“Ninguém é capaz de escrever bem, se não sabe bem o que vai escrever” (Câmara JR., 1978, p.58) SINGELAS ORIENTAÇÕES PARA A REDAÇÃO DO SEU TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO Considerando que a monografia/artigo é um trabalho essencialmente escrito e de caráter científico, exige-se o domínio por parte do autor do idioma, das regras básicas inerentes à linguagem científica e do conhecimento de normas relativas aos aspectos técnicos do texto acadêmico. Na tentativa de auxiliar os iniciantes na pesquisa a superarem algumas dificuldades, serão destacados os pontos mais relevantes, relacionados à linguagem e aos aspectos técnicos da redação científica. A escrita científica exige o uso de linguagem formal, caracterizando-se pela sintaxe correta, vocabulário formal e rigor gramatical. Aguns aspectos fundamentais devem ser observados na elaboração da redação científica, relacionados a seguir em tópicos para facilitar a compreensão acadêmica: a) linguagem simples e direta; b) exposição clara, concisa, objetiva, condizente com a redação científica; c) definir sempre um termo ao introduzi-lo pela primeira vez; d) evitar períodos extensos (frases longas); e) abrir parágrafos com frequência para arejar o texto; f) não usar reticências ou ponto de exclamação; g) preocupação em redigir com um estilo capaz de equilibrar a simplicidade com o movimento, evitando o colóquio vulgar, a ironia, os recurso retóricos; h) precisão e rigor com o vocabulário técnico, sem cair no hermetismo, ou seja, usando vocabulário de difícil compreensão. 1 i) correção gramatical: convém solicitar o auxílio de um conhecedor da língua e da gramática De acordo com Eco(2000), a redação de um texto científico deve se preocupar com o leitor, ou seja atentar-se para a clareza interna do texto; significa que é conveniente fornecer ao leitor as informações necessárias, precisas e claras. Para se alcançar um texto claro é necessário definir os termos usados, a menos que se trate de termos consagrados e indiscutíveis. Portanto, o autor deve explicar bem os termos que em regra podem escapar à familiaridade do leitor. O texto deve ser escrito para que todos compreendam. Outro ponto importante da escrita é a impessoalidade. Para escrever de forma impessoal, importante utilizar a terceira pessoa ou a forma impessoal com o pronome “se”. Não se usa referências pessoais, como “meu trabalho”, “meus estudos”. Use expressões como “cabe, pois concluir que”, “parece acertado que”, “é lícito supor”, “ao exame desse texto percebe-se que”. Um trabalho bem escrito pauta-se ainda pela objetividade e pela linguagem denotativa. Com propriedade o autor Antônio Macena1 ensina que “as palavras têm significado próprio, se usadas adequadamente, traduzem o verdadeiro sentido do texto, refletindo por sua vez a clareza das idéias e sua objetividade.” A humildade e a cortesia são traços importantes no posicionamento ético do pesquisador, especialmente, quando se trata de discordar dos resultados de outros trabalhos e possíveis críticas. O autor pode discordar sem transmitir seu posicionamento com a presunção de que todos os outros estudos estejam eivados de incorreções. 1 FIGUEIREDO, Antônio Macena. Como elaborar Monografias. Rio de Janeiro: Lúmen Júris, 2005. 2 Outro ponto essencial de um trabalho científico é o emprego de verbos. E algumas regras devem ser observadas: a) Ao relatar fatos científicos conhecidos ou descrever trabalhos publicados, deve-se usar o presente do indicativo: “O trabalho de Fulano mostra”, “O tratamento estatístico é essencial ...”. b) Quando se explica o que fez ou o que obteve usa-se o passado: “Os dados foram obtidos ...”. c) No espaço reservado à INTRODUÇÃO da monografia usa-se o presente do indicativo. d) Se atribuir uma afirmativa a alguém, emprega-se o passado: “FULANO considerou ...”. e) Se for apresentar algo, emprega-se o presente: “A Tabela 5 mostra ...” f) Na análise estatística, emprega-se também o presente: “O resultado é significativamente ...”. Importante ressaltar que cada capítulo deverá ser decomposto em seções. Cada seção deve ser relacionada à anterior e à posterior, através de transições lógicas. Nesse ponto, a palavra chave é coerência. Não se decompõe um capítulo em seções para nelas “jogar” qualquer coisa que pareça relevante. Pelo contrário, cada seção deve vir complementar a anterior, em uma progressão que leve o leitor a entender sua abordagem e sua lógica. O capítulo deve começar com uma mini-introdução que deixe clara essa lógica interna. Ele deve se encerrar por uma pequena conclusão que o resume e encaminhe naturalmente o leitor a se motivar para o próximo capítulo. Quanto às citações são as informações colhidas em fontes documentais e mencionadas no texto da monografia. Tem como finalidade enriquecer ou, até mesmo, dar maior credibilidade ao trabalho monográfico. As orientações a seguir têm como referência a orientação da ABNT fixada pela NBR 10520:AGO-2002: 3 1. As transcrições de até três linhas completas são inseridas no próprio texto entre aspas duplas. Se o texto citado já contiver algo entre aspas, estas serão substituídas por aspas simples. 2. As transcrições no texto com mais de três linhas, as chamadas citações longas, devem constituir parágrafo independente, com recuo de 4cm da margem esquerda e alinhada à margem direita do texto. Deverá ser digitado em fonte de 12 cm, espaço simples e separadas do texto que as precede e as sucede por dois espaços simples. 3. Caso deseje suprimir palavras em uma citação dever-se-á usar colchetes: “[...] escreve o texto”. 4. Quando se tratar de dados obtidos por informação oral, por exemplo em palestras, indicar entre parênteses a expressão (informação verbal), mencionando os dados disponíveis em nota de rodapé. 5. Para enfatizar trechos da citação, deve-se destacá-los indicando esta alteração com a expressão (grifo nosso) entre parênteses. Caso o destaque seja do autor consultado, usa-se a expressão (grifo do autor). 6. No caso de citação direta ou textual, ou seja quando a transcrição é reprodução exata do texto original, é necessário indicar na nota de rodapé, além de todos os dados do autor e obra, a página da fonte, separada por vírgula e precedida pela letra “p.”. 7. Caso haja erro ortográfico no texto a ser transcrito, deve-se usar a expressão [sic!] logo após a palavra estranha, para indicar que estava assim no texto original. 8. A citação indireta ou livre ocorre quando não há transcrição textual. Contudo, apesar de livre, deve ser fiel às idéias, sentido ou informações do autor. Não é necessário colocar aspas, mas deve-se indicar a fonte na nota de rodapé. A presente orientação para escrita da monografia, com certeza, não irá esgotar todas as dúvidas. Questionamentos surgirão ao longo do árduo ato de escrever. Por isso, salutar é ter ao alcance das mãos bons livros de metodologia do trabalho científico, além das obras específicas de cada tema. Agora, mãos à obra! 4