GOVERNO DO ESTADO DE MINAS GERAIS INSTITUTO ESTADUAL DO PATRIMONIO HISTÓRICO E ARTÍSTICO – IEPHA-MG DIRETORIA DE PROTEÇÃO E MEMÓRIA - DPM GERENCIA DE IDENTIFICAÇÃO – GID RELATÓRIO FINAL DE PESQUISA DE INVENTÁRIO DO ACERVO DE ESTRUTURAS ARQUITETONICAS E BENS INTEGRADOS DO CEMITÉRIO DO BONFIM – BELO HORIZONTE. Belo Horizonte, outubro de 2010 Ins t it ut o Es ta d ua l do P atr im ôn i o H is t ór ic o e Ar tís t ic o de Mi n as G e ra is - I E P HA / MG Praça da Liberdade s/nº - Edifício SETOP - 4º andar – CEP: 30.140 -010 - Belo Horizonte/ MG T e l : ( 3 1 ) 3 2 3 5 - 2 8 0 0 - F a x: ( 3 1 ) 3 2 3 5 - 2 8 0 8 / 3 2 3 5 - 2 8 5 8 - w w w . i e p h a . m g . g o v . b r GOVERNO DO ESTADO DE MINAS GERAIS INSTITUTO ESTADUAL DO PATRIMONIO HISTÓRICO E ARTÍSTICO – IEPHA-MG DIRETORIA DE PROTEÇÃO E MEMÓRIA - DPM GERENCIA DE IDENTIFICAÇÃO – GID SUMÁRIO Apresentação 01 Metodologia 02 Alguns Resultados 05 IPAC-MG digital 08 Indicação de pesquisas futuras e publicações 09 Estado de conservação e orientações para manutenção dos jazigos 09 Edifício do Necrotério do Bonfim 10 Glossário temático 16 Referências bibliográficas 17 Ficha técnica 19 Ins t it ut o Es ta d ua l do P atr im ôn i o H is t ór ic o e Ar tís t ic o de Mi n as G e ra is - I E P HA / MG Praça da Liberdade s/nº - Edifício SETOP - 4º andar – CEP: 30.140 -010 - Belo Horizonte/ MG T e l : ( 3 1 ) 3 2 3 5 - 2 8 0 0 - F a x: ( 3 1 ) 3 2 3 5 - 2 8 0 8 / 3 2 3 5 - 2 8 5 8 - w w w . i e p h a . m g . g o v . b r GOVERNO DO ESTADO DE MINAS GERAIS INSTITUTO ESTADUAL DO PATRIMONIO HISTÓRICO E ARTÍSTICO – IEPHA-MG DIRETORIA DE PROTEÇÃO E MEMÓRIA - DPM GERENCIA DE IDENTIFICAÇÃO – GID APRESENTAÇÃO O Inventário do Cemitério do Bonfim, em Belo Horizonte, realizado pela Gerência de Identificação (GID) do IEPHA-MG foi um trabalho que surgiu da necessidade de se conhecer melhor um importante espaço da cidade com significativa relevância histórica, artística e de memória e que ainda era e é muito pouco estudado. Além disso, e conjuntamente a esse fato, havia a necessidade iminente de se identificar e proteger as peças existentes no Bonfim que freqüentemente estavam desaparecendo pela ação de vândalos que depredavam e furtavam seu acervo. A cada peça desaparecida, ou jazigo depredado, sumia com ela parte significativa de uma memória sem que ao menos pudéssemos conhecê-la. O valor histórico e cultural do Bonfim sempre foi algo irrefutável e sua relevância como patrimônio cultural já havia sido reconhecida anteriormente pelo IEPHA-MG através do tombamento., em 1977, do antigo Necrotério (Capela), edificação de destaque na paisagem do Campo Santo e, ao redor do qual, o cemitério se desenvolveu. Entretanto faltava conhecer de forma sistemática o conjunto de jazigos, túmulos e mausoléus, e os bens a eles integrados que compõem o variado e rico acervo artístico cultural da necrópole. O inventário do cemitério foi o instrumento utilizado para esse fim, pois cumpre uma função importante no sentido de proteção desse acervo. O levantamento das informações, o registro fotográfico, as medições e todo o trabalho de elaboração das fichas de inventário constituíram-se num esforço para preservação da memória e para a proteção desse acervo. O inventário é antes de tudo uma ferramenta de proteção, pois somente através do conhecimento prévio dado por ele que se podem elaborar projetos e tomar medidas ou ações no sentido de valorizar a memória e conservar o espaço. A experiência do Inventário do Cemitério do Bonfim é relevante, pois, a partir do levantamento realizado foi possível caracterizar a ocupação daquele espaço e entender sua construção simbólica e artística. No estudo foi possível identificamos várias potencialidades de linhas de estudos como, por exemplo: a história dos artistas e marmoristas envolvidos na construção, o simbolismo presente nas Página 1 figuras, os materiais utilizados na confecção das peças, as historias de vida dos sepultados, etc. Ins t it ut o Es ta d ua l do P atr im ôn i o H is t ór ic o e Ar tís t ic o de Mi n as G e ra is - I E P HA / MG Praça da Liberdade s/nº - Edifício SETOP - 4º andar – CEP: 30.140 -010 - Belo Horizonte/ MG T e l : ( 3 1 ) 3 2 3 5 - 2 8 0 0 - F a x: ( 3 1 ) 3 2 3 5 - 2 8 0 8 / 3 2 3 5 - 2 8 5 8 - w w w . i e p h a . m g . g o v . b r GOVERNO DO ESTADO DE MINAS GERAIS INSTITUTO ESTADUAL DO PATRIMONIO HISTÓRICO E ARTÍSTICO – IEPHA-MG DIRETORIA DE PROTEÇÃO E MEMÓRIA - DPM GERENCIA DE IDENTIFICAÇÃO – GID METODOLOGIA A metodologia utilizada no inventário do Bonfim foi elaborada e consolidada a partir de uma reflexão teórica e com a realidade dos primeiros levantamentos em campo. Existia uma idéia inicial que pouco a pouco foi sendo adaptada ao contexto da arte funerária, ou seja, foi se modelando a realidade do cemitério, e por fim foi aplicada como critério de seleção dos túmulos inventariados. O primeiro ponto observado nesse processo é que todos os túmulos do cemitério possuem uma importância impar, pois estão relacionados diretamente à vida dos familiares que ali estão sepultados. Nesse sentido, existia e existe uma dimensão utilitária daquele espaço que foi levada em consideração no desenvolvimento dos trabalhos. Entretanto, no universo de mais de 5000 túmulos era preciso selecionar aqueles de maior representatividade. Nesse sentido, para o levantamento proposto, os critérios levaram em consideração 03 aspectos relevantes: o histórico, a expressão artística e fatura – materiais utilizados na construção. Histórico: seleção e inventariamento das primeiras quadras construídas no cemitério, história de vida das personalidades, políticos, religiosos, comerciantes, artistas, intelectuais e outros indivíduos com destaque social. Artístico: Dimensão e expressão artística das estruturas e elementos decorativos de arte tumular característicos de um estilo ou de uma época. Fatura: Fabricantes e materiais utilizados (mármore, bronze, granito, pedra sabão) que dizem respeito a um “saber fazer”, uma dimensão histórica e também artística. Além desses critérios, a área inventariada no trabalho de campo foi dividida em 02 partes: a primeira, englobando as 10 quadras no entorno imediato do edifício do Necrotério (Capela), que foram as primeiras quadras urbanizadas, e em um segundo momento, as 08 quadras lindeiras do atual acesso principal do cemitério, que concentram grande parte dos elementos definidos metodologicamente. Além disso, a área escolhida apresentava uma amostragem bastante representativa do conjunto de obras e pessoas objeto da pesquisa. Página 2 A seguir a planta do Cemitério do Bonfim com a delimitação da área do inventário: Ins t it ut o Es ta d ua l do P atr im ôn i o H is t ór ic o e Ar tís t ic o de Mi n as G e ra is - I E P HA / MG Praça da Liberdade s/nº - Edifício SETOP - 4º andar – CEP: 30.140 -010 - Belo Horizonte/ MG T e l : ( 3 1 ) 3 2 3 5 - 2 8 0 0 - F a x: ( 3 1 ) 3 2 3 5 - 2 8 0 8 / 3 2 3 5 - 2 8 5 8 - w w w . i e p h a . m g . g o v . b r GOVERNO DO ESTADO DE MINAS GERAIS INSTITUTO ESTADUAL DO PATRIMONIO HISTÓRICO E ARTÍSTICO – IEPHA-MG DIRETORIA DE PROTEÇÃO E MEMÓRIA - DPM GERENCIA DE IDENTIFICAÇÃO – GID Fig. 01 – Área inventariada - 10 quadras ao redor do Necrotério (amarelo) e 08 quadras na entrada principal (vermelho) As áreas não contempladas nesse processo podem ser futuramente avaliadas para efeito de inventário, visto que o instrumento está testado e validado. Nesse sentido, seria interessante a participação do Poder Público Executivo do município de Belo Horizonte, detentora e mantenedora do Página 3 espaço, na complementação das informações. Ins t it ut o Es ta d ua l do P atr im ôn i o H is t ór ic o e Ar tís t ic o de Mi n as G e ra is - I E P HA / MG Praça da Liberdade s/nº - Edifício SETOP - 4º andar – CEP: 30.140 -010 - Belo Horizonte/ MG T e l : ( 3 1 ) 3 2 3 5 - 2 8 0 0 - F a x: ( 3 1 ) 3 2 3 5 - 2 8 0 8 / 3 2 3 5 - 2 8 5 8 - w w w . i e p h a . m g . g o v . b r GOVERNO DO ESTADO DE MINAS GERAIS INSTITUTO ESTADUAL DO PATRIMONIO HISTÓRICO E ARTÍSTICO – IEPHA-MG DIRETORIA DE PROTEÇÃO E MEMÓRIA - DPM GERENCIA DE IDENTIFICAÇÃO – GID Os dinâmica trabalhos dos seguiram outros realizados pelo constituída das a inventários IPAC/IEPHA-MG, seguintes etapas: Levantamento documental (artigos e publicações relativas ao tema cemitério e específicas sobre o Cemitério do Bonfim, tais como mapas, dissertações, entrevistas com marmorarias da ex-funcionários Capital de etc), Levantamento de campo (identificação, localização, fotos, medições, material, análise de estado de conservação, fatores de risco, etc) elaboração das fichas (descrição, histórico, material, técnica, etc, além do preenchimento das fichas e nomeação das fotos), revisão Fig.02 – Modelo de Ficha do IPAC-MG utilizado no inventário (análise geral do conteúdo da ficha), cadastro (lançamento das informações na base de dados do IPAC-MG) e disponibilização (liberação de acesso a consulta internamente no BDIPAC-MG e externamente através da página www.ipac.iepha.mg.gov.br. O cadastro das fichas do Cemitério do Bonfim no Sistema IPAC/MG foi concluído em 03 de setembro de 2010. O trabalho de levantamento de campo foi iniciado em fevereiro de 2008 e estendeu-se até o final do mesmo ano. O preenchimento das fichas deu-se paralelamente ao levantamento de campo e foi finalizado em março de 2010. A etapa de revisão começou em abril de 2010 e foi concluída em agosto do mesmo ano. A indexação das fichas na base de dados do IEPHA- Página 4 MG ocorreu de agosto a outubro de 2010. Ins t it ut o Es ta d ua l do P atr im ôn i o H is t ór ic o e Ar tís t ic o de Mi n as G e ra is - I E P HA / MG Praça da Liberdade s/nº - Edifício SETOP - 4º andar – CEP: 30.140 -010 - Belo Horizonte/ MG T e l : ( 3 1 ) 3 2 3 5 - 2 8 0 0 - F a x: ( 3 1 ) 3 2 3 5 - 2 8 0 8 / 3 2 3 5 - 2 8 5 8 - w w w . i e p h a . m g . g o v . b r GOVERNO DO ESTADO DE MINAS GERAIS INSTITUTO ESTADUAL DO PATRIMONIO HISTÓRICO E ARTÍSTICO – IEPHA-MG DIRETORIA DE PROTEÇÃO E MEMÓRIA - DPM GERENCIA DE IDENTIFICAÇÃO – GID ALGUNS RESULTADOS Todos os dados coletados foram reunidos nas fichas de inventário. Ao todo foram identificados 515 carneiros que geraram 780 fichas e 2572 fotos. As fichas foram divididas entre elementos arquitetônicos, bens integrados, mausoléus e capelas. Abaixo uma tabela com dados quantitativos: IPAC/MG CEMITÉRIO DO BONFIM, BELO HORIZONTE Cadastros Localização Nº fichas IPAC/MG Fotos Necrotério 1 2296 3 Plantas cadastrais 0 -- Acervo arquivístico 0 S/Nº Cemitério do Bonfim 01 3562 11 quadra 1 30 3564 / 3593 97 quadra 2 08 3594 / 3601 39 15 3602 / 3616 82 quadra 4 07 3617 / 3623 68 quadra 5 12 3624 / 3635 45 48 3636 / 3683 117 quadra 7 20 3684 / 3703 72 quadra 8 28 3704 / 3731 131 quadra 3 quadra 6 crianças congregações quadra 9 40 3732 / 3771 127 quadra 10 10 3772 / 3781 43 quadra 16 14 3782 / 3795 54 quadra 17 políticos 77 3796 / 3872 272 quadra 18 políticos 62 3873 / 3934 422 quadra 19 38 3935 / 3972 268 quadra 20 01 3973 06 quadra 43 31 3974 / 4004 218 quadra 44 24 4005 / 4028 155 quadra 49 16 4029 / 4044 124 quadra 50 34 4045 / 4078 213 3563 2296 3562 / 4078 08 Otacílio Negrão 01 Resultado: Nº total de fichas: 518 2572 Página 5 rotatória Ins t it ut o Es ta d ua l do P atr im ôn i o H is t ór ic o e Ar tís t ic o de Mi n as G e ra is - I E P HA / MG Praça da Liberdade s/nº - Edifício SETOP - 4º andar – CEP: 30.140 -010 - Belo Horizonte/ MG T e l : ( 3 1 ) 3 2 3 5 - 2 8 0 0 - F a x: ( 3 1 ) 3 2 3 5 - 2 8 0 8 / 3 2 3 5 - 2 8 5 8 - w w w . i e p h a . m g . g o v . b r GOVERNO DO ESTADO DE MINAS GERAIS INSTITUTO ESTADUAL DO PATRIMONIO HISTÓRICO E ARTÍSTICO – IEPHA-MG DIRETORIA DE PROTEÇÃO E MEMÓRIA - DPM GERENCIA DE IDENTIFICAÇÃO – GID Nos Artistas identificados pelo inventário A.M.Wolff (1 placa) - 1900 Carlos Simi Stor (4) - Rio de Janeiro - Década de 1930 Ettore Ximenes (1) Formente (2) - Rio de Janeiro Heitor Usai (3 Jesus Cristo) - Rio de Janeiro - Década de 1940 João Scuotto (4) - Belo Horizonte - Década de 1960 Jeanne Louise Milde (2) - Metade do séc. XX João Amadeu Mucchiut (3) José Scarlatelli (2 Bustos) L. Galante (3) - Década de 1930 Lucy Serpa de Andrade (1 Cruz) - 1980 Prof. Giusepe Navone (Urna) - Gênova - 1915 Virgílio (1 Figura feminina) - Rio de Janeiro - 1954 Heitor Usai César Formenti trabalhos foram identificadas inúmeras obras de arte em variados materiais, como o mármore branco, a pedra sabão, o bronze e o granito. Nesse conjunto de peças também foram identificados alguns artistas que assinam trabalhos no Cemitério do Bonfim, conforme mostra o quadro ao lado. Algumas das peças foram encomendadas no Rio de Janeiro e em São Paulo e outras tantas feitas por artistas com residência em Belo Horizonte, como é o caso do austríaco João Amadeu Mucchiut. Marmoristas e construtores foram outros personagens (elementos) identificados na pesquisa. Muitos deles trabalhavam em associação com os artistas e também estavam envolvidos na construção das primeiras edificações da Nova Capital. (outros prédios nos primórdios da edificação da cidade). (Ver quadro ao lado) do Bonfim diz respeito à iconografia utilizada nos túmulos. jazigos esculturas e inventariados elementos foram encontrados decorativos, Irmãos Natali Marmoraria São José - Bottaro Marmoraria Antônio Folini Marmoraria Horizontina de Paulo Simoni Marmoraria São Geraldo Outro ponto identificado no inventário do Cemitério Nos Marmoristas e Construtores identificados no inventário sendo os destacados relacionados no quadro abaixo. várias mais Marmoraria Carrara Scalabrini Construtores Campos Silva & Cia - Antonio Franco Officinas Lunardi Estevão - BH Marmoraria Artesanato Ltda Marmoraria Pongetti & Maselli J.F.Oliveira Iconografias encontradas no inventário N. Senhora da Conceição - 19 N. Senhora da Piedade - 06 N. Senhora das Graças - 07 N. Senhora de Lourdes - 06 N. Senhora do Carmo - 09 Cruz - 125 Figura Feminina - 35 Sagrada Família - 15 Sagrado Coração de Jesus - 45 Figura Masculina - 16 Jesus Cristo - 55 Medalhão - 20 Mulher Pranteadora - 22 N.Senhora Aparecida - 05 Santa Teresinha - 12 Santo Antônio - 11 São José - 12 Pira - 14 Vaso - 33 Officina de cantaria Manoel da S. Martins Marmoraria Acreana Marmoraria Miranda Casa Maia Mármores e Granitos Página 6 Anjo - 39 Anjo criança - 29 Busto Masculino - 13 Criança - 14 Crucifixo - 37 Ins t it ut o Es ta d ua l do P atr im ôn i o H is t ór ic o e Ar tís t ic o de Mi n as G e ra is - I E P HA / MG Praça da Liberdade s/nº - Edifício SETOP - 4º andar – CEP: 30.140 -010 - Belo Horizonte/ MG T e l : ( 3 1 ) 3 2 3 5 - 2 8 0 0 - F a x: ( 3 1 ) 3 2 3 5 - 2 8 0 8 / 3 2 3 5 - 2 8 5 8 - w w w . i e p h a . m g . g o v . b r GOVERNO DO ESTADO DE MINAS GERAIS INSTITUTO ESTADUAL DO PATRIMONIO HISTÓRICO E ARTÍSTICO – IEPHA-MG DIRETORIA DE PROTEÇÃO E MEMÓRIA - DPM GERENCIA DE IDENTIFICAÇÃO – GID A seguir exemplos de algumas obras encontradas no Cemitério do Bonfim com seus respectivos autores. Algumas obras e artistas identificados no Cemitério do Bonfim João Amadeu Mucchiut IPAC3761- Mulher em mármore Carlos Simi Stor IPAC Busto em Bronze fundido João Scuotto IPAC Placa em bronze baixo relevo Jeanne Louise Milde Página 7 IPAC Cesta de flores em pedra Sabão Ins t it ut o Es ta d ua l do P atr im ôn i o H is t ór ic o e Ar tís t ic o de Mi n as G e ra is - I E P HA / MG Praça da Liberdade s/nº - Edifício SETOP - 4º andar – CEP: 30.140 -010 - Belo Horizonte/ MG T e l : ( 3 1 ) 3 2 3 5 - 2 8 0 0 - F a x: ( 3 1 ) 3 2 3 5 - 2 8 0 8 / 3 2 3 5 - 2 8 5 8 - w w w . i e p h a . m g . g o v . b r GOVERNO DO ESTADO DE MINAS GERAIS INSTITUTO ESTADUAL DO PATRIMONIO HISTÓRICO E ARTÍSTICO – IEPHA-MG DIRETORIA DE PROTEÇÃO E MEMÓRIA - DPM GERENCIA DE IDENTIFICAÇÃO – GID IPAC Estatua em bronze fundido Laurindo Galante IPAC-MG DIGITAL Conforme mencionado as fichas resultantes do Inventário do Cemitério do Bonfim em Belo Horizonte foram cadastradas na base de dados do IEPHA-MG e estão disponíveis para consulta, através do endereço www.ipac.iepha.mg.gov.br. O inventário é um processo contínuo e algumas informações devem ser atualizadas periodicamente, além de divulgar as informações, a disponibilização para consulta tem por objetivo atualizar as fichas através da contribuição dos Página 8 usuários. Ins t it ut o Es ta d ua l do P atr im ôn i o H is t ór ic o e Ar tís t ic o de Mi n as G e ra is - I E P HA / MG Praça da Liberdade s/nº - Edifício SETOP - 4º andar – CEP: 30.140 -010 - Belo Horizonte/ MG T e l : ( 3 1 ) 3 2 3 5 - 2 8 0 0 - F a x: ( 3 1 ) 3 2 3 5 - 2 8 0 8 / 3 2 3 5 - 2 8 5 8 - w w w . i e p h a . m g . g o v . b r GOVERNO DO ESTADO DE MINAS GERAIS INSTITUTO ESTADUAL DO PATRIMONIO HISTÓRICO E ARTÍSTICO – IEPHA-MG DIRETORIA DE PROTEÇÃO E MEMÓRIA - DPM GERENCIA DE IDENTIFICAÇÃO – GID INDICAÇÃO DE PESQUISAS FUTURAS E PUBLICAÇÕES Os levantamentos realizados no Cemitério do Bonfim apontaram para inúmeras possibilidades de pesquisa e de produtos oriundos dos trabalhos, entre os tópicos se apresentam: Iconografia religiosa cristã; Símbolos da morte; Técnicas de fatura de escultura; Arquivos documentais; Guia de visitação; Catálogo das peças; Livro sobre o Cemitério do Bonfim; Manual de conservação das peças; Arte Tumular; Conformação do espaço urbano no bairro Bonfim; Relacionar a arte tumular do Cemitério do Bonfim com a de outros cemitérios; Influências culturais da arte tumular encontrada no Cemitério do Bonfim ESTADO DE CONSERVAÇÃO e ORIENTAÇÕES PARA MANUTENÇÃO DOS JAZIGOS Uma constatação verificada durante os trabalhos realizados pela equipe de inventário foi a necessidade de uma correta manutenção das peças existentes na necrópole, isso por que, a maior parte do acervo se encontra ao ar livre, sujeita ao desgaste natural provocado pelas intempéries e pela ação de microorganismos. Nesse sentido, recomendamos que sejam observados alguns procedimentos na manutenção dos jazigos do campo santo. Mármore O mármore é uma rocha metamórfica de composição calcária. Na conservação dessas peças não se deve usar produtos de limpeza cáusticos ou abrasivos, pois existe a possibilidade de aumentar a porosidade e o desgaste da peça. Deve-se usar somente água e sabão neutro na limpeza. Pedra Sabão Na conservação do Esteatito (também conhecido como pedra de talco ou pedra-sabão) deve- Ins t it ut o Es ta d ua l do P atr im ôn i o H is t ór ic o e Ar tís t ic o de Mi n as G e ra is - I E P HA / MG Praça da Liberdade s/nº - Edifício SETOP - 4º andar – CEP: 30.140 -010 - Belo Horizonte/ MG T e l : ( 3 1 ) 3 2 3 5 - 2 8 0 0 - F a x: ( 3 1 ) 3 2 3 5 - 2 8 0 8 / 3 2 3 5 - 2 8 5 8 - w w w . i e p h a . m g . g o v . b r Página Esfregar o óleo na pedra. Remover excedentes para que não haja aparência de molhado. No passar 9 se utilizar óleo mineral de qualquer tipo de hidrocarbônico, que pode ser adquirido em farmácias. GOVERNO DO ESTADO DE MINAS GERAIS INSTITUTO ESTADUAL DO PATRIMONIO HISTÓRICO E ARTÍSTICO – IEPHA-MG DIRETORIA DE PROTEÇÃO E MEMÓRIA - DPM GERENCIA DE IDENTIFICAÇÃO – GID do tempo, fazer nova aplicação de óleo. Fazer a limpeza com esponja ou com pano macio, utilizando água limpa e detergente neutro, se necessário. Granito O granito é uma rocha magmática formada por feldspato, quartzo e mica. Para a limpeza nos granitos basta um pano úmido. Não usar produtos oleosos, água sanitária nem ácidos (mureático, etc.), detergentes corrosivos ou produtos químicos. Bronze Nas peças em bronze deve-se lavar as esculturas com água, sabão neutro e escova de nylon. Além dessas recomendações, é importante controlar e eliminar a vegetação que cresce junto aos túmulos, bem como as árvores existentes no cemitério. Sugerimos que as orientações sejam passadas aos zeladores dos túmulos que diariamente cuidam da manutenção do espaço. EDIFÍCIO DO NECROTÉRIO DO BONFIM 1 O Edifício do Necrotério do Cemitério Municipal do Bonfim foi uma das primeiras edificações projetadas e executadas pela Comissão Construtora da Nova Capital. Desenhada pelos engenheiros arquitetos Hermano Zickler, José de Magalhães e Edgard Nascentes Coelho e construída sob responsabilidade do Conde de Santa Marinha, o prédio, com influências neoclássicas, incluía-se no rol das edificações do projeto urbanístico da nova capital de Minas. Nos moldes da ideologia republicana positivista, a concepção desse projeto pautava-se na utopia de uma cidade ideal, com espaços ordenado, iluminados e saneados. Assim como era preciso planejar a cidade dos vivos, a cidade dos mortos deveria ser ordenada e higiênica. Concebido inicialmente para ser o depósito mortuário, o necrotério e o cemitério eram O tombamento do edifício foi aprovado pelo Decreto Estadual 18.531, de 02/06/1977, sendo determinada sua inscrição no Livro do Tombo de Belas Artes (Livro II), número de inscrição XII, página 02v, sob a seguinte designação: VII - edifício do Necrotério do Cemitério do Bonfim, localizado em Belo Horizonte, edificado pela Comissão Construtora da Nova Capital, com partes de cantaria, cobertura metálica e decorações, inclusive, quatro piras externas e passeios de pedra adjacentes. elementos XVIII e XIX. 1 MIRANDA, André; MOLINARI, Luis. Edifício do Necrotério do Bonfim. Guia dos Bens Tombados – IEPHA (No prelo) Ins t it ut o Es ta d ua l do P atr im ôn i o H is t ór ic o e Ar tís t ic o de Mi n as G e ra is - I E P HA / MG Praça da Liberdade s/nº - Edifício SETOP - 4º andar – CEP: 30.140 -010 - Belo Horizonte/ MG T e l : ( 3 1 ) 3 2 3 5 - 2 8 0 0 - F a x: ( 3 1 ) 3 2 3 5 - 2 8 0 8 / 3 2 3 5 - 2 8 5 8 - w w w . i e p h a . m g . g o v . b r Página se sepultar nos arredores das igrejas, herança fortemente arraigada na cultura brasileira nos séculos 10 catalisadores de uma nova percepção do mundo, visto que, contrastavam com os antigos hábitos de GOVERNO DO ESTADO DE MINAS GERAIS INSTITUTO ESTADUAL DO PATRIMONIO HISTÓRICO E ARTÍSTICO – IEPHA-MG DIRETORIA DE PROTEÇÃO E MEMÓRIA - DPM GERENCIA DE IDENTIFICAÇÃO – GID Fig. 01 – Necrotério Fonte: MUSEU HISTÓRICO ABÍLIO BARRETO. Cemitério Municipal Necrotério. CC DT 09 011. Engenheiro arquiteto José de Magalhães. 25/01/1895. Nessa atmosfera de modernidade, de reforma e de imposição de novos hábitos é que foi construído o edifício do necrotério. Os materiais utilizados foram quase todos importados da Europa, principalmente da Bélgica, como confirma os diversos pedidos para isenção das taxas aduaneiras, dirigidos ao Ministro da Fazenda e que se referiam a volumes de "um Necrotério da Nova Capital do Estado" (APM). Tais volumes aguardavam retidos na Alfândega do Rio de Janeiro e foram trazidos do Velho Mundo em vapores como o "Ville de Buenos Ayres", o "Carolina", o "Ville de S. Nicolas" e o "Caravellas". 2 O Necrotério orientou a urbanização e ocupação do Cemitério Municipal, pois, em seu entorno imediato foram construídas as primeiras quadras. Em 1900, o então prefeito de Belo Horizonte, Bernardo Pinto Monteiro, dava conta da situação do campo santo e dizia que "o prédio do necrotério encontrava-se no centro da área até então ocupada”. 3 O edifício era referência para a cidade visto que estava localizado no alto do morro dos Menezes e podia ser avistado de vários ARQUIVO PÚBLICO MINEIRO. SECRETARIA DE OBRAS PÚBLICAS, RASCUNHOS DIVERSOS, NOVA CAPITAL, OFÍCIOS Nº. 521, Nº. 593, Nº. 595 E Nº. 598. 2º SEMESTRE 1897. 3 ARQUIVO PÚBLICO MINEIRO. Mensagem ao Conselho Deliberativo da Cidade de Minas - Apresentada em 19 de setembro de 1900 pelo prefeito Dr. Bernardo Pinto Monteiro. fl. 47 e 48. Ins t it ut o Es ta d ua l do P atr im ôn i o H is t ór ic o e Ar tís t ic o de Mi n as G e ra is - I E P HA / MG Praça da Liberdade s/nº - Edifício SETOP - 4º andar – CEP: 30.140 -010 - Belo Horizonte/ MG T e l : ( 3 1 ) 3 2 3 5 - 2 8 0 0 - F a x: ( 3 1 ) 3 2 3 5 - 2 8 0 8 / 3 2 3 5 - 2 8 5 8 - w w w . i e p h a . m g . g o v . b r Página 2 11 pontos da cidade que ainda não tinha se verticalizado. GOVERNO DO ESTADO DE MINAS GERAIS INSTITUTO ESTADUAL DO PATRIMONIO HISTÓRICO E ARTÍSTICO – IEPHA-MG DIRETORIA DE PROTEÇÃO E MEMÓRIA - DPM GERENCIA DE IDENTIFICAÇÃO – GID Todavia, apesar do porte monumental e de sua vocação para a modernidade, o edifício do Necrotério teve pouco uso na sua proposta inicial. A utilização durante os primeiros anos foi tímida, muito em função da dificuldade de acesso ao local e da resistência da população que preferia velar os corpos em casa ou nas igrejas. Para reverter tal situação o prefeito Bernardo Monteiro apresentou proposta para melhor utilização do espaço. O objetivo era paramentar todo o prédio com símbolos católicos e torná-lo uma capela, para que então fosse utilizado pelos vigários da cidade na celebração das chamadas encomendações, ou missa de corpo presente4. A iniciativa surtiu efeito e durante vários anos o edifício serviu como velório e capela, ficando ao longo dos anos mais conhecido por essa designação. Fig. 02 – Necrotério do Bonfim. Fonte: Acervo IEPHA-MG. O depósito mortuário, como também era conhecido o necrotério, enfrentava um problema crônico. A cúpula metálica que cobria a edificação sofria constantemente pela ação dos raios e das chuvas, e as goteiras eram comuns no interior do prédio fato que inviabilizava qualquer tipo de utilização. A situação era tão grave que foi tema em inúmeros relatórios administrativos. Em setembro de 1921, o prefeito Affonso Vaz de Mello informava ao Conselho Deliberativo do município que havia reparado “os estragos ocasionados na rotunda do depósito mortuário por uma faísca elétrica que sobre ela caiu”5. Cinco anos depois, em outubro de 1926, o prefeito Christiano Monteiro Machado, informava que o último reparo na cobertura havia sido feita pela Casa Eduardo Dalloz6 e sugeria que a cúpula fosse retirada e feita em cimento, segundo ele “haveria grande vantagem se a cúpula fosse feita de cimento armado”7 . Ins t it ut o Es ta d ua l do P atr im ôn i o H is t ór ic o e Ar tís t ic o de Mi n as G e ra is - I E P HA / MG Praça da Liberdade s/nº - Edifício SETOP - 4º andar – CEP: 30.140 -010 - Belo Horizonte/ MG T e l : ( 3 1 ) 3 2 3 5 - 2 8 0 0 - F a x: ( 3 1 ) 3 2 3 5 - 2 8 0 8 / 3 2 3 5 - 2 8 5 8 - w w w . i e p h a . m g . g o v . b r Página ARQUIVO PÚBLICO MINEIRO. Relatório apresentado ao Conselho Deliberativo da Cidade de Minas pelo prefeito Dr. Bernardo Pinto Monteiro. 12/09/1899 a 31/08/1902. fl. 156. 5 RELATÓRIO APRESENTADO AO CONSELHO DELIBERATIVO DA CAPITAL PELO PREFEITO DR. AFFONSO VAZ DE MELLO EM SETEMBRO DE 1921. 6 EDUARDO DALLOZ FURETT FOI UM IMPORTANTE EMPRESÁRIO ÍTALO-BRASILEIRO QUE ATUOU EM BELO HORIZONTE NOS PRIMEIROS ANOS DA CONSTRUÇÃO. SEUS NEGÓCIOS ERAM DIVERSOS DESDE MATERIAIS PARA A CONSTRUÇÃO ATÉ SUPRIMENTOS PARA FOTOGRAFIA. VER .... 7 RELATÓRIO APRESENTADO AO CONSELHO DELIBERATIVO DA CAPITAL PELO PREFEITO CHRISTIANO MONTEIRO MACHADO, EM OUTUBRO DE 1926. P108. 12 4 GOVERNO DO ESTADO DE MINAS GERAIS INSTITUTO ESTADUAL DO PATRIMONIO HISTÓRICO E ARTÍSTICO – IEPHA-MG DIRETORIA DE PROTEÇÃO E MEMÓRIA - DPM GERENCIA DE IDENTIFICAÇÃO – GID Apesar dos problemas estruturais enfrentados, o necrotério foi bastante utilizado como capela até aproximadamente os anos 1950, vale lembrar que até 1942 o Cemitério do Bonfim era o único existente na capital mineira, concentrando todos os enterramentos da cidade que eram velados no necrotério. Com o passar dos anos, e com a construção de outros cemitérios e do velório externo do Bonfim, a utilização da capela/necrotério diminuiu culminando com o encerramento das atividades. Atualmente o Edifício do Necrotério está em Fig. 04 – Ampulheta alada. Acervo IEPHA-MG desuso. Em relação ao edifício, o necrotério é um prédio térreo com influências neoclássicas, o piso é elevado e o embasamento é aflorado em relação ao arruamento. A planta da edificação é quadrada e suas proporções são clássicas com harmonia entre as partes: base, corpo e coroamento. A cúpula metálica serve como cobertura, e é ladeada e encimada por elementos decorativos. No cume existe uma pira metálica apagada coberta por manto. Anteriormente uma cruz latina despontava da extremidade desse vaso. Já o embasamento é revestido em cantaria e arrematado por cimalha. A fachada frontal contém o único acesso à edificação e é voltada para o muro de divisa com a rua Caparaó, antiga entrada do cemitério. O acesso ao necrotério é precedido por uma escadaria em pedra ladeada por mureta, também em cantaria. Na entrada, duas ombreiras imitam colunas jônicas e seus capitéis sustentam verga reta com cimalha e uma bandeira em arco pleno, todos os elementos são em granito. As colunas possuem caneluras e o fuste estende-se até rés do chão, carecendo de base. Um portão metálico, com duas folhas, dá acesso a edificação, tanto o portão quanto as outras aberturas do edifício possuem rica decoração em serralheria artística. O necrotério localiza-se em meio a uma Fig. 03 - Gadanhas e Ouroboros. Acervo IEPHA-MG rotatória e tem passeio em cantaria. No passeio, em cada um dos vértices do edifício, destaca-se uma pira metálica, com flâmula e tripé com pés em forma de garra. Nas esquinas das quadras do entorno imediato do prédio existem esculturas metálicas na forma de tocheiros com flâmula Página 13 esvoaçante e decorados por altos relevos com elementos fitomórficos. Ins t it ut o Es ta d ua l do P atr im ôn i o H is t ór ic o e Ar tís t ic o de Mi n as G e ra is - I E P HA / MG Praça da Liberdade s/nº - Edifício SETOP - 4º andar – CEP: 30.140 -010 - Belo Horizonte/ MG T e l : ( 3 1 ) 3 2 3 5 - 2 8 0 0 - F a x: ( 3 1 ) 3 2 3 5 - 2 8 0 8 / 3 2 3 5 - 2 8 5 8 - w w w . i e p h a . m g . g o v . b r GOVERNO DO ESTADO DE MINAS GERAIS INSTITUTO ESTADUAL DO PATRIMONIO HISTÓRICO E ARTÍSTICO – IEPHA-MG DIRETORIA DE PROTEÇÃO E MEMÓRIA - DPM GERENCIA DE IDENTIFICAÇÃO – GID SIMBOLOGIA Todos os elementos decorativos presentes no edifício do necrotério reportam a uma linguagem simbólica e fazem alusão ao tema da morte. Gadanhas e Ouroboro - As gadanhas ou foices que estão localizadas na parte inferior dos portões são exemplos dessas representações. Segundo Jean Chevalier a foice é tipicamente a representação da morte, isso, pois seu corte iguala todas as coisas vivas. Udo Becker afirma que desde a Renascença, a gadanha e o esqueleto são personificações do tempo e da morte e associa esta ferramenta a esperança de renovação e de renascimento. No mesmo portão está presente também o Ouroboro, símbolo da serpente mordendo a própria cauda, que representa a eternidade, o ciclo da vida que volta tudo para si mesmo. Os dois objetos representam a idéia de transitoriedade, de existência fugaz, de finitude e de recomeço. Ampulheta Alada - Outro objeto presente na fachada do edifício é a ampulheta alada, tal símbolo representa a passagem do tempo com “seu escoamento inexorável”, as asas lembram a efemeridade do tempo. A ampulheta também pode ser associada à passagem entre dois níveis, um superior e outro inferior, como que referenciando a dimensão terrestre e celeste. Anjos - Os anjos estão em cada uma das extremidades da edificação. De acordo com Chevalier os anjos são seres intermediários entre o reino terreno e o reino de Deus, são a expressão de Deus, é muito comum associar a figura dos anjos a mensageiros e guardiões de templos. Romã e folha de Acanto - A romã tem múltiplas interpretações, no caso especifico parece que a mais condizente é a que associa o fruto como símbolo da vida e da morte. A romã também representa os mistérios de Deus e seus grãos freqüentemente estão associados à união dos cristãos. A folha de acanto simboliza o cumprimento das difíceis tarefas da vida. Segundo Chevalier, na arquitetura funerária, o acanto era usado para indicar que as provações da vida e da morte, simbolizadas pelos espinhos da planta, haviam sido vencidas. Fig. 04 – Anjos. Acervo IEPHA-MG As fachadas laterais e a posterior organizam-se e são decoradas de maneira semelhante à fachada frontal à exceção do fato de carecerem de escadarias e vãos de acessos - que são fechados em alvenaria. As arestas verticais do edifício são decoradas com painéis retangulares sobrepostos e em alto relevo que dão a idéia de cunhais, mas que, no entanto não possuem função estrutural. Essa decoração se estende do embasamento até o alto do edifício e os painéis situados nos vértices superiores da edificação são ornamentados por ampulhetas aladas realizadas em serralheria artística. São duas figuras por fachada que delimitam uma faixa horizontal composta por seis vãos quadrados e justapostos com fechamento em gradil metálico. Uma faixa horizontal em massa decorada por elementos ondulados em alto relevo delimita estes vãos em sua parte inferior. Os panos de alvenaria são arrematados por uma estrutura em forma de entablamento arquitrave, clássico, friso e constando cornija. Sobre de o alados. Essas mesmas muretas apresentam rocalhas em seus centros geométricos, que por sua vez associam-se a esculturas em forma de romã. Ins t it ut o Es ta d ua l do P atr im ôn i o H is t ór ic o e Ar tís t ic o de Mi n as G e ra is - I E P HA / MG Praça da Liberdade s/nº - Edifício SETOP - 4º andar – CEP: 30.140 -010 - Belo Horizonte/ MG T e l : ( 3 1 ) 3 2 3 5 - 2 8 0 0 - F a x: ( 3 1 ) 3 2 3 5 - 2 8 0 8 / 3 2 3 5 - 2 8 5 8 - w w w . i e p h a . m g . g o v . b r Página com vértices decorados por bustos de anjos 14 entablamento destaca-se uma mureta metálica GOVERNO DO ESTADO DE MINAS GERAIS INSTITUTO ESTADUAL DO PATRIMONIO HISTÓRICO E ARTÍSTICO – IEPHA-MG DIRETORIA DE PROTEÇÃO E MEMÓRIA - DPM GERENCIA DE IDENTIFICAÇÃO – GID Abaixo das rocalhas, em meio aos dois frisos horizontais que delimitam as extremidades da mureta, encontra-se a figura de duas corbelhas entrelaçadas e dispostas lado a lado que são precedidas por duas folhas de acanto. Emblema semelhante também aparece sob a figura dos anjos alados, porém contendo três corbelhas. A mureta metálica é uma estrutura ornamental dissociada da cúpula, não desempenhando o papel de tambor. O revestimento do piso no interior da edificação é em ladrilho hidráulico sextavado com desenhos geométricos em forma de cubo nas cores branco, cinza claro e cinza escuro. O rodapé é Página 15 em ladrilho hidráulico preto. Ins t it ut o Es ta d ua l do P atr im ôn i o H is t ór ic o e Ar tís t ic o de Mi n as G e ra is - I E P HA / MG Praça da Liberdade s/nº - Edifício SETOP - 4º andar – CEP: 30.140 -010 - Belo Horizonte/ MG T e l : ( 3 1 ) 3 2 3 5 - 2 8 0 0 - F a x: ( 3 1 ) 3 2 3 5 - 2 8 0 8 / 3 2 3 5 - 2 8 5 8 - w w w . i e p h a . m g . g o v . b r GOVERNO DO ESTADO DE MINAS GERAIS INSTITUTO ESTADUAL DO PATRIMONIO HISTÓRICO E ARTÍSTICO – IEPHA-MG DIRETORIA DE PROTEÇÃO E MEMÓRIA - DPM GERENCIA DE IDENTIFICAÇÃO – GID GLOSSÁRIO TEMÁTICO Baldrame – alicerce de alvenaria para suporte de uma lápide; Busto - A parte superior do tronco humano, que vai da cintura ao pescoço; torso. Escultura ou pintura que representa a parte da figura humana que consta da cabeça, do pescoço e de uma parte do peito. Carneiro – Cova com as paredes laterais revestidas de tijolo ou material similar, tendo, inteiramente, as dimensões das sepulturas e, externamente, o máximo de 2,50m de comprimento por 1,25m de largura; o fundo será sempre constituído pelo terreno natural. Carneiro Geminado – dois carneiros e mais o terreno entre eles existente formando uma única cova, para sepultamento dos membros de uma mesma família, ou de pessoas estranhas desde que autorizado pela família, devendo os compartimentos destinados às urnas funerárias estar em comunicação com o solo; Jazigo – palavra empregada para designar tanto a sepultura como o carneiro. Nicho – compartimento do columbário para depósito de ossos retirados de sepultura ou carneiro; Ossuário – vala destinada ao depósito comum de ossos provenientes de jazigos cuja concessão não foi reformada ou caducou; Sepultura – cova funerária aberta no terreno com as seguintes dimensões: para adultos – 2 metros de comprimento por 0,75m de largura e 1,70m de profundidade; para infantes – 1,50m x 0,50m por 1,70m respectivamente. Lápide – laje que cobre o jazigo com inscrição funerária; Mausoléu – monumento funerário suntuoso, que se levanta sobre o carneiro; o caráter suntuoso pode ser obtido não só pela perfeição da forma como também pelo emprego de materiais Página 16 finos que, pelas suas qualidades intrínsecas, supram enfeites e ornamentos; Ins t it ut o Es ta d ua l do P atr im ôn i o H is t ór ic o e Ar tís t ic o de Mi n as G e ra is - I E P HA / MG Praça da Liberdade s/nº - Edifício SETOP - 4º andar – CEP: 30.140 -010 - Belo Horizonte/ MG T e l : ( 3 1 ) 3 2 3 5 - 2 8 0 0 - F a x: ( 3 1 ) 3 2 3 5 - 2 8 0 8 / 3 2 3 5 - 2 8 5 8 - w w w . i e p h a . m g . g o v . b r GOVERNO DO ESTADO DE MINAS GERAIS INSTITUTO ESTADUAL DO PATRIMONIO HISTÓRICO E ARTÍSTICO – IEPHA-MG DIRETORIA DE PROTEÇÃO E MEMÓRIA - DPM GERENCIA DE IDENTIFICAÇÃO – GID REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALMEIDA, Marcelina das Graças de. O Espaço da Morte na Capital Mineira: Um ensaio sobre o Cemitério do Nosso Senhor do Bonfim. 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DIÁRIO DO EXECUTIVO 16 jun. 1977 Pág. 3 Col. 3 (RETIFICAÇÃO) GOVERNO DO ESTADO DE MINAS GERAIS INSTITUTO ESTADUAL DO PATRIMONIO HISTÓRICO E ARTÍSTICO – IEPHA-MG DIRETORIA DE PROTEÇÃO E MEMÓRIA - DPM GERENCIA DE IDENTIFICAÇÃO – GID RIBEIRO, Dimas dos Reis. Cemitérios sem Mistérios: A arte tumular do Sul de Minas – 1890 a 1925 : região do Lago de Furnas. 1.ed Alterosa, MG: Edição do Autor, 2006. SOUZA, Wladimir Alves de. (coord.). Guia dos Bens Tombados, Minas Gerais. Rio de Janeiro: Página 18 Expressão e Cultura, 1984. . p. 19 - 20. Ins t it ut o Es ta d ua l do P atr im ôn i o H is t ór ic o e Ar tís t ic o de Mi n as G e ra is - I E P HA / MG Praça da Liberdade s/nº - Edifício SETOP - 4º andar – CEP: 30.140 -010 - Belo Horizonte/ MG T e l : ( 3 1 ) 3 2 3 5 - 2 8 0 0 - F a x: ( 3 1 ) 3 2 3 5 - 2 8 0 8 / 3 2 3 5 - 2 8 5 8 - w w w . i e p h a . m g . g o v . b r GOVERNO DO ESTADO DE MINAS GERAIS INSTITUTO ESTADUAL DO PATRIMONIO HISTÓRICO E ARTÍSTICO – IEPHA-MG DIRETORIA DE PROTEÇÃO E MEMÓRIA - DPM GERENCIA DE IDENTIFICAÇÃO – GID FICHA TÉCNICA LEVANTAMENTO: Ailton Batista da Silva André de Sousa Miranda Ângela Dolabela Cânfora Francisco de Paula Souza de Mendonça Júnior Luís Gustavo Molinari Mundim Rodrigo Costa de Souza Valéria Tavares Pezzini ELABORAÇÃO: André de Sousa Miranda Luís Gustavo Molinari Mundim FOTOGRAFIA: Luís Gustavo Molinari Mundim REVISÃO: Ailton Pereira Santana André de Sousa Miranda Leila Augusta Lovaglio Rossi Luís Gustavo Molinari Mundim Valéria Tavares Pezzini ESTAGIÁRIOS: Alisson Loureiro Rosa Bruno Goyotá Página 19 Danielle Soares Moreira Ins t it ut o Es ta d ua l do P atr im ôn i o H is t ór ic o e Ar tís t ic o de Mi n as G e ra is - I E P HA / MG Praça da Liberdade s/nº - Edifício SETOP - 4º andar – CEP: 30.140 -010 - Belo Horizonte/ MG T e l : ( 3 1 ) 3 2 3 5 - 2 8 0 0 - F a x: ( 3 1 ) 3 2 3 5 - 2 8 0 8 / 3 2 3 5 - 2 8 5 8 - w w w . i e p h a . m g . g o v . b r