Já se passaram muitos anos (foi em 1981) desde que tivemos a

Propaganda
Por: CARLEIAL .Bernardino Mendonçal Psicologia&Auto-Ajuda> Psicoterapia l 16/07/201
A
QUÍMICA
DAS
PALAVRAS
Foi no Inverno de 1991, que procuramos demonstrar
através de Estudos e Escritos que certas palavras ouvidas
por nós, têm efeitos semelhantes aos produzidos pelos
psicofármacos ou, medicamentos psicotrópicos. Como o
próprio nome sugere (psico=mente e tropos=atração),
psicotrópicos são substâncias químicas que alteram o
psiquismo, ou seja, interferem na atividade mental. O
pensamento, as idéias e a percepção sensorial são
distorcidos, alteradas e confundidas por tais drogas
medicamentosas ou não. Assim, naquela época
apresentamos a hipótese de que as palavras, da mesma
forma que os psicotrópicos químicos, atuam e funcionam,
eficazmente, no cérebro e na mente do ouvinte,
estimulando,acalmando,deprimindo, ou distorcendo a
atividade da mente, tal como fazem os estimulantes,
calmantes, depressores e sedantes químicos, utilizados na
prática médica. A diferença entre o tratamento com
palavras (terapia psicológica) e o tratamento com drogas
(terapia médica), encontra-se na ação mais rápida dos
psicofármacos na supressão dos sintomas. Embora, nem
sempre seja assim; pois, algumas vezes a palavra
introjetada age mais rapidamente no sistema nervoso. A
palavra pode afetar a mente, de modo instantâneo, como
por exemplo, quando alguém é informado do falecimento
inesperado de um ente querido e
Vem a morrer de um ataque súbito do coração. Outro
exemplo é o de, quando uma pessoa sofre um mal súbito
ao levar um grande susto. Mais um exemplo do poder das
palavras e dos pensamentos que podem até movimentar
músculos, se refere à ereção peniana que exige apenas
palavras e pensamentos eróticos para acontecer. Dezenas
de outros exemplos poderíamos continuar citando para
demonstrar a influência nos mecanismos psicobiológicos.
Vale ressaltar que, embora existam palavras que por seu
forte colorido emocional podem tranqüilizar ou excitar o
ouvinte, como iremos detalhar mais adiante. Baseando-nos
nos conceitos e experimentos psicobiológicos, sugerimos
anteriormente que as palavras seriam tão psicotrópicas
quanto os psocofármacos (psicotrópicos químicos) .
Sabemos que os psicotrópicos químicos atingem o sistema
nervoso central pelas vias sanguíneas; enquanto que os
psicoléxicos ( termo sugerido por nós, para caracterizar as
palavras que alteram o psiquismo) percorrem os caminhos
neurais até atingirem o cérebro a fim de modificar a
atividade cérebro-mental. Mas, surgiu uma dúvida quanto
à condutividade dos impulsos nervosos das palavras ao
cérebro, neste nosso paradigma. Porque os psicoléxicos
(palavras que alteram o psiquismo) têm a sua ação mais
lenta que a dos psicofármacos (drogas/remédios que
alteram o psiquismo), quando deveriam ser mais rápidos,
porquanto os caminhos nervosos, por serem mais
dinâmicos (eletroquímicos) deveriam proporcionar uma
maior rapidez de ação às palavras ? Acreditamos que a
resposta está no fato de que as palavras passam pelos
nervos auditivos, vão à mente e depois é que atingem o
cérebro. Daí porque elas demoram mais a atuar nos
neurônios, pelo motivo de as palavras encontrarem
resistência da mente em aceitá-las, conforme esquema,
muito simplificado, abaixo:
PALAVRA -----Mente ----Cérebro ----Alteração no
Comportamento.
DROGAS--------Cérebro---Alteração no Comportamento.
(Psicofármacos)
Como se vê, as palavras ouvidas passam pelo crivo da
mente, antes de atingirem o cérebro; o que não ocorre com
as drogas, que vão direto para o cérebro. Por essa razão, a
ação psicotrópica das palavras é quase sempre mais lenta
que a ação dos psicofármacos, na modificação do
comportamento Consciente/Inconsciente que é uma
função da Mente. As drogas não passam pela mente, como
acontece com as palavras, e, portanto, não sofrem
interferência ou resistência da mesma, no seu caminho
rumo ao cérebro; o seu percurso é direto e, ao modificar a
bioquímica cerebral, a mente Consciente/Inconsciente
sofrerá mudanças, condicionando-a para o comportamento
desejado. Exemplificando: quando queremos acalmar um
paciente ansioso, admistramos-lhe um fármaco
tranqüilizante; a droga atinge as estruturas cerebrais
responsáveis pela ansiedade ( o sistema
límbico,hipotálamo,córtex pré-frontal, etc.), interferindo
na comunicação entre esses neurônios. Esses centros,
assim reprimidos,, inibirão os anseios da mente,
acalmando e relaxando, tanto a mente como o corpo do
indivíduo. As palavras sofrem filtragem, interferência e
resistência, tanto da mente inconsciente como da mente
consciente; daí, ser a psicoterapia léxica (terapia da
palavra) mais lenta, como já frisamos na modificação do
comportamento negativo que se deseja suprimir ou na
alteração fisiológica desejada. Também, é a razão de a
Terapia Psicológica ser mais demorada que a Terapia
Medicamentosa, na obtenção dos seus objetivos. É bom
lembrar que a mente pode opor resistência, também, à
ação dos medicamentos; haja vista que algumas drogas
deixam de fazer o efeito esperado pela negativa do
paciente em aceitá-la e vice-versa, como no caso do
“placebo”, em que a mente é enganada e aceita um
remédio como verdadeiro, quando o mesmo é apenas uma
substância inerte, como uma cápsula de amido ou uma
pílula de papel. Os efeitos colaterais das duas formas de
tratar a mente (psicofármacos e psicoléxicos /drogas e
palavras) merecem especial atenção quanto aos seus
efeitos colaterais. Não se pode negar que as drogas
psicotrópicas revolucionaram as formas der tratamento
mental, possibilitando a terapia ambulatorial aos enfermos
mais graves, como nas psicoses; dantes, restritos aos
manicômios e hospitais psiquiátricos. Todavia, logo se viu
que as drogas psiquiátricas não poderiam ser encaradas
como panacéias; dada a complexidade da mente e os
inúmeros efeitos negativos que a vida impõe a cada
criatura. Os produtos químicos psicotrópicos tornaram-se
indispensáveis ao moderno tratamento mental; embora se
reconheça os efeitos colaterais negativos de muitos dos
seus componentes moleculares. Da mesma forma que os
produtos químicos, as palavras dirigidas à mente e
cérebro, no tratamento psicológico, podem produzir
efeitos indesejáveis, quando mal dirigidas e formuladas. Já
pensaram no efeito desastroso se dirigíssemos palavras de
felicitações à família de um doente ou aos parentes de um
falecido, num velório! E, se déssemos os pêsames a um
aniversariante? Vamos enumerar, a seguir, alguns
exemplos que irão demonstrar a faculdade das palavras de
influir na mente e no cérebro, alterando o comportamento
físico e psíquico de quem as ouve. O presente estudo
nasceu da narrativa da experiência de um conhecido,
quando criança. Um dia, na década de 80, quando
estudava em um Grupo Escolar, no final de uma aula ele
foi informado por um colega que alguns alunos de sua
turma, iriam lhe agredir na saída da Escola, porque ele não
havia “passado cola” para eles, na prova do dia anterior.
Ele ficou atemorizado com a idéia de ser agredido e, em
fração de minutos, sentiu a reação negativa da ameaça
recebida. O coração acelerou-se, um suor abundante jorrou
na sua fronte, as suas mãos ficaram geladas e trêmulas,
enquanto o seu pescoço ardia em febre. Na sua mente, os
pensamentos e as idéias se turvaram, estancando o seu
raciocínio lógico e a angústia se apoderou dele. Tudo isso
se passou em minutos, até que um servidor da escola veio
lhe dizer que seu irmão mais velho viera lhe buscar,
estando lá fora, no portão de saída. Ao ouvir as palavras
do servidor, como por encanto, todos os sintomas
psíquicos e somáticos desapareceram como por encanto,
voltando o seu organismo às condições anteriores de
calma e equilíbrio. Procurando esclarecer, de forma a não
deixar dúvidas sobre a atuação das palavras no cérebro e
na mente das pessoas, voltemos ao início do fato narrado
acima. Quando aquele colega foi avisá-lo que seria
agredido na saída da escola; usou ele apenas estas
palavras: “estão esperando lá fora para te agredir”. Até
então, o nosso conhecido estava calmo, despreocupado e
relaxado. Mas, segundos depois, os efeitos daquelas
palavras foram desastrosos. Este fato ( e muitos outros
semelhantes, ouvidos e acontecidos conosco) levou-me à
dedução de que as palavras atuam da mesma maneira que
os medicamentos psicotrópicos, ensejando os mesmos
resultados que estes, no cérebro e na mente. E, ainda, no
exemplo dado, o que foi que normalizou o estado alterado
do corpo e da sua mente? A frase que ouviu do servidor
escolar, dizendo-lhe que: “o seu irmão estava lá fora a
esperá-lo” . As palavras desta frase atuaram nele, tal como
atuam os tranqüilizantes ou ansiolíticos químicos. Nesse
caso, as palavras foram mais eficazes que as drogas, pois
tanto lhe provocaram, de imediato, os transtornos
psicossomáticos ( as palavras de ameaça recebida do
colega) como, também, lhe normalizaram, de imediato, o
estado orgânico desestruturado, através da escuta das
palavras do servidor escolar que lhe avisou da chegada do
seu irmão. Todo o mal e todo o bem foram ocasionados,
apenas, por palavras. É bem verdade que em outras
situações menos drásticas, as palavras condicionadoras
agem com mais lentidão que as drogas psicotrópicas,
porque a mente pode resistir e não aceitar o
condicionamento das palavras ouvidas. No caso narrado, a
mente do nosso paciente, naquela época, aceitou bem o
condicionamento das palavras de segurança que ouviu do
servente escolar, porque tanto o seu Consciente, quanto o
seu Inconsciente estavam sofrendo no corpo quanto na
mente. Outro exemplo prático da ação das palavras sobre o
cérebro e a mente, alterando o comportamento e as
funções orgânicas, verificamos recentemente com outra
pessoa entrevistada. Essa pessoa sentiu-se mal em um fimde-semana e foi levada ao hospital, quando foi atendida
por um médico recém-formado. Este a examinou e
solicitou-lhe uma radiografia do tórax. Depois de
cumprida a exigência, a mesma foi examinada pelo
mesmo médico que ao notar uma pequena mancha na
“chapa”, logo a interpretou como uma patologia pulmonar.
Ao ouvir as palavras do médico, referentes a uma possível
doença pulmonar, aquele paciente logo criou imagens
mentais negativas de ser portador de uma grave
enfermidade; ficando transtornado e com as suas funções
psíquicas e físicas alteradas, até que um outro clínico,
mais experiente, suspeitou que a mancha na radiografia
era apenas um defeito no filme radiográfico; solicitando
que uma nova radiografia fosse tirada, em outro
laboratório. Ao examinar a nova “chapa” pulmonar, foi
constatado que o paciente nada tinha de anormal nos
pulmões. Esse paciente só foi informado do engano, na
segunda-feira seguinte, quando esteve no segundo médico.
De sábado até o dia em que ouviu as palavras
tranqüilizantes do segundo médico; ele passou por horas
de ansiedade e sofrimento, com taquicardia, insônia,
dores, diarréia, indigestão, irritação e outros sintomas
psicossomáticos. As palavras negativas do médico que o
atendeu no sábado (“parece que o senhor tem alguma
coisa no pulmão”), atuaram no seu cérebr5o e na sua
mente, como verdadeiras drogas químicas, alterando-lhe,
nocivamente, toda a sua estrutura psíquica e somática. Ao
contrário, as palavras positivas do segundo médico (“ o
senhor não tem nada em seus pulmões”), trouxeram-lhe
uma imediata tranqüilidade e alívio de todos os sintomas
negativos e doentios provocados por aquelas palavras
negativas que ouviu
na primeira consulta; foi como
tivesse ingerido uma dúzia de calmantes, disse-me ele.
Lembro-me de outro caso típico do poder das palavras.
Contaram-me que uma pessoa consultou um “vidente”
para saber do seu futuro e este vaticinou a morte dessa
pessoa para o ano seguinte. A mesma pessoa me afirmou
que ao ouvir a sua sentença de morte, aquela infeliz
criatura foi definhando psico e fisicamente, até morrer,
dois meses após ter ouvido aquelas terríveis palavras. Se o
fato ocorreu ou não (e, parece ter sido verdadeiro, pois
quem o contou é digno de confiança), vale reconhecer que
tal hipótese é bem conhecida e respeitada.
Todo mundo conhece casos semelhantes a estes; de
palavras que matam, deprimem, exaltam, tranqüilizam ou
sedam as pessoas. Um dos exemplos mais comprobatório
da atuação química das palavras é o que se verifica no
chamado efeito placebo ; chama-se “placebo” , a
substância sem efeito farmacológico; portanto é neutra ou
inócua, quando ingerida. O placebo é dado a uma pessoa
sem que esta saiba que está tomando algo inerte; que pode
ser uma solução de água com sal; água com açúcar ou
qualquer outra mistura inofensiva e neutra. Pensando que
toma um medicamento, como por exemplo, “um poderoso
analgésico”, ela será enganada pelas palavras de quem o
deu e se sentirá aliviada da dor, pouco tempo após ter
ingerido o falso medicamento. O efeito placebo é uma
forte prova da indução das palavras sobre a neuroquímica
mental. O placebo é usado no mundo todo, principalmente
nas experiências com novas drogas e formas de
tratamento. Algumas vezes utilizamos desse efeito
psicológico na analgesia de pessoas com fortes dores,
dando-lhes comprimidos de vitaminas ou pílulas de miolo
de pão; dizendo-lhes que se tratava de um novo e potente
analgésico. Geralmente, em poucos minutos a dor
desaparecia ou se atenuava. Costumo, após dar o placebo,
ficar defronte do paciente, com um ruidoso cronômetro na
mão, bem a sua vista, marcando o tempo da cura. Algumas
vezes o alívio da dor vem em poucos minutos após a
ingestão do falso e inócuo “analgésico” . Usa-se também o
placebo para relaxar pessoas tensas e ansiosas, com
resultados positivos, rápidos e eficazes, tanto quanto se
obtém com uma droga tranqüilizante ou ansiolítica; sem os
perigos de algum efeito colateral negativo. No caso acima,
as palavras que acompanham a prescrição e ingestão da
substância placebo, funcionam como poderosos
analgésicos químicos, percorrendo elas ( as palavras ) as
vias neurais de acesso ao cérebro e, deste, à mente, da
maneira esquematizada abaixo:
Palavra--Aparelho--Nervos--Mente—Cérebro--Analgesia.
auditivo
Nos exemplos dados acima, a rapidez da ação das palavras
se deve a não resistência da mente às palavras ouvidas;
pois a mente de uma pessoa com dor, não se opõe à cura,
buscando o alívio; a não ser em casos graves de
masoquismo, quando o Inconsciente resiste à própria
saúde e bem-estar. Na terapia léxica (uso de palavras
condicionadoras), as formas mais graves de neuroses ou
nos distúrbios psicossomáticos , o tratamento é mais lento
pelo fato de as palavras demorarem mais a mudar o
comportamento neurótico ou o distúrbio psicossomático.
Outro fator que explica a ação rápida do placebo na dor; é
que o que se deseja é a alteração bioquímica do próprio
cérebro ouvinte, em suas estruturas implicadas no
mecanismo da dor, não se querendo mudar qualquer
comportamento externo. Outra vantagem que pende mais
para o uso dos psicoléxicos ( palavras que condicionam a
mente ) é a ação mais abrangente das palavras sobre o
SNC e a sua mente. As palavras atingem o cerne do
problema, removendo aos poucos os obstáculos que
impedem o comportamento normal e salutar. Em muitos
casos o tratamento psicoléxico ( psicoterapia comum) é
mais lento, como já salientamos acima, mas satisfaz os
objetivos desejados, desde que conduzidos de forma
competente e ética, livre dos muitos efeitos indesejáveis
dos medicamentos psicotrópicos, como a dependência
química, a superdosagem, a impregnação medicamentosa
e alguns outros mais.
Vale salientar que a psicoterapia medicamentosa e a
psicoterapia léxica não se antagonizam , como podem
pensar alguns profissionais da saúde mental; elas, sim, se
completam, como se deve, acertadamente se pensar.
Ao terminar este trabalho, em junho de 1991, queremos
agradecer a valiosa colaboração do Dr. Celso Donato de
Morais, Psicólogo e Advogado competente e sempre
atento estudioso dos mecanismos da mente, a quem
devemos o sugestivo título deste Trabalho, anteriormente
rotulado de “As Palavras e as Drogas”. Em nossos
contactos semanais em que discutimos os intrigantes
mistérios do Cérebro, o Dr. Celso Donato convenceu-nos a
mudar o título anterior para o atual “A Química das
Palavras”, por ser este mais sugestivo e dinâmico para a
tese aqui exposta.
xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx
Download