Beatriz Diniz Gabriel Desenvolvimento de

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 INSTITUTO DE ENSINO E PESQUISA - IEP
Programa de Mestrado Profissional em Educação em Diabetes
Beatriz Diniz Gabriel
DESENVOLVIMENTO DE MÉTODO PARA ENSINAR ADOLESCENTES COM
DIABETES TIPO 1 A CONTAR CARBOIDRATOS SEM A AJUDA DOS PAIS
Belo Horizonte
2013
BEATRIZ DINIZ GABRIEL
DESENVOLVIMENTO DE MÉTODO PARA ENSINAR ADOLESCENTES COM
DIABETES TIPO 1 A CONTAR CARBOIDRATOS SEM A AJUDA DOS PAIS
Dissertação apresentada ao programa de pósgraduação do Instituto de Ensino e Pesquisa – IEP
do Grupo Santa Casa de Belo Horizonte, como
requisito parcial para obtenção do título de Mestre
em Educação em Diabetes.
Orientadora: Prof. Dra. Janice Sepúlveda Reis
Coorientadora: Prof. Dra. Marcella Lobato Dias
Consoli
Belo Horizonte
2013
À minha querida filha, Ana Flávia, melhor presente
que Deus meu deu, que mesmo dentro da barriga
compareceu a todas as aulas comigo. E ainda
pequenina compreendeu minha ausência e me
ajudou, brincando sozinha enquanto me dedicava a
escrita desse trabalho.
AGRADECIMENTOS
À Deus por iluminar meu caminho na conclusão dessa jornada de estudos tão
almejada.
À professora Dra. Janice Sepúlveda Reis, minha orientadora, por contribuir com a
criação do mestrado profissional de Educação em Diabetes, abrindo a oportunidade
para toda nossa equipe se capacitar e por plantar a semente da ciência em nossas
vidas.
À professora Dra. Marcella Lobato Dias Consoli, pela minha coorientação nesse
estudo, apoiando nos momentos em que eu quis desistir, abrindo as portas de sua
casa, me acolhendo e à minha filha, que também já nasceu em um berço de jovem
cientista. Pelo exemplo de vida e disponibilidade.
A todos os companheiros de mestrado em especial minhas queridas amigas, Débora
Bohnen Guimarães e Marina Moreno Wardi, pela ajuda na coleta final dos dados e
pelas inúmeras conversas e discussões amigas que me motivaram a finalizar esse
estudo. Ao colega Alessandro meu sincero agradecimento por tornar as aulas,
emails, discussões e eventos mais leves e descontraídos.
Ao serviço de endocrinologia da Santa Casa de Belo Horizonte, em especial à
equipe ambulatório de diabetes, Cristiane Duarte, Daniel Dutra, Izabela Sena,
Marina Nogueira, Paula Lamego, Sônia Maulais e Willian Valadares, pelo incentivo à
pesquisa, longos períodos de discussões, disponibilidade e apoio ao longo desse
tempo. E ainda, aos colegas Dra Patrícia Fulgêncio, Dra Adriana Bosco, Dr Daniel
Dutra e Dr Cristiano Albuquerque pelas indicações de pacientes para a pesquisa.
À minha amiga querida, Paty, pessoa e profissional competente que admiro muito,
por me abrir as portas da Santa Casa, pelas conversas amigas, paciência, pela
compreensão e incentivo a minha escolha pessoal e profissional.
Aos meus pequenos adolescentes que aceitaram participar da pesquisa. As seus
familiares por confiarem na minha equipe de trabalho. Sem eles não seria possível o
desenvolvimento desse trabalho.
Aos meus pais, Geraldo e Emília, pelo amor e apoio em todos os momentos da
minha vida. Ainda por me incentivarem a mais uma oportunidade de estudo e a
correr atrás dos meus sonhos, me amparando nos momentos de fragilidade.
À minha irma Luisa pelo apoio, pelas palavras carinhosas e inúmeras correções de
inglês e português. A minha querida sogra Lúcia pelas noites de discussões de
português e apoio nos momentos de fraqueza. À minha cunhada Camila por ajudar
nos cuidados com minha filha.
Ao meu amor, Gustavo, por me proporcionar apoio incondicional às minhas escolhas
de vida e compreender meus momentos de ausência, cuidando com muito carinho
da nossa filhinha.
A todos aqueles que contribuíram de alguma forma para conclusão deste trabalho.
RESUMO
A contagem de carboidratos é a terapia de primeira escolha para o tratamento do
diabetes tipo 1. Acredita-se que seja o planejamento alimentar mais eficaz e flexível.
Não existem métodos bem estabelecidos para treinamento da contagem de
carboidratos para adolescentes. O presente estudo teve como objetivo desenvolver
metodologia capaz de capacitar adolescentes diabéticos para a contagem de
carboidratos de forma autônoma, sem a ajuda dos pais. Foram incluídos três grupos
de pacientes que participaram de quatro encontros educativos com aulas
expositivas, seguidas de exercícios para verificação da aprendizagem. A família foi
orientada a não participar dos encontros. Foram discutidos conceitos de nutrição
saudável, importância dos nutrientes na glicemia, medidas caseiras e substituições
dos alimentos, bem como a contagem de carboidratos propriamente dita. Nos
exercícios os pacientes montaram a pirâmide alimentar e exemplos de refeição com
metas de carboidratos de 30, 45 e 60g. Discutiram lâminas com fotos de alimentos e
seus equivalentes, criando substituições para alimentos comumente utilizados. Os
pacientes iniciaram a contagem de carboidratos nos lanches extras com ajustes de
doses de insulina. Dezenove adolescentes finalizaram o estudo. Não houve
diferença no estado nutricional e na dose total diária de insulina antes e após a
intervenção. Um paciente necessitou de retreinamento. Todos acertaram a
quantificação dos lanches extras. Os pacientes evoluíram para a contagem de
carboidratos nas principais refeições. Esse estudo demonstrou que os adolescentes
foram capazes de realizar a terapia de contagem de carboidratos sem a ajuda dos
pais, desde que bem orientados pela equipe de saúde.
Palavras-chave: Diabetes mellitus tipo 1. Carboidratos na dieta. Educação.
ABSTRACT
The carbohydrate counting is the gold standard therapy for the treatment of type 1
diabetes. It is believed to be the most effective and flexible diet. There are not
established methods for training for adolescentes’ carbohydrate counting. The
present study aimed to empower diabetic teenagers counting carbohydrate
independently, without
parent’s help. There were three groups of patients who
participated in four educational meetings with lectures followed by exercises to check
the learning. Family was advised not to participate in the meetings. In the group
classes were discussed concepts of health nutrition, importance of nutrients in blood
glucose, household measures, substitutions of food, as well as carbohydrate
counting itself. In the exercises, the patients rode the food pyramid and meal
examples with 30, 45 and 60g carbohydrate’s goals. Slides were showed with food’s
pictures and its equivalents, creating replacements for commonly used foods.
Patients started carbohydrate counting in extra snacks. Nineteen adolescents
completed the study. There was no difference in the nutritional status and total daily
insulin dose before and after the study. One patient required retraining. All patients
agreed to quantify the extra snacks and started carbohydrate counting in main meals.
This study has shown that the teenagers can use the therapy carbohydrates counting
without parents’ help, if well guided by the health team.
Keywords: Type 1 diabetes. Carbohydrate. Education.
LISTA DE TABELAS
Tabela 1: Dados clínicos e antropométricos dos pacientes antes e após a
intervenção................................................................................................................27 Tabela 2: Opinião dos pais dos adolescentes ao final do estudo..............................28 Tabela 3: Seguimento dos pacientes após 30 dias na terapia de contagem de CHO.
..................................................................................................................................29 LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1: Organograma do processo de captação dos pacientes..........................26 LISTA DE ABREVIATURAS
ADA – American Diabetes Association
A1c –hemoglobina glicada
CHO – Carboidratos
DCCT - Diabetes Control and Complications Trial
DM – Diabetes mellitus
DM1 – Diabetes mellitus tipo 1
DM2 - Diabetes mellitus tipo 2
DRI – Ingestão dietética de referência
DTD – Dose total diária
EER – Estimated energy requirement
IMC – Índice de massa corporal
MGD – Monitorização glicêmica domiciliar
SBD – Sociedade Brasileira de Diabetes
VCT – Valor Calórico Total
WHO – Organização Mundial de Saúde
%VD – Percentual de valor diário
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................14 2 REFERENCIAL TEÓRICO..............................................................................15 Diabetes mellitus.....................................................................................................15 Recomendações nutricionais e contagem de carboidratos ................................16 Educação nutricional em diabetes ........................................................................17 3 MATERIAL E MÉTODOS................................................................................20 Pacientes..................................................................................................................20 Execução do estudo ...............................................................................................20 Encontro 1................................................................................................................22 Atividade 1: ..............................................................................................................22 Encontro 2................................................................................................................23 Atividade 2: ..............................................................................................................23 Encontro 3................................................................................................................23 Atividade 3: ..............................................................................................................23 Encontro 4................................................................................................................23 Seguimento..............................................................................................................24 Análise estatística ...................................................................................................25 4 RESULTADOS................................................................................................26 5 Discussão.......................................................................................................30 6 CONCLUSÃO .................................................................................................33 7 LIMITAÇÕES ..................................................................................................34 8 PERSPECTIVAS.............................................................................................35 REFERÊNCIAS.........................................................................................................36 APÊNDICE A: TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO .............40 APÊNDICE B: FICHA DE CARACTERIZAÇÃO DOS PACIENTES ........................42 APÊNDICE C: AULAS EXPOSITIVAS .....................................................................43 APÊNDICE D : LÂMINAS EDUCATIVAS.................................................................52 APÊNDICE E: Cardápio 1.500 Kcal ........................................................................55 APÊNDICE F: DIÁRIO ALIMENTAR DE LANCHE EXTRA .....................................56 APÊNDICE G: QUESTIONÁRIO PARA OS RESPONSÁVEIS................................57 ANEXO A: PARECER COMITÊ DE ÉTICA..............................................................58
14 1 INTRODUÇÃO
O número de diagnósticos de Diabetes mellitus (DM) tem aumentado nos últimos
anos. Estima-se que em 2030 o número total de casos chegue a 300 milhões.
1
As
crianças e adolescentes são diagnosticados, na maioria dos casos, como DM tipo 1
(DM1). Esse público requer uso permanente de insulina, em múltiplas aplicações
diárias (tratamento intensivo), com o objetivo de mimetizar a secreção de insulina de
um individuo não diabético. O paciente faz uso de insulina de ação lenta, basal, para
cobrir as necessidades basais, e uma insulina de ação rápida, bolus, para cobrir as
suas refeições. 1,2
Para o bom controle do DM é necessário ir além da prescrição da insulina, sendo a
dieta, atividade física e a educação em diabetes os pilares do tratamento e devem
ser inseridos na rotina do diabético. São necessários métodos educativos para
modificar a postura do indivíduo frente a sua própria condição de saúde.3,4,5
É nesse contexto que aparece a terapia de contagem de carboidratos, terapia
nutricional padrão ouro para o DM1.1,2 Já estão bem estabelecidos na literatura
métodos para treinar adultos para essa terapia, porém ainda não há para o público
adolescente uma ferramenta própria. Os conhecimentos necessários para aplicação
desse método são: monitorização glicêmica domiciliar, múltiplas aplicações diárias
de insulina, metas de carboidrato (CHO)/refeição e educação em diabetes, que são
atualmente ensinados em conjunto aos pais ou responsáveis. Os adolescentes
estão cada vez mais ativos e querendo independência dos pais, e os pais em sua
maioria trabalham fora de casa e não conseguem acompanhar os adolescentes na
consulta ou mesmo em suas atividades diárias. 6,7,8
Desta maneira, o presente estudo buscou capacitar os adolescentes portadores de
DM1 para a contagem de carboidratos de forma autônoma e sob a supervisão da
equipe de saúde.
15 2 REFERENCIAL TEÓRICO
Diabetes mellitus
O DM compreende um grupo de doenças metabólicas de várias etiologias,
caracterizado por hiperglicemia crônica, com distúrbios no metabolismo de
nutrientes que resulta em defeitos na secreção e/ou ação da insulina. Inclui quatro
principais classes: DM1, DM Tipo 2 (DM2), DM gestacional e outros tipos específicos
de DM. 1,2,9,10
Os tipos mais comuns são: o tipo 1 e o tipo 2.1,2 O DM 1 acomete 10 a 20% dos
casos e caracteriza-se por deficiência absoluta na produção de insulina, geralmente
associado à destruição autoimune das células beta pancreáticas.
1,2
O diagnóstico
do DM1 tem sintomas clássicos como poliúria, polidipsia, polifagia e perda de peso.
1,2,9,10
O tratamento do DM1 está pautado em dieta, atividade física regular, medicação,
monitorização glicêmica e educação em diabetes.1 Devido à complexidade da
doença é importante que o tratamento seja realizado por equipe multiprofissional,
que deve ser composta por médico, nutricionista, psicólogo, educador físico,
enfermeiro e farmacêutico. 1,11
O portador de DM1 precisa fazer uso da insulina desde o seu diagnóstico.1 O
Diabetes Control and Complications Trial (DCCT), demonstrou que quando o
paciente recebe doses de insulina semelhantes à secreção fisiológica tem menos
chance de desenvolver complicações da doença.12 Esse esquema insulínico recebe
o nome de tratamento intensivo do diabetes. O paciente recebe múltiplas aplicações
diárias de insulina com perfis de ação diferentes: uma insulina de ação lenta (basal)
e uma insulina de ação rápida (bolus) para cobrir as refeições.1
O controle do diabetes deve ser avaliado principalmente pela monitorização
glicêmica domiciliar (MGD), que permite conhecer o perfil de glicemia do paciente; e
16 pela hemoglobina glicada (A1c), exame bioquímico que avalia a média glicêmica nos
três meses anteriores ao exame. Ambos permitem identificar possíveis mudanças no
tratamento de modo a atingir as metas propostas pela equipe de saúde. 1,2
Recomendações nutricionais e contagem de carboidratos
No histórico do tratamento do diabetes houve um tempo em que se recomendava
restrição alimentar, como forma de alcançar o bom controle glicêmico. A palavra
dieta teve uma associação negativa para o tratamento, um mito. Atualmente as
recomendações nutricionais para o público diabético seguem os mesmos
parâmetros da população geral, e busca o controle glicêmico, do peso e do perfil
lipídico, dentre outros. 1,2,13
O plano alimentar deve estar pautado na reeducação alimentar, mudança no estilo
de vida e na promoção à saúde. A intervenção nutricional no DM1 visa integração
entre insulina, dieta e exercício físico. Isso leva a crer que o ajuste da dose insulínica
ao plano alimentar é a chave para o bom controle da doença.1,2,14,15
A distribuição calórica dentre os macronutrientes - carboidratos, proteínas e lipídeos,
deve obedecer às necessidades diárias individuais e ser adequada à realidade do
paciente, adaptada aos hábitos socioeconômicos e culturais.1,2,11 O carboidrato deve
representar de 45 a 60% do valor calórico total da dieta (VCT). Deve-se incentivar o
consumo de cereais integrais, fibras, frutas, legumes e verduras e evitar a sacarose
(máximo 10% do VCT), na tentativa de manter o bom controle glicêmico. Deve-se
lembrar que os alimentos ricos em sacarose fornecem apenas calorias vazias, não
tendo vitaminas ou minerais, o contribui para o desequilíbrio do plano alimentar.
1,2,13,15,16,17,18
Um aspecto importante é que os alimentos que contêm fibras
proporcionam o aumento da saciedade e retardam a absorção da glicose, sendo
benéficos para esse público. Prioriza-se consumo superior a 20g de fibra alimentar
ao dia, de diferentes fontes. 1,16
Quando se pensa na cota proteica diária, deve-se analisar a faixa etária do individuo
para atender suas demandas específicas, sendo recomendada uma ingestão de 15
17 a 20% do VCT.
1,16,17,18
. Os lipídeos têm sua recomendação em até 30% do VCT,
priorizando escolhas saudáveis de lipídeos de boa qualidade, do tipo poli e
monoinsaturados. O colesterol dietético deve vir em quantidade inferior a 200mg/dia.
As quantidades de vitaminas e minerais devem seguir as recomendações para a
população em geral. 1,16
Em 1994, um comitê da American Diabetes Association (ADA) verificou que 10g de
CHO, independente do tipo ou fonte, tem efeitos semelhantes na glicemia pósprandial. O carboidrato é o nutriente que mais afeta a glicemia, sendo o tempo de
digestão estimado em um prazo de 15 minutos a 2 horas após o consumo, o que
ajuda a equipe de saúde a estabelecer a quantidade de insulina necessária para
cobrir este nutriente em cada refeição.18,19,20,21 Para o tratamento intensivo o
paciente pode estimar o total de carboidratos ingeridos na refeição e prever o
comportamento da glicemia ao final de duas horas após seu consumo. 19,21
No Brasil, a contagem de carboidratos começou a ser difundida em 1997 e o
primeiro manual oficial de contagem de carboidratos foi proposto pela Sociedade
Brasileira de Diabetes (SBD) em 2003.21 Foi esse manual que direcionou os
profissionais a instituir o tratamento na prática diária.
A contagem de carboidratos é a terapia de primeira escolha para o tratamento do
DM1.
1,2
É uma estratégia nutricional que consiste em quantificar os gramas de
carboidratos da refeição e fazer o cálculo da dose de insulina rápida (bolus
alimentares) proporcional àquela quantidade. Os bolus alimentares flexibilizam o
plano alimentar dos diabéticos tipo 1
feito
pela
responsáveis.
equipe
21,22
multidisciplinar,
. O treinamento para a terapia, em geral, é
aos
pacientes
e
sua
família
e/ou
1,2,12,19,23,24
Educação nutricional em diabetes
Educação por definição é o processo de desenvolvimento da capacidade física,
moral e intelectual do ser humano.
25
Paulo Freire diz que “a educação tem caráter
permanente. Não há seres educados e não educados, estamos todos nos educando.
18 Existem graus de educação, mas estes não são absolutos”. Nesta perspectiva, o
aprendizado resulta de um processo interativo, onde os educadores atuam como
mediadores, facilitadores, e não impositores do saber. 26
Segundo o Ministério da Saúde, a educação para a saúde deve ser praticada
diariamente. É assim que as pessoas adquirem informações e atitudes para mudar
sua realidade e da sua sociedade. 27
No âmbito da nutrição, o Conselho Federal de Nutricionistas define que a
educação alimentar nutricional é o procedimento realizado pelo nutricionista
junto a indivíduos ou grupos populacionais, considerando as interações e
significados que compõem o fenômeno do comportamento alimentar, para
aconselhar mudanças necessárias a uma readequação dos hábitos
28
alimentares.
A educação nutricional tem como finalidade difundir conhecimentos básicos de
nutrição, criar postura consciente para a implementação de hábitos alimentares
condizentes com um bom estado nutricional, desmistificar tabus e falsos conceitos e
capacitar multiplicadores de condutas adequadas de alimentação.
27
O papel do
nutricionista é transformar os conhecimentos teóricos em abordagens práticas e
dinâmicas a fim de melhorar a aderência do paciente ao plano alimentar para
melhora de seu controle glicêmico. 20,28
Em se tratando de diabetes, a profissão de educador está muito bem estabelecida
em outros países, mas é uma atividade relativamente nova no Brasil.
1,11
A função
do educador em diabetes é promover a aprendizagem sobre os diversos níveis
interdisciplinares que a envolvem, tais como: nutrição, exercício físico, psicologia,
atenção farmacêutica, cuidados de enfermagem e com os pés.1,2 O paciente precisa
ser orientado a conhecer sua condição de saúde e responsabilizar-se por ela. 29
Hoje se considera a educação em diabetes como parte fundamental do tratamento. 1
Pacientes e familiares precisam estar motivados e em sintonia com a equipe de
saúde que os acompanham para conseguirem modificar a forma de enfrentar a
doença e as mudanças de hábitos pertinentes ao seu tratamento. 29
19 O educador em diabetes deve manter programas de ação que ajudem o paciente a
se cuidar de acordo com sua faixa etária. As atividades podem ser em clínicas,
hospitais, consultórios, individualmente ou em grupo, com atividades de dinâmica,
brincadeiras, jogos, livros, fóruns ou seminários, incentivo à leitura e encontros para
troca de experiência. 11,29,30,31,32,33,34
A literatura sugere que o acompanhamento em grupos é semelhante ao individual no
que diz respeito ao controle glicêmico.
35
Porém, o aprendizado em grupos constrói
um saber coletivo e é uma forma atrativa de difundir conhecimentos. Os grupos
devem conter de dois a, no máximo, 20 indivíduos (o ideal são 10 pessoas).
36
É
importante que o paciente se torne sujeito de sua própria aprendizagem em diabetes
e saiba trocar experiências, possibilitando uma vida mais saudável. 35
O profissional de saúde deixou de ser o único detentor do saber e a relação com o
paciente passou a ser dinâmica e objetiva. As pessoas têm maior acesso aos meios
de comunicação, mas não significa que estão tendo acesso a informação de
qualidade e que possa contribuir para o seu controle glicêmico. Daí a importância do
educador estar presente na vida do paciente para consolidar o conhecimento
adquirido, conscientizando o paciente que ele é o principal responsável pelo seu
tratamento. 31,36
O ato de motivar e responsabilizar o paciente para o tratamento envolve também
mudanças de hábito e postura frente à realidade. Cabe à equipe de saúde
contextualizar o universo que cerca esse paciente e promover a educação dentro da
sua realidade. 1,29
A adolescência é um período marcado por transformações físicas e sociais. É
considerada uma fase de “rebeldia” para com o mundo. Um grande desafio para os
profissionais de saúde é captar a atenção desses adolescentes e chamá-los ao
tratamento. O atendimento em grupo para esse público os faz aproximar dos outros
adolescentes e é uma forma de aumentar a eficácia do tratamento.
1,8,11,37
Portanto,
o controle glicêmico vai depender de como o individuo lida com a doença e suas
implicações. 8,38
20 3 MATERIAL E MÉTODOS
Pacientes
Trata-se de um estudo clínico prospectivo, de intervenção, com adolescentes
portadores de diabetes atendidos no ambulatório de diabetes tipo 1 da Santa Casa
de Belo Horizonte e em consultórios particulares, no período de agosto de 2012 a
maio de 2013.
Os critérios de inclusão foram: idade entre 10 a 14 anos, tempo mínimo de
diagnóstico de um ano, possuir conhecimentos básicos em matemática, estar em
acompanhamento regular na escola para a faixa etária, não ter conhecimento prévio
em contagem de carboidratos, realizar autoaplicação de insulina e monitorização
glicêmica domiciliar, independentemente dos pais.
Os critérios de exclusão foram: não aceitar participar do estudo, faltar a um ou mais
encontros, não possuir responsável para acompanhar o adolescente durante a
execução do estudo.
O projeto de pesquisa e o termo de consentimento livre e esclarecido (APÊNDICE A)
foram aprovados pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da Santa Casa de Belo
Horizonte (nº de protocolo 82492 - ANEXO A).
Execução do estudo
Nas consultas médica e/ou nutricional, os pacientes que atenderam aos critérios de
inclusão foram convidados a participar do estudo, receberam orientações sobre a
pesquisa e a importância da sua colaboração. Após os pais ou responsáveis
assinarem o termo de consentimento, foi preenchida uma ficha de caracterização
desses pacientes (APÊNDICE B).
21 Nessa ficha a avaliação antropométrica constituiu-se de:
• Peso corporal – a balança utilizada foi o modelo de plataforma
mecânica marca Filizzola®. O paciente foi posicionado sem sapatos e meias, com
roupas leves, costas retas para o medidor de altura, pernas e calcanhares unidos,
braços estendidos ao lado do corpo e olhando para frente39. Após a calibração da
balança, o paciente foi pesado de acordo com a técnica proposta pelo Ministério da
Saúde. 40
• Altura – foi utilizada a mesma balança e o paciente mantido na mesma
posição. O medidor de altura foi posicionado sobre o topo da cabeça do paciente e o
valor em centímetros registrado.39
• Índice de massa corporal (IMC) – a partir dos valores de peso e altura
obtidos, o IMC foi calculado de acordo com a equação abaixo:
IMC = Peso atual (kg)
Altura2 (m)
Os indivíduos foram classificados segundo estado nutricional, de acordo com a faixa
etária em:41
- percentil abaixo de 0,1, é considerado magreza acentuada ou muito baixo
IMC/idade;
- entre percentil 0,1 e 3, magreza ou baixo IMC/idade;
- entre percentil 3 e 85, eutrófico ou IMC adequado;
- entre percentil 85 e 97, sobrepeso;
- entre percentil 97 e 99, obesidade;
- acima do percentil 99, obesidade grave.
Assim que foram reunidos no mínimo cinco pacientes e máximo de dez pacientes
que atendiam aos critérios de inclusão, montou-se o primeiro grupo. Dessa forma,
obtiveram-se três grupos com cinco, seis e oito indivíduos, respectivamente.
22 Foi informada à família que somente o adolescente deveria participar dos encontros.
Em caso de dúvidas, os pacientes e familiares entrariam em contato com a equipe
de saúde. Os pacientes foram submetidos à avaliação nutricional.
No primeiro encontro, cada paciente recebeu calculadora, bloco de anotações,
caneta, manual de contagem de carboidratos confeccionado e já utilizado pela
equipe do ambulatório de diabetes tipo 1 da Santa Casa de Belo Horizonte. Além
disso, receberam também uma lista de substituições dos alimentos e um cardápio
adequado à faixa etária e ao sexo, calculado de acordo com a fórmula da Estimated
Energy Requirement (EER).42
Foram realizados quatro encontros com intervalos quinzenais e duração de uma
hora cada com aulas expositivas em Microsoft Powerpoit® (APÊNDICE C). Na
sequência de cada aula os pacientes realizaram exercícios sobre o tema
apresentado, com objetivo de fixar o conhecimento adquirido.
Encontro 1
Discutiu-se noções de nutrição e peso saudável, pirâmide alimentar, cota calórica
diária, nutrientes e sua importância, efeitos desses nutrientes na glicemia, peso e
medidas caseiras dos alimentos, conceitos de gramas, porções, equivalentes e
substituições.
Atividade 1:
Uma pirâmide alimentar em feltro foi apresentada e os pacientes foram convidados a
montá-la com moldes de alimentos. Cada participante explicou sua opção de
disposição dos alimentos e o grupo fez as discussões. Foram apresentados ainda os
utensílios domésticos mais usados e suas respectivas medidas caseiras, para que
os participantes avaliassem os que possuíam em suas casas e comparassem aos
tamanhos de porções utilizados no dia a dia.
23 Encontro 2
Foram abordados conceitos de insulina basal e bolus, relação insulina/carboidrato,
técnica correta de contagem de carboidratos, manuseio do manual e avaliação de
rótulos.
Atividade 2:
Em duplas, os participantes foram orientados a montar exemplos de refeições com
metas de 30, 45 e 60g de carboidratos. Escolheram os alimentos e preparações que
quiseram e somaram a quantidade de carboidratos total da refeição. Solicitou-se,
ainda em duplas, a verificação dos rótulos alimentares de biscoitos e pães de forma,
para identificação das informações nutricionais mais importantes. O pesquisador
principal orientou discussão sobre avaliação do teor de carboidratos e tamanho das
porções.
Encontro 3
Utilizou-se material educativo na forma de lâminas com fotos de alimentos
representando cada grupo da pirâmide alimentar. No verso da figura havia perguntas
sobre o respectivo grupo e seus equivalentes (APÊNDICE D).
Atividade 3:
Os pacientes em grupos foram orientados a criar lista de substituições para
alimentos, bem como os utensílios que são utilizados em domicílio. Discutiu-se
ainda, os grupos alimentares com base na pirâmide dos alimentos apresentada no
encontro 1, trabalhando a lista de substituições para as trocas alimentares.
Encontro 4
Foi entregue um cardápio de 1500 Kcal (APÊNDICE E) para os pacientes
quantificarem os carboidratos dos alimentos.
24 Após essa atividade os pacientes que obtiveram 100% de acertos com relação à
quantificação dos carboidratos desse cardápio, receberam da equipe médica a sua
relação insulina/carboidrato para iniciar a contagem de carboidratos nos lanches
extras. Os lanches extras deveriam acontecer em mínimo três vezes na semana,
uma refeição que habitualmente não se realizava aplicação de insulina. Adotou-se
100% de acerto, uma vez que qualquer erro poderia resultar em hipoglicemia grave
ou hiperglicemia. Iniciou-se com os lanches extras como mais uma forma de avaliar
se o paciente conseguiu compreender corretamente o conceito da nova terapia.
Esses lanches tinham que ocorrer no mínimo uma vez ao dia e pelo menos três
vezes por semana (exemplo: pizza, chocolate, sanduíche).
Os pacientes foram orientados a anotar em diário alimentar o consumo nos lanches
extras e os cálculos para dose da insulina. (APÊNDICE F)
Seguimento
Após 15 dias do último encontro, todos os pacientes foram reavaliados
individualmente para verificar se estavam acertando todos os cálculos dos lanches
extras e se estavam aptos a iniciar a nova terapia em todas as refeições. Os pontos
principais
foram
novamente
explicados
e
discutidos,
inclusive
as
contas
matemáticas.Os pacientes que atingiram 100% de acerto foram liberados para iniciar
a contagem de carboidratos em todos os horários, de acordo com a prescrição do
médico assistente.
Ao final da pesquisa foi questionada a opinião dos pais (APÊNDICE G).
Após 30 dias, foi feito um contato telefônico com o paciente para:
1. Avaliar se estava apresentando alguma dificuldade ou dúvida;
2. Verificar se ocorreu algum episódio de erro ou hipoglicemia grave;
3. Obter informação sobre a dose total diária de insulina (DTD) utilizada;
4. Verificar a disposição para a contagem de carboidratos em todos os horários
ou apenas nos lanches extras.
25 Análise estatística
Para determinar a normalidade dos dados utilizou-se o teste de Shapiro-Wilks. Para
a comparação das variáveis contínuas antes e após a intervenção foi utilizado o
teste t pareado. Para os casos das variáveis categóricas usou-se o teste do Quiquadrado ou o teste exato de Fisher quando o número de células nas tabelas de
contingência era inferior a cinco observações.
O cálculo amostral para comparação dos grupos adotou os valores de 5%
(bilateralmente) e 20%, probabilidades associadas aos erros tipos I e II
respectivamente. O resultado baseou-se nos valores obtidos de estudo piloto
realizado previamente à coleta de dados. O tamanho amostral mínimo necessário foi
de 15 indivíduos.
As diferenças foram consideradas significativas para p < 0.05. As análises
estatísticas foram realizadas no software SPSS versão 17.0 (SPSS Inc, Chicago, IL).
26 4 RESULTADOS
O estudo contemplou 19 pacientes. A figura 1 apresenta como foi o processo de
captação dos pacientes.
Pacientes (n=40)
Pacientes excluídos:
Residiam fora BH/grande BH (n=12)
Impossibilidades financeiras (n=2)
Não tinham acompanhantes (n=1)
Não aceitaram participar do estudo (n=1)
Pacientes que iniciaram
o estudo (n=24)
Pacientes excluídos:
Ausência em um ou mais encontros (n=4)
Não finalizaram os exercícios (n=1)
Pacientes que finalizaram
o estudo (n=19)
FIGURA 1: Organograma do processo de captação dos pacientes.
Os dados clínicos e antropométricos antes e após a intervenção estão apresentados
na tabela 1.
27 Tabela 1: Dados clínicos e antropométricos dos pacientes antes e após a intervenção.
Características
Sexo masculino/feminino
Pacientes
(n=19)
6/13
Idade em anos, média (dp)
12 (1,3)
Tempo de DM em meses, média (dp)
47 (30)
Antes
Depois
p
IMC em Kg/m2, média (dp)
20,2(4,28) 20,5(4,83)
0,34
DTD (UI/dia), média (dp)
41,7(18,6)
0,59
42,1(1,5)
dp=desvio padrão
O estado nutricional antes da intervenção foi de 68,4% (n=13) dos pacientes
considerados eutróficos, sendo que esse número subiu para 73,7% (n-14) após a
intervenção (p=1,00).
Na realização da atividade 1, 100% dos pacientes não apresentaram dificuldades
para a montagem da pirâmide alimentar.
Na atividade 2, todos os pacientes montaram os exemplos de cardápio com as
metas sugeridas de carboidratos por refeição sem dificuldades. Na sequência,
realizaram a correção da atividade em duplas. Não apresentaram dúvidas para
verificar o teor de carboidrato dos alimentos no manual. Já para a avaliação dos
rótulos, apresentaram dificuldades quanto ao tamanho das porções e porcentagem
de valor diário (%VD). Foram esclarecidas as dúvidas e solicitado aos pacientes
avaliarem rótulos comumente utilizados em seu dia a dia para consolidação do
aprendizado
Na atividade 3, as lâminas educativas, os pacientes se remeteram os mesmos
conhecimentos apresentados na atividade 1 com a montagem da pirâmide. Fizeram
sugestões para troca dos alimentos dentro dos seus grupos alimentares utilizando a
lista de substituições dos alimentos.
28 Na atividade 4, apenas um paciente (5,3%), não atingiu 100% de acerto para a
quantificação dos carboidratos. Seu erro consistiu em não quantificar os carboidratos
do total de colheres de sopa de arroz e feijão contidos no cardápio. Esse paciente foi
retreinado individualmente por uma hora para então dar sequência às atividades.
A etapa seguinte foi o início da contagem de carboidratos nos lanches extras. Todos
pacientes, n=19, acertaram 100% na quantificação dos lanches extras e evoluíram
para a contagem de carboidratos em todas as principais refeições.
Os resultados do questionário sobre a nova terapia estão apresentados na tabela 2.
Responderam ao questionário 68% dos pais ou responsáveis (n=13).
Tabela 2: Opinião dos pais dos adolescentes ao final do estudo.
Perguntas
Sim (%) Não (%)
1. Seu filho faz diariamente a contagem de carboidratos?
69
31
2. Ele apresenta dificuldades com as contas?
23
77
3. Ocorreu algum episódio de erro resultando em hipoglicemia?
23
77
4. Ocorreu algum episódio de erro resultando em hiperglicemia?
31
69
5. Seu filho está aplicando as insulinas corretamente?
85
15
6. Na sua opinião, o seu filho é capaz de continuar com a terapia?
85
15
7. Você está satisfeito com o novo tratamento do seu filho?
92
8
Vale ressaltar que nos contatos telefônicos, os próprios pacientes relataram que não
houve erro que resultou em hipoglicemia grave. Apenas dois pacientes (10,5%)
questionaram dificuldade em encontrar alimentos que não estavam contemplados no
manual. O pesquisador principal orientou olhar nos rótulos em caso de alimentos
industrializados ou procurar preparações semelhantes no manual. Todos se
mostraram dispostos para a nova terapia.
29 Na tabela 3 é apresentado o seguimento da terapia de contagem de carboidratos.
Tabela 3: Seguimento dos pacientes após 30 dias na terapia de contagem de CHO.
Perguntas
n(%)
Estão em contagem de carboidratos em todos os horários
13 (68,5)
Seguem a terapia de contagem apenas nos lanches extras
4 (21)
Abandonaram a terapia
2 (10)
Total
19 (100)
Dos 19 pacientes, 52,6% (n=10) possuem tempo médio de um ano após a
finalização dos encontros. Desses 60% (n=6) mantiveram a contagem em todos os
horários, 20% (n=2) apenas nos lanches extras e os 20%restantes (n=2) tiveram o
novo tratamento suspenso pela equipe médica por não adesão.
Para os 47,4% dos pacientes, o tempo médio da finalização dos encontros foi de
dois meses, sendo que, 67% (n=6) estão realizando a contagem em todos os
horários e apenas 33% (n=3) no lanche extra.
30 5 DISCUSSÃO
O presente estudo demonstrou que após um treinamento especializado foi possível
aos adolescentes aprenderem a terapia de contagem de carboidratos sem a ajuda
dos pais. Essa estratégia possibilitou aos adolescentes, que tem a introdução dessa
terapia geralmente adiada para a maioridade, ir de encontro às diretrizes propostas
que recomendam essa terapia como primeira escolha para o tratamento do DM1.
Nessa terapia os pacientes encontram a flexibilidade no seu plano alimentar. 1,2,43
O treinamento atual da referida terapia ensina a contagem de carboidratos para os
adolescentes e seus responsáveis, tornando a atividade dependente da família.
44,45
Uma das dificuldades encontradas em implementar a terapia de contagem de
carboidratos nesta faixa etária é o nível de conhecimento dos pais, principalmente
no sistema único de saúde, onde a maioria é semianalfabeta ou mesmo analfabeta.
Os pais/responsáveis ainda se deparam com a dificuldade de não estarem
presentes em todas as atividades do adolescente, que são ainda maiores nessa fase
da vida. O diálogo é fundamental, assim como a confiança da família na
responsabilidade delegada ao adolescente no cuidado do diabetes, pois nem
sempre poderão acompanhá-lo em sua rotina diária.44,45
Atendimento individual com prescrição de cardápio fixo pode impedir um seguimento
em longo prazo. Segundo Schlundt, é importante saber quais situações criam
obstáculos para maior adesão ao tratamento dietético. 46
Gerenciar o próprio tratamento é tornar o sujeito ativo de sua aprendizagem. Para o
diabético é usar o aprendizado para o controle de sua doença. 33
Lidar com esse segmento da população é um desafio, pois a adolescência é uma
fase marcada por mudanças intensas e multidimensionais, que abarcam a esfera
física (biológica), psicológica e sociocultural.
A adolescência inicia-se aos 10 anos e finaliza-se aos 19 anos. A faixa etária
escolhida foi de 10 a 14 anos devido a dificuldade em uniformizar as aulas de modo
31 a contemplar a todos os participantes.47 Essa faixa etária tem suas peculiaridades na
construção do conhecimento. Por esse motivo, os encontros em grupo tiveram a
proposta de aulas expositivas mais dinâmicas e exercícios com correção mútua,
uma forma de captar melhor a atenção e consolidar o aprendizado. Segundo a teoria
proposta por Vygotsky, a interação do grupo é uma troca de experiências na
aquisição da aprendizagem.34
A organização dos encontros em grupo foi proveitosa, pois os pacientes interagiam e
tiravam suas dúvidas de maneira mais descontraída e sem receio de perguntar. O
que vai de acordo com Abduche Silveira e colaboradores (citados por Torres et al.),
onde aprender em grupo significa fazer uma leitura crítica da realidade, em que cada
resposta obtida se transforma numa nova pergunta, permitindo assim aos
participantes trocar e construir conhecimentos, elaborar conceitos, redefinir ou
anular normas, demarcando outros espaços e construindo outras possibilidades de
ser, de saber fazer o processo educativo.48
Segundo Piaget, a partir dos 7 anos, os indivíduos alcançam o desenvolvimento
operacional concreto, o que significa que começam a desenvolver a lógica e param
de se guiar tão predominantemente pelas informações sensoriais simples para
entender a natureza das coisas, ou seja, adquirem a habilidade de realizar
operações mentais silenciosas.33 Nessa fase compreendem regras internas sobre
objetos e suas relações. A partir disso, o adolescente pode ser instruído sobre a
fisiopatologia de sua doença e aprender como aplicar a insulina de forma
independente.
Reciprocamente,
adolescente
e
família,
com
apoio
mútuo
33,49
estabelecido, têm melhores resultados, conforme sugerido por Leite et al.
A escolha dos tópicos das aulas teve sua divisão em temas com base nos
conhecimentos que os pacientes precisavam ter antes do início da terapia de
contagem de carboidratos. Não foram encontrados entraves que justificassem a
inclusão ou exclusão de quaisquer tema, mesmo os mais difíceis. Desse modo foi
considerado satisfatória a referida escolha.
Como não foi encontrado referencial teórico para adoção de graus de erros e
acertos na aprendizagem, o percentual de acerto para o início da contagem de
32 carboidratos foi adotado em 100%, sendo que um erro pequeno poderia induzir
hiperglicemia ou hipoglicemia grave. Optou-se pela segurança máxima para o início
da terapia, uma vez que havia também a facilidade do uso da calculadora para as
contas matemáticas.
A maioria dos pais e/ou responsáveis mostrou-se satisfeita com o novo tratamento.
Acredita-se que a ideia de dividir a responsabilidade com o adolescente, não os
privando da flexibilidade alimentar, foi a maior motivação que eles encontraram.
A partir dos dados apresentados considerou-se satisfatória a metodologia de ensino
da contagem de carboidratos, uma vez que 90% dos pacientes permanecem nela.
33 6 CONCLUSÃO
Após um treinamento especializado e adequado à faixa etária, o presente estudo
demonstrou que é possível aos adolescentes realizarem a terapia de contagem de
carboidratos de forma autônoma, sem a ajuda dos pais/responsáveis, não havendo
obrigatoriedade de adiamento da terapia por limitações dos cuidadores. Essa terapia
traz também autonomia para o adolescente e mais independência para as atividades
diárias, passeios escolares, cinema, teatro e acampamentos. Também requer maior
disciplina do paciente com relação à previsão da refeição, verificação da quantidade
de gramas de carboidratos contidos nos alimentos em manuais, tabelas ou rótulos e
cálculo da dose de insulina.
Durante o tempo de acompanhamento e orientação educativa a esses pacientes
pôde-se perceber a disposição dos mesmos para a aprendizagem proposta, assim
como o entusiasmo e a alegria de ser um sujeito ativo no controle de seu diabetes.
Ainda foi possível refletir que o cuidado com a saúde pode ser uma tarefa praticada
com mais facilidade na vida do adolescente portador de diabetes.
34 7 LIMITAÇÕES
As limitações do estudo foram: dificuldade em selecionar um maior número de
pacientes do SUS, por dificuldades de deslocarem-se até o local da pesquisa. Em
relação aos pacientes da rede particular, a grande maioria já estava em terapia de
contagem de carboidratos, com auxilio de família/responsáveis, que realizavam as
contas, tendo o próprio adolescente noções de contagem de carboidratos.
35 8 PERSPECTIVAS
São diversos aspectos inerentes à complexidade do DM, tais como as restrições
alimentares, o uso de medicamentos, a alteração da função de diversos órgãos do
organismo, o impacto pessoal, familiar e social da doença. Ao considerá-los, os
profissionais de saúde têm sentido cada vez mais a necessidade de desenvolver
ações psicoeducativas voltadas para os doentes portadores de diabetes, recorrendo
para isso ao trabalho das equipes multiprofissionais com atuações interdisciplinares
numa perspectiva de promoção da saúde.
O suporte da equipe de saúde é fundamental no processo de implementação de
novas terapias. Cabe ao educador em diabetes conduzir o adolescente e seus
familiares no manejo da sua organização diária para o monitoramento glicêmico e
contagem de carboidratos. Esse compromisso possibilita ao paciente exercer suas
atividades escolares, físicas, de lazer e sociais de maneira saudável.
36 REFERÊNCIAS
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Farmacêutica, 2013. 385 páginas.
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clinical nursing, v. 21, n. 1-2, p. 216-223, Jan., 2012.
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and adolescents with diabetes. Pediatr Diabetes, v. 9, n. 2, p. 165-174, Apr.,
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carbohydrate counting in adolescents with type 1 diabetes study: is more
intensive education needed? Journal of the Academy of Nutrition and
Dietetics, v. 112, n. 11, p. 1736-1746, Nov., 2012.
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10 VILAR, L. Endocrinologia Clínica. 3 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan,
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11 AADE. American Association of Diabetes Educators. Disponível em
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12 DCCT. The effect of intensive treatment of diabetes on the development and
progressive of long-term complications in insulin-dependent diabetes mellitus.
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13 ISPAD. International Society for Pediatric and Adolescent Diabetes. Clinical
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adherence of adolescents with type 1 diabetes. Diabetes Care, v. 29, n. 10, p.
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pediatric type 1 diabetes: a meta-analysis. Pediatrics, v, 124, n. 6, p. 11711179, Dec., 2009.
32 LEVY, P. Inteligência coletiva: por uma antropologia do cyberespaço. São
Paulo: Loyola, 1999.
33 PIAGET J. A epistemologia genética/sabedoria e ilusões da filosofia:
Problemas de psicologia genética. São Paulo: Abril Cultural, 1983.
34 VYGOTSKY, L. Pensamento e linguagem. São Paulo: Martins Fontes, 1987.
35 RICKHEIM, P.L. et al. Assessment of group versus individual diabetes
education: a randomized study. Diabetes Care, v. 25, n. 2, p. 269-274, Feb.,
2002.
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educação em saúde e prevenção de DST. Jornal Bras de Doenças Sex
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37 MARIGLIANO, M. et al. Nutritional education and carbohydrate counting in
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infusion: the effects on dietary habits, body composition and glycometabolic
control. Acta diabetologica, Jun., 2013.
38 COOK, S. et al. Increasing problem solving in adolescents with type 1 diabetes:
the choices diabetes program. The Diabetes educator, v. 28, n.1, p. 115-124,
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http://www.who.int/childgrowth/standards/bmi_for_age/en/index.html. Acesso
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43 KAWAMURA, T. The importance of carbohydrate counting in the treatment of
children with diabetes. Pediatr Diabetes, suppl., 6, p. 57-62, Oct., 2007.
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clinical care: The Families, Adolescents and Children's Teamwork Study
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45 WALLER, H. et al. Pilot study of a novel educational programme for 11-16 year
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n. 11, p. 927-931, Nov., 2008.
46 SCHLUNDT, D.G. et al. Evaluation of a training program for improving
adherence-promotion skills of dietetic interns. Journal of the American
Dietetic Association, v. 94, n. 12, p. 1421-1425, Dec., 1994.
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Society, 1986. 119 p.
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na educação em saúde para diabéticos. Cadernos Saúde Pública, p. 10391047, 2003.
49 LEITE, S.A.O. et al. Pontos Básicos de um Programa de Educação ao Paciente
com Diabetes Melito Tipo 1. Arq Bras Endrocrinol Metab., v. 52, n. 2, p. 233242, 2008.
40 APÊNDICE A: TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Você está sendo convidado a participar da pesquisa intitulada Desenvolvimento de
um método para ensinar adolescentes com diabetes tipo 1 a realizar a técnica
de contagem de carboidratos sem a ajuda dos pais.
O objetivo do estudo é avaliar o impacto de um programa especializado em noções
de contagem de carboidratos para adolescentes acompanhados no ambulatório de
diabetes tipo 1 da Santa Casa de Belo Horizonte.
Os procedimentos que você deve seguir se aceitar em participar do estudo serão:
(1) os pesquisadores farão sua avaliação nutricional obtendo peso, altura e IMC, (2)
você participará de um grupo de educação em diabetes e nutrição, focado no
aprendizado da contagem de carboidratos (3) a família não participará dos grupos,
em caso de dúvidas os adolescentes deverão procurar a equipe que acompanha o
paciente.
Os resultados do estudo serão discutidos com você e ficarão disponíveis para o seu
médico de referência. Todas as informações obtidas neste estudo serão
consideradas confidenciais e usadas estritamente para fins de pesquisa. Sua
identidade será mantida em segredo.
Em qualquer época do estudo o paciente poderá solicitar esclarecimentos à
investigadora principal, Beatriz Diniz Gabriel, que poderá ser encontrada no Instituto
de Ensino e Pesquisa da Santa Casa de Belo Horizonte, à Rua Domingos Vieira,
590, (31)9355-9201. Se tiver alguma dúvida sobre a ética da pesquisa, poderá
consultar o Comitê de Ética em Pesquisa - Rua Domingos Vieira, 590 - telefone:
3238-8838.
Direito de recusa: Minha participação neste estudo é totalmente voluntária, sendo eu
livre para recusar a participar, sem afetar ou pôr em risco meu futuro atendimento
médico.
41 Consentimento: Concordo em participar deste estudo. Recebi uma cópia do
presente termo de consentimento e me foi dada a oportunidade de ler e esclarecer
dúvidas.
Data: _____ / _____ / 20_____.
Assinatura do paciente ou representante legal
__________________________________________________
Declaro que obtive, de forma apropriada e voluntária, o Consentimento Livre e
Esclarecido deste paciente ou representante legal, para participação neste estudo.
Data: _____ / _____ / 20_____.
Assinatura do responsável pelo estudo
_____________________________________________________
42 APÊNDICE B: FICHA DE CARACTERIZAÇÃO DOS PACIENTES
Nome: ______________________________________________________________
Mãe: ______________________________ Pai: _____________________________
Escolaridade:______________Idade: ______ Data de Nascimento: ____/____/____
End:______________________________________________________________
Tel: _________ Cel:____________ Email: ________________________________
Sexo: o M o F
Tempo de doença:_____________________
DTD: _____UI_____ UI/Kg/d
Basal:____________ Bolus: _______________
P= _____ E= ______ IMC= _______ Classificação:___________________________
43 APÊNDICE C: AULAS EXPOSITIVAS
44 45 46 RE
47 48 49 50 51 52 APÊNDICE D : LÂMINAS EDUCATIVAS
Grupo alimentar
Foto do alimento:
Perguntas:
Açúcares
Balas
- qual nutriente representa?
- em qual andar da pirâmide
dos
alimentos
eles
se
encontram?
- para que servem os
alimentos do grupo?
- o que comer que aumenta a
glicemia do mesmo jeito?
Carne
Bife
Cereais
Frutas
Pão
Maça
-qual nutriente representa?
- em qual andar da pirâmide
dos
alimentos
eles
se
encontram?
- para que servem os
alimentos do grupo?
- o que comer que aumenta a
glicemia do mesmo jeito?
-qual nutriente representa?
- em qual andar da pirâmide
dos
alimentos
eles
se
encontram?
- para que servem os
alimentos do grupo?
- o que comer que aumenta a
glicemia do mesmo jeito?
qual nutriente representa?
- em qual andar da pirâmide
dos
alimentos
eles
se
encontram?
- para que servem os
alimentos do grupo?
53 - o que comer que aumenta a
glicemia do mesmo jeito?
Gorduras
Lata de óleo
qual nutriente representa?
- em qual andar da pirâmide
dos
alimentos
eles
se
encontram?
- para que servem os
alimentos do grupo?
- o que comer que aumenta a
glicemia do mesmo jeito?
Legumes
Abóbora
qual nutriente representa?
- em qual andar da pirâmide
dos
alimentos
eles
se
encontram?
- para que servem os
alimentos do grupo?
- o que comer que aumenta a
glicemia do mesmo jeito?
Leite
Copo de leite
qual nutriente representa?
- em qual andar da pirâmide
dos
alimentos
eles
se
encontram?
- para que servem os
alimentos do grupo?
- o que comer que aumenta a
glicemia do mesmo jeito?
Verduras
Alface
qual nutriente representa?
- em qual andar da pirâmide
dos
alimentos
eles
se
54 encontram?
- para que servem os
alimentos do grupo?
- o que comer que aumenta a
glicemia do mesmo jeito?
55 APÊNDICE E: CARDÁPIO 1.500 KCAL
Alimento
Café com adoçante
Leite desnatado
Pão francês
Margarina
Alimento
Grupo Fruta B
Alimento
Grupo Vegetal A
Grupo Vegetal B
Arroz
Feijão
Grupo Carne
Grupo da Fruta A
Alimento
Café com adoçante
Leite desnatado
Pão francês
Margarina
Alimento
Grupo Vegetal A
Grupo Vegetal B
Arroz
Feijão
Grupo Carne
Grupo da Fruta A
Alimento
Café com adoçante
Leite desnatado
Biscoito água e sal
DESJEJUM
Medida caseira
1 copo
1 copo de 240ml
1 unidade
2 pontas de faca
TOTAL DE CHO
COLAÇÃO
Medida caseira
1 porção
TOTAL DE CHO
ALMOÇO
Medida caseira
1 porção
1 porção
3 colheres de sopa
3 colheres de sopa
1 bife médio
1 porção
TOTAL DE CHO
LANCHE DA TARDE
Medida caseira
1 copo
1 copo de 240ml
½ unidade
2 pontas de faca
TOTAL DE CHO
JANTAR
Medida caseira
1 porção
1 porção
3 colheres de sopa
3 colheres de sopa
1 bife médio
1 porção
TOTAL DE CHO
CEIA
Medida caseira
1 copo
1 copo de 240ml
2 unidades
TOTAL DE CHO
g de CHO
g de CHO
g de CHO
g de CHO
g de CHO
g de CHO
56 APÊNDICE F: DIÁRIO ALIMENTAR DE LANCHE EXTRA
Nome:
Alimento
Desjejum – glicemia:____
Porção
g CHO
Alimento
Desjejum – glicemia:____
Porção
g CHO
TOTAL de CHO:__________ TOTAL de Insulina:_______BA_____ BC_____
BA = BOLUS ALIMENTAR; BC= BOLUS CORREÇÃO.
Desjejum – glicemia:____
Alimento
Porção
TOTAL de CHO:__________ TOTAL de Insulina:_______BA_____ BC_____
g CHO
Alimento
Desjejum – glicemia:____
Porção
g CHO
TOTAL de CHO:__________ TOTAL de Insulina:_______BA_____ BC_____
BA = BOLUS ALIMENTAR; BC= BOLUS CORREÇÃO.
Desjejum – glicemia:____
Alimento
TOTAL de CHO:__________ TOTAL de Insulina:_______BA_____ BC_____
Porção
g CHO
Alimento
Desjejum – glicemia:____
Porção
g CHO
TOTAL de CHO:__________ TOTAL de Insulina:_______BA_____ BC_____
BA = BOLUS ALIMENTAR; BC= BOLUS CORREÇÃO.
TOTAL de CHO:__________ TOTAL de Insulina:_______BA_____ BC_____
57 APÊNDICE G: QUESTIONÁRIO PARA OS RESPONSÁVEIS
1. Seu filho faz diariamente a contagem de carboidratos?
( ) Sim ( )Não
2. Ele apresenta dificuldades com as contas?
( ) Sim ( )Não
3. Ocorreu algum episódio de erro resultando em hipoglicemia?
( ) Sim ( )Não
4. Ocorreu algum episódio de erro resultando em hiperglicemia?
( ) Sim ( )Não
5. Seu filho está aplicando a insulina corretamente?
( ) Sim ( )Não
6. Na sua opinião o seu filho é capaz de continuar a realizar
essa terapia?
( ) Sim ( )Não
7. Você está satisfeito com o novo tratamento do seu filho?
( ) Sim ( )Não
58 ANEXO A: PARECER COMITÊ DE ÉTICA
PROJETO DE PESQUISA
Título: Desenvolvimento de uma nova metodologia para ensinar adolescentes com diabetes
tipo I a contar carboidratos sem a ajuda dos pais
Área Temática: Versão: 1 CAAE: 06281012.7.0000.5138
Pesquisador:
Instituição:
BEATRIZ DINIZ GABRIEL
SANTA CASA DE MISERICORDIA DE BELO HORIZONTE
PARECER CONSUBSTANCIADO DO CEP
Número do Parecer: 82492
Data da Relatoria: 31/08/2012
Apresentação do Projeto:
O presente trabalho propõe incentivar o controle responsável para adolescentes, dividindo as
obrigações com os pais e sob a supervisão da equipe de saúde, visando o alcance das
metas de controle glicêmico e, consequentemente, melhor qualidade de vida. O estudo tem
visa capacitar adolescentes diabéticos para a contagem de carboidratos de forma autônoma
(sem a ajuda dos pais). Os pacientes serão orientados fazer um diário alimentar com os
alimentos ingeridos nos lanches extras e os cálculos para dose da insulina prescrita pela
equipe médica. Cria-se desta forma uma maior consciência e responsabilidade por parte do
adolescente.
Objetivo da Pesquisa:
O objetivo do estudo é avaliar o impacto de um programa especializado em noções de
contagem de carboidratos na dieta dos adolescentes acompanhados no ambulatório de
diabetes tipo 1 da Santa Casa de Belo Horizonte. Além disso, os pacientes serão orientados
fazer um diário alimentar com os alimentos ingeridos nos lanches extras e os cálculos para
dose da insulina prescrita pela equipe médica. Após a finalização dos encontros, os
pacientes serão reavaliados individualmente para verificar se estão acertando todos os
cálculos. Ainda, será feito um contato telefônico para avaliar se o paciente está apresentando
alguma dificuldade ou dúvida; se ocorreu algum episódio de erro ou hipoglicemia grave; a
DTD; se estão realizando a contagem em todos os horários ou apenas nos lanches extras.
Os pacientes serão avaliados em 60 dias após o término dos encontros para verificar a
aceitação da nova terapia e nesse momento, a opinião dos pais sobre o projeto. Os
resultados serão apresentados em reunião clínica, na instituição responsável, ao final do
trabalho.
Avaliação dos Riscos e Benefícios:
Este projeto de pesquisa irá beneficiar o adolescente que participará da pesquisa, uma vez
que
irá
ensiná-lo
a
medir o índice de carboidrato na sua dieta alimentar, diariamente, além de realizar um
aconselhamento nutricional, melhorando a sua dieta alimentar.
Não representa nenhum risco ao adolescente, participante da pesquisa.
Comentários e Considerações sobre a Pesquisa:
Será um projeto muito importante, pois irá ajudar ao adolescente a ser independente na
contagem do índice de carboidrato, além de fazer um aconselhamento nutricional.
59 Considerações sobre os Termos de apresentação obrigatória:
O TCLE está dentro das normas estabelecidas pelo CONEP, contendo todos os
esclarecimentos necessários ao sujeito da pesquisa.
Recomendações:
NÃO HÁ RECOMENDAÇÕES
Conclusões ou Pendências e Lista de Inadequações:
NÃO HÁ PENDÊNCIAS
Situação do Parecer:
Aprovado
Necessita Apreciação da CONEP:
Não
Considerações Finais a critério do CEP:
O colegiado considerou o projeto adequado, sem qualquer pendência de ordem ética.
BELO HORIZONTE, 27 de Agosto de 2012
Assinado por:Francisco das Chagas Lima e Silva
Endereço: Avenida Francisco Sales 1111, 9º andar Ala D Bairro: Santa Efigênia CEP: 30.150-221 UF: MG
Município: BELO HORIZONTE Telefone: (313)238--8838 Fax: (313)238--8838 E-mail: [email protected];
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