Cemitério do Bonfim

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INSTITUTO ESTADUAL DO PATRIMONIO HISTÓRICO E ARTÍSTICO – IEPHA-MG
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GERENCIA DE IDENTIFICAÇÃO – GID
RELATÓRIO FINAL DE PESQUISA DE INVENTÁRIO DO ACERVO DE ESTRUTURAS
ARQUITETONICAS E BENS INTEGRADOS DO CEMITÉRIO DO BONFIM –
BELO HORIZONTE.
Belo Horizonte, outubro de 2010
Ins t it ut o Es ta d ua l do P atr im ôn i o H is t ór ic o e Ar tís t ic o de Mi n as G e ra is - I E P HA / MG
Praça da Liberdade s/nº - Edifício SETOP - 4º andar – CEP: 30.140 -010 - Belo Horizonte/ MG
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SUMÁRIO
Apresentação
01
Metodologia
02
Alguns Resultados
05
IPAC-MG digital
08
Indicação de pesquisas futuras e publicações
09
Estado de conservação e orientações para manutenção dos jazigos
09
Edifício do Necrotério do Bonfim
10
Glossário temático
16
Referências bibliográficas
17
Ficha técnica
19
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APRESENTAÇÃO
O Inventário do Cemitério do Bonfim, em Belo Horizonte, realizado pela Gerência de
Identificação (GID) do IEPHA-MG foi um trabalho que surgiu da necessidade de se conhecer melhor
um importante espaço da cidade com significativa relevância histórica, artística e de memória e que
ainda era e é muito pouco estudado. Além disso, e conjuntamente a esse fato, havia a necessidade
iminente de se identificar e proteger as peças existentes no Bonfim que freqüentemente estavam
desaparecendo pela ação de vândalos que depredavam e furtavam seu acervo. A cada peça
desaparecida, ou jazigo depredado, sumia com ela parte significativa de uma memória sem que ao
menos pudéssemos conhecê-la.
O valor histórico e cultural do Bonfim sempre foi algo irrefutável e sua relevância como
patrimônio cultural já havia sido reconhecida anteriormente pelo IEPHA-MG através do tombamento.,
em 1977, do antigo Necrotério (Capela), edificação de destaque na paisagem do Campo Santo e, ao
redor do qual, o cemitério se desenvolveu. Entretanto faltava conhecer de forma sistemática o
conjunto de jazigos, túmulos e mausoléus, e os bens a eles integrados que compõem o variado e rico
acervo artístico cultural da necrópole.
O inventário do cemitério foi o instrumento utilizado para esse fim, pois cumpre uma função
importante no sentido de proteção desse acervo. O levantamento das informações, o registro
fotográfico, as medições e todo o trabalho de elaboração das fichas de inventário constituíram-se num
esforço para preservação da memória e para a proteção desse acervo. O inventário é antes de tudo
uma ferramenta de proteção, pois somente através do conhecimento prévio dado por ele que se
podem elaborar projetos e tomar medidas ou ações no sentido de valorizar a memória e conservar o
espaço.
A experiência do Inventário do Cemitério do Bonfim é relevante, pois, a partir do levantamento
realizado foi possível caracterizar a ocupação daquele espaço e entender sua construção simbólica e
artística. No estudo foi possível identificamos várias potencialidades de linhas de estudos como, por
exemplo: a história dos artistas e marmoristas envolvidos na construção, o simbolismo presente nas
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figuras, os materiais utilizados na confecção das peças, as historias de vida dos sepultados, etc.
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METODOLOGIA
A metodologia utilizada no inventário do Bonfim foi elaborada e consolidada a partir de uma
reflexão teórica e com a realidade dos primeiros levantamentos em campo. Existia uma idéia inicial
que pouco a pouco foi sendo adaptada ao contexto da arte funerária, ou seja, foi se modelando a
realidade do cemitério, e por fim foi aplicada como critério de seleção dos túmulos inventariados. O
primeiro ponto observado nesse processo é que todos os túmulos do cemitério possuem uma
importância impar, pois estão relacionados diretamente à vida dos familiares que ali estão sepultados.
Nesse sentido, existia e existe uma dimensão utilitária daquele espaço que foi levada em
consideração no desenvolvimento dos trabalhos.
Entretanto, no universo de mais de 5000 túmulos era preciso selecionar aqueles de maior
representatividade. Nesse sentido, para o levantamento proposto, os critérios levaram em
consideração 03 aspectos relevantes: o histórico, a expressão artística e fatura – materiais utilizados
na construção.
Histórico: seleção e inventariamento das primeiras quadras construídas no cemitério, história
de vida das personalidades, políticos, religiosos, comerciantes, artistas, intelectuais e outros
indivíduos com destaque social.
Artístico: Dimensão e expressão artística das estruturas e elementos decorativos de arte
tumular característicos de um estilo ou de uma época.
Fatura: Fabricantes e materiais utilizados (mármore, bronze, granito, pedra sabão) que dizem
respeito a um “saber fazer”, uma dimensão histórica e também artística.
Além desses critérios, a área inventariada no trabalho de campo foi dividida em 02 partes: a
primeira, englobando as 10 quadras no entorno imediato do edifício do Necrotério (Capela), que
foram as primeiras quadras urbanizadas, e em um segundo momento, as 08 quadras lindeiras do
atual acesso principal do cemitério, que concentram grande parte dos elementos definidos
metodologicamente. Além disso, a área escolhida apresentava uma amostragem bastante
representativa do conjunto de obras e pessoas objeto da pesquisa.
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A seguir a planta do Cemitério do Bonfim com a delimitação da área do inventário:
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Fig. 01 – Área inventariada - 10 quadras ao redor do Necrotério (amarelo) e 08 quadras na entrada
principal (vermelho)
As áreas não contempladas nesse processo podem ser futuramente avaliadas para efeito de
inventário, visto que o instrumento está testado e validado. Nesse sentido, seria interessante a
participação do Poder Público Executivo do município de Belo Horizonte, detentora e mantenedora do
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espaço, na complementação das informações.
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Os
dinâmica
trabalhos
dos
seguiram
outros
realizados
pelo
constituída
das
a
inventários
IPAC/IEPHA-MG,
seguintes
etapas:
Levantamento documental (artigos e
publicações relativas ao tema cemitério
e específicas sobre o Cemitério do
Bonfim, tais como mapas, dissertações,
entrevistas
com
marmorarias
da
ex-funcionários
Capital
de
etc),
Levantamento de campo (identificação,
localização, fotos, medições, material,
análise de estado de conservação,
fatores de risco, etc) elaboração das
fichas (descrição, histórico, material,
técnica, etc, além do preenchimento das
fichas e nomeação das fotos), revisão
Fig.02 – Modelo de Ficha do IPAC-MG utilizado no inventário
(análise geral do conteúdo da ficha),
cadastro (lançamento das informações
na base de dados do IPAC-MG) e disponibilização (liberação de acesso a consulta internamente no
BDIPAC-MG e externamente através da página www.ipac.iepha.mg.gov.br.
O cadastro das fichas do Cemitério do Bonfim no Sistema IPAC/MG foi concluído em 03 de
setembro de 2010. O trabalho de levantamento de campo foi iniciado em fevereiro de 2008 e
estendeu-se até o final do mesmo ano. O preenchimento das fichas deu-se paralelamente ao
levantamento de campo e foi finalizado em março de 2010. A etapa de revisão começou em abril de
2010 e foi concluída em agosto do mesmo ano. A indexação das fichas na base de dados do IEPHA-
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MG ocorreu de agosto a outubro de 2010.
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ALGUNS RESULTADOS
Todos os dados coletados foram reunidos nas fichas de inventário. Ao todo foram
identificados 515 carneiros que geraram 780 fichas e 2572 fotos. As fichas foram divididas entre
elementos arquitetônicos, bens integrados, mausoléus e capelas. Abaixo uma tabela com dados
quantitativos:
IPAC/MG CEMITÉRIO DO BONFIM, BELO HORIZONTE
Cadastros
Localização
Nº fichas
IPAC/MG
Fotos
Necrotério
1
2296
3 Plantas cadastrais
0
--
Acervo arquivístico
0
S/Nº
Cemitério do Bonfim
01
3562
11
quadra 1
30
3564 / 3593
97
quadra 2
08
3594 / 3601
39
15
3602 / 3616
82
quadra 4
07
3617 / 3623
68
quadra 5
12
3624 / 3635
45
48
3636 / 3683
117
quadra 7
20
3684 / 3703
72
quadra 8
28
3704 / 3731
131
quadra 3
quadra 6
crianças
congregações
quadra 9
40
3732 / 3771
127
quadra 10
10
3772 / 3781
43
quadra 16
14
3782 / 3795
54
quadra 17
políticos
77
3796 / 3872
272
quadra 18
políticos
62
3873 / 3934
422
quadra 19
38
3935 / 3972
268
quadra 20
01
3973
06
quadra 43
31
3974 / 4004
218
quadra 44
24
4005 / 4028
155
quadra 49
16
4029 / 4044
124
quadra 50
34
4045 / 4078
213
3563
2296
3562 / 4078
08
Otacílio Negrão
01
Resultado:
Nº total de fichas:
518
2572
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5
rotatória
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Artistas identificados pelo inventário
A.M.Wolff (1 placa) - 1900
Carlos Simi Stor (4) - Rio de Janeiro - Década de 1930
Ettore Ximenes (1)
Formente (2) - Rio de Janeiro
Heitor Usai (3 Jesus Cristo) - Rio de Janeiro - Década de 1940
João Scuotto (4) - Belo Horizonte - Década de 1960
Jeanne Louise Milde (2) - Metade do séc. XX
João Amadeu Mucchiut (3)
José Scarlatelli (2 Bustos)
L. Galante (3) - Década de 1930
Lucy Serpa de Andrade (1 Cruz) - 1980
Prof. Giusepe Navone (Urna) - Gênova - 1915
Virgílio (1 Figura feminina) - Rio de Janeiro - 1954
Heitor Usai
César Formenti
trabalhos
foram
identificadas inúmeras obras de
arte em variados materiais, como o
mármore branco, a pedra sabão, o
bronze e o granito. Nesse conjunto
de
peças
também
foram
identificados alguns artistas que
assinam trabalhos no Cemitério do
Bonfim, conforme mostra o quadro
ao lado.
Algumas das peças foram
encomendadas no Rio de Janeiro e
em São Paulo e outras tantas feitas por artistas com residência em Belo Horizonte, como é o caso do
austríaco João Amadeu Mucchiut.
Marmoristas
e
construtores
foram
outros
personagens (elementos) identificados na pesquisa. Muitos
deles trabalhavam em associação com os artistas e também
estavam envolvidos na construção das primeiras edificações
da Nova Capital. (outros prédios nos primórdios da
edificação da cidade). (Ver quadro ao lado)
do Bonfim diz respeito à iconografia utilizada nos túmulos.
jazigos
esculturas
e
inventariados
elementos
foram
encontrados
decorativos,
Irmãos Natali
Marmoraria São José - Bottaro
Marmoraria Antônio Folini
Marmoraria Horizontina de Paulo Simoni
Marmoraria São Geraldo
Outro ponto identificado no inventário do Cemitério
Nos
Marmoristas e Construtores
identificados no inventário
sendo
os
destacados relacionados no quadro abaixo.
várias
mais
Marmoraria Carrara Scalabrini
Construtores Campos Silva & Cia - Antonio
Franco
Officinas Lunardi Estevão - BH
Marmoraria Artesanato Ltda
Marmoraria Pongetti & Maselli
J.F.Oliveira
Iconografias encontradas no inventário
N. Senhora da Conceição - 19
N. Senhora da Piedade - 06
N. Senhora das Graças - 07
N. Senhora de Lourdes - 06
N. Senhora do Carmo - 09
Cruz - 125
Figura Feminina - 35
Sagrada Família - 15
Sagrado Coração de Jesus - 45
Figura Masculina - 16
Jesus Cristo - 55
Medalhão - 20
Mulher Pranteadora - 22
N.Senhora Aparecida - 05
Santa Teresinha - 12
Santo Antônio - 11
São José - 12
Pira - 14
Vaso - 33
Officina de cantaria Manoel da S. Martins
Marmoraria Acreana
Marmoraria Miranda
Casa Maia Mármores e Granitos
Página
6
Anjo - 39
Anjo criança - 29
Busto Masculino - 13
Criança - 14
Crucifixo - 37
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A seguir exemplos de algumas obras encontradas no Cemitério do Bonfim com seus
respectivos autores.
Algumas obras e artistas identificados no Cemitério do Bonfim
João Amadeu Mucchiut
IPAC3761- Mulher em mármore
Carlos Simi Stor
IPAC Busto em Bronze fundido
João Scuotto
IPAC Placa em bronze baixo relevo
Jeanne Louise Milde
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7
IPAC Cesta de flores em pedra Sabão
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IPAC Estatua em bronze fundido
Laurindo Galante
IPAC-MG DIGITAL
Conforme mencionado as fichas resultantes do Inventário do Cemitério do Bonfim em Belo
Horizonte foram cadastradas na base de dados do IEPHA-MG e estão disponíveis para consulta,
através do endereço www.ipac.iepha.mg.gov.br. O inventário é um processo contínuo e algumas
informações devem ser atualizadas periodicamente, além de divulgar as informações, a
disponibilização para consulta tem por objetivo atualizar as fichas através da contribuição dos
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usuários.
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INDICAÇÃO DE PESQUISAS FUTURAS E PUBLICAÇÕES
Os levantamentos realizados no Cemitério do Bonfim apontaram para inúmeras possibilidades de
pesquisa e de produtos oriundos dos trabalhos, entre os tópicos se apresentam:
Iconografia religiosa cristã;
Símbolos da morte;
Técnicas de fatura de escultura;
Arquivos documentais;
Guia de visitação;
Catálogo das peças;
Livro sobre o Cemitério do Bonfim;
Manual de conservação das peças;
Arte Tumular;
Conformação do espaço urbano no bairro Bonfim;
Relacionar a arte tumular do Cemitério do Bonfim com a de outros cemitérios;
Influências culturais da arte tumular encontrada no Cemitério do Bonfim
ESTADO DE CONSERVAÇÃO e ORIENTAÇÕES PARA MANUTENÇÃO DOS JAZIGOS
Uma constatação verificada durante os trabalhos realizados pela equipe de inventário foi a
necessidade de uma correta manutenção das peças existentes na necrópole, isso por que, a maior
parte do acervo se encontra ao ar livre, sujeita ao desgaste natural provocado pelas intempéries e
pela ação de microorganismos. Nesse sentido, recomendamos que sejam observados alguns
procedimentos na manutenção dos jazigos do campo santo.
Mármore
O mármore é uma rocha metamórfica de composição calcária. Na conservação dessas
peças não se deve usar produtos de limpeza cáusticos ou abrasivos, pois existe a possibilidade de
aumentar a porosidade e o desgaste da peça. Deve-se usar somente água e sabão neutro na
limpeza.
Pedra Sabão
Na conservação do Esteatito (também conhecido como pedra de talco ou pedra-sabão) deve-
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Esfregar o óleo na pedra. Remover excedentes para que não haja aparência de molhado. No passar
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se utilizar óleo mineral de qualquer tipo de hidrocarbônico, que pode ser adquirido em farmácias.
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do tempo, fazer nova aplicação de óleo. Fazer a limpeza com esponja ou com pano macio, utilizando
água limpa e detergente neutro, se necessário.
Granito
O granito é uma rocha magmática formada por feldspato, quartzo e mica. Para a limpeza nos
granitos basta um pano úmido. Não usar produtos oleosos, água sanitária nem ácidos (mureático,
etc.), detergentes corrosivos ou produtos químicos.
Bronze
Nas peças em bronze deve-se lavar as esculturas com água, sabão neutro e escova de
nylon.
Além dessas recomendações, é importante controlar e eliminar a vegetação que cresce junto
aos túmulos, bem como as árvores existentes no cemitério. Sugerimos que as orientações sejam
passadas aos zeladores dos túmulos que diariamente cuidam da manutenção do espaço.
EDIFÍCIO DO NECROTÉRIO DO BONFIM
1
O Edifício do Necrotério do Cemitério Municipal do Bonfim foi uma das primeiras edificações
projetadas e executadas pela Comissão Construtora da Nova Capital.
Desenhada pelos engenheiros arquitetos Hermano Zickler, José de Magalhães e Edgard
Nascentes Coelho e construída sob responsabilidade do Conde de Santa Marinha, o prédio, com
influências neoclássicas, incluía-se no rol das
edificações do projeto urbanístico da nova capital de
Minas.
Nos
moldes
da
ideologia
republicana
positivista, a concepção desse projeto pautava-se na
utopia de uma cidade ideal, com espaços ordenado,
iluminados e saneados. Assim como era preciso
planejar a cidade dos vivos, a cidade dos mortos
deveria
ser
ordenada
e
higiênica.
Concebido
inicialmente para ser o depósito mortuário, o
necrotério
e
o
cemitério
eram
O tombamento do edifício foi aprovado
pelo Decreto Estadual 18.531, de
02/06/1977, sendo determinada sua
inscrição no Livro do Tombo de Belas
Artes (Livro II), número de inscrição XII,
página 02v, sob a seguinte designação:
VII - edifício do Necrotério do Cemitério
do Bonfim, localizado em Belo Horizonte,
edificado pela Comissão Construtora da
Nova Capital, com partes de cantaria,
cobertura
metálica
e
decorações,
inclusive, quatro piras externas e
passeios de pedra adjacentes.
elementos
XVIII e XIX.
1
MIRANDA, André; MOLINARI, Luis. Edifício do Necrotério do Bonfim. Guia dos Bens Tombados – IEPHA (No prelo)
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Página
se sepultar nos arredores das igrejas, herança fortemente arraigada na cultura brasileira nos séculos
10
catalisadores de uma nova percepção do mundo, visto que, contrastavam com os antigos hábitos de
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Fig. 01 – Necrotério Fonte: MUSEU HISTÓRICO ABÍLIO BARRETO. Cemitério Municipal Necrotério. CC DT 09
011. Engenheiro arquiteto José de Magalhães. 25/01/1895.
Nessa atmosfera de modernidade, de reforma e de imposição de novos hábitos é que foi
construído o edifício do necrotério. Os materiais utilizados foram quase todos importados da Europa,
principalmente da Bélgica, como confirma os diversos pedidos para isenção das taxas aduaneiras,
dirigidos ao Ministro da Fazenda e que se referiam a volumes de "um Necrotério da Nova Capital do
Estado" (APM). Tais volumes aguardavam retidos na Alfândega do Rio de Janeiro e foram trazidos do
Velho Mundo em vapores como o "Ville de Buenos Ayres", o "Carolina", o "Ville de S. Nicolas" e o
"Caravellas".
2
O Necrotério orientou a urbanização e ocupação do Cemitério Municipal, pois, em seu
entorno imediato foram construídas as primeiras quadras. Em 1900, o então prefeito de Belo
Horizonte, Bernardo Pinto Monteiro, dava conta da situação do campo santo e dizia que "o prédio do
necrotério encontrava-se no centro da área até então ocupada”. 3 O edifício era referência para a
cidade visto que estava localizado no alto do morro dos Menezes e podia ser avistado de vários
ARQUIVO PÚBLICO MINEIRO. SECRETARIA DE OBRAS PÚBLICAS, RASCUNHOS DIVERSOS, NOVA CAPITAL,
OFÍCIOS Nº. 521, Nº. 593, Nº. 595 E Nº. 598. 2º SEMESTRE 1897.
3
ARQUIVO PÚBLICO MINEIRO. Mensagem ao Conselho Deliberativo da Cidade de Minas - Apresentada em 19 de setembro
de 1900 pelo prefeito Dr. Bernardo Pinto Monteiro. fl. 47 e 48.
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pontos da cidade que ainda não tinha se verticalizado.
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Todavia,
apesar
do
porte
monumental e de sua vocação para a
modernidade, o edifício do Necrotério teve
pouco uso na sua proposta inicial. A utilização
durante os primeiros anos foi tímida, muito em
função da dificuldade de acesso ao local e da
resistência da população que preferia velar os
corpos em casa ou nas igrejas. Para reverter
tal situação o prefeito Bernardo Monteiro
apresentou proposta para melhor utilização
do espaço. O objetivo era paramentar todo o
prédio com símbolos católicos e torná-lo uma
capela, para que então fosse utilizado pelos
vigários
da
cidade
na
celebração
das
chamadas encomendações, ou missa de
corpo presente4. A iniciativa surtiu efeito e
durante vários anos o edifício serviu como
velório e capela, ficando ao longo dos anos
mais conhecido por essa designação.
Fig. 02 – Necrotério do Bonfim. Fonte: Acervo IEPHA-MG.
O depósito mortuário, como também
era conhecido o necrotério, enfrentava um problema crônico. A cúpula metálica que cobria a
edificação sofria constantemente pela ação dos raios e das chuvas, e as goteiras eram comuns no
interior do prédio fato que inviabilizava qualquer tipo de utilização. A situação era tão grave que foi
tema em inúmeros relatórios administrativos. Em setembro de 1921, o prefeito Affonso Vaz de Mello
informava ao Conselho Deliberativo do município que havia reparado “os estragos ocasionados na
rotunda do depósito mortuário por uma faísca elétrica que sobre ela caiu”5. Cinco anos depois, em
outubro de 1926, o prefeito Christiano Monteiro Machado, informava que o último reparo na cobertura
havia sido feita pela Casa Eduardo Dalloz6 e sugeria que a cúpula fosse retirada e feita em cimento,
segundo ele “haveria grande vantagem se a cúpula fosse feita de cimento armado”7 .
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ARQUIVO PÚBLICO MINEIRO. Relatório apresentado ao Conselho Deliberativo da Cidade de Minas pelo prefeito Dr.
Bernardo Pinto Monteiro. 12/09/1899 a 31/08/1902. fl. 156.
5
RELATÓRIO APRESENTADO AO CONSELHO DELIBERATIVO DA CAPITAL PELO PREFEITO DR. AFFONSO VAZ DE
MELLO EM SETEMBRO DE 1921.
6
EDUARDO DALLOZ FURETT FOI UM IMPORTANTE EMPRESÁRIO ÍTALO-BRASILEIRO QUE ATUOU EM BELO
HORIZONTE NOS PRIMEIROS ANOS DA CONSTRUÇÃO. SEUS NEGÓCIOS ERAM DIVERSOS DESDE MATERIAIS PARA
A CONSTRUÇÃO ATÉ SUPRIMENTOS PARA FOTOGRAFIA. VER ....
7
RELATÓRIO APRESENTADO AO CONSELHO DELIBERATIVO DA CAPITAL PELO PREFEITO CHRISTIANO MONTEIRO
MACHADO, EM OUTUBRO DE 1926. P108.
12
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Apesar
dos
problemas
estruturais
enfrentados, o necrotério foi bastante utilizado
como capela até aproximadamente os anos
1950, vale lembrar que até 1942 o Cemitério do
Bonfim era o único existente na capital mineira,
concentrando todos os enterramentos da cidade
que eram velados no necrotério. Com o passar
dos anos, e com a construção de outros
cemitérios e do velório externo do Bonfim, a
utilização
da
capela/necrotério
diminuiu
culminando com o encerramento das atividades.
Atualmente o Edifício do Necrotério está em
Fig. 04 – Ampulheta alada. Acervo IEPHA-MG
desuso.
Em relação ao edifício, o necrotério é um prédio térreo com influências neoclássicas, o piso é
elevado e o embasamento é aflorado em relação ao arruamento. A planta da edificação é quadrada e
suas proporções são clássicas com harmonia entre as partes: base, corpo e coroamento.
A cúpula metálica serve como cobertura, e é ladeada e encimada por elementos decorativos.
No cume existe uma pira metálica apagada coberta por manto. Anteriormente uma cruz latina
despontava da extremidade desse vaso. Já o embasamento é revestido em cantaria e arrematado por
cimalha. A fachada frontal contém o único acesso à edificação e é voltada para o muro de divisa com
a rua Caparaó, antiga entrada do cemitério.
O acesso ao necrotério é precedido por uma escadaria em pedra ladeada por mureta,
também em cantaria. Na entrada, duas ombreiras
imitam colunas jônicas e seus capitéis sustentam
verga reta com cimalha e uma bandeira em arco
pleno, todos os elementos são em granito. As colunas
possuem caneluras e o fuste estende-se até rés do
chão, carecendo de base. Um portão metálico, com
duas folhas, dá acesso a edificação, tanto o portão
quanto as outras aberturas do edifício possuem rica
decoração em serralheria artística.
O necrotério localiza-se em meio a uma
Fig. 03 - Gadanhas e Ouroboros. Acervo IEPHA-MG
rotatória e tem passeio em cantaria. No passeio, em cada um dos vértices do edifício, destaca-se
uma pira metálica, com flâmula e tripé com pés em forma de garra. Nas esquinas das quadras do
entorno imediato do prédio existem esculturas metálicas na forma de tocheiros com flâmula
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esvoaçante e decorados por altos relevos com elementos fitomórficos.
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SIMBOLOGIA
Todos os elementos decorativos presentes no
edifício do necrotério reportam a uma
linguagem simbólica e fazem alusão ao tema da
morte.
Gadanhas e Ouroboro - As gadanhas ou foices
que estão localizadas na parte inferior dos portões
são exemplos dessas representações. Segundo
Jean Chevalier a foice é tipicamente a
representação da morte, isso, pois seu corte
iguala todas as coisas vivas. Udo Becker afirma
que desde a Renascença, a gadanha e o
esqueleto são personificações do tempo e da
morte e associa esta ferramenta a esperança de
renovação e de renascimento. No mesmo portão
está presente também o Ouroboro, símbolo da
serpente mordendo a própria cauda, que
representa a eternidade, o ciclo da vida que volta
tudo para si mesmo. Os dois objetos representam
a idéia de transitoriedade, de existência fugaz, de
finitude e de recomeço.
Ampulheta Alada - Outro objeto presente na
fachada do edifício é a ampulheta alada, tal
símbolo representa a passagem do tempo com
“seu escoamento inexorável”, as asas lembram
a efemeridade do tempo. A ampulheta também
pode ser associada à passagem entre dois
níveis, um superior e outro inferior, como que
referenciando a dimensão terrestre e celeste.
Anjos - Os anjos estão em cada uma das
extremidades da edificação. De acordo com
Chevalier os anjos são seres intermediários
entre o reino terreno e o reino de Deus, são a
expressão de Deus, é muito comum associar a
figura dos anjos a mensageiros e guardiões de
templos.
Romã e folha de Acanto - A romã tem
múltiplas interpretações, no caso especifico
parece que a mais condizente é a que associa o
fruto como símbolo da vida e da morte. A romã
também representa os mistérios de Deus e
seus grãos freqüentemente estão associados à
união dos cristãos. A folha de acanto simboliza
o cumprimento das difíceis tarefas da vida.
Segundo Chevalier, na arquitetura funerária, o
acanto era usado para indicar que as provações
da vida e da morte, simbolizadas pelos
espinhos da planta, haviam sido vencidas.
Fig. 04 – Anjos. Acervo IEPHA-MG
As fachadas laterais e a posterior
organizam-se e são decoradas de maneira
semelhante à fachada frontal à exceção do fato
de carecerem de escadarias e vãos de
acessos - que são fechados em alvenaria.
As arestas verticais do edifício são
decoradas
com
painéis
retangulares
sobrepostos e em alto relevo que dão a idéia
de cunhais, mas que, no entanto não possuem
função estrutural. Essa decoração se estende
do embasamento até o alto do edifício e os
painéis situados nos vértices superiores da
edificação são ornamentados por ampulhetas
aladas realizadas em serralheria artística. São
duas figuras por fachada que delimitam uma
faixa
horizontal
composta
por
seis
vãos
quadrados e justapostos com fechamento em
gradil metálico. Uma faixa horizontal em massa
decorada por elementos ondulados em alto
relevo delimita estes vãos em sua parte
inferior.
Os
panos
de
alvenaria
são
arrematados por uma estrutura em forma de
entablamento
arquitrave,
clássico,
friso
e
constando
cornija.
Sobre
de
o
alados. Essas mesmas muretas apresentam rocalhas em seus centros geométricos, que por sua vez
associam-se a esculturas em forma de romã.
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com vértices decorados por bustos de anjos
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entablamento destaca-se uma mureta metálica
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Abaixo das rocalhas, em meio aos dois frisos horizontais que delimitam as extremidades da
mureta, encontra-se a figura de duas corbelhas entrelaçadas e dispostas lado a lado que são
precedidas por duas folhas de acanto. Emblema semelhante também aparece sob a figura dos anjos
alados, porém contendo três corbelhas. A mureta metálica é uma estrutura ornamental dissociada da
cúpula, não desempenhando o papel de tambor.
O revestimento do piso no interior da edificação é em ladrilho hidráulico sextavado com
desenhos geométricos em forma de cubo nas cores branco, cinza claro e cinza escuro. O rodapé é
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em ladrilho hidráulico preto.
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GLOSSÁRIO TEMÁTICO
Baldrame – alicerce de alvenaria para suporte de uma lápide;
Busto - A parte superior do tronco humano, que vai da cintura ao pescoço; torso. Escultura ou
pintura que representa a parte da figura humana que consta da cabeça, do pescoço e de uma parte
do peito.
Carneiro – Cova com as paredes laterais revestidas de tijolo ou material similar, tendo,
inteiramente, as dimensões das sepulturas e, externamente, o máximo de 2,50m de comprimento por
1,25m de largura; o fundo será sempre constituído pelo terreno natural.
Carneiro Geminado – dois carneiros e mais o terreno entre eles existente formando uma
única cova, para sepultamento dos membros de uma mesma família, ou de pessoas estranhas desde
que autorizado pela família, devendo os compartimentos destinados às urnas funerárias estar em
comunicação com o solo;
Jazigo – palavra empregada para designar tanto a sepultura como o carneiro.
Nicho – compartimento do columbário para depósito de ossos retirados de sepultura ou
carneiro;
Ossuário – vala destinada ao depósito comum de ossos provenientes de jazigos cuja
concessão não foi reformada ou caducou;
Sepultura – cova funerária aberta no terreno com as seguintes dimensões: para adultos – 2
metros de comprimento por 0,75m de largura e 1,70m de profundidade; para infantes – 1,50m x
0,50m por 1,70m respectivamente.
Lápide – laje que cobre o jazigo com inscrição funerária;
Mausoléu – monumento funerário suntuoso, que se levanta sobre o carneiro; o caráter
suntuoso pode ser obtido não só pela perfeição da forma como também pelo emprego de materiais
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finos que, pelas suas qualidades intrínsecas, supram enfeites e ornamentos;
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALMEIDA, Marcelina das Graças de. O Espaço da Morte na Capital Mineira: Um ensaio sobre o
Cemitério do Nosso Senhor do Bonfim. Revista de História Regional, Ponta Grossa, v. 3, n. 2, p. 187191, 1998.
ARQUIVO PÚBLICO MINEIRO. Secretaria de Obras Públicas, Rascunhos Diversos, Nova Capital,
Ofício nº. 521, nº. 593, nº. 595 e nº. 598. 2º semestre 1897.
ARQUIVO PÚBLICO MINEIRO. Secretaria de Obras Públicas, Rascunhos Diversos, Nova Capital,
Ofício, 2º semestre 1897.
ARQUIVO PÚBLICO MINEIRO. Mensagem ao Conselho Deliberativo da Cidade de Minas –
Apresentada em 19 de setembro de 1900 pelo prefeito Dr. Bernardo Pinto Monteiro. fl. 47 e 48.
ARQUIVO PÚBLICO MINEIRO. Relatório apresentado ao Conselho Deliberativo da Cidade de Minas
pelo prefeito Dr. Bernardo Pinto Monteiro. 12/09/1899 a 31/08/1902. fl. 156.
ÁVILA, Affonso; GONTIJO, João Marcos Machado; MACHADO, Reinaldo Guedes. Barroco Mineiro –
glossário de arquitetura e ornamentação. 3ª edição. Belo Horizonte: Fundação João Pinheiro. Centro
de Estudos Históricos e Culturais, 1996.
BARRETO, ABÍLIO; FUNDAÇÃO JOÃO PINHEIRO.. Centro de Estudos Historicos e culturais. Belo
Horizonte: memória histórica e descritiva. 2. ed. rev. Belo Horizonte: Fundação João Pinheiro: Centro
de Estudos Históricos e Culturais, 1996. 2v. p.602-605.
BECKER, Udo. Dicionário de símbolos. São Paulo: Paulus, 1999.
BRASIL, Raymundo Pereira Minas Geraes na grandeza do Brasil. Editora: Graphica Queiroz Breyner,
1936, 675p.
CHEVALIER, Jean; GHEERBRANT, Alain. Dicionário de símbolos: (mitos, sonhos, costumes, gestos,
formas, figuras, cores, números). 5ª edição. Rio de Janeiro: José Olympio, 1991.
INSTITUTO ESTADUAL DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO E ARTÍSTICO DE MINAS GERAIS. Dossiê
de Tombamento do Edifício do Necrotério do Bonfim- Belo Horizonte. 1977.
INSTITUTO ESTADUAL DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO E ARTÍSTICO DE MINAS GERAIS.
Diretrizes para intervenção do Edifício do Necrotério do Bonfim - Belo Horizonte. 1992.
INSTITUTO ESTADUAL DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO E ARTÍSTICO DE MINAS GERAIS. Relatório
de Vistoria Técnica do Edifício do Necrotério do Bonfim- Belo Horizonte. Jul.l 2007.
KOCH, Wilfried. Dicionário dos estilos arquitetônicos. 2ª edição. Martins Fontes, São Paulo, 1998.
MENSAGEM DIRIGIDA PELO PRESIDENTE DO ESTADO DR. FRANCISCO ANTONIO DE SALLES
AO CONGRESSO MINEIRO NO ANO DE 1903. Bello Horizonte: Imprensa Oficial do Estado de
Minas Gerais, 1903. p.44.
MINAS GERAIS. DIÁRIO DO EXECUTIVO. 03 jun. 1977 Pág. 4 Col. 3 (PUBLICAÇÃO)MINAS
MUSEU HISTÓRICO ABÍLIO BARRETO. Cemitério Municipal Necrotério. CC DT 09 011. Engenheiro
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GERAIS. DIÁRIO DO EXECUTIVO 16 jun. 1977 Pág. 3 Col. 3 (RETIFICAÇÃO)
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RIBEIRO, Dimas dos Reis. Cemitérios sem Mistérios: A arte tumular do Sul de Minas – 1890 a 1925 :
região do Lago de Furnas. 1.ed Alterosa, MG: Edição do Autor, 2006.
SOUZA, Wladimir Alves de. (coord.). Guia dos Bens Tombados, Minas Gerais. Rio de Janeiro:
Página
18
Expressão e Cultura, 1984. . p. 19 - 20.
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FICHA TÉCNICA
LEVANTAMENTO:
Ailton Batista da Silva
André de Sousa Miranda
Ângela Dolabela Cânfora
Francisco de Paula Souza de Mendonça Júnior
Luís Gustavo Molinari Mundim
Rodrigo Costa de Souza
Valéria Tavares Pezzini
ELABORAÇÃO:
André de Sousa Miranda
Luís Gustavo Molinari Mundim
FOTOGRAFIA:
Luís Gustavo Molinari Mundim
REVISÃO:
Ailton Pereira Santana
André de Sousa Miranda
Leila Augusta Lovaglio Rossi
Luís Gustavo Molinari Mundim
Valéria Tavares Pezzini
ESTAGIÁRIOS:
Alisson Loureiro Rosa
Bruno Goyotá
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Danielle Soares Moreira
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