| E D I Ç Ã O 1 8 | J A N / F E V / M A R 2 0 1 4 | Mobilidade Hospital Alemão Oswaldo Cruz inaugura nova fase tecnológica do sistema Tasy Págs. 18 a 21 Giro pelo Hospital Conheça o novo espaço da área de Relacionamento Médico Pág. 05 Tecnologia Novo Microscópio Pentero entra em funcionamento no Centro Cirúrgico Pág. 04 Exames Laboratoriais Carcinoma pulmonar de não pequenas células: contribuição da Biologia Molecular no tratamento direcionado Pág. 14 07 GIRO PELO HOSPITAL 09 PERSONAGEM HAOC Dr. Roberto Santin, ortopedista por vocação 10 e 11 ENTREVISTA Política de Relacionamento Médico 15 e 16 17 22 Integração Médica COMO EU TRATO Trombose Venosa Profunda LIVRARIA Truque ou tratamento TEMPO LIVRE Dr. Roberto Santin, ortopedista por vocação 23 24 e 25 26 e 27 30 31 a 33 Dra. Claudia Regina Suguiuti e sua paixão pela corrida RESPONSABILIDADE JURÍDICA Judicialização da saúde REVISÃO SISTEMÁTICA Controle Glicêmico Intra-Hospitalar ARTIGO INTERNACIONAL Identificando infecção pelo Helicobacter pylori: papel do Patologista COMISSÃO DE BIOÉTICA Bioética Hospitalar e Educação REUNIÕES CIENTÍFICAS Cirurgia Robótica no Hospital Alemão Oswaldo Cruz I Simpósio de Hipertensão e Arritmias Cardíacas Profilaxia para Tromboembolismo Pulmonar e Trombose Venosa Profunda EDITORIAL DESENVOLVIMENTO PERMANENTE C om um trabalho desenvolvido paulatinamente, sempre amparado no entendimento e na contribuição do nosso Corpo Clínico, o Hospital Alemão Oswaldo Cruz acaba de alcançar uma nova etapa de fortalecimento institucional. Depois de significativos avanços, decorrentes dos Fóruns Médicos realizados no ano passado, o Hospital iniciou um robusto trabalho de promoção de melhorias, que lhe permitiu evoluir em diversos aspectos e de maneira muito consistente. Com o lançamento do Programa de Desenvolvimento Médico, a inauguração da nova Área de Relacionamento e a realização da edição de 2014 dos Fóruns, continuaremos progredindo rumo aos nossos objetivos de crescimento e desenvolvimento sustentável. Dr. Mauro Medeiros Borges Superintendente Médico QUANDO A PARTICIPAÇÃO SE TRANSFORMA EM AÇÃO A o obsevar minha agenda de trabalho como Diretor Clínico, noto que existem muitos compromissos, muitas reuniões, entretanto, não é frequente que colegas nossos marquem para falar com o Diretor Clínico, expondo problemas, fazendo críticas e sugestões. Por incrível que pareça, esses encontros em geral acontecem de maneira muito informal pelos corredores do Hospital. É óbvio que um Diretor Clínico de um grande Hospital como o nosso tem que estar sempre disponível a todos e em todas as horas possíveis, mas esta chamada “falta de participação oficial” é algo próprio de nossa classe e vinculada a características culturais de nosso país. Mas a meu ver isto gera um vácuo de opiniões que sabidamente irão impactar em nossa política assistencial, afetando o dia a dia dos médicos. Não me canso de realçar os Fóruns de debates, que nós organizamos junto com a Administração, como um exemplo do inicio de mudanças profundas em nosso Hospital, onde as ideias, sugestões e críticas foram debatidas livremente, gerando, ao final, modificações positivas. Isto é o maior determinante de quando a participação se transforma em ação. Por isso, participem das atividades do nosso Hospital. Só assim estaremos fortalecendo e nos unindo, só assim conseguiremos criar ações positivas e transformadoras. Dr. Marcelo Ferraz Sampaio Diretor Clínico edição 18 • Jan/ Fev/ Mar • 2014 Visão Médica 3 GIRO PELO HOSPITAL Novo microscópio cirúrgico entra em funcionamento E m fevereiro, o Centro Cirúrgico do Hospital Alemão Oswaldo Cruz ganhou mais um reforço de peso: o novo Microscópio Pentero. Com a aquisição do equipamento, que já está em funcionamento, a Instituição reafirma o compromisso com a atualização constante de seus recursos tecnológicos, e com as melhores condições para a prática médica e o atendimento a seus pacientes. “Com Sistemas de Florescência Intraoperatória Infrared 800 e Blue 400, o microscópio, utilizado em cirurgias de grande porte, como procedimentos de coluna e neurocirurgia para ressecção de tumores, representa mais segurança e precisão em intervenções deste tipo. Com capacidade para ampliar imagens em até trinta vezes, melhor definição de células cancerígenas e a possibilidade de realizar videoangiografias de aneurismas, o novo equipamento foi, sem dúvida, uma aquisição muito importante. Além disso, com rodízios próprios, que conferem mobilidade ao equipamento, o microscópio poderá ser utilizado em qualquer uma de nossas salas cirúrgicas”, explica Bruno Distrutti Querino, Supervisor de Engenharia Clínica do Hospital. Difusão Internacional O Instituto de Educação e Ciências em Saúde (IECS) teve dois de seus estudos veiculados em publicações internacionais nos últimos meses. O primeiro foi a público nos Cadernos de Saúde Pública, sob o título ‘Efficacy and safety of idursulfase therapy in patients with mucopolysaccharidosis type II with and without comparison to placebo: systematic review and meta-analysis’. Já o outro estudo, entitulado ‘Multivariate meta-analysis of the association of G-protein beta 3 gene (GNB3) haplotypes with cardiovascular phenotypes’, publicado em janeiro de 2014 na ‘Molecular Biology Reports’, foi uma colaboração internacional encabeçada pela Unidade de Avaliação de 4 Visão Médica Tecnologias em Saúde (UATS) do IECS, envolvendo pesquisadores do Brasil, China, Grécia, Japão e Alemanha. “Este estudo teve início em 2011 e, nele, conseguimos dados de mais de 16 mil participantes dos cinco países - dados em nível individual de paciente. Depois, desenvolvemos uma metodologia de meta-análise para um contexto mais complexo, com múltiplos desfechos correlacionados. O objetivo foi estudar a influência de polimorfismos genéticos no risco de hipertensão essencial, obesidade, sobrepeso e níveis de pressão sistólica e diastólica”, explica Dr. Tiago Pereira, pesquisador e coordenador da UATS. edição 18 • Jan/ Fev/ Mar • 2014 GIRO PELO HOSPITAL Novo e próximo T udo pronto para o início das atividades da nova área de Relacionamento Médico. Passado o período de adaptações estruturais, o espaço já está aberto ao Corpo Clínico. “Já a partir de março, a atualização dos dados e o cadastramento de novos médicos, que temporariamente estavam sendo realizados no mezanino do Bloco A, por exemplo, poderão ser efetuados neste novo espaço, anexo ao estacionamento do Bloco E. Os médicos poderão contar com uma série de recursos e serviços pensados para dinamizar seu dia a dia, desde o momento de sua entrada ao Hospital”, explica Dra. Fabiane Cardia Salman, Gerente de Relacionamento Médico. Além da Dra. Fabiane, na nova área, em que também funcionará uma Ouvidoria exclusiva para os médicos, atuarão a enfermeira Fernanda Maria Sardinha, Coordenadora de Relacionamento, dois analistas e dois assistentes administrativos. Outro destaque é o trabalho dos quatro agentes de relacionamento, que têm o papel de facilitar os agendamentos, intermediar contatos necessários, além de fazer visitas periódicas aos consultórios dos médicos. Dr. Mauro Medeiros Borges, Superintendente Médico do Hospital, explica que a iniciativa é resultado de um mo- edição 18 • Jan/ Fev/ Mar • 2014 vimento iniciado nos Fóruns Médicos, realizados em 2013. “Partindo dos encontros, em que a Instituição dedicou-se a ouvir as necessidades e anseios dos médicos, criamos um primeiro ciclo de melhorias que, assim como este novo espaço, visa o aprimoramento dos serviços disponibilizados ao nosso Corpo Clínico e a institucionalização de uma série de rotinas”, explica. A nova área favorece o relacionamento entre os médicos e Administração do Hospital, criando um ponto de contato rápido e simples. “Acho que as palavras que sintetizam a criação, a gestão e todas as etapas desta nova proposta de relacionamento são transparência e parceria. A primeira, devido à proximidade, que permite uma relação franca e direta entre Corpo Clínico e Instituição, e a segunda, porque a ideia por trás de todo este trabalho é a de construir o melhor Hospital juntos”, afirma Dra Fabiane. Visão Médica 5 GIRO PELO HOSPITAL O Passado Vivo Médicos do Corpo Clínico em frente à antiga entrada principal do Hospital. Otorrinolaringologistas do Hospital lançam livro sobre Cirurgias para Apneia do Sono E m novembro, durante a 43ª edição do Congresso Brasileiro de Otorrinolaringologia, os Drs. José Antonio Pinto e Nelson Colombini, ambos do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, lançaram o livro ‘Ronco e Apneia do Sono – Técnicas Cirúrgicas Avançadas’. “Com manifestações de asfixia, despertar recorrente e diminuição da oxigenação, a apneia obstrutiva do sono é uma doença de grande impacto e efeitos muito perigosos. Além de comprometer de forma significativa a qualidade de vida das pessoas, levando-as a um estado de sonolência extrema, fadiga, dificuldade de concentração e irritabilidade, por exemplo, pode provocar sérias consequências sobre o sis- 6 Visão Médica tema cardiovascular, neurológico e comportamental. Hoje, além do tratamento clínico e mudanças comportamentais, como a prática de exercício e a perda de peso, contamos com o resultado de um significativo avanço nas cirurgias esqueléticas e robóticas. É exatamente sobre esta evolução que o livro trata”, explica Dr. José Antonio. De acordo com o Otorrinolaringologista, a obra, que já está disponível nas principais livrarias do País, sintetiza seus mais de 20 anos de experiência no tratamento da apneia obstrutiva do sono, atualizando informações sobre métodos, contidas em publicações anteriores, com foco na eficácia de procedimentos e, sobretudo, na topografia das vias respiratórias. edição 18 • Jan/ Fev/ Mar • 2014 GIRO PELO HOSPITAL Por dentro do Hospital N o dia 28 de janeiro, um grupo de 16 profissionais recém-cadastrados no Hospital Alemão Oswaldo Cruz inaugurou nova iniciativa da Instituição pensada especialmente para o Corpo Clínico: a Integração Médica. Com a participação de representantes das áreas de Relacionamento Médico, Assistência, Desenvolvimento Institucional, Serviço de Controle de Infecções Hospitalares (SCIH), Educação Corporativa, entre outros, estes novos membros do Corpo Clínico puderam entender estrutura funcional, histórico, missão, visão e valores da Instituição, assim como os Programas de Relacionamento Médico e de Qualidade e Segurança Institucional, os planos para o desenvolvimento organizacional e outros assuntos considerados primordiais para a prática médica no Hospital. “Esta integração realizada com os novos médicos é um projeto que já vínhamos desenvolvendo e que, agora, pudemos colocar em prática. As informações, que podem suportar a tomada de decisões quanto ao uso de nossa estrutura, ou mesmo para a manutenção da segurança do médico e dos pacientes, além de um conjunto de dados, relacionados a serviços e benefícios, oferecem uma base importante para a atuação no Hospital e proporcionam um contato importante com nossa cultura organizacional e com toda a proposta de desenvolvimento com que, agora, a Instituição está trabalhando”, explica Dra. Fabiane Cardia Salman, Gerente de Relacionamento Médico. Bem avaliada pelos primeiros participantes, a Integração Médica faz parte do processo de cadastro médico, e deverá manter-se com regularidade e com a adição de novos conteúdos para beneficiar os novos membros do Corpo Clínico. “Esta interação inicial, que conta com a participação de diversas áreas, está totalmente alinhada à proposta de manter o relacionamento estreito entre Corpo Clínico e Administração. As portas ficarão abertas para os médicos já no momento de seu ingresso e, por isso, queremos que todos saibam o que o Hospital tem a oferecer tanto para o médico quanto aos seus pacientes”, conclui. edição 18 • Jan/ Fev/ Mar • 2014 Visão Médica 7 DIA A DIA DO MÉDICO/ QUAL É A SUA OPINIÃO? Em dia com o IRPF A partir do mês de março, inicia-se mais um ciclo da declaração do Imposto de Renda Pessoa Física (IRPF). E para auxiliar aqueles que estão obrigados a declarar, preparei algumas dicas para tornar a declaração mais simples e, ao mesmo tempo, evitar erros comuns, mas que podem levar à malha fina. 1- Encontre a declaração do ano anterior e utilize-a como referência. 2- Organize comprovantes de rendimentos, despesas dedutíveis (assistência médica e odontológica, contribuições previdenciárias, domésticas, despesas com instrução, previdência privada, despesas médicas e pensão alimentícia, por exemplo), aquisição ou venda de bens móveis e imóveis, rendimentos e gastos oriundos de trabalho profissional autônomo, rendimentos com locação, rendimentos do exterior, aplicações financeiras, por exemplo, referentes ao ano calendário 2013, além da relação de dependentes. 3- Elabore simulações com as informações coletadas, para escolher o melhor tipo de declaração para o seu perfil de contribuinte (simplificada ou completa). Com esta preparação prévia, logo que o programa gerador do IRPF for disponibilizado para download e instalação, será possível escolher o melhor modelo e realizar o preenchimento de todas as informações relacionadas ao ano calendário com toda a tranquilidade, antes de enviar à Receita Federal. O planejamento antecipado evita a ausência de documentos ou mesmo erros causados por esquecimento e pressa. Se necessário um modelo complexo, que contemplem declarações de atividade rural, ganhos de capital, renda variável ou moeda estrangeira, por exemplo, a recomendação é a de procurar um especialista em legislação tributária, para que ele possa apoiar a elaboração, já que este processo, geralmente, exige um trabalho técnico de apoio. Celso Hideo Fujisawa [email protected] (11) 3469-8788 / (11) 99975-1186 Qual é a sua opinião? Caso relatado pelos Drs. Flávio Duarte Silva, Carlos Homsi, Liliana Cavalcanti Zamperin, Fernando Bernades Ferreira, Maria Antonieta Trevizan de Alvarenga Oliveira, Milena da Rocha e Souza e Marco Tulio Gonzales, do grupo de radiologia musculoesquelética. Paciente do sexo feminino, 26 anos, bióloga, chegou ao Pronto Atendimento relatando dor intensa no punho direito há um dia, limitando a movimentação articular. Ao exame físico, havia sinais flogísticos, principalmente edema. Solicitou-se, então, estudo radiográfico e ultrassonográfico do punho. Resposta na pág. 27 8 Visão Médica edição 18 • Jan/ Fev/ Mar • 2014 PERSONAGEM HAOC Ortopedista por vocação É possível que, no final dos anos 30, Attilio e Palmyra nem desconfiassem que seu pequeno filho, Roberto, um dia deixaria o município de Bebedouro. Contudo, nos tempos de colégio, a paixão do menino pelas aulas de Biologia já demonstravam um interesse bastante consistente pelo caminho que, anos mais tarde, escolheu trilhar profissionalmente: a Medicina. É possível que, graduado em 1965 pela Faculdade de Medicina da USP, em Ribeirão Preto, o então Dr. Roberto Attilio Lima Santin, que partia para uma cidade um pouco mais distante, também não desconfiasse, mas em busca da especialização de seus sonhos, acabaria encontrando uma vocação. “Segui para São Paulo com o objetivo de me especializar em Cirurgia Geral e, depois disso, voltar para o interior. Neste período, me inscrevi para concursos na FMUSP e na Santa Casa e, enquanto aguardava, encontrei um colega de Ribeirão Preto que, naquele momento, cursava o segundo ano de sua Residência Médica em Ortopedia na Santa Casa. Acompanhado por ele, conheci o Pavilhão ‘Fernandinho Simonsen’, como é conhecido o Departamento de Ortopedia, bem como a estrutura e os professores. Fiquei muito impressionado com o que vi e ouvi e, então, decidi abraçar a especialidade”, lembra Dr. Santin. Residente aplicado que, tempos depois, apoiou o departamento como monitor de alunos da faculdade, e integrou a equipe de Ortopedia da Santa Casa, Dr. Santin garante que aqueles foram anos de um aprendizado fundamental. “Felizmente tive vários professores que me inspiravam. Entre tantos, não poderia deixar de citar os Profs. Drs. José Soares Hungria Filho, Waldemar de Carvalho Pinto Filho, Orlando Pinto de Souza, Orlando Graner e o Dr Bartolomeu Bartolomei, que era um cirurgião excepcional. Cada um, dentro de suas características, marcou minha vida como médico e agradeço a eles do fundo do coração”, revela. Com atuação em grandes hospitais de São Paulo, Dr. Santin estabeleceu-se no Hospital Alemão Oswaldo Cruz a convite de um grande personagem na história da Instituição. edição 18 • Jan/ Fev/ Mar • 2014 Dr. Roberto Attilio Lima Santin, “No ano de 1980, minha primeira esposa precisou permanecer internada aqui no Hospital por um longo período, depois do qual ela faleceu. Na época, o Diretor Clínico era o Dr. Evaldo Foz que, sempre muito gentil, nos visitava diariamente. Conversávamos sobre tudo, inclusive sobre uma mudança pela qual a equipe ortopédica acabara de passar. Depois de alguns meses, um time composto por mim e pelos Drs. Elio Consentino e Sergio Rudelli iniciava o atendimento no Hospital”, recorda. Com 34 dos seus quase 50 anos de Medicina dedicados ao Hospital, dez deles à frente de sua Diretoria Clínica, Dr. Santin testemunhou diversas transformações, tanto na área da Ortopedia, quanto na atuação da Instituição. Por isso, afirma com propriedade que todas elas ocorreram com um denominador comum: o bem-estar do paciente. “Na minha área, por exemplo, algumas alterações se deram de forma tão radical que, não seria difícil afirmar que, a Ortopedia praticada hoje em dia, menos invasiva e com base mais científica, é totalmente diferente da que aprendíamos antes. Por isso, todo o trabalho realizado no Hospital, incluindo os projetos e serviços da nossa equipe de Ortopedia e Traumatologia, continua evoluindo com foco na manutenção da medicina de alto nível, competente, atualizada, mas sempre preservando o acolhimento e a humanização como marcas registradas de nosso Hospital”, conclui o médico. Visão Médica 9 ENTREVISTA Foco no desenvolvimento médico e institucional Dr. Mauro Medeiros Borges 10 Visão Médica edição edição17 18••Out/ Jan/ Nov/ Fev/ Mar Dez • 2013 2014 ENTREVISTA P roduto de um projeto de aperfeiçoamento, o Programa de Desenvolvimento Médico, lançado já no início de 2014, representa um passo adiante com relação à estratégia de expansão institucional e valorização profissional criada pelo Hospital Alemão Oswaldo Cruz. Entrevistado pela Visão Médica, Dr. Mauro Medeiros Borges, Superintendente Médico do Hospital, explica sobre a nova metodologia que, baseada em meritocracia assistencial e científica, reconhecerá os médicos que contribuem para a promoção da Instituição, por meio de benefícios e oportunidades. Visão Médica: O que é o Programa de Desenvolvimento Médico do Hospital Alemão Oswaldo Cruz? Dr. Mauro Medeiros Borges: Após ouvirmos o Corpo Clínico nos Fóruns Médicos, entendemos que uma das principais demandas era ter uma política clara e objetiva. O Programa de Desenvolvimento Médico é reflexo disso, buscando reconhecer o médico e ajudá-lo no seu desenvolvimento profissional. Para definir a metodologia utilizada, buscamos modelos em hospitais de referência tanto no Brasil quanto em outros países, adaptando para um Programa que refletisse o desejo do Corpo Clínico. Essa metodologia é baseada em escala de pontos, de acordo com três critérios de avaliação: desempenho assistencial (internações, atendimentos e cirurgias, qualidade com que pratica a Medicina), acadêmico (titulação, pesquisas, participação em congressos, publicação de livros ou mesmo artigos em revistas científicas nacionais e internacionais, sempre identificando-se como médico da Instituição) e atuação de acordo com os indicadores de qualidade do Hospital. Os médicos precisam apresentar tais evidências à área de Relacionamento Médico e, a cada três meses, receberão feedback de sua pontuação. ao final de cada ano, os médicos serão avaliados de acordo com a pontuação alcançada. Dependendo do resultado, o médico receberá um percentual deste fundo para investir em seu desenvolvimento profissional, seja com aquisição de equipamentos para o consultório, participação em congressos e realização de atividades acadêmicas e projetos de pesquisa. Visão Médica: Todos os membros do Corpo Clínico poderão aderir ao Programa? Dr. Mauro Medeiros Borges: Sim. Todos os médicos do Hospital estão inscritos, mas precisarão comparecer à nova área de Relacionamento Médico para apresentar a documentação necessária até dia 30 de abril. Visão Médica: E qual a expectativa dos médicos com esta nova proposta de desenvolvimento? Dr. Mauro Medeiros Borges: A melhor possível. A partir de agora, além de uma moderna estrutura de trabalho, do apoio de nossa reconhecida equipe Assistencial e da nova área de Relacionamento Médico, criada para facilitar o dia a dia, nossos médicos terão apoio para buscar seu desenvolvimento, reforçando a divulgação do nome do Hospital. Além disso, como benefício adicional, aqueles que alcançarem as melhores pontuações terão preferência para, no futuro, integrar as equipes de nossos Serviços e Departamentos, de acordo com o critério de meritocracia. Assim, posso dizer que o trabalho que começa agora, visa o futuro, tanto para a Instituição quanto para nossos profissionais. Visão Médica: Como será este apoio Institucional? Dr. Mauro Medeiros Borges: O Hospital criou um fundo, que corresponde a uma porcentagem do faturamento anual, para subsidiar esta iniciativa. Então, edição 18 • Jan/ Fev/ Mar • 2014 Visão Médica 11 INSTITUTO DE EDUCAÇÃO E CIÊNCIAS Apoio e especialização C oordenado pelo Hospital Alemão Oswaldo Cruz, em parceria com o Ministério da Saúde e os Hospitais do Coração (HCor) e Samaritano, o Programa de Formação de Preceptores em Residência Médica avança para uma nova etapa. Às vésperas de formar sua primeira turma, a iniciativa integra o Programa de Desenvolvimento Institucional do Sistema Único de Saúde (PROADI-SUS) e busca contribuir para o aperfeiçoamento de programas de residência em todo o País. O segundo ciclo de capacitação será iniciado já no primeiro semestre de 2014 e com um número de vagas 30% maior – ao todo, serão 180. De acordo com Dr. Andrea Bottoni, Coordenador de Educação Médica do Instituto de Educação e Ciências em Saúde (IECS) e que responde também pela coordenação Geral do Programa, a residência médica é uma modalidade de ensino de pós-graduação fundamental para a consolidação da formação profissional e a especialização médica, por isso, o trabalho de preceptoria tem importância fundamental. “O preceptor, médico responsável pelo treinamento em serviço, precisa reunir características que vão além da competência em sua área de atuação. Além de ético, crítico e capacitado para formar profissionais em serviço, o preceptor necessita de uma visão crítica sobre seu papel como educador”, explica. Por isso, de acordo com o Coordenador, o objetivo do curso, desenvolvido em um modelo de Educação à Distância (EaD) e com carga horária de, aproximadamente, 80 horas/aula, é o de transferir conhecimento por meio de conteúdos que auxiliem na capacitação e no desenvolvimento das competências fundamentais para o preceptor da residência médica em todo o País. 12 Visão Médica Estruturado em quatro módulos – para que os participantes tenham a oportunidade de realizar o diagnóstico situacional de um programa de residência médica; elaborar planejamentos; gerenciar programas ou estágios; além de elaborar processos de educação permanente –, o curso dispõe de dois coordenadores pedagógicos, 13 tutores e uma equipe composta por representantes dos três Hospitais e do Ministério da Saúde, que supervisiona o desenvolvimento do Programa. De acordo com Dr. Andrea, reconhecendo a dinâmica da educação em Saúde, coordenadores e tutores reúnem-se periodicamente, para realizar o planejamento dos módulos, assim como para promover alinhamentos, ajustes e melhorias. “Todo este processo foi planejado para alavancar o desenvolvimento do preceptor, compartilhando nossa experiência acadêmica em Saúde e contribuindo para a formação de outros profissionais e, indiretamente, para a melhoria da assistência à saúde oferecida à população e fortalecimento do SUS”, conclui Dr. Andrea. 14 Fev/ • Janeiro ediçãoedição 18 • Jan/ Mar • 2013 2014 INSTITUTO DE EDUCAÇÃO E CIÊNCIAS Hospital lança curso em Gestão de Organizações de Saúde O Hospital Alemão Oswaldo Cruz, em parceria com a HSM Educação, acaba de lançar um novo MBA em Gestão de Organizações de Saúde. Parte do Programa de Pós-Graduação Lato Sensu do Instituto de Educação e Ciências em Saúde (IECS), o curso tem o objetivo de contribuir para a formação de profissionais, qualificando-os para que atuem como líderes e gestores capazes de contribuir para a sustentação e crescimento das organizações de saúde, desenvolvendo uma visão empreendedora para atuação no mercado competitivo e complexo dos sistemas de saúde do Brasil. Com duração de 18 meses, o curso terá início já na segunda quinzena de abril e conta com a experiência de duas marcas fortes na formação executiva e da saúde. De um lado, o Hospital que, além de reconhecido pelo Ministério da Saúde como um dos seis Hospitais de Excelência do Brasil e acreditado pela Joint Commission Internacional (JCI), tem avançado com programas educacionais e de pesquisa desenvolvidos por profissionais com larga experiência na área. De outro, a HSM que, com a expertise de mais de 25 anos de atuação na área e em práticas inovadoras em gestão, tem capacitado seus alunos a desenvolver uma visão estratégica sobre pessoas, processos, tendências e negócios. Desenvolvimento Sustentável À frente da iniciativa, como Coordenador do curso, Dr. Jefferson Gomes Fernandes, Superintendente de Educação e Ciências do Hospital, explica que a proposta pedagógica busca proporcionar uma experiência de aprendizado global e contemporânea, com participação ativa dos alunos. “Além das aulas, ministradas por professores com experiência na área da saúde, da rede de relacionamento que permite criar, o MBA oferecerá acesso a conteúdos exclusivos desenvolvidos por experts do management mundial. Os alunos poderão participar de eventos da HSM e contam ainda com ambiente virtual para troca de conteúdos e o Collaborative Book, um livro digital com conteúdo atual e exclusivo usado na preparação das aulas.” Com carga horária total de 556 horas, o curso será ministrado nas estruturas do IECS e da HSM Educação, com aulas nas sextas-feiras, das 18h30 às 22h50, e em sábados alternados, das 8h às 12h40. “Para incentivar o aperfeiçoamento de nossos profissionais, fazendo com que este conhecimento permeie os processos e o desenvolvimento sustentável da Instituição, concederemos condições especiais aos colaboradores e médicos do Corpo Clínico do Hospital interessados em participar do curso”, explica Dr. Jefferson. Para mais informações sobre o processo seletivo, investimento e matrículas entre em contato pelo telefone (11) 4689-6620 ou pelo e-mail [email protected]. edição 18 • Jan/ Fev/ Mar • 2014 Visão Médica 13 EXAMES LABORATORIAIS Carcinoma pulmonar de não pequenas células: contribuição da Biologia Molecular no tratamento direcionado Assessoria Médica – Grupo Fleury Dr. Ismael Dale Cotrim Guerreiro da Silva e Dr. Gustavo Arantes Rosa Maciel A companhando os avanços na Genética e na Biologia Molecular dos tumores, o laboratório Fleury já disponibiliza testes que permitem a identificação de mutações no gene do receptor do fator de crescimento epidérmico (EGFR), no gene KRAS (Kirsten Rat Sarcoma), bem como a detecção de 17 diferentes tipos de fusões em EML4-ALK. Com o desenvolvimento de fármacos alvo-específicos, o tratamento de alguns tumores malignos de grande incidência possui, agora, novas ferramentas terapêuticas. Seguindo-se ao lançamento do Trastuzumab, anticorpo capaz de inativar a proteína codificada pelo gene HER-2 no câncer de mama, outros fármacos direcionados a alvos genéticos específicos foram desenvolvidos, com resultados já documentados no tratamento de algumas neoplasias, como o câncer de pulmão. Entre esses medicamentos, destacam-se os inibidores da tirosinoquinase do EGFR que, para a sua correta indicação, necessitam da pesquisa de mutações nos genes EGFR e KRAS no respectivo tumor. O carcinoma de pulmão de não pequenas células (NSCLC) é o tipo mais comum de câncer de pulmão e indivíduos com esse tumor, que apresentam mutações ativadoras no domínio de tirosina quinase do EGFR, podem se beneficiar do tratamento com tais fármacos. O receptor do fator de crescimento epidérmico 14 Visão Médica (EGFR) regula uma via de sinalização autócrina envolvida em grande número de processos relacionados ao desenvolvimento neoplásico, como proliferação celular, apoptose, angiogênese e disseminação metastática. Desse modo, o reconhecimento das mutações ativadoras do EGFR é determinante em predizer a resposta do tumor a essas novas drogas. O teste realizado por PCR em amostras de tecido tumoral emblocado em parafina, em tempo real, detecta as mutações mais frequentes nos éxons 18 a 21 do gene EGFR, tem aprovação do FDA (Food and Drug Administration), assim como da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), e é capaz de identificar mutações em amostras de tecido com apenas 5% dos alelos tumorais mutados. Ainda no contexto do tratamento do NSCLC com medicamentos que têm como alvo o EGFR, a determinação de mutações no gene KRAS tem também implicações relevantes. A presença de mutações nos códons 12 e 13 desse gene está associada à resistência aos tais medicamentos. Assim sendo, o teste é útil em pacientes com NSCLC elegíveis ao uso dos inibidores do EGFR. Por fim, as mutações do tipo fusão que ocorrem entre o gene EML4 (EchinodermMicrotubule-Associated Protein-Like4) e o gene ALK (AnaplasticLymphomaKinase), quando presentes, indicam o uso de inibidores da atividade da tirosinoquinase de ALK com bons resultados. edição 18 • Jan/ Fev/ Mar • 2014 COMO EU TRATO Trombose venosa profunda Dr. Henrique Jorge Guedes Neto Dra. Daniela Mina Fukasawa Dr. Luis Gustavo Schaefer Guedes Definição D oença caracterizada pela formação aguda de trombos em veias profundas do organismo, acometendo, mais frequentemente, membros inferiores ou superiores. Quadro clínico Depende da extensão da trombose e das veias acometidas, podendo ter apenas manifestações locais; em casos de maior gravidade, com manifestações sistêmicas, tais como hipotensão e até choque. As manifestações locais geralmente são edema do membro, assimetria com o membro contralateral, dor e empastamento muscular. Importância da doença e incidência Apesar da TVP causar certo desconforto ao paciente, maior importância dá-se a sua complicação, que é a embolia pulmonar (EP), com manifestações variadas, desde um cansaço até a morte súbita. Além disso, a TVP tem uma complicação não mortal, mas que traz grandes repercussões socioeconômicas, com afastamento do trabalho e baixa qualidade de vida, que é a síndrome pós-trombótica, grave insuficiência venosa crônica decorrente de uma trombose aguda prévia. Cerca de 28% dos pacientes com TVP evoluem para quadros de pernas inchadas, varizes graves de membros inferiores e úlceras venosas, o que os afasta de suas atividades laborais. Por fim, outro desfecho não letal da TVP é a hipertensão pulmonar secundária a EP, que causa alta morbidade e também baixa qualidade de vida. A incidência da TVP é de cerca de 60 para cada 100.000 habitantes no Brasil, taxa considerada alta, sendo uma afecção decorrente, em geral, de doenças clínicas ou cirúrgicas, podendo ocorrer também de forma espontânea, em pessoas até então consideradas hígidas. edição 18 • Jan/ Fev/ Mar • 2014 Patogenia do trombo Virchow, em 1856, dissertou que a formação de trombo dentro de um vaso está relacionada com a alteração de três fatores primordiais: lesão endotelial, estase sanguínea e aumento da viscosidade sanguínea, sendo que a associação de um ou mais fatores implica maior probabilidade de trombose. Na prática diária, é possível identificar várias condições em que esses fatores estão aumentados, como o trauma ou injeções, que causam lesão endotelial; cirurgias longas ou imobilismo, favorecendo a estase sanguínea; além das trombofilias e neoplasias malignas, aumentando a crase sanguínea. Talvez seja todo esse conjunto de fatores que causem uma incidência tão alta de TVP na população e a torne uma doença tão comum. Fatores de risco A TVP é considerada uma doença multicausal, que associa fatores genéticos, como aqueles das doenças de trombofilia hereditárias, a fatores ambientais, como estilo de vida. O resultado dessa interação é que a TVP pode acometer pessoas de todas as idades e, por isso, é importante estarmos atentos aos diversos fatores de risco para o desenvolvimento de um trombo. São fatores consideráveis de risco para TVP: idade avançada (pela alteração da parede venosa e consequente estase sanguínea), imobilização, TVP prévia, obesidade (diminuição da atividade fibrinolítica intrínseca), varizes de MMII, duração e porte da cirurgia (maior risco se a cirurgia for mais longa que 30 minutos), tipo de anestesia (geral traz maior risco), infecção, câncer, quimioterapia, insuficiência cardíaca, insuficiência renal, gravidade da doença de base, gravidez e puerpério e uso de hormônios (anticoncepcionais ou reposição hormonal feminina). Visão Médica 15 COMO EU TRATO Diagnóstico Deve ser realizado a partir da anamnese e exame físico que gerem alto índice de suspeita clínica, seguido de exames complementares. Na anamnese, levam-se em consideração os fatores de risco anteriormente citados, especialmente imobilismo e cirurgias nas últimas quatro semanas, associada a dores nos trajetos de veias profundas, edema do membro, com assimetria contralateral e dilatação de veias superficiais. No exame clínico, pode-se observar edema, cianose das extremidades, dor à palpação muscular e de trajetos venosos, Sinal de Homans positivo (dor muscular à dorsiflexão passiva do pé), empastamento muscular e Sinal da Bandeira (endurecimento da panturrilha, que não se mobiliza naturalmente). É importante citar os dois quadros mais dramáticos da TVP, de baixa incidência, porém muito graves – flegmasia cerúlea dolens (trombose íleofemoral extensa e de vasos colaterais, com edema intenso e cianose, associado a dor lancinante no membro) e flegmasia alba dolens (trombose íleofemoral extensa com dor, palidez e sinais de isquemia por vasoespasmo arterial). Infelizmente o exame clínico isolado tem baixa sensibilidade, sendo rotineiramente necessária a realização de exames complementares. É possível a realização de diversos exames que auxiliam no diagnóstico, tais como dosagem de dímero D, flebografia, angiotomografia contrastada e outros; porém, o mais acessível, prático e não invasivo, por isso recomendado, é o ultrassom venoso em modo B associado ao color Doppler. Caso haja um alto índice de suspeita clínica e ultrassom inicial negativo, deve-se iniciar o tratamento e repetir o exame em três a sete dias. Neste momento, em alguns casos, pode-se utilizar a flebografia, lembrando ser um exame invasivo e com uso de contraste. Quando a causa da trombose não é aparente (cirurgia, trauma ou imobilismo), é mandatória a pesquisa de neoplasias ou doenças hereditárias da coagulação. Freqüentemente, TVP é a primeira manifestação de uma neoplasia oculta. Tratamento Realiza-se com medicamentos anticoagulantes, associado a compressão elástica e drenagem postural. A heparina é a medicação de escolha no tratamento da TVP, que pode ser não fracionada (HNF), por via intravenosa ou subcutânea (SC) ou a heparina de baixo peso molecular (HBPM), por via SC. A heparina pode causar plaquetopenia e, por isso, a dosagem de plaquetas se faz necessária a cada três dias. Habitualmente recomendamos o uso da HBPM, a uma dose de 16 Visão Médica 1 mg/kg a cada 12 horas, exceto quando o paciente tem insuficiência renal, em que é recomendado o uso da HNF. Deve-se associar a antivitamina K (varfarina) por cinco dias com a HBPM e, para a manutenção do tratamento ambulatorial, apenas a varfarina, por um período de três a seis meses, controlada por um índice de tempo de protrombina (TP), com INR entre 2 e 3. A meia elástica é obrigatória para melhorar a sintomatologia e diminuir a síndrome pós-trombótica, com compressão de 30 a 40 mmHg e ajustada ao tamanho da extremidade. A drenagem postural com elevação do membro na fase inicial pode diminuir bastante o edema e trazer conforto e melhora da dor. Deve-se informar o paciente que, nos primeiros dias, existe a possibilidade de certa cianose (dor ao se colocar o pé no chão), mas que esse desconforto vai diminuindo com o passar dos dias. O uso de fibrinolíticos via cateter é de uso restrito, apenas em casos de flegmasia, com indicação bem individualizada. O filtro de veia cava deve ser indicado apenas na recorrência de TVP e EP, mesmo na vigência de anticoagulação adequada e comprovada, ou nos casos de TVP proximal com contraindicação de anticoagulação plena. Existe hoje no mercado um grupo de novos anticoagulantes, que tem despertado grande interesse pela promessa de não necessitar de controle laboratorial e sua administração ser oral. No entanto, sua eficácia comprovada cientificamente, com segurança, reside apenas na prevenção de tromboembolimia venoso (T.E.V) nas cirurgias de prótese total de joelho e quadril. São elas a rivaroxabana (xarelto R) e a dabigatrana (pradaxa R). Novos estudos e tempo se fazem necessários para a mudança dos conceitos da anticoagulação clássica, porém existem perspectivas infinitas de aprimoramento e obtenção de tratamentos mais cômodos e com menos efeitos colaterais. Referências: 1) Maffei FHA, Rollo. Trombose Venosa Profunda dos membros Inferiores: incidência, patogenia, patologia, fisiopatologia e diagnóstico; Capítulo 107, 4a Edição de Doenças Vasculares Periféricas, Guanabara Koogan – 2008. 2) Maffei FHA, Caiafa JS, Ramacciotti E et AL. Para o Grupo de Elaboração de Normas de Orientação Clínica em Trombose Venosa Profunda da SBACV. Normas de orientação clínica para prevenção, diagnóstico e tratamento da trombose venosa profunda (revisão 2005). Salvador: SBACV; 2005. edição 18 • Jan/ Fev/ Mar • 2014 LIVRARIA Truque ou tratamento? Dr. Stefan Cunha Ujvari Infectologista do Hospital Alemão Oswaldo Cruz N o livro “Truque ou tratamento - Verdades e mentiras sobre a medicina alternativa”, traduzido pela Editora Record, o médico Edzard Ernst e o jornalista Simon Singh apresentam uma ampla revisão sobre diferentes terapias da Medicina alternativa e revelam informações atualizadas e inusitadas sobre esse tema. Priorizando experimentos científicos com rigor estatístico que comprovam ou refutam a eficácia dessas terapias, os autores apoiam-se em na abordagem atual da medicina baseada em evidencias, demonstrando a realidade científica dessas terapias alternativas de maneira clara e, muitas vezes, surpreendente. Desta maneira, o livro consegue unir, de maneira bastante harmoniosa, a história destas práticas aos estudos científicos atuais. O resultado? Leitura agradável e curiosa. As páginas iniciais descrevem esboços de estudos científicos, realizados ao longo de séculos passados. Na época, os idealizadores destes primeiros experimentos nem sonhavam com a possibilidade de seus trabalhos, apesar da ausência de estatística, transformarem-se no esqueleto da metodologia científica dos estudos médicos atuais. Após essa brilhante introdução, o livro destrincha terapias alternativas atuais e descreve, entre outros pontos, a história da descoberta do efeito placebo no início do século XIX, que, muitas vezes, mascarou os resultados científicos da medicina alternativa. As conclusões sobre a acupuntura também trazem revelações inusitadas, mas não apenas sobre os fundamentos da terapia por agulhas. Na leitura é possível entender como fatores políticos e econômicos rechaçaram a prática da acupuntura no Ocidente ainda no século XIX e, da mesma forma, na década de 1970, tornaram a resgatá-la. mas, de maneira surpreendente, foi reavivada no século XX. E sua eficácia? Trabalhos modernos aqui apresentados respondem a pergunta. Os vegetais nos presentearam com inúmeras moléculas terapêuticas que, modificadas pela química, a partir do século XIX, originaram o arcabouço da enorme maioria dos medicamentos atuais. O livro descreve interessantes fatos e curiosidades dessa história. Porém, a pergunta que sempre surge é: a fitoterapia alternativa é eficaz? Os autores respondem o questionamento por meio da medicina baseada em evidencias. Truque ou tratamento - Verdades e mentiras sobre a medicina alternativa Simon Singh & Edzard Ernst Record – 2013 408 páginas R$ 49,90 Esse agradável livro nos atualiza em relação às práticas médicas alternativas partindo de fatos históricos e atuais. As conclusões convencem pelo rigor da revisão científica, tornando o livro prazeroso pelo vasto recheio dos parágrafos históricos. Vale a leitura. A história da homeopatia também é bem descrita, ainda que de maneira resumida, e esclarece o conceito atual desse tratamento. Uma abordagem terapêutica que esmoreceu ao final do século XIX, edição 18 • Jan/ Fev/ Mar • 2014 Visão Médica 17 CAPA Mobilidade Hospital Alemão Oswaldo Cruz inaugura nova fase tecnológica do sistema Tasy 18 Visão Médica edição 18 • Jan/ Fev/ Mar • 2014 CAPA T rês anos depois da implementação do sistema Tasy, o Hospital Alemão Oswaldo Cruz protagoniza uma nova etapa de desenvolvimento deste importante facilitador da gestão assistencial e administrativa. Depois de uma curva de aprendizado, que envolveu Corpo Clínico e demais colaboradores, de uma série de testes, avaliações e, principalmente, da contribuição por parte dos médicos para o aperfeiçoamento do recurso, a Instituição lançou, no mês de janeiro, a primeira versão móvel do sistema. “Desde 2009, quando começamos a realizar pesquisas de mercado para buscar a melhor solução tecnológica, mas principalmente a partir de 2011, quando incorporamos o Tasy como ferramenta completa de gestão, realizamos um trabalho baseado em processos de melhoria.O intuito é sempre tornar o sistema mais amigável para os usuários e compatível às principais necessidades de nossa organização”, explica Denis da Costa Rodrigues, Gerente de Tecnologia da Informação (TI) do Hospital. Resultado desta preocupação constante com o desenvolvimento, mas, sobretudo, da avaliação qualificada dos médicos sobre a ferramenta, o Tasy ganhou, já no início de 2014, um atributo fundamental: a mobilidade. “Ao longo dos Fóruns Médicos, oportunidade em que Administração e Corpo Clínico discutiram possíveis melhorias nos processos que suportam a atuação médica, identificou-se a importância do aprimoramento do Tasy e, mais que isso, a necessidade de ampliar e dinamizar o acesso ao sistema, criando uma plataforma mobile”, lembra Denis. A partir daí, de acordo com o Gerente, o grande desafio relacionava-se à adequação do sistema à nova plataforma, garantindo ainda segurança, navegabilidade e apresentação fiel de dados importantes, como os registros eletrônicos de saúde, para que pudessem ser acessados de maneira simples e rápida em um dispositivo móvel. Pioneirismo Em 2013, com o apoio da empresa Philips, que desenvolveu o aplicativo, adicionando a ele as sugestões de melhoria da equipe de TI, além de auxiliar na implantação, o Hospital iniciou os testes que permitiram o lançamento do recurso. edição 18 • Jan/ Fev/ Mar • 2014 “Mais uma vez, o Hospital Alemão Oswaldo Cruz saiu na frente e foi o primeiro a lançar a versãodo Tasy para iPad. Hoje, outras instituições também estão avançando para o desenvolvimento de plataformas mobile, mas até o momento nenhum alcançou integração com o sistema Hospitalar como a que atingimos aqui”, explica. De acordo com Denis, de olho nesta tendência de ampliação da mobilidade, o projeto foi concebido com a proposta de BYOD (sigla em inglês para ‘Traga seu próprio dispositivo’ - Bring Your Own Device). “Estamos evoluindo para um momento em que o mesmo aplicativo poderá ser utilizado para diferentes instituições. Assim, fazendo uso de seu próprio equipamento, os profissionais terão mais autonomia e, sem dúvida, mais comodidade.” E para garantir o funcionamento do sistema, já no início do ano, um grupo de médicos auxiliou a equipe de TI, utilizando a versão mobile do Tasy para a realização de consultas. A partir da avaliação dos médicos sobre as funcionalidades, foi possível adequar o aplicativo para que ele fosse mais aderente aos processos dos médicos e estivesse pronto para o lançamento oficial, no dia 27 de janeiro. “Ao longo da última semana de janeiro, nossa equipe ficou à disposição do Corpo Clínico no hall de entrada do Bloco E, não apenas para demonstrações sobre aplicação, mas também para a instalação do Tasy nos iPads dos médicos. Ao todo, realizamos 20 seções de treinamento entre os dias 27 e 31 de janeiro”, afirma Denis. Potencial para evoluir Com o trabalho em curso para disponibilizar novas funcionalidades, a equipe de TI do Hospital estuda as próximas etapas e busca avaliações junto aos médicos que já começaram a utilizar a versão do sistema para iPad. Visão Médica 19 CAPA “O aplicativo ainda é parcial. Neste primeiro momento, conta com as funções de prescrição eletrônica, liberada apenas para leitura; evolução, para leitura e edição; consulta de laudos laboratoriais e não laboratoriais, além de sinais vitais e monitorização. Atualmente, além de avaliar a disponibilização de outros recursos, estamos trabalhando para, em breve, permitir o acesso remoto, pelo qual o médico poderá realizar atividades à distância e mesmo orientar equipes médicas e assistenciais que, eventualmente, estejam no Hospital utilizando registros eletrônicos relacionados a seus pacientes. Isso tornará o processo de cuidado mais seguro para todos os envolvidos”, explica. Outra frente importante de trabalho é a avaliação quanto à compatibilidade e a criação de versões para outras plataformas e sistemas operacionais. Como uma evolução natural, a equipe estuda a adequação desta versão mobile do Tasy para a utilização em smartphones e outros tablets. “Assim como desenvolvemos a versão para iPad, com o apoio e a avaliação crítica dos médicos que integram nosso Corpo Clínico, empenharemos esforços para que o Tasy alcance novos dispositivos móveis. Mas esta é uma etapa que trabalharemos no futuro, depois de alcançar o funcionamento pleno de nossa versão para iPad”, esclarece. Dicas para Instalação Com apenas cinco passos, os médicos que não tiveram a oportunidade de participar das demonstrações, realizadas na última semana de janeiro, podem instalar o Tasy em seus iPads de maneira prática e rápida, desde que seu aparelho disponha de uma conta brasileira na Apple Store, iOS (sistema operacional) 6.1 ou superior, além de conexão com a Internet. 1 Acesse a App Store a partir do dispositivo, digite a palavra “TASY’ no campo de pesquisa e, em seguida toque na opção “Buscar”. Toque no ícone Grátis (Free) para iniciar o download. Neste momento, será solicitada a senha do Apple ID. 2 3 Depois de instalado, toque no ícone Abrir (Open) e aceite o Termo e Condições. Depois de receber a mensagem de Boas Vindas, toque em “Continuar”. Em seguida. toque no sinal “+” e, depois, em “Adicionar via QR Code”, a câmera do dispositivo será acionada e deverá ser posicionada pararealizar a leitura do QR Code abaixo. 4 No momento que o QR Code for identificado, surgirá uma mensagem questionando se você deseja adicionar configurações do Hospital Alemão Oswaldo Cruz. Toque na opção “Sim”. 5 Com a Instalação completa, procure o setor de TI do Hospital, para obter a liberação do sistema e utilizar o iPad da rede wifi da Instituição. Em caso de dúvidas, a equipe de TI estará pronta para auxiliar no ramal 0055. 20 Visão Médica edição 18 • Jan/ Fev/ Mar • 2014 CAPA Com a palavra, o usuário “Fui um dos primeiros médicos a testar o aplicativo que o Hospital Alemão Oswaldo Cruz e a Philips proporcionam ao Corpo Clínico e, hoje, a ferramenta já faz parte da área de trabalho do meu iPad. Com esta versão móvel do Tasy, o médico pode observar a evolução dos sinais vitais do paciente, checar exames laboratoriais e de imagem, mesmo fora da unidade de internação. Isto torna o atendimento médico mais rápido e efetivo, resultando na melhoria da assistência ao paciente, pilar fundamental de nossa atuação.” Dr. Américo Cuvello Neto “O aplicativo será muito útil, pois conta com recursos interessantes. A partir de agora, teremos a praticidade de checar exames e acompanhar a evolução do paciente ainda dentro do quarto. Ou seja, ganhamos em agilidade e mobilidade.” Dr. Luis Edmundo Pinto da Fonseca “A iniciativa dá liberdade ao médico de transitar pelo Hospital, acompanhando resultados de exames e o que está acontecendo. Com a facilidade de acesso às informações, ampliamos a agilidade na tomada de decisões. Sou apaixonado por tecnologia e acredito que o Tasy para iPad ficou até mais amigável do que a versão para computador, respeitando, claro, as funcionalidades, que ainda são restritas.” Dr. Mario Gheſter edição 18 • Jan/ Fev/ Mar • 2014 Visão Médica 21 TEMPO LIVRE Veloz e em boa companhia A s primeiras passadas se deram em 1994, ainda como parte de uma rotina de exercícios a que se dedicava nos períodos em que não estava entre os livros e tarefas da Faculdade de Medicina. Eram, como lembra a hoje cardiologista, Dra. Claudia Regina Suguiuti, caminhadas, trotes e pequenas corridas despretensiosas, que serviam mais como aquecimento para outros esportes. Anos depois, contudo, aquelas mesmas passadas ganharam um quê de seriedade. “Em 2007, aceitei participar, junto com um grupo de amigos, de uma prova de revezamento, realizada no Parque do Ibirapuera. Aqueles foram meus primeiros 5 km em uma prova de rua e, apesar da ansiedade e até das dificuldades, foi o suficiente para que a atividade me conquistasse”, lembra. Sete anos depois daqueles primeiros quilômetros, o número de provas já é algo difícil de recordar. “Foram muitas. Não conseguiria dizer quantas. Acho que depois de um tempo, por mais que as boas recordações fiquem, você começa a pensar mais nas que estão por vir.” E é pensando nas corridas que estão pela frente que Dra. Claudia, além dos indispensáveis exercícios de fortalecimento, realiza treinos específicos pelo menos três vezes por semana, sempre com a orientação de um educador físico. De acordo com a cardiologista, este tipo de acompanhamento é fundamental para a performance e, principalmente, para a segurança do corredor, seja ele profissional ou amador. “Não tenho um grande histórico de lesões, mas em abril do ano passado, sofri com um problema na musculatura posterior da coxa, que me afastou dos treinamentos por mais de seis meses. Para um corredor, ficar longe das pistas é algo muito difícil, mas sempre serve como lição. Segui o tratamento e, quando liberada, voltei a treinar com moderação e acompanhamento. Hoje, me sinto muito bem e já estou me preparando para mais um desafio: a Meia Maratona de Madrid, na Espanha.” 22 Visão Médica Com mais de dez meias maratonas, a médica acredita que esta será mais uma experiência inesquecível. “Não sou muito veloz, por isso, provas longas sempre foram as minhas preferidas. Duas delas, por exemplo, têm um lugar muito especial na minha memória. Uma disputada em 2009, no Rio de Janeiro, e que foi a minha primeira Meia Maratona, e outra em 2012, em Nova Iorque (EUA). Esta, além de ser a primeira fora do País, foi a que conclui com em menor tempo – 2h06 –, mesmo parando para tirar fotos do trajeto”, confessa. Exemplo de disposição para colegas e familiares, Dra. Claudia alegra-se com o fato de servir como estímulo para um número cada vez maior de pessoas. “Companhia é o que não falta. Além de um grupo de médicas de que faço parte e que chamamos de ‘Lulu Run’, percebo que o número de corredores aqui no Hospital, também está crescendo. Em março, por exemplo, numa tradicional corrida para mulheres, disputada em São Paulo, teremos um grupo com cerca de dez corredoras, entre médicas e colaboradoras da equipe assistencial que atuam no Centro de Cardiologia Não Invasiva do Hospital. Isso reforça a ideia de que, apesar do esforço individual, a corrida está longe de ser um esporte solitário”, conclui. “A Dra. Claudia é um exemplo da boa convivência entre a competência profissional e o cuidado com a saúde e a qualidade de vida. Uma boa avaliação clínico-cardiológica deve sempre acompanhar os aspirantes a atividades esportivas mais intensas, a partir de uma determinada idade”, comenta Dr. Pedro Graziosi, Diretor do Instituto de Medicina Cardiovascular do Hospital. edição 18 • Jan/ Fev/ Mar • 2014 RESPONSABILIDADE JURÍDICA Judicialização da saúde Sergio Pittelli [email protected] A mudança de concepção segundo a qual as normas constitucionais (ex.: artigo 196) deixaram de possuir caráter meramente programático/ declarativo e assumiram caráter de exigibilidade gerou uma situação nova no Direito. A esta mudança, associou-se a nova legislação infraconstitucional (Lei Orgânica da Saúde), a ampliação proporcionada pelo texto constitucional às funções e poderes do Ministério Público e o novo estatuto do direito do consumidor. A exigibilidade imediata da norma constitucional associada aos demais elementos criou uma nova cultura jurídica caracterizada pela busca imediata de satisfação de direitos (individuais e coletivos) mediante a intervenção do Poder Judiciário. Esta atividade se verifica tanto com referência ao Estado quanto com relação às empresas de saúde e toma contornos diferentes segundo o caso. Os embates contra as operadoras de saúde fundamentam-se no CDC e Lei 9656/98. Há um grande contingente relativo aos contratos anteriores a esta lei versando sobre a recusa à cobertura de prótese ou material cirúrgico descartável de alto custo e a limitação do tempo de internação, em Unidade de Terapia Intensiva (UTI) ou mesmo em enfermaria. As ações incidentes nos contratos posteriores à citada lei têm frequência bem menor, mas também versam sobre negativa de prótese e material descartável. Outra objeção levantada pelas operadoras constitui-se em atribuir caráter experimental ao tratamento. Na esfera pública podemos citar dois grandes fundamentos fáticos: dispensação de medicação de alto custo e alocação de vagas. Ambas são problemáticas. Quanto à primeira, devemos distinguir tratamentos consagrados que estejam incluídos no conjunto de protocolos do SUS (ex.: AIDS, hepatites). A motivação para a ação é a indisponibilidade de determinada droga ou sua não inclusão em protocolo oficial. Estas ações são individuais e por elas o Estado é constrangido a providenciar o tratamento o que, no nosso entendimento, é correto. Mais problemática é a situação em que pequenos grupos de portadores de moléstias genéticas com tratamentos extremamente caros se unem e forçam o Estado a pagar o tratamento. A questão é angustiante porque, por um lado, as pessoas têm direito, mas, por outro, os valores envolvidos fogem completamente aos parâmetros habituais e têm repercussão no orçamento dos órgãos públicos . A tentativa de forçar a alocação de vagas pela via judicial também é, a nosso ver, problemática, quando tentada individualmente, porque recai, via de regra, sobre o administrador local que não tem poder para criar vagas. Ações coletivas empreendidas pelo Ministério Público geralmente contra níveis mais altos da Administração têm mais lógica, embora sempre esbarrem na circunstância da inexistência da infraestrutura física, que não pode ser providenciada de imediato. No nosso entender, a verdadeira solução para a questão da saúde pública é político-administrativa. No geral, as decisões judiciais são amplamente favoráveis aos consumidores. PITTELLI SD, MUÑOZ DR. Macroalocações de Recursos em Saúde por Intermédio da Atividade Jurídico-Processual: Implicações bioéticas. Revista de Direito Sanitário, vol. 4, n. 3, 43-56, 2003. 1 edição 18 • Jan/ Fev/ Mar • 2014 Visão Médica 23 REVISÃO SISTEMÁTICA Controle Glicêmico Intra-Hospitalar Dr. Luciano R. Giacaglia Endocrinologista do Hospital Alemão Oswaldo Cruz Introdução O s custos hospitalares representam, hoje, uma grande parcela do dispêndio anual com saúde. Desta forma, a evolução favorável do paciente internado, com redução de complicações clínicas e consequente abreviação de sua permanência, além de caracterizar um parâmetro de qualidade no atendimento, constitui importante aspecto na economia de gastos, ainda mais em modelos de vários planos de saúde, com pacotes e reembolso médico-hospitalar pré-estabelecidos. Hoje é bem conhecido o papel da hiperglicemia no prognóstico do paciente hospitalizado. Mesmo dentre aqueles sem diagnóstico prévio de diabetes, a hiperglicemia pode se manifestar em até 40% dos pacientes internados. Em razão da notificação em prontuários, fica claro que o diagnóstico de hiperglicemia é um evento subnotificado. Embora ainda existam controvérsias quanto aos valores glicêmicos ideais, assim como sobre a metodologia ideal para alcançar tais limites, é fato que devemos evitar tanto os quadros de hipoglicemia quanto os de hiperglicemia significativa. A hiperglicemia determina efeitos adversos agudos, comprometendo a resposta imune, a resposta endotélio-vascular e a capacidade de cicatrização tecidual. Por outro lado, a hipoglicemia aumenta o risco de morbidade neurológica e cardiovascular. As evidências apontam que tratamentos que objetivam valores glicêmicos inferiores a 180mg/dl, sem impor maior ocorrência de hipoglicemia, se associam à melhor evolução prognóstica, sendo este efeito benéfico ainda mais expressivo em pacientes cirúrgicos. Barreiras Hospitalares Apesar do amplo conhecimento adquirido ao longo da última década, e da existência de inúmeros protocolos e diretrizes, o controle glicêmico hospitalar está longe de ser uma realidade na maioria dos hospitais nacionais, mesmo representando um dos principais pilares para a obtenção de certificados de acreditação. A implementação de sistemas práticos, coordenados por profissionais com larga experiência no assunto, o treinamento de diferentes equipes de atenção à saúde, assim 24 Visão Médica como o apoio e o comprometimento pleno dos gestores hospitalares, são condições imprescindíveis para o sucesso de qualquer programa neste sentido. Todos os setores do hospital devem ser abrangidos, respeitando as particularidades de cada um, para não ocorrer interrupção no controle glicêmico durante todo o período de internação. Podemos citar como principais barreiras atuais para a implementação hospitalar de protocolos de controle glicêmico: • Reconhecimento insuficiente da hiperglicemia ou a baixa valorização deste aspecto na evolução do paciente; • Receio de hipoglicemia e falta de familiaridade das equipes médicas com os novos protocolos de insulina subcutânea ou com as bombas de infusão endovenosa contínua; • Falta de treinamento ativo da equipe de enfermagem; • Variabilidade e inconsistência da oferta nutricional, propiciando longos períodos de jejum, principalmente para a realização de procedimentos, visto que geralmente não existe rotina de priorização do paciente diabético; • Falta de interação entre o Corpo Clínico e os especialistas em controle glicêmico, ainda mais em casos de maior complexidade, como durante dieta enteral/parenteral, corticoterapia e hepatopatia grave, por exemplo; • Falta de integração entre os diversos setores do hospital; • Falta de conduta uniforme e inexistência de uma coordenação geral, capaz de dar suporte e efetuar eventuais ajustes no modelo, conforme as necessidades do hospital. Hiperglicemia em pacientes críticos A hiperglicemia em pacientes críticos está relacionada à maior ocorrência de complicações, permanência de internação, demanda de recursos tecnológicos e mortalidade hospitalar. Os trabalhos iniciais de van den Bergh, em UTI cirúrgica, propunham controle glicêmico rigoroso, com metas entre 80 e 110mg/dl, para a redução de morbimortalidade. No entanto, amplos estudos multicêntricos, como o NICE-SUGAR, provaram que estes alvos eram difíceis de atingir e incorriam em maior ocorrência de hipoglicemia. Muitos autores demonstraram, inclusive, um aumento da mortalidade em pacientes críticos submetidos a este controle glicêmico rigoroso. 14 Fev/ • Janeiro ediçãoedição 18 • Jan/ Mar • 2013 2014 REVISÃO SISTEMÁTICA Baseados em meta-análises recentes, as principais sociedades médicas internacionais determinaram uma faixa de segurança glicêmica para pacientes críticos, entre 140 e 180 mg/dl. Alguns estudos sugerem que patamares entre 110 e 140 mg/dl poderiam até ser mais adequados, mas dependeriam de estrutura altamente especializada, com equipe de enfermagem numerosa, bem treinada e com monitorização glicêmica subcutânea contínua, em tempo real, o que acaba não sendo condizente com a maioria dos serviços, principalmente no Brasil. Fato é que valores glicêmicos acima de 180 mg/dl e abaixo de 110 mg/dl devem ser evitados. A terapia glicêmica em UTI deve, obrigatoriamente, utilizar insulina em bomba de infusão contínua, em razão da fácil e rápida titulação, principalmente em ambiente onde variações agudas são corriqueiras e da menor meia vida circulante de insulina, o que é útil na ocorrência eventual de hipoglicemia. Atualmente, com a digitalização dos glicosímetros em UTIs e da disponibilidade comercial de softwares automáticos de infusão de insulina, reduziu-se muito a sobrecarga sobre a equipe de enfermagem, diminuindo a possibilidade de erros. As soluções de insulina com concentração de 1Un/ml (100 unidades diluídas em 100 ml de solução fisiológica) facilitam o raciocínio e o ajuste rápido do ritmo de infusão. Ao utilizar insumos plásticos, devemos desprezar 10% da solução constituída através do equipo, pois parte da insulina inicial adsorve no plástico. A insulina de escolha é a regular humana, em razão do baixo custo, e pelo fato de, em meio endovenoso, todas as insulinas possuírem mesmo perfil farmacocinético. O ritmo de infusão dependerá de parâmetros como idade, peso, gravidade da patologia aguda, uso de drogas hiperglicemiantes e a própria evolução clínica do paciente. Hiperglicemia em pacientes não-críticos Estudos controlados e randomizados também demonstraram benefícios do controle glicêmico em pacientes não-críticos, como redução do período de internação, da ocorrência de infecções, das taxas de re-hospitalização e, inclusive, da mortalidade. A hiperglicemia durante a admissão hospitalar já se mostrou relacionar à pior evolução em pacientes com pneumonia adquirida na comunidade e em pacientes submetidos à cirurgias eletivas. Outro aspecto importante é o fato do pronto-socorro ser o ambiente ideal para o diagnóstico do estado de hiperglicemia, uma vez que a glicemia é considerada mais um dos inúmeros sinais vitais, e por ser um indicador fundamental do prognóstico do paciente. Além disso, sabendo que diabéticos são mais propensos à busca por atendimento hospitalar, esta constitui uma excelente oportunidade para o diagnóstico de diabetes, já que 50% dos portadores de diabetes desconhecem sua situação e acabam retardando a procura por tratamento especializado. edição 18 • Jan/ Fev/ Mar • 2014 Na admissão, a glicemia capilar acima de 140mg/dl deve suscitar um acompanhamento por pelo menos 24 horas, para que se avalie o comportamento glicêmico e a necessidade ou não de tratamento. Devemos, nesta circunstância, também proceder à coleta de amostra de sangue para se avaliar a hemoglobina glicosilada (HbA1c), que será útil na escolha terapêutica, durante a estadia hospitalar, e na orientação de conduta no momento da alta hospitalar. A presença de glicemia aleatória superior a 180mg/dl, por outro lado, indica a necessidade de inclusão em protocolo insulínico e uma investigação ampla da coexistência de fatores agravantes, como infecções, doenças inflamatórias agudas, quadros isquêmicos ou trombóticos. A desidratação é um dos principais determinantes da ocorrência de hiperglicemia, em função da hemoconcentração e da liberação de hormônios contrarreguladores, e deve ser sempre corrigida antes de se iniciar o tratamento insulínico. Independentemente da condição do paciente, convém liberá-lo para domicílio, ou para a enfermaria, somente quando a glicemia capilar se mantiver abaixo de 180mg/dl, em duas medições consecutivas. No paciente que será internado, suspendemos todos os hipoglicemiantes orais e iniciamos a insulinoterapia subcutânea, salvo em pacientes muito estáveis, que se submeterão a procedimentos mínimos ou naqueles em programação breve de alta hospitalar. Em todos os outros casos, incluindo aqueles que terão alta hospitalar, mas que potencialmente podem apresentar descompensação clínica, devemos introduzir ao menos a insulina basal. Hoje se faz essencial a abolição dos esquemas de correção glicêmica, denominados de escala progressiva (“sliding scale”), amplamente difundidos, sem embasamento científico, e baseados unicamente na aplicação de doses aleatórias de insulina subcutânea, de acordo com patamares, também aleatórios, de glicemia capilar. Estes esquemas aumentam o risco de hipoglicemia ao mesmo tempo em que propiciam picos hiperglicêmicos, evidenciados por vezes horas depois. Devemos sempre utilizar o esquema denominado basal-bolus, contemplando necessidades orgânicas e fisiológicas, efetuando ajustes de acordo com a glicemia apresentada, a resistência insulínica (que pode variar ao longo da internação) e o aporte calórico do paciente. A dose diária de insulina varia, em geral, de 0,3-0,5 Un/Kg e deve ser dividida em 50% na forma de insulina basal e 50% na forma de insulina prandial, fazendo-se a complementação ou ajuste da dose conforme a resposta glicêmica. Esta abordagem já se mostrou muito vantajosa, especialmente em pacientes submetidos a cirurgias eletivas, em que se evidenciaram reduções das taxas de infecção incisional, de pneumonia, de bacteremia, de insuficiência respiratória e de insuficiência renal aguda. Visão Médica 25 ARTIGO INTERNACIONAL Identificando infecção pelo Helicobacter pylori: papel do Patologista Dra. Maria Regina Vianna Médica Patologista, Sócia-Diretora, CICAP – Hospital Alemão Oswaldo Cruz Dr. Venancio Avancini Ferreira Alves Médico Patologista, Sócio-Diretor-Técnico, CICAP – Hospital Alemão Oswaldo Cruz Comentário sobre o artigo Appropriate use of special stains for identifying Helicobacter pylori. Recommendations from the Rodger C. Haggitt Gastrointestinal Pathology Society.Batts, KP et al - Am J SurgPathol.2013 Nov; 37(11):e12-22. A Gastrite Crônica em Moderada Atividade (HE, x100) Os bacilos tipo H. pylori relativamente abundantes são evidentes na superfície mucosaà HE (x400) Pesquisa IHQ positiva para antígeno de H. pylori (x400) 26 infecção por H. pylori é a maior causa de gastrite no mundo todo e está associada a úlceras gástrica e duodenal, gastrite atrófica, deficiência de ferro, linfomas do tipo MALT e adenocarcinoma gástrico, sendo sua erradicação recomendada sempre que identificada. leculares (PCR e hibridização “in situ”). O estudo histológico das amostras de biópsia é o melhor método para caracterizar lesões relacionadas à infecção por H. pylori, que sempre induz algum grau de inflamação crônica, configurando gastrite crônica moderada a intensa em 90% dos pacientes, com infiltrado inflamatório superficial em “faixa”, rico em linfócitos eplasmócitos, geralmente com neutrófilos permeando o epitélio foveolar e superficial (gastrite crônica ativa), podendo levar a metaplasia intestinal e atrofia da mucosa. A erradicação está associada ao desaparecimento dos neutrófilos e à diminuição gradual da inflamação, mas a metaplasia intestinal tende a persistir. O aspecto central dessas recomendações é a cuidadosa avaliação histopatológica das amostras de biópsias endoscópicas, que deve incluir dois fragmentos de corpo, dois de antro e um da incisura angular. O encontro de bacilos curtos, com morfologia de H. pylori já pela coloração HE, associada aos padrões morfológicos de gastrite crônica (especialmente as formas ativas moderada e acentuada) já é suficiente para a definição da conduta clínica. Quando necessários exames adicionais, a recomendação da GIPS-USCAP é que se prefira a detecção imuno-histoquímica (IHQ) de antígenos do H. pylori, atingindo-se, então, sensibilidade e especificidade próximas de 100%. Neste sentido, os especialistas fazem as seguintes considerações: Dentre os métodos de detecção do H. pylori, incluem-se colorações histoquímicas (p.ex.Giemsa), a reação imuno-histoquímica, a detecção sérica de anticorpos anti-Helicobacterou de antígenos nas fezes, o teste da urease na expiração, a cultura do micro-organismo e testes mo- Visão Médica Esta publicação de experts da Sociedade de Patologia Gastrointestinal da Academia Americana e Canadense de Patologia (GIPS-USCAP) analisa o uso dos métodos para detecção de infecção pelo Helicobacter pylori e propõe normas para sua aplicação. 1- A frequência da infecção pelo H. pylori varia dependendo do nível socioeconômico e de sua prevalência na região. O número de biópsias obtidas durante o exame endoscópico influencia no diagnóstico histológico, sobretudo em pacientes em uso de inibidores de bomba de prótons que, sabidamente, tem número menor de bacilos, localizados em regiões mais proximais do estômago. 2- A HE tem sensibilidade para detecção do H. pylori edição 18 • Jan/ Fev/ Mar • 2014 ARTIGO INTERNACIONAL/ QUAL É A SUA OPINIÃO? que varia de 70-95%, com elevada especificidade. Exame IHQ complementar após visualização de bacilos ao HE só deve ser considerado em casos nos quais a morfologia é duvidosa ou em formas cocoides de localização não usual (intracelular ou no interior de glândulas). 3- Em casos nos quais a morfologia é de gastrite crônica ativa e os bacilos não são evidenciados ao HE, deve ser realizado estudo IHQ complementar para diagnóstico diferencial com gastrites associadas à doença inflamatória intestinal crônica, infecção pelo vírus Epstein-Barr, doenças autoimunes, entre outras. 4- Nas gastrites crônicas inativas (sem neutrófilos) com pesquisa de H. pylori pela HE negativa, só deve ser realizado exame IHQ quando há folículos linfóides com centros germinativos na amostra ou quando há úlcera gástrica ou duodenal não associada a dano químico, ou em casos de carcinoma ou linfoma MALT do estômago. 5- Em casos de morfologia normal, não há indicação de exame complementar. IHQ quando coexiste gastrite crônica ativa e não são visualizados bacilos ao HE. 7- Tipos histológicos mais raros, como a gastrite linfocítica (>25 linfócitos/ 100células epiteliais), que pode estar associada à infecção pelo H. pylori, devem ser submetidos a exame IHQ complementar. Na gastrite eosinofílica (>30 eosinófilos/ campo 400x), também há indicação para exame IHQ. 8- Pólipos gástricos hiperplásicos inflamados ou amostras únicas de cárdia inflamada devem ser submetidos ao exame IHQ, caso não tenham sido amostradas outras áreas da mucosa. Esta revisão ressalta o papel crítico do patologista, definindo os padrões morfológicos de lesões, identificando o H. pylori sempre que possível pela HE, e realizando o exame IHQ com as devidas indicações, com mínima adição de tempo e de custo para atingir máxima eficiência ao oferecer informações decisivas para tomada de conduta do clínico. 6- Em casos de gastropatia química, só realizar exame Resposta: Qual é a sua opinião? A radiografia de punho não mostrou alterações. Já no estudo ultrassonográfico, notam-se pequenos focos hiperecogênicos confluentes no contorno dorsal do escafoide, sem sombra acústica posterior significativa, concentrados na topografia da inserção do ligamento intercarpal dorsal. As possibilidades diagnósticas de doença de depósito de hidroxiapatita de cálcio e fratura avulsiva podiam ser consideradas, no entanto o início espontâneo não traumático da dor e a ausência de sombra acústica são fortes indícios contra a segunda hipótese. Portanto, o diagnóstico de alteração inflamatória capsuloligamentar aguda secundária a depósito de hidroxiapatita de cálcio foi considerado o mais provável e posteriormente confirmado pela evolução clínica. As imagens A e B mostram a correlação do estudo tomográfico confirmatório (A) com o estudo ultrassonográfico (B). Depósito de cristais de hidroxiapatita de cálcio A deposição de cristais de hidroxiapatita de cálcio pode ocorrer nos tendões (tendinopatia cálcica), outros tecidos periarticulares (periartrite cálcica) ou mesmo intra-articular (artrite induzida por hidroxiapatita), todos podendo ser denominados como doença por depósito por hidroxiapatita de cálcio (DDHC). técnicas de alto custo e com acesso limitado, portanto os aspectos radiológicos são fundamentais para estabelecimento do diagnóstico. Os achados radiológicos são consequência do aumento da densidade (radiografia e tomografia computadorizada) ou da ecogenicidade (USG) do tecido em que foram depositados os cristais, variando em relação à sua quantidade. Além disso, são possíveis alguns padrões evolutivos, desde regressão e desaparecimento, passando por estabilidade e terminando em um padrão de “maturação” da calcificação, tornando-se mais densa e bem definida. Em casos de suspeita de DDHC e achados radiográficos negativos, o estudo ultrassonográfico mostra-se ferramenta eficaz na detecção dos cristais. O estudo de ressonância magnética identifica o processo inflamatório associado, no entanto tem menor acurácia na identificação dos cristais de cálcio. O diagnóstico preciso e tratamento podem evitar a complicação mais temida da DDHC, que é a artrite destrutiva em casos de deposição intra-articular (síndrome de Milwaukee). Acomete predominantemente pacientes de meia idade, mais frequentemente em homens e os sintomas podem incluir dor periarticular aguda limitante não traumática, acompanhada de sinais flogísticos, dor recorrente crônica ou até ser assintomática. Testes laboratoriais são usualmente negativos devido às pequenas dimensões dos cristais (75-250nm) e podem ser identificados à microscopia eletrônica de transmissão (TEM) ou estudos de difração eletrônica, no entanto são edição 18 • Jan/ Fev/ Mar • 2014 Visão Médica 27 EVENTOS EM DESTAQUE Agenda REUNIÕES CIENTÍFICAS DO ALMOÇO Coordenação - Instituto de Educação e Ciências em Saúde (IECS) e Diretoria Clínica Das 12h às 13h Restaurante dos Médicos – Bloco B – 5º andar 27/03 Doenças Infecciosas e a Copa do Mundo Stefan Cunha Ujvari REUNIÕES CIENTÍFICAS 24/03 Reunião Mensal do CDI Horário: 19h30 às 21h30 Bloco E – 1° subsolo – Anfiteatro 25/03 DBS E Parkinson – Aplicações, indicações e limitações. Horário: 11h30 às 12h30 Bloco E – 1° subsolo – Anfiteatro 27/03 Melhores Práticas em Terapia Intensiva Horário: 19h30 às 22h Bloco E – 1° andar Subsolo - Anfiteatro Todas as quartas-feiras Reunião de Oncologia Centro de Oncologia Horário: 12h às 13h30 Sala 5 – (Próximo a entrada de funcionários) EVENTOS CIENTÍFICOS 21 e 22/03 2º Simpósio Internacional de Nutrição Clínica Contempôranea Horário: 18h às 20h (21/03) e das 08h30 às 17h (22/03) Bloco E – 1º subsolo - Anfiteatro 07/04 – 10/04 Conferência Internacional de Telessaúde Horário: 09h00 as 18h00 Bloco B – 14° andar – Anfiteatro Telemedicina em debate E ntre os dias 7 e 10 de abril, o Hospital Alemão Oswaldo Cruz sediará a Conferência Internacional em Telemedicina. Focado na evolução desta tecnologia e suas aplicações no diagnóstico e terapia, o evento, organizado pela Friedrich-Alexander-Universität Erlangen-Nürnberg (FAU), com apoio do Ministério Federal de Educação e Pesquisa da Alemanha, reunirá especialistas de diversos países em torno do debate sobre os novos recursos que, hoje, possibilitam consultas a distância e o acesso à segunda opinião de maneira remota. “Além de experiências alemãs em telemedicina e telessaúde e 28 Visão Médica do Programa de Telemedicina para Acidentes Vasculares Cerebrais (AVCs), realizado pelo Hospital Alemão Oswaldo Cruz em parceria com o Ministério da Saúde, serão apresentados outras iniciativas desenvolvidas pelos Hospitais de Excelência, como parte do Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do Sistema Único de Saúde (PROADI-SUS), explica Dr. Jefferson Fernandes, Superintendente de Educação e Ciências do Hospital Alemão Oswaldo Cruz e um dos coordenadores do evento. Entre os temas desta Conferência estão a Terapia On-line para Gagueira, Programas Brasileiros em Telessaúde e Proteção e Segurança de dados na Telemedicina. edição 18 • Jan/ Fev/ Mar • 2014 EVENTOS EM DESTAQUE Simpósio Internacional de Nutrição clínica A Equipe Multiprofissional de Terapia Nutricional (EMTN) do Hospital Alemão Oswaldo Cruz realizou, nos dias 21 e 22 de março, o II Simpósio Internacional de Nutrição Clínica Contemporânea. Com a apresentação de trabalhos científicos, palestras e mesas-redondas focadas na importância e na integração da Nutrição Clínica às mais diversas áreas terapêuticas, o evento tem tudo para firmar-se como um dos principais fóruns científicos sobre o tema. Houve participação de especialistas do Hospital, assim como de profissionais de diversas regiões do País e da Nutricionista Paula Alves, do Instituto Português de Oncologia e da Universidade Católica de Porto. “Um dos grandes trunfos deste nosso evento é o trabalho multidisciplinar e multiprofissional. Agregando o conhecimento de diversas áreas sobre o impacto da terapia nutricional, conseguimos uma discussão muito mais abrangente e consistente”, afirma Dr. Andrea Bottoni, Coordenador de Educação Médica do Instituto de Educação e Ciências em Saúde (IECS) e um dos coordenadores do Simpósio. Endoscopia Terapêutica é tema de Simpósio N o dia 15 de março, o Hospital Alemão Oswaldo Cruz realizou seu IV Simpósio Internacional de Endoscopia Digestiva. O evento, que contou com a coordenação do Serviço de Endoscopia Gastrointestinal da Instituição, teve a participação dos Drs. Alex Navarro, da Clínica Alemana de Santiago, no Chile, e Daniel Cimmino, do Hospital Alemán de Buenos Aires, Argentina, que, junto aos profissionais brasileiros, debateram técnicas em endoscopia terapêutica nos hospitais alemães dos três países. Direcionado a médicos, clínicos, cirurgiões, fisiote- edição 18 • Jan/ Fev/ Mar • 2014 rapeutas, enfermeiros, nutricionistas e profissionais da área da saúde interessados no tema, o Simpósio foi dividido em cinco módulos específicos. Os dois primeiros trataram de temas relacionados à Endoscopia Digestiva Alta e os seguintes abordaram os temas Colonoscopia, Colangiopancreatografia Endoscópica e Emergências Clinicas. De acordo com Dr. Paulo Sakai, um dos idealizadores do evento, o Simpósio apresentou importantes temas da endoscopia digestiva. “O intuito é direcionar e facilitar a indicação deste método diagnóstico e terapêutico na clínica diária, além de expor os mais recentes avanços e potenciais desta especialidade.” Visão Médica 29 COMISSÃO DE BIOÉTICA Bioética Hospitalar e Educação Dra. Janice Caron Nazareth Cardiologista e Coordenadora da Comissão de Bioética do Hospital Alemão Oswaldo Cruz H á imenso poder transformador no processo educativo. A educação vem antes do progresso em qualquer área da vida e é fundamental para que ele ocorra. Esta verdade é conhecida ao longo da história, mas nem sempre vivenciada na rotina das sociedades de uma forma geral. Quando se trata de Bioética Hospitalar, que envolve a discussão de fatos à luz de aspectos socioculturais extremamente distintos e cujos protagonistas estão sob pressão intensa de trabalho e doenças, mister se torna adquirir, por meio da educação, além dos conhecimentos técnicos, meios psicológicos e filosóficos que permitam prevenir e lidar com a diversidade de conflitos existentes. 30 Ver o cão devorando a lebre vorazmente foi chocante para a plateia. Ninguém conseguia entender o que Licurgo desejava com tal agressão. Mesmo assim, ele nada disse. Tornou a repetir o sinal para os criados e a segunda lebre foi solta e, tal como a primeira, saiu em disparada. A seguir, o outro cão foi solto. Os mais sensíveis levaram as mãos aos olhos para não ver mais uma lebre ser devorada. No primeiro instante, o cão correu atrás da lebre para alcançá-la. Entretanto, em vez de mordê-la, bateu-lhe com a pata. Logo a lebre ergueu-se e pôs-se a brincar com o cão. Para surpresa de todos, os dois ficaram a demonstrar tranquila convivência, correndo e brincando de um lado a outro do palco. Somente depois das duas cenas, Licurgo falou: “Senhores, acabais de assistir a uma demonstração do que pode a educação. Ambas as lebres são filhas da mesma matriz, foram alimentadas igualmente e receberam os mesmos cuidados. Assim, igualmente, os cães. A diferença entre os primeiros e os segundos é, simplesmente, educação”. A fábula de Licurgo, legislador grego que viveu cerca de 400 anos antes de Cristo, ilustra o poder transformador que a educação oferece. Há relatos de que, convidado a ministrar uma palestra sobre o poder da educação, Licurgo solicitou que lhe dessem seis meses para se preparar. O pedido foi considerado estranho, pois a capacidade de Licurgo para falar sobre este tema, a qualquer momento era sabida. O pedido foi aceito e a palestra foi marcada. Prosseguiu, então, de forma segura e encantadora, falando da essência do processo educativo. “A educação, baseada numa concepção exata da vida, transformaria a face do mundo. Eduquemos nossos filhos, esclareçamos sua inteligência, mas, antes de tudo, falemos aos seus corações, ensinemos a eles a despojarem-se das suas imperfeições. Lembremo-nos de que a sabedoria por excelência consiste em nos tornarmos melhores.” Passado o prazo, compareceu perante o público, tomou seu lugar à tribuna, enquanto entravam dois criados, cada um trazendo duas gaiolas. Em cada gaiola havia um tipo de animal, sendo duas lebres e dois cães. A um sinal de Licurgo, um dos criados abriu a porta de uma das gaiolas e a pequena lebre, branca e frágil, saiu a correr em frente ao público. Logo em seguida, o outro criado abriu a gaiola em que estava o cão e este saiu atrás da lebre. Com facilidade, alcançou a lebre e a comeu rapidamente. A participação das atividades educativas oferecidas pela Comissão de Bioética, em colaboração com a Diretoria Clínica, o Instituto de Educação e Ciências em Saúde (IECS) e algumas com o Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (CREMESP), cuja programação será divulgada em cartazes pelo Hospital, certamente será um importante arsenal para a vida pessoal e profissional de todos os que frequentam a Instituição. Visão Médica edição 18 • Jan/ Fev/ Mar • 2014 REUNIÕES CIENTÍFICAS Cirurgia Robótica no Hospital Alemão Oswaldo Cruz Dr. Carlo Camargo Passerotti Coordenador Cirurgia Robótica Hospital Alemão Oswaldo Cruz A prática da cirurgia robótica, também conhecida como cirurgia laparoscópica assistida por robótica, iniciou-se no Brasil em 2008, após nove anos de existência nos Estados Unidos. E assim como ocorreu lá, com uma rápida aceitação e difusão da técnica, no Brasil os passos também demonstram-se crescentes, apesar de um pouco mais lentos. Atualmente, com uma população de aproximadamente 310 milhões de pessoas, os Estados Unidos possuem cerca de 2.000 robôs instalados, enquanto em nosso país, com cerca de 200 milhões de habitantes, funcionam apenas 10 máquinas. As cirurgias que utilizam essa ferramenta têm deixado a ficção e, cada vez mais, incorporado novas tecnologias. Atualmente, os equipamentos mais modernos contam com diversos “acessórios” que, acredito, sejam peças importantes para evolução da prática operatória, a qual já é feita da mesma maneira por mais de um século. Ferramentas como duplo console, facilitando tanto o treinamento médico quanto a segurança do paciente; imagem em “full HD”; utilização de marcadores com fluorescência, as quais, em um futuro próximo, poderão minimizar lesões teciduais, por meio da melhor identificação das estruturas; a utilização de equipamentos de “single port”, permitindo a cirurgia a ser realizada por um único orifício. As técnicas de fluorescência já se encontram disponíveis com marcadores de vasos e linfonodos, visando permitir mais precisão em sua identificação. Com essa tecnologia, injetamos esses marcadores específicos e, por meio de um comando no robô, conseguimos visualizar com clareza a anatomia desses órgãos marcados. edição Fev/•Mar edição18 14••Jan/ Janeiro 2013• 2014 Os custos dos procedimentos robóticos também estão se aproximando da realidade. Antigamente os valores eram absurdos. Uma prostatectomia robótica, por exemplo, custava em torno de R$ 40 mil. Nos dias atuais, o procedimento é realizado por, aproximadamente, metade deste valor, sendo que muitos planos de saúde arcam com a maior parte e o paciente acaba desembolsando menos que R$ 6 mil. Apesar de todas as facilidades produzidas pelo método, é importante ressaltar que o equipamento não realiza cirurgias sozinho e, portanto, é necessário investir em treinamento do médico e da equipe para a realização de qualquer procedimento, estando o seu sucesso diretamente ligado à experiência do cirurgião, como em qualquer outra técnica. Esta capacitação segue protocolos estabelecidos e conta com, treinamentos on-line, em animais e cirurgias sob a supervisão de profissionais com mais experiência. Mas, mais do que a simples certificação, é de extrema importância que a prática seja contínua e frequente para a melhoria dos resultados. Visão Médica 31 REUNIÕES CIENTÍFICAS Fibrilação Atrial: tema de destaque no I Simpósio de Hipertensão e Arritmias Cardíacas Dr. Francisco Darrieux Coordenador do Centro de Arritmologia do Instituto de Medicina Cardiovascular do Hospital Alemão Oswaldo Cruz F oi realizado com sucesso, no final do ano de 2013, o I Simpósio de Atualização em Hipertensão e Arritmias Cardíacas do Hospital Alemão Oswaldo Cruz. No encontro, que tinha o objetivo de ampliar o debate sobre estas duas subespecialidades, os destaques foram os inúmeros avanços no manuseio da hipertensão arterial, das arritmias e suas implicações mutuas. Os Drs. Pedro Graziosi, do Instituto de Medicina Cardiovascular, e Luiz Bortolotto, do Centro de Hipertensão, também participaram da organização do evento. Entre os temas debatidos, pode-se destacar a Fibrilação Atrial (FA), tanto pela sua importante prevalência, sobretudo em idosos, como pela sua interface com a hipertensão arterial. A FA é a arritmia sustentada mais frequente na prática clínica. Considerada uma arritmia dinâmica, é quase sempre associada a outras comorbidades clínicas, em especial a hipertensão arterial essencial, doença arterial coronária, insuficiência cardíaca e síndrome plurimetabólica, incluindo a obesidade e apneia obstrutiva do sono. Acrescenta-se o fato que a incidência da fibrilação atrial está relacionada ao aumento da expectativa de vida da população mundial, já sendo considerada pela Organização Mundial de Saúde uma doença de proporções endêmicas. Estima-se que um em cada quatro indivíduos, em sua história natural de vida, terá pelo menos um episódio de fibrilação atrial. Esta arritmia tem como condição clínica o fato dos batimentos cardíacos ocorrerem de modo desordenado, arrítmico ou caótico. Os pacientes podem ser desde assintomáticos até apresentarem sintomas de palpitações arrítmicas, cansaço, tonturas e, infelizmente, o AVC (acidente vascular cerebral). Este último é uma das complicações mais temidas na FA, com potencial para causar sequelas neurológicas, que vão da incapacidade motora até os quadros de demência cerebral. O tratamento de pacientes com FA envolve três objetivos não mutuamente excludentes: controle da frequência, prevenção de tromboembolismo e correção do ritmo. O tratamento inicial envolve uma estratégia para controle do ritmo ou da frequência. Na estratégia de controle da frequência, a frequência ventricular é controlada sem 32 Visão Médica o compromisso de restaurar ou manter o ritmo sinusal, enquanto a estratégia de controle do ritmo visa restaurar e/ou manter o ritmo sinusal. Essa última estratégia também requer atenção especial com o controle da frequência cardíaca. A decisão de opção por deixar o paciente em FA permanente (controle da frequência cardíaca) ou em FA paroxística (controle de ritmo), nem sempre é tão simples, pois devem ser levados em consideração os sintomas, a faixa etária, o grau de remodelamento atrial esquerdo, as tentativas pregressas de controle do ritmo, a disponibilidade de recursos e acesso às novas terapias, bem como a preferência do paciente. A maioria dos pacientes que tem FA acaba passando por um verdadeiro ensaio e arsenal terapêutico. Especialmente quando os pacientes com FA estão na fase produtiva da vida, a FA pode ser um “fardo” em suas vidas, gerando idas frequentes aos serviços de emergência ou limitações que afetam a qualidade de vida. A técnica de ablação com radiofrequência, originalmente criada em Bordeaux-França, há cerca de 20 anos, e aprimorada nos últimos anos, está disponível no Centro de Arritmologia do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, e visa restaurar e manter o ritmo normal (sinusal) do coração, com apossibilidade de suspensão ou redução do uso de fármacos antiarrítmicos, com grande possibilidade de melhora na qualidade de vida. O paciente precisa fazer uma espécie de “check-list” antes de ser submetido a este procedimento invasivo, o que é feito no Centro, para aumentar as possibilidades de sucesso e redução de complicações, que são pouco frequentes, e recorrências. No período de internação, que dura em média 48 horas, o paciente é submetido ao ecocardiograma transesofágico (para excluir a presença de trombos no átrio esquerdo), seguido do procedimento de ablação com cateter de radiofrequência, feito por acessos vasculares, com duração variável de 2 a 4 horas, com o paciente sedado, sob anestesia geral. Após o procedimento, o paciente recebe alta nas próximas 12 a 24 horas, com reavaliações técnicas nos primeiros 6 a 12 meses, além do retorno periódico ao seu médico que o acompanha. Vale ressaltar que num paciente com FA as demais situações clínicas, quando presentes, precisam estar em permanente vigilância com o cardiologista ou clínico que faz o seu seguimento. edição 18 • Jan/ Fev/ Mar • 2014 REUNIÕES CIENTÍFICAS Profilaxia para Tromboembolismo Pulmonar e Trombose Venosa Profunda Dra. Lílian Petroni Paiva Médica-residente do Programa de Residência Médica em Medicina Intensiva do Hospital Alemão Oswaldo Cruz Q uando falamos de pacientes internados com TEP, diagnóstico e tratamento eficientes são essenciais. E tão importante quanto o diagnostico e o tratamento é a identificação dos pacientes de alto risco para TEP/TVP, bem como a prevenção quando possível. Para a realização da profilaxia primária, deve-se lançar mão de métodos altamente eficazes e com baixo risco de efeitos colaterais. TEP constitui uma das principais causas evitáveis de morte em pacientes internados. A fim de identificar os indivíduos que se beneficiam da profilaxia, os paciente devem ser avaliados de acordo com seus fatores de risco ao longo da internação. A profilaxia deve ser considerada para indivíduos com mais de 40 anos, que apresentem mobilidade reduzida e tenham, aos menos, um dos fatores de risco para TEP: infecção, insuficiência cardíaca, IAM, doenças respiratórias agudas, AVC, doenças reumatológicas, doença intestinal inflamatória, TEP prévio, cirurgia ou trauma recente, obesidade, presença de cateter, dentre outros. A profilaxia para TVP pode ser realizada com terapias farmacológicas e não farmacológicas. As meias de compressão e os compressores pneumáticos reduzem a estase venosa e são efetivos em reduzir o risco de TEP, principalmente em pós-operatório, chegando a diminuir o risco no pós-operatório em até 50%, sendo uma opção para aqueles pacientes com contraindicação à profilaxia farmacológica. Como limitação a sua eficácia estão as retiradas por desconforto e mobilizações fora do leito. A profilaxia química pode ser realizada com heparina não fracionada (HNF), heparinas de baixo peso mole- edição 18 • Jan/ Fev/ Mar • 2014 cular (HBPM) e com fondaparinux. Baixas doses de heparina reduzem as taxas de TEP total em 47% e TEP fatal em 64% no pós-operatório. Não há diferença entre as profilaxias com HNF e HBPM, entretanto, aqueles que receberam HBPM tiveram uma menor taxa de sangramentos maiores, como sangramentos de SNC (RR 0,48; IC 95%, 0,23-1,0). Dados obtidos de revisões da Cochrane mostraram que o uso de anticoagulantes reduziram as taxas de TEP em 40% e TVP em 79%, no entanto, com aumento nas taxas de sangramento no SNC, aumento que não fora visto no uso das HBPM. Na ausência de contraindicações, recomenda-se a profilaxia com HNF, HBPM ou fondaparinux. A HNF apresenta um menor custo a HBPM e a fondaparinux tem um custo maior, mas podem ser administradas uma vez ao dia. Todos esses agentes mostraram-se efetivos em reduzir o risco de tromboembolismo venoso. Para aqueles pacientes que apresentam sangramento gastrointestinal ativo, sangramentos de SNC ou aqueles com alto risco de sangramento o uso de meias compressoras ou compressores pneumáticos mostraram-se uma boa alternativa. Associação entre profilaxia química e mecânica ainda é bastante questionável, mas deve ser considerada para alguns grupos de alto risco, muito embora não haja evidencia clara na literatura dos seus benefícios. Quanto aos novos anticoagulates, como a rivaroxabana e dabigatrana, podem ser considerados em subgrupos específicos, porém são necessários mais estudos. Visão Médica 33 Conheça os nossos centros de EXPEDIENTE Especialidades • Centro de AVC • Centro de Tratamento ao Tabagismo • Centro de Check-up • Clínica Médica •Centro de Cirurgia Robótica • Instituto da Mulher •Centro de Diabetes • Centro de Endoscopia • Centro de Excelência em Cirurgia Bariátrica e Metabólica ´Centro de Nefrologia e Diálise • Centro de Nutrição • Centro de Oncologia •Centro de Ortopedia - CIAMA (Cuidado com a saúde da mama) - Centro de Ginecologia • Centro de Geriatria e Gerontologia • Instituto de Medicina Cardiovascular - centro de Arritmologia - centro clínico de Cardiologia Geral - Centro Diagnóstico de Cardiologia Não Invasiva - Centro de Hipertensão Arterial - Centro de Intervenção Cardiovascular - Centro de Marca-Passo • Instituto da Próstata e Doenças Urinárias • Centro de Procedimentos Minimamente Invasivos de Coluna EXPEDIENTE A revista “Visão Médica” é uma publicação trimestral direcionada ao Corpo Clínico do Hospital Alemão Oswaldo Cruz. Comitê Editorial: Dr. Jefferson Gomes Fernandes (Editor-Chefe), Dr. Andrea Bottoni, Dr. Claudio José C. Bresciani, Dr. Luis Fernando Alves Mileo, Dr. Marcelo Ferraz Sampaio, Dr. Mauro Medeiros Borges, Dr. Stefan Cunha Ujvari, Dra. Valéria Cardoso de Souza e Dr. Vladimir Bernik. Gerência de Marketing: Melina Beatriz Gubser Projeto Gráfico e Edição de Arte: Diego Bieliauskas Ferreira Coordenação Editorial: Aline Shiromaru Jornalista responsável: Wagner Pinho - MTb 39525 Fotos: Banco de imagens do Hospital e Shutterstock Tiragem: 2.500 exemplares 34 Visão Médica edição 18 • Jan/ Fev/ Mar • 2014 Evolucao Novos Fluxos e Acessos. Expansão e organização. Com o objetivo de aperfeiçoar a mobilidade nas áreas internas, frente à expansão do Bloco E e o aumento da população circulante, iniciam-se em 10 de março as transformações em fluxos e acessos. Resultado das opiniões colhidas nos Fóruns Médicos e de exigências da Joint Comission International a reorganização interna é indispensável e reforça o compromisso com a evolução da instituição. São novas recepções e sinalização, processos aprimorados e, acima de tudo, mais segurança. Colaboradores, pacientes, visitantes, médicos e demais públicos passam a ter uma melhor experiência em nosso Hospital. Principais melhorias do Projeto de Fluxos e Acessos. Novas recepções nos Blocos A e B para cadastro de todos os públicos Otimização de vagas com uso de manobristas - todos os públicos Estacionamento para Médicos no Bloco E (via Maestro Cardim) Nova Área de Relacionamento Médico no 2º subsolo do Bloco E Serviço de entrega de Jalecos Médicos Novo sistema de Biometria para Médicos Eliminação de diversas catracas internas Nova retirada de veículos no Bloco A Mais informações no Relacionamento Médico (2º Subsolo Bloco E). Unidade Paraíso Rua João Julião, 331 • São Paulo • SP Unidade Campo Belo Av. Ver. José Diniz, 3.457 • São Paulo • SP Exames e Consultas: 11 3549-1000 www.hospitalalemao.org.br Coracão Diretor Clínico - Hospital Alemão Oswaldo Cruz: Dr. Marcelo Ferraz Sampaio - CRM 58952 Instituto de Medicina Cardiovascular Uma grande estrutura para você exercer sua principal vocação, cuidar. O Instituto de Medicina Cardiovascular reúne as áreas de Cardiologia Clínica, Diagnóstica e Intervencionista. Nele é possível realizar desde consultas e exames, até tratamentos de alta complexidade e intervenções cardiovasculares percutâneas e cirúrgicas. O Instituto se ramifica em diversos Centros, trabalhando de forma integrada à UTI Cardiológica, ao Centro Cirúrgico e ao Pronto Atendimento. • Centro Diagnóstico de Cardiologia Não Invasiva • Centro de Intervenção Cardiovascular • Centro Clínico de Cardiologia Geral • Centro de Arritmologia • Centro de Hipertensão Arterial • Centro de Marca-Passo Uma das principais funções do Instituto é oferecer toda sua estrutura e suporte ao médico usuário do Hospital Alemão Oswaldo Cruz. INSTITUTO DE MEDICINA CARDIOVASCULAR