvendo as organi-
Rezende (2º tesoureiro).
cato ainda não possuía sede pró-
zações sociais e está enfren-
pria.
tando com bastante seriedade.
Outros médicos fundadores,
como Américo Brasiliense, Can-
Foi essa a diretoria responsá-
O Sindicato está mais próximo
tídio de Moura Campos, J. Candi-
vel por elaborar e aprovar o pri-
dos médicos. Vejo muitas mu-
do Silva, Ovídio Pires de Campos,
meiro estatuto da instituição.
danças positivas”, avalia.
28 • Revista DR!
Na peça teatral O Doente Imaginário, de 1673, o protagonista é um hipocondríaco manipulado por todos à sua volta,
inclusive médicos interessados em tirar vantagem financeira das doenças imaginadas pelo rico personagem criado
por Molière.
No livro O Doente Imaginário, de 2014, em explícito diálo-
Em uma resenha sobre o livro, Dario Birolini escreveu
go com a obra do famoso dramaturgo francês, o italiano Mar-
que entrou em contato com a obra graças a um paciente
co Bobbio discute o atual estágio da medicina.
e que ficou “absolutamente encantado com as considera-
“De fato, em seu livro, Marco Bobbio, professor de car-
ções” de Marco Bobbio.
diologia da Faculdade de Medicina de Cuneo, no norte da
“Há cerca de três anos, ao término de uma consulta,
Itália, faz uma análise crítica absolutamente séria e correta
após uma hora dedicada à anamnese, à pesquisa de seus
da medicina contemporânea”, avalia, em entrevista feita
hábitos de vida e de seus antecedentes e a um exame clí-
por e-mail, Dario Birolini, professor da Faculdade de Me-
nico completo, expliquei ao paciente que ele era vítima de
dicina da USP e responsável pelo prefácio da versão bra-
uma ‘doença’ incurável: a saúde. Enfatizei que seus sinto-
sileira.
mas decorriam não de doenças, mas sim de maus hábitos
Para Birolini, o imperativo do lucro tem prejudicado o
de vida e que, em decorrência, eu não solicitaria exames
exercício autônomo da medicina. “Cada vez mais se di-
complementares e não lhe prescreveria qualquer medica-
vulgam informações intencionalmente distorcidas para di-
mento”, conta.
vulgar novos medicamentos ou procedimentos. A maioria
“Achei que, como havia ocorrido antes com numerosos
dos trabalhos publicados divulgam resultados favoráveis.
pacientes, ele nunca mais me daria notícias ou voltaria em
Omitem-se informações desfavoráveis. Criam-se novas
meu consultório. Para minha surpresa, dias após, ele me
‘doenças’”, escreveu o professor emérito da Universidade
enviou um exemplar do livro do Marco Bobbio em sua ver-
de São Paulo.
são original, em italiano”, acrescenta Birolini.
Revista DR! • 29
Saúde em Questão
Saúde pública,
medicina privada
Mário Scheffer
Professor do Departamento de Medicina Preventiva
da Faculdade de Medicina da USP
Em nossos estudos mais recen-
acontece: a migração para a práti-
jornadas e excesso de plantões.
tes de Demografia Médica confir-
ca liberal pura, com fechamento
mou-se a tendência, já verificada
ou limitação de agenda a planos
condições de trabalho, remune-
em levantamentos anteriores, de
de saúde que pouco se lixam para
ração e oportunidade de aperfei-
acirramento da maior concentra-
médicos e pacientes.
çoamento, os médicos movimen-
Segundo
escolhas
pessoais,
ção de médicos a favor de estrutu-
A tais descompassos somam-se
tam-se entre uma variedade de
ras e serviços privados do sistema
outros níveis de desigualdade que
empregadores e formatos públi-
de saúde, destinados a atender
caracterizam a medicina no país:
cos e privados de prestação e rece-
clientelas restritas.
de distribuição geográfica (há
bimento por serviços.
Na hora da doença, a maioria
maior concentração no Sul, Sudes-
Vilanizar o médico e atribuir
da população (75% das pessoas
te e nas grandes cidades); de gêne-
as mazelas do SUS unicamente à
que utilizam exclusivamente o
ro (as mulheres, que já são maio-
formação inadequada e às deci-
SUS) tem à sua disposição muitís-
ria entre os mais jovens, ganham
sões individuais desses profissio-
simo menos médicos que a mino-
menos e estão fora de muitas es-
nais tornou-se ingrediente fácil
ria (25% dos brasileiros que, além
pecialidades); e de distribuição de
na querela litigiosa sobre saúde
do direito ao SUS, têm plano de
especialistas (estão mais no setor
que se instalou no Brasil.
saúde ou pagam por atendimento
privado e nos grandes centros).
Pois o médico é uma peça na
particular). O que pouco tem a ver
O exercício da medicina no Bra-
engrenagem de motivações e com-
com qualidade e satisfação, pois é
sil é um verdadeiro mosaico. Há
portamentos das instituições, ges-
geral o descontentamento com a
coexistência de vínculos, de for-
tores e governos que definem o
saúde no Brasil.
mações especializadas e inúmeras
rumo do sistema de saúde, hoje
Veja-se o “sumiço” de médi-
possibilidades de inserção no vas-
ditado pela perpetuação do subfi-
cos especialistas nos serviços
to e farto mercado de trabalho mé-
nanciamento do SUS e por incenti-
públicos de atenção secundária
dico. Essas práticas — justapostas,
vos ao crescimento do mercado de
e ambulatorial, o que está na gê-
múltiplas e dinâmicas — são acio-
planos de saúde e à ampliação da
nese das desumanas esperas para
nadas pelos médicos concomitan-
rede hospitalar privada.
consultas, exames e cirurgias
temente ou vão mudando ao longo
eletivas. Médicos com esse per-
da trajetória profissional.
Se mantida a atual configuração público-privada, a solução
fil, revelou a Demografia Médica,
A remuneração elevada, se
para a falta de médicos como
estão majoritariamente nos con-
comparada a outras profissões, é
uma responsabilidade nacional
sultórios isolados e em clínicas
obtida geralmente às custas de
exigirá muito mais que a abertu-
privadas, onde outro fenômeno
vários
ra de cursos aos borbotões.
30 • Revista DR!
empregos,
extenuantes
Revista DR! • 31
Horas Vagas
Marina Bustos
Independência
ainda que tardia
O médico Sérgio Cruz, autor de um livro sobre Tiradentes
e a Inconfidência Mineira, discorda dos que dizem que o
Brasil é hoje um país independente
Leonardo Gomes Nogueira
O
ficialmente, a indepen-
nomia capaz de se relacionar so-
dência do Brasil é come-
beranamente com o mundo in-
morada em 7 de setem-
teiro”, avalia o médico generalista
bro, quando, em 1822, o ainda
formado em 1979 pela Universi-
príncipe regente, futuro impe-
dade Federal do Rio de Janeiro
rador Dom Pedro I, proclamou a
(UFRJ). “O processo de construção
emancipação do país às margens
da nação brasileira está inter-
ele fundamental, dos primórdios
versões: o monarquista Joaquim
para a época, um programa revo-
do riacho do Ipiranga.
rompido”, ressalta.
do processo (incompleto) de liber-
Norberto e o seu atual seguidor, o
lucionário moderno que incluía,
O príncipe, do alto do seu ca-
Para que a independência se
tação: “A Inconfidência Mineira
escritor angloamericano Kenne-
entre outros, independência, in-
valo, como retrataria o pintor
complete, defende o médico, se-
foi o primeiro movimento de cará-
th Maxwell”, escreve.
dustrialização e ensino público.
Pedro Américo décadas depois,
ria necessária uma mudança da
ter nacional que tinha como meta
teria feito um breve discurso aos
atual política econômica do país.
a independência do país”.
Coroa portuguesa
Cruz diz querer combater uma vi-
integrantes da sua comitiva, er-
“O Brasil deveria ter maior auto-
No livro Pátria Livre Ainda que
A sua principal fonte de pesquisa
são “submissa” e “colonizada” que
guido sua espada e gritado “Inde-
nomia industrial e não depender
Tardia – A verdadeira história de
foram os onze volumes de Autos
teríamos de nós mesmos.
pendência ou morte” (decretando,
tanto de importações, sobretudo
Tiradentes, lançado no final de
da Devassa, que traz a íntegra do
Enquanto parte da historio-
assim, a separação de Brasil e Por-
de produtos de maior valor agre-
2011, ele questiona parte do que a
processo da coroa contra os rebel-
grafia apresenta Tiradentes, que
tugal e oferecendo um título ao
gado, o que prejudica o desempe-
historiografia nos contou até hoje
des mineiros no fim do século 18.
seria enforcado e, em seguida, es-
futuro quadro de Américo).
nho da balança comercial brasi-
sobre o movimento ocorrido no
Os volumes foram lançados, pela
quartejado em 21 de abril de 1792,
leira, além de transferir empregos
século 18.
primeira vez, entre 1936 e 1938
como um “bode expiatório”, Cruz
pela Biblioteca Nacional.
diz que ele teve um inquestioná-
Obviamente, a história não é
tão simples ou imponente como
e tecnologia para o exterior.
A motivação inicial da sua pes-
Com esse livro, em suma, Sérgio
sugere a famosa pintura. Para o
“A maneira de contar a histó-
quisa, como explica na introdu-
Ele questiona, por exemplo, os
médico Sérgio Cruz, por exemplo,
ria também é uma maneira de se
ção do livro, foi um tratamento
que escreveram que a rebelião foi
que mora a pouco mais de 800 me-
travar a luta de forças interessa-
acrítico de certos autores que te-
motivada apenas pelo interesse
Seja qual for esse papel, uma
tros do histórico riacho, na zona
das no processo”, ressalta Cruz,
riam adotado somente o ponto de
em não pagar impostos. E aponta
discussão que nunca se esgota,
sul da cidade de São Paulo, o pro-
que trabalha no Hospital Univer-
vista de historiadores monarquis-
como uma das motivações da re-
Tiradentes seria, um século mais
cesso de independência brasileiro
sitário da Universidade de São
tas, sem contextualizar a natural
belião o fato da coroa portuguesa,
tarde, retratado em outro quadro
ainda não se efetivou.
Paulo, e também é redator do jor-
inclinação desses historiadores
subserviente aos interesses da In-
famoso, brutal e inesquecível de
nal Hora do Povo.
em defender a coroa portuguesa.
glaterra, impedir o nascimento de
Pedro Américo, intitulado Tira-
indústrias no país.
dentes Esquartejado. Contextuali-
“Nós não completamos ainda
32 • Revista DR!
> “É necessária uma mudança radical na política econômica para se completar a independência”, defende Sergio Cruz
essa independência. Porque um
Daí o interesse do médico nas-
“Os fatos contidos neste livro
país só é independente quando
cido em Lambari, sul de Minas Ge-
contestam os principais autores
Não por acaso, diz o médico,
ele consegue construir uma eco-
rais, em contar um episódio, para
responsáveis pela difusão dessas
os revoltosos tinham, sobretudo
vel papel de liderança na Inconfidência Mineira.
zemos: era o fim da monarquia e
o início da república.
Revista DR! • 33
Artigo
Marina Bustos
Redes Sociais
Sucesso
virtual
Congresso Paulista de
Educação Médica
Victor Ferraz é médico geneticista e diretor da
Regional São Paulo da Abem
Médico transformava em posts situações
cotidianas das aulas de medicina
Adriana Cardoso
> Canuto Leite tem mais de 530 mil seguidores no Facebook
f
A regional São Paulo da Associa-
discussão política relacionada à
desafios na pesquisa em educação
ção Brasileira de Educação Mé-
educação médica, deveriam ser
e saúde, abordando aspectos do
dica (Abem) realiza este ano a 10ª
incentivadas
as oportunidades
iniciante ao expert, e também em
edição do Congresso Paulista de
de formação para os profissionais
outras atividades. Oportunidade
Educação Médica. O evento bienal
da educação médica, discentes e
imperdível para ouvir uma pessoa
com vasta experiência.
“Queria mostrar situações que as pessoas pensavam
é o mais importante congresso de
residentes. Reforçando o que vem
que só aconteciam com elas acontecem com outros tam-
educação médica do estado, desta
acontecendo nas últimas versões
O programa completo pode
bém”, enfatiza.
vez abordará o tema “Ensinando
do evento, uma série de oficinas
ser acessado no endereço http://
Para combater o tédio dos primeiros dois anos de universi-
No Twitter, ele chegou a ter 16.600 seguidores, sendo a
e Aprendendo Medicina”. O even-
serão ofertadas com o intuito do
www.cpem2016.net/.
dade, o médico residente em cirurgia geral Canuto Leite de
maioria de médicos e outros profissionais da saúde. Em 2013,
to ocorrerá na cidade de Marília
participante ampliar seu repertó-
A divulgação desse tipo de
Almeida Júnior, 24 anos, decidiu usar o Twitter para dividir
decidiu abrir uma conta no Facebook (Medicina Depressão
(SP), de 12 a 14 de maio, e aproveita-
rio de competências voltadas para
evento entre os associados do Si-
seus sentimentos com aqueles que, assim como ele, tam-
Site de Saúde/Bem-Estar), e já conta com mais de 530 mil!
rá o momento do 50º aniversário
o ensino, como: oficina de elabo-
mesp, um associado institucional
bém estavam entediados.
“Quando migrei para o FB (Facebook), eu queria atingir mais
de fundação da Famema — im-
ração de questões, oficina sobre
da Associação Brasileira de Edu-
gente e fico muito agradecido quando comentam. É muito
portante faculdade de medicina
aprendizado baseado em equipes,
cação Médica, reforça a parceria
gostoso levar humor para a vida das pessoas”, diz.
Com o passar dos anos e o aumento na horda de segui-
paulista que se destaca pela ino-
oficina sobre competências, sobre
que a entidade vem tendo com a
tempo foi ganhando corpo até que os 140 caracteres dos
Ironicamente, Canuto diz que escrever nunca foi seu for-
vação no ensino há vários anos —
formas de avaliação e outras.
Abem, tanto em nível nacional
tweets ficaram pequenos demais e ele decidiu migrar para
te, por isso prefere os textos mais curtos. Tanto que na pá-
para discutir diversos aspectos do
Destacamos que temos, nes-
como regional. Essa parceria é
o Facebook.
gina há também vídeos nos quais faz paródias de músicas
ensino médico contemporâneo:
te ano, a honra de poder receber,
importante, dado que as altera-
e outros posts compartilhados.
formação docente, formação de
além de diversos palestrantes
ções recentes no ensino médico
dores, aquilo que, a princípio, não passava de um passa-
“Inicialmente eu postava coisas relacionadas à vivência universitária na Unifesp (Universidade Federal de São
No começo, ele postava todo dia. Hoje, com a carga
preceptores, avaliação formativa,
nacionais com competência reco-
impactam de diversas formas
Paulo), como situações engraçadas do dia a dia, porque o
mais apertada de estudos, posta uma, duas vezes por se-
metodologias
currículo
nhecida, a dra. Madalena Patricio,
entre os profissionais da atenção
primeiro e o segundo ano da faculdade são muito básicos e
mana. “Tudo depende das novidades do dia a dia”, conta.
ativas,
paralelo, currículo oculto, pesqui-
da Faculdade de Medicina da Uni-
à saúde, principalmente nos que
Mas nessa trajetória, nem tudo foram flores. “No come-
sa em educação e saúde, avaliação
versidade de Lisboa, Portugal, ex-
atuam no Sistema Único de Saúde
Aquela lâmina de microscópio difícil de entender, a aula
ço, tinha dificuldade de lidar com críticas, como de alguns
de escolas médicas, residência
presidente da Association for Me-
(SUS). A participação dos médicos
de anatomia que deixava todo mundo enjoado ao comer, o
que entravam na página para dizer que os ‘médicos tinham
médica, entre outros.
dical Education in Europe (AMEE),
paulistas, docentes, preceptores,
professor que mostra slides de raio-x, mas esquece de ligar
que sofrer mesmo’, já que pertencemos a uma categoria
Uma demanda forte dos par-
uma das mais importantes asso-
residentes ou mesmo somente in-
a luz após a exibição. Todas essas situações viravam posts
privilegiada. Agora já não ligo”, minimiza.
ticipantes de versões anteriores
ciações internacionais de educa-
teressados em Educação Médica,
do Congresso Paulista de Edu-
ção médica. A professora Madale-
é mais do que bem-vinda e espe-
cação Médica é que ao lado da
na contribuirá na discussão sobre
ramos poder contar com todos!
causam certo desestímulo”, diz.
com os quais outros estudantes de várias partes do Brasil,
e até de outros países, identificavam-se.
34 • Revista DR!
tl
Revista DR! • 35
Cultura
A Casa
de Todos
1947, para o cargo de vereadora na
Câmara Municipal de São Paulo.
Como na época o registro do Partido Comunista Brasileiro (PCB)
havia sido cassado, ela se candidatou pelo Partido Social Trabalhista (PST). Kauffmann, contudo,
nem chegou a tomar posse.
A revista bimestral Apartes,
Seja no auge ou em seu declínio, prédio
em homenagem aos mortos da Segunda
Guerra Mundial, inaugurado em 1953,
ajuda na reconstrução da história do
Bom Retiro e da comunidade judaica na
mutante São Paulo do século passado
Leonardo Gomes Nogueira • Fotos: Marina Bustos
esse episódio na edição de março
-abril de 2014:
“O mandato da primeira vereadora de São Paulo terminou antes de começar, às 17 horas de 31 de
dezembro, na véspera da posse da
Aleichen (que funcionou no mes-
nova legislatura. Foi nessa hora
mo endereço da Casa do Povo até
que um telegrama do Tribunal
o começo da década de 80).
Superior Eleitoral (TSE) chegou à
O projeto da escola era, desde
G
sede da Câmara, no Palacete Pra-
o início, o de experimentar novos
edenk, Farain e Tsukunft.
tes, informando que o tribunal
processos pedagógicos. E isso se co-
Essas palavras estranhas
havia declarado inexistentes os
adunou com a proposta vanguar-
ao nosso vocabulário, da
registros de todos os candidatos
dista da casa, pensada por judeus
língua iídiche, hoje norteiam o
do PST no estado. No dia seguin-
identificados com ideais progres-
trabalho da Casa do Povo. Iremos
te, Elisa e outros três vereadores
sistas. Parte deles iria se reunir, a
explicar o significado de cada uma
cassados se juntaram a uma cen-
partir de 1953, em torno do recém-
delas mais à frente. Mas sobre a
tena de pessoas que se reuniram
-criado Instituto Cultural Israelita
referida casa iremos falar agora.
diante do Prates para protestar
Brasileiro (a razão social, ou CNPJ,
Inaugurada em 1953, no Bom
contra a cassação de seus manda-
da Casa do Povo).
Retiro, região central de São Pau-
tos. A multidão tentou invadir a
lo, ela nasce como um espaço de
casa, mas foi impedida. Acabava
neurologista
memória aos mortos da Segunda
ali a atuação de Elisa na política
ex-aluno da Scholem Aleichen,
Guerra Mundial (1939-45). Sobre-
pública.”
lembrou a importância da escola
tudo aos judeus massacrados nos
campos de extermínio nazistas.
A história, no entanto, a absolveria. Em 2013, uma resolução
O atual presidente da Casa, o
Jairo
Degenszajn,
em uma entrevista ao repórter
que vos escreve.
“Seus fundadores eram imi-
determinou a restituição (simbó-
A Casa do Povo, projetada pelo
grantes judeus da Europa Orien-
lica) dos mandatos de 42 vereado-
arquiteto Ernest Mange, também
tal, falavam iídiche e defendiam
res cassados entre 1937 e 1969. En-
foi sede, entre outros, do jornal
uma cultura laica e universalista”,
tre eles, Elisa Kauffmann.
Nossa Voz e do Taib (Teatro de
explica o site da casa.
36 • Revista DR!
da câmara paulistana, relembrou
Ela morreria de câncer, aos 43
Arte Israelita Brasileiro). O teatro
Uma das suas fundadoras,
anos, em 1963. Antes disso, no en-
para 450 pessoas, hoje interdita-
Elisa Kauffmann, foi a primeira
tanto, iria dirigir, entre os anos
do por questões de segurança, foi
mulher eleita, em novembro de
de 1958 e 1962, o colégio Scholem
desenhado por Jorge Wilheim no
Espaço para discussões
políticas, Casa do Povo caiu em
decadência no início dos anos
80, principalmente quando o
colégio Scholem Aleichen deixou
de funcionar no local. Há seis
anos, porém, antigos estudantes,
entre eles o neurologista Jairo
Degenszajn, iniciaram movimento
de recuperação. A partir daí o
lugar voltou a ser ocupado por
atividades diversas, mas ainda
necessita ser restaurado
Revista DR! • 37
Cultura
> Judeus progressistas criaram, em 1953, o espaço em homenagem aos mortos da Segunda Guerra Mundial
> Local também sediou o jornal Nossa Voz (escrito em português e iídiche) e o Teatro de Arte Israelita Brasileiro
início dos anos 60 e ocupa o sub-
anos de existência da instituição
tus quo ao manter a maioria das
anos 1960 começavam a chegar
contribuições dos seus membros
solo do prédio.
judaica).
pessoas afastadas do debate polí-
os coreanos e, nas duas últimas
e o restante vem de editais e leis
tico. Isso, naturalmente, ainda na
décadas, um fluxo de imigração
de fomento na área de cultura.
O Nossa Voz circulou entre
“Que língua é essa?”
1947 e 1964 (“quando foi fechado
Hiato
sua avaliação, teve repercussão
latino-americana — bolivianos,
Mas a situação financeira da en-
O iídiche é uma língua nascida
pela ditadura militar devido ao
No início dos anos 80, o Scholem
no interesse, cada vez menor, de
peruanos e, mais recentemente,
tidade ainda é delicada. “O poder
há cerca de mil anos, na fron-
seu posicionamento político”, diz
Aleichen deixa de funcionar no lo-
manter um espaço como a Casa
paraguaios — marca presença no
público não tem nenhuma políti-
teira da França e Alemanha,
texto da edição nº 1.014 que, obvia-
cal, assim como outras atividades
do Povo, que jamais escondeu o
bairro”, escreve a professora da
ca para os seus espaços históricos,
entre judeus vindos da Europa
mente, só viria ser publicada após
até então desenvolvidas ali. Tem
caráter eminentemente político
Faculdade de Arquitetura e Ur-
culturais”, avalia Degenszajn.
Central e Oriental. Seria a par-
a derrocada do regime). Original-
início um avassalador processo
da sua atuação.
banismo da USP.
mente, em português e iídiche.
de decadência. Como geralmente
Além disso, nos últimos trin-
“Em 2014, foi relançado pela
acontece: vários fatores somados
tas anos, houve uma mudança
Casa do Povo, tendo seus eixos edi-
explicam o lapso que se prolonga-
toriais repensados a partir do con-
ria até, mais ou menos, 2010.
Desde então, o espaço voltou
tir da Alemanha que o Holo-
a ser ocupado por atividades va-
causto se disseminaria (provo-
Retomada
riadas. Por exemplo: com edições
cando o genocídio de 6 milhões
importante no perfil populacio-
Cinco anos atrás, recorda Degens-
da feira de arte impressa Tijuana
de judeus). Além de ciganos,
nal da região. Os judeus que, na-
zajn, um ex-aluno do Scholem
(que reúne o trabalho de editoras
Testemunhas de Jeová, homos-
independentes).
sexuais e todo tipo de opositor
texto contemporâneo, em diálogo
“Houve um hiato muito gran-
turalmente, tinham um vínculo
Aleichen fotografou a fachada
com as suas premissas históricas
de”, lamenta Jairo Degenszajn.
especial com o edifício, migraram
degradada do edifício. Em segui-
Para que o processo de retoma-
ao regime nazista. O iídiche se
judaicas progressistas”, explica a
Com a saída da escola do edifício,
para outras partes da cidade.
da, postou a imagem no Facebook.
da se complete, é necessário que o
tornou ainda mais raro com a
mesma edição. O jornal, agora qua-
conta, começou “um problema de
Essa mudança de perfil dos
De imediato, antigos estudantes
prédio seja restaurado e adequa-
criação de Israel em 1948 (país
drimestral, tem distribuição gra-
natureza financeira” que iria se
moradores do bairro, contudo,
se mobilizaram para ver o que
do às necessidades do novo tem-
que adotaria o hebraico como
tuita.
agravar nos anos seguintes.
não é novidade, como nos lem-
seria possível fazer para o resgate
po (considerando questões como
língua oficial). Para Jairo De-
do lugar.
a da acessibilidade). O projeto da
genszajn, o iídiche passou a
reforma é idealizado pelo arqui-
ser considerado, por parte da
teto Isay Weinfeld.
comunidade judaica, “como a
Devido à importância do Taib,
Segundo Degenszajn, uma das
bra Sarah Feldman no artigo
em 2013, o grupo Teatro da Verti-
explicações possíveis é um pro-
Bom Retiro Mutante. “Portugue-
A partir daí, conta o médico,
gem usou o espaço para o encer-
cesso de “desideologização” do
ses e italianos ocuparam o bair-
ele e outros integrantes dessa mo-
ramento da peça Bom Retiro, 958
debate pós-ditadura. Ou seja: a
ro no fim do século 19, e de 1900 a
bilização inicial passaram a fazer
Voltando ao início: Gedenk,
língua da derrota”. “Só que para
metros. “O teatro em ruínas e al-
negação da relevância ou mesmo
1940 os italianos predominavam
parte do conselho e da diretoria da
Farain e Tsukunft. Significam,
nós isso tinha outra conotação,
guns papéis afixados na parede e
da existência de qualquer tipo de
entre a população estrangeira.
entidade mantenedora da Casa do
respectivamente, “lembre-se”, “as-
o iídiche era a língua do judeu
distribuídos forneciam pistas do
“ideologia” (palavra aqui enten-
No início do século 20, os judeus
Povo (o Instituto Cultural Israelita
sociação” e “futuro”. Nesse século,
humanista”, explica. No pri-
passado do teatro e da história do
dida como representativa de um
passaram a ter presença desta-
Brasileiro).
prometem os seus mantenedores,
meiro dos quatro andares da
edifício e da Casa do Povo”, con-
conjunto de ideias).
cada. Gregos, armênios e sírios
Atualmente, o número de as-
essas palavras são os eixos que
casa, há uma biblioteca iídiche
com 5 mil volumes. !
ta uma edição especial do jornal
Para o médico, essa “desideo-
também se instalaram no Bom
sociados está entre 100 e 120. Um
irão guiar a atuação da casa de to-
Nossa Voz (comemorativa aos 60
logização” apenas favorece o sta-
Retiro ao longo desse século. Nos
terço do orçamento é fruto das
dos os povos.
38 • Revista DR!
Revista DR! • 39
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Revista DR! • 41
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Chapada
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“Uma vez li que ‘a
fotografia é a poesia da
imobilidade’”. Comecei
a me interessar pela
fotografia depois de
terminar a residência
médica e realmente é
fascinante. A foto foi
feita num fim de tarde,
em Marimbus, na
Chapada Diamantina,
Bahia, próximo à
comunidade quilombola
do Remanso. Um
lugar que parece
estar à margem das
inovações tecnológicas
e que se vale da própria
‘imobilidade’ para
manter seus encantos.”
Larissa de Freitas Flosi
Ginecologista e obstetrícia
Seu olhar pode ser publicado nas próximas edições da DR!,
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42 • Revista DR!
Revista DR! • 43
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44 • Revista DR!
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