X Jornada de Iniciação Científica do PIBIC/INPA • 04 a 06 de Julho de 2001 • Manaus - AM ALIMENTAÇÃO AMAZONAS DE CINCO ESPÉCIES DE PEIXES NO CATALÃO, Valéria da R. Sobral (I>; Efrem J. G. Ferreira (2); Jansen Alfredo S. Zuanon I Bolsista CNPq/PIBIC; 2 Pesquisadores INP AlCPBA o estudo (2); da alimentação é um dos mais comuns e rápidos meios de se determinar as relações entre os peixes e o meio ambiente. Através deste estudo pode-se saber onde os peixes estão se alimentando, que tipo de alimento eles estão utilizando, como a dieta varia de acordo com as alterações no ambiente, etc. A região do Catalão, no encontro dos .rios Solimões e Negro, é uma área submetida a duas diferentes situações ambientais, uma sob a influência direta das águas do rio Solimões; e outra sob a influência das águas do rio Negro. Sioli (1984) diz que o rio Negro pela pobreza química de suas águas pode ser chamado de rio da fome, especialmente em contraste com as águas brancas, mais ricas e férteis, do rio Solimões/ Amazonas. Assim, surge uma questão sobre como se comportam as espécies de peixes submetidas à influência destes dois tipos de águas, em um mesmo local. Este projeto tem como objetivo estudar a alimentação de cinco espécies de peixes na área do Catalão e verificar se ocorre, ou' não, mudança no hábito alimentar com a possível mudança na qualidade da água. As espécies analisadas foram : Triportheus albus, Prochilodus nigricans, Rhytiodus microlepis, Pellona flavipinis utilizando-se e Hemiodus microlepis. O material foi coletado uma bateria de malhadeira em pescarias padronizadas de 24 horas. Foram analisados os conteúdos estomacais das espécies de peixes utilizando para isso a metodologia descrita por Ferreira (1981; 1984) que consiste de dois métodos: o de freqüência de ocorrência (F.O) onde são contados os estômagos que contém determinado item; e o método dos pontos modificado, onde é determinado o valor do Volume Relativo que cada item alimentar ocupa em cada estômago, de modo que temos um indicativo do volume de cada item. Na análise estes dois métodos são combinados através da determinação Alimentar (LA) como proposto por Kawakami taxonômica & Vazzoler mais precisa possível. (1981). do Índice Os itens foram identificados até a categoria Foram analisados 204 estômagos. Segundo Luis Fernando Alves (com. pessoal) não foi possível se detectar variação na qualidade da água na área do Catalão ocasionada pela influência dos rios Amazonas e Negro, aparentemente somente o rio Amazonas tem influência nesta área, quase . nenhuma influência das águas do rio Negro foi encontrada. Deste modo não será possível se relacionar a variação da deita com a variação na qualidade da água. Então analisaremos os 138 X Jornada de Iniciação Científica do PIBIC/INPA • 04 a 06 de Julho de 2001 • Manaus - AM dados comparando as duas épocas extremas, cheia e seca. Nas análises feitas pode-se afirmar que o Rhytiodus microlepis (Tab. 1) tem hábito alimentar essencialmente herbívoro com uma pequena variação na sua dieta entre a cheia e a seca, diminuindo um pouco o consumo de macrófitas aquáticas e aumentando o consumo de material vegetal, confirmando assim seu hábito alimentar segundo Ferreira et alo (1998). A dieta do Prochilodus nigricans (Tab. 2) manteve-se igual tanto na cheia e na seca, com um hábito alimentar detritívoro. Triportheus albus (Tab. 3) mostrou uma variação significativa na dieta entre os dois períodos, na cheia sua alimentação é basicamente herbívora constituída de 50% de sementes e na seca sua dieta é de origem carnívora (insetos aquáticos, zooplâncton), confirmando as informações de Ferreira et al. (1998) que classifica esta espécie como onívora. Pellona flavipinis (Tab. 4) apresentou hábito carnívoro nos dois períodos, sendo insetos aquáticos mais importnates na seca, este resultado é diferente daquele esperado para esta espécie que segundo a literatura consultada (Ferreira et al., 1998) é piscívora. Hemiodus microlepis (Tab. 5) na seca apresenta hábito detritívoro, mas nenhum material foi coletado na época de cheia do impossibilitando comparações. Ferreira, EJ.G. 1981. Alimentação dos adultos de doze espécies de cichlídeos (Perciformes: Cichlidae) do rio Negro, Brasil. Dissertação de Mestrado. INPAlFUA. 254 p. Ferreira, EJ.G. 1984. A ictiofauna da represa hidrelétrica de Curuá-Una, Santarém, Pará. 11Alimentação e hábitos alimentares das principais espécies. Amazoniana, 9(1); 1-16 Ferreira, E.J.G. 1991. A ictiofauna do rio Trombetas na área de influência da futura usina hidrelétrica de Cachoeira Porteira, Pa. Tese de Doutorado. INPAlFUA. Manaus, Am. 162 p. Ferreira, EJ.G.; Zuanon, J.A.S.; Santos, G.M. 1998. Peixes comerciais do médio Amazonas: região de Santarém Pará. Edições IBAMA. Brasília, DF. 214 p. Goulding, M.; Carvalho, M.L.; Ferreira, E. 1988. Rio Negro. Rich life in poor water. SPB Academic Publishing, The Hague. 200 p. Kawakami, E.; Vazzoler, G. 1980. Método gráfico e estimativa de índice alimentar aplicado no estudo de alimentação de peixes. Bolm.Tnst. Oceanogr. São Paulo, 29(2): 205-207 Santos, G. M.; Ferreira, E.J.G. 1999. Peixes da Bacia Amazônica. 1n: Lowe- McConnel, R.H. Estudos ecológicos de comunidades de peixes tropicais. (Tradução Vazzoler, AE.A. M. ; Agostinho, A.A. ; Cunnhingham, P.T.M'.). Editora da Universidade de São Paulo. Coleção Base. São Paulo, SP. 345-373 .·139 X Jornada de Iniciação Científica do PIBICIINPA • 04 a 06 de Julho de 2001 • Manaus - AM Sioli, H. 1984. The Amazon and its affluents: hydrography, morphology of the rivers courses, and river types. In: Sioli, H. (Editor) The Amazon. Limnology and landscape ecology of a mighty tropical river and its basin. Dr, W. Junk PubJishers, Dordrecht: 127-165 Tab. O1. Índice alimentar (LA.) para Rhytidus microlepis ITEM ALIMENTAR Material vegetal Macrófitas Algas Sementes Zooplâncton Insetos Inseto Terrestre Inseto aquático Detrito Escama CHEIA 0.17 0.76 0.02 0.02 0.0004 0.00006 0.0003 0.00006 0.04 0.002 SECA 0.32 0.43 0.\0 0.06 0.009 0.001 0.02 0.02 0.001 Tab. 02. Índice alimentar (LA.) para Prochilodus nigricans ITEM ALIMENTAR Material vegetal Macrófitas Algas Sementes Zooplâncton Insetos Inseto Terrestre Inseto aquático Detrito Escama CHEIA 0.02 0.04 0.03 0.02 0.87 SECA 0.05 0.000005 0.001 0.0002 0.001 0.0002 0.00001 0.94 0.00001 Tab. 03. Índice alimentar (LA.) para Triportheus albus ITEM ALIMENTAR Material vegetal Algas Sementes Zooplâncton Insetos Inseto Terrestre Inseto aquático Detrito Escama CHEIA 0.002 0.15 0.50 0.004 0.19 0.11 0,04 0.01' SECA 0.23 0.01 0.14 0.19 0.33 0.06 0.04 0.003 0.005 140 X Jornada de Iniciação Científica do PIBIC/INPA • 04 a 06 de Julho de 2001 • Manaus - AM Tab. 04. Índice alimentar (I.A.) para Pellonaflavipinis ITEM ALIMENTAR Material vegetal Algas Zooplâncton Insetos Inseto Terrestre Inseto aquático Escama Crustáceos Peixe Detrito CHEIA 0.60 0.40 SECA 0.001 0.0001 0.001 0.08 0.003 0.82 0.01 0.03 0.01 0.01 Tab. 05. Índice alimentar (LA.) para Hemiodus microlepis ITEM ALIMENTAR Material vegetal Macrófitas Semente Macrófitas Zooplâncton Insetos Escama Detrito CHEIA SECA 0.28 0.08 0.005 0.0סס001 0.01 0.0006 0.0סס001 0.60 141